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PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE INFÂNCIA E JUVENTUDE DE PRAIA GRANDE-SP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE INFÂNCIA E


JUVENTUDE DA COMARCA DE PRAIA GRANDE-SP

O Ministério Público do Estado de São Paulo, por seu Promotor de Justiça


que esta subscreve, com fundamento nos arts. 127, “caput”, e 129, inc. III da
Constituição Federal, nos arts. 1º, inc. IV, 3º e 5º da Lei nº 7.347/85, e no art.
201, inc. V da Lei nº 8.069/90, vem com o costumeiro acatamento à presença de
Vossa Excelência interpor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA
CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA, em face do MUNICÍPIO DE PRAIA GRANDE, representado
judicialmente, por força do disposto no art. 12, inc. II do Código de Processo Civil
por seu Prefeito Municipal, Dr. Ricardo Akinobu Yamauti, domiciliado à Àv.
Presidente Kennedy, nº 9.000, Vila Mirim, aqui nesta urbe, expondo e requerendo
o seguinte:

DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO

É cediço que o atual texto constitucional reconheceu ao Ministério Público


indispensável competência para a defesa dos direitos difusos e coletivos, missão
que já é devidamente regulamentada por rico plexo legislativo ordinário.

Esse mister tem especial relevo na seara dos direitos menoristas, face à
importância e a atenção de nosso legislador e da sociedade como um todo para
com os direitos de nossas crianças e adolescentes.

A Lei nº 8.069/90 é expressa:

“Art. 201. Compete ao Ministério Público:


.
.
.
V. promover o inquérito civil e a ação civil pública
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à
infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º, inciso II da
Constituição Federal;
VI. ...”

Patente, dessa forma, a legitimidade do órgão ministerial para deduzir a


presente pretensão em juízo, marcadamente dirigida à proteção de todos os
menores desta Comarca, porque visa compelir o Poder Público Municipal a
propiciar todos os meios e condições materiais necessários ao regular exercício
das atribuições legais do Conselho Tutelar desta cidade, órgão legalmente

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incumbido de zelar pela proteção e defesa dos interesses e direitos da


comunidade menorista local.

DOS FATOS

O Conselho Tutelar de Praia Grande foi criado pela Lei Municipal nº


947/96, estando atualmente em pleno exercício de suas atividades.

É sabido que, para que o referido órgão possa executar a contento seus
misteres funcionais, é preciso que seja dotado de um mínimo de aparato material
e humano.

Com efeito, no seu dia-a-dia, os Conselheiros laboram em uma variada


gama de atividades. Realizam visitas domiciliares, recebem menores e familiares
na sede do órgão, efetuam transportes de infantes no interior da Comarca e para
outras cidades próximas, etc.

Para esse trabalho, os integrantes do órgão necessitam de uma infra


estrutura mínima, em termos de recursos materiais e humanos, para que as
referidas funções possam ser exercidas com o dinamismo e a eficiência
necessárias ao resguardo dos direitos dos menores atendidos.

Ocorre que, na atualidade, o Conselho Tutelar não tem a sua disposição a


necessária estrutura para o bom desempenho de suas atribuições legais, fato que
vem trazendo prejuízo à plena defesa dos direitos de nossas crianças e
adolescentes.

Essa situação fez com que os Conselheiros se reportassem a esta


Promotoria de Justiça, por meio do ofício nº 115/99, com o intuito de externar as
deficitárias condições que lhe são oferecidas, bem como rogando as possíveis
providências para o caso.

A solicitação dos Conselheiros motivou a instauração do procedimento


administrativo nº 003/99, nesta Promotoria de Justiça, que acompanha a
presente, visando colher as informações necessárias à delimitação de todos os
problemas e necessidades vividas pelo órgão, as quais, uma vez detectadas,
necessitam ser expostas.

Quanto ao imóvel colocado à disposição para a sede do Conselho

Atualmente, a sede do Conselho Tutelar está funcionando nas próprias


dependências da Fundação São Francisco de Assis, mantida pela Prefeitura
Municipal, ocupando uma sala do imóvel.

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Recentemente, o poder público disponibilizou ao Conselho uma outra sala


contígua.

Ocorre que ambas salas disponibilizadas não atendem as necessidades do


órgão, porque não são isoladas uma da outra, já que divididas apenas por meia
parede.

Com efeito, cumpre assinalar que os Conselheiros atendem casos


delicados. Recebem menores vítimas de maus tratos, violência sexual, além de
outras formas de agressividade doméstica, as quais precisam relatar-lhes os fatos
ocorridos, geralmente causadores de constrangimento e medo.

