Você está na página 1de 45

Bioquímica

LCB 0208 Carboidratos II


Prof. Paulo José Pereira Lima Teixeira
paulojt@usp.br

Laboratório de Genética e Imunologia de Plantas


Departamento de Ciências Biológicas

2019
Na última aula...

Carboidratos são macromoléculas constituídas de carbono,


hidrogênio e oxigênio: hidratos de carbono (CH2O)n
n≥3
Produto primário da fotossíntese

Carboidratos
Outras denominações CO2
 Glicídeos
 Sacarídeos
 Açúcares (sabor doce)
 Classificação organoléptica
Na última aula...

Classificação dos carboidratos

 Monossacarídeo: uma unidade


 Oligossacarídeos: 2 a 20 monossacarídeos
 Polissacarídeo: mais de 20 monossacarídeos
Polímero

Oligos e polissacarídeos são


polímeros de monossacarídeos
Monômero
Na última aula...

Monossacarídeos são
carboidratos simples que não Exemplos
podem ser hidrolizados

Propriedades
 Possuem de 3 a 7 carbonos
 Solúveis em água
 Poliidróxidos
 Insolúveis em solventes orgânicos
 Brancos e cristalinos
 Maioria com sabor doce Glicose Frutose Manose Galactose
C6H12O6

Monossacarídeos são classificados de acordo com a natureza química


de seus grupos carbonila e o número de átomos de carbono
Na última aula...
Exemplos
Monossacarídeos

 Aldoses
 Grupo aldeído
 Cetoses
 Grupo cetona
Na última aula...

Nomenclatura de monossacarídeos isômeros


 Isômeros com diferenças nas ligações de apenas um carbono assimétrico: epímeros
 Isômeros com diferenças nas ligações de mais de um carbono assimétrico: não recebem nome especial
 Isômeros com diferenças nas ligações de todos os carbonos assimétricos: enantiômeros

Tipos de isômeros
• Isômeros de estrutura
• Estereoisômeros
• Epímeros
• Enantiômetos
Na última aula...

Glicose (anel pirano) Frutose (anel furano)


Na última aula...

Açúcares cíclicos podem ter duas formas anoméricas

Alfa

Beta

Anômero: Um dos dois estereoisômeros de um monossacarídeo cíclico


Ligações glicosídicas

Monossacarídeos são ligados por ligações glicosídicas

Polímero

Monômero

Ligações glicosídicas

Glicose Glicose
Ligações glicosídicas

Monossacarídeos são ligados por ligações glicosídicas

Dissacarídeo

Glicose Glicose Maltose

Reação de condensação
(libera água)
Ligações glicosídicas

 Quais moléculas estão ligadas? α-D-glicose + α-D-glicose


 Quais carbonos estão ligados? 14

Maltose: α-D-glicose (14) α-D-glicose

Ligação glicosídica

Glicose Glicose
Carboidratos – dissacarídeos

Ligação glicosídica une


dois açúcares

Exemplos de dissacarídeos
 Glicose + Glicose = Maltose
 Galactose + Glicose = Lactose
Maltose
 Glicose + Frutose = Sacarose

Importante: é necessário especificar quais anômeros


e quais carbonos participam da ligação
Carboidratos – dissacarídeos

Dissacarídeos comuns

α-D-glicose (14) α-D-glicose β-D-galactose (14) α-D-glicose α-D-glicose (12) β-D-frutose

Glicose Glicose Galactose Glicose Glicose Frutose


Maltose Lactose Sacarose
Carboidratos – dissacarídeos

Maltose e celobiose são dímeros de glicose, mas apresentam


propriedades diferentes: importância dos anômeros

β(14)

α(14)

Maltose Celobiose
α-D-glicose (14) α-D-glicose β-D-glicose (14) β-D-glicose
Carboidratos – dissacarídeos
Cevada maltada
A maltose é um produto da
degradação do amido

α(14)

