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São Paulo
2012
WILLIAN JOSÉ DA COSTA FILHO
São Paulo
2012
Ficha Catalográfica
Costa Filho, Willian José
CORREÇÃO ENDOVASCULAR DO ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL
INFRARENAL – ENFOQUE ATUAL Willian José da Costa Filho – São Paulo
2012.
Assinatura do Autor:____________________________________
FOLHA DE APROVAÇÃO
.
ABSTRACT
The principles of interventional radiology for aortic aneurysmal disease
remodeled their treatment. Until the beginning of the 90 treatment was exclusively
for open repair and was associated with high morbidity and mortality.
Awakened by improvement of endovascular techniques and the
development of new devices, endovascular repair of abdominal aortic aneurysm
became integral to patient care with this disease entity, being the first choice for
treatment.
Parallel to the development of materials engineering, we live in a period of
expansion of indications for endovascular repair of infrarenal aorta aneurysms.
The objective of this paper is to analyze the current focus of endovascular repair
of infrarenal abdominal aortic aneurysms.
Descriptors: infrarenal abdominal aortic aneurysm, endovascular,
interventional radiology.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………….……..….1
2 PROPOSIÇÃO…………………………………………………………….………..… 2
3 DISCUSSÃO………………………………………………………………..……..……2
3.1 O TRATAMENTO PERCUTÂNEO…………………………………..….……...2
3.1.1 Histórico...............................................................................................2
3.1.2 As Endoprótese...................................................................................5
3.1.3 O Procedimento...................................................................................7
3.1.4 Considerações Anatômicas...............................................................10
3.1.5 Complicações....................................................................................11
3.1.5.1 Lesão Vascular.....................................................................11
3.1.5.2 Vazamentos (endoleaks).....................................................11
3.1.5.3 Síndrome pós-implante........................................................12
3.1.5.4 Infeccão................................................................................12
3.1.6 Seguimento Pós-Procedimento.........................................................13
3.2 Enfoque atual da abordagem endovascular do aneurisma de aorta
abdominal.........................................................................................................13
3.2.1 Principais estudos multicêntricos e randomizados............................13
3.2.2 A correção endovascular do aneurisma roto da aorta abdominal.....17
3.2.3 Expansão da anatomia considerada favorável..................................18
3.2.4 O tamanho do aneurisma verus vigilância.........................................20
4 CONCLUSÃO..................................................................................................22
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................23
6 REFERENCIAS................................................................................................24
7 ANEXO...............................................................................................................26
1
1 INTRODUÇÃO
2 Proposição
O objetivo deste trabalho é descrever o estado da arte do tratamento
endovascular dos aneurismas de aorta, particularmente a aorta abdominal
infrarrenal, baseando-nos na evolução da engenharia das endopróteses e nos
estudos recentes, que permitiram ampliar sobremaneira a indicação desta
modalidade terapêutica, hoje em dia, a primeira escolha no tratamento do
aneurisma.
3 DISCUSSÃO
3.1 O TRATAMENTO PERCUTÂNEO
3.1.1 HISTÓRICO
Figura 3: recanalização de artéria ilíaca comum e externa por angioplastia com implante
de stent.
3.1.2 As Endopróteses
As endopróteses empregadas para o tratamento do aneurisma da aorta
abdominal consistem basicamente em um arcabouço metálico (de aço ou ligas de
nitinol ou cromocobalto) que é recoberta por poliéster ou PTFEe
(politetrafluoroestieno expandido) e comprimida em um sistema coaxial de
liberação endovascular[17].
A sustentação se faz por um “stent” proximal que é implantado justaposto
às artérias renais, que permite a passagem do fluxo sangüíneo para os rins. Este
sistema é conhecido como “free flow”. A maioria dos stents proximais é
confeccionada em nitinol, uma liga metálica de memória térmica desenvolvida
para os projetos espaciais pela NASA. O nitinol expande quando em contato com
a temperatura do corpo, até atingir o diâmetro para o qual foi fabricado. A
endoprótese é sustentada inicialmente pela força radial do stent, posteriormente,
o stent será incorporado à parede arterial pela criação de novo endotélio,
reduzindo o risco de migração do sistema[19]. A maioria das endopróteses é
sustentada por sistema de stent com free flow; o outro mecanismo idealizado é
duplo stent em anel com ganchos. A evolução destes sistemas foi à incorporação
dos ganchos ao sistema de free flow.