Essas pessoas procuram sempre expor seus problemas de modo


reservado, longe dos olhos e ouvidos de terceiros curiosos, face ao indizível
desprazer que os fatos causam a elas.

As dependências do Conselho Tutelar devem, portanto, oferecer aos


menores e familiares atendidos o mínimo de discrição exigível, para que possam
expor aos Conselheiros seus cotidianos dramas pessoais, permitindo que eles se
inteirem de todo o caso e, a partir daí, possam tomar todas as medidas viáveis
para a defesa dos direitos dos infantes necessitados.

Portanto, não se prestando as atuais dependências físicas da sede do


Conselho Tutelar à plena defesa dos direitos de nossas crianças e adolescentes,
importa esclarecer quais as características que deve apresentar o imóvel para
essa finalidade.

Formulada a indagação aos próprios Conselheiros Tutelares, puderam eles


indicar as necessidades do órgão, consoante ofício acostado a fls. 166 do
procedimento que segue anexo.

Verifica-se que se faz necessário que o Poder Público Municipal coloque


em disponibilidade, para a instalação da sede do Conselho, um imóvel com as
seguintes características:

I. disponha de uma sala reservada para o atendimento de crianças,


adolescentes e seus familiares;

II. disponha de uma sala de entrada para o pessoal administrativo;

III. disponha de uma sala de espera para as crianças adolescentes e seus


familiares.

Urge, portanto, providenciar-se a adaptação das dependências colocadas


à disposição do órgão às necessidades do seu funcionamento, realizando-se as

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obras de alvenaria adequadas para que os Conselheiros tenham uma sala de


atendimento isolada da sala de triagem, de espera e de serviços administrativos.
Urge, também, que se dote essa dependência da mobília e do material
adequados à finalidade a que se presta (mesas, cadeiras, máquina de escrever,
etc), o que melhor se especificará no correr da instrução.

Quanto à disponibilização de uma linha telefônica para o funcionamento do


Conselho Tutelar

Consoante o teor da representação dirigida a esta Promotoria de Justiça, o


Conselho Tutelar não dispõe de uma linha telefônica para suas necessidades.

Na verdade, os Conselheiros vem fazendo uso de um ramal telefônico


colocado à disposição do órgão, o qual é incapaz de atender as necessidades do
serviço, já que dificulta a agilidade dos assuntos, porque os Conselheiros ficam
na dependência da telefonista para a realização das ligações.

Nessas condições, muitas vezes os Conselheiros são obrigados a esperar


cerca de 30 ou 40 minutos para terem suas ligações completadas, as quais são
efetuadas em razão do serviço, e não para fins particulares.

Ademais, os Conselheiros também enfrentam problemas quando, durante


o plantão, necessitam efetuar ligações fora do horário do expediente, quando não
há telefonistas de serviço, e as ligações passam a ser controladas pelo “vigia”
que permanece de serviço, na “sala de tráfego” do prédio onde funciona a sede
do órgão.

A realidade é uma só: a natureza do serviço do Conselho Tutelar exige


dinamismo, rapidez, sendo cediço que muitas das providências a serem adotadas
pelos Conselheiros são de caráter urgente, de sorte que o órgão necessita de
uma linha telefônica a sua disposição.

Os Conselheiros não podem ter sua agilidade de trabalho tolhida pelo


critérios que a administração utiliza para exercer o controle do uso das linhas
telefônicas de seus órgãos.

Alegações de que a realização de telefonemas via telefonista é uma forma


de controlar o uso da linha não podem ter o condão de fazer com que os
Conselheiros tenham que esperar por espaço de tempo mais que prolongado
para conseguirem efetuar os telefonemas que realizam em razão do serviço.

O Conselho Tutelar necessita de com urgência de uma linha telefônica a


sua disposição, a bem dos interesses das crianças e dos adolescentes da
Comarca.

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A natureza do serviço exercido pelo órgão está a demandar essa


providência, havendo maneiras do poder público controlar o uso do telefone, sem
causar tantos transtornos e embaraços ao bom andamento dos serviços.

Quanto aos recursos humanos colocados à disposição do Conselho Tutelar

A gama de atribuições exercidas pelo Conselho Tutelar é muito grande,


obrigando os Conselheiros, durante o transcurso de seus plantões, a exercerem
atividades variadas, atendendo a toda natureza de casos.

