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Dlscrib - Resumo Direito Penal II

Direito Penal II (Universidade Lusófona de Humanidades e Technologias)

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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS


António Filipe Garcez José

Punitur quia peccatum est !!!!

DIREITO PENAL I
Universidade Autónoma de Lisboa
Ano lectivo 2005/2006 2ºsemestre
Aulas teóricas:
teóricas: ….............................
…....................................Dr.
.......Dr. Fernando
Fernando Silva
Aulas práticas:……………….......
práticas:………………........................
.................Dra.
Dra. Sónia Reis
Bibliografia : Manual de Direito Penal – Doutor Figueiredo Dias
Textos dos Drs. Rui Pereira,
Pereira, J. A. Veloso, Claus Roxin, Sónia Reis
Dicionário de DP e DPP dos Drs. Henrique Eiras e G. Fortes

Apontamentos e resumos do curso, passíveis de eventuais erros ("errare humanum


est"), "destilados" por António Filipe Garcez José, aluno n° 20021078,

FORMAS DO CRIME
Iter criminis – Nuda cogitatio > actos preparatórios > tentativa > consumação
- actos preparatórios
Quanto às suas -tentativa
fases
- crime consumado

- Autoria simples Autoria material


Formas Quanto aos modos Autoria mediata
ou
do crime graus de
Co-autoria
(s. amplo) - Comparticipação
participação Instigação
- cumplicidade Material
moral

- crime unitário - concurso aparente


(ou legal)
Quanto ao n° de - concurso de crimes
Crimes cometidos - concurso Real
- crime continuado efectivo
(ou verdadeiro) ideal
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António Filipe Garcez José
Actos preparatórios
São
São ac
acto
toss ex
exte
tern
rnos
os qu
quee co
cond
nduzem a facil
uzem facilita
itarr ou prep
prepar
arar
ar a
execução do crime, desde que não constituam ainda começo de
execução.

• São actos que preparam o crime mas ainda não são crimes.

• A noção de actos preparatórios interessa para se determinar 


se um acto é ou não criminalmente punível.

• No caso de apenas terem sido praticados actos preparatórios


não há tentativa.

• Os actos preparatórios não são geralmente puníveis . (mas há


situações em que, por se revestirem de especial perigosidade, o legislador 
determinou a punibilidade)

• Os actos preparatórios são puníveis se constituírem crimes


autónomos. (Ex: promoção ou fundação de organizações criminosas)
• Os actos preparatórios são puníveis quando a lei , em casos
especiais, de
dete
term
rmin
inaa a pupuni
nibi
bili
lida
dade
de. (ex: crimes de
empreendimento, em que o legislador faz recuar a tutela penal, equiparando
a tentativa à consumação – crimes de mera actividade, crimes de perigo).

• Nos crimes de perigo comum previstos nos arts. 272° e 273° é


puni
pu nido
do qu
quem
em pratraticar
icar algun
lgunss do
doss ac
acto
toss prepa
repara
rató
tórrios
ios
plasmados no artigo 274°.

Tentativa (art. 22º)


É a reaealiliza
zaçã
çãoo inc
ncom
ompl
plet
etaa do co
comp
mpor orttam
amen
entto típic
ípicoo de um
determinado tipo de crime previsto na lei (Germano M. Silva)

• Há tentativa quando não foram praticados todos os actos de


execução (tentativa inacabada) ou quando o agente pratica
todos os actos de execução de um crime que decidiu cometer,
sem que o resultado típico se produza (tentativa acabada).

• A tentativa é um tipo ideal porque resulta da articulação entre


normas
normas da Parte Geral
Geral do CP (arts. 22° e 23°) com as de um
dos tipos previstos na Parte Especial.

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António Filipe Garcez José
Crime consumado
Crime em que o agente realizou todos os elementos essenciais do
tipo.

• O “iter criminis”  termina com a consumação. A consumação


pode ser formal ( jurídica) e material (exaurimento) do crime.

• Há consumação formal quando foi realizado o tipo legal de


crime.

• Há consumação
consumação material
material (exaurimento) quando tiveram lugar 
através
através do crime as consequência
consequênciass prejudicia
prejudiciais
is que o agent
agentee
se propôs.

• Os crimes
crimes con
consum
sumado
adoss pod
podem
em ser crimes
crimes de con
consum
sumaçã
açãoo
imediata ou crimes de consumação permanente

Autoria simples
Há autoria singular quando o autor pratica o crime por si só.

• Ao crime de autoria simples aplica-se a norma do tipo, tal


como descrito na parte especial do CP.

Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
 jurídico ilícito-criminal.
ilícito-criminal.

• a ex
exppress
ressão
ão co
com
mpa
parrtici
ticipa
pant
ntes
es ab
abrran
ange
ge ins
instiga
tigado
dorres e
cúmplices.

Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade “ex novo”,
convence outra pessoa a praticar o crime.

Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar 
auxílio ao autor do crime ; a participação do cúmplice não é
determinante para gerar a resolução criminosa.

Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o
cúmplice material ajuda materialmente na prática do facto típico
e ilícito, f ornecendo
ornecendo os meios para a execução do crime.

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António Filipe Garcez José
Cumplicidade moral
É o auxílio moral à prática por outrém de um facto doloso (art.
27°/1). Trata-se de um conselho , um acto não determinante da
prática do facto criminoso (se for determinante é autoria).

Concurso de crimes
Acumulação de infracções que implica a punição do agente por 
uma pluralidade de crimes . O concurso efectivo pode ser real ou
ideal e homogéneo ou heterogéneo.

Vários sistemas são possíveis para a determinação da pena em


caso de concurso :

- de absorção de todas as penas pela pena mais grave,


embora agravada;

- de cúmulo
cúmulo jurídi
jurídico
co de pe
penas
nas fo
form
rman
ando
do um
umaa ún
únic
icaa
pena;

- de cúmulo material das penas efectivamente aplicadas

• O reg
egiime de dedettermi
ermina
naçã
çãoo da pe
pena
na ún
úniica
ca,, em ca
caso
so de
concurso de crimes encontra-se regulado no artigo 77°

Concurso efectivo
Consiste na violação de várias normas jurídico-penais, devido à
prática pelo agente de diferentes acções (podendo um só facto constituir 
mais de uma acção em sentido jurídico). São aplicadas diferentes normas
para valorar o comportamento do agente e todas concorrem
concorrem para a
determinação da sua responsabilidade. O agente pratica dois ou
mais crimes. A um conjunto plural de acções (em sentido jurídico),
corresponde uma pluralidade de crimes .

O concurso efectivo pode ser real ou ideal

Concurso real
Se se verificar uma pluralidade de factos qualificáveis como crimes.

Concurso ideal
Se o mesmo facto é qualificável como crime por diferentes normas
incriminadoras que concorrem numa classificação plúrima; no plano
naturalístico há uma só acção que viola várias vezes a mesma ou
várias normas.

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António Filipe Garcez José
Concurso homogéneo
Quando a mesma acção preenche um conjunto de tipos de crimes
iguais.

Concurso heterogéneo
No caso de os tipos de crime cometidos serem diferentes

Concurso
Concurs o aparente ou de normas
Se as normas violada dass só na aparência são aplicáveis
cumulativamente, mas na verdade
verdade ou se apl
aplica
ica uma ou se aplica
aplica
outra.

• O concurso legal, aparente ou impuro, verifica-se quando o


com
compo
porrta
tame
ment
ntoo do age
gent
ntee pod
odee su
subs
bsum
umiir-se
-se a vá
vári
rias
as
previsões legais mas apenas uma delas é aplicável ao facto
por esgotar inteiramente o conteúdo da sua ilcitude.

Entre as normas concorrentes podem verificar-se 3 tipos de


relações :

de especialidade
Quando a norma especial contém todos os elementos de outra e lhe
acrescenta (sem a contrariar) um ou vários elementos especializadores.
A norma especial prevalece sobre a norma geral .

de consumpção
Nos casos em que, sendo potencialmente aplicáveis duas ou mais
normas criminais, uma delas consome a protecção que a outra
visava. Só em concreto se pode decidir qual das normas vai ser aplicada e essa
será aquela que conceder maior protecção ao bem jurídico.

- consumpção pura
Quando a norma que prevê e pune o crime mais grave
consome a que prevê e pune o menos grave.

- consumpção impura
quando um crime é meio para praticar outro mas em que
se aplica a norma do crime meio, porque o crime principal
 – crime resultado – é consumido pelo crime meio .

de subsidiariedade
Quando a norma só se aplica se a outra não se aplicar .

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António Filipe Garcez José

CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE CRIME

Quanto ao Por acção


tipo de
conduta Pura
Por omissão
Impura
Crimes gerais ou comuns ( 131º, 143º, 203º, 212º, 217º)
Quanto ao
agente Próprios ou puros (136º, 284º, 370º)
Crimes específicos Impróprios ou impuros (378º, 383º, 195º)

De mão própria

Praeter intencional
Quanto à
Crimes materiais De resultado cortado ou parcial
relação ou de resultado Agravado pelo resultado
entre a De omissão impura ou imprópria
conduta e o
resultado Crimes formais De mera actividade
ou de mera actividade
De omissão pura ou própria
Quanto à
Lesão efectiva ou dano
intensidade
de lesão do
bem jurídico Abstracto (292º/1)
Perigo Abstracto/concreto (292º/2)

Concreto (291º)

Quanto ao
Forma livre (131º)
Modo de
execução Forma vinculada (217º)

Quanto ao
Tipos básicos (131º)
Modo de
formação Qualificados (132º)
Tipos especiais
Privilegiados (133º)

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António Filipe Garcez José
Crimes por acção
Têm a ver com a estrutura do comportamento do autor, sendo
aqueles que são praticados através de uma acção positiva.

Crimes por omissão


Têm também a ver com a estrutura do comportamento do autor,
sendo aqueles que consistem
consistem em não ter um certo compo
comportame
rtamento
nto
que a ordem jurídica impõe que se tenha num certo caso concreto.

