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Pedro F. Bendassolli1
Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil
Jairo Eduardo Borges-Andrade
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília,
Brasília, Brasil
Resumo
Nas últimas décadas, cresceu o interesse de governos e instituições de pesquisa com o desenvolvimento
das indústrias criativas. Tratam-se de setores nos quais se produzem bens, produtos e serviços de natu-
reza simbólica e que aliam valor econômico e cultural. No Brasil, já respondem por, aproximadamente,
10% do Produto Interno Bruto, e são importantes empregadores de mão de obra. O papel dos profissio-
nais atuando nestes setores é estratégico, pois são eles que inovam, transformam a criatividade em obras
e serviços de valor, e protagonizam o desenvolvimento desses setores. O objetivo deste artigo é propor
e fundamentar um modelo teórico-preditivo para desempenho empreendedor de profissionais criativos.
O referido modelo baseia-se em uma lógica hipotético-dedutiva e integra, como variáveis antecedentes,
mediadoras ou moderadoras, os constructos: individualismo e coletivismo, centralidade do trabalho,
autorregulação, competências empreendedoras, setor de atividade e variáveis demográficas. Além de
detalhar, teórica e operacionalmente, cada um desses constructos, o artigo traz recomendações para os
pesquisadores interessados no teste empírico do modelo proposto.
Palavras-chaves: Indústrias criativas, desempenho, empreendedorismo, profissionais criativos.
Abstract
In recent decades, governments and research institutes have shown growing interest in the development
of creative industries. These are industries that produce goods, products and services of a symbolic na-
ture endowed with both economic and cultural value. In Brazil, they already answer for approximately
10 percent of the Gross Domestic Product GDP and are important employers. Professionals active in
these industries play an strategic role as they innovate, transform creativity into valuable works and ser-
vices, and lead the industries’ development. This paper aims to provide the fundamentals of a theoretical
model of the entrepreneurial performance of creative professionals. The model is based on hypothetical-
deductive logic and uses the following constructs as antecedent, mediating or moderating variables:
individualism and collectivism, centrality of work, self-regulation, entrepreneurial skills, activity sector,
and demographic variables. In addition to theoretically and operationally discussing these constructs,
the paper offers recommendations for researchers interested in empirically testing the proposed model.
Keywords: Creative industries, performance, entrepreneurship, creative professionals.
1
Endereço para correspondência: Departamento de Psicologia, Centro de Ciências Humanas Letras e Artes,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, s/n, Campus Universitário, Lagoa
Nova, Natal, RN, Brasil 59078-970. E-mail: pbendassolli@gmail.com e jairo.borges@gmail.com
106 Bendassolli, P. F., Borges-Andrade, J. E.
Resumen
En las últimas décadas, hubo un aumento del interés por parte de gobiernos e instituciones de inves-
tigación con el desarrollo de las industrias creativas. Estos son sectores en los que se producen bienes
y servicios con un carácter simbólico, y que combinan el valor económico y cultural. En Brasil, estos
sectores representan aproximadamente 10% del PIB, y son importantes empleadores. El papel de los
profesionales que trabajan en estos sectores es de gran importancia, ya que son ellos los que, a través de
su desempeño, innovan, transforman la creatividad en obras y servicios de valor, siendo los protagonis-
tas del desarrollo de estos sectores. El objetivo de este trabajo es proponer y justificar un modelo teórico
de lo desempeño de los profesionales creativos. El modelo se basa en una lógica hipotético-deductivo y
integra, como variables independientes, de mediación y moderación, los constructos: individualismo y
el colectivismo, centralidad del trabajo, autorregulación, habilidades emprendedoras, lo sector de activi-
dades y variables demográficas. El artículo presenta recomendaciones para los investigadores interesa-
dos en la prueba empírica del modelo propuesto.
