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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS FÍSICAS


APLICADAS

JOÃO GABRIEL DE ARAÚJO MARTINS

COMPARAÇÃO DAS EFICIÊNCIAS ENTRE SISTEMAS


FOTOVOLTAICOS INSTALADOS NAS REGIÕES BRASILEIRAS

FORTALEZA – CEARÁ

2020
JOÃO GABRIEL DE ARAÚJO MARTINS

COMPARAÇÃO DAS EFICIÊNCIAS ENTRE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS


INSTALADOS NAS REGIÕES BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado


Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas do
Centro de Ciências e Tecnologia da
Universidade Estadual do Ceará, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Ciências Físicas Aplicadas.
Área de Concentração: Ciências Físicas
Aplicadas ao Desenvolvimento do Semiárido
Linha de Pesquisa: Energias Alternativas
Orientador: Prof. Dr. Lutero Carmo de Lima

FORTALEZA – CEARÁ

2020

1
JOÃO GABRIEL DE ARAÚJO MARTINS

COMPARAÇÃO DAS EFICIÊNCIAS ENTRE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS


INSTALADOS NAS REGIÕES BRASILEIRAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas do


Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Físicas Aplicadas, sob a orientação do Prof. Dr.
Lutero Carmo de Lima.

Aprovada em: ___/___/___

Nota obtida: ___________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________
Prof. Dr. Lutero Carmo de Lima (Orientador)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

______________________________________________________________
Prof. Dr. Hans Heinrich Vogt (Membro externo)

Universidade Federal do Ceará – UFC

______________________________________________________________
Prof. Dr. João Bosco Verçosa Leal Junior (Membro interno)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

______________________________________________________________
Prof. Me. Francisco Hedler Barreto de Lima Morais (Membro interno)
Universidade Estadual do Ceará – UECE

2
AGRADECIMENTOS

Sou muito grato a todos que tornaram este trabalho possível.


À minha família, pelo o apoio de sempre. Em especial, à Aline, pelo companheirismo e ajuda
em todas as etapas do mestrado e da vida.
Ao professor Bosco, por ter me compreendido e me incentivado em um período de muitos
desafios. Sua postura humana como coordenador do curso é inspiradora e fez toda a diferença
na minha caminhada.
Ao professor Lutero, que me acolheu no mestrado como aluno especial e posteriormente
aceitou me orientar. Obrigado por não medir esforços para me ajudar e oferecer todo o
suporte que eu precisei.
Ao professor Hedler, por ter sido meu coorientador e ter acompanhado de perto a realização
deste trabalho. Agradeço sua paciência e disposição em compartilhar tudo o que sabe.
Ao professor Hans, por me motivar durante a graduação e por ter aceitado o convite e
contribuído muito com esta pesquisa.
À Ariadna, por me ajudar desde a entrada no mestrado. Foi muito importante contar com a
sua atenção e incentivo durante esses anos.
Agradeço também à Capes, pelo financiamento.

3
RESUMO

A presente dissertação apresenta uma análise comparativa entre os indicadores de


desempenho de dez sistemas fotovoltaicos. Foram consideradas duas instalações localizadas
na Universidade Estadual do Ceará e oito estruturas encontradas nas diversas regiões
brasileiras. Os dados de desempenho para cada sistema foram apresentados em pesquisas
anteriores e são utilizados neste estudo. A metodologia incluiu a comparação dos resultados
dos sistemas por doze meses para análise de suas taxas de desempenho. Além disso,
especificamente sobre os sistemas instalados na UECE foram analisados os seguintes
indicadores: produtividade de referência, produtividade de arranjo, produtividade final, perdas
de energia, taxa de desempenho, fator de capacidade e os níveis de eficiência do sistema, das
placas fotovoltaicas e do inversor. Entre os resultados, observou-se que todos os sistemas
fotovoltaicos apresentam taxas de desempenho atrativas – variando entre 71% e 87%, o que
indica que o Brasil é uma região com ótimo potencial para a geração de energia solar
fotovoltaica. O sistema com melhor índice de eficiência foi o PV-UECE1, um dos que fica
localizado na Universidade. O outro sistema instalado no mesmo local (PV-UECE2)
apresenta maiores perdas, principalmente relacionadas a um desvio azimutal de 25º, mas,
ainda assim, tem boa produtividade em relação às outras regiões brasileiras. Neste trabalho
também foi realizado o cálculo do retorno de investimento para uma instalação solar
semelhante ao PV-UECE1. O período de retorno simples foi de 3,53 e o de retorno
descontado 5,56 anos. Em comparação com pesquisas anteriores, foi possível concluir que o
investimento em energia solar fotovoltaica está mais barato, o que aumenta suas vantagens em
termos financeiros.

4
ABSTRACT

This dissertation presents a comparative analysis between the performance indicators of ten
photovoltaic systems. Two facilities located at the State University of Ceará and eight
structures found in the various Brazilian regions were considered. Performance data for each
system has been presented in previous research and is used in this study. The methodology
included comparing the systems results over twelve months to analyze their performance
rates. In addition, specifically on the systems installed in the UECE, the following indicators
were analyzed: reference yield, array yield, final yield, energy loss, performance ratio,
capacity factor and the efficiency levels of the system, photovoltaic plates and of the inverter.
Among the results, it was observed that all photovoltaic systems have attractive performance
rates - ranging between 71% and 87%, which indicates that Brazil is a region with great
potential for photovoltaic solar power generation. The system with the best efficiency index
was PV-UECE1, one of those located at the University. The other system installed in the
same place (PV-UECE2) has higher losses, mainly related to an azimuth deviation of 25º, but
still, it has good productivity in relation to other Brazilian regions. In this work, the return on
investment was also calculated for a solar installation similar to PV-UECE1. The simple
payback period was 3.53 and the discounted payback period was 5.56 years. In comparison
with previous research, it was possible to conclude that the investment in photovoltaic solar
energy is cheaper, which increases its financial advantages.

5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPE - Empresa de Pesquisa Energética


ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PROINFRA - Programa de Incentivos a Fontes Alternativas de Energia
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
p-Si - silício policristalino
CIGS - Disseleneto de cobre-índio-gálio
YR - produtividade de referência
YFV - produtividade de arranjo
YF - produtividade final
HT - irradiação total ou irradiação horizontal global no plano
HR - irradiação de referência
YFV - produtividade de arranjo
PFV,nom - potência nominal dos painéis fotovoltaicos
ECC - energia de corrente contínua
ECA - energia total em corrente alternada
PFV,nom - potência nominal do sistema
LFV - perda de captação do arranjo fotovoltaico
LS - perda de sistema fotovoltaico
Lt - perda total
PR - taxa de desempenho
FC - Fator de capacidade
ηFV - eficiência do arranjo fotovoltaico
AFV - área total do arranjo fotovoltaico
ηSYS - eficiência do sistema
AFV - área total do arranjo fotovoltaico
ηINV - eficiência do inversor

6
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de instalação de placas solares residenciais ............................................... 26

Figura 2: Exemplo de usina fotovoltaica .................................................................................. 26

Figura 3: Componentes do sistema fotovoltaico autônomo ..................................................... 29

Figura 4: Composição da radiação solar................................................................................... 31

Figura 5: Média anual da radiação global horizontal no Brasil ................................................ 33

Figura 6: Tipos de radiação solar ............................................................................................. 35

Figura 7: a) piranômetro b) pireliômetro .................................................................................. 35

Figura 8: Sensor que capta a radiação solar ............................................................................. 36

Figura 9: Ângulos dos raios solares .......................................................................................... 37

Figura 10: Inclinação das placas solares em relação ao sol ...................................................... 38

Figura 11: Instalações do PV-UECE1 ...................................................................................... 48

Figura 12: Inversor e datalloger PV-UECE1 ............................................................................ 49

Figura 13: Instalações do PV-UECE2 ...................................................................................... 50

Figura 14: Inversores PV-UECE2 ............................................................................................ 51

Figura 15: Um dos sistemas fotovoltaicos do estudo de Nascimento (2019) ........................... 53

7
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Comparação das matrizes elétricas no Brasil e no Mundo...................................... 18

Gráfico 2: Matriz elétrica brasileira.......................................................................................... 18

Gráfico 3: Matriz elétrica mundial ........................................................................................... 19

Gráfico 4: Participação das fontes de energia na geração distribuída em 2018 ....................... 24

Gráfico 5: Produtividade de referência dos sistemas da UECE - YR (kWh/m2.dia)................ 56

Gráfico 6: Produtividade no arranjo FV dos sistemas da UECE - YFV (kWh/kWp.dia) ........ 56

Gráfico 7: Produtividade final dos sistemas da UECE - YF (kWh/kWp.dia) .......................... 56

Gráfico 8: Perdas totais de energia dos sistemas da UECE (kWh/kWp.dia) ........................... 57

Gráfico 9: Taxa de desempenho dos sistemas da UECE (%) ................................................... 58

Gráfico 10: Fator de capacidade dos sistemas da UECE (%)................................................... 59

Gráfico 11: Eficiência dos sistemas da UECE ......................................................................... 59

Gráfico 12: Eficiência do inversor dos sistemas da UECE ...................................................... 60

Gráfico 13: Eficiência do arranjo dos sistemas da UECE ........................................................ 60

Gráfico 14: Taxa de desempenho dos 10 sistemas (média anual – %) .................................... 63

8
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Médias diárias de radiação global nas regiões brasileiras ........................................ 33

Tabela 2: Características do piranômetro Kipp&Zonen ........................................................... 46

Tabela 3: Características dos painéis PV-UECE1 .................................................................... 47

Tabela 4: Características do inversor Sunny Boy SB 2500-HF ............................................... 48

Tabela 5: Características do datalloger SMA Sunny WebBox ................................................. 49

Tabela 6: Características dos painéis PV-UECE2 (padrão de teste STC) ................................ 50

Tabela 7: Coordenadas dos oito sistemas fotovoltaicos ........................................................... 52

Tabela 8: Características dos painéis instalados em oito Estados brasileiros ........................... 53

Tabela 9: Cotação sistema fotovoltaico .................................................................................... 66

9
SUMÁRIO

RESUMO .........................................................................................................................4

ABSTRACT .....................................................................................................................5

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................................6

LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................7

LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................8

LISTA DE TABELAS ....................................................................................................9

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12

1.1 Justificativa ..................................................................................................................... 14

1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 16

1.3 Estrutura da dissertação .................................................................................................. 16

2 REVISÃO TEÓRICA ...............................................................................................17

2.1 Matriz Elétrica brasileira................................................................................................. 17

2.1.1 Fontes renováveis e não renováveis ......................................................................... 20

2.1.2 Energia solar............................................................................................................. 21

2.2 Tipos de instalação de energia solar fotovoltaica ........................................................... 25

2.2.1. Geração distribuída ................................................................................................. 26

2.2.2 Sistemas autônomos ................................................................................................. 28

2.2.3 Sistemas conectados à rede elétrica ......................................................................... 30

2.3 A radiação solar no Brasil ............................................................................................... 30

2.4 Potencial energético ........................................................................................................ 32

2.5 Formas de medir a radiação ............................................................................................ 34

2.5.1 Tipos de radiação solar............................................................................................. 34

2.5.2 Raios solares............................................................................................................. 36

2.5.3 Medida de irradiância ............................................................................................... 38

10
2.5.4 Medida de insolação ................................................................................................. 38

3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................40

3.1 Indicadores de desempenho de sistemas fotovoltaicos ................................................... 40

3.1.1 Produtividade de referência ...................................................................................... 40

3.1.2 Produtividade de arranjo .......................................................................................... 41

3.1.3 Produtividade final ................................................................................................... 41

3.1.4 Perdas de energia ...................................................................................................... 42

3.1.5 Taxa de desempenho ................................................................................................ 43

3.1.6 Fator de capacidade .................................................................................................. 43

3.1.7 Eficiência.................................................................................................................. 44

3.2 Método ............................................................................................................................ 45

3.3 Descrição dos sistemas localizados na UECE ................................................................ 45

3.3.1 PV-UECE1 ............................................................................................................... 47

3.3.2 PV-UECE2 ............................................................................................................... 50

3.4 Descrição dos sistemas de outras regiões brasileiras ...................................................... 51

4 RESULTADOS ..........................................................................................................55

4.1 Comparação de resultados entre os sistemas instalados na UECE ................................. 55

4.1.1 Níveis de produtividade ........................................................................................... 55

4.1.2 Perdas e taxa de desempenho ................................................................................... 57

4.1.3 Fator de capacidade e eficiência............................................................................... 59

4.1.4 Análise das diferenças entre PV-UECE1 e PV-UECE2. ......................................... 61

4.2 Comparação dos resultados entre os sistemas instalados no Brasil ................................ 63

4.3 Viabilidade econômica.................................................................................................... 65

5. CONCLUSÕES .........................................................................................................69

6. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................71

11
1 INTRODUÇÃO
A energia elétrica é indispensável no modo de vida atual da maioria das
sociedades. Por isso, garantir seu fornecimento tem sido um dos maiores objetivos dos
governos em todo o mundo (LIMA et al., 2017). Entretanto, o aumento populacional e
os impactos ambientais causados pela humanidade nas últimas décadas trazem diversos
desafios nesse contexto, exigindo a pesquisa e o desenvolvimento de fontes alternativas
de energia (FERREIRA et al., 2018).
No Brasil, a crise energética dos anos de 2001 e 2002 levou à criação, em
2005, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável por realizar estudos de
planejamento energético nacional. O respeito às questões socioambientais e o
desenvolvimento sustentável são pontos destacados no Plano Nacional de Energia 2030
(BRASIL, 2007).
Nosso país ocupa uma posição de destaque em relação aos meios renováveis de
produção de eletricidade: 83,3% da nossa energia elétrica em 2018 vieram de recursos
renováveis. Esse índice era de apenas 24% no mundo em 2016 (BRASIL, 2019).
Entretanto, segundo relatório referente ao ano de 2018, publicado pela EPE, a fonte de
geração de energia elétrica predominante no Brasil foi a hidráulica, com 66,6%
(BRASIL, 2019).
Cientistas têm chamado atenção para os impactos causados por hidrelétricas e
termelétricas, como a degradação do ecossistema local e o agravamento das emissões de
CO² (REIS, 2001; FERREIRA et al., 2018). Além disso, a dependência de hidrelétricas
na nossa matriz elétrica traz outros desafios: superávits ou déficits regionais causados
por variações hidrológicas no país, distância entre os centros de produção e carga e
aumento da tarifa de energia em épocas de pouca chuva, por exemplo (MORAIS, 2017).
Brandão et al. (2014) defendem a importância de diminuir a dependência das
fontes energéticas ligadas à água, já que o baixo nível dos reservatórios tem sido uma
realidade no país. A energia solar fotovoltaica (que converte radiação solar em energia
elétrica) aparece como uma importante fonte alternativa (LIMA et al. 2017).
Apesar de ter a menor participação entre as fontes renováveis na nossa matriz
elétrica – 0,5% em 2018 – ela tem apresentado um grande crescimento nos últimos anos
(em 2017, seu uso correspondia a apenas 0,1% do total). Assim, o crescimento da