Crimes de omissão pura


São aqueles crimes de omissão que consistem na violação directa
de um comando legal Ex : art. 60° C. da Estrada
Crimes de omissão impura
São aqueles crimes de omissão em que já não se trata de uma
violaç
violação
ão direct
directaa de um coma
comando
ndo legal, mas sim o levar a cabo,
legal, mas
por omissão, um resultado previsto num tipo legal desenhado em
termos de acção. Ex : o pai que deixa que o filho se afogue na praia sem o
ajudar (art.131°)

Crimes gerais ou comuns


Aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa. Ex: art. 131°

Crimes específicos
São aqueles que só podem ser cometidos por certas pessoas .
O agente é definido fundamentalmente através da titularidade de
uma certa situação juridicamente definida, seja uma qualidade ou
um dever especial que sobre ele impende. Ex: crime de peculato (art.
375°), que só pode ser cometido por funcionário.

Crimes específicos próprios ou puros


As qualidades especiais do agente, ou o dever que sobre ele
impende fundam
fundamenta
entamm a sua respons
responsabi
abili
lidad
dade.
e. Ex: cririm
me de
 prevaricação (art. 370°) que só pode ser praticado por advogado ou solicitador.

Crimes específicos impróprios ou impuros


A qualidade do agente, ou o dever que sobre ele impende não
servem
servem para
para fun
fundam
dament
entarar a respons
responsabi
abilidade,, mas únicamente
lidade
para a agravar 
agravar  . Ex: O artigo 378° prevê uma pena mais grave para o crime de
violação de domicílio previsto no art. 190° quando cometido por funcionário.

A distinção entre crimes próprios e crimes impróprios tem importância no


que se refere à matéria da comparticipação (arts. 26° e 27°) eventualmente
em matéria de erro, bem como de comunicabilidade entre participantes de
“certas qualidades ou relações especiais do agente” (art. 28°)

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Crimes específicos de mão própria
Aqueles em que o tipo legal abrange como autores apenas aquelas
pessoas que levam a cabo a acção através da sua própria pessoa,
e não através de outrém, aqueles que
qu e são autores imediatos.

• Está
Está ex
excl
cluí
uída
da a po poss
ssib
ibililid
idad
adee de co
co-a
-aut
utor
oria
ia qu
quan
anto
to aoaoss
comparticipantes que não tenham executado o crime pelas
suas próprias mãos, não podendo verificar-se a
“comunicabi
“comunicabilidad
lidade”
e” do art. 28°. Ex: nos artigos 165° e 166° diz-se
que só qu
que quem
em pr
prat
atic
ica
a po
porr si me
mesm
smo
o o ac
acto
to se
sexu
xual
al in
incr
crim
imin
inad
ado
o po
pode
de se
ser 

considerado
considerado como autor.

Crimes materiais ou de resultado


São aqueles que, segundo o tipo desenhado na lei, pressupõem a
verificação de certo resultado, ou seja, só se dá a consumação
quando é produzido
produzido um resultado
resultado que seja espácio-t
espácio-tempor
emporalmen
almentete
distinto da conduta. Ex: o art. 131° pressupõe a verificação da morte de pessoa,
como resultado.

• Crimes praeter intencionais (arts.145/2º)


eles em que se produz um resu
Aquele resultltad
ado o pa para
ra além
além da
intenção do agente . Exemplo: “A” dá um estalo a “B” ; este cai, bate com a
cabeça e morre.

- Há uma conjugação entre um crime fundamental doloso


com um resultado mais grave, por negligência.

Neste crime há dois resultados da conduta do agente:

- o 1° resultado é a ofensa corporal que a vítima sofre


com a estalada.

- o 2° resultado é a própria morte.

Nos crimes praeter-intencionais há um misto de dolo + negligência

• Crimes agravados (ou qualificados) pelo resultado (art.148º°/3)


Trata-se de um crime em que também há dois resultados da
conduta do agente, mas em que o 2° resultado ( o mais grave) pode
ser imputado ao
ao agente, desde que entre o 2° e o 1° resultado
resultado haja
um nexo de causalidade; desde que em relação à morte da vítima,
haja pelo menos negligência do agente, nos termos do art. 18° CP .
Neste crimes há um misto de negligência + negligência.

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António Filipe Garcez José

• Crimes de resultado cortado ou parcial


São aqueles crimes em que os elementos subjectivos do tipo vão
para além dos elementos objectivos. (Ex: o furto – art. 296°-  para,
object
objectiv
ivam
amen
ente,
te, ha
have
verr fu
furto
rto ba
bast
sta
a quque
e ha
haja
ja su
subt
btra
racç
cção
ão da cocoisa, mas,
isa,
subjectivamente,
subjectivamente, exige-se algo mais, ou seja, que haja intenção de apropriação)

• Crimes materiais de omissão impura ou imprópria


é uma inacção que não evita a produção do evento típico.
(Ex: crime de homicídio por omissão – art. 131° conjugado com o art. 10°/2 –
nadador-salvador
nadador-sa lvador que tem o dever de intervir, deixa morrer o banhista.)

Crimes formais ou de mera actividade


São aqueles em que basta uma determinada actividade tipificada na
lei independentemente de se alcançar um resultado. Ex: para haver 
crime de envenenamento, basta a actividade de ministrar a substância venenosa que
 pode conduzir à morte, não sendo necessário que se verifique essa morte – art.
146°/2 articulado com o 132°/2/h).

Crimes
Crimes formais
formais de mera actividade
actividade : o tipo descreve meramente
uma conduta

Crimes formais de omissão pura ou própria o tipo descreve


exclusivamente uma inactividade (art. 200°)

Crimes de dano ou de lesão efectiva


São aqueles cuja consumação depende da efectiva lesão do bem
 jurídico. (Ex: crime de homicídio – art. 131°- para este crime se consumar é
necessário que a vítima morra.)

Crimes de perigo
São aqueles em que basta que o bem jurídico seja colocado em
perigo, para se consumarem. (Ex: crime de exposição ou de abandono – art.
138° - Para a consumação deste crime basta que o bem jurídico, vida, seja posto em
 perigo, não sendo necessário que a vítima morra.)

A di
dist
stin
inçã
çãoo en
entr
tree os crim
crimes
es mate
materi
riai
aiss e form
formaiaiss at
aten
ende
de à
existência ou inexistência de evento ou resultado típico.

A distinção entre os crimes de perigo e de dano atende à


existência ou não de dano (pode haver resultado típico que não
seja dano)

Noção de perigo - parapara haver


haver perigo
perigo é necess
necessár
ário
io qu
quee haja,
haja,
possibilidade ou probabilidade de produção de um evento
e vento danoso.

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António Filipe Garcez José
Crimes de perigo abstracto
São aqueles em que o perigo funciona com omoo simples
pressuposto ou motivo da incriminação. (ex: art. 292°)

• Nos casos de crimes de perigo abstracto basta que o agente


tenha praticado a acção prevista no tipo de crime sem que,
casuísticamente, se tenha de provar que houve perigo.

• Crimes de perigo abstracto, são aqueles em que o legislador 


descreve certa conduta presumindo, inilidivelmente, que ela é
perigosa. Há uma presunção juris et de jure de perigo.

Crimes de perigo concreto


São aqueles em que o perigo além de ser motivo ou fundamento
de incriminação, é também elemento do próprio tipo . Ne Nele
les,
s, o
perigo surge como o próprio resultado ou evento típico. (Ex: art.
138º)

• Nos casos de crime de perigo concreto, não é suficiente que


se prove que o agente expôs a vítima, é necessário provar,
para que o agente seja punido, que da sua acção resultou
efec
efectitiva
vame
ment
ntee um crime
crime ou pe
peri
rigo
go para a vida
vida da vítim
vítima.
a.
(art.138º/1/a).)

Crimes de perigo abstracto-concreto


São crimes em que por um lado, o fundamento é a actividade em si
que coloca em perigo os bens jurídicos em geral, mas em que, por 
outro lado, revela-se perigo no caso concreto.

• Constituem um meio termo entre os crimes de perigo concreto


e de perigo
perigo abstracto.
abstracto. Nestes crime
crimess o perigo é referi
referido
do no
próprio tipo a propósito do modo de ser da acção típica (art.
244º/2/2ªparte)

• Por um lado, o perigo nestes crimes não é o resultado de um


evento típico

• Por outro lado, também não se limita a um mero fundamento


da incriminação

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António Filipe Garcez José

TEORIA GERAL DA INFRACÇÃ


I NFRACÇÃO
O PENAL
Categorias analíticas

- Acção
- Tipicidade
- Ilicitude
- Culpa
- Punibilidade

Acção
Segundo o Dr. Figueiredo Dias não faz sentido autonomizar a acção
da tipicidade, porque na tipicidade, um dos elementos objectivos do
tipo é a conduta, a qual pode ser por acção ou por omissão. Logo,
se a acção não é dominada pela vontade, não há conduta e por 
cons
co nseg
egui
uint
nte,
e, nã
nãoo ha
have vend
ndoo co
cond
ndututa,
a, fa
faltltaa um do doss elem
elemen
entotoss
obje
ob ject
ctiv
ivos
os do tipo
tipo e conconse
sequ
quent
entem
ement
entee nã nãoo es
está tá pree
preenc
nchi
hida
da a
categoria analítica da tipicidade.
O conceito de acção assume um papel secundário, tendo apenas
umaa fu
um funç
nção
ão de de delilimi
mita
taçã
çãoo ou fufunç
nçãoão ne nega
gatitiva
va de exexcl
clui
uirr da
tipicidade comportamentos jurídico-penalmente irrelevantes.

Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal. É o
preenchimento de um tipo de crime.
No tipo distingue-se entre a tipicidade objectiva , ou elementos
objectivos do tipo e a tipicidade
tipicidade subjectiva
subjectiva, ou elem
elemen
enttos
subjectivos do tipo.

- tipicidade objectiva
O pree
preencnchi
hime
mentntoo da tipi
tipici
cida
dade
de obj
objec
ectitiva
va de um crim
crimee
consiste no estabelecimento do nexo de causalidade (ou 
de causalidade potencial) entre a conduta e o resultado.

- tipicidade subjectiva
O pree
preenc
nchi
hime
ment
ntoo da tipi
tipici
cidad
dadee su
subj
bjec
ectitiva
va co
cons
nsis
iste
te na
impu
puta
taçã
çãoo do fact
facto
o ao ag agen
ente
te. Essa imputação é
normalmente feita a título de dolo; A actuação negligente
também pode preencher a tipicidade subjectiva, mas só
nos casos especialmente previstos na lei .
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António Filipe Garcez José
Ilicitude
Qualidade
Qualidade do que é ilícito.
ilícito. Quando o tipo está preenchido,
preenchido, tanto do
ponto de vista objectivo como subjectivo, diz-se que está indiciada a
Ilicitude. Quando a conduta do agente é típica, a consequência que
daí se tira é que a conduta é ilícita. O tipo indicia a ilcitude.