Para isso, os Conselheiros necessitam de suporte de recursos humanos,


que lhes possibilite agilizarem seus trabalhos.

À retaguarda dos trabalhos de frente dos conselheiros, existe uma série de


serviços correlatos, tais como digitação de relatórios, controle de arquivo, controle
de documentação dos casos, etc.

Por tudo isso, o Conselho Tutelar necessita de, ao menos, um auxiliar


administrativo a sua disposição.

Na atualidade, o Poder Público Municipal designou, para prestar serviços


ao órgão, a funcionária Sirça Aparecida de Souza.

Não obstante, por infelicidade, a nominada funcionária tem enfrentado


problemas de saúde, o que a obriga a freqüentes ausências ao serviço, de
maneira que ela não está conseguindo prestar aos Conselheiros o suporte
administrativo que se esperava de suas funções.

Tal realidade está prejudicando o bom andamento dos trabalhos dos


Conselheiros, porque, no impedimento da funcionária que lhes presta serviços,
eles são obrigados a desempenharem as funções administrativas que estavam
ao encargo dela.

Diante desse quadro, cumpre disponibilizar ao Conselho Tutelar uma outra


funcionária que esteja em condições de prestar o auxílio necessário, tornando o
órgão aparelhado do recurso humano necessário ao pleno exercício de sua
função.

Não é só.

Os Conselheiros Tutelares atendem casos extremos, sensíveis, que


exigem, muitas vezes, providências precisas e rápidas e extremamente técnicas.

Não são eles técnicos, estando a necessitar do devido auxílio que lhes
possa ser prestado por profissionais habilitados.

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Lembre-se que a razão de sua atuação são as nossas crianças e


adolescentes, com as quais deve-se desprender todo o cuidado possível.

Em suas diligências, visitas e decisões, os Conselheiros necessitam de


auxiliares técnicos, que estejam aptos a assessorá-los, agilizando os
atendimentos dos casos, e fornecendo-lhe informações e esclarecimentos que os
norteiem na adoção das medidas mais benéficas e eficientes em benefício da
comunidade menorista local.

Nesses termos, o Conselho Tutelar deve dispor de uma equipe técnica


(assistente social e psicóloga) a prestar-lhe serviços, quando necessário.

Quadra assinalar, a título de argumentação, que até o ano de 1.997 o


Conselho tinha a sua disposição uma assistente social que auxiliava os
Conselheiros em suas visitas, facilitando a agilização dos acompanhamentos e a
emissão dos relatórios necessários.

Imprescindível, portanto, dotar o Conselho Tutelar do mencionado apoio


técnico-profissional.

Quanto à disponibilização de verbas mínimas ao funcionamento do


Conselho Tutelar

No dia-a-dia de seu exercício funcional, os Conselheiros realizam uma


série de atividades que demandam pequenos gastos.

Com freqüência, efetuam deslocamentos para outros municípios com o


veículo colocado à disposição do órgão, sendo necessário o pagamento de tarifas
de pedágio e de travessias de balsa.

Além disso, em viagens intermunicipais mais longas, surge o problema da


alimentação, não só dos próprios Conselheiros, como também dos motoristas
que prestam serviço ao órgão.

O impasse tem que ser resolvido, importando colocar à disposição dos


Conselheiros as verbas necessárias para as citadas naturezas de gastos ou, ao
menos, os cupons e tíquetes (pedágio, balsa, etc) que o caso requer.

Outrossim, necessário se faz também oferecer aos motoristas que servem


o Conselho os mesmos direitos de alimentação de que gozam os demais
funcionários públicos municipais, tornando possível evitar o fato dos Conselheiros
terem que arcar, com seus próprios recursos, com gastos de alimentação dos
motoristas que lhe prestam serviços.

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Não é só.

Por ocasião das temporadas de veranistas, é muito comum a necessidade


de recâmbio de menores atendidos, providenciando-se seu encaminhamento ao
município de origem, mais comumente a capital.

Na atual situação, essa providência é tomada com o uso do veículo do


órgão, por meio do transporte dos menores até suas respectivas cidades de
origem.

Ocorre que existe a possibilidade legal de se providenciar o retorno, ao


menos dos adolescentes, por meio de ônibus intermunicipais, mediante contato
prévio com seus familiares, que os poderão aguardar em sua chegada a seus
municípios.