12
energia solar na matriz elétrica brasileira foi de 316,1% de 2017 para 2018. A geração
passou de 832 GWh para 3.461 GWh em um ano (BRASIL, 2019).
Um fato a se destacar é que, ainda que tenha uma participação pequena em
relação à energia total utilizada no Brasil, o potencial da energia solar fotovoltaica
aumenta muito quando se trata de microgeração1 e minigeração2 distribuída. Nesses
casos, ela corresponde a 63,5% de toda a energia de 2018 – e teve um aumento de 131%
em relação a 2017 (BRASIL, 2019).
Um dos principais desafios à expansão da energia solar fotovoltaica é o fato de
seus custos ainda não se equiparem ao de outras fontes mais usadas. Mas o
desenvolvimento da indústria, os incentivos governamentais em diversos países e o
aumento da oferta de componentes para sistemas fotovoltaicos têm proporcionado a
queda do preço do kWp e a tornado mais competitiva ao longo dos anos (FERREIRA et
al., 2018).
Há diversos pontos que justificam o investimento em pesquisas e no uso da
energia solar fotovoltaica. Um dos aspectos centrais diz respeito aos benefícios
ambientais, já que se trata de uma fonte renovável e limpa, sem impactos significativos
no ecossistema local ou global. Além disso, utiliza diretamente a principal fonte de
energia do planeta – a qual possibilitou a existência de vida na Terra e de onde derivam
quase todas as outras fontes de energia desenvolvidas ao longo da história
(VILLALVA, 2012).
Embora o custo inicial ainda possa ser considerado alto, outras vantagens dos
painéis solares são seu baixo custo de operação e manutenção e sua menor propensão a
blecautes (BALFOUR, SHAW, e NASH, 2016). Em contexto de mudanças climáticas e
de aquecimento global, a energia solar possui a vantagem da geração poder acompanhar
a demanda: a irradiação que aumenta o uso de aparelhos de refrigeração em
determinados períodos do dia ou do ano (principalmente no verão), também incide
sobre as placas proporcionando maior geração de energia nesses mesmos períodos
(FERREIRA, 2015).

1
Microgeração corresponde à central geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual
a 75 kW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis, conectada na rede de distribuição por
meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2015).
2
Minigeração corresponde à central geradora de energia elétrica com potência instalada superior a 75 kW
e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2017).
13
Contam ainda as características geográficas do Brasil, onde a região nordeste
se evidencia por sua escassez de chuvas e abundância de incidência do sol durante todo
o ano, tornando-se um local privilegiado para fazer uso dessa fonte de energia em
alternativa àquelas que dependem de alto nível de água (MARQUES, KRAUTER,
LIMA, 2009; FERREIRA et al., 2018). Também considerando a geopolítica nordestina,
a energia solar é uma alternativa útil para áreas do semiárido por possibilitar sistemas de
mini e microgeração, o que gera economia e mais independência em relação às formas
atuais de transmissão e distribuição da energia a partir dos centros urbanos (BRANDÃO
et al., 2014).

1.1 Justificativa
A geração e distribuição de energia elétrica é um tema fundamental para o
universo tecno-científico. Afinal, a eletricidade se tornou indispensável no modo de
vida contemporâneo – e seu consumo vem aumentando cada vez mais (CARSTENS;
CUNHA, 2019). As mais diversas atividades dependem desse recurso para acontecer – a
energia é utilizada nos ambientes domésticos, profissionais, hospitalares etc. Diante
disso, é preciso considerar que a dependência em relação à eletricidade exige o
desenvolvimento de formas cada vez mais sustentáveis de geração de energia.
Do contrário, a problemática ambiental pode se colocar como um grande fator
limitante da vida moderna. Isso ganha evidência quando são analisadas as fontes não
renováveis de energia ou o uso excessivo de hidrelétricas (que geram impactos
ambientais significativos). Para Villalva (2012), ao considerar a sustentabilidade dos
recursos do planeta e a necessidade de eletricidade, a previsão é de que a geração solar
fotovoltaica ocupe o lugar de destaque na matriz elétrica das próximas décadas.
Apesar de essa ser uma perspectiva bastante positiva, é importante considerar
os contextos limitantes. Um obstáculo relevante para a ampliação da produção de
energia solar no Brasil era a falta de regulamentação para o setor. Nesse sentido, a
publicação de normas técnicas da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
ofereceu incentivos para o desenvolvimento da indústria fotovoltaica. Isso também
ajuda a enfrentar outro obstáculo: os custos de produção e instalação dos equipamentos
(VILLALVA, 2012).
Sobre isso, a pesquisa de Lacchini e Santos (2013), que considerou as
condições do setor de energia fotovoltaica no Brasil e em vários países, concluiu que a

14
redução dos custos de fabricação apresenta uma perspectiva atrativa para a área.
Segundo os autores, os custos ainda são altos pelo fato da geração fotovoltaica ser
relativamente nova, mas a tendência é que cada vez mais novos materiais sejam
desenvolvidos. Assim, espera-se que a eficiência dos recursos aumente e a produção de
energia solar se torne mais barata, potencializando sua competitividade em relação às
outras.
A energia solar fotovoltaica é uma alternativa para consumidores residenciais
ou comerciais, principalmente porque proporciona independência em relação à
instabilidade do preço cobrado pelo fornecimento de energia elétrica. Entre os
benefícios do sistema fotovoltaico estão: a não emissão de agentes contaminantes ou
ruídos, a possibilidade de instalação em telhados coberturas ou solos e a opção de
instalação autônoma em zonas rurais – isto é, não conectados à rede elétrica (MORAIS,
2017).
Como mostrado anteriormente, a energia solar está apresentando um
crescimento exponencial no Brasil. A região Nordeste e, principalmente, o Ceará
apresentam boas condições para a ampliação da presença da energia fotovoltaica. Além
da grande incidência de radiação do sol (LIMA, 2019), um destaque do nosso Estado é
o solo rico em quartzo – dele se retira o silício, que é uma das matérias-primas
principais na fabricação de células fotovoltaicas (FERREIRA, 2015).
Nesse contexto, é importante que cresça também a quantidade de pesquisas
realizadas a fim de conhecer as tecnologias empregadas no setor fotovoltaico, assim
como avaliar a eficiência da produção de energia solar e construir recursos que
aperfeiçoem esse processo de geração de energia dos painéis solares. Esforços desse
tipo são fundamentais para alcançar resultados eficazes, como a diminuição dos custos,
o aumento do rendimento e a maior competitividade da geração e distribuição de
energia solar em relação às outras.
O avanço científico dos últimos anos foi fundamental para o surgimento de
tecnologias que permitam a geração fotovoltaica em pequena escala e com impactos
ambientais menores (ZILLES et al., 2012). Desse modo, justificam-se trabalhos como o
desta pesquisa de mestrado, que se propõe a realizar um estudo comparativo entre
análises de desempenho de sistemas fotovoltaicos instalados em condições diferentes.
Analisando os dados reais de produção de energia é possível avaliar diversos
indicadores de desempenho e comparar os sistemas. Portanto, avaliações de

15
desempenho desse tipo produzem dados que podem ser utilizados para o
desenvolvimento de estratégias cada vez mais eficientes no setor fotovoltaico (LIMA et
al.2017).

1.2 Objetivos
O objetivo geral desta pesquisa é realizar um estudo comparativo de análise de
desempenho entre dois sistemas fotovoltaicos localizados na UECE e outros sistemas de
diferentes regiões brasileiras.
Os objetivos específicos são:
 Definir os indicadores de desempenho a serem comparados;
 Levantar informações que baseiem estudos de viabilidade técnica de
instalações solares;
 Comparar os dados de eficiência dos sistemas considerados;
 Realizar o cálculo da viabilidade econômica para um sistema
fotovoltaico;
 Contribuir para a realização de novas pesquisas na área de energia solar
fotovoltaica.

1.3 Estrutura da dissertação


Este texto de dissertação está dividido em cinco capítulos. O primeiro
apresenta uma breve introdução ao tema, assim como a justificativa da pesquisa e os
objetivos a serem alcançados. Por fim, o capítulo finaliza com esta apresentação da
estrutura do trabalho.
No segundo capítulo, são trazidas as bases bibliográficas relevantes. São
realizadas discussões teóricas acerca dos temas da eletricidade e da geração de energia
elétrica fotovoltaica.
O terceiro capítulo traz a apresentação dos materiais e métodos da presente
pesquisa. Nele, são especificados os passos e recursos metodológicos utilizados para a
obtenção dos dados.
A discussão dos resultados é realizada no quarto capítulo. Logo, são
apresentados os dados e é feita a análise e a comparação entre os sistemas fotovoltaicos
considerados. Finalmente, o capítulo 5 traz as conclusões pertinentes.

16
2 REVISÃO TEÓRICA
Neste capítulo é apresentada a base teórica necessária para realização da nossa
pesquisa. Para isso, são trazidas discussões acerca da matriz elétrica brasileira e
mundial, explorando questões relacionadas aos recursos renováveis e não renováveis.
Depois, são apresentados detalhes acerca da energia solar fotovoltaica, tais como as
contribuições bibliográficas sobre a incidência de raios solares na Terra e as formas de
medir a eficiência de placas solares.

2.1 Matriz Elétrica brasileira


O conceito de matriz energética diz respeito ao “conjunto de recursos
utilizados por um país para fornecimento da energia necessária para realização de seus
processos produtivos” (LIMA e GONÇALVES, 2016, p. 38). Nesse sentido, ele se
refere à utilização de energia nos diversos setores, como o industrial, o de transportes e
o de energia elétrica.
Neste trabalho, o foco está na matriz elétrica, que relaciona apenas o uso das
fontes de energia para produção de eletricidade. Ela tem grande participação na matriz
energética de um país, já que a vida em sociedade demanda cada vez mais o seu uso.
Segundo Villalva (2012), a eletricidade é a forma mais flexível de energia, pois pode ser
distribuída para longas distâncias e permite utilização por meio da conversão em luz,
calor, movimentação ou informação. Por esses motivos, a rotina das pessoas depende
diretamente da energia elétrica.
A matriz elétrica brasileira se destaca em relação a de outros países por sua
sustentabilidade: os recursos renováveis foram responsáveis por 83,3% da energia
elétrica produzida em 2018, enquanto o índice foi de 24% no resto do mundo em 2016,
como é possível conferir no gráfico 1.

17
3
Gráfico 1: Comparação das matrizes elétricas no Brasil e no Mundo

Fonte: BRASIL (2019)


Os gráficos 2 e 3 possibilitam uma visão mais detalhada da comparação entre
as matrizes elétricas brasileira e mundial. No Brasil, a principal fonte de energia elétrica
é a hidráulica, seguida do gás natural, da biomassa e da energia eólica. Enquanto a
utilização de carvão corresponde a apenas 3,2% da nossa matriz, no mundo a
porcentagem é de 38,3% – sendo essa a principal fonte elétrica mundial, seguida do gás
natural e da hidrelétrica.
Gráfico 2: Matriz elétrica brasileira

Fonte: BRASIL (2019)

3
OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
18
Gráfico 3: Matriz elétrica mundial

Fonte: International Energy Agency (2019)


Mesmo que seja inquestionável o destaque brasileiro na utilização de fontes
renováveis de energia, a situação energética do nosso país apresenta desafios. O
principal está ligado ao fato de que 66,6% da energia elétrica produzida depende de
hidrelétricas, conforme visto no gráfico 2 (FARIA; TRIGOSO; CAVALCANTI, 2017).
Villalva (2012) explica de forma resumida o funcionamento de uma
hidrelétrica: há o represamento da água de um rio e a construção de dutos pelos quais
ela vai passar. O movimento da água faz girar as pás de uma turbina e a energia cinética
é convertida em eletricidade por um transformador. Como é possível perceber, apesar da
água ser uma fonte renovável na natureza, o uso de hidrelétricas apresenta alguns
limites. Por exemplo, o nível dos rios brasileiros – que em determinados períodos do
ano pode baixar bastante. Outro limite da utilização de hidrelétricas é o impacto
ambiental e social causado pela construção das grandes estruturas desse tipo.
Essas limitações colocam um desafio para a matriz elétrica brasileira: não há
condições de explorar infinitamente as hidrelétricas como fonte energética. Isso
significa que não é possível continuar construindo usinas desse tipo para atender ao
crescimento da demanda por eletricidade no futuro (VILLALVA, 2012; FERREIRA et
al., 2018). Na verdade, a população brasileira já sente efeitos negativos atualmente, pois
as empresas de energia trabalham com o esquema de bandeiras e cobram mais caro pela

19
eletricidade nos meses em que a produção hidrelétrica se torna mais difícil 4 (ANEEL,
2013).
Analisando esses fatos, é necessário reconhecer que a matriz elétrica brasileira
precisa se diversificar, principalmente no que se refere ao uso de fontes alternativas,
como a eólica e a solar (FARIA; TRIGOSO; CAVALCANTI, 2017). Esse cuidado é
importante para que o país não viva períodos críticos, como o que aconteceu entre os
anos de 2000 e 2002. Nessa época, havia o risco dos chamados “apagões”, cortes
forçados no fornecimento de eletricidade. O problema foi causado, principalmente, pela
ineficiência dos investimentos na ampliação da capacidade brasileira de gerar e
distribuir energia (LIMA e GONÇALVES, 2016).
Esse cenário preocupante fez com que o Governo Federal criasse em 2002 o
Programa de Incentivos a Fontes Alternativas de Energia (PROINFA). Ele teve o
objetivo de estimular o incremento da matriz elétrica brasileira com outras fontes.
Segundo Lima e Gonçalves (2016), o programa incluiu, principalmente, incentivos a
projetos de biomassa, energia eólica e centrais hidrelétricas menores.