Ilicitude formal (art.31°/1)


É a contrariedade à ordem jurídica . É a violação de deveres
penalmente sancionáveis. Pode tratar-se da violação do dever de
ter uma certa conduta praticando um facto ou de violação do dever 
de nã nãoo te
terr de
dete
term
rmin
inad
adaa co
cond
ndut
uta,
a, at
atra
ravé
véss da om
omis
issã
sãoo de um
comportamento devido.

Ilicitude material (escola neo-clássica)


Consiste na graduação da danosidade do facto ilícito praticado .
Este conceito permite identificar as causas de exclusão da Ilicitude
e graduar a pena consoante o desvalor do acto que lesa o bem
 jurídico e a sua gravidade. Trata-se de um conceito trazido pela
escola neo-clássica.

conteúdo do ilícito
é composto pelo desvalor da acção e o desvalor do resultado
(quando não há desvalor do resultado estamos perante uma tentativa).

tipo de ilícito
é a reunião de todos os elementos que fundamentam o conteúdo
material do ilícito.

Culpa
No juízo de culpabilidade é apreciada a formação da vontade do
agente e se ela se deveu a uma atitude defeituosa diante do
Direito.

• O juíz
juízoo da ilici
licitu
tude
de do fac
acto
to de
deve
ve prec
preced
edeer o juízo
uízo da
culpabilidade, pois não faz sentido falar em culpa
relativamente a factos lícitos, mas já faz sentido falar em actos
ilícitos sem que haja culpa.

• O que está em causa na culpa é saber se numa dada


situação concreta, do ponto de vista de política criminal, é ou
não necessário punir  uma pessoa. Se, num caso concreto,
os fins de prevenção – geral ou especial - exigirem que uma
pessoa seja punida, pode dizer-se que ela tem culpa.

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António Filipe Garcez José
Mas podem ocorrer  ...

causas que excluem a culpa :

- inimputabilidade (em razão da idade ou de anomalia


psíquica, arts. 19° e 20°/1)

- estado de necessidade desculpante , (art.35°)

- obediência indevida desculpante , (art.37°)

- excesso de legítima defesa por medo desculpável.


(art. 33°/2)

• No caso de prática de um crime em comparticipação cada um


dos agentes é punido segundo a sua culpa (art. 29°) .

!!!! A culpa é individual !!!


Punibilidade
É o co
conj
njun
unto
to de co
cond
ndiç
içõe
õess de qu
quee de
depe
pend
ndee a pu
puni
nição
ção do
agente. Um facto só será punível se for típico, ilícito e culposo.
Mas, em certos casos, para que o facto seja punível é ainda
necessário
necessário que se verifiquem
verifiquem eleme
elementos
ntos exteriores
exteriores ao tipo que são
os pressupostos de punibilidade .

Pressupostos gerais de punibilidade

Alguém só será punido se cometer um facto típico, ilícito e culposo

Em sentido amplo os pressupostos gerais de punibilidade


punibilidade são:

- a ilicitude

- a culpabilidade

13
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APONTAMENTOS SEM FRONTEIRAS


António Filipe Garcez José
Pressupostos especiais da punibilidade

De Dt°. Processual
Penal
- Excepções à punibilidade

Subjectivos
Pressupostos - Causas pessoais de
Especiais de levantamento da pena
punibilidade
De Dt° Penal
Material

Próprios
Objectivos
Impróprios

Pressupostos especiais de punibilidade de Dt° Penal material

Pressupostos subjectivos
- exce
excepç
pções
ões pe
pesso
ssoaiaiss à pu
puninibi
bili
lida
dade
de – ocoocorr
rrem
em no
momento da prática do facto (ex: imunidade dos deputados)

- Causas pessoais de levantamento da pena – são


supe
superrve
veni
nien
enttes , oc
ocor
orrrem ap
após
ós a prát
prátic
icaa do fac
acto
to
(ex: a desistência voluntária)
voluntária)

Pressupostos objectivos
Trata-se de circunstâncias intimamente associadas ao facto típico,
mas que são extrínsecas ao tipo de ilícito e ao tipo de culpa

- Cond
Condiç
içõe
õess ob
obje
ject
ctiv
ivas
as de pupuni
nibi
bili
lida
dade
de próp
própri
rias
as –
estas condições são extrínsecas ao facto típico, mas a
punição do agente dep
depende
ende da sua efectiva verificação
(ex: art. 5° /1/c) – II)

- Condições objectivas de punibilidade impróprias –


casos em a responsabilidade do agente é agravada pela
verificação de uma certa circunstância em relação à
qua
uall não se exexiige ne
nexo
xo de impuputtaç
ação
ão su
subj
bjec
ectitiva
va
(ex: incitamento ou ajuda ao suicídio – art. 135°)

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António Filipe Garcez José

TIPICIDADE
Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal.

No ti
tipo
po di
dist
stin
ingu
gue-
e-se
se enentr
tree os el
elem
emen
ento
toss ob
obje
ject
ctiv
ivos
os e os
elementos subjectivos :

Elementos objectivos
Atra
Atravé
véss de
dest
stes
es elem
elemen
ento
toss a qu
ques
estã
tãoo é de sasabe
berr se po
pode
demo
moss
imputar objectivamente ao agente a prática de determinado crime.

Elementos escritos (fácticos e normativos)


Elementos que estão descritos no tipo de ilícito.

a. Elementos descritivos (de facto)


Aqueles para cuja determinação não é necessário fazer 
qualqu
qua lquer
er val
valora
oração
ção jurídi
jurídica,
ca, não são con
concei
ceito
toss jurídi
jurídicos
cos
mas sim da linguagem corrente.

- Agente
- Conduta
- Objecto da acção
- Resultado ( só nos crimes de resultado)

b. Elementos normativos (de direito)


São expressões que o CP utiliza e que traduzem
elementos de direito que vão ser concretizados por outras
fontes. Estes elementos pressupõem uma valoração que
pode ser jurídica ou cultural (ex: honra, alheio,
alheio, documento,
documento, móvel
móvel )

Elementos não escritos


Bem jurídico
Nexo de causalidade (só no caso de crimes de resultado)

Elementos subjectivos

- Dolo
- Elementos subjectivos especiais
- Negligência

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António Filipe Garcez José

Imputação objectiva
Imputação
É o nexo que liga o crime ao seu autor. É a causa do crime.

Imputação objectiva
Consiste em estabelecer o nexo de causalidade entre a acção e o
resultado.

• É a questão de determinar como é que se atribui à conduta do


agente o resultado de que depende a consumação do crime.

• É a possibilidade de atribuir a responsabilidade a alguém pelo


evento, através do estabelecimento de um nexo de relação
entre o facto e o resultado.

• Trata-se de um conceito mais amplo do que o de causalidade


porque o conceito de causalidade não explica as situações de
omissão.

• Em direito penal o problema da imputação objectiva é distinto


do problema da causalidade , mas a causalidade tem de ser 
a base de qualquer teoria da imputação objectiva.

Acerca da imputação objectiva é importante referir o seguinte...

1. O resu
resultltad
adoo há-de
há-de te
terr oc
ocor
orri
rido
do,, nã
nãoo se
sendo
ndo basta
bastant
ntee qu
quee a
causa seja adequada a produzi-lo
p roduzi-lo
.
2. Depois
Depois de se estabel
estabelecer
ecer o nexo
nexo de ligação
ligação entre
entre a causa e o
efeito é preciso apurar se aquela causa geraria,
possivelmente, aquele resultado.

3. É nec
neces
essá
sári
rioo fa
faze
zerr a im
impu
puta
taçã
çãoo ob
obje
ject
ctiv
ivaa rela
relatitiva
vame
ment
ntee a
todas as causas

4. Na tentativa
tentativa não
não há lugar a imputaçã
imputação
o objectiva
objectiva do resultad
resultadoo ,
porque aí não há resultado.

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António Filipe Garcez José
Encontram-se na doutrina várias teorias para explicar a imputação
objectiva, designadamente :

- Teoria da “conditio sine qua non” 


- Teoria da causalidade adequada
- A teoria da relevância
- Teoria do risco

Teoria da “conditio sine qua non” 


(Teoria da equivalência das condições)

Teoria da “conditio sine qua non” 


Para
Para es
esta
ta te
teor
oria
ia a ca
caus
usaa de um ev
even
ento
to é qu
qual
alqu
quer
er co
cond
ndiç
ição
ão,,
qualquer evento ou circunstância, sem a qual o resultado não se
produziria;

• Para se apurar se determinado comportamento foi ou não


relevante utiliza-se um processo de eliminação.

• A teoria da ”conditio sine qua non”  deverá ser formulada,


toma
tomand
ndoo em co cons
nsiide
dera
raçção as circ
circun
unst
stân
ânci
cias
as do ca
caso
so
concreto. Então a questão a formular será a seguinte:

- Se aquele comportamento não tivesse tido lugar, nas


mesmas circunstâncias de tempo, lugar e modo, ter-se-
ia verificado o resultado?

Críticas a esta teoria

• Esta teoria pressupõe um número infinito de causas para


cada fenómeno.
Exemplo:
Se A mata B com um tiro, também é possível considerar uma condição da morte de B
o facto de os pais de A o terem concebido.

• Esta
Esta teor
teoria
ia pe
perm
rmite
ite a resp
respon
onsab
sabil
iliz
izaç
ação
ão ob
obje
jecti
ctiva
va em
Direito penal, designadamente no caso dos crimes agravados
pelo resultado
Exemplo
 A provoca um arranhão a B, que é hemofílico, provocando-lhe
provocando-lhe a morte.

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António Filipe Garcez José
De acordo com esta teoria, se A não tivesse arranhado o B, este não teria morrido,
logo a imputação objectiva neste caso é fácil de estabelecer. Portanto A seria punido
 por um crime de homicídio, consequência que seria particularmente grave na medida
em que levaria ao reconhecimento da existência da responsabilidade objectiva em
Direito Penal, a qual é afastada , como já se sabe, pelo princípio da culpa.