Essa alternativa facilitaria em muito os trabalhos dos Conselheiros,


agilizando os atendimentos por eles prestados e poupando-lhes tempo, já que
evitaria a necessidade de constantes (e muitas vezes desnecessários)
deslocamentos à capital e outras cidades.

Para torná-la exequível, há tão somente a necessidade de ser colocado à


disposição do Conselho Tutelar passes de transporte intermunicipal que possam
ser utilizados para as viagens dos menores a serem recambiados, a qualquer dia
da semana, a qualquer hora do dia.

Ainda não é tudo.

Na impossibilidade de se fornecer aos Conselheiros Tutelares os


pretendidos meios de trabalho, necessário se faz, de modo alternativo,
possibilitar-lhes o reembolso de despesas que, eventualmente, tenham que fazer
com seus próprios recursos, no exercício de sua função legal, na defesa de
nossas crianças e adolescentes.

Para isso, urge compelir a municipalidade a implantar e otimizar, junto ao


órgão fazendário competente, uma rotina administrativa que, ao menos,
possibilite a execução dessa segunda alternativa para a solução do problema.

DO DIREITO

Preconiza o art. 227, “caput” da Constituição Federal:

“É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
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comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,


discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”

Na mesma esteira, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal nº


8.069/90), em seu art. 4º, assim comanda:

“É dever da família, da comunidade, da sociedade


em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade e
à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia da prioridade
compreende:
a) …
b) …
c) preferência na formulação e na execução das
políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos
nas áreas relacionadas com a proteção à infância e juventude (grifo nosso).

Mais ainda.

O art. 134 do aludido Estatuto também prescreve:

“Lei Municipal disporá sobre local, dia e horário de


funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto a eventual
remuneração de seus membros.
Parágrafo único. Constará da Lei Orçamentária
Municipal previsão dos recursos necessários ao funcionamento do
Conselho Tutelar.”

No mesmo compasso, a Lei Municipal nº 1.048/99, que reestruturou o


Conselho Municipal local, criado pela Lei Municipal nº 947/96, assim estabelece:

“Art. 4º - Compete ao Poder Executivo a destinação


de local apropriado e dos recursos necessários ao funcionamento do
Conselho Tutelar.”

Ainda não é tudo.

A pretensão jurídica de se compelir o poder público a disponibilizar equipe


técnica ao Conselho Tutelar comporta uma argumentação mais minuciosa quanto
a sua justificativa.

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O art. 136 do Estatuto da Criança e do Adolescente elenca as atribuições


do órgão versado nesta inicial:

“Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:


I. atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VII;
II. atender e aconselhar os pais ou responsável,
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
….
VI. providenciar a medida estabelecida pela
autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
adolescente autor de ato infracional;
….
X. representar, em nome da pessoa e da família,
contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II da CF;
XI. representar ao Ministério Público, para efeito
das ações de perda ou suspensão do pátrio poder.”

Cumpre assinalar que foram transcritos apenas alguns dos incisos da


referida norma por razões de conveniência, já que os demais, ainda que
definidores de atribuições tão relevantes quanto estas para a adequada solução
do Conselho Tutelar, não são objeto específico desta análise, até por trataram-se,
em alguns casos, de serviços meramente burocráticos ou que não necessitam de
interpretações críticas.

Cumpre agora, portanto, analisar minuciosamente cada atribuição acima


mencionada, a fim de se extrair desse estudo uma conclusão plausível à
necessidade de profissionais especializados, mais especificadamente psicólogos
e assistentes sociais, auxiliando as decisões dos integrantes do Conselho.

O inciso I determina como atribuição dos Conselheiros “atender as


crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105”. O art. 98
trata das medidas de proteção às crianças e adolescentes, elencadas no art. 101,
aplicáveis em casos de violação ou ameaça aos direitos reconhecidos pela Lei nº
8.069/90 em virtude de ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta,
omissão ou abuso dos pais ou responsável, ou em razão da conduta do próprio
menor. O art. 105, de sua feita, determina que os atos infracionais praticados por
criança serão correspondentes às medidas previstas no artigo 101.

Como se percebe, ambos os dispositivos dizem respeito ao art. 101, o


qual, segundo o próprio artigo 136, deve ser aplicado a critério dos conselheiros,
à exceção do inciso VIII, por razões que não cabe aqui expor. Mas de que trata,
então, o ventilado artigo 101? Trata das medidas de proteção a serem aplicadas

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aos menores nas hipóteses já abordadas. De acordo, portanto, com tal


determinação legal, são elas:

I. encaminhamento aos pais ou responsável,


mediante termo de responsabilidade;
II. orientação, apoio e acompanhamento
temporários;
III. matrícula e freqüência obrigatórias em
estabelecimento de ensino fundamental;
IV. inclusão em programa comunitário ou oficial de
auxílio à família, à criança ou adolescente;
V. requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI. inclusão em programa oficial ou comunitário de
auxílio, orientação e tratamento à alcoólatras e toxicômanos;
VII. abrigo em entidade.

