DIREITO PENAL I
Universidade Autónoma de Lisboa
Ano lectivo 2005/2006 2ºsemestre
Aulas teóricas:
teóricas: ….............................
…....................................Dr.
.......Dr. Fernando
Fernando Silva
Aulas práticas:……………….......
práticas:………………........................
.................Dra.
Dra. Sónia Reis
Bibliografia : Manual de Direito Penal – Doutor Figueiredo Dias
Textos dos Drs. Rui Pereira,
Pereira, J. A. Veloso, Claus Roxin, Sónia Reis
Dicionário de DP e DPP dos Drs. Henrique Eiras e G. Fortes
FORMAS DO CRIME
Iter criminis – Nuda cogitatio > actos preparatórios > tentativa > consumação
- actos preparatórios
Quanto às suas -tentativa
fases
- crime consumado
• São actos que preparam o crime mas ainda não são crimes.
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• Há consumação
consumação material
material (exaurimento) quando tiveram lugar
através
através do crime as consequência
consequênciass prejudicia
prejudiciais
is que o agent
agentee
se propôs.
• Os crimes
crimes con
consum
sumado
adoss pod
podem
em ser crimes
crimes de con
consum
sumaçã
açãoo
imediata ou crimes de consumação permanente
Autoria simples
Há autoria singular quando o autor pratica o crime por si só.
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
jurídico ilícito-criminal.
ilícito-criminal.
• a ex
exppress
ressão
ão co
com
mpa
parrtici
ticipa
pant
ntes
es ab
abrran
ange
ge ins
instiga
tigado
dorres e
cúmplices.
Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade “ex novo”,
convence outra pessoa a praticar o crime.
Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar
auxílio ao autor do crime ; a participação do cúmplice não é
determinante para gerar a resolução criminosa.
Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o
cúmplice material ajuda materialmente na prática do facto típico
e ilícito, f ornecendo
ornecendo os meios para a execução do crime.
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Concurso de crimes
Acumulação de infracções que implica a punição do agente por
uma pluralidade de crimes . O concurso efectivo pode ser real ou
ideal e homogéneo ou heterogéneo.
- de cúmulo
cúmulo jurídi
jurídico
co de pe
penas
nas fo
form
rman
ando
do um
umaa ún
únic
icaa
pena;
• O reg
egiime de dedettermi
ermina
naçã
çãoo da pe
pena
na ún
úniica
ca,, em ca
caso
so de
concurso de crimes encontra-se regulado no artigo 77°
Concurso efectivo
Consiste na violação de várias normas jurídico-penais, devido à
prática pelo agente de diferentes acções (podendo um só facto constituir
mais de uma acção em sentido jurídico). São aplicadas diferentes normas
para valorar o comportamento do agente e todas concorrem
concorrem para a
determinação da sua responsabilidade. O agente pratica dois ou
mais crimes. A um conjunto plural de acções (em sentido jurídico),
corresponde uma pluralidade de crimes .
Concurso real
Se se verificar uma pluralidade de factos qualificáveis como crimes.
Concurso ideal
Se o mesmo facto é qualificável como crime por diferentes normas
incriminadoras que concorrem numa classificação plúrima; no plano
naturalístico há uma só acção que viola várias vezes a mesma ou
várias normas.
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Concurso heterogéneo
No caso de os tipos de crime cometidos serem diferentes
Concurso
Concurs o aparente ou de normas
Se as normas violada dass só na aparência são aplicáveis
cumulativamente, mas na verdade
verdade ou se apl
aplica
ica uma ou se aplica
aplica
outra.
de especialidade
Quando a norma especial contém todos os elementos de outra e lhe
acrescenta (sem a contrariar) um ou vários elementos especializadores.
A norma especial prevalece sobre a norma geral .
de consumpção
Nos casos em que, sendo potencialmente aplicáveis duas ou mais
normas criminais, uma delas consome a protecção que a outra
visava. Só em concreto se pode decidir qual das normas vai ser aplicada e essa
será aquela que conceder maior protecção ao bem jurídico.