O art. 18° exige a existência de um nexo subjectivo entre o agente e o resultado mais grave

• Esta teoria nega a imputação


imputação subjectiva
subjectiva em situações de
causalidade hipotética ou de causalidade cumulativa

Em conclusão

A teoria da “conditio sine qua non” é criticada...

1. Porque
Porque permitindo
permitindo semp
sempre
re outras causas
causas anteriores
anteriores,, permite
permite o
encadeamento infinito.

2. Pressupõe
Pressupõe que o nexo
nexo de causalida
causalidade
de está estabelec
estabelecido,
ido, se
sem
m
o definir 

3. Pode gerar
gerar situações
situações de respons
responsabili
abilidade
dade objectiv
objectiva.
a.

4. não distingue
distingue entre
entre causas relevant
relevantes
es e causas irrelevan
irrelevantes
tes

5. Não explic
explicaa os casos
casos de causalid
causalidade
ade hipoté
hipotétic
ticaa , nem os de
causalidade cumulativa.

Teoria da adequação ou da causalidade adequada


• Esta teoria não rejeita a teoria da “conditio sine qua non “, só
pretende constituir um aperfeiçoamento desta.

• Est
Esta teteor
oriia pa
parrte da teo
eorria da “con
“condi
dititio
o sine
sine qua non” ,
qua non” 
apontando um critério para verificar que só a acção adequada
seria relevante para efeitos de Direito Penal.

• Para verificar se a causa é ou não adequada a produzir 


determinado resultado penalmente desvalioso, utiliza-se um
  jui
juizo
zo de prev
previs
isão
ão fe
feititoo “a poster
posteriori”  ma
iori”  mass repo
report
rtad
adoo ao
momomeent
ntoo em qu
quee o ag agenente
te ac
acttuo
uouu (teo
(teori
ria
a da progn
prognose
ose
objectiva póstuma)

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António Filipe Garcez José
Teoria da prognose objectiva póstuma

É um  juizo de previsão (prognose) feito “a posteriori”  (póstumo),


mas reportado ao momento “ex ante”, de que se serve a teoria da
caus
causal
alid
idad
adee ad
adeq
equa
uada
da,, pa
para
ra fa
faze
zerr a imimpu
puta
taçã
çãoo ob
objeject
ctiv
ivaa do
resultado.

Esta teoria decompõe-se em 2 elementos:

-  juizo de prognose póstuma


O julgador coloca-se nas circunstâncias, em que se
encontrava o agente, que conduziram à actuação ou
omissão e interroga-se se naquelas circunstâncias seria
ou nãnãoo previsível qu
quee actuasse daque uella forma,,
produzindo aquele resultado.

-  juizo de prognose objectiva


A prognose é objectiva porque é feita atendendo ao
padrão de homem médio, mas tomando em
cons
co nsiide
dera
raçção os co
connhe
heci
cime
ment
ntos
os es
espe
pecí
cífifico
coss e as
capacidades do agente em causa.

Formula-se a seguinte questão:

- era ou não previsível para o homem médio, idealmente colocado


no lugar do agente e munido dos particulares conhecimentos deste,
que se produzisse aquele resultado?

- Se o homem médio podia prever aquele resultado, a


causa é adequada.

• A prognose é póstuma, porque é um juizo de previsão feito


“a posteriori”.

• A qu
ques
esttão da ca
caus
usal
alid
idad
adee ad
adeq
equa
uada
da po
pode
de se
serr co
colo
loca
cada
da
através de 3 proposições :

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António Filipe Garcez José

Dolo
É o elemelemen
ento
to su
subjbjec
ecti
tivo
vo do tipotipo de crim
crimee qu
quee co cons
nsis
iste
te no
conhecimento dos ele elemen
mentos
tos obj
object
ectivo
ivoss essenc
essenciaiiaiss des
desse
se tip
tipoo
(elemento intelectual) e na vontade de praticar um certo acto ou,
noss crim
no crimes
es ma
mate
teri
riai
ais,
s, de atatin
ingi
girr um cecert
rtoo resu
resultltad
adoo (elemento
volitivo)

Elemento intelectual
Consiste, em o agente representar o facto que preenche
um tipo de crime, isto é, no conhecimento de todos os
elementos da factualidade típica.

- Elemento volitivo
É o querer, é a intenção de praticar o acto.

O Professor Figueiredo Dias acrescenta um terceiro elemento:

- Elemento emocional
Consiste na consciência da ilicitude
.
Elemento intelectual
Não há qualquer norma no CP que nos diga directamente que o
dolo é o conhecimento da realização do facto típico, no seu
elemento intelectual. Mas há preceitos que nos dizem isso pela
negativa; aqueles que contêm o regime do erro, em particular o art.
16°/1.

Artigo 16º
Erro sobre as circunstâncias do facto
1 - O erro sobre elementos de facto ou de direito de um tipo de
crime, ou sobre proibições cujo conhecimento for razoavelmente
indi
indisp
spen
ensá
sáve
vell pa
para
ra ququee o ag
agen
ente
te pos
possa
sa to
tomar  consciênci
mar  consciênciaa da
ilicitude do facto , exclui o dolo.
2 - O preceituado no número anterior abrange o erro sobre um estado de coisas que, a
existir, excluiria a ilicitude do facto ou a culpa do agente.

3 - Fica ressalvada a punibilidade da negligência nos termos gerais.

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António Filipe Garcez José
Deste preceito concluímos que ...
...

• não há dolo quando não houver  conhec


conhecime
imento
nto dos
elementos da factualidade típica.

• Se houver erro o dolo é excluído. O agente apenas poderá ser 


punível a título de negligência (art. 16°/3)

No artigo 16°/1 prevê-se outro tipo de erro que exclui o dolo ...

• O erro
erro so
sobr
bree proi
proibi
biçõ
ções
es cujo conhecim
conhecimento
ento seja razoavel
razoavelment
mente e
indispensável
indispensável para que o agente possa tomar consciência da ilicitude do facto.

O regime para os dois tipos de erro não é o mesmo ...

• O erro
erro de de
descsconh
onhec
ecim
iment
entoo do
doss elem
elemen
ento
toss essen
essenci
ciai
aiss da
factualidade típica exclui sempre o dolo .

• O erro sobre as proibições apenas exclui o dolo em alguns


casos, isto é, sobre algumas proibições.

Quais são essas proibições ?

• São aquelas que têm um carácter axiológicamente neutral,


isto é, aquelas proibições cujo conhecimento é razoavelmente
indispensável para o agente tomar consciência da ilicitude do
facto.

Suponhamos que ...

... é proibido ter em casa dinheiro em moeda estrangeira.

• Ora esta proibição é axiológicamente neutral; é impossível


ao agente, se não souber dessa proibição, chegar a essa
conclusão no plano ético, por causa das suas valorações
morais.

Ao contrário, suponhamos agora que ...

... o agente dispara um tiro contra a vítima para a matar, mas ignora
que em Portugal, por absurdo que seja, o homicídio é um crime

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António Filipe Garcez José

• A falta deste conhecimento de modo algum exclui que o


agente seja punível por um crime de homicídio doloso nos
termos do art. 131°,

porque...
A proíbição do homicídio não é neutral no plano dos valores

O artigo 17°, sem qualquer exclusão do dolo, é que prevê a


falta de consciência da ilicitude nos casos em que não estão
em causa, proibições axiológicamente neutrais.

Modalidades de dolo
Dolo directo(art. 14°/1)
O dolo é directo quando o fim subjectivo do agente é o próprio facto
tipicamente ilícito; O facto representado é o facto querido e o agente
actua com vontade de realizar esse mesmo facto. No dolo directo a
vontade, a intenção de praticar o acto prevalece sobre o seu
conhecimento

• É através do elemento volitivo que se define esta


modalidade de dolo .

• Basta que o agente queira, isto é, que tenha a intenção de


realizar o facto típico.
Exemplo:
O agente decide
decide matar a vítima através
através de um tiro disparado
disparado a grande distânci
distância,
a,
sabendo que é provável que não lhe acerte; ainda assim o agente actua em dolo
directo

Dolo necessário (art. 14°/2)


Exi
Existe
ste dodollo ne
nece
cess
ssáário
rio ququan
ando
do o fac
actto tipi
tipica
cam
menentte ilíc
ilíciito é
consequência necessária da realização pelo agente do fim que se
propõe, algo que é inevitável em consequência da sua conduta.
O agente conhece o facto, sabe que vai realizar-se, sabe que vai
acontecer necessariamente, não o quer, mas actua.
Par
Para a rea eallizaç
ização
ão do fim fim qu
quee se prop
propõe
õe,, rep
eprres
esen
enta
ta,, cocomo
mo
consequência necessária da sua conduta, a perpetração de um
facto tipicamente ilícito, mas essa representação não o impede de
agir.

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António Filipe Garcez José

• O elemento intelectua
tual é que é decis
cisivo parra a sua
pa
caracterização.

• Do art. 14º/2 não se conclui que a previsão do agente seja


correcta: o que é indispensável é que a realização do facto seja
inevitável na sua cabeça, de acordo com a sua representação.

Exemplo: Se o agente dispara um tiro contra a cabeça da vítima


sabendo que a vai matar, não é necessário averiguar,
autonomamente, se existe elemento volitivo do dolo. É impossível 
que não exista porque o agente prevê a realização do facto típico
 precisamente como consequência indispensável da sua conduta.

Qual a diferença entre dolo directo e dolo necessário ?


A diferença reside especialmente no elemento volitivo, pois que a
realização do facto típico não é, no dolo necessário, o fim subjectivo
que o agente se propõe, mas a consequência necessária para a
sua realização (Prof. Germano M. Silva)
Dolo eventual (art. 14°/3)
É a prev
previs isão
ão da po
poss
ssib
ibililid
idad
adee de real
realiz
izaç
ação
ão do fa
fact
ctoo típi
típico
co e
conformação com ela.
O ag
agen
ente te acei
aceita
ta co
como
mo po poss
ssív
ível
el a real
realiz
izaç
ação
ão do fact
facto o que
preenche o tipo e conforma-se com essa realização. Com a sua
conduta prevê o resultado nocivo, não se importando se este se
conc
concre
retitiza
zará
rá ou nã
não.
o. No do dolo
lo dire
direct
ctoo e no dodolo
lo ne
nece
cessssár
ário
io há
prevalência de um dos elementos, no dolo eventual há paridade.