Uma análise mais percuciente dessas medidas permite verificar que muitas
delas dependem de um estudo específico do caso, da situação emocional em
que se encontra o menor, da posição da família e da escola em relação a esse,
da interferência de elementos externos à configuração da situação concreta,
dentre muitos outros requisitos que melhor caberia a um psicólogo detalhar.

Recebe o Conselho Tutelar, por meio do inc. I, o encargo de atender às


crianças e aos adolescentes que estejam em situação de risco pessoal e social,
em razão dos seus direitos terem sido ameaçados ou violados por ação ou
omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou
responsáveis, em razão de sua conduta (art. 98), além, da criança de até 12 anos
de idade que praticou uma infração penal, crime ou contravenção (art. 105).

Assim, a criança e o adolescente que se enquadrarem no elenco dos


casos acima mencionados serão levados ao Conselho Tutelar, que promoverá
seu encaminhamento aos pais ou responsáveis, orientação, apoio e
acompanhamento temporários, matrícula e freqüência obrigatória em
estabelecimento oficial de ensino fundamental, inclusão em programa comunitário
ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente, requisição de
tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico em regime hospitalar ou
ambulatorial, inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, tratamento e
orientação a alcoólatras e toxicômanos, e abrigo em entidade (art. 101, inc. I a
VII).

Já no inciso II atribuição do Conselho Tutelar é a de realizar um trabalho


educativo de atendimento, ajuda e aconselhamento aos pais ou responsável, a
fim de superarem as dificuldades materiais, morais e psicológicas em que eles se
encontram, de forma a propiciar um ambiente saudável para as crianças e os
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adolescentes que devem permanecer com eles, tendo em vista ser justamente
em companhia dos pais ou responsável que terão condições de se desenvolver
de forma mais completa e harmoniosa.

Para tanto, o Conselho Tutelar poderá aplicar, em relação aos pais ou


responsável, as seguintes medidas de assistência ao seu alcance:

a. encaminhamento a programa oficial ou


comunitário de promoção à família;
b. inclusão em programa oficial ou comunitário de
auxílio e orientação a alcoólatras e toxicômanos;
c. encaminhamento a tratamento psicológico e
psiquiátrico;
d. encaminhamento a cursos e programas de
orientação (art. 129, incs. I, II, III e IV).

Considerando o bem estar da criança e do adolescente, poderá, ainda, o


Conselho Tutelar impor aos pais ou responsável obrigações de matricular o filho
ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar, e encaminhar
a criança ou adolescente a tratamento especializado, bem como aplicar a medida
de advertência como forma de alerta aos pais ou responsável, que vêm
descumprindo suas obrigações e seu deveres (art. 129, inc. V, VI e VII).

À guisa de exemplificação, veja-se a disposição do inciso II do referido


artigo, que determina a orientação, apoio e acompanhamento temporários.
Primeiramente, cumpre ao Conselheiro identificar esta medida como a mais
adequada a ser aplicada ao caso concreto, após análise dos inúmeros pontos
mencionados acima, dentre os demais que ele julgar pertinentes. Optando, então,
pela medida de proteção especificada no mesmo inciso II, deverá o Conselheiro,
pessoalmente, orientar o menor e, por vezes, também sua família e, dependendo,
ainda, da gravidade do caso, prosseguir acompanhando e orientando a criança
e/ou adolescente e seus parentes, até que o problema inicial tenha se extinguido.

Ora, por que as pessoas, em geral, quando necessitam de uma orientação


especializada, face a uma situação “sui generis”, procuram, ou são
encaminhadas aos profissionais especializados e as crianças e adolescentes de
que trata a legislação em testilha, em geral os mais necessitados, mais carentes
e mais desorientados, não têm direito a essa forma de ajuda? Qual o sentido de
uma orientação de cunho absolutamente psicológico e pessoal, feito por pessoa
completamente leiga no assunto, ainda que bem intencionada? Considerando tal
situação, poderíamos até adiantar a descaracterização destas funções atribuídas
ao Conselho, já que estas poderiam muito bem ser efetivadas por vizinhos,
amigos ou parentes do próprio menor, todos igualmente “preparados” para
colaborar nesses casos.