- consumpção pura
Quando a norma que prevê e pune o crime mais grave
consome a que prevê e pune o menos grave.
- consumpção impura
quando um crime é meio para praticar outro mas em que
se aplica a norma do crime meio, porque o crime principal
– crime resultado – é consumido pelo crime meio .
de subsidiariedade
Quando a norma só se aplica se a outra não se aplicar .
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De mão própria
Praeter intencional
Quanto à
Crimes materiais De resultado cortado ou parcial
relação ou de resultado Agravado pelo resultado
entre a De omissão impura ou imprópria
conduta e o
resultado Crimes formais De mera actividade
ou de mera actividade
De omissão pura ou própria
Quanto à
Lesão efectiva ou dano
intensidade
de lesão do
bem jurídico Abstracto (292º/1)
Perigo Abstracto/concreto (292º/2)
Concreto (291º)
Quanto ao
Forma livre (131º)
Modo de
execução Forma vinculada (217º)
Quanto ao
Tipos básicos (131º)
Modo de
formação Qualificados (132º)
Tipos especiais
Privilegiados (133º)
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Crimes específicos
São aqueles que só podem ser cometidos por certas pessoas .
O agente é definido fundamentalmente através da titularidade de
uma certa situação juridicamente definida, seja uma qualidade ou
um dever especial que sobre ele impende. Ex: crime de peculato (art.
375°), que só pode ser cometido por funcionário.
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• Está
Está ex
excl
cluí
uída
da a po poss
ssib
ibililid
idad
adee de co
co-a
-aut
utor
oria
ia qu
quan
anto
to aoaoss
comparticipantes que não tenham executado o crime pelas
suas próprias mãos, não podendo verificar-se a
“comunicabi
“comunicabilidad
lidade”
e” do art. 28°. Ex: nos artigos 165° e 166° diz-se
que só qu
que quem
em pr
prat
atic
ica
a po
porr si me
mesm
smo
o o ac
acto
to se
sexu
xual
al in
incr
crim
imin
inad
ado
o po
pode
de se
ser
r
considerado
considerado como autor.
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Crimes
Crimes formais
formais de mera actividade
actividade : o tipo descreve meramente
uma conduta
Crimes de perigo
São aqueles em que basta que o bem jurídico seja colocado em
perigo, para se consumarem. (Ex: crime de exposição ou de abandono – art.
138° - Para a consumação deste crime basta que o bem jurídico, vida, seja posto em
perigo, não sendo necessário que a vítima morra.)
A di
dist
stin
inçã
çãoo en
entr
tree os crim
crimes
es mate
materi
riai
aiss e form
formaiaiss at
aten
ende
de à
existência ou inexistência de evento ou resultado típico.
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- Acção
- Tipicidade
- Ilicitude
- Culpa
- Punibilidade
Acção
Segundo o Dr. Figueiredo Dias não faz sentido autonomizar a acção
da tipicidade, porque na tipicidade, um dos elementos objectivos do
tipo é a conduta, a qual pode ser por acção ou por omissão. Logo,
se a acção não é dominada pela vontade, não há conduta e por
cons
co nseg
egui
uint
nte,
e, nã
nãoo ha
have vend
ndoo co
cond
ndututa,
a, fa
faltltaa um do doss elem
elemen
entotoss
obje
ob ject
ctiv
ivos
os do tipo
tipo e conconse
sequ
quent
entem
ement
entee nã nãoo es
está tá pree
preenc
nchi
hida
da a
categoria analítica da tipicidade.
O conceito de acção assume um papel secundário, tendo apenas
umaa fu
um funç
nção
ão de de delilimi
mita
taçã
çãoo ou fufunç
nçãoão ne nega
gatitiva
va de exexcl
clui
uirr da
tipicidade comportamentos jurídico-penalmente irrelevantes.
Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal. É o
preenchimento de um tipo de crime.
No tipo distingue-se entre a tipicidade objectiva , ou elementos
objectivos do tipo e a tipicidade
tipicidade subjectiva
subjectiva, ou elem
elemen
enttos
subjectivos do tipo.