Palabras clave: Industrias creativas, rendimiento, la iniciativa empresarial, los profesionales creativos.
princípio, as indústrias criativas, mas o modelo nho, tal como se observa nos interesses da subá-
proposto pode aplicar-se a outros setores eco- rea da POT mais próxima da gestão de pessoas,
nômicos. O artigo é finalizado com recomenda- com grande influência nos estudos de desem-
ções concernentes à investigação empírica do penho como resultado (Campbell et al., 1993;
modelo teórico proposto. Sonnentag & Frese, 2002). O modelo pressupõe
a análise de processos cognitivos envolvidos na
Premissas Gerais do Modelo autoavaliação do indivíduo sobre seu próprio
desempenho, o que leva à terceira premissa: de
Estudar o desempenho empreendedor, da que o desempenho tem um valor autorregula-
forma como acaba de ser sugerida, implica em tório para a ação do sujeito (Frese, 2007, 2009;
adotar algumas premissas. Em primeiro lugar, de Frese & Zapf, 1994). Como consequência, no
que são os comportamentos que compõem a base modelo aqui proposto (Figura 1), o desempenho
do desempenho, especificamente o desempenho empreendedor é relacionado a mecanismos de
de tarefa (Campbell et al., 1993; Sonnentag & autorregulação, especificamente os envolvidos
Frese, 2002). Em outras palavras, a atividade na regulação self-tarefa. Serão apresentados, ao
criativa depende da ação de profissionais que se- longo do artigo, argumentos para fundamentar
jam capazes de realizar tarefas que possam ser esta escolha. Porém, devido à amplitude da self
consideradas como empreendedoras. psychology, o escopo se restringirá ao subcon-
Uma segunda premissa é de que, ao estudar junto desta literatura mais diretamente envolvido
os comportamentos que compõem o desempe- com a autorregulação cognitiva do self, sobretu-
nho, não necessariamente isto precisa ser feito do porque há evidências que parecem justificar
com base em medidas de avaliação de desempe- essa opção (Frese, 2007, 2009; Hacker, 2003).
Fatores ambientais
Setor de atividade
Fatores culturais
Individualismo e coletivismo
Centralidade do trabalho Competências
empreendedoras Desempenho
Autorregulação
empreendedor
Fatores demográficos
Experiência na área
Idade
Gênero
A quarta premissa do modelo é que o me- dicam sugestões sobre como o sujeito deve agir
canismo de autorregulação é influenciado por com relação a si mesmo, aos outros, ao trabalho
fatores de natureza cultural. De fato, é extensa a e à sociedade em seu sentido mais amplo. Em
literatura que dá suporte à associação entre self e específico, o modelo utiliza dois elementos cul-
cultura, como se verá mais adiante. O self, ape- turais: individualismo/coletivismo e centralida-
sar de depender de mecanismos intrapsíquicos, é de do trabalho.
construído em processos de interação, os quais Por fim, o modelo inclui a variável compe-
são mediados pela cultura, entendida como um tências empreendedoras (T. W. Y. Man & Lau,
conjunto de marcadores ou canalizadores que in- 2000; W. T. Man, 2001), assumindo que ela faz
Desempenho Empreendedor nas Indústrias Criativas: Propondo um Modelo Teórico 109
(Kirzner, 1979). Nesse último sentido, o empre- De fato, nas indústrias criativas, empre-
endedorismo diz respeito à atividade de desco- endedorismo é objeto de investigações (e.g.:
berta, avaliação e exploração de oportunidades Beugelsdijk & Maselard, 2011; Caves, 2000;
existentes, sendo a tarefa dos pesquisadores es- Ellmeier, 2003; Hartley, 2005; Henry, 2007; Po-
tudar as fontes dessas oportunidades, seu proces- ettschacher, 2005; Towse, 2010; Welsch & Ki-
so de descoberta e exploração e as características ckul, 2001). O empreendedor cultural é definido
dos indivíduos responsáveis por isso (Baron & como alguém que desenvolve novas formas de
Shane, 2008; Shane, 2003; Shane & Venkata- trabalhar, novas combinações de recursos, novas
