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1 – Introdução
1.1 – Panorama mundial e nacional
Com um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e 11,2% de toda a água
doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de
alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do país
um lugar de vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias
produtivas. Moderno, eficiente e competitivo, o agronegócio brasileiro é uma atividade próspera,
segura e rentável.
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Coordenação Geral de Sistemas de Produção Integrada - CGSPI, do Departamento de Sistemas de Produção e
Sustentabilidade - DEPROS, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo - SDC, do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA - Esplanada dos Ministérios Bloco “D” Anexo B Sala 130 – Brasília
– DF – Brasil.
CEP 70.043-900 Telefone: (61) 3218.2390/3225.4538 Fax: (61) 3323.5350
(*)Ex-Coordenador Geral de Sistemas de Produção Integrada – CGSPI/DEPROS/SDC/MAPA – Pesquisador da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – atualmente Pósdoutorando da Universidade de Lérida – Espanha.
jrozalvo@agricultura.gov.br, luiz.nasser@agricultura.gov.br, jose.teixeira@agricultura.gov.br,
george.simon@agricultura.gov.br, murilo.veras@agricultura.gov.br, sidney.medeiros@agricultura.gov.br
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biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas frescas,
cacau, castanhas, nozes, além de suínos e pescados, são destaques no agronegócio brasileiro, que
emprega atualmente 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo.
As exportações brasileiras do agronegócio totalizaram US$ 58,4 bilhões em 2007, 18,2% acima do
valor exportado em 2006, que foi de US$ 49,4 bilhões. As importações totais do agronegócio
somaram US$ 8,7 bilhões no mesmo ano. Como resultado, o superávit comercial acumulado nos 12
meses de 2007 foi de US$ 49,7 bilhões. Desde 1989, tanto as exportações quanto o superávit
comercial do agronegócio brasileiro vêm apresentando valores recordes a cada ano.
Conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, a produção
mundial de frutas registrou crescimento de 4,86% no ano de 2005 em relação ao ano anterior. O
Brasil é o 3º maior produtor mundial, com 41,2 milhões de toneladas produzidas (6% da produção
mundial), atrás de China (167 milhões de toneladas) e Índia (57,9 milhões de toneladas).
O mercado mundial de frutas aponta para cifras anuais superiores a US$ 21 bilhões, sendo
constituído, em sua maior parte, por frutas de clima temperado, típicas da produção e do consumo
no Hemisfério Norte, embora seja elevado o potencial de mercado para as frutas tropicais.
Adicionando-se o valor das frutas processadas, estas cifras superam 55 bilhões de dólares.
Em alusão ao mercado internacional, existe um baixo conhecimento da grande maioria das frutas
tropicais devido à carência em marketing, dificultando assim a expansão comercial da fruta
brasileira. Apesar disso, nos últimos quatorze anos, o Brasil aumentou em mais de onze vezes as
exportações de frutas frescas, passando de US$ 54 milhões no início da década de 1990 para mais
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de US$ 642 milhões no ano de 2007 (919 mil toneladas). Somando-se as frutas secas e castanhas de
caju, foram exportadas 1 milhão de toneladas, equivalente a US$ 967,7 milhões.
Com relação ao setor industrial, o processamento de sucos de fruta está em franca expansão,
ocupando papel de relevância no agronegócio mundial, com destaque para os países em
desenvolvimento, que são responsáveis pela metade das exportações mundiais A demanda atual é
crescente para sucos e polpas de frutas tropicais, principalmente de abacaxi, maracujá, manga e
banana, que são responsáveis pela maioria das exportações. No caso específico do suco de laranja, o
Brasil é o maior produtor e exportador mundial, com cerca de 80% das transações internacionais.
Esse crescimento gradativo vem se caracterizando por uma série de fatores, dentre os quais a
preocupação de consumidores com a saúde, o que redunda em aumento do consumo de produtos
naturais com pouco ou nenhum aditivo químico. A quantidade exportada de sucos de frutas em
2007 foi de 2,37 milhões de dólares relativos a 2,16 milhões de toneladas, sendo 51,26% maior que
em 2006 e 100% maior que em 2005.