• Trata-se da modalidade de dolo mais problemática e com maior 


maior 
alcance prático:

- por um lado
é problemática na medida em que é definida paredes meias com a
negligência consciente a que se refere o art. 15º/a).

- por outro lado


as consequências práticas derivam do facto de se tratar de uma
modalidade de dolo.

• O elemento intelectual do dolo eventual e o da


negl
neglig
igên
ênci
ciaa co
cons
nsci
cien
ente
te é comum
comum : a repr
represe
esent
ntaç
ação
ão da
real
realiz
izaç
ação
ão do fafact
ctoo típi
típico
co co
como
mo co
cons
nseq
equê
uênc
ncia
ia po
poss
ssív
ível
el do
comportamento do agente

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António Filipe Garcez José

Mas, o elemento volitivo varia:

- no dolo eventual
o agente prevê a realização do facto típico como possível e
conforma-se com essa realização.

Na negligência consciente
o agente prevê a realização do facto típico como possível,
mas não se conforma com essa realização.
Fórmula positiva de Franck
Trata-se de uma fórmula perfeitamente compatível com o critério de
dist
distin
inçã
çãoo ado
adopt
ptad
adoo pe
pelo
lo legi
legisl
slado
adorr no art
art.. 14º
14º/3,
/3, o crit
critér
ério
io da
conformação

• Se o agente, ao actuar, previu como possível a realização de


um facto típico e pensar: aconteça o que acontecer, eu actuo.
Então, se actuar, fá-lo-á com dolo eventual.

• Este
Este crit
critér
ério
io do legi
legisl
slad
ador
or ex
exig
igee a iden
identitififica
caçã
çãoo no dolo
dolo
even
ev entu
tual
al,, de do
dois
is elem
elemen
ento
tos:
s: o elem
elemen
ento
to inte intele
lect
ctua
uall e o
elemento volitivo
Exemplo :
Um automobilista está a conduzir em excesso de velocidade, tem
 pressa de chegar a casa e o piso está molhado

Atitude de dolo eventual


“eu posso matar alguém, mas como tenho pressa de chegar a casa
continuo a conduzir deste modo” (conforma-se com a realização do facto)

atitude de negligência consciente


“ eu posso matar alguém, mas como sou bom condutor consigo
evitar essa morte “ (não se conforma com a realização do facto)

Erro sobre a factualidade típica – classificação


• Erro sobre o objecto
• Erro sobre o processo causal
• Erro sobre circunstâncias qualificadoras ou priviligiantes
• Erro sobre elementos descritivos e normativos do tipo

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António Filipe Garcez José

Erro sobre o objecto


Podemos distinguir 2 situações ...

• Quando os objectos são tipicamente idênticos

• Quando não há identidade típica dos objectos

Objectos tipicamente idênticos

Exemplo:
 A quer matar B, mas confunde-o com C e este é que acaba por ser 
morto.

• Nestes casos, de acordo com a doutrina dominante, o erro é


irrelevan
irrelevante,
te, pois o agent
agentee sabe que está a mata
matarr uma pessoa
e quer de facto mata-la, pelo que o agente é punido por um
crime de homicídio doloso consumado.

Objectos tipicamente não idênticos

Exemplo 1 :
O agente  A pensa que está a disparar para uma peça de caça e
acerta numa pessoa.

• Aqui o agente não pode ser punido por um crime de homicídio


doloso pois actuou sem dolo, já que não pretendeu matar 
nenhuma pessoa. Logo só será eventualmente punido por um
crime de homicídio negligente

Exemplo 2 :
A pretende matar o cão do vizinho, mas acaba por matar o próprio
vizinho, a quem confunde com o cão.

• Neste caso o agente será punível em concurso por uma


tentativa e por um crime negligente consumado .

• Aqui há um erro sobre a factualidade típica do disposto no


art. 16°/1 : o agente não conhece
conhece nem quer a morte de um
ser humano – apenas pretende matar o cão do vizinho

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António Filipe Garcez José

• Será
Será pu
puní
níve
vell po
porr tent
tentati
ativa,
va, se a tenta
tentati
tiva
va for pupuní
níve
vell .
Ao tentar abater o cão o agente estaria a praticar um crime de
dano tentado. Simplesmente o dano é punível com prisão até
3 anos e a tentativa só é punível quando ao crime consumado
corresponder uma pena superior a 3 anos (art. 23°/ 1) , logo,
23°/1)
nesta situação o agente não é punido pela tentativa de dano,
mas apenas por crime de homicídio negligente consumado.

• Será punível por crime negligente se houver negligência.


O agente pode ter atingido
atingido um objecto que tipicamente
tipicamente não é
idêntico, sem ter actuado com negligência.

Exemplo: O agente dispara, para matar um cão, contra a casota


desse cão. Extravagantemente quem está lá dentro da casota .é o
dono do cão que morre.

• Neste caso, e atendendo só aos dados da hipótese,


dever-se-ia concluir que o agente não seria punível por um
crim
crimee de ho
homi
micí
cídi
dioo ne
negl
glig
igen
ente
te con
consu
suma
mado
do,, po
pois
is nã
nãoo era
era
previsível que o agente fora atingir uma pessoa dentro da
casota do cão.

Articulação com os tipos qualificados e privilegiados


• Quando se está em face de um dos tipos qualificados ou
privilegiados não se pode dizer que o objecto seja tipicamente
idêntico.

Com tipos qualificados

Exemplo 1: O agente pretende matar o seu pai, mas confunde-o,


no escuro, com uma outra pessoa sendo esta que é morta.

• A solução aqui é a de concurso em que o agente é punível por 


um crime de homicídio qualificado tentado (art. 132°/
132°/2),
2), com
  pena
pena especi
especialm
alment
ente
e atenua
atenuada
da (a
(art
rt.. 72
72°)
°) e por
por homi
homicícídi
dio
o
negligente consumado (art. 137°)

Exemplo 2  : o agente pretende matar uma pessoa qualquer e


mata o pai.
• só é puníve
punívell por
por um crime
crime de homicíd
homicídio
io do
doloso
loso consumado,
consumado,
porque o objecto é tipicamente o mesmo, uma pessoa.

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António Filipe Garcez José
Com tipos privilegiados

Exemplo 1 : O agente a pedido instante, consciente, livre e


expresso
express o da vítima,
vítima, decide
decide matá-la,
matá-la, mas engana-se,
engana-se, pois
pois supõe
supõe
que é a vítima que está num
n um sítio de pouca visibilidade e mata outra
 pessoa.

• O crime de homicídio a pedido da vítima, é um crime de


homicídio privilegiado previsto no art. 134°.

• Neste caso também o agente deve ser punível pela prática de


um crim
crimee de ho
homi
micí
cídi
dioo ten
enta
tado
do a pe
pedi
dido
do da víti
vítima
ma,, pe
pela
la
conjugação dos arts. 134° e 72°em concurso com o crime de
homicídio negligente consumado, nos termos do art. 137°.

Exemplo 2: O agente do crime é surdo. A vítima pede instante,


livre, consciente e expressamente que a matem, mas não lhe vale
de nada pois o agente não ouve o pedido. O surdo ignora que
existe esse pedido mas, mesmo assim, mata-a.

• Numa situação destas o Dr. Rui Pereira defende que o agente


seria punível nos termos do art. 131°. É certo que ele ignorava
o pe
pedi
dido
do da víti
vítima
ma,, ma
mass a sua res respo
pons
nsab
abiilida
lidade
de se
seri
riaa
atenuada, pois, na determinação da medida da pena deveria
ser tido em conta que existia um pedido da vítima que a
matassem, embora o agente do crime o tenha ignorado.

ABERRATIO
ABERRATIO ICTUS
Exemplo: A quer matar  B. Dispara contra ele mas, por falta de
 pontaria, acaba por matar  C que se encontrava próximo de B.

• Não estamos perante uma situação de erro, mas de execução


defeituosa: A não está em erro sobre coisa alguma, mas quer 
matar  B, reconhece-o, identifica-o correctamente, só que a
execução é defeituosa.

• Aqui, quer haja identidade ou não de objectos, a solução é


semp
se mpre
re inva
invari
riáv
ável
el:: O ag
agen
ente
te do crim
crimee se
será
rá pu
puníníve
vell pe
pelo
lo
conc
co ncur
urso
so en
entr
tree um crim
crimee do
dollos
osoo de hohomi
micí
cídi
dioo na fo forrma
tentada (contra B) e um crime de homicídio negligente na
forma consumada. (contra C)

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António Filipe Garcez José

Erro sobre o processo causal


Desvio essencial no processo causal
• Dá-se este desvio quando a consumação do crime não é a
conc
concre
retiz
tizaç
ação
ão da peperi
rigo
gosi
sida
dade
de traz
trazid
idaa pe
pela
la acçã
acção
o do
agente.

• Só nestes casos é que é relevante o erro sobre o processo


causal.

Exemplo:
O agente esfaqueia a vítima sucessivamente deixando-a prostrada
no chão. No entanto, antes de a vítima morrer, cai-lhe um raio e a
vítima vem a morrer em consequência disso.

• Nesta situação, o desvio do processo causal é essencial e


relevante, e o agente só é punível por crime de homicídio
doloso tentado, mesmo que se prove que a vítima morria de
qualquer maneira.

• A causa virtual ou hipotética não é relevante em Direito


Penal.

Desvio não essencial no processo causal


• Quando o desvio não é essencial, o agente é punível só por 
um crime doloso consumado.

Exemplo:
O agente lança a vítima de uma ponte abaixo com o intuito de a
matar por afogamento. Simplesmente a vítima bate com a cabeça
na estrutura da ponte e morre.

• Este desvio do processo causal é irrelevante. A morte da


vítima traduziu-se na concretização da perigosidade que a
acção do agente encerrava.

• Como há co
Como cond
ndiç
içõe
õess pa
para
ra at
atri
ribu
buir
ir ao ag
agen
ente
te ob
obje
ject
ctiv
ivaa e
subjectivamente a morte da vítima, este é punível pelo crime
de homicídio doloso consumado.

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António Filipe Garcez José

Dolus generalis
• Trat
Trata-
a-se
se ta
tamb
mbém
ém de um de
desv
svio
io irre
irrele
leva
vant
ntee do proc
proces
esso
so
causal.