2.1.1 Fontes renováveis e não renováveis


Como foi visto, a cada ano o aumento populacional, assim como os aspectos
sociais e econômicos dos países, gera novas demandas para a matriz elétrica. Ao mesmo
tempo, alguns recursos energéticos se tornam mais escassos (BERRÍO E ZULUAGA,
2014). Diante dessa problemática entre o crescimento da demanda e a escassez de
recursos não renováveis, as fontes renováveis de energia vêm ganhando atenção em
todo o mundo (LOPEZ, 2012).
Os recursos não renováveis são aqueles que diminuem conforme vão sendo
explorados, sem possibilidade de se renovarem na natureza. Assim, ainda que haja
muitas reservas de determinado recurso atualmente, é sabido que no futuro o número
tende a diminuir cada vez mais, já que eles são elementos finitos. Alguns dos principais
exemplos de recursos não renováveis são os combustíveis fósseis – como petróleo,
carvão e gás.
Além de terem uso limitado pela finitude, as fontes não renováveis também
estão mais ligadas a danos ambientais, como a emissão de poluentes. Por isso, nos

4
A população pode receber contas de energia com bandeiras das cores verde, amarela ou vermelha. A
primeira não traz nenhum custo adicional, enquanto as duas últimas repassam custos maiores da geração
de energia para o consumidor – sendo a vermelha referente a situações mais críticas (ANEEL, 2013).
20
últimos anos muito tem sido falado sobre a dependência da matriz energética mundial
em relação a fontes ligadas ao petróleo, especialmente nas indústrias e no setor de
transporte (LOPES, 2018). Alguns países também têm uma maior dependência de
fontes não renováveis no seu setor elétrico, mas, como visto anteriormente, esse não é o
caso do Brasil.
O conceito de fontes renováveis se refere àquelas consideradas ilimitadas, pois
se renovam na natureza. Dessa forma, o uso dos recursos não causa o esgotamento
deles. A água é um exemplo de fonte renovável, já que os ciclos naturais permitem que
ela se renove continuamente pela ação das chuvas. O sol é mais um recurso renovável.
Outros exemplos de fontes renováveis de energias são: eólica, geotérmica e biomassa
(FREITAS, HOLLANDA e RUIZ, 2015).
Entretanto, conforme foi abordado no tópico anterior, usar um recurso
renovável não é suficiente para garantir a eficiência e sustentabilidade de uma fonte
energética. Em consequência disso, existe o conceito de fontes alternativas de energia.
Elas estão relacionadas não só a recursos renováveis, mas também às qualidades de
emitirem pouca ou nenhuma poluição e apresentarem baixo impacto ambiental. Villalva
(2012) cita como exemplos de fontes alternativas de eletricidade as pequenas centrais
hidrelétricas, os geradores eólicos e os sistemas solares.
É importante destacar que todas as fontes têm algum nível de impacto ao meio
ambiente, pois a exploração delas provoca alterações que geram impactos de menor ou
maior intensidade (VILLALVA, 2012). Nesse sentido, as usinas hidrelétricas causam
modificações maiores, pois exigem o represamento de rios e a inundação de grandes
áreas.
Por todo o exposto, vê-se a importância de considerar as alternativas
energéticas para compor a matriz elétrica brasileira com fontes renováveis. Nesse
cenário, a energia solar fotovoltaica se destaca pelas boas condições naturais do Brasil
no que se refere à incidência do sol e à disponibilidade de reservas de silício, que é o
material utilizado para a fabricação dos painéis solares (ANDRADE GUERRA et al.,
2015).

2.1.2 Energia solar


O sol é a fonte energética mais básica de todo o planeta, sendo a origem de
quase todas as outras fontes de energia utilizadas (LIMA et al., 2019). Por exemplo, a

21
energia oriunda da biomassa é proveniente da ação solar, que possibilita a fotossíntese.
Da mesma forma, a energia hidrelétrica depende do sol para movimentar o ciclo da água
por meio da evaporação, das chuvas e do degelo. Por sua vez, a energia eólica só
acontece pelas condições que o aquecimento solar gera na temperatura e pressão da
atmosfera. Até os combustíveis fósseis são originados na fonte solar, já que eles foram
produtos da decomposição de matéria orgânica (VILLALA, 2012).
Além dessa extrema importância para toda a vida no planeta, Villalva (2012)
também destaca uma característica relevante quando se fala de produção energética: a
energia proveniente do sol seria suficiente para suprir todas as necessidades humanas
em milhares de vezes. Mas, por enquanto, apenas uma pequena parte da luz e do calor
produzidos pelo sol é aproveitada como fonte de energia.
Atualmente, a energia solar pode ser usada em sistema de aquecimento e na
geração de energia elétrica nos sistemas fotovoltaicos. No primeiro, o calor do sol é
recebido por coletores solares e serve para aquecer a água que passa por tubos dentro do
sistema. Essa estrutura pode ser instalada no telhado de casas e prédios para promover o
aquecimento da água de maneira simples e sustentável, diminuindo os custos com
eletricidade. O aquecimento solar é mais comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil,
onde há grande uso de chuveiros elétricos nas estações mais frias (SERRANO et al.,
2017).
A utilização da luz solar como fonte de geração de energia elétrica é feita nos
sistemas fotovoltaicos. A estrutura do sistema capta a radiação solar e o transforma em
eletricidade. Com isso, a residência ou prédio que instala esse sistema passa a ser
produtora de energia, além de apenas consumidora (ZILLES et al., 2012). Dessa
maneira, o investimento em sistemas solares fotovoltaicos permite não só o
barateamento das contas de luz nas unidades consumidoras, mas também “reduzem a
demanda da energia elétrica da rede de distribuição, economizando os insumos das
outras fontes de geração, como termoelétricas e usinas hidrelétricas” (SERRANO et al.,
2017, p. 182).
Entre as vantagens da utilização de sistemas solares fotovoltaicos estão: a
instalação limpa (sem emissão de contaminantes ou poluentes sonoros), o
aproveitamento do espaço (eles podem ser instalados em telhados, fachadas e demais
ambientes utilizados para outras finalidades), a vida útil longa (em média, 25 anos), a
utilização de uma fonte energética estável e a maior independência da distribuidora de

22
energia – esse benefício é especialmente importante em áreas rurais (ZILLES et al.,
2012; VILLALVA, 2012; VIANA, ZAMBOLIM e SOUSA, 2017).
Esse tipo de sistema é uma alternativa interessante quando se considera a
realidade da geração de energia elétrica nos últimos anos no Brasil: os preços têm
onerado bastante o orçamento dos consumidores, principalmente depois do surgimento
do esquema de bandeiras tarifárias. A sobrecarga da geração em hidrelétricas dificulta a
produção e distribuição de energia em épocas de seca, fazendo com que muitas vezes
seja necessário recorrer às termelétricas, que ocasionam maiores custos e maior impacto
ambiental.
Por questões como essas, a energia solar fotovoltaica vem recebendo atenção
em todo o mundo nas últimas décadas. Ainda há muito que se avançar no contexto
brasileiro, pois países com incidência solar menor do que a nossa (como algumas
regiões da Europa) já utilizam essa energia com maior potencial (VILLALVA, 2012).
Esses dados puderam ser analisados nos gráficos 2 e 3 deste trabalho: no Brasil, a
produção de energia solar teve participação de apenas 0,5 na matriz elétrica em 2018,
enquanto o índice mundial foi de 1,8%.
Um dos maiores obstáculos à ampliação desse setor no país são os custos – que
se espera que sejam diminuídos com os incentivos ao crescimento da indústria solar.
Segundo Ferreira et al. (2018), em 2013 a instalação de um sistema solar na Alemanha
custava em torno de $ 1.684,00 euros por quilowatt de capacidade instalada (kWp),
enquanto no Brasil esse valor variava entre R$ 7.000,00 e R$ 10.000,00 reais
(correspondente ao intervalo entre $ 2.000,00 e $ 3.000,00 euros).
Os mesmos autores afirmam que pesquisas atuais têm demonstrado a tendência
à energia solar alcançar um nível de competitividade maior. O aumento da utilização
dos sistemas solares, junto com o estímulo às pesquisas e ao desenvolvimento de novos
materiais, são fatores que contribuem para baratear os processos de produção e
instalação das células fotovoltaicas. Além disso, os incentivos de políticas públicas são
fundamentais (FERREIRA et al.,2018).
A partir de 2012, esse setor passou a contar com um incentivo relevante no
Brasil: esse foi o ano em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
publicou a resolução normativa nº 482, regulando a microgeração e minigeração de
energia no país. O documento oferece direcionamento para a utilização de fontes

23
renováveis e alternativas nos sistemas de geração distribuída 5. Assim, permite que
unidades consumidoras se tornem produtoras de energia, a partir de estruturas como a
dos sistemas solares fotovoltaicos (ANEEL, 2012).
Para Villalva (2012), regulamentações como essa são fundamentais para
aumentar a escala de utilização das fontes alternativas de energia. Além disso, ele
aponta como ação importante o estímulo governamental, que pode vir como subsídios,
isenções ou criação de linhas de financiamento para projetos de micro e minigeração de
energia.
Nos últimos anos, a participação da energia solar vem crescendo bastante no
Brasil (CARSTENS; CUNHA, 2019). Embora não tenha ainda uma participação intensa
na matriz elétrica (0,5%), houve uma ampliação de 316,1% do uso dessa fonte
energética entre 2017 e 2018 no país. A geração passou de 832 GWh para 3.461 GWh
apenas em um ano. O destaque aumenta quando a análise se foca nos números
relacionados à microgeração e minigeração distribuída: a energia solar corresponde a
63,5% de toda a energia elétrica de 2018 nesses dois grupos, como pode ser visto no
gráfico a seguir.
Gráfico 4: Participação das fontes de energia na geração distribuída em 2018

Fonte: BRASIL (2019)

Pesquisadores do campo da energia solar defendem que há muito espaço para a


ampliação desses números na matriz elétrica brasileira. Uma das principais razões para
isso é a caracterização geográfica brasileira, que promove abundância da incidência
solar, principalmente na região Nordeste onde há escassez de chuvas (MARQUES;

5
A geração distribuída de energia elétrica acontece quando geradores são conectados diretamente no
sistema elétrico de distribuição da unidade consumidora (BRASIL, 2004).
24
KRAUTER; LIMA, 2009; FERREIRA et al., 2018). Outra justificativa para o potencial
de uso da energia solar fotovoltaica no Nordeste é a geopolítica da região. Nesse caso,
os sistemas solares são escolhas eficientes para áreas do semiárido, pois a geração
distribuída oferece solução para o problema da distância em relação aos grandes centros
de distribuição de energia (BRANDÃO et al., 2014; VIANA, ZAMBOLIM e SOUSA,
2017).

2.2 Tipos de instalação de energia solar fotovoltaica


A energia proveniente do sol é utilizada na produção de eletricidade por causa
do chamado efeito fotovoltaico, que é responsável pela conversão da luz solar em
energia elétrica. Segundo explicam Balfour, Shaw e Nash (2016), a primeira descoberta
relacionada a esse efeito foi do francês Alexandre-Edmond Becquerel, que em 1839
percebeu uma luz ao colocar duas placas de latão em um líquido condutor. Em 1880, o
britânico Willoughby Smith construiu a primeira célula solar, feita de selênio.
Já em 1950, pesquisadores começaram a usar o silício nas placas solares,
objetivando aproveitar a vantagem de esse ser o segundo elemento mais disponível na
terra. O funcionamento do efeito fotovoltaico nas células de silício acontece da seguinte
forma: “quando a luz solar atinge a célula solar, os elétrons se separam de seus átomos e
se movem. Esse movimento cria eletricidade através de um circuito elétrico.”
(BALFOUR, SHAW e NASH, 2016, p. 3).
Assim, a radiação eletromagnética do sol é transformada em energia elétrica
pela criação de uma diferença de potencial ou de uma tensão elétrica na célula solar
(VILLALVA, 2012). Essa célula é formada por materiais semicondutores. Nos sistemas
solares fotovoltaicos, a corrente elétrica é coletada e processada pelos dispositivos
(controladores e conversores). Então, ela pode ser utilizada diretamente pela unidade
consumidora ou armazenada em baterias.
Os módulos solares são os principais elementos de um sistema solar
fotovoltaico. Os materiais comumente utilizados para a fabricação desses módulos são o
silício cristalino, o silício amorfo hidrogenado, o telureto de cádmio e o disseleneto de
cobre. Desses, o elemento mais usado é o silício (FERREIRA et al., 2018).
As instalações de energia solar fotovoltaica podem ser de dois tipos: (1) placas
solares colocadas em construções residenciais ou comerciais e (2) usinas fotovoltaicas.
No primeiro caso, como mostra a figura 1, as placas servem para produzir energia

25
visando o uso de determinada unidade consumidora, seja ela casa, prédio ou empresa. Já
o segundo exemplo é mostrado na figura 2, que apresenta uma usina solar – ela tem
porte maior do que as instalações residenciais e pode distribuir energia para diversas
unidades consumidoras.
Figura 1: Exemplo de instalação de placas solares residenciais

Fonte: ocaenergia.com
Figura 2: Exemplo de usina fotovoltaica

Fonte: gereportsbrasil.com.br

2.2.1. Geração distribuída


A geração distribuída foi regulamentada no Brasil em 2004 pelo decreto nº
5.163, que a define no artigo 14 como:
a produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes
concessionários, permissionários ou autorizados, incluindo aqueles tratados
pelo art. 8o da Lei no 9.074, de 1995, conectados diretamente no sistema

26
elétrico de distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de
empreendimento:
I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e
II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a
setenta e cinco por cento. (BRASIL, 2004).