Embora o volume das exportações de frutas frescas tenha aumentado 32% entre 2006 e 2007, é
muito pouco se considerarmos estas em relação ao montante de frutas produzido. O Brasil exporta
cerca de 1,8% da sua produção de frutas in natura, ocupando o 20º lugar entre os países
exportadores. Entretanto, a tendência de aumento das exportações mostra-se positiva para os
próximos anos, o que torna o momento atual oportuno para a conquista dos mercados
internacionais, principalmente União Européia e Nafta. Para tal, basta que o país tenha capacidade
de manter e ampliar os mercados internacionais de frutas e seus derivados, canalizando-se a oferta
de frutas frescas e processadas de acordo com a demanda desses blocos econômicos.
Apesar mercado interno consumir a quase totalidade da produção nacional, o consumo per capita
de frutas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Fruticultura – IBRAF, é de apenas 57 kg
por ano, bem abaixo de países como Espanha (120 kg/ano) ou Itália (114 kg/ano).
hoje no mundo ocidental baseia-se nos preceitos típicos estabelecidos pela Revolução Verde, ou
seja, implicam no uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos, agrotóxicos e na
manipulação/melhoramento genético. Tal modo de produção vem acarretando intensa degradação
ambiental e deterioração social, além de comprometer a qualidade dos alimentos. Dentro desta
ótica, os aspectos relacionados com as técnicas de produção e pesquisas agropecuárias, os processos
de beneficiamento e transformação, também devem ser considerados na discussão sobre
desenvolvimento sustentável e segurança alimentar (GOMES JÚNIOR, 2007). As tecnologias
utilizadas, os métodos e processos produtivos que muitas vezes expõem as populações à
contaminação e intoxicação, assim como à presença de perigos ou contaminantes químicos,
biológicos ou físicos nos alimentos e produtos agropecuários, é uma realidade que deve ser
enfrentada e solucionada a contento para que a dignidade e salubridade de produtores e
trabalhadores rurais sejam preservadas, bem como o pleno direito de acesso a alimentos saudáveis e
livres de qualquer fator adverso. Desta forma, e de acordo com uma visão atual e ampla sobre o
Desenvolvimento Sustentável e a Segurança Alimentar, entende-se como uma condição básica e
também um aspecto ligado á cidadania, o acesso pelas populações a alimentos saudáveis, que
estejam conformes aos padrões de qualidade e produzidos em sistemas produtivos que priorizem a
conservação ambiental e a valorização de produtores e trabalhadores rurais, incentivando o
associativismo rural, as formas de produção adaptadas à realidade dos pequenos e médios
produtores, buscando sua maior competitividade, geração e distribuição de renda/emprego, com
desenvolvimento social e segurança alimentar.
acesso a tecnologias condizentes com esta condição, valorizando aspectos regionais e culturais,
estimulando o associativismo, a geração de emprego e renda e o desenvolvimento social regional,
está de acordo com a política de segurança alimentar e desenvolvimento sustentável no seu sentido
amplo e contribui para assegurar a dignidade necessária, principalmente aos agricultores familiares
e pequenos empresários rurais. De acordo com GOMES JUNIOR (2007), as ações de estímulo para
assegurar meios de sobrevivência digna devem integrar e permear as políticas públicas de todas as
instituições governamentais em suas áreas de atuação, formando uma rede de suporte à população
brasileira, em especial à população rural.
Em novembro de 2005 a missão DG Sanco da União Européia veio ao Brasil e visitou os sistemas
produtivos da maçã (Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná) e do mamão (Espírito Santo e
Bahia), com o objetivo de conhecer o programa de controle oficial do governo brasileiro para
garantir a rastreabilidade e a inocuidade das frutas exportadas para a Europa. A missão, ao conhecer
áreas sob sistema de Produção Integrada de Frutas verificou os procedimentos adotados e concluiu
que os mesmos eram suficientes para cumprir as exigências da União Européia, que atualmente é o
maior cliente do Brasil na importação de frutas frescas e derivados.
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maior produtor de frutas do mundo, possa se manter e avançar na conquista dos mercados
consumidores.