raman, 2000). A POT, como dissemos na intro- ideias e soluções. De Bruin (2005) define o em-
dução, tradicionalmente ocupou-se desta última preendedorismo nas indústrias criativas como o
linha, ou seja, do estudo das características ou da processo de adicionar valor aos inputs criativos,
psicologia do empreendedor (Baum et al., 2007; o qual depende da combinação de duas lógicas:
Frese, 2007, 2009). econômica e cultural (Beugelsdijk & Mase-
Um aspecto que talvez contribua para a land, 2011; Eikhof & Haunschild, 2007; Towse,
falta de consenso supramencionada é a escolha 2010). Atuando em um ambiente de incerteza e
de critérios para a identificação do empreende- risco (Caves, 2000; Menger, 2009), o empreen-
dor e dos indicadores de resultados da atividade dedor criativo é quem identifica oportunidades
empreendedora. Empreendedor é distinguido do de introduzir novas obras, produtos e serviços
pequeno proprietário e do capitalista com base que tenham valor econômico e cultural. Contu-
em capacidade inovadora ou características de do, conforme nos adverte De Bruin (2005), nem
personalidade, levando Carland et al. (1984) e sempre um artista é um empreendedor. Para sê-
Miner (2000) a falarem de contínuo de empre- -lo, é preciso que ele vá além da criação de novas
endedorismo. A utilização de parâmetros eco- ideias, algo frequentemente atribuído ao artista:
nômicos é frequente para se avaliar o resultado é preciso que ele saiba explorar o valor econômi-
obtido pelo desempenho do empreendedor, tais co, social e cultural dessas ideias.
como abertura da uma nova empresa ou entra- Em conjunto, os estudos sobre empreende-
da em novo mercado, lucratividade, número de dorismo nas indústrias criativas reproduzem a
patentes, novas formas de usar matérias-pri- definição de empreendedor encontrada na lite-
mas, introdução de novas tecnologias (Baron ratura sobre empreendedorismo mais ampla, tal
& Shane, 2008; Baum et al., 2007; Vesper, como a consideração do empreendedor como um
1980). Para Davidsson (2005) e Gartner et al. ator social ativo, como a agência que, por meio
(1994), a análise dos resultados da atividade de seu desempenho, contribui para o desenvol-
empreendedora deveria levar em conta, além vimento de novas formas de combinar recursos
de parâmetros econômicos, as ações realizadas culturais e econômicos. Nesse sentido, os auto-
pelos indivíduos que induzem à emergência res deste artigo compartilham da definição de Fi-
de novos produtos, serviços ou formas de or- lion (1999), para quem o empreendedor é a pes-
ganizar recurso. Similarmente, Shane (2003), soa capaz de estabelecer e atingir objetivos e de
Shane e Venkataraman (2000) observam que manter um alto nível de consciência do ambiente
o empreendedorismo não deveria ser associa- em que atua. O desempenho empreendedor, na
do, exclusivamente, à abertura de novas em- medida em que é distinguido de resultados em-
presas, mas à exploração de oportunidades preendedores (novas obras, produtos e serviços
de forma inovadora e à proposição de novas culturais), depende de um agente que estabele-
combinações meios-fins, cujo valor comercial ça objetivos a partir da leitura do ambiente e de
dependeria do uso de mecanismos de mercado suas oportunidades, automonitore e autorregule
tais como patentes ou licenças (e não apenas seu desempenho com o intuito de alcançar esses
de uma nova firma). Isso parece especialmente objetivos. Isto leva ao segundo constructo central
oportuno quando pensamos no contexto das in- do modelo da Figura 1: a autorregulação do self e
dústrias criativas. sua relação com desempenho empreendedor.
Desempenho Empreendedor nas Indústrias Criativas: Propondo um Modelo Teórico 111
mentos incorporados nas instituições e estrutu- por sua vez, influencia no desempenho empre-
ras sociais. Ela age fornecendo sugestões, com endedor.