Dessa forma, a geração distribuída diz respeito à produção de energia que


acontece próximo à unidade de consumo. A utilização de modelos desse tipo é algo
benéfico, pois marca uma independência em relação às grandes usinas geradoras de
energia. Nesse sentido, existem vantagens para a unidade consumidora, como os
descontos na conta de energia e a estabilidade diante de possíveis problemas nas usinas.
A matriz elétrica do país também recebe impacto positivo, pois o uso de fontes
alternativas diminui a carga de consumo sobre o modelo tradicional de distribuição de
energia (VILLALVA, 2012; FERREIRA et al., 2018; RIGO et al., 2019).
Tradicionalmente, o modelo mais utilizado em todo o mundo centraliza a
energia em grandes unidades de geração. Elas ficam, em geral, longes dos centros
consumidores e, por isso, demandam uma estrutura complexa de linhas de transmissão
até as unidades (ZILLES et al., 2012). As maiores dificuldades desse contexto estão em
regiões distantes dos centros urbanos, como é o caso do sertão nordestino. Nesses
locais, é mais difícil e custoso implantar a rede de distribuição elétrica.
Segundo Zilles et al.(2012), há várias razões para o investimento em geração
distribuída: os limites no potencial de instalação de grandes empreendimentos
energéticos (como os extensos prazos para construção de usinas); os grandes impactos
ambientais causados por essas construções; os custos envolvidos na instalação de usinas
e as perdas da eficiência energética causadas pela distância entre a unidade geradora e
as unidades consumidoras da energia. Villalva (2012) destaca, ainda, que a geração
distribuída permite economizar água nos reservatórios hidrelétricos e reduzir a
necessidade de construção ou utilização de recursos não renováveis em períodos
críticos.
No Brasil, a geração distribuída permite descentralizar a produção de energia,
fazendo com que a própria unidade consumidora produza a eletricidade que utiliza.
Quando a produção for maior que o consumo, o consumidor recebe um crédito.
Diferentemente de outros países, aqui não é possível vender sua energia para outros
consumidores (VILLALVA, 2012).

27
2.2.2 Sistemas autônomos
A energia solar fotovoltaica pode ser gerada em sistemas autônomos ou em
sistemas conectados à rede. Nesse primeiro caso, ela acontece em estruturas isoladas da
rede elétrica. Ou seja, não precisam estar ligadas às linhas de transmissão. Para isso,
elas contam com equipamentos responsáveis por armazenar a energia – como a bateria.
Segundo Villalva (2012), o sistema autônomo é composto pelos módulos
fotovoltaicos, o controlador de carga, a bateria e o inversor (que converte a tensão
contínua em tensão alternada, permitindo que a energia seja utilizada em aparelhos
elétricos, lâmpadas etc). A bateria tem a função de armazenar a energia, já que o sistema
não é ligado à linha de transmissão. Por sua vez, o controlador de carga serve para
regular a carga da bateria e proteger esse componente contra sobrecargas ou descargas
abruptas, prolongando sua vida útil. Alguns tipos de controlador também podem
aumentar a produção de energia do painel solar. A figura 3 apresenta um sistema solar
autônomo.

28
Figura 3: Componentes do sistema fotovoltaico autônomo

Fonte: Adaptado de sunrioenergiasolar.com.br

No Brasil, os sistemas autônomos foram utilizados nas políticas públicas do


programa Luz para Todos, criado em 2003 com o objetivo de possibilitar o acesso à
eletricidade em comunidades rurais (MENDONÇA e BORNIA, 2019). O programa foi
realizado em locais que não eram atendidos pela rede elétrica por conta do difícil acesso
ou dos altos custos envolvidos na ampliação da rede de distribuição até eles. A energia
solar fotovoltaica foi uma alternativa para aumentar a qualidade de vida das pessoas e o
desenvolvimento econômico da zona rural (VIANA, ZAMBOLIM e SOUSA, 2017).
Além dessa utilização, os sistemas solares não conectados à rede são úteis em
diversas situações de uso em que há dificuldades de acesso às linhas de transmissão
elétrica. Alguns exemplos são: iluminação pública em propriedades rurais, praias,
campings, ilhas, comunidades isoladas, centrais de telecomunicações remotas, sistemas
de sinalização de estradas, fornecimento de eletricidade em veículos náuticos e sistemas
aeroespaciais (VILLALVA, 2012). Portanto, o sistema solar autônomo ainda é uma

29
opção viável e relevante para geração de eletricidade em contextos que não são
alimentados pela rede elétrica.

2.2.3 Sistemas conectados à rede elétrica


Ao contrário dos sistemas autônomos, os sistemas fotovoltaicos conectados à
rede (SFCR) são aqueles que operam junto com a rede tradicional de eletricidade. Essas
estruturas são instaladas em locais que já são atendidos pela distribuidora de energia
elétrica. Nesse caso, o objetivo é suprir a demanda de energia da unidade consumidora
ou baratear os custos e usufruir de maior estabilidade diante da oferta e dos preços
instáveis da rede.
Nesse grupo estão os sistemas de geração distribuída, já comentados
anteriormente, e também as usinas solares – que são sistemas fotovoltaicos
centralizados. Em relação ao tamanho, os sistemas podem ser classificados: em
microgeração (potência de até 75 kW), minigeração (entre 75 kW e 5MW) e usinas de
eletricidade (acima de 5 MW). Em geral, os sistemas de microgeração atendem a uma
unidade consumidora pequena, como casa ou apartamento, enquanto os de minigeração
servem bem a prédios maiores, como shoppings. Já as usinas são utilizadas para
distribuir energia para outras unidades.
Os sistemas solares conectados à rede elétrica são compostos por conjuntos de
módulos fotovoltaicos, um inversor conectado à rede, quadros elétricos para proteção e
um medidor de energia. Ele não conta com bateria, já que a energia gerada é injetada
diretamente na rede elétrica da unidade consumidora. Em casos que a geração de
energia ultrapasse o consumo, o excedente é exportado para a concessionária de energia
e ela concede créditos ao consumidor (VILLALVA, 2012).

2.3 A radiação solar no Brasil


O sol é formado principalmente pelos elementos hidrogênio e hélio. As
condições de pressão e temperatura em seu centro possibilitam reações de fusão nuclear
– quando dois ou mais núcleos atômicos se fundem e formam outro com maior número
atômico. A fusão nuclear entre o hidrogênio e o hélio é a responsável pela emissão de
energia em forma de radiação eletromagnética (MORAIS, 2017).
A radiação eletromagnética é a forma como a energia solar chega ao planeta
Terra. Ela é formada por ondas eletromagnéticas de frequências e comprimentos de

30
onda diferentes – sendo que todas elas transportam energia e podem ser captadas como
forma de luz e calor. O espectro da radiação solar é o conjunto de todas essas
frequências, incluindo tanto as que podem ser percebidas pelo olho humano quanto as
que não podem (VILLALVA, 2012). A composição do espectro da radiação solar pode
ser vista na figura 4.
Figura 4: Composição da radiação solar

Fonte: todamateria.com.br
A energia eletromagnética, formada por uma corrente de fótons, proveniente do
sol se transforma em energia cinética em contato com corpos e materiais que absorvem
a radiação. Depois disso, a energia cinética agita átomos e moléculas e aumenta a
temperatura, transformando-se em energia térmica. É isso que acontece quando pessoas,
animais e determinados objetos recebem a luz do sol. Já no caso dos painéis solares
fotovoltaicos, a estrutura é pensada para transformar a radiação eletromagnética em
corrente elétrica (VILLALVA, 2012).
Diversos elementos influenciam a radiação solar que chega até as placas
solares, pois as ondas sofrem alterações no espaço. Alguns aspectos são: a composição
da atmosfera e a espessura do ar, a presença de elementos suspensos (como vapor de
água ou poeira), o comprimento do trajeto dos raios solares até a superfície e os ângulos
de inclinação do sol. Assim, a radiação solar é diferente dependendo da localização
31
geográfica, da estação do ano, das condições climáticas de cada dia e de cada hora do
dia.
São esses fatores que explicam, por exemplo, que a zona tropical (entre os
trópicos de Câncer e Capricórnio) seja mais iluminada e quente, pois os ângulos dos
raios solares são menores e eles passam por massas de ar reduzidas. Nesse sentido, o
Brasil tem um posicionamento privilegiado em relação ao recebimento de radiação
solar. Todas as regiões do país apresentam bom potencial energético para a energia solar
fotovoltaica: “mesmo as regiões brasileiras com menores índices de radiação
apresentam grande potencial de aproveitamento energético para esta fonte, sendo
comparáveis, por exemplo, às regiões de maiores índices na Alemanha” (BARBOSA
FILHO et al., 2015, p. 629).

2.4 Potencial energético


Villalva (2012) também afirma que o Brasil é privilegiado em relação à energia
solar, por ter altas taxas de radiação em todas as regiões do país – com destaque para as
regiões Nordeste e Centro-Oeste, que são as que possuem maior potencial de
aproveitamento da energia. Para o autor, apesar das outras regiões não apresentarem o
mesmo nível de radiação solar, elas ainda têm valores significativos para a produção de
energia (inclusive, maiores do que países que utilizam largamente a energia
fotovoltaica).
Na figura 7, é possível ver o mapa brasileiro mostrando a média anual de
radiação global nas diversas regiões do país. Os dados são do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), publicados na segunda edição do Atlas Brasileiro de
Energia Solar (PEREIRA et al., 2017).

32
Figura 5: Média anual da radiação global horizontal no Brasil

Fonte: Pereira et al.(2017)

Como visto no mapa, as cinco regiões brasileiras apresentam níveis


significativos de radiação solar. Os detalhes de cada uma podem ser analisados nessa
tabela, montada a partir dos dados trazidos pela mesma referência (PEREIRA et al.,
2017).
Tabela 1: Médias diárias de radiação global nas regiões brasileiras
Região Valor diário médio da radiação global horizontal

Nordeste 5,49 kWh/m2


Sudeste 5,06 kWh/m2
Centro-Oeste 5,07 kWh/m2
Norte 4,64 kWh/m2
Sul 4,53 kWh/m2
Fonte: adaptado de Pereira et al.(2017)

33
2.5 Formas de medir a radiação
Existem maneiras de descobrir qual é a radiação solar que chega ao solo ou às
instalações de sistemas solares fotovoltaicos. Essa medição é feita pela quantificação da
potência ou energia de radiação recebida em uma determinada superfície e considera
todas as frequências do espectro solar (mas isso depende das possibilidades e limitações
de cada aparelho de medição utilizado). Neste tópico, são apontados os tipos de
radiação, as características dos raios solares e os equipamentos utilizados para medição.

2.5.1 Tipos de radiação solar


Os raios solares chegam ao solo em todas as direções e podem ser absorvidos,
espalhados ou refletidos por objetos e pelos elementos da atmosfera, como nuvens,
poeira, vapor e moléculas do ar. Dessa forma, a quantidade de energia recebida pela
superfície da Terra e, consequentemente, pelos painéis solares, é influenciada pelas
estações do ano e por elementos como a ocorrência de chuva ou a presença de mais ou
menos nuvens no céu.
Considerando essas características, há alguns tipos de radiação solar: a direta, a
difusa e a albedo. A primeira corresponde aos raios que vêm diretamente do sol,
enquanto a segunda são raios que incidem indiretamente, pois são espalhados pela ação
da difração na atmosfera, nas nuvens e em outros componentes ou objetos. Por sua vez,
a radiação albedo é a energia solar refletida pela superfície da Terra e por objetos. A
radiação global é a soma dessas radiações. Quando se considera superfícies que estão na
posição horizontal, a radiação global é a soma das radiações direta e difusa. Já se a
superfície tem alguma inclinação, a soma considera os três tipos (MORAIS, 2017).
A figura a seguir proporciona a visualização das radiações solares, onde G0
corresponde à radiação extraterrestre, G é a radiação global, Gn e Gdri mostram a
radiação direta e Gdif corresponde à radiação difusa.

34
Figura 6: Tipos de radiação solar

Fonte: Pereira et al.(2017)


A radiação global pode ser medida através de um aparelho chamado
piranômetro. Ele é composto por um sensor de radiação solar e uma redoma de vidro
que recebe a luz de todas as direções. Por sua vez, a radiação direta é medida por outro
instrumento: o pireliômetro. Ele é formado por um sensor de radiação solar que fica
dentro de um tubo com uma pequena abertura para entrada de luz – dessa forma, só
entra no equipamento a luz direta do sol (VILLALVA, 2012). Na figura 7 é possível ver
os dois aparelhos de medição.
Figura 7: a) piranômetro b) pireliômetro

Fonte: http://recursosolar.geodesign.com.br(a), directindustry.com(b)

35
Em placas solares fotovoltaicas, há, ainda, a opção de usar um sensor para
descobrir a medida de radiação solar. A vantagem nesse caso é que o aparelho tem
baixo custo e permite avaliar o desempenho dos módulos solares. Entretanto, existem
desvantagens, pois esse equipamento pega uma faixa estreita do espectro solar e não é
capaz de diferenciar as radiações direta e difusa (VILLALVA, 2012). O aparelho pode
visto na figura 8.
Figura 8: Sensor que capta a radiação solar

Fonte: indiamart.com

2.5.2 Raios solares


Caso não existissem elementos influenciando a direção dos raios solares, eles
seriam sempre ondas eletromagnéticas paralelas e chegariam em linha reta na superfície.
Entretanto, ao passar pela atmosfera essas ondas sofrem efeitos de difusão e acabam se
espalhando. Também existe a interferência do albedo, pela reflexão dos raios solares.
As nuvens exercem bastante essa função – dependendo da espessura delas, o albedo no
topo das nuvens pode variar de 20% a 80% (MORAIS, 2017).
A incidência de raios solares depende diretamente da posição da Terra em
relação ao sol, que varia de acordo com os movimentos de rotação e translação. A
rotação é o movimento da Terra em torno do próprio eixo e é responsável pelo ciclo de
horas de um dia. O movimento de translação acontece ao longo da órbita da Terra em
torno do sol e gera as diferenças entre as estações do ano. Todas essas características
interferem na radiação recebida pelas superfícies terrestres ao longo do dia e do ano.
A radiação direta, que continua em linha reta, corresponde à maior parte dos
raios solares e é a utilizada para planejar as estruturas solares fotovoltaicas. Afinal, a
radiação difusa, que chega de modo irregular, não apresenta muitas possibilidades de
planejamento para sua captação (VILLALVA, 2012). Com isso, os sistemas solares são
36
pensados para aproveitar ao máximo a radiação direta do sol. E, para isso, é preciso
conhecer os ângulos de inclinação dos raios solares – já que em cada ponto da Terra a
energia chega com inclinações diferentes.
As coordenadas do sol são expressas por dois ângulos: o zênite (θz) e o azimute
(Ψ). O ângulo zênite ou zenital solar varia entre +90° e -90° e se refere ao ângulo entre
a posição vertical de um ponto de observação e a linha que liga esse ponto da Terra ao
sol. O ângulo azimute ou azimutal varia entre 0°, 90°, 180° e 270° e cada um deles
corresponde às direções norte, leste, sul e oeste (respectivamente). Esse é o ângulo
correspondente à linha entre o plano horizontal e o norte devido. Há, ainda, o ângulo
solar ou a altura solar (α). Ele é referente à linha entre o centro do sol e o ponto de
observação na superfície terrestre. Esses ângulos estão representados na figura 9.
Figura 9: Ângulos dos raios solares

Fonte: Campos e Alcântara (2013)


Essas mudanças na inclinação geram a necessidade dos sistemas fotovoltaicos
considerarem a inclinação diária. Por isso, nos últimos anos já estão sendo usadas
estruturas de seguidores solares para movimentar as placas de acordo com as variações
da radiação e aproveitar ao máximo a energia. Quando não se utilizam esses aparelhos,
os cálculos feitos antes da instalação das placas devem considerar as melhores
condições para aproveitamento da luz fixa (VILLALVA, 2012).
Nesse caso, a indicação é instalar os módulos voltados para o norte geográfico
para localizações abaixo da linha do Equador e no sul geográfico em locais acima dessa
linha. Esse posicionamento é o mais eficiente para aproveitar os raios solares nas
diferentes posições do sol ao longo do dia – com pico máximo ao meio dia, quando o
sol está diretamente incidindo sobre as placas (VILLALVA, 2012). A figura 10 mostra
a inclinação das placas em relação ao sol.