A adoção do sistema de Produção Integrada evoluiu em curto espaço de tempo, tomando conta de
muitas áreas existentes em países tradicionais de produção de frutas. Na América do Sul, a
Argentina foi o primeiro país a implantar a Produção Integrada de Frutas – PIF, em 1997, seguida
de Uruguai e Chile. No Brasil, atividades semelhantes tiveram início entre 1998 e 1999.
Naquela época, depois de várias discussões regionais, a Cadeia Produtiva da Maçã, por meio da
Associação Brasileira de Produtores de Maçãs – ABPM procurou o MAPA alegando que estava
sofrendo pressões comerciais relacionadas com as exportações de maçã para a União Européia. O
principal motivo dessa mobilização se deveu ao fato de que as exigências por maiores garantias
sobre o processo produtivo da fruta estavam cada vez mais fortes. Assim, o Brasil necessitava de
um instrumento que pudesse orientar e institucionalizar um sistema de produção que ao mesmo
tempo atendesse as exigências dos mercados compradores e fosse factível à realidade brasileira,
levando-se em consideração, ainda, a condição sine qua non da credibilidade e da confiabilidade do
sistema e dos trabalhos que seriam desenvolvidos no país.
A Produção Integrada tem por princípio, desde sua concepção, a visão sistêmica, inicialmente no
manejo integrado de pragas, evoluindo para a integração de processos em toda a cadeia produtiva.
Portanto sua implantação deve ser vista de forma holística, estruturada sob quatro pilares de
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Preceituados pela Produção Integrada, os procedimentos e Boas Práticas Agrícolas adotados têm
que ser vistos com base no rol de exigências dos mercados importadores, rigorosos em requisitos de
qualidade e sustentabilidade, enfatizando sempre a proteção do meio ambiente, segurança alimentar,
condições de trabalho, saúde humana e viabilidade econômica. A título de exemplo, os compradores
europeus convencionaram a possibilidade de não importar maçãs produzidas em sistema
convencional. Atualmente, na Suíça e Dinamarca, quase não existem mercados com frutas
produzidas pelo sistema convencional.
O Brasil já possui seu Marco Legal para Produção Integrada, atualmente restrito à Produção
Integrada de Frutas, mas em processo de ampliação para contemplar todo o setor agropecuário,
composto basicamente de:
Diretrizes Gerais e Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas – PIF
Regulamento de Avaliação da Conformidade – RAC
Definições e Conceitos da PIF
Regimento Interno da Comissão Técnica para PIF
Formulários do Cadastro Nacional de Produtores e Empacotadoras – CNPE
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As Normas Técnicas Específicas – NTE são as normas básicas de Boas Práticas Agrícolas que
servirão de referencial para a adequação do sistema produtivo das propriedades candidatas ao
sistema de certificação oficial em Produção Integrada. Elas subdividem-se em diferentes áreas
temáticas (capacitação, organização de produtores, recursos naturais, material propagativo etc.) e
contemplam normas obrigatórias, recomendadas, proibidas ou permitidas com restrição, de acordo
com a realidade de cada cultura. Além das NTE, a estrutura técnico-operacional de suporte ao
sistema também é composta pela Grade de Agrotóxicos, Cadernos de Campo e Pós-Colheita e
Listas de Verificação de Campo e de Empacotadora.
Em outras palavras, a certificação no âmbito da PIF é realizada via sistema de terceira parte. Isto é,
os OAC acreditados pelo INMETRO realizam auditorias nas propriedades que adotaram a Produção
Integrada. Caso haja atendimento às Normas Técnicas Específicas, o produto é chancelado
oficialmente pelo MAPA e pelo INMETRO por meio de um selo contendo um código numérico,
que é a garantia de rastreabilidade do produto.
2 – Situação Atual
Existem atualmente em desenvolvimento 55 projetos de fomento à Produção Integrada no âmbito
do MAPA, envolvendo 42 culturas e contemplando 18 unidades da Federação (Bahia, Ceará,
Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e
Tocantins).
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demonstrativas com validação das tecnologias a campo, para que só então as Normas Técnicas
Específicas sejam elaboradas e publicadas.
Além dessas, a elaboração das NTE de outras 04 culturas frutíferas (abacaxi, ameixa, mangaba e
nectarina) encontra-se em desenvolvimento, através de projetos de Produção Integrada de Frutas
fomentados pelo MAPA, em conjunto com diversas instituições parceiras.