- tipicidade objectiva
O pree
preencnchi
hime
mentntoo da tipi
tipici
cida
dade
de obj
objec
ectitiva
va de um crim
crimee
consiste no estabelecimento do nexo de causalidade (ou
de causalidade potencial) entre a conduta e o resultado.
- tipicidade subjectiva
O pree
preenc
nchi
hime
ment
ntoo da tipi
tipici
cidad
dadee su
subj
bjec
ectitiva
va co
cons
nsis
iste
te na
impu
puta
taçã
çãoo do fact
facto
o ao ag agen
ente
te. Essa imputação é
normalmente feita a título de dolo; A actuação negligente
também pode preencher a tipicidade subjectiva, mas só
nos casos especialmente previstos na lei .
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conteúdo do ilícito
é composto pelo desvalor da acção e o desvalor do resultado
(quando não há desvalor do resultado estamos perante uma tentativa).
tipo de ilícito
é a reunião de todos os elementos que fundamentam o conteúdo
material do ilícito.
Culpa
No juízo de culpabilidade é apreciada a formação da vontade do
agente e se ela se deveu a uma atitude defeituosa diante do
Direito.
• O juíz
juízoo da ilici
licitu
tude
de do fac
acto
to de
deve
ve prec
preced
edeer o juízo
uízo da
culpabilidade, pois não faz sentido falar em culpa
relativamente a factos lícitos, mas já faz sentido falar em actos
ilícitos sem que haja culpa.
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- a ilicitude
- a culpabilidade
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De Dt°. Processual
Penal
- Excepções à punibilidade
Subjectivos
Pressupostos - Causas pessoais de
Especiais de levantamento da pena
punibilidade
De Dt° Penal
Material
Próprios
Objectivos
Impróprios
Pressupostos subjectivos
- exce
excepç
pções
ões pe
pesso
ssoaiaiss à pu
puninibi
bili
lida
dade
de – ocoocorr
rrem
em no
momento da prática do facto (ex: imunidade dos deputados)
Pressupostos objectivos
Trata-se de circunstâncias intimamente associadas ao facto típico,
mas que são extrínsecas ao tipo de ilícito e ao tipo de culpa
- Cond
Condiç
içõe
õess ob
obje
ject
ctiv
ivas
as de pupuni
nibi
bili
lida
dade
de próp
própri
rias
as –
estas condições são extrínsecas ao facto típico, mas a
punição do agente dep
depende
ende da sua efectiva verificação
(ex: art. 5° /1/c) – II)
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TIPICIDADE
Tipicidade
É a descrição da conduta que preenche o ilícito criminal.
No ti
tipo
po di
dist
stin
ingu
gue-
e-se
se enentr
tree os el
elem
emen
ento
toss ob
obje
ject
ctiv
ivos
os e os
elementos subjectivos :
Elementos objectivos
Atra
Atravé
véss de
dest
stes
es elem
elemen
ento
toss a qu
ques
estã
tãoo é de sasabe
berr se po
pode
demo
moss
imputar objectivamente ao agente a prática de determinado crime.
- Agente
- Conduta
- Objecto da acção
- Resultado ( só nos crimes de resultado)
Elementos subjectivos
- Dolo
- Elementos subjectivos especiais
- Negligência
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Imputação objectiva
Imputação
É o nexo que liga o crime ao seu autor. É a causa do crime.
Imputação objectiva
Consiste em estabelecer o nexo de causalidade entre a acção e o
resultado.
1. O resu
resultltad
adoo há-de
há-de te
terr oc
ocor
orri
rido
do,, nã
nãoo se
sendo
ndo basta
bastant
ntee qu
quee a
causa seja adequada a produzi-lo
p roduzi-lo
.
2. Depois
Depois de se estabel
estabelecer
ecer o nexo
nexo de ligação
ligação entre
entre a causa e o
efeito é preciso apurar se aquela causa geraria,
possivelmente, aquele resultado.
