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Nova conceção de arte. A poesia está, não na dor experimentada ou sentida mas, no fingimento
dela, apesar do poeta partir da dor real “a dor que deveras sente”. Não há arte sem imaginação,
sem que o real seja imaginado de maneira a exprimir-se artisticamente e ser concretizado em
arte. Esta concretização opera na memória a dor inicial fazendo parecer a dor imaginada mais
autêntica do que a dor real. Podemos chegar à conclusão de que há 4 dores: a real (inicial), a
que o poeta imagina (finge), a dor real do leitor e a dor lida, ou seja, intelectualizada, que
provém da interpretação do leitor. A expressão dos sentimentos e sensações intelectualizadas
(intelectualização dos sentimentos) são fruto de uma construção mental, a imaginação impera
nesta fase de fingimento poético. O fingimento é obtido com a junção de vários fatores como: a
intelectualização dos sentimentos, a despersonalização (fragmentação do eu) e a grande
capacidade de dramatização do poeta. O pensamento e a sensibilidade são conceitos
fundamentais na ortonímia, o poeta brinca intelectualmente com as emoções, levando-as ao
nível da arte poética. O poema resulta, então, de algo intelectualizado e pensado. O fingimento
está, pois, em toda a arte de Pessoa. O Saudosismo que se encontra na obra de Pessoa não é
mais do que “vivências de estados imaginários”. Pessoa conclui que o poeta é um fingidor tal
como um racionalizador de sentimentos.
O poema não traduz aquilo que o poeta sente, mas sim aquilo que imagina a partir do que
anteriormente sentiu. O poeta é, pois, um fingidor, que escreve uma emoção fingida, pensada,
por isso fruto da razão e da imaginação, e não a emoção sentida pelo coração, que apenas
chega ao poema transfigurada, na tal emoção trabalhada poeticamente, imaginada.
Podemos chegar à conclusão de que há 4 dores: a real (inicial), a que o poeta imagina (finge), a
dor real do leitor e a dor lida, ou seja, intelectualizada, que provém da interpretação do leitor.
Pessoa conclui que o poeta é um fingidor tal como um racionalizador de sentimentos.
É, portanto, a teoria que diz que aquilo que se escreve não é o que se sente mas o que se
pensa que se sente.
Logo, não se sente, só se pensa.