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O Sistema PIF conta com a adesão voluntária de 2.219 produtores e empresas agropecuárias,
o que corresponde a 50.665 ha. Desses, 2.125 produtores estão em processo de certificação e
94 foram certificados para produção de citros, mamão, manga, pêssego e uva.
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
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Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
No pólo de fruticultura do Vale do Rio São Francisco, 36% da área total cultivada com videiras e
35% da área total de produção de manga estão sob regime PIF. No caso da maçã, 60% da área total
cultivada está sob o regime de Produção Integrada.
O efeito econômico da racionalização das intervenções químicas no sistema PIF pôde ser
referenciado principalmente no ano de 2002, pela diminuição da freqüência na aplicação de
ditiocarbamatos em 8.660 ha de cultura de maçã, onde se registrou a redução de 600 toneladas no
montante de aplicação, que ao custo de R$ 15,00/kg representa a significativa economia de R$ 9
milhões, sem falar nos efeitos relacionados com a preservação de recursos naturais como a água, ar,
solo e a biodiversidade.
Quadro 4. Comparativo de produtividade e de redução de custos entre a produção
convencional e a Produção Integrada de Frutas – PIF.
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
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Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
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Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Tais resultados têm garantido ao Sistema PIF confiabilidade suficiente para aproveitamento de seu
arcabouço normativo na implementação de políticas públicas. A Instrução Normativa nº 38/2006 da
Secretaria de Defesa Agropecuária, que regulamenta o Certificado Fitossanitário de Origem – CFO,
base técnica e legal para a emissão da Permissão de Trânsito Vegetal – PTV, que por sua vez
embasa a emissão do Certificado Fitossanitário para exportação, reconheceu os documentos de
acompanhamento da Produção Integrada de Frutas – PIF (cadernos de campo e pós-colheita) como
equivalentes ao Livro de Registro utilizado pelo do Responsável Técnico para emissão do CFO. Em
outras palavras, o produtor que estiver sob o Sistema PIF terá reconhecido seus controles de
caderno de campo e pós-colheita como suficientes para a emissão do CFO pelo Responsável
Técnico da produção, não necessitando de outros controles. Em outro caso, a variedade de
ecossistemas contemplados pelos projetos de PIF colaborou com o Ministério do Meio Ambiente –
MMA para aprovar recursos junto à FAO para o Brasil desenvolver o projeto “Conservação e
Manejo de Polinizadores para a Agricultura Sustentável através de uma Abordagem Ecossistêmica”.
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A região Nordeste, envolvida muito fortemente na PIF, está cultivando em torno de 500 mil ha de
frutas, correspondendo a 23% da área nacional. Convém salientar que praticamente metade dos
estabelecimentos de base familiar existentes no país situa-se nesta região. O Programa de PIF está
desenvolvendo ações direcionadas pontualmente para facilitar a adesão desses atores, buscando com
isso apresentar resultados não só econômicos, mas sociais e de geração de emprego e renda,
estimulando a organização da base produtiva familiar em grupos associativistas e, como
conseqüência, o fortalecimento desses produtores para atuação mais preponderante nos mercados.
Em função disso, o modelo preconizado pela Produção Integrada de Frutas – PIF foi utilizado como
referência pelo MAPA para instituir o Sistema Agropecuário de Produção Integrada – SAPI, que
tem como meta o estabelecimento de Normativas Reguladoras de Produção Integrada no Brasil,
unificando e padronizando o sistema para todo o Território Nacional.
Tais projetos contam com a adesão de 155 produtores rurais que, numa área de 13.253 hectares,
colheram mais de 108 mil toneladas de alimentos em 2007. Cabe destacar que nesses dados estão
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inseridas informações sobre as primeiras adesões de sistemas pecuários de Produção Integrada: leite
e mel.
Nos últimos anos, algumas culturas não frutíferas aderidas ao SAPI também tiveram notável
desempenho em termos de redução de uso de agrotóxicos, chegando à redução de até 100% no uso
de inseticidas (arroz), fungicidas (arroz) e herbicidas (batata).