3. É nec
neces
essá
sári
rioo fa
faze
zerr a im
impu
puta
taçã
çãoo ob
obje
ject
ctiv
ivaa rela
relatitiva
vame
ment
ntee a
todas as causas
4. Na tentativa
tentativa não
não há lugar a imputaçã
imputação
o objectiva
objectiva do resultad
resultadoo ,
porque aí não há resultado.
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• Esta
Esta teor
teoria
ia pe
perm
rmite
ite a resp
respon
onsab
sabil
iliz
izaç
ação
ão ob
obje
jecti
ctiva
va em
Direito penal, designadamente no caso dos crimes agravados
pelo resultado
Exemplo
A provoca um arranhão a B, que é hemofílico, provocando-lhe
provocando-lhe a morte.
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O art. 18° exige a existência de um nexo subjectivo entre o agente e o resultado mais grave
Em conclusão
1. Porque
Porque permitindo
permitindo semp
sempre
re outras causas
causas anteriores
anteriores,, permite
permite o
encadeamento infinito.
2. Pressupõe
Pressupõe que o nexo
nexo de causalida
causalidade
de está estabelec
estabelecido,
ido, se
sem
m
o definir
3. Pode gerar
gerar situações
situações de respons
responsabili
abilidade
dade objectiv
objectiva.
a.
4. não distingue
distingue entre
entre causas relevant
relevantes
es e causas irrelevan
irrelevantes
tes
5. Não explic
explicaa os casos
casos de causalid
causalidade
ade hipoté
hipotétic
ticaa , nem os de
causalidade cumulativa.
• Est
Esta teteor
oriia pa
parrte da teo
eorria da “con
“condi
dititio
o sine
sine qua non” ,
qua non”
apontando um critério para verificar que só a acção adequada
seria relevante para efeitos de Direito Penal.
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• A qu
ques
esttão da ca
caus
usal
alid
idad
adee ad
adeq
equa
uada
da po
pode
de se
serr co
colo
loca
cada
da
através de 3 proposições :
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Dolo
É o elemelemen
ento
to su
subjbjec
ecti
tivo
vo do tipotipo de crim
crimee qu
quee co cons
nsis
iste
te no
conhecimento dos ele elemen
mentos
tos obj
object
ectivo
ivoss essenc
essenciaiiaiss des
desse
se tip
tipoo
(elemento intelectual) e na vontade de praticar um certo acto ou,
noss crim
no crimes
es ma
mate
teri
riai
ais,
s, de atatin
ingi
girr um cecert
rtoo resu
resultltad
adoo (elemento
volitivo)
Elemento intelectual
Consiste, em o agente representar o facto que preenche
um tipo de crime, isto é, no conhecimento de todos os
elementos da factualidade típica.
- Elemento volitivo
É o querer, é a intenção de praticar o acto.
- Elemento emocional
Consiste na consciência da ilicitude
.
Elemento intelectual
Não há qualquer norma no CP que nos diga directamente que o
dolo é o conhecimento da realização do facto típico, no seu
elemento intelectual. Mas há preceitos que nos dizem isso pela
negativa; aqueles que contêm o regime do erro, em particular o art.
16°/1.
Artigo 16º
Erro sobre as circunstâncias do facto
1 - O erro sobre elementos de facto ou de direito de um tipo de
crime, ou sobre proibições cujo conhecimento for razoavelmente
indi
indisp
spen
ensá
sáve
vell pa
para
ra ququee o ag
agen
ente
te pos
possa
sa to
tomar consciênci
mar consciênciaa da
ilicitude do facto , exclui o dolo.
2 - O preceituado no número anterior abrange o erro sobre um estado de coisas que, a
existir, excluiria a ilicitude do facto ou a culpa do agente.
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No artigo 16°/1 prevê-se outro tipo de erro que exclui o dolo ...
• O erro
erro so
sobr
bree proi
proibi
biçõ
ções
es cujo conhecim
conhecimento
ento seja razoavel
razoavelment
mente e
indispensável
indispensável para que o agente possa tomar consciência da ilicitude do facto.
• O erro
erro de de
descsconh
onhec
ecim
iment
entoo do
doss elem
elemen
ento
toss essen
essenci
ciai
aiss da
factualidade típica exclui sempre o dolo .