• São
São ex
exem
empl
plos
os pa
para
radi
digm
gmát
átic
icos
os des
esttas situ
situaç
açõões as de
encobrimento posterior à suposta prática do crime
consumado.

Exemplo:
O agente do crime esfaqueia sucessivamente a vítima e pensa tê-la
matado. A seguir atira-a da ponte abaixo para se desfazer do
cadáver. Mas a vítima não tinha morrido, acabando por morrer por 
ter sido atirada da ponte abaixo.

• Nesta situação
situação o agente deve ser punível por um só crime de
homicídio doloso consumado.

• Trata-se de uma situação de dolo geral, dolo genérico que


abarca todo o processo causal, não havendo qualquer desvio
desse processo causal.

Erro sobre circunstâncias qualificadoras


ou privilegiantes típicas
exemplo
O agente dispara contra B, sabendo que é ele, mas ignorando que
B é o seu pai.

• Não podemos dizer que houve dolo de homicídio qualificado


no sentido do art. 132°, porque o agente ignorava que a
pessoa que estava a matar era o seu pai.

• Neste caso o dolo é excluído ao abrigo do art. 16°/1, e o


agente só pode ser punível pelo
pe lo crime simples (art. 131°)

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António Filipe Garcez José

Elementos subjectivos especiais


São factos subjectivos que interessam à valoração objectiva
o bjectiva do tipo.
Especial intenção que se autonomiza do dolo. Estes elementos
constituem uma especial atitude interna do agente.

Nos crimes de intenção

• Nestes crimes para além do dolo é necessário que haja uma


certa intenção.

crimes de resultado cortado ou parcial


Aqueles em que o tipo subjectivo ultrapassa, em extensão, o tipo
objectivo.

• São exemplos de crimes de resultado cortado ou parcial:

- o furto (art.203°)

- a burla (art.217°°)

Artigo 203º Objecto do crime

Furto agente
conduta Elemento subjectivo especial

1 - Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para


outra
out ra pes
pessoa
soa,, sub
subtra
trair
ir coi
coisa
sa móv
móvel
el alh
alheia
eia,, é pun
punido
ido com pena de
prisão até 3 anos ou com pena de multa.
2 - A tentativa é punível.

3 - O procedimento criminal depende de queixa.

• Objectivamente não é necessário haver apropriação para se


consumar um crime de furto , mas, subjectivamente, exige-se
algo mais que ultrapassa o tipo objectivo: a intenção de
apropriação.

• No crime de burla (art.


(art. 217°) o eleme
elemento
nto subjectivo
subjectivo especial
é a intenção de enriquecimento .

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António Filipe Garcez José
Nos crimes de tendência

São crimes em que a acção típica tem que ser dominada por uma
certa direcção da vontade do agente.

Exemplos:

- o crime de injúria (art. 181°)


- O crime de difamação (art. 180°)

• Nestes crimes, para além de ser requerido o dolo, é também


requerido a intenção de injuriar ou difamar 

Nos crimes sexuais

• Nestes crimes para além do dolo é comum a doutrina exigir 


como elemento subjectivo especial do tipo ou da ilicitude o
“animus lubricus”

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ILICITUDE

Causas de exclusão da ilicitude


Normas proibitivas
O tipo
tipo pres
pressu
supõ
põee um umaa no
norm
rmaa proi
proibi
bititiva
va e, co
como
mo tatall indi
indici
ciaa a
exis
existê
tênc
ncia
ia da ilic
ilicititud
ude,
e, qua
quant
ntoo ao co
comp
mpor orta
tame
ment
ntoo qu
quee viol
violar
ar ta
tall
norma. Estas normas são a regra.

Normas permissivas
São aquelas que prevêem as causas de justificação ou de exclusão
da ilicitude. Estas normas são a excepção.

• Tal significa que nem todos os factos típicos são ilícitos.

Exemplo:
Se A di
disp
spar
ara
a um tiro contra
contra a ca
cabe
beça
ça de B po
porq
rque
ue este o qu
quer 
er 
matar, então A está a actuar em legítima defesa.

• O facto de A é típico, isto é, subsumível no art. 131°, mas não


é ilícito.

O artigo 31° e as causas de exclusão de ilicitude


Artigo 31º
Exclusão da ilicitude
1 - O facto não é punível quando a sua ilicitude for excluída pela
ordem jurídica considerada na sua totalidade.
2 - Nomeadamente, não é ilícito o facto praticado:
a) Em legítima defesa;
b) No exercício de um direito;
c) No cumprimento de um dever imposto por lei ou por ordem
legítima da autoridade; ou
d) Com o consentimento do titular do interesse jurídico lesado.

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António Filipe Garcez José
Art. 31°/1

• Consagra-se neste preceito o princípio de que o ordenamento


 jurídico deve ser encarado no seu conjunto, de modo que as
normas de outros ramos que estabelecem a licitude de uma
conduta têm reflexo no direito penal.

Exemplo
Exe mplo:: artig
artigoo 336
336°° C. Civi
Civil 

Art.31°/2

• Esta enumeração nã o é taxativa, mas meramente


exemplificativa.

• Há cacaus
usas
as de ex excl
clus
usão
ão su
supr
pra-
a-le
lega
gais
is,, nã
nãoo prev
previs
ista
tass em
qualquer norma, mas que são de admitir tendo em conta os
princípios justificadores.

A LEGÍTIMA DEFESA
Artigo 32º
2° requisito “animus defendendi ”
1° requisito
Legítima defesa
Constitui legítima defesa o facto praticado como meio necessário
para repelir a agressão actu actuaal e ilícita de interesses
 juridicamente protegidos do agente ou de terceiro.
1° pressuposto 2° pressuposto

• Não há coincidência com a legítima defesa prevista no Código


Civi
Civil,l, po
pois
is,, no Có
Códi
digo
go Pena
Penall repud
repudia
ia-s
-see a po
pond
nder
eraç
ação
ão de
interesses, ao contrário do que acontece no Código civil;

Pressupostos
Circ
Circun
unst
stân
ânci
cias
as de fafact
ctoo qu
quee revel
revelem
em umumaa situ
situaç
ação
ão de legí
legítitima
ma
defesa,
defesa, por out
outras
ras pal
palavr as, são
avras, são os elem
element entos
os extr
extrín
ínse
seco
coss à
causa
causa de justif
justifica
icação
ção e sesemm a veveri
rififica
caçã
çãoo do
doss qu
quai
aiss nã
nãoo é
admissível a legítima defesa.

Requisitos
Elementos
Elementos intrínsecos
intrínsecos à causa de justificaçã
justificaçãoo sem cuja verificaçã
verificaçãoo
o exercício da defesa não é legítimo, embora seja possível.

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António Filipe Garcez José
Pressupostos

A existência de interesses juridicamente protegidos

• A titularidade desses interesses pode ser do agente que age


em legítima defesa, ou de terceiro.

• O bem jurídico a prot oteeger deve pos


osssuir um carácter 
perfeitamente individualizado.

• Não é possível a legítima defesa dos bens jurídicos do Estado


quando a agressão põe em causa a ordem jurídica no seu
conjunto (ex: manifestação não autorizada)

• Tratando-se de um crime dirigido à colectividade como um


todo, se a agressão afectar imediatamente um particular, é
admissível a legítima defesa. ( crime de exibicionismo – art. 171°)

A existência de uma agressão actual e ilícita

• Para que haja uma agressão, é necessário que haja acção, no


sentido do Direito Penal, isto é, uma acção definível como
comportamento dominado ou dominável pela vontade.

• A agressão não tem que ser dolosa ou culposa

• É pe
permrmititid
idaa a legí
legítitima
ma de
defe
fesa
sa em rela
relaçã
çãoo a um
umaa ac
acçã
çãoo
negligente.

• É permitida a legítima defesa em relação a um


comportamento desculpável (acção praticada por um louco ou por uma
criança)

• A agressão tem de ser actual , o que significa estar já em


execução, ou ser iminente, prestes a ser desencadeada.

• Por isso não é admissível a legítima defesa contra a agressão


 já consumada ou contra a agressão futura ainda não iminente.

• Além de actual, a ag agre


ress
ssão
ão dedeve
ve ser
ser ilíc
ilícit
itaa, isto é,
objectivamente contrária ao Direito.

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António Filipe Garcez José
Requisitos
São os elementos intrínsecos à causa de justificação e sem cuja
veri
verififica
caçã
çãoo o ex
exer
ercí
cíci
cioo da de
defe
fesa
sa nã
nãoo é legí
legítitimo
mo,, em
embo
bora
ra se
seja
ja
possível.

Necessidade de defesa

• Que não seja possível recorrer à força pública.

• Que o ag
Que agen
ente
te ut
utililiz
izee o meio
eio ne
nece
cess
ssár
áriio de de
deffes
esaa que
implique
implique as consequênci
consequências as menos gravosas
gravosas para o agressor,
agressor,
de entre aqueles meios que tiver à sua disposição.

• A necessidade do meio não obriga a que, aquele que suporta


a agressão, tenha de fugir 

“Animus defendendi”

• É o elemento subjectivo da legítima defesa.

• Quem actuar numa situação objectiva de defesa, mas sem o


elemento subjectivo, deve ser punido por crime consumado e
não se deve aplicar o art. 38°/4.

• Não há leg
Não egíítim
tima de
deffes
esaa no
noss ca
cassos de prov
provoc
ocaç
ação
ão pré
pré-
ordenada.

O “animus defendendi” tem duas componentes :

- Intelectual
É necessário conhecer-se a agressão q ue é
pressuposto do exercício da legítima defesa.

- volitivo
Ter vontade de repelir a agressão.

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António Filipe Garcez José

EXCESSO DE LEGÍTIMA DEFESA

Artigo 33º
Excesso de legítima defesa
1 - Se houver excesso dos meios empregados em legítima defesa,
o facto é ilícito mas a pena pode ser especialmente atenuada.
2 - O agente não é punido se o excesso resultar de perturbação,
medo ou susto, não censuráveis.

No preceito n°1
deste artigo prevê-se uma situação em que o agente utiliza como
meio de repelir a agressão, um meio mais grave que outro menos
grave que tinha à sua disposição.

Exemplo:
O agente que para repelir a agressão de quem lhe vai dar uma
bofetada, dá um tiro no agressor, quando podia ter repelido a
agressão com um murro.