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Aumento de produtividade e redução de custos também podem ser observados no SAPI. Para a
cultura da batata, houve redução de 19 a 25% nos custos, e a produtividade no regime SAPI
alcançou valores entre 34 e 40 toneladas por hectare, contra 17 a 20 no sistema convencional. No
caso do café, a produtividade saltou de 18 a 20 sacas por hectare para 36 a 40 sacas por hectare,
com redução de custos da ordem de 25 a 35%.
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Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Em 2007, foram realizadas 56 capacitações sobre o SAPI para agentes das cadeias produtivas de
arroz, batata, café e tomate, com a participação de 12.559 pessoas. Também foram organizados 168
eventos e elaboradas 59 publicações científicas.
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
Fonte: DEPROS/SDC/MAPA-2008
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3. Desafios
Todo o arcabouço legal e organizacional da Produção Integrada está estruturado e encontra-se em
plena expansão. A consolidação dos produtores que optaram pela adesão ao Sistema deverá ser
coroada com a aprovação do selo de certificação. Como na PI não existe uma certificação para
transição do sistema convencional, a adesão deve se completar com a plena adequação ao sistema,
em todos os seus quesitos, exigindo esforço adicional dos produtores rurais, o que será plenamente
compensado pelo posterior ganho em termos de controles e das demais vantagens relatadas neste
artigo. Portanto, o momento atual baseia-se na centralização de esforços na expansão do número de
produtores efetivamente certificados, gerando volume expressivo de produtos de qualidade aos
consumidores, sem perder o foco na inserção de novas culturas ao sistema, inclusive para o
atendimento da demanda crescente e estratégica em setores como o da agroenergia.
Podemos citar como aspectos positivos da adoção de Sistema de Produção Integrada de frutas o
ganho de competitividade, agregação de valor aos produtos e desenvolvimento social. No entanto,
sob a ótica da segurança alimentar, o maior beneficiário com a melhoria do sistema produtivo,
respeitando os aspectos ambientais, sociais e outros da produção agropecuária, sem dúvida
nenhuma será o próprio homem. Conforme o conceito de Segurança Alimentar e Nutricional,
explicitado por Newton N. Gomes Júnior, onde a “assimetria de renda e preços dos alimentos à
segurança e qualidade e sanidade dos produtos, ao manejo adequado na produção, ao emprego de
culturas e meios não hostis ao ambiente, à manutenção da diversidade cultural” são fatores que
necessariamente devem ser abordados para o pleno estabelecimento da segurança alimentar das
populações. Estes fatores estão contemplados nos princípios e nas práticas adotadas pelo SAPI.
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Mudanças desta magnitude levam tempo e encontram barreiras difíceis de serem transpostas. É
importante notar que a produção integrada é passível de ser adotada por qualquer porte de produtor.
A participação de pequenos produtores e produtores familiares, organizados em associações ou
cooperativas, carece de apoio inicial, seja do governo ou de outras instituições, conforme vem
acontecendo com a parceria do MAPA/INMETRO com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE, que consegue subsidiar até 50% dos custos com a certificação e análises de
resíduos de agrotóxicos, aliados também, a possibilidade da certificação conjunta por meio de
associações ou cooperativas de produtores. A falta de apoio a este tipo de produtor pode dificultar
sua entrada e permanência neste novo modo de produção proposto.
Além disso, a não adequação dos sistemas produtivos às diretrizes da PIF pode acarretar barreiras
não-tarifárias para os produtores. Este problema se agrava na medida em que ainda não existe uma
harmonização internacional de certificações, o que, muitas vezes, pode levar um produtor a ter que
adotar diferentes certificações.
Com os resultados obtidos pela PIF, podemos imaginar que o sistema de produção integrada poderá
se consolidar como uma importante ferramenta para o desenvolvimento sustentável e garantia da
segurança alimentar, ainda que existam aspectos a serem melhorados.