6
3.1.3 O Procedimento
Tradicionalmente, o procedimento pode ser realizado na sala de
hemodinâmica ou no centro cirúrgico, sempre equipado com um bom sistema de
imagens digitais. Porém, a tendência atual é a realização do procedimento em
sala híbrida, que consiste na fusão da sala de hemodinâmica com o centro
cirúrgico. Dentre os vários benefícios temos as vantagens do ambiente estéril,
adequado aparato instrumental cirúrgico para a dissecção femoral e, caso
8
3.1.5 Complicações
3.1.5.1 Lesão vascular
Relacionada, principalmente, à passagem da endoprótese pelo sistema
ilíaco-femoral. A presença de placas e tortuosidades pode resultar em perfuração
arterial, causando hemorragia vultosa; ou trombose arterial por descolamento de
placa de ateroma, resultando em isquemia do membro inferior. Em ambas as
situações haverá necessidade de intervenção operatória a céu aberto para
correção do dano. Algumas situações podem ser previstas no momento da
interpretação da angiotomografia, que deve conter dados concernentes ao estado
da parede arterial, como a presença de placas de ateroma hemodinamicamente
significativas, tortuosidade acentuada e calibre das artérias femorais e ilíacas
externas, por onde a prótese vai navegar. Caso a angiotomografia não tenha
informações sobre as artérias femorais, estes dados adicionais podem ser
obtidos com o Doppler colorido[26].
3.1.5.4 Infecção
A ferida operatória inguinal, realizada para dissecção das artérias femorais,
apresenta taxas de infecção semelhantes a outros procedimentos limpos
realizados neste local. Geralmente se resolve com antibióticos para germes de
pele, sem maiores intercorrências.
13
Tamanho do aneurisma ≥ 4.0 (5.6 ±1.0) ≥5.0 (6.0 ± 0.9) ≥5.5 (6.5 ± 1.0) ≥5.0
EUROSTAR, European Collaborators on stent Graft Techniques for Abdominal Aortic Aneurysm Repair Registry DREAM,
Dutch Randomized Endovascular Aneurysm Management Trial;; EVAR Trial, UK Endovascular versus Open Repair of
Abdominal Aortic Aneurysm Trial; OVER, Open versus Endovascular Repair Veterans Affairs Cooperative.
trombos restritos a não mais que 50% de sua circunferência e com angulação
inferior a 60 graus é considerado o ideal. A anatomia desfavorável do colo é a
razão primária pela qual os pacientes com aneurisma aórtico infrarrenal têm que
ser submetidos ao reparo aberto.
Entretanto, com o aperfeiçoamento da técnica e o desenvolvimento de
novos dispositivos, colos proximais com menos de 15 mm têm sido tratados.
AbuRahma et al. analisaram uma série de 237 pacientes, sendo que 53% deles
apresentavam colo desfavorável, sendo 24 (10,1%) com 10 a 15 mm de extensão
e 17 (7,1%) com menos de 10 mm, .sendo 24 (10,1%) com 10 a 15 mm de
extensão e 17 (7,1%) com menos de 10 mm.
Na análise da importância do comprimento do colo, verificaram um
aumento na incidência de endoleak tipo I, tanto precoce como tardiamente,
porém não houve aumento das reintervenções tardias, apenas das precoces com
colocação de extensões proximais e stents expansíveis por balão. Entretanto,
documentaram uma taxa mais elevada de complicações e mortalidade
perioperatória em pacientes com colo proximal inferior a 15 mm de extensão.
Em recente publicação do estudo piloto da endoprótese Talent® com
sistema de baixo perfil, colos tão curtos quanto 3 mm foram tratados, com taxa de
mortalidade de 1,5% em 30 dias. No acompanhamento por um período de cinco
anos, a taxa de ruptura dos aneurismas foi de 3,5% e a conversão para cirurgia
ocorreu em 0,9% (1/137).
Esses dados nos indicam a necessidade de se avaliar a realização do
tratamento endovascular em pacientes com anatomia adversa. É provável que
com a experiência crescente e com o desenvolvimento de novos materiais, os
cirurgiões vasculares se sintam mais seguros em tratar esse grupo de pacientes,
principalmente os que apresentarem risco cirúrgico elevado para o tratamento
aberto.
que outro com 4,5 cm levará cerca de 2,3 anos. O ritmo de expansão como
indicativo de ruptura é posto em dúvida por alguns autores, pois além de diâmetro
maior, alguns outros fatores são considerados para o risco de ruptura.