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Da mesma forma que esse problema surge com a aplicação do debatido


inciso II, surgirá também em muitos outros casos, os quais até se poderia discutir
mais longamente, o que não será feito por absoluta desnecessidade do tema.

Assinale-se, apenas, a título de argumentação, a medida apresentada no


inciso V do mesmo artigo. Tal medida determina que cabe aos Conselheiros
requisitarem tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar
ou ambulatorial. Ora, requisitar tratamento médico ou psicológico ainda é decisão
mais simples, face ao próprio cotidiano, que consolida um mínimo de experiência
em cada um. Já o tratamento psiquiátrico requer um conhecimento específico
para identificação de condutas patológicas que exige cuidados próprios, por
vezes até urgentes. Novamente, questiona-se qual o sentido de uma pessoa com
conhecimento técnico comum proceder a estas requisições, realizando
verdadeiros “chutes” científicos, que podem gerar enormes prejuízos à criança ou
ao adolescente, seja pela demora seja pela inadequação do tratamento
reivindicado.

Dispõe o inciso VI que o Conselho Tutelar deverá providenciar


cumprimento da medida ordenada pela autoridade judiciária dentre as previstas
no art. 101, inc. I a VI para o adolescente praticante de ato infracional, crime ou
contravenção.

Consoante se percebe, o Conselho Tutelar não se limita a atender crianças


e jovens em situação de risco pessoal e social, como os carentes e
abandonados, mas também a assistir os adolescente que praticaram ato
infracional, encaminhados pelo sistema da Justiça de Infância e Juventude. Entre
outras medidas, o Conselho promoverá a matrícula, orientação, apoio e
acompanhamento temporário a esses jovens.

Cotejando-se as referidas atribuições do Conselho Tutelar, dessume-se


que é patente o absurdo concernente ao fato dos Conselheiros tecnicamente
leigos realizarem as atribuições previstas no inc. I do art. 136 sem qualquer tipo
de auxílio, também o sendo, pelos mesmos motivos, a forma de aplicação do
inciso II, o qual remete às medidas aplicáveis aos pais ou responsável.

Tais medidas, exatamente da mesma maneira que as medidas elencadas


pelo já mencionado art. 101, necessitam, na maioria das vezes, de apreciação
psicológica ou dependendo do caso, feita por assistente social, a fim de que não
se perca seu maior objetivo, qual seja, orientar, de fato, os pais, para que estes
não infrinjam, ou não permitam que se infrinja os direitos dos seus filhos
menores.

É relevante, ainda salientar que não assiste razão ao falho argumento de


que se poderia produzir, no sentido de não ser possível contar com tais
profissionais, face à falta de previsão legal taxativa.

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A propósito, impende transcrever o teor do art. 6º da Lei nº 8.069/90:

“Na interpretação desta lei levar-se-ão em conta os


fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e
deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em desenvolvimento.”

Ora, se o Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser, como um todo,


interpretado segundo os fins sociais a que se destina, e estes são, basicamente,
a proteção integral dos direitos do menor, não há outro modo de se interpretar as
atribuições de natureza técnica dos Conselheiros Tutelares que não sejam
realizadas por técnicos das áreas alhures mencionadas. Se a leitura do ventilado
diploma legal deve ser feita sob um ângulo estritamente formalista, não há
sentido em proceder a nenhum tipo de interpretação, já que as normas estariam
contemplando toda sorte de situações da vida prática, o que retiraria todo sentido
do artigo acima reproduzido.

Ocorre que, se tal dispositivo existe, é porque o legislador entendeu que as


interpretações desta Lei, estabelecidas em benefício efetivo à proteção dos
direitos do menor, devem ser aplicadas na prática, visando a consagração maior
da finalidade da própria Lei e, consequentemente, de todo o sistema jurídico.

Cotejando-se o aludido plexo normativo, verifica-se que incumbe ao Poder


Público Municipal disponibilizar ao Conselho Tutelar os meios e condições
necessários ao perfeito funcionamento do órgão, fazendo inserir, em lei
orçamentária anual, os recursos a lhe serem destinados, e, ao depois,
fornecendo-lhe as condições materiais e humanas exigíveis ao cumprimento das
missões legais por parte dos Conselheiros.

Importa, portanto, compelir a municipalidade ao cumprimento de seu dever


legal.