... o agente dispara um tiro contra a vítima para a matar, mas ignora
que em Portugal, por absurdo que seja, o homicídio é um crime
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porque...
A proíbição do homicídio não é neutral no plano dos valores
Modalidades de dolo
Dolo directo(art. 14°/1)
O dolo é directo quando o fim subjectivo do agente é o próprio facto
tipicamente ilícito; O facto representado é o facto querido e o agente
actua com vontade de realizar esse mesmo facto. No dolo directo a
vontade, a intenção de praticar o acto prevalece sobre o seu
conhecimento
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• O elemento intelectua
tual é que é decis
cisivo parra a sua
pa
caracterização.
- por um lado
é problemática na medida em que é definida paredes meias com a
negligência consciente a que se refere o art. 15º/a).
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- no dolo eventual
o agente prevê a realização do facto típico como possível e
conforma-se com essa realização.
Na negligência consciente
o agente prevê a realização do facto típico como possível,
mas não se conforma com essa realização.
Fórmula positiva de Franck
Trata-se de uma fórmula perfeitamente compatível com o critério de
dist
distin
inçã
çãoo ado
adopt
ptad
adoo pe
pelo
lo legi
legisl
slado
adorr no art
art.. 14º
14º/3,
/3, o crit
critér
ério
io da
conformação
• Este
Este crit
critér
ério
io do legi
legisl
slad
ador
or ex
exig
igee a iden
identitififica
caçã
çãoo no dolo
dolo
even
ev entu
tual
al,, de do
dois
is elem
elemen
ento
tos:
s: o elem
elemen
ento
to inte intele
lect
ctua
uall e o
elemento volitivo
Exemplo :
Um automobilista está a conduzir em excesso de velocidade, tem
pressa de chegar a casa e o piso está molhado
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Exemplo:
A quer matar B, mas confunde-o com C e este é que acaba por ser
morto.
Exemplo 1 :
O agente A pensa que está a disparar para uma peça de caça e
acerta numa pessoa.
Exemplo 2 :
A pretende matar o cão do vizinho, mas acaba por matar o próprio
vizinho, a quem confunde com o cão.
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• Será
Será pu
puní
níve
vell po
porr tent
tentati
ativa,
va, se a tenta
tentati
tiva
va for pupuní
níve
vell .
Ao tentar abater o cão o agente estaria a praticar um crime de
dano tentado. Simplesmente o dano é punível com prisão até
3 anos e a tentativa só é punível quando ao crime consumado
corresponder uma pena superior a 3 anos (art. 23°/ 1) , logo,
23°/1)
nesta situação o agente não é punido pela tentativa de dano,
mas apenas por crime de homicídio negligente consumado.
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ABERRATIO
ABERRATIO ICTUS
Exemplo: A quer matar B. Dispara contra ele mas, por falta de
pontaria, acaba por matar C que se encontrava próximo de B.
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Exemplo:
O agente esfaqueia a vítima sucessivamente deixando-a prostrada
no chão. No entanto, antes de a vítima morrer, cai-lhe um raio e a
vítima vem a morrer em consequência disso.
Exemplo:
O agente lança a vítima de uma ponte abaixo com o intuito de a
matar por afogamento. Simplesmente a vítima bate com a cabeça
na estrutura da ponte e morre.
• Como há co
Como cond
ndiç
içõe
õess pa
para
ra at
atri
ribu
buir
ir ao ag
agen
ente
te ob
obje
ject
ctiv
ivaa e
subjectivamente a morte da vítima, este é punível pelo crime
de homicídio doloso consumado.
28
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Dolus generalis
• Trat
Trata-
a-se
se ta
tamb
mbém
ém de um de
desv
svio
io irre
irrele
leva
vant
ntee do proc
proces
esso
so
causal.
• São
São ex
exem
empl
plos
os pa
para
radi
digm
gmát
átic
icos
os des
esttas situ
situaç
açõões as de
encobrimento posterior à suposta prática do crime
consumado.