O tratamento do aneurisma de aorta abdominal, indiscutivelmente, teve um
grande avanço desde a instituição do tratamento endovascular. Atualmente, mais
de 30.000 endopróteses são implantadas por ano, tendo resultado global
favorável. Assim, diante dos menores riscos cirúrgicos associados à técnica
endovascular, tem-se hoje um novo peso na balança da relação risco x benefício,
em relação à indicação do tratamento e à vigilância do aneurisma.
As análises retrospectivas de bancos de dados EVAR sugeriu que os
resultados do tratamento endovascular estão diretamente relacionados ao
tamanho do aneurisma e são melhores para AAA menores Desta forma, diante
das menores taxas de morbimortalidade atribuídas ao tratamento endovascular,
pacientes com aneurisma pequenos podem se beneficiar do tratamento precoce,
apresentando melhor sobrevida global.
Em estudo retrospectivo recentemente publicado por Zarins e cols, os
resultados a curto e longo prazo do EVAR parecem ser dependentes do tamanho
do aneurisma. Com base nestas observações, o benefício do tratamento
endovascular pode ser potencialmente mais significativo para as pessoas com
aneurismas menores.
No registro da Cleveland Clinic, mais de metade (60%) dos pacientes que
receberam tratamento endovascular apresentavam aneurismas menores que 5,5
cm diâmetro. Da mesma forma, no estudo EUROSTAR, 45% dos pacientes
tratados por técnica endovascular também tinham diâmetro menor que 5,5 cm.
Atualmente dois ensaios clínicos randomizados estão em andamento para
estudar o tratamento endovascular em aneurismas menores: CAESAR
(Comparison of surveillance vs Aortic Endografting for Small Aneurysm Repair) e
PIVOTAL (Positive Impact of endoVascular Options for Treating Aneurysms
earLy).
O estudo CAESAR é um estudo prospectivo multicêntrico que comparou
370 pacientes, a curto e a médio prazos, submetidos a tratamento endovascular
contra a 370 pacientes submetidos a vigilância e tratamento tardio. No primeiro
grupo, a taxa de sobrevida em 12, 36, 54 meses foi de 98%, 88%, e 83%
respectivamente. Já no grupo de vigilância, a taxa foi de 98%, 88% e 63%,
respectivamente para o mesmo período. Os critérios de inclusão foram: anatomia
favorável (maior que 15 mm de comprimento e menor que 30 mm de diâmetro),
idade entre 50 – 80 anos e expectativa de vida de até 5 anos. Os critérios de
exclusão foram aneurisma supra-renal ou com acometimento simultâneo de aorta
torácica. O grupo de vigilância foi acompanhado até o óbito do paciente ou até
requerer o reparo cirúrgico, ou seja: quando o paciente tornou-se sintomático;
quando o aneurisma atingiu mais de 5,5cm ou apresentou crescimento maior que
1,0 cm/ano.
O estudo PIVOTAL é um estudo prospectivo com uma amostra de 1.050
pacientes (525 por grupo) portadores de aneurisma de aorta abdominal infrarenal
de 4,0 a 5,0 cm de diâmetro, com seguimento até a rotura ou desfecho primário
no período de 3 anos. Os critérios de inclusão foram anatomia favorável para
implante de endoprótese, idade entre 40 e 90 anos e condições clinicas
22
Tabela 3: Desenho dos ECR comparando REVA com vigilância de pequenos aneurismas de
AAAs
CAESAR PIVOTAL
Centros 17 70
4 Conclusão
O tratamento endovascular do AAA representa hoje uma realidade.
A aplicação dos princípios da intervenção endovascular na correção do
aneurisma de aorta abdominal infrarenal, representou um salto qualitativo e
inequívoco em seu tratamento. Assim, para os aneurismas factíveis a ambos os
métodos de tratamento, o reparo endovascular constitui, hoje, a terapêutica de
primeira escolha.
As indicações já abrangem os aneurismas rotos e em expansão, pela
menor morbidade do método endovascular.
Em decorrência dos ótimos resultados a curto e longo prazo, a tendência
é o tratamento endovascular em aneurismas menores que 5,0cm, tendo como
argumento ter o paciente melhores condições anatômicas e clínicas.
Ainda não há publicação que demonstre efetivamente um menor custo do
tratamento endovascular em relação à cirurgia a céu aberto, entretanto, podemos
inferir ser o primeiro menos oneroso em virtude da redução do tempo de
23
5 Considerações finais
6 Referências
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25
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endovascular graft for abdominal aortic aneurysm exclusion? J Endovasc Surg 1997; May
4(2): 195-202.
26
ANEXO
Implante de endoprótese (Endurand®) em aneurisma de aorta abdominal
infrarenal realizado por nossa equipe.
27