A inexistência de uma lei federal que discipline e oriente as políticas públicas no que diz respeito à
segurança do alimento. A carência de uma estrutura governamental de assistência técnica e extensão
rural que propicie uma adequada transferência de tecnologia ao setor produtivo, focando a gestão
tecnológica das propriedades e das cadeias produtivas. O desconhecimento por parte do setor
varejista e consumidores dos benefícios propiciados pelo SAPI. Na área vegetal o insuficiente
suporte fitossanitário atualmente existente em muitas culturas, devido ao reduzido nº de produtos
registrados, muitas vezes obsoletos e questionados por problemas agronômicos, toxicológicos e
ambientais, impedindo a certificação que somente aceita a utilização de produtos registrados que
ofereçam segurança ambiental e na saúde pública. A falta de organização associativa do setor
produtivo. A carência de pesquisa agropecuária em alguns setores, especialmente quanto a
tecnologias que sejam de baixo impacto ambiental e adaptadas à realidade dos pequenos produtores.
A deficiente logística de comercialização existente em todo o Brasil. Estes fatores e outros deverão
ser devidamente levados em consideração, analisados e trabalhados para que se possa evoluir e
desenvolver plenamente o SAPI em toda agropecuária nacional destinada a abastecer os mercados
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interno e externo com produtos certificados pelo governo brasileiro e com a devida credibilidade
junto aos consumidores.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ABPM. Informações sobre a situação da PIM e comercialização de maçãs em PIF - com selo
de qualidade. 2003.
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ELLIOT, E.T.; Cole, C.V. A perspective on agroecosystem science. Ecology. Ann Arbor. MI,
de Políticas Públicas no Marco das Necessidades Humanas Básicas. Tese de doutorado. UnB,
2007.
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PI Bovinocultura de Corte
13 (RS/SC) Nilson Bröring UDESC (49)3221.2817 a2nb@cav.udesc.br
14 PI Bovinocultura de Leite (PR) Roberta Mara Züge TECPAR (41)3316.3070 zuge@tecpar.br
15 PI Café Arabica (MG) Eunize Maciel Zambolim UFV (31)3899.2929 eunize@ufv.br
Embrapa
Agroindústria
16 PI Caju (CE/RN/PI) Vitor Hugo de Oliveira Tropical (85)3299.1841 vitor@cnpat.embrapa.br
Embrapa
Transferência de
17 PI Capacitação (Nacional) Pedro Maia e Silva Tecnologia (87)9998.9954 maiapedroconsultoria@yahoo.com.br
18 PI Cenoura (MG) Sânzio Mollica Vidigal Epamig/MG (31) 3891.2646 sanziomv@epamig.br
Embrapa Mandioca
19 PI Citros (BA/PR/SP/RS) José Eduardo Borges de Carvalho e Fruticultura (75)3621.8040 jeduardo@cnpmf.embrapa.br
Embrapa
Transferência de
20 PI Citros (GO/MG) João Luiz Palma Meneguci Tecnologia (62)3202.6000 joao.meneguci@embrapa.br
21 PI Citros (SP) José Antônio Alberto da Silva APTA/SP (17)3341.1400 jaas@apta.sp.gov.br
Cláudio César de Almeida Embrapa Meio
22 PI Módulo Ambiental (SP) Buschinelli Ambiente (19)33112636/7000buschi@cnpma.embrapa.br
Embrapa Arroz e
23 PI Feijão (GO) Corival Cândido da Silva Feijão (62)3533.2209 corival@cnpaf.embrapa.br
Embrapa
Agroindústria
24 PI Flores Tropicais (CE) José Luiz Mosca Tropical (85)3299.1847 mosca@cnpat.embrapa.br
Embrapa Mandioca
25 PI Lima Ácida Tahiti (MG) Cláudio Luiz Leone Azevedo e Fruticultura (75)3621.8088 claudio@cnpmf.embrapa.br
Embrapa Uva e