Exemplo:
O agente do crime esfaqueia sucessivamente a vítima e pensa tê-la
matado. A seguir atira-a da ponte abaixo para se desfazer do
cadáver. Mas a vítima não tinha morrido, acabando por morrer por
ter sido atirada da ponte abaixo.
• Nesta situação
situação o agente deve ser punível por um só crime de
homicídio doloso consumado.
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- o furto (art.203°)
- a burla (art.217°°)
Furto agente
conduta Elemento subjectivo especial
30
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São crimes em que a acção típica tem que ser dominada por uma
certa direcção da vontade do agente.
Exemplos:
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ILICITUDE
Normas permissivas
São aquelas que prevêem as causas de justificação ou de exclusão
da ilicitude. Estas normas são a excepção.
Exemplo:
Se A di
disp
spar
ara
a um tiro contra
contra a ca
cabe
beça
ça de B po
porq
rque
ue este o qu
quer
er
matar, então A está a actuar em legítima defesa.
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Exemplo
Exe mplo:: artig
artigoo 336
336°° C. Civi
Civil
l
Art.31°/2
• Há cacaus
usas
as de ex excl
clus
usão
ão su
supr
pra-
a-le
lega
gais
is,, nã
nãoo prev
previs
ista
tass em
qualquer norma, mas que são de admitir tendo em conta os
princípios justificadores.
A LEGÍTIMA DEFESA
Artigo 32º
2° requisito “animus defendendi ”
1° requisito
Legítima defesa
Constitui legítima defesa o facto praticado como meio necessário
para repelir a agressão actu actuaal e ilícita de interesses
juridicamente protegidos do agente ou de terceiro.
1° pressuposto 2° pressuposto
Pressupostos
Circ
Circun
unst
stân
ânci
cias
as de fafact
ctoo qu
quee revel
revelem
em umumaa situ
situaç
ação
ão de legí
legítitima
ma
defesa,
defesa, por out
outras
ras pal
palavr as, são
avras, são os elem
element entos
os extr
extrín
ínse
seco
coss à
causa
causa de justif
justifica
icação
ção e sesemm a veveri
rififica
caçã
çãoo do
doss qu
quai
aiss nã
nãoo é
admissível a legítima defesa.
Requisitos
Elementos
Elementos intrínsecos
intrínsecos à causa de justificaçã
justificaçãoo sem cuja verificaçã
verificaçãoo
o exercício da defesa não é legítimo, embora seja possível.
33
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• É pe
permrmititid
idaa a legí
legítitima
ma de
defe
fesa
sa em rela
relaçã
çãoo a um
umaa ac
acçã
çãoo
negligente.
34
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Necessidade de defesa
• Que o ag
Que agen
ente
te ut
utililiz
izee o meio
eio ne
nece
cess
ssár
áriio de de
deffes
esaa que
implique
implique as consequênci
consequências as menos gravosas
gravosas para o agressor,
agressor,
de entre aqueles meios que tiver à sua disposição.
“Animus defendendi”
• Não há leg
Não egíítim
tima de
deffes
esaa no
noss ca
cassos de prov
provoc
ocaç
ação
ão pré
pré-
ordenada.
- Intelectual
É necessário conhecer-se a agressão q ue é
pressuposto do exercício da legítima defesa.
- volitivo
Ter vontade de repelir a agressão.
35
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Artigo 33º
Excesso de legítima defesa
1 - Se houver excesso dos meios empregados em legítima defesa,
o facto é ilícito mas a pena pode ser especialmente atenuada.
2 - O agente não é punido se o excesso resultar de perturbação,
medo ou susto, não censuráveis.
No preceito n°1
deste artigo prevê-se uma situação em que o agente utiliza como
meio de repelir a agressão, um meio mais grave que outro menos
grave que tinha à sua disposição.
Exemplo:
O agente que para repelir a agressão de quem lhe vai dar uma
bofetada, dá um tiro no agressor, quando podia ter repelido a
agressão com um murro.
No preceito n°2
Trata-se do excesso resultante de medo, perturbação ou susto não
censuráveis.