maior ou menor grau de normatividade, acerca
de como as pessoas devem se comportar uma em Cultura, Centralidade do Trabalho
relação às outras e pensar e tratar a si próprias. e Autorregulação
O processo de desenvolvimento do self, nessa Por fim, o modelo proposto na Figura 1 tam-
perspectiva, envolve permanente internalização bém sugere a hipótese de centralidade do traba-
dos modelos culturais disponíveis e valorizados, lho e autorregulação estarem relacionadas. Em
os quais se insinuam muito profundamente nos primeiro lugar, define-se centralidade psicoló-
sistemas psicológicos de controle da ação (Ki- gica do trabalho como a importância atribuída
tayama & Uchida, 2005; Markus & Hamedani, a este último pelos indivíduos (Kanungo, 1982;
2007). Meaning of Work International Research Team
Em específico, autorregulação do self está [MOW], 1987). Quanto maior a centralidade
associada à cultura. Nesse sentido, Markus e dessa esfera de vida em relação a outras, mais
Kitayama (1991a, 1991b, 2004) sugerem que a se pode esperar que as pessoas se engajem com
maior diferença entre culturas individualistas e o trabalho e façam deste uma área de interesse
coletivistas (Triandis, 1989, 1995) diz respeito privilegiada – alocando, portanto, partes impor-
ao modo como as pessoas pensam o self. Enquan- tantes dos processamentos cognitivos e afetivos
to membros de culturas individualistas tendem a do self.
ver o self como autônomo e único, independente, Em segundo lugar, parte-se da hipótese de
membros de culturas coletivistas tendem a vê-lo que o empreendedorismo, na medida em que
como incorporado em redes sociais – como um diz respeito à criação de novos bens e serviços,
self interdependente. No primeiro caso, o indi- está ligado ao trabalho. Portanto, parece plau-
víduo valoriza características que o distinguem sível supor alta centralidade do trabalho para
dos outros, colocando em primeiro plano a rea- empreendedores, embora não haja estudos na
lização pessoal, o autoconhecimento, a singula- literatura oferecendo evidência empírica para tal
ridade e a competição (Singelis, 1994; Singelis, associação. O que existe, até o momento, são es-
Triandis, Bhawuk, & Gelfand, 1995). No caso tudos apontando relação entre individualismo e
do self interdependente, as pessoas se definem alta centralidade (eg.: Hattrup, Ghorpade, & La-
em concordância com seus relacionamentos, ckritz, 2007; Misumi & Yamori, 1991). Basea-
sendo mais sensíveis ao contexto e às normas dos nestes argumentos, consideramos pertinente
culturais, valorizando obrigações e responsabili- incluir a hipótese da relação centralidade do tra-
dades e colocando em segundo plano os desejos balho e autorregulação no modelo proposto.
ou benefícios pessoais (Lee & Semin, 2009).
Estudos dão suporte empírico à hipótese de Competências Empreendedoras
que alto individualismo está associado a maior Nesta seção, discute-se o terceiro cons-
autoregulação (eg.: Cross et al., 2009; Erez & tructo central do modelo proposto na Figura
Earley, 1993; Fernández et al., 2005), bem como 1: competências empreendedoras. O tema das
a desempenho empreendedor (Freytag & Thurik, competências é discutido na POT brasileira, es-
2010; König et al., 2007). No primeiro caso, o pecificamente no campo de treinamento e desen-
fato se explicaria pelas estruturas de incentivo volvimento de pessoas (para um exemplo, ver
da sociedade, bem como pelos valores e expec- Borges-Andrade, Abbad, & Mourão, 2006). O
tativas sociais, que tendem a realçar os atributos mesmo se verifica na literatura sobre desempe-
individuais e esperar que seus membros se en- nho, na qual competências são consideradas pre-
gajem em estratégias de autodesenvolvimento. ditores individuais (para uma extensa revisão,
Embasados nisto, propõe-se a hipótese de que ver Coelho, 2009). No campo dos estudos sobre
individualismo e coletivismo, como facetas da empreendedorismo, competências são apresen-
cultura, predizem o nível de autorregulação que, tadas como recursos cognitivos, afetivos e com-
Desempenho Empreendedor nas Indústrias Criativas: Propondo um Modelo Teórico 113
fenômeno investigado. Na proposição aqui fei- petências empreendedoras são uma condição
ta, setor de atividade é uma variável de contro- necessária, porém não suficiente, para sustentar
le, hipoteticamente capaz de moderar o efeito o desempenho empreendedor. A referida insu-
de competências sobre o desempenho empre- ficiência ocorre pois outros fatores também são
endedor. Em particular, talvez seja interessante necessários para a manifestação do desempenho,
considerar, em setor de atividade, aspectos re- tais como os fatores contextuais (setor de ativida-
lacionados à organização e ao contexto de rea- de) incluídos no modelo multinível da Figura 1.