37
Figura 10: Inclinação das placas solares em relação ao sol

Fonte: eletricistaconsciente.com.br

2.5.3 Medida de irradiância


A irradiância ou irradiação é uma grandeza utilizada para quantificar a radiação
solar. Ela é expressa na unidade watt por metro quadrado (W/m 2), pois indica a potência
de energia transportada para determinada área. Os equipamentos de medição citados no
tópico anterior apresentam medidas da irradiância solar, assim, eles são capazes de
mostrar qual foi a potência da radiação solar recebida por uma superfície.
O valor da irradiância solar no espaço entre o sol e a Terra gira em torno de
1353 W/m2. Já na superfície terrestre, esse valor é geralmente 1000 W/m 2 – essa medida
é utilizada como padrão para a especificação e avaliação das estruturas fotovoltaicas no
setor de energia solar. Dessa forma, o valor da irradiância padrão serve para analisar a
eficiência de diversos sistemas fotovoltaicos (VILLALVA, 2012).

2.5.4 Medida de insolação


A insolação é mais uma medida da energia proveniente do sol. Nesse caso, ela
mostra a quantidade de energia recebida em relação a determinado período de tempo.
Assim, é possível conhecer a irradiação solar que chegou a uma superfície ao longo de

38
um dia, mês, ano ou intervalos maiores, por exemplo. Essa medida é expressa na
unidade watt-hora por metro quadrado (Wh/m2).
A insolação solar é medida em diversos locais da Terra a partir de estações
solarimétricas, que usam sensores de radiação para fazer esse levantamento. Também
são utilizados softwares para calcular a insolação a partir das coordenadas geográficas.
Dessa maneira, podem ser construídos bancos de dados com essas informações – eles
são disponibilizados por instituições de pesquisas na forma de tabelas ou mapas
solarimétricos, como o apresentado anteriormente neste capítulo. Um dos usos possíveis
dessas informações é no planejamento da instalação de sistemas de energia fotovoltaica.

39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo é apresentada a metodologia desta pesquisa. O estudo trata da
análise de desempenho comparativa entre sistemas fotovoltaicos localizados nas regiões
brasileiras – entre eles, duas instalações localizadas no campus do Itaperi - UECE. A
presente pesquisa retoma dados de análises de desempenho realizadas para cada sistema
anteriormente em trabalhos de dissertações e tese (FERREIRA, 2015; MORAIS, 2017,
NASCIMENTO, 2019).

3.1 Indicadores de desempenho de sistemas fotovoltaicos


A análise de desempenho é o que permite conhecer a performance alcançada
pelos componentes de um sistema fotovoltaico e determinar o potencial de produção
energética dele. As informações básicas sobre o desempenho dos módulos
fotovoltaicos levam em consideração as condições de testes, enquanto a análise de
desempenho permite levantar dados sobre o sistema em condições de uso reais
(QUANSAH et al., 2017).
Desse modo, é possível verificar as influências de aspectos como o clima, a
inclinação dos painéis e a qualidade dos equipamentos, assim como comparar a
eficiência de painéis solares instalados em diversos locais (LIMA et al., 2017). Existem
normas internacionais (IEC 61724, publicado em 1998) e nacionais (ABNT NBR
16274, lançada em 2014) para a realização dessa análise. Esses documentos padronizam
detalhes relacionados às instalações fotovoltaicas.
Na nossa pesquisa, os indicadores utilizados para analisar o desempenho dos
sistemas fotovoltaicos são: produtividade de referência, produtividade de arranjo,
produtividade final, perdas de energia, taxa de desempenho, fator de capacidade e os
níveis de eficiência do sistema e do inversor.

3.1.1 Produtividade de referência


A produtividade (Y) do sistema fotovoltaico mostra a energia real gerada por
ele em relação à sua capacidade nominal. Ela é medida em kWh/kW p.dia ou em
horas/dia. A produtividade pode ser dividida de três formas: produtividade de
referência (YR), produtividade de arranjo (YFV) e produtividade final (YF).
A produtividade de referência representa a energia teórica de um local
específico em determinado período. Ela é calculada pela equação 1:

40
(1)

Onde:
YR é a produtividade de referência
HT é a irradiação total ou irradiação horizontal global no plano
HR é a irradiação de referência

3.1.2 Produtividade de arranjo


A produtividade de arranjo (YFV) representa o tempo em que a matriz
fotovoltaica deve operar em sua potência nominal para gerar a energia produzida. O que
permite calcular essa produtividade é a equação 2:

(2)

Onde:
YFV é a produtividade de arranjo
PFV,nom é a potência nominal dos painéis fotovoltaicos
ECC é a energia de corrente contínua

3.1.3 Produtividade final


A produtividade final (YF) demonstra quantas horas diárias o sistema
fotovoltaico precisa operar na sua potência nominal para produzir a quantidade de
energia registrada na rede e é definida pela equação 3:

(3)

Onde:
YF é a produtividade final
ECA é a energia total em corrente alternada
PFV,nom é a potência nominal do sistema

41
3.1.4 Perdas de energia
Um sistema fotovoltaico não é capaz de transformar toda a energia recebida do
sol em energia elétrica. Logo, sempre ocorrem perdas, que podem ser classificadas
como perdas de captação do arranjo fotovoltaico (LFV), perdas do sistema fotovoltaico
(LS) e perdas totais do sistema (LT).
A perda de captação do arranjo fotovoltaico é gerada pela impossibilidade que
ele tem de utilizar toda a irradiância disponível. Assim, ela é calculada pela equação 4:

(4)

Onde:
LFV é a perda de captação do arranjo fotovoltaico
YR é a produtividade de referência
YFV é a produtividade do arranjo fotovoltaico

Já a perda de sistema fotovoltaico se refere ao que não se aproveita na


conversão da energia de corrente contínua em corrente alternada pelo inversor. Com
isso, ela é calculada pela equação 5:

(5)

Onde:
LS é a perda de sistema fotovoltaico
YFV é a produtividade do arranjo fotovoltaico
YF é a produtividade final

A perda total do sistema é representada pela soma entre os dois tipos de perdas
apresentados anteriormente. Ou seja, é calculada pela equação 6:

(6)

Onde:
Lt é a perda total
42
LFV é a perda de captação do arranjo fotovoltaico
LS é a perda de sistema fotovoltaico

3.1.5 Taxa de desempenho


A taxa de desempenho (PR – performance ratio) é mais uma medida da
performance de um sistema solar fotovoltaico. Ela representa a relação entre as saídas
de energia reais e teóricas. Ou seja, permite conhecer o quanto é, de fato, produzido de
energia pelo sistema, considerando as perdas e o consumo de energia para própria
operação dos equipamentos.
Essa taxa é expressa em termos percentuais, de forma que quanto mais
próximo de 100%, melhor é a geração de energia de um sistema fotovoltaico.
Entretanto, sabe-se que o desempenho de 100% é impossível de ser alcançado por conta
das perdas comentadas anteriormente.
Conhecer a taxa de desempenho é fundamental para avaliar os resultados de
um sistema e, inclusive, compará-los com outros sistemas instalados em diferentes
locais. Portanto, esse índice é central na presente pesquisa. A taxa pode ser definida
com base na equação 7:

(7)

Onde:
PR é a taxa de desempenho
YF é a produtividade final do sistema fotovoltaico
YR é a produtividade de referência

3.1.6 Fator de capacidade


A diferença entre a produtividade de energia total e a quantidade de energia
que seria produzida se o arranjo fotovoltaico operasse sempre na potência nominal total
é medida pelo fator de capacidade (FC). Assim, ele é representado pela equação 8:

(8)

Onde:
FC é o fator de capacidade

43
ECA é a energia total
PFV,nom é a potência nominal do sistema

3.1.7 Eficiência
Os índices de eficiência de um sistema fotovoltaico podem ser medidos
separadamente pela eficiência do arranjo, do sistema e do inversor. A eficiência é
expressa em porcentagem e pode ser calculada para diferentes períodos de tempo
(instantânea, horária, diária, mensal e anual, por exemplo).
A eficiência do arranjo fotovoltaico (ηFV) faz referência à energia de corrente
contínua e pode ser calculado pela equação 9:

(9)

Onde:
ηFV é a eficiência do arranjo fotovoltaico
ECC é a energia de corrente contínua
HT é a irradiação diária total no plano
AFV é a área total do arranjo fotovoltaico

A eficiência do sistema, por sua vez, se refere à energia de corrente alternada e


é calculada pela equação 10:

(10)

Onde:
ηSYS é a eficiência do sistema
ECA é a energia de corrente alternada
HT é a irradiação diária total no plano
AFV é a área total do arranjo fotovoltaico

Por fim, a eficiência do inversor trata das diferenças entre as duas energias,
conforme a equação 11:

44
(11)

Onde:
ηINV é a eficiência do inversor
ECA é a energia de corrente alternada
ECC é a energia de corrente contínua

3.2 Método
Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos em um intervalo de doze
meses para cada sistema fotovoltaico. Em relação aos sistemas instalados na UECE, a
coleta de dados do PV-UECE1 se deu entre os meses de junho de 2013 e maio de 2014
(FERREIRA, 2015), enquanto a do PV-UECE2 foi realizada entre outubro de 2016 e
setembro de 2017 (MORAIS, 2017). Por sua vez, a coleta dos sistemas instalados nas
demais regiões brasileiras foi realizada entre os meses de junho de 2015 e maio de 2016
(NASCIMENTO, 2019).
Ainda que as informações tenham sido coletadas em períodos diferentes, é
possível realizar a comparação entre os sistemas, já que ela é feita considerando os
intervalos mensais e a média anual. Além disso, os parâmetros utilizados são
normalizados e possibilitam analisar a eficiência dos sistemas de modo comparado –
considerando algumas especificidades, que serão discutidas no capítulo de resultados.
De tal modo, torna-se viável discutir o desempenho de cada sistema e identificar o que
apresenta maiores níveis de eficiência.
Neste estudo, são comparadas as taxas de desempenho de todos os sistemas.
Além disso, especificamente sobre os sistemas instalados na UECE foram analisados os
demais indicadores. Os tópicos a seguir descrevem os sistemas fotovoltaicos e os
materiais e métodos utilizados em cada levantamento de dados.

3.3 Descrição dos sistemas localizados na UECE


Dois dos sistemas fotovoltaicos analisados nesta pesquisa ficam localizados no
campus do Itaperi-UECE, na cidade de Fortaleza-CE. Ambos foram instaladas no
prédio onde funciona o Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Físicas Aplicadas,
onde a presente pesquisa foi realizada. A localização geográfica do espaço da

45
universidade é marcada pelas coordenadas 3°40ʹ de latitude sul e 38°33ʹ de longitude
oeste, estando a 31m acima do nível do mar.
A cidade de Fortaleza faz parte da região Nordeste do Brasil e apresenta clima
tropical, com temperaturas quentes na maior parte do ano. A temperatura costuma variar
entre 24 °C e 31 °C, tendo uma média de 26,6 °C – sendo os meses de novembro a maio
os que apresentam maior índice de nuvens, o que afeta a produção dos painéis solares
fotovoltaicos nesse período (LIMA et al., 2017).
As informações acerca da irradiância solar na UECE são processadas por um
piranômetro da estação de coleta de dados da Funceme (Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos) localizada no campus do Itaperi. O equipamento é
da marca Kipp&Zonen, modelo CMP3, e é capaz de medir a radiação global do sol em
ondas curtas (na faixa de 300 a 2800 nm). O piranômetro fica distante 69,3m do PV-
UECE1 e 45m do PV-UECE2, em linha reta (FERREIRA, 2015; MORAIS, 2017).
As informações referentes ao piranômetro considerado neste estudo podem ser
vistas na tabela 2 Os dados recebidos por ele são armazenados em um datalloger da
estação de coleta.
Tabela 2: Características do piranômetro Kipp&Zonen
Sensibilidade 5-20 µV/W/m2
Faixa espectral 300 a 2000 nm
Dependência da temperatura < 5%de -10°C a +40°C
Linearidade ± 0,5% 0-2.800 W/m
Tempo de resposta 18 segundos
Máxima irradiância solar 2.000 W/m2
Fonte: Adaptado de www.kippzonen.com

Apesar de terem sido instalados em locais bastante próximos, os sistemas


apresentam condições diferentes em relação ao seu posicionamento. A seguir, são
detalhados os dois sistemas – diferenciados pelas siglas PV-UECE1 e PV-UECE2. O
PV-UECE1 foi analisado na dissertação de Ferreira (2015) e o PV-UECE2 teve seu
desempenho discutido na dissertação de Morais (2017). De posse desses dados, nosso
estudo realizou a comparação entre a eficiência dos dois sistemas citados, junto com de
outras regiões brasileiras.