• Aqui não há legítima defesa. Se do tiro resultou a morte do


agre
agresso
ssor,
r, o ge
gent
ntee se
será
rá pun
punív
ível
el pel
peloo crim
crimee de ho
homi
micí
cídi
dio,
o,
podendo a pena ser especialmente
e specialmente atenuada.

No preceito n°2
Trata-se do excesso resultante de medo, perturbação ou susto não
censuráveis.

• Nestes casos o agente não será punido

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António Filipe Garcez José

O DIREITO DE NECESSIDADE
( objectivo ou justificando)

Artigo 34º
Direito de necessidade
Não é ilícito o facto praticado como meio adequado para afastar um
perigo actual que ameace interesses juridicamente protegidos do
agen
agente
te ou de te terc
rcei
eiro
ro,, qu
quan
ando
do se veveri
rififica
carrem os se
segu
guiint
ntes
es
requisitos:
a) Não ter sido voluntariamente criada pelo agente a situação de
perigo, salvo tratando-se de proteger o interesse de terceiro;
b) Ha
Haveverr se
sens
nsív
ível
el su
supe
peri
rior
orid
idad
adee do inte
intere
ress
ssee a sa
salv
lvag
agua
uard
rdar 
ar 
relativamente ao interesse sacrificado; e
c) Ser razoável impor ao lesado o sacrifício do seu interesse em
atenção à natureza ou ao valor do interesse ameaçado.

Pressupostos do direito de necessidade


1. existê
existência de intere
ncia interesse
ssess juridi
juridicam
cament
entee protegi
protegidos
dos do
agente ou de terceiro.

2. Existência de um perigo actual que ameace esses interesses

3. Que a situ
Que situação de pe
ação peri
rigo
go nã
não
o tenh
tenhaa sido
sido cria
criada
da pe
pelo
lo
próprio agente.

4. Existência de uma sensível superioridade do interesse a


salvaguardar , relativamente ao interesse sacrificado.

Exemplo:
O agente está confrontado com um incêndio e a sua vida está em
 perigo. Para se salvar do incêndio tem de arrombar a porta da casa
do vizinho.

• Nessa situação ele está


está a defender um bem jurídico - a vida –
consideravelmente superior à coisa alheia que é propriedade
do vizinho em relação à qual comete tipicamente um crime de
dano que é justificável pelo exercício do dt° de necessidade.

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António Filipe Garcez José

Requisitos do direito de necessidade


1. A razoabilidade da imposição do sacrifício que resulta do
exercício do dt° de necessidade. (porque estamos perante bens
 jurídicos essenciais, conexos com o princípio da dignidade humana)

2. A necessidade ou adequação do meio utilizado pelo agente


que actua em estado de necessidade.

3. o conhecimento da situação de perigo para o interesse


 juridicamente protegido (elemento subjectivo)

Razoabilidade da imposição do sacrifício

• O princípio justificador do direito de necessidade é o


prin
princí
cípi
pio
o da popond
nder
eraç
ação
ão do
doss inter
interes
esse
sess ou be bens
ns
 jurídicos que se encontram numa situação de conflito
con flito

Requisito da adequação

• A acção praticada no exercício do direito de necessidade só


será lícita se for adequada a afastar o perigo .

• Tem de haver uma relação causal entre essa acção e o


afastamento do perigo.

• Que o agente deve utilizar o meio menos gravoso que tenha


ao seu alcance para repelir a situação de perigo.

Elemento subjectivo

• Este elemento subjectivo tem um carácter exclusivamente


intelectual, não se exige qualquer postura volitiva do agente.

• Porq
Porqueue o elem
elemen
ento
to su
subj
bjec
ectitivo
vo é de ca
cará
ráct
cter
er es
estr
trititam
amen
ente
te
intelectual, na sua ausência devemos aqui aplicar 
analogicamente o art. 38°/4 e o agente será punido apenas
por tentativa.

Exemplo:
Se o agente arrombar a porta do vizinho ignorando que existe um
incêndio, salvará a sua vida mas deverá ser punível por tentativa de
dano e não por crime de dano consumado.

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António Filipe Garcez José

CAUSAS DE EXCLUSÃO SUPRA-LEGAIS


Legítima defesa preventiva
Exemplo:
Uma senhora encontra-se retida num quarto, à janela, e sem a
menor hipótese de se deslocar porque é paralítica dos membros
inferiores .Não tem acesso ao telefone e não pode pedir socorro a
ninguém. Ela sabe de ciência certa que um homem que esta na rua
a vai matar dentro de meia hora. Ela tem junto de si uma arma e
mata-o visando-o na rua.

• Na legítima defesa preventiva exigem-se todos os requisitos


e pressupostos da legítima defesa excepto a actualidade da
agressão.

Estado de necessidade defensiva


Exemplo:
Durante uma das suas crises um sonâmbulo coloca em perigo a
vida de alguém, sem que exista uma agressão no sentido requerido
 pela legítima defesa.

• Trat
Trata-
a-se
se de um est
estad
adoo de neces
necessisida
dade
de que
que nu
num
m plan
planoo
estrit
estritame
amente
nte object
objectivo
ivo,, é con
consti
stituí
tuído
do por algo
algo que é uma
agressão.

• No esta
estado
do de nenece
cess
ssid
idad
adee dedefe
fens
nsiv
ivaa é de exigir a
verificação de todos os pressupostos e requisitos do estado
de necessidade justificante (direito
(direito de necessidad
necessidade
e - art. 34°)
com excepção da existência da própria agressão.

• Nestas
Nestas situaç
situações
ões, d e leg
egít
ítim
imaa de
defe
fesa
sa prev
preven
enti
tiva
va e de
estado
estado de necess
necessida
idade
de defens
defensivo
ivo,, será lícito ao agente
danificar bens jurídicos de valor pelo menos igual àqueles que
ele pretende salvaguardar.

• Trata-se de criar uma situação intermédia entre a legítima


defesa e o estado de necessidade justificante.

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António Filipe Garcez José

• Em am
amboboss os cacaso
soss é de ex exig
igiir, nos te
terrmo
moss ge
gera
raiis, a
presenç
presençaa de eleelemen
mentos
tos sub
subjec
jectiv
tivos,
os, sim
simult
ultanea
aneamen
mente,
te, de
carácter intelectual e volitivo.

• Faltando os elementos subjectivos, e porque têm aquele duplo


carácter intelectual e volitivo, não haverá lugar à aplicação
analógica do art. 38°/4, pel
peloo que o agent
agentee do crime
crime deve
deverá

ser punível por crime consumado e não apenas por tentativa.

ERRO SOBRE OS PRESSUPOSTOS DE FACTO

DE UMA CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE


Legítima defesa putativa
A sit
situa
uaçã
çãoo de erro
erro nes este
te cas
aso,
o, é aqu
quel
elaa em qu quee ex
exiiste
stem os
elem
elemenento
toss su
subj
bjec
ectitivo
voss de um
umaa ca
caus
usaa de just
justifific
icaç
ação
ão,, ma
mass ..
....
faltam os seus elementos objectivos

Exemplo:
B aproxima-se de A
 A pensa que B o vai agredir 
 A “defende-se” de B

• Nesta hipótese não existe o pressuposto objectivo da legítima


defesa: a agressão ilícita e actual,

• mas existe o elemento subjectivo: o “animus defendendi” 

•  A actua em erro sobre os pressupostos de facto de uma


causa de justificação (legítima defesa) e actua convencido que
esse pressuposto se verifica.

Consentimento do ofendido putativo


O agente pensa que a vítima consentiu num crime de ofensas
corporais simples.

• O agente está em erro sobre os pressupostos de facto desta


causa de justificação.

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António Filipe Garcez José

Posição do Código Penal (art. 16°/2)


Artigo 16º - Erro sobre as circunstâncias do facto
1 - O erro sobre elementos de facto ou de direito de um tipo de crime, ou sobre
proibições cujo conhecimento for razoavelmente indispensável para que o agente
possa tomar consciência da ilicitude do facto, exclui o dolo.

2 - O preceituado no número anterior abrange o erro sobre um


estado de coisas que, a existir, excluiria a ilicitude do facto ou a
culpa do agente.
3 - Fica ressalvada a punibilidade da negligência nos termos gerais.

• Este artigo é incompatível com a teoria rigorosa da culpa.

• Em situação de erro sobre os pressupostos de facto de causa


de justificação, o agente não é punível pelo crime doloso, mas
apenas pelo crime negligente (art. 16°/3)

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António Filipe Garcez José

ERRO SOBRE A EXISTËNCIA OU LIMITES DAS

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE


• Trata- se agora de um erro distinto do erro sobre bre os
pressupostos de facto de uma causa
cau sa de justificação (art.16°/2

Este erro está previsto no art. 17°


Artigo 17º
Erro sobre a ilicitude
1 - Age sem culpa quem actuar sem consciência da ilicitude do
facto, se o erro lhe não for censurável.
2 - Se o erro lhe for censurável, o agente é punido com a pena
aplicável ao crime doloso respectivo, a qual pode ser especialmente
atenuada.

Exemplo:
Suponhamos que na Suécia existe uma causa de justificação do
aborto que se refere às condições sociais em que vive a mulher que
o pratica, isto é, o aborto será justificado quando a mulher não tiver 
condições materiais ou sociais para sustentar ou criar um filho.
Ora em Portugal tal situação não é causa de justificação.
Suponhamos ainda que uma cidadã sueca vive em Portugal e
realiza um aborto por não ter condições para criar o filho. Ao
mesmo tempo está convencida que a legislação portuguesa, tal 
como a sueca, prevê uma causa de justificação.

• Esta cidadão sueca estará em erro sobre a existência de uma


causa de justificação.
• A relevância deste erro deve ser julgado mediante a avaliação
do carácter censurável ou não do erro, conforme o regime
distinto previsto no art. 17°/1/2.

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António Filipe Garcez José

CULPA
• O princípio da culpa é um princípio implícito do sistema
 jurídico- constitucional, pois deriva do princípio da essencial
dignidade da pessoa humana, consagrado no art. 1° da CRP.

Princípio da culpa
O princíp
princípio
io da culpa
culpa signific
significa,
a, por um lado,
lado, que uma pesso
pessoaa só
pode ser responsabilizada criminalmente se tiver agido com dolo ou
negligência; por outro, que a pessoa que praticou um acto ilícito
há-de ser imputável, isto é, há-de ter liberdade de entendimento e
de decisão para que lhe possa ser atribuída responsabilidade.