26 PI Maçã (RS/SC) Rosa Maria Valdebenito Sanhueza Vinho (54)3455.8034 rosa@cnpuv.embrapa.br
Embrapa Mandioca
27 PI Mamão (BA) Jailson Lopes Cruz e Fruticultura (87)3621.8047 jailson@cnpmf.embrapa.br
28 PI Mamão (ES) David dos Santos Martins Incaper/ES (27)3137.9872 davidmartins@incaper.es.gov.br
Embrapa Mandioca
29 PI Mandioca (BA) Marco Antônio Sedrez Rangel e Fruticultura (75)3621.8002 rangel@cnpmf.embrapa.br
Embrapa Semi-
30 PI Manga (PE/BA) Paulo Roberto Coelho Lopes Árido (87)3862.1711 proberto@cpatsa.embrapa.br
31 PI Mangaba (PB/RN) Edivaldo Galdino Ferreira Emepa/PB (83)3218.5490 edivaldogaldino@gmail.com
Embrapa
Agroindústria
32 PI Melão (CE/RN) Raimundo Braga Sobrinho Tropical (85)3291.1922 braga@cnpat.embrapa.br
Embrapa Semi-
33 PI Melão (PE/BA) Joston Simão de Assis árido (87)3862.1711 joston@cpatsa.embrapa.br
34 PI Microbacias (PR/MS) Aníbal de Moraes UFPR (41)3350.5607 anibalm@ufpr.br
35 PI Morango (ES) Hélcio Costa Incaper/ES (28)3248.1311 helciocosta@incaper.es.gov.br
36 PI Morango (MG) Jaime Duarte Filho Epamig/MG (35)3421.3791 duartefilho@epamig.br
Embrapa Clima
37 PI Morango (RS/MG) Luis Eduardo Côrrea Antunes Temperado (53)3275.8156 antunes@cpact.embrapa.br
Embrapa Meio (19)33112686/3311
38 PI Morango (SP) Fagoni Fayer Calegário Ambiente 2636 fagoni@cnpma.embrapa.br
39 PI Ovinos (CE) Francisco Selmo Fernandes Alves Embrapa Caprinos (88)3677.7085 selmo@cnpc.embrapa.br
40 PI Pêssego (RS) José Carlos Fachinello UFPEL (53)3275.7124 jfachi@ufpel.tche.br
PI Pêssego/Ameixa/Nectarina
41 (PR) Louise Larissa May De Mio UFPR (41)3350.5736 maydemio@ufpr.br
42 PI Plantas Medicinais (PA) José Antônio Monteiro dos Santos SFA/PA (91)3292.0001 jose.monteiro@agricultura.gov.br
Embrapa Clima
43 PI Pós-Colheita (Nacional) Rufino Fernando Flores-Cantillano Temperado (53)3275.8185 fcantill@cpact.embrapa.br
44 PI Raízes (ES) Carlos Alberto Simões do Carmo Incaper/ES (28) 3248.1195 csimoes@incaper.es.gov.br
45 PI Rosas (MG) Elka Fabiana Aparecida Almeida Epamig/MG (32)3379.2649 elka@epamig.br
Embrapa
Transferência de
46 PI Rosas (SP) Ana Paula Artimonte Vaz Tecnologia (19)3749.8888 ana@campinas.snt.embrapa.br
Embrapa
Transferência de
47 PI Soja (PR) Divania de Lima Tecnologia (43)3371.6131 divania@cnpso.embrapa.br
48 PI Tomate de Mesa (ES) José Mauro de Sousa Balbino Incaper/ES (27)3248.1195 balbino@incaper.es.gov.br
49 PI Tomate de Mesa (SC) Walter Ferreira Becker Epagri/SC (49)3561.2000 wbecker@epagri.sc.gov.br
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MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário Cooperativismo
Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade
Coordenação Geral de Sistemas de Produção Integrada
PI Tomate Industrial
50 (DF/GO/MG) Geni Litvin Villas Boas Embrapa Hortaliças (61)3385.9046 geni@cnph.embrapa.br
51 PI Trigo (RS/PR) José Maurício Cunha Fernandes Embrapa Trigo (54)3316.5800 mauricio@cnpt.embrapa.br
Embrapa Uva e
52 PI Uva de Mesa (MG) George Wellington Bastos de Melo Vinho (54)3455.8047 george@cnpuv.embrapa.br
Embrapa Semi-
53 PI Uva de Mesa (PE/BA) José Eudes de Morais Oliveira árido (87)3862.1711 jose.eudes@cpatsa.embrapa.br
Embrapa Uva e
54 PI Uva de Mesa (PR) Lucas da Ressurreição Garrido Vinho (54)3455.8000 garrido@cnpuv.embrapa.br
Embrapa Semi-
55 PI Uva Vinífera (PE/BA) Paulo Roberto Coelho Lopes Árido (87)3862.1711 proberto@cpatsa.embrapa.br
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