46
3.3.1 PV-UECE1

O PV-UECE1 é um arranjo de 18 painéis, cada um com dimensões de 1638


mm x 982 mm x 40 mm e peso de 19 kg. A área total coberta por ele é de 14,50 m². As
placas solares foram feitas com silício policristalino (p-Si) e são da marca
CanadianSolar, modelo CS6P-245P. A potência nominal de cada painel é de 245 Wp, o
que gera uma potência total de 2,2 kWp. Na tabela 3 é possível verificar os parâmetros
de fábrica dos painéis:
Tabela 3: Características dos painéis PV-UECE1
Padrão de teste STC CS6P-245P
Potência máxima nominal 245 W
Tensão no PMP 30,0 V
Corrente no PMP 8,17 A
Tensão de circuito aberto 37,1 V
Corrente de curto circuito 8,74 A
Eficiência da placa solar 15,23%
Faixa de temperatura de
-40°C a +85°C
operação
Tensão máxima do sistema 1.000 V
Corrente máxima da série 15 A
Tolerância de potência 0 ±5 W
Fonte: Adaptado de CanadianSolar

O arranjo solar está fixado no solo, direcionado para o norte geográfico


(azimute de 0°) e inclinação de 8°. Ele pode ser visto na figura 11.

47
Figura 11: Instalações do PV-UECE1

Fonte: Ferreira (2015)


Os 18 painéis fotovoltaicos desse arranjo fornecem energia para um inversor de
marca SMA e modelo Sunny Boy SB 2500 HF. A potência nominal do inversor é de
2.500 W e demais informações sobre ele podem ser conferidas na tabela 4.
Tabela 4: Características do inversor Sunny Boy SB 2500-HF
Informações básicas
Dimensões (mm) 348/580/145
Massa 17 Kg
Temperatura de operação de -25°C a +60°C
Máxima eficiência 96,30%
Grau de proteção eletrônica IP65
Entrada CC
Potência máxima 250 W
Tensão máxima 700 V
Corrente máxima 15 A
Tensão mínima 175 V
Tensão nominal 530 V
Faixa de tensão do PMP 175 V a 560 V
Saída CA
Potência nominal (230V, 50Hz) 2.500 W
Potência máxima aparente 2.500 VA
Faixa de tensão nominal 180 V a 280 V
Frequência 50 Hz, 60 Hz
Corrente máxima 14,2ª
Fator de potência 1
Fases/neutro 1/1
Eficiência 96,3%/95,4%
Fonte: adaptado de SMA

48
Os dados do inversor são recebidos e armazenados por um aparelho datalogger
de marca SMA e modelo Sunny WebBox. O datalogger armazena em um cartão de
memória os dados referentes à corrente elétrica, tensão e potência do sistema
fotovoltaico. Dessa forma, as informações podem ser transferidas para o computador,
onde as análises de desempenho são realizadas. Além disso, o aparelho também realiza
a função de relatar possíveis falhas no sistema fotovoltaico. As principais características
desse equipamento podem ser vistas na tabela 5.
Tabela 5: Características do datalloger SMA Sunny WebBox
Comunicação com inversor RS485, 10/100 Mbit Ethernet
Consumo de potência máxima 12 W
Memória Interna 8 MB
Expansão de memória Cartão SD até 2GB
Faixa de temperatura de operação -20°C a +55°C
Tensão de entrada 100 V a 240 VCA
Massa 750 g
Operação Servidor Web integrado
Fonte: Adaptado de SMA

Na figura 12 é possível conhecer o inversor e o datalloger do PV-UECE1.


Figura 12: Inversor e datalloger PV-UECE1

Fonte: Ferreira (2015)

49
3.3.2 PV-UECE2

O sistema fotovoltaico 2 é composto por 24 painéis fotovoltaicos, cada um com


dimensões de 1.500 mm x 990 mm x 46 mm e peso de 18 kg. No total, o sistema cobre
uma área de 35,64 m². Os painéis são da marca Kyocera, modelo K215GX, fabricados
com silício policristalino (p-Si). A potência nominal deles é de 215Wp cada – formando
uma potência de 5,2 kWp no total. A tabela 6 mostra os parâmetros do sistema,
segundo o fabricante:
Tabela 6: Características dos painéis PV-UECE2 (padrão de teste STC)
Potência máxima nominal 215 W
Tensão no PMP 26,6 V
Corrente no PMP 8,09 A
Tensão de circuito aberto 33,2 V
Corrente de curto circuito 8,78 A
Eficiência da placa solar 14,48%
Faixa de temperatura de operação -40°C a +90°C
Tensão máxima do sistema 600V
Corrente máxima da série 15 A
Tolerância de potência 0±5W
Fonte: Adaptado de Kyocera e solardesigntool.com
Os módulos solares estão fixados em uma estrutura feita de madeira, com
altura de 3,20 cm em relação ao solo. O conjunto está em uma inclinação de 8° em
relação à linha horizontal. Além disso, sua orientação é de azimute 25°. Ele pode ser
visto na figura a seguir.
Figura 13: Instalações do PV-UECE2

Fonte: Morais (2017)

50
O sistema é composto, ainda, por dois inversores, de modo que cada conjunto
de 12 painéis ligados em série fornece energia a um inversor (da marca SMA, modelo
Sunny Boy SB 2500 HF). Os inversores têm potência nominal de 2.500 W e seus
números de série são 2120190623 e 2120190899. Na figura 14 é possível ver esses
equipamentos, cujas características são as mesmas inseridas na tabela 4.
Figura 14: Inversores PV-UECE2

Fonte: Morais (2017)


Um aparelho datalogger, também da marca SMA e modelo Sunny WebBox, é
utilizado para levantar os dados dos inversores – a ligação entre eles é feita com por
meio de um cabo manga com isolamento e comunicação RS485. O equipamento é do
mesmo modelo do utilizado no PV-UECE1, logo, suas características estão descritas na
tabela 5.

3.4 Descrição dos sistemas de outras regiões brasileiras

Nossa pesquisa também visa comparar os resultados encontrados nos sistemas


da UECE com o de outros sistemas fotovoltaicos nas diversas regiões do Brasil. Para
isso, foram avaliados trabalhos acadêmicos que abordassem esse tema. A tese de
Nascimento (2019) foi considerada a mais completa, pois realiza a análise da taxa de
desempenho de oito sistemas solares semelhantes instalados em diferentes Estados
brasileiros — inclusive, há uma estrutura na cidade de Caucaia, no Ceará.
As instalações dos sistemas fotovoltaicos nos oito locais monitorados pelo
estudo de Nascimento (2019) foram realizadas entre os anos de 2013 e 2015 e a coleta
de dados para a análise feita na tese do autor se deu entre os meses de junho de 2015 e
maio de 2016 (NASCIMENTO, 2019) para os oito sistemas. Eles estão localizados nas
seguintes regiões e Estados:

51
 Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul);
 Sudeste (Minas Gerais e Rio de Janeiro);
 Centro-Oeste (Mato Grosso);
 Norte (Rondônia);
 Nordeste (Bahia e Ceará).

Neste trabalho, os sistemas serao chamados por PV-SC, PV-RS, PV-MG, PV-
RJ, PV-MT, PV-RO, PV-BA e PV-CE, respectivamente, representando cada Estado
onde estão instalados. Na tabela 7 é possível ver as coordenadas de cada local de
instalação do trabalho de Nascimento (2019), assim como suas características
climáticas.
Tabela 7: Coordenadas dos oito sistemas fotovoltaicos
Sistema Coordenadas Clima6
PV-SC 28°27ʹ S temperado chuvoso
48°57ʹ O
PV-RS 27°17ʹ S temperado chuvoso
52°23ʹ O
PV-MG 18°30ʹ S tropical chuvoso, com
49°29ʹ O clima de savana
PV-RJ 22°49ʹ S tropical chuvoso, com
41°59ʹ O clima de savana
PV-MT 17°36ʹ S tropical chuvoso, com
54°55ʹ O clima de savana
PV-RO 09°17ʹ S tropical chuvoso, com
64°33ʹ O clima de monção
PV-BA 14°11ʹ S tropical chuvoso, com
42°30ʹ O clima de savana
PV-CE 03°41ʹ S tropical chuvoso, com
38°52ʹ O clima de savana
Fonte: Adaptado de Nascimento (2019)
Cada sistema fotovoltaico analisado pelo autor se trata de um conjunto de
módulos de diferentes tecnologias que, juntos, têm uma potência total de 54 kWp.
Nessas instalações, há placas fabricadas com os seguintes materiais: Silício amorfo,
Silício microcristalino, Telureto de Cádmio, Disseleneto de Cobre-Índio-Gálio, Silício
mono e policristalino. Na figura 15 é possível ver a instalação no Estado de Santa
Catarina. As demais estruturas analisadas na tese são idênticas a essa, com a diferença
de que o ângulo de inclinação é igual à latitude de cada local de instalação.

6
Nascimento (2019) utilizou a classificação da escala Köppen-Geiger.
52
Figura 15: Um dos sistemas fotovoltaicos do estudo de Nascimento (2019)

Fonte: (NASCIMENTO, 2019)


No nosso trabalho de comparação entre análises de desempenho foram
considerados apenas os dados acerca da mesma tecnologia utilizada nos módulos
solares da UECE: silício policristalino (ou multi-cristalino – m-Si, como mostrado na
figura 15). Nesse caso, trata-se de um conjunto com 38 módulos fotovoltaicos, divididos
em 2 arranjos de 19 painéis em cada Estado da pesquisa. A potência total do conjunto é
de 8,93 kWp.
Os painéis fotovoltaicos são da marca Hanwha SolarOne, modelo SF 220 Poly
x-tra, fabricados, como dito, com silício policristalino. Cada um tem dimensões de
1.652 mm x 1000 mm x 45mm e peso de 20 kg. A tabela 8 mostra os parâmetros do
sistema, segundo o fabricante:
Tabela 8: Características dos painéis instalados em oito Estados brasileiros

Potência máxima nominal 225 Wp


Tensão no PMP 30 V
Corrente no PMP 7,67 A
Tensão de circuito aberto 36,8 V
Corrente de curto circuito 8,34 A
Eficiência da placa solar 13,9 %
Faixa de temperatura de operação -40°C a +85°C
Tensão máxima do sistema 1000 V
Corrente máxima da série 15 A
Tolerância de potência 0±2%
Fonte: Adaptado de ENFsolar.com

53
A potência do conjunto de placas de silício policristalino é medida por
inversores e os dados são armazenados em um datalogger. O pesquisador realizou
medições frequentes dos valores de irradiação solar e de energia produzida pelo sistema.
Em seu estudo, Nascimento (2019) chama atenção para o fato de que o cálculo feito
para conhecer a taxa de desempenho do sistema precisou desconsiderar alguns meses
em que os dados não eram representativos. Um dos problemas na medição foi no caso
da instalação de Rondônia, em que dificuldades de conexão com a internet
impossibilitaram a coleta de dados em alguns períodos do ano.
No capítulo a seguir são apresentados os resultados da nossa pesquisa, a saber,
a comparação entre as análises de desempenho dos dois sistemas fotovoltaicos
instalados na UECE e dos sistemas analisados por Nascimento (2019) em oito Estados
brasileiros.

54
4 RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados da presente pesquisa de mestrado. Foi
considerado o desempenho dos sistemas referente a doze meses, o que permitiu
organizar os dados e realizar a análise comparativa. Vale destacar que a comparação
entre os sistemas instalados na UECE considera mais indicadores, pois os trabalhos de
Morais (2017) e Ferreira (2015) apresentam informações mais abrangentes sobre eles.
De outro lado, a comparação dos sistemas da UECE com os de outras regiões
brasileiras considera apenas a taxa de desempenho, pois o trabalho de Nascimento
(2019) não faz referência aos outros indicadores. Por esse motivo, este capítulo foi
subdivido em um tópico que trata apenas da comparação entre os sistemas PV-UECE1 e
PV-UECE2 e um segundo tópico que traz a comparação entre todos os sistemas.
Ao longo da discussão, são trazidos também os dados de outras pesquisas
realizadas no Brasil e no exterior, de forma a aprofundar ainda mais a comparação dos
resultados obtidos por nosso estudo.

4.1 Comparação de resultados entre os sistemas instalados na UECE


Neste tópico, são discutidos os resultados da análise de desempenho dos
sistemas PV-UECE1 e PV-UECE2. Para isso, utilizamos os indicadores produtividade
de referência, produtividade de arranjo, produtividade final, perdas de energia, taxa de
desempenho, fator de capacidade e os níveis de eficiência do sistema, das placas
fotovoltaicas e do inversor.

4.1.1 Níveis de produtividade


Nos gráficos de 5 a 7 podem ser vistas as informações sobre as produtividades
de ambos os sistemas durante os doze meses do ano.

55
Gráfico 5: Produtividade de referência dos sistemas da UECE - YR (kWh/m2.dia)

8,00
6,00
4,00
PV-UECE1
2,00
PV-UECE2
0,00

Fonte: autor
Gráfico 6: Produtividade no arranjo FV dos sistemas da UECE - YFV (kWh/kWp.dia)
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00 PV-UECE1
1,00 PV-UECE2
0,00

Fonte: autor
Gráfico 7: Produtividade final dos sistemas da UECE - YF (kWh/kWp.dia)

6,00
5,00
4,00
3,00
2,00 PV-UECE1
1,00
PV-UECE2
0,00

Fonte: autor
Os dados de produtividade são normalizados pela potência nominal de cada
sistema. Isso proporciona comparar os dois e perceber que há uma produtividade menor
no PV-UECE2. Observando os números apresentados nos gráficos é perceptível que a
produtividade final, assim como a de referência e do arranjo fotovoltaico, são maiores
no sistema 1. Além disso, os maiores níveis são encontrados nos meses de agosto,
setembro e outubro, enquanto os menores estão no período entre março e maio para os
dois sistemas.