Maltose
α-D-glicose (14) α-D-glicose
A germinação dos grãos induz a síntese de enzimas
O malte é um grão (cevada, trigo, milho, arroz) cuja
necessárias para quebrar o amido
germinação foi iniciada e então paralizada
 Acúmulo de açúcares fermentáveis
 Alta concentração de maltose “Comida para levedura”: processos fermentativos
Carboidratos – dissacarídeos

A lactose está presente Intolerância à lactose


no leite dos mamíferos

β-D-galactose (14) α-D-glicose

Galactose Glicose

 Fonte de energia para recém nascidos (~5% do leite)


 Degradada pela enzima lactase (β-galactosidase)
 Quebra a ligação glicosídica entre galactose e glicose
Carboidratos – dissacarídeos

A lactose está presente


no leite dos mamíferos

Como é tratada?
• Evita-se produtos derivados de leite
• Uso de substitutos (ex., leite soja ou amêndoa)
• Suplementação de lactase
• Leite livre de lactose (tratado com lactase)
Carboidratos – dissacarídeos

Leite livre de lactose


Tratado com lactase
Carboidratos – dissacarídeos

A lactulose é um
açúcar sintético
β-D-galactose (14) β-D-frutose

Galactose Frutose
 A lactulose não é absorvida e nem quebrada no trato digestivo
 Aumenta o potencial osmótico do intestino e atrai água
 Remédio contra a constipação
Carboidratos – oligossacarídeos

Alguns legumes contém


açúcares não digestíveis

Rafinose Estaquiose Verbascose


(trissacarídeo) (Tetrassacarídeo) (pentassacarídeo)
Galactose-glicose-frutose Galactose-galactose-glicose-frutose Galactose-galactose-galactose-glicose-frutose

Rafinose, estaquiose e verbascose não podem ser digeridos porque não temos α-galactosidase
Se consumidos em excesso, podem causar dor abdominal, inchaço, flatulência e diarréia
(São fermentados pelo nosso microbioma)
Açúcares redutores

Carboidratos podem ser agentes redutores

O Cu ++
Aldeído R-C Cetoses podem ser convertidas em
H aldoses em meio básico por
OXIDAÇÃO REDUÇÃO tautomerização

O Cu +
Ácido R-C
carboxílico OH
redutor

Um agente redutor doa elétrons a outra molécula e é, portanto, oxidado


Açúcares redutores

Um açúcar redutor possui grupos aldeído ou cetona livre


(isto é, não estão “ocupados” na ligação glicosídica)
Portanto, todos os monossacarídeos são redutores

Aldeído
(grupo redutor)

Aldeído
(grupo redutor)

Anel pode reabrir e expor o


grupo aldeído ou cetona
Açúcares redutores

Um açúcar redutor possui grupos aldeído ou cetona livre


(isto é, não estão “ocupados” na ligação glicosídica)

Maltose: glicose α(1,4) glicose

Carbono Carbono
anomérico anomérico Um carbono anomérico
está livre para formar o
aldeído

Maltose é um açúcar redutor


Açúcares redutores

É açúcar redutor?

Trealose: glicose α(1,1) glicose

Carbono
anomérico

Carbono
anomérico

Glicose Glicose

Trealose não é um açúcar redutor


Açúcares redutores

É açúcar redutor?

Lactose: galactose β(1,4) glicose

Um carbono anomérico
está livre para formar o
aldeído

Carbono
anomérico

Carbono Glicose
anomérico

Galactose

Lactose é um açúcar redutor


Açúcares redutores

É açúcar redutor?
Sacarose: Glicose α (1,2) β frutose

Carbono
anomérico

Carbono
anomérico
Glicose Frutose

Sacarose não é um açúcar redutor


Açúcares redutores
Resumindo....
Quando a ligação glicosídica envolve ambos
carbonos anoméricos, o açúcar não é redutor