Mais que motivar o simples cumprimento do ordenamento jurídico vigente,


tal medida simboliza obrigar o Poder Público a conferir ao Conselho Tutelar a
magnitude e a dignidade que o órgão merece, na medida em que ele representa
a voz da comunidade na execução de medidas de resguardo e proteção de
nossas crianças e adolescentes.

No caso em tela, O Poder Público já foi consultado por esta Promotoria de


Justiça quanto à possibilidade de adotar, de ofício, as medidas ora pretendidas.

Tem esta, portanto, a finalidade de provocar a tutela jurisdicional no


sentido de que se dê pleno cumprimento à legislação em vigor, e se obrigue
juridicamente o município a desincumbir-se de seus deveres normativos, no que

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se refere ao oferecimento das condições materiais e humanas necessárias ao


funcionamento do Conselho Tutelar desta urbe.

DA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA

Demonstrou-se que a situação do Conselho Tutelar local é claudicante,


estando a exigir, em caráter urgente, que se adotem medidas capazes de colocar
a sua disposição os meios que necessita para a execução de suas atribuições
legais.

Dispõe o art. 273 do Código de Processo Civil, em sua nova redação, que:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte,


antecipar total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido
inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verosimilhança da alegação e:
I - haja fundado de receio de dano irreparável ou de
difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito ou de
defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.”

No caso em debate, flagrante a possibilidade de irreparabilidade do dano.

Com efeito, a falta de recursos para o perfeito funcionamento do Conselho


Tutelar vem em detrimento no nível de excelência de seus serviços prestados,
fato que arranha, de modo imediato, os direitos e interesses dos menores de
nossa Comarca.

O direito não pode demorar a chegar no socorro e na proteção da


comunidade menorista local, que aguarda providências compatíveis com as
necessidades do órgão da sociedade encarregado de defendê-la.

Não é só.

A Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), em seus arts. 11 e 12, assim
dispõe:

“Art. 11. Na ação que tenha por objeto o


cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o
cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade
nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária,
se esta for suficiente e compatível, independentemente de requerimento do
autor.
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar,
com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita à agravo.”
Petição Inicial – fls. 14
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Tal norma, destinada a fornecer instrumento processual para a tutela


jurisdicional de interesses difusos e coletivos, revela a atenção do legislador para
com um dos problemas mais relevantes na matéria: o da eficácia da tutela.

Os provimentos de urgência, que são instrumentos excepcionais de tutela


preventiva e provisória, nas lides interindividuais, devem ser utilizados como
provimentos antecipatórios, e substitutivos da decisão final em ações como a
presente.

Na esfera menorista, a preocupação da lei é ainda mais marcante,


conforme se observa na leitura do art. 213, §§ 1º e 2º do E. C. A.:

“§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e


havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando o réu.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo
anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de
pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
prazo razoável para o cumprimento do preceito.”

Diante a tramitação do feito, portanto, imperiosa se mostra a necessidade


de antecipar-se a tutela pretendida, obrigando o requerido a adimplir a obrigação
que se pretende seja-lhe atribuída, e fixando-se-lhe multa diária em caso de
descumprimento do comando judicial.

Nesses termos, pede-se a antecipação da tutela jurisdicional pretendida,


determinando-se:

I. seja fixado o prazo de sessenta dias, a contar da cabível notificação do


requerido, na pessoa de seu Prefeito Municipal, para que coloque à disposição do
Conselho Tutelar todos os recursos materiais e humanos que abaixo serão
enumerados, adotando as providências administrativas que o caso requer;

II. a imposição de multa cominatória diária, no valor correspondente a


R$1.000,00 (um mil reais), a cada dia de desrespeito, em caso de
descumprimento da tutela concedida antecipadamente, se, notificado, o requerido
desobedecer à determinação judicial, quedando-se inerte no prazo que lhe for
fixado para o cumprimento das obrigações a serem-lhe impostas, devendo os
valores decorrentes da incidência dessa multa reverterem ao fundo gerido pelo
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente desta cidade, que
fixará os critérios de utilização desses recurso (art. 213, § 2º, 214 e 260, § 2º do
E. C. A.).

Petição Inicial – fls. 15


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DO PEDIDO

Diante de toda a argumentação fática e jurídica colacionada, fica bem


delineada a pretensão ora deduzida.