56
A produtividade final dos sistemas instalados na UECE (média anual de 4,62
kWh/kWp.dia para o PV-UECE1 e de 4,33 kWh/kWp.dia para o PV-UECE2)
apresentam-se maiores do que as encontradas em instalações de países com condições
climáticas muito diferentes do Brasil. Um exemplo é o estudo feito por Adaramola e
Vågnes (2015), na Noruega, país com baixa radiação solar7. Na pesquisa deles, a
produtividade final foi de 2,55 kWh/kWp.dia.
Já um estudo feito na Índia encontrou resultados mais próximos dos obtidos
nos sistemas PV-UECE1 e PV-UECE2. Nesse caso, a produtividade de referência foi de
5,23 kWh/kWp.dia, enquanto a produtividade do arranjo foi de 4,51 kWh/kWp.dia e a
final foi de 3,99 kWh/kWp.dia (YADAV e BAJPAI, 2018). Observando essas
pesquisas, percebe-se que os sistemas instalados na UECE apresentam maior
produtividade quando comparados com países de baixa irradiância, como a Noruega.
Em relação ao Brasil, percebe-se que diferenças climáticas entre os Estados
indicam índices de produtividade também diferentes nos sistemas fotovoltaicos. Na
cidade de Curitiba, no Paraná, Urbanetz Junior et al. (2018) avaliaram duas instalações
e a produtividade delas foi de 2,86 e 2,97 kWh/kWp.dia. No Estado do Pará, o índice é
um pouco mais alto: 3,31 kWh/kWp.dia, segundo Blasques et al. (2014). Em
contraponto, uma pesquisa feita no Rio Grande do Sul apontou que os dados de
produtividade foram de 3,47 kWh/kWp.dia (MARTINI, 2018).

4.1.2 Perdas e taxa de desempenho


Continuando nossa análise de dados, o gráfico 8 apresenta as perdas para os
dois sistemas.
Gráfico 8: Perdas totais de energia dos sistemas da UECE (kWh/kWp.dia)

2,00

1,50

1,00
PV-UECE1
0,50
PV-UECE2
0,00

Fonte: autor

7
A radiação solar na Noruega varia entre 1,64 kW h/m2/dia e 2,5 kW h/m2/dia, segundo os autores
(ADARAMOLA e VÅGNES, 2015).
57
Nota-se que as perdas dos sistemas são mais significativas no PV-UECE2. Elas
podem estar relacionadas a diversos fatores – como as condições de instalação, o
consumo de energia do próprio sistema, possíveis sombreamentos, baixa eficiência de
algum componente ou a sujidade nos painéis fotovoltaicos (MARIANO, 2016;
MORAES e TAKEDA, 2019).
Pelo gráfico 8, é possível perceber que ambos os sistemas têm perdas menores
no primeiro semestre do ano. Uma das hipóteses para esse fenômeno é a maior
ocorrência de chuvas, que limpam as placas solares e amenizam a temperatura. Assim,
elas reduzem a presença de alguns dos fatores que causam perdas nas placas
fotovoltaicas (NASCIMENTO et al., 2020).
Um elemento fundamental para comparação entre diversos sistemas
fotovoltaicos é a taxa de desempenho (ou performance ratio). Ele é o principal indicador
utilizado por estudos de análise de desempenho no mundo todo, especialmente na
comparação entre diferentes sistemas (KHALID et al., 2016). Os dados da nossa
pesquisa podem ser vistos no gráfico 9.
Gráfico 9: Taxa de desempenho dos sistemas da UECE (%)

100%
80%
60%
40% PV-UECE1
20% PV-UECE2
0%

Fonte: autor
Na análise comparativa, conclui-se que o sistema 2 apresentou menor taxa de
desempenho nos meses considerados – em consequência das maiores perdas, conforme
visto no gráfico 8. Além de considerar esses dados, é possível comparar as médias
anuais dos sistemas analisados na nossa pesquisa (que são de 87% para o PV-UECE1 e
77% para o PV-UECE2) com os de estudos internacionais.
Uma análise realizada na Índia (DOBARIA et al., 2016) encontrou uma taxa de
desempenho de 74%. Na África, a taxa foi de 71% em estudo feito por Quansah et al.
(2017). Enquanto isso, Clasing et al. (2018) pesquisaram sistemas fotovoltaicos em três
países e encontraram taxas de desempenho de 87% no Chile, 83% na Bolívia, e 69% na

58
Alemanha. Esses dados indicam a forte influência das condições climáticas na
performance dos sistemas. Os países próximos ao Brasil apresentam índices maiores,
semelhantes aos encontrados nos resultados da UECE, enquanto regiões de clima
diferente sofrem diminuição no desempenho dos sistemas – sendo o menor índice
encontrado na Alemanha.

4.1.3 Fator de capacidade e eficiência


Outro indicador de performance dos sistemas fotovoltaicos é o fator de
capacidade. Ele mostra o percentual em que o arranjo operou em sua capacidade
máxima. Na nossa pesquisa, os dados desse índice continuam indicando melhor
desempenho do PV-UECE1, como pode ser visto no gráfico 10.
Gráfico 10: Fator de capacidade dos sistemas da UECE (%)

30%
25%
20%
15%
10% PV-UECE1
5% PV-UECE2
0%

Fonte: autor
Em relação à eficiência do sistema, observa-se no gráfico 11 que o PV-
UECE1 também apresenta um índice maior.
Gráfico 11: Eficiência dos sistemas da UECE

16%
14%
12%
10%
8%
6% PV-UECE1
4%
2% PV-UECE2
0%

Fonte: autor
Quanto à eficiência do inversor, os dados mostram que os dois
equipamentos utilizados nas instalações da UECE têm bom nível de desempenho. Além

59
disso, as taxas se apresentam com relativa estabilidade em relação aos meses, conforme
se vê no gráfico 12.
Gráfico 12: Eficiência do inversor dos sistemas da UECE
100%
80%
60%
40% PV-UECE1
20% PV-UECE2
0%

Fonte: autor
A eficiência do arranjo fotovoltaico para os dois sistemas pode ser vista no
gráfico 13. Ela está um pouco abaixo dos dados fornecidos pelo fabricante, mas esse é
um fenômeno esperado, já que as condições reais de uso são diferentes. Para o sistema
1, os dados medidos apresentam uma média de 13,9%, enquanto o fabricante informa a
eficiência de 15,23%. Enquanto isso, a medição foi de 11,6% para o sistema 2 e o dado
do fabricante é de 14,48%.
Gráfico 13: Eficiência do arranjo dos sistemas da UECE

18%
16%
14%
12%
10%
8%
6% PV-UECE1
4% PV-UECE2
2%
0%

Fonte: autor
Em relação ao fator de capacidade, os resultados dos sistemas instalados na
UECE são maiores do que os encontrados em alguns estudos internacionais que
abordaram esse aspecto. As médias da nossa pesquisa foram de 22% para o PV-UECE1
e 18% para o PV-UECE2. Em contraponto, os dados são de 16% para pesquisa
realizada na Índia (YADAV e PAJPAI, 2018) e de 10% na Noruega (ADARAMOLA e
VÅGNES, 2015).

60
A comparação é semelhante quando se trata dos níveis de eficiência. Na
Noruega, a eficiência do sistema foi de 12%, a do arranjo fotovoltaico foi de 13% e a do
inversor 89% (ADARAMOLA e VÅGNES, 2015). Exceto nos dados relacionados ao
inversor, o sistema PV-UECE2 apresenta resultados levemente menores do que os
encontrados na Noruega. Em contraponto, ele tem informações semelhantes às obtidas
na Índia: eficiência de 10% para o sistema e de 11% para o arranjo (YADAV e PAJPAI,
2018).

4.1.4 Análise das diferenças entre PV-UECE1 e PV-UECE2.


Observando os resultados dos gráficos de maneira geral, é possível perceber
que o desempenho do PV-UECE2 é menor quando comparado ao PV-UECE1. Uma das
principais razões para que isso ocorra é que o fato do PV-UECE2 não ter sido instalado
nas melhores condições para a região em que se encontra. Enquanto o sistema 1 foi
colocado no norte geográfico (azimute 0º), o 2 apresenta um ângulo de 25º.
Com isso, a produção de energia fica menor, em comparação com o arranjo
fotovoltaico instalado nas condições ideais para o local (VILLALVA, 2012; LIMA et
al. 2017; HAFEZ et al., 2017). Esse fator faz com que os painéis solares do PV-UECE2
não estejam no melhor posicionamento para captar a radiação direta de acordo com o
movimento do sol. Logo, é possível observar que existem mais perdas de energia e os
dados de desempenho ficam menores do que os encontrados no outro sistema.
A diferença no ângulo de azimute em instalações solares se mostrou o
elemento preponderante na análise de desempenho realizada em uma pesquisa
semelhante à nossa. Urbanetz Junior et al.(2018) avaliaram dois sistemas fotovoltaicos
no Estado do Paraná e concluíram que o desvio azimutal diminuiu a eficiência de um
deles: enquanto o primeiro apresenta um ângulo de 22º, o segundo foi instalado nas
condições ideais (isto é, azimute igual a 0). Como consequência, o segundo sistema
apresentou produtividade maior que o primeiro (2,97 e 2,86 kWh/kWp.dia,
respectivamente), assim como taxa de desempenho (76% e 75%, respectivamente).
É importante destacar que outras características podem estar relacionadas às
diferenças entre os sistemas analisados pela nossa pesquisa. A menor eficiência e maior
ocorrência de perdas também são geradas por elementos como o consumo do próprio
sistema, limitações de seus componentes e efeitos de sombreamento ou de sujidade nos
painéis (MARIANO, 2016; LI, 2018; MORAES e TAKEDA, 2019). Análises

61
aprofundadas desses fatores relacionados às perdas não foram o foco desta pesquisa,
mas são abordadas em diferentes estudos (EKICI e KOPRU, 2017; TONOLO, 2018;
NASCIMENTO, 2019).
Em relação às características dos equipamentos que compõem os sistemas,
destacamos que as instalações da UECE usam componentes semelhantes e que os
índices de eficiência deles não apresentaram grandes divergências entre os dois sistemas
(isso pode ser analisado no gráfico 12, por exemplo, que mostrou o desempenho dos
inversores).
Acerca da questão do sombreamento, sabe-se que o PV-UECE1 sofre os efeitos
da sombra causada por um poste de energia – que incide a partir das 14h nos meses de
novembro, dezembro e janeiro (FERREIRA, 2015). Isso explica o desempenho menor e
as maiores perdas para esse período do ano. Já o PV-UECE2, sofre um pequeno
impacto do sombreamento do telhado próximo a ele no final de tarde – esse fator
também interfere nos dados de eficiência.
A literatura aponta, ainda, que a temperatura exerce grande influência no
desempenho dos sistemas fotovoltaicos Uma pesquisa realizada por Dabou et al. (2016)
em uma região desértica (Argélia – África) encontrou maiores perdas do sistema em
períodos de temperatura elevada: 0,09 h/dia quando estava nublado e 0,26 h/dia em dias
claros. Os pesquisadores concluíram que nos períodos mais claros a taxa de
desempenho era menor: 85% em dias nublados e 76,5% em dias de maior temperatura.
Sobre isso, reforçamos que os dois sistemas considerados na nossa pesquisa estão
localizados sobre as mesmas condições climáticas, logo, passam por perdas semelhantes
em relação a esse ponto.
Um elemento a ser considerado quando se compara os sistemas da nossa
pesquisa é a diferença temporal entre as coletas de dados. Os dados do PV-UECE1
foram coletados entre os anos de 2013 e 2014, enquanto a coleta para o PV-UECE2 se
deu entre 2016 e 2017. A rotina de pesquisas realizadas no Mestrado Acadêmico em
Ciências Físicas Aplicadas impossibilitou a coleta de dados no mesmo período, já que,
muitas vezes, os sistemas são utilizados em estudos que os colocam em condições
diferentes de uso, dificultando a comparação.
Por isso, é importante apontar que a análise comparativa feita nesta pesquisa
deve considerar que as perdas do sistema fotovoltaico podem se tornar levemente
maiores a cada ano, por conta de fatores relacionados ao desgaste dos equipamentos.

62
Em relação a isso, o PV-UECE2 estaria em uma pequena desvantagem, já que a coleta
de dados se deu dois anos depois do outro sistema. Apesar de não ser objeto desta
pesquisa, existem testes que podem ser feitos para avaliar o nível de desgaste dos
equipamentos (FONSECA et al., 2020).

4.2 Comparação dos resultados entre os sistemas instalados no Brasil


Conforme foi falado no capítulo de método, a tese de doutorado produzida por
Nascimento (2019) foi selecionada para compor nossa análise comparativa por ter sido
considerada o trabalho mais completo ao dar detalhes sobre os sistemas fotovoltaicos e
apresentar dados de diversas regiões do país. Desse modo, ele viabiliza a comparação
entre os desempenhos dos sistemas fotovoltaicos na UECE e outras estruturas
encontradas nas demais regiões brasileiras.
O trabalho de Nascimento (2019) envolveu as cinco regiões do país ao
considerar oito sistemas instalados em diversos Estados. Na nossa análise, esses
sistemas foram denominados da seguinte forma: PV-SC, PV-RS, PV-MG, PV-RJ, PV-
MT, PV-RO, PV-BA e PV-CE. O estudo realizado pelo autor se deu nos meses de
junho de 2015 e maio de 2016. No seu trabalho, são apresentadas as médias anuais para
a taxa de desempenho de cada sistema.
No gráfico 14 é possível ver os dados para todos os dez sistemas analisados na
nossa pesquisa (os dois instalados na UECE e os oito que se encontram em diversos
Estados brasileiros).
Gráfico 14: Taxa de desempenho dos 10 sistemas (média anual – %)

87%
79% 78% 77% 77% 76% 75% 75% 75% 71%

PV-UECE1 PV-RS PV-BA PV-RJ PV-UECE2 PV-RO PV-SC PV-MG PV-MT PV-CE

Fonte: Adaptado de Ferreira (2015), Morais (2017) e Nascimento (2019).