Deste princípio resulta ...

- o afastamento da responsabilidade objectiva em direito


penal.

- que não pode haver pena sem culpa

- Que a medida da pena não pode em caso algu gum


m
ultrapassar a medida da culpa. (art. 40°/2)

• O princípio da culpa tem uma génese retributiva, baseada nas


teorias absolutas

Para estas teorias ...

• A essência da pena criminal reside na retribuição, expiação,


reparação ou compensação do mal do crime.

• Para estas teorias a essência da pena criminal é ...

- função exclusiva do facto que se cometeu


- a justa paga do mal que com o crime se realizou
- o justo equivalente do dano do facto
- o justo equivalente da culpa do agente

• Pune-se porque se pecou; “punitur quia peccatum est ”  (já lá dizia


o velho Platão)
• A pena é vista como um castigo e uma expiação do mal do
crime.
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António Filipe Garcez José
Qual o mérito das doutrinas absolutas ?
- O mérito irrecusável de terem erigido o princípio da culpa em
princípio absoluto de toda a aplicação da pena.

O direito penal é um direito penal da culpa

Culpa
O termo culpa é usado com diferentes sentidos:

a) Como imputação dos factos ao agente , com exclusão da


responsabilidade objectiva.

 b) Com
omoo lim
limite da pe
pena
na, sign
signiifica
ficado
do qu
quee se enc
ncon
onttra na
afirmação que “a pena deve ser proporcional à gravidade do
facto e à culpa do agente.

c) Como
Como cate
catego
goririaa an
anal
alít
ític
ica,
a, a culpa
culpa co
como
mo juíz
juízo
o pe
pena
nall de
tipicidade e ilicitude.

Evolução da noção de culpa


Teoria clássica do crime (Beling e Van Lizst)

Para os clássicos, pelo conceito psicológico da culpa , esta era...

- a ligação psicológica entre o agente e o facto , que


poderia ser de dolo ou de negligência;

- o co
conj
njun
unto
to de fenó
fenóme
meno
noss ps
psic
icol
ológ
ógic
icos
os que se
desenrolavam no interior do agente;

daí que ...

- a imputabilidade, seria pressuposto de culpa.

- o dolo e a negligência , seriam formas de culpa.

- O estado de necessidade, seria causa de exclusão da


culpa.

- A consciência da ilicitude , seria um elemento da culpa

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António Filipe Garcez José
Teoria neo-clássica do crime (Frank)

A es
escol
colaa Ne
Neo-
o-Cl
Clás
ássi
sica
ca,, at
atra
ravé
véss de Fran propôss um conceito
Frankk propô
normativo da culpa . Para o conceito normativo de culpa, esta era
definida externamente através da ideia de censurabilidade.

A culpa é a censurabilidade, da qual fazem parte:

- a constituição psíquica normal do agente

- o dolo ou a negligência

- as circunstâncias em que o agente actuou

Teoria finalista do crime (Welzel)


Welzel elaborou o conceito de acção final, tomando por base uma
perspectiva ontológica.

• Só a acção humana representa um curso causal evidente, isto


é, o homem é o único ser capaz de antecipar mentalmente
fins, de escolher os meios de acção necessários para os
atingir.

• Welzel identificou a finalidade como dolo e integrou-o no tipo


de ilícito, separando-o da culpa.

• O Dolo e a negligência, constituem o elemento subjectivo do


tipo

• A consciência
consciência da ilicitude é vista
vista como um problema
problema de
de culpa

• Para Welzel no que toca ao erro sobre os pressupostos de


fact
factoo de ca
caus
usas
as de just
justifific
icaç
ação
ão,, de
deví
víam
amos
os dist
distin
ingu
guir
ir du
duas
as
situações:

- se o erro fosse inevitável, excluiria a culpa

- Se o erro fosse evitável, não excluiria a culpa e o


agente seria punido pelo crime doloso de homicídio,
embora a pena pudesse ser atenuada.

Esta teoria de Welzel, é chamada a teoria rigorosa da culpa

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António Filipe Garcez José

A Teoria rigorosa da culpa de Welzel não mereceu consagração


legislativa no nosso Código Penal, como resulta do art.
a rt. 16°
Culpa em sentido formal
Abarca o conjunto de elementos psíquicos do facto e que, num
determinado ordenamento jurídico, constituem os pressupostos de
imputação subjectiva.

Culpa em sentido material


Tem a ver com as condições que importa reunir para fundar a
imputação subjectiva com base num determinado comportamento
psíquico.

Culpa pelo facto


É a culpa que se manifesta estritamente no facto praticado pelo
agente

Só o direito penal que acolhe a culpa do facto é


compatível com o princípio da necessidade da pena ! !

Objecto do juízo de culpa


É o facto ilícito, visto na perspectiva da atitude interna do agente

Qual o critério do juízo de culpa ?


- o critério a adoptar deverá colocar-se na resposta à seguinte
questão...

- Se uma outra pessoa, colocada no lugar do agente,


poderia ter ou não actuado de outro modo?

• Trata-se de um critério decisivo ao qual se faz apelo para


saber se há exclusão da culpa na situação de excesso de
defesa ou se há estado de necessidade desculpante.

Elementos da culpa
a) Im
Impu
puta
tabi
bililida
dade
de

b) Con
Consci
sciênc
ência
ia da ilicit
ilicitude
ude

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António Filipe Garcez José
IMPUTABILIDADE

a) Inimputabilidade em razão da idade (art. 19°)

 b) Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica (art. 20°)

FALTA DE CONSCIËNCIA DA ILICITUDE

Esta matéria está tratada nos arts. 16°/1 e 17°

CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPA

1. Estado de necessidade desculpante (art. 35°/1)  – refere-se


excl
ex clus
usiv
ivam
amen
ente
te à de
defe
fesa
sa do coconj
njun
unto
to limi
limita
tado
do de be
bens
ns
 jurídicos mencionados na norma :

- a vida
- a integridade física
- a honra
- a liberdade

2. Excesso de legítima defesa (art. 33°)

3. Obediência
Obediência indevida
indevida desculpante
desculpante

4. conflito de deveres (art. 36°)

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António Filipe Garcez José

A COMPARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
 jurídico ilícito-criminal
ilícito-criminal

Autor material
Autores Autor mediato
Co-autores

comparticipantes
Instigador 
Participantes
Material
cúmplice moral

AUTORIA
Autor (teoria do domínio do facto – Klaus Roxin, Welzer )
Aquele que tem o domínio do facto . Quem tem o poder de
conduzir o processo até ao fim e de o fazer parar a qualquer 
momento. Quem tem em seu poder o sucesso da acção ilícita.

• O autor tem o domínio do processo causal, quer positivo,


porque é dele
dele que depende
depende a prática
prática de actos de
de execução,
execução,
quer negativo, porque pode fazer parar a execução
execu ção do crime.

Autor material ou imediato (art. 26°, 1ª parte)


Aquele que pratica actos de execução do crime por si mesmo. Tem
o domínio positivo do facto, tem o domínio da acção.

Autor mediato (art. 26°, 2ª parte)


Aque
Aquele
le qu
quee prat
ratica
ica o crim
crimee at
atra
ravé
véss de ou
outtrem
rem, Aququel
elee qu
quee
determina directamente a realização de um crime utilizando, ou
fazendo
fazend o actuar,
actuar, outro por
por si. Têm o domínio
domínio do fact o, pois têm o
facto,
domínio da vontade do autor material, aquele que vai executar o
crime.

• A determinação pode ser por conselho, ameaça, violência,


ordem pedido etc.

• A responsabilidade do autor mediato não é afastada pelo facto


do executante ser inimputável.
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António Filipe Garcez José
Situações em que há autoria mediata

1. Sempre
Sempre que é o autor
autor mediato
mediato que tem o domín
domínio
io da acção
acção

2. Quando o autor
autor imedia
imediato
to actua
actua sem
sem dolo
dolo

3. Quando o autor
autor imediat
imediato
o é mero instrume
instrumento
nto do crime.
crime.

Situações típicas de domínio


domínio da
da vontade (K. Roxin)

4. Indução em erro relevante (arts. 16°/1, 16°/2 e 17°)

5. Domínio de vontades débeis (art. 19°)

6. domín
domínio
io de um aparelho
aparelho organiz
organizado
ado de poder
poder a alto nível
nível

7. coacção psicológica irresistível (art.35°)

Coautor (art.26°, 3ª parte)
É co
co-a
-aut
utor
or aq
aque
uele
le qu
quee co
conh
nhec
eceu
eu da acactitivi
vida
dade
de do
doss ou
outr
tros
os e
colaborou
colaborou conscientem
conscientemente
ente nela, executando
executando parcialmen
parcialmente
te o crime
e por isso é responsável por toda a actividade.

• Na co-autoria, basta provar a adesão de vontades de cada


um à execução do crime.

• Co-autores são os agentes do crime que têm o domínio do


facto e cuja actuação pode, a todo o momento, evitar que o
facto seja praticado.

Para haver co-autoria exige-se que haja...

1. uma dec
decisã
isãoo conj
conjunt
untaa

ou no mínimo ...

2. uma acção
acção concert
concertada
ada

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António Filipe Garcez José

PARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
 jurídico ilícito-criminal.
ilícito-criminal.

• a expressão comparticipantes abrange os participantes , ou


seja, os instigadores e cúmplices.

Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade “ex novo”,
convence outra pessoa a praticar o crime.

Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar 
auxí
auxílilioo ao au
auto
torr do crim
crime;
e; a pa
part
rtiicipa
cipaçã
çãoo do cú
cúm
mpli
plice nã
nãoo é
determinante para gerar a resolução criminosa.

Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o
cúmplice material ajuda materialmente na prática do facto típico e
ilícito, fornecendo os meios para a execução do crime.

Cumplicidade moral
É o auxílio moral à prática por outrém de um facto doloso (art.
27°/1). Trata-se de um conselho, um acto não determinante da
prática do facto criminoso (se for determinante é autoria).

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António Filipe Garcez José

Não estejam tão tristes,


porque p’ró ano há
mais ! ... e com mais
sangue . Ciao ! Boas
férias !

Tonybrussel

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