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O DIREITO DE NECESSIDADE
( objectivo ou justificando)
Artigo 34º
Direito de necessidade
Não é ilícito o facto praticado como meio adequado para afastar um
perigo actual que ameace interesses juridicamente protegidos do
agen
agente
te ou de te terc
rcei
eiro
ro,, qu
quan
ando
do se veveri
rififica
carrem os se
segu
guiint
ntes
es
requisitos:
a) Não ter sido voluntariamente criada pelo agente a situação de
perigo, salvo tratando-se de proteger o interesse de terceiro;
b) Ha
Haveverr se
sens
nsív
ível
el su
supe
peri
rior
orid
idad
adee do inte
intere
ress
ssee a sa
salv
lvag
agua
uard
rdar
ar
relativamente ao interesse sacrificado; e
c) Ser razoável impor ao lesado o sacrifício do seu interesse em
atenção à natureza ou ao valor do interesse ameaçado.
3. Que a situ
Que situação de pe
ação peri
rigo
go nã
não
o tenh
tenhaa sido
sido cria
criada
da pe
pelo
lo
próprio agente.
Exemplo:
O agente está confrontado com um incêndio e a sua vida está em
perigo. Para se salvar do incêndio tem de arrombar a porta da casa
do vizinho.
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Requisito da adequação
Elemento subjectivo
• Porq
Porqueue o elem
elemen
ento
to su
subj
bjec
ectitivo
vo é de ca
cará
ráct
cter
er es
estr
trititam
amen
ente
te
intelectual, na sua ausência devemos aqui aplicar
analogicamente o art. 38°/4 e o agente será punido apenas
por tentativa.
Exemplo:
Se o agente arrombar a porta do vizinho ignorando que existe um
incêndio, salvará a sua vida mas deverá ser punível por tentativa de
dano e não por crime de dano consumado.
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• Trat
Trata-
a-se
se de um est
estad
adoo de neces
necessisida
dade
de que
que nu
num
m plan
planoo
estrit
estritame
amente
nte object
objectivo
ivo,, é con
consti
stituí
tuído
do por algo
algo que é uma
agressão.
• No esta
estado
do de nenece
cess
ssid
idad
adee dedefe
fens
nsiv
ivaa é de exigir a
verificação de todos os pressupostos e requisitos do estado
de necessidade justificante (direito
(direito de necessidad
necessidade
e - art. 34°)
com excepção da existência da própria agressão.
• Nestas
Nestas situaç
situações
ões, d e leg
egít
ítim
imaa de
defe
fesa
sa prev
preven
enti
tiva
va e de
estado
estado de necess
necessida
idade
de defens
defensivo
ivo,, será lícito ao agente
danificar bens jurídicos de valor pelo menos igual àqueles que
ele pretende salvaguardar.
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• Em am
amboboss os cacaso
soss é de ex exig
igiir, nos te
terrmo
moss ge
gera
raiis, a
presenç
presençaa de eleelemen
mentos
tos sub
subjec
jectiv
tivos,
os, sim
simult
ultanea
aneamen
mente,
te, de
carácter intelectual e volitivo.
Exemplo:
B aproxima-se de A
A pensa que B o vai agredir
A “defende-se” de B
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Exemplo:
Suponhamos que na Suécia existe uma causa de justificação do
aborto que se refere às condições sociais em que vive a mulher que
o pratica, isto é, o aborto será justificado quando a mulher não tiver
condições materiais ou sociais para sustentar ou criar um filho.
Ora em Portugal tal situação não é causa de justificação.
Suponhamos ainda que uma cidadã sueca vive em Portugal e
realiza um aborto por não ter condições para criar o filho. Ao
mesmo tempo está convencida que a legislação portuguesa, tal
como a sueca, prevê uma causa de justificação.
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CULPA
• O princípio da culpa é um princípio implícito do sistema
jurídico- constitucional, pois deriva do princípio da essencial
dignidade da pessoa humana, consagrado no art. 1° da CRP.