O gráfico 14 está organizado em ordem decrescente de taxas de desempenho.
Ao observar as barras, percebe-se que o desempenho das regiões brasileiras em relação
à producao de energia fotovoltaica apresenta certo equilíbrio. Mesmo Estados com
condições climáticas diferentes têm um desempenho médio próximo, embora a região
63
do Ceará obtenha destaque – principalmente o PV-UECE1, instalado em condições que
permitem maior aproveitamento do sol.
Os resultados obtidos na pesquisa de Nascimento (2019) em referência às
regiões brasileiras são semelhantes a informações trazidas por outros estudos de análise
de desempenho. Por exemplo, em uma pesquisa realizada na Bahia, a taxa de
desempenho foi de 81% (BRAGA et al., 2018). No Pará, o índice calculado por
Blasques et al. (2014) foi de 69%.
Já no Estado do Rio Grande do Sul, Martini (2018) encontrou uma taxa de
80%. Ainda na região Sul do país, um estudo realizado no Paraná obteve dados
semelhantes ao PV-SC: Urbanetz Junior et al. (2018) avaliaram dois sistemas com taxas
de desempenho de 75% e 76%, respectivamente.
Voltando a analisar o gráfico 14, é possível perceber que o PV-UECE1
apresenta a maior performance entre todos os sistemas considerados na nossa pesquisa.
Enquanto isso, o PV-UECE2 também tem posicão de destaque, mas seu desempenho é
menor do que as instalações dos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Rio de Janeiro.
Com isso, vê-se mais uma vez a influência negativa do desvio azimutal na performance
desse sistema.
É relevante observar que o menor desempenho entre todos os sistemas
considerados é de uma instalação também localizada no Ceará, na cidade de Caucaia.
Sobre esses resultados, Nascimento (2019) destaca que houve um evento de super
irradiância no local, o que afetou principalmente as células de silício policristalino – as
que foram consideradas pela nossa pesquisa.
Como o trabalho do autor envolveu a análise de placas solares de diferentes
tecnologias, ele concluiu que os sistemas com materiais feitos de silício amorfo e de
silício microcristalino foram os mais eficientes para locais com elevadas temperaturas,
como o Ceará (NASCIMENTO et al., 2020).
Outras pesquisas também reforçam esse ponto. Na Turquia, Elibol et al. (2017)
encontraram uma taxa de desempenho de 91% em células de silício monocristalino,
enquanto as de silício policristalino apresentaram um índice 10% menor. Já em um
estudo realizado no Brasil, no Estado da Bahia, Braga et al. (2018) afirmaram que a
tecnologia de silício policristalino apresenta o maior coeficiente negativo de
temperatura entre as cinco tecnologias avaliadas por eles (as outras foram Telureto de
Cádimo, Silício Amorfo, Silício Micro-Cristalino e Diseleneto de Cobre, Índio e Gálio).

64
Vale destacar que mesmo com esse fenômeno afetando os resultados do
sistema PV-CE, a média anual de sua taxa de desempenho não apresentou uma queda
tão significativa em relação às outras estruturas analisadas. Principalmente quando se
consideram os sistemas de Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso (os três com
taxa de 75%). Com isso, é viável afirmar que a produção de energia solar fotovoltaica
apresenta um potencial muito interessante no Brasil, podendo oferecer alta performance
– especialmente quando são consideradas as condições ideais de instalação e os
materiais mais apropriados para o clima de cada região.

4.3 Viabilidade econômica

A análise da viabilidade econômica é uma maneira de avaliar o retorno do


investimento financeiro feito em energia solar fotovoltaica. Essa metodologia permite
avaliar os custos do sistema fotovoltaico e, baseado na produção dele, calcular o período
em que o investimento será compensado. Ela também é uma forma de comparar
diferentes materiais e verificar, por exemplo, quais tecnologias apresentam melhor
custo-benefício.

Como abordado no capítulo de revisão teórica desta dissertação, o custo de


instalação de painéis solares fotovoltaicos é uma das desvantagens que essa opção de
energia ainda apresenta. Entretanto, como também foi falado, os custos totais desse
investimento têm se tornado mais competitivos ao longo dos últimos anos, devido ao
crescimento das indústrias do setor e do desenvolvimento de tecnologias mais eficientes
e baratas (ZILLES, 2012).

Para a presente análise de viabilidade econômica, foi considerado um


sistema baseado no PVUECE-1. Logo, procuramos materiais semelhantes ao usados
nessa estrutura. A potência mais próxima encontrada foi a de 2,16 kWp. A tabela a
seguir apresenta os custos envolvidos na montagem do sistema utilizado nessa análise.
Foram realizadas pesquisas em sites de empresas do setor para conhecer os custos de
cada equipamento listado.

65
Tabela 9: Cotação sistema fotovoltaico

Produto Quantidade Preço unitário (R$) Total (R$)

Inversor Solis 3.0 kw 1 3.699,00 3.699,00

Painel solar 360 W 6 729,00 4.374,00

Suporte Painel Solar 2 Módulos 1 299,00 299,00

Suporte Painel Solar 4 Módulos 1 439,00 439,00

Conector (MC4) par 2 19,90 39,80

Par de cabo solar 6mm 15 metros 11,50 172,50

Frete 1 535,70 535,70

Projeto de homologação 1 1.150,00 1.150,00

Custo total 10.709,00

Fonte: adaptado dos sites minhacasasolar e mercado livre.

Com base nesses dados, o preço turn-key do sistema é de R$ 4.957,88/kWp.


Esse índice indica o valor investido para cada 1 kWp de energia fotovoltaica produzida.
Importante destacar que no nosso cálculo não foram considerados custos com
manutenção do sistema e nem com impostos ou taxas referentes ao uso da energia solar
fotovoltaica.

Em relação ao valor cobrado pela energia elétrica, consideramos a média de


R$ 0,7797/kWh, a partir de dados fornecidos no site da ENEL para o mês de dezembro
de 2019. Esse valor representa uma média entre as bandeiras verde, amarela e vermelha.

Entre os métodos utilizados para calcular o retorno do investimento em


energia solar fotovoltaica, abordamos dois dos principais: o período de retorno simples
(PRS) e o período de retorno descontado (PRD). O primeiro considera somente dados
da própria instalação fotovoltaica para determinar em quanto tempo o dinheiro investido
pode ser recuperado. Já o segundo cálculo avalia também o chamado custo de

66
oportunidade, comparando o valor do sistema fotovoltaico com os ganhos que poderiam
ser obtidos em investimentos semelhantes realizados no mercado financeiro.

O período de retorno simples (PRS) ou payback é resultado de uma divisão


entre o investimento inicial feito na instalação fotovoltaica e a economia obtida no
pagamento de tarifas elétricas a cada ano. Assim, ele é calculado de acordo com a
equação a seguir.

Para obter a economia anual, consideramos a energia entregue à rede pelos


painéis solares durante o ano (o valor nominal é de 3.888 kWh) multiplicado pelo valor
médio cobrado pelo kWh (que foi de R$ 0,7797 em dezembro de 2019). Então, o
cálculo fica da seguinte forma:

Portanto, o retorno simples do sistema analisado neste trabalho é de 3,53


anos. O resultado indica o número de anos que leva para que o sistema fotovoltaico se
pague, a partir da economia gerada na conta de energia elétrica. Em comparação com
outros trabalhos é possível ver que as instalações fotovoltaicas estão ficando
gradativamente mais baratas nos últimos anos: Ferreira (2015) encontrou o resultado de
11,23 anos de retorno simples, enquanto Morais (2017) calculou 5,68 anos.

Essa é uma maneira simplificada de conhecer a viabilidade econômica de


um projeto fotovoltaico e analisar a vantagem desse investimento. Uma forma mais
complexa de realizar a análise econômica é encontrando o período de retorno
descontado (PRD).

Esse cálculo permite uma avaliação mais ampla, pois se aproxima da


realidade do mercado financeiro e mostra a quantidade de anos em que o retorno obtido
com o sistema fotovoltaico se equipararia a outros tipos de investimentos. Nesse caso, é
considerada a taxa de juros que um investidor poderia obter ao aplicar o mesmo
dinheiro em um ativo financeiro. O cálculo do PRD é feito pela equação a seguinte.

Onde:

67
n é o tempo do investimento

FRC é o fator de recuperação do capital

PRS é o período de retorno simples

O FRC é o indicador econômico usado para inserir a comparação com


outros ativos financeiros. Isso se dá a partir da definição de uma taxa de desconto, que
seria o valor obtido nos demais investimentos. A equação dele é a seguinte.

Onde:

d é a taxa de desconto

n é o tempo do investimento

A taxa de desconto deve ser definida de acordo com as possibilidades


econômicas atuais do país, avaliando investimentos com perfis de risco semelhantes. Ao
comparar com sistemas fotovoltaicos, é comum utilizar como parâmetro a taxa básica
de juros da economia brasileira – a Selic. Em dezembro de 2019, essa taxa era de 4,5%
ao ano. O rendimento anual médio do investimento em títulos públicos atrelados a essa
taxa deve descontar o imposto de renda (que corresponde a 15% em períodos maiores
que 2 anos). Logo, chegamos a uma taxa de 3,82% ao ano, desconsiderando a inflação.

Consideramos neste trabalho um sistema fotovoltaico com vida útil de 25


anos. Com isso, o PRD foi de 5,56 anos. O atual panorama econômico brasileiro vem
apresentando quedas nas taxas de juros nos últimos anos, o que diminui as vantagens de
algumas aplicações financeiras. Isso, junto com o barateamento do investimento em
energia solar, explica a diferença entre nossa análise e as taxas de Ferreira (2015), que
foi de 28,58 anos e de Morais (2017), que foi de 18,5 anos.

68
5. CONCLUSÕES
Esta dissertação apresentou uma análise comparativa entre os indicadores de
desempenho de sistemas fotovoltaicos. Foram consideradas duas instalações localizadas
na UECE e mais oito estruturas encontradas nas diversas regiões brasileiras. Os dados
analisados na nossa pesquisa foram oriundos de outros três estudos (FERREIRA, 2015;
MORAIS, 2017; NASCIMENTO, 2019). A partir deles, tornou-se viável discutir a
realidade da produção de energia fotovoltaica no Brasil – em comparação também com
resultados encontrados em casos internacionais.
Os resultados discutidos acerca dos sistemas instalados na UECE (chamados
no nosso trabalho de PV-UECE1 e PV-UECE2) envolveu a análise de diversos
indicadores: produtividade de referência, produtividade do arranjo fotovoltaico,
produtividade final, perdas totais, taxa de desempenho, fator de capacidade e eficiência
(do sistema, do arranjo e do inversor). Depois disso, as médias anuais da taxa de
desempenho foram comparadas com os dados das diversas regiões do país.
Em relação aos sistemas localizados na UECE, a principal conclusão diz
respeito às diferenças de instalação. Por acompanhar a estrutura de um telhado, o PV-
UECE2 apresenta desvio azimutal de 25º, embora a condição ideal para o local seja um
ângulo de 0º. Como o PV-UECE1 foi instalado nas melhores condições, ele apresenta
indicadores maiores em todas as comparações realizadas entre os dois sistemas.
Embora a divergência em relação ao ângulo de azimute tenha sido considerada
um fator preponderante para os resultados diferentes, é importante destacar que outros
fatores podem gerar perdas nos sistemas fotovoltaicos. Por exemplo, aspectos ligados ao
consumo do sistema para o próprio funcionamento, limitações de algum componente,
efeitos de sombreamento e sujidade nos painéis. Além disso, é preciso considerar o
desgaste dos materiais, especialmente ponderando que a coleta de dados para o PV-
UECE2 se deu dois anos depois da coleta referente ao PV-UECE1.
Sobre a comparação de sistemas fotovoltaicos instalados em todo o Brasil, foi
observado que as diversas regiões apresentam taxas de desempenho relativamente
próximas – com média de 77% quando se considera os dez sistemas analisados na
presente pesquisa. Assim, vê-se que mesmo os Estados com condições climáticas mais
desvantajosas em relação à incidência solar têm um desempenho favorável,
principalmente quando comparados com países de clima diferente (como Alemanha e
Noruega).

69
A região do Ceará obteve destaque na nossa análise comparativa, em especial o
PV-UECE1, que foi instalado em condições ideais para aproveitar a energia oriunda do
sol. O PV-UECE2, mesmo apresentando fatores limitantes no seu desempenho, teve
posição de destaque ao lado das demais regiões brasileiras – apresentando o 5º maior
índice, atrás apenas do PV-UECE1 e das instalações dos Estados do Rio Grande do Sul,
Bahia e Rio de Janeiro.
O sistema fotovoltaico de menor desempenho foi o PV-CE, localizado em
Caucaia, no Ceará, que enfrentou problemas devido ao fenômeno de super irradiância.
Entretanto, é válido ressaltar que mesmo com essa limitação ele não destoou de maneira
muito significativa da média de outros Estados, como Santa Catarina, Minas Gerais e
Mato Grosso – que tiveram desempenho apenas 4% maior que o PV-CE.
A análise comparativa realizada nessa pesquisa permitiu concluir que o Brasil
apresenta um ótimo potencial de produção para energia solar fotovoltaica. Uma vez que
mesmo os piores resultados de nível de desempenho no nosso país ainda são maiores do
que os encontrados em nações de clima mais desfavorável e que fazem maior uso desse
tipo de energia.
Destacamos, contudo, que os devidos cuidados na instalação e na escolha dos
equipamentos dos sistemas fotovoltaicos pode aumentar bastante a eficiência dos
mesmos. Como discutido neste trabalho, a performance do sistema é maior quando se
opta por materiais mais eficientes para cada região e também quando o conjunto é
instalado considerando as características mais adequadas para o local.
Junto ao potencial atrativo na produção de energia fotovoltaica no Brasil, nosso
estudo proporcionou também a conclusão de que o investimento em sistemas solares
vem se tornam mais vantajoso ao longo do tempo. A análise econômica que realizamos
evidenciou o aumento da competitividade da energia solar, de modo que nos últimos
anos os equipamentos estão mais baratos e o retorno do dinheiro investido se dá em
menos tempo.
A partir do exposto, reforçamos que a energia solar fotovoltaica apresenta
vantagens interessantes para a realidade brasileira. Além disso, destacamos que o
avanço científico é um elemento central na ampliação do uso de fontes alternativas de
energia. Esperamos que os dados produzidos por nossa pesquisa contribuam para o
avanço da ciência no que se refere à análise de desempenho de sistemas solares
fotovoltaicos.

70
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