Requer-se, portanto:

1. seja julgado procedente o presente pedido, condenando-se o requerido


ao cumprimento das seguintes obrigações de fazer, atinentes à destinação dos
recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar, prevista em lei:

I. realizar nas dependências colocadas à disposição do órgão as reformas


necessárias à adaptação do recinto aos serviços dos Conselheiros, por meio do
levantamento da parede que isole as salas, equipando-as, também com o
aparato mobiliário adequado, a ser indicado pelos Conselheiros durante a
instrução, tudo de modo a que fique disponibilizado, ao órgão menorista uma
sala reservada para o atendimento de crianças, adolescentes e seus familiares,
uma sala de entrada para o pessoal administrativo e de uma sala de espera para
as crianças adolescentes e seus familiares;

II. disponibilizar ao órgão uma linha telefônica que permita aos


Conselheiros efetuar ligações telefônicas sem a necessidade do aguardo dos
serviços de telefonista, de modo que as chamadas possam ser completadas
pelos próprios integrantes do Conselho, face à urgência e à necessidade dos
casos atendidos;

III. disponibilizar ao órgão servidor público para o exercício das funções de


caráter administrativo até que a atual funcionária que vem prestando serviços aos
Conselheiros esteja em normais condições de trabalho, face a seus atuais
infortúnios de saúde;

IV. disponibilizar ao órgão profissionais de equipe técnica (psicólogo e


assistente social), que possam acompanhar os Conselheiros no exercício de suas
atribuições legais, e que estejam em condições de prestar-lhes o devido
assessoramento de caráter técnico, mediante a elaboração de entrevistas,
relatórios, etc;

V. disponibilizar ao órgão recursos financeiros necessários, ou, em caráter


substitutivo, meios em espécie (cupons de pedágio, passes de transporte
intermunicipal, cupons de travessia de balsa, vales-refeição, etc) destinados à
cobertura das despesas atinentes à rotina dos atendimentos realizados pelos
Conselheiros Tutelares, implantando a necessária rotina administrativa que torne
viável oferecer aos Conselheiros, ao final de cada mês, os meios necessários às
atividades do mês seguinte, que serão indicadas pelos próprios Conselheiros;

Petição Inicial – fls. 16


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VI. disponibilizar aos servidores públicos que prestam serviços ao


Conselho Tutelar, na função de motorista, todos os direitos que essa categoria de
funcionários municipais possui no que se refere ao aspecto “alimentação”,
principalmente por ocasião de viagens intermunicipais, evitando-se, dessa forma,
que os Conselheiros Tutelares tenham que fornecer, com seus próprios recursos,
alimentação a esses servidores por ocasião de seus atendimentos;

VI. alternativamente, implantar rotina administrativa que permita aos


Conselheiros serem reembolsados das despesas de caráter excepcional que,
porventura, tenham que realizar no exercício da função (aquisição de passagens,
pagamento de tarifas de pedágio, de passagens de transporte marítimo por balsa,
etc), estabelecendo as normas de procedimento para o direito ao reembolso, que
deverão ser transmitidas aos Conselheiros Tutelares;

2. sua citação no endereço inicialmente declinado para, em querendo,


contestar a presente, sob pena de revelia;

3. na hipótese de descumprimento da determinação judicial, quer a título


de antecipação da tutela quer a título de provimento final, com o trânsito em
julgado da sentença que impuser condenação ao Poder Público Municipal, que se
determine a remessa das peças do presente processo ao Tribunal de Justiça de
São Paulo e para a Câmara Municipal, respectivamente, para apuração da
responsabilidade civil e por infração política-administrativa, contra o Chefe do
Poder público Municipal a que se atribuiu a omissão ora questionada (artigo 216
do ECA).

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente o depoimento pessoal do representante legal do
requerido e a oitiva de testemunhas, arrolando, para esse fim, as testemunhas do
rol abaixo, todos Conselheiros Tutelares, que poderão ser encontradas e
intimadas na sede do órgão.

Dá-se à presente, para os efeitos legais, o valor de R$2.000,00.


Nestes termos,
p. deferimento.
Praia Grande, 07 de dezembro de 1.999

WILLIAM ROBERTO RODRIGUES


5º Promotor de Justiça
(Promotoria de Justiça de Infância e Juventude)

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Rol de Testemunhas
. M.d.C.d.O.S., Conselheira Tutelar;
. M.J.d.S.C., Conselheira Tutelar;
. S.D., Conselheiro Tutelar;
. O.S.T., Conselheiro Tutelar.
(obs: todos localizáveis na sede do Conselho Tutelar desta cidade)

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