Princípio da culpa
O princíp
princípio
io da culpa
culpa signific
significa,
a, por um lado,
lado, que uma pesso
pessoaa só
pode ser responsabilizada criminalmente se tiver agido com dolo ou
negligência; por outro, que a pessoa que praticou um acto ilícito
há-de ser imputável, isto é, há-de ter liberdade de entendimento e
de decisão para que lhe possa ser atribuída responsabilidade.
Culpa
O termo culpa é usado com diferentes sentidos:
b) Com
omoo lim
limite da pe
pena
na, sign
signiifica
ficado
do qu
quee se enc
ncon
onttra na
afirmação que “a pena deve ser proporcional à gravidade do
facto e à culpa do agente.
c) Como
Como cate
catego
goririaa an
anal
alít
ític
ica,
a, a culpa
culpa co
como
mo juíz
juízo
o pe
pena
nall de
tipicidade e ilicitude.
- o co
conj
njun
unto
to de fenó
fenóme
meno
noss ps
psic
icol
ológ
ógic
icos
os que se
desenrolavam no interior do agente;
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A es
escol
colaa Ne
Neo-
o-Cl
Clás
ássi
sica
ca,, at
atra
ravé
véss de Fran propôss um conceito
Frankk propô
normativo da culpa . Para o conceito normativo de culpa, esta era
definida externamente através da ideia de censurabilidade.
- o dolo ou a negligência
• A consciência
consciência da ilicitude é vista
vista como um problema
problema de
de culpa
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Elementos da culpa
a) Im
Impu
puta
tabi
bililida
dade
de
b) Con
Consci
sciênc
ência
ia da ilicit
ilicitude
ude
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- a vida
- a integridade física
- a honra
- a liberdade
3. Obediência
Obediência indevida
indevida desculpante
desculpante
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A COMPARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
jurídico ilícito-criminal
ilícito-criminal
Autor material
Autores Autor mediato
Co-autores
comparticipantes
Instigador
Participantes
Material
cúmplice moral
AUTORIA
Autor (teoria do domínio do facto – Klaus Roxin, Welzer )
Aquele que tem o domínio do facto . Quem tem o poder de
conduzir o processo até ao fim e de o fazer parar a qualquer
momento. Quem tem em seu poder o sucesso da acção ilícita.
1. Sempre
Sempre que é o autor
autor mediato
mediato que tem o domín
domínio
io da acção
acção
2. Quando o autor
autor imedia
imediato
to actua
actua sem
sem dolo
dolo
3. Quando o autor
autor imediat
imediato
o é mero instrume
instrumento
nto do crime.
crime.
6. domín
domínio
io de um aparelho
aparelho organiz
organizado
ado de poder
poder a alto nível
nível
Coautor (art.26°, 3ª parte)
É co
co-a
-aut
utor
or aq
aque
uele
le qu
quee co
conh
nhec
eceu
eu da acactitivi
vida
dade
de do
doss ou
outr
tros
os e
colaborou
colaborou conscientem
conscientemente
ente nela, executando
executando parcialmen
parcialmente
te o crime
e por isso é responsável por toda a actividade.
1. uma dec
decisã
isãoo conj
conjunt
untaa
ou no mínimo ...
2. uma acção
acção concert
concertada
ada
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PARTICIPAÇÃO
Comparticipação
Consiste no envolvimento de vários agentes na prática do facto
jurídico ilícito-criminal.
ilícito-criminal.
Instigação
O instigador cria dolosamente no autor uma vontade “ex novo”,
convence outra pessoa a praticar o crime.
Cumplicidade
É uma forma de participação criminosa que consiste em prestar
auxí
auxílilioo ao au
auto
torr do crim
crime;
e; a pa
part
rtiicipa
cipaçã
çãoo do cú
cúm
mpli
plice nã
nãoo é
determinante para gerar a resolução criminosa.
Cumplicidade material
É a prestação de uma ajuda material para a execução do crime; o
cúmplice material ajuda materialmente na prática do facto típico e
ilícito, fornecendo os meios para a execução do crime.
Cumplicidade moral
É o auxílio moral à prática por outrém de um facto doloso (art.
27°/1). Trata-se de um conselho, um acto não determinante da
prática do facto criminoso (se for determinante é autoria).
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Tonybrussel
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