lização das atividades criativas. Se desempenho Outra recomendação relaciona-se a um as-
refere-se a conjunto de comportamentos neces- pecto vital do modelo proposto: a definição e
sários para a realização de atividades, é preciso identificação de práticas ou atividades consi-
entender quais são os principais requisitos ou deradas como empreendedoras. Desempenho
exigências que recaem sobre elas, como uso de empreendedor foi aqui definido como conjunto
tecnologias, elos da cadeia produtiva, interação de comportamentos ou ações necessárias, embo-
entre diversos atores sociais, regras, normas e ra não suficientes, para o alcance de resultados
procedimentos, entre outros passíveis de serem empreendedores nas indústrias criativas. Esses
operacionalizados e mensurados. Recomenda-se resultados são, em geral, parametrizados em
que seja feita uma seleção criteriosa, dentre os termos de indicadores como número de novas
possíveis indicadores da atividade, dos mais pro- obras, produtos ou serviços criativos; criação
ximais em relação a desempenho, notadamente o de novas empresas; autoemprego; abertura de
desempenho de tarefa, o qual diz respeito à rea- novas frentes em mercados aparentemente em
lização propriamente dita da atividade e depende equilíbrio. Esses indicadores, em sua maioria,
da conjunção de fatores cognitivos, operatórios e são utilizados na pesquisa sobre empreendedo-
autorregulatórios. rismo e baseiam-se em níveis mais agregados
Quanto a desempenho empreendedor, va- de análise (mercado, região, país). Portanto, um
riável-critério do modelo exposto na Figura 1, desafio do pesquisador interessado em testar o
destacam-se algumas recomendações. Primei- modelo da Figura 1 é escolher e definir critérios
ro, como já aludido em outro momento, seria para seleção e classificação de atividades empre-
interessante desenvolver um instrumento que endedoras coerentes com as indústrias criativas,
mensurasse comportamentos empreendedores, e com suas atividades, padrões de valor e resul-
não intenções, orientações ou potencial empre- tados esperados (Caves, 2000; Towse, 2010,
endedor. Isto conduz à necessidade de se desen- 2011).
volverem taxonomias de comportamentos/ações Uma última recomendação concerne à es-
associados às atividades criativas empreendedo- colha dos instrumentos de mensuração para os
ras – por exemplo, de criação de novas obras, constructos propostos, especificamente para a
produtos e serviços no contexto das indústrias autorregulação, individualismo e coletivismo,
criativas. centralidade do trabalho e competências empre-
A segunda recomendação, relacionada à endedoras. Obviamente, os instrumentos devem
anterior, consiste em separar, conceitual e ope- ser escolhidos de forma coerente com o deline-
racionalmente, competências de desempenho. amento teórico de cada constructo, tal como se
Como foi observado na seção anterior, compe- apresentou neste texto. Nesse sentido, o instru-
tências são, às vezes, tratadas como sinônimo de mento proposto por Mezo (2009) para avaliar
desempenho, ou então de resultado. Contudo, autorregulação é um exemplo, pois é baseado no
no modelo aqui proposto, e coerente com certa conceito de ciclo fechado de feedback. Porém,
tradição de pesquisas em POT (ver Borges-An- outros instrumentos estão disponíveis (para uma
drade et al., 2006), elas são apresentadas como revisão, ver Hoyle & Davisson, 2011). Coleti-
fatores antecedentes do primeiro e consideradas vismo e individualismo apresentam uma situa-
como recursos internos dos indivíduos que os ção bem mais favorável, quando comparado aos
permitem agir nos contextos de trabalho. Com- demais constructos: não só há diversos instru-
Desempenho Empreendedor nas Indústrias Criativas: Propondo um Modelo Teórico 115
mentos disponíveis, como também já existem Acs, Z. J., & Audretsch, D. B. (2010). Handbook of
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