α-D-glicose (11) α-D-glicose NÃO REDUTOR

α-D-glicose (14) α-D-glicose REDUTOR

β-D-glicose (14) β-D-glicose REDUTOR

α-D-glicose (12) β-D-frutose NÃO REDUTOR


Açúcares redutores

Reação de Maillard
Açúcares redutores reagem com aminoácidos sob altas temperaturas

Moléculas que
Aminoácido
Aminoácidos Carboidratos determinam gosto,
ligado a açúcar
cor, cheiro, etc

Modificações
químicas

As propriedade que os diferentes alimentos adquirem pela reação de Maillard


dependem dos açúcares e aminoácidos presentes
Açúcares redutores

Às vezes, produtos indesejáveis


podem ser formados: Acrilamida

Acrilamida
 Efeito neurotóxico
 Potencialmente cancerígena
Açúcares redutores

Relevância da detecção de açúcares redutores

MEDICINA
 Diagnóstico para a presença de glicose na urina
 Glicosúria: normalmente causada por diabetes

INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
 Avaliação da qualidade do vinho
 Fermentação alcólica completa ou há açúcar residual?
 Avaliação do caldo de cana
 Quanto de açúcar está presente?
 A cana está madura?
Carboidratos – polissacarídeos

Polissacarídeos são cadeias longas de açúcares

Polissacarídeos importantes
 Celulose
 Amido Polímeros de glicose
 Glicogênio
 Quitina
Carboidratos – polissacarídeos

Cadeias longas
de açúcares
Qual a diferença entre amido, glicogênio e celulose?
Carboidratos – polissacarídeos

Qual a diferença entre amido, glicogênio e celulose?


AMIDO
Forma cadeias moderadamente ramificadas
Formado por duas moléculas:
Amilose: ligações alfa(1,4)
Amilopectina: alfa(1,4)
ramificações alfa(1,6) a cada 24 a 30 glicoses
GLICOGÊNIO
Forma cadeias altamente ramificadas
ligações alfa(1,4)
ramificações alfa(1,6) a cada 8 a 12 glicoses
CELULOSE
Forma fíbras rígidas e altamente lineares
ligações beta(1,4)
Celulose

Fibras de celulose

Ligações β1-4
Celulose

Fibras de celulose As moléculas de celulose formam pontes de hidrogênio


Celulose

Fibras de celulose A moléculas de celulose formam pontes de hidrogênio

Pontes de hidrogênio
Amido

Amido

 Síntese no plastídeo

 Dois componentes:
 Amilose (30%)
• Cerca de 1 mil glicoses. Poucas ramificações
 Amilopectina (70%)
• Mais de 100 mil glicoses. Muitas ramificações

Polímeros de glicose
(ligações α-1,4)
Amido
Grãos de amido

Ligações α1-4
Carboidratos – polissacarídeos
Grãos de amido
Ramificações são formadas
por ligações α1-6

Amilopectina
Amido

Amilose

Amilopectina
Ramificação
Amido

Eficiente reserva
de carbono

 Grânulos insolúveis
 Não altera o potencial osmótico
 Ocupa pouco espaço
(alta densidade)
Amido

Deficiência na síntese de amido


resulta em sementes de
ervilhas rugosas
Glicogênio

Glicogênio
Reserva energética em
animais, fungos e bactérias

No homem:
Fígado (5% da massa do órgão)
 Mantém glicemia do sangue
Músculo (2% da massa do órgão)
 Utilizado para atividade muscular
Quitina

A quitina é o segundo polímero natural mais abundante na Terra

Parede celular de fungos

Polímero de N-acetil-glicosamina
Quitina

A quitina ativa o sistema imune das plantas

 Quitina é um componente essencial da Resposta imune


parede celular de fungos
 Quitina não está presente em plantas,
sendo uma “molécula estranha”
 Plantas evoluíram receptores para
reconhecer esta molécula, levando à
ativação de uma resposta imune
 Patógenos evoluíram estratégias para Proteínas quelantes de quitina
evitar o reconhecimento da quitina produzida pelo fungo
(“escondem” a quitina da planta)

Você também pode gostar