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FORTALEZA – CEARÁ
2020
JOÃO GABRIEL DE ARAÚJO MARTINS
FORTALEZA – CEARÁ
2020
1
JOÃO GABRIEL DE ARAÚJO MARTINS
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________________
Prof. Dr. Lutero Carmo de Lima (Orientador)
Universidade Estadual do Ceará – UECE
______________________________________________________________
Prof. Dr. Hans Heinrich Vogt (Membro externo)
______________________________________________________________
Prof. Dr. João Bosco Verçosa Leal Junior (Membro interno)
Universidade Estadual do Ceará – UECE
______________________________________________________________
Prof. Me. Francisco Hedler Barreto de Lima Morais (Membro interno)
Universidade Estadual do Ceará – UECE
2
AGRADECIMENTOS
3
RESUMO
4
ABSTRACT
This dissertation presents a comparative analysis between the performance indicators of ten
photovoltaic systems. Two facilities located at the State University of Ceará and eight
structures found in the various Brazilian regions were considered. Performance data for each
system has been presented in previous research and is used in this study. The methodology
included comparing the systems results over twelve months to analyze their performance
rates. In addition, specifically on the systems installed in the UECE, the following indicators
were analyzed: reference yield, array yield, final yield, energy loss, performance ratio,
capacity factor and the efficiency levels of the system, photovoltaic plates and of the inverter.
Among the results, it was observed that all photovoltaic systems have attractive performance
rates - ranging between 71% and 87%, which indicates that Brazil is a region with great
potential for photovoltaic solar power generation. The system with the best efficiency index
was PV-UECE1, one of those located at the University. The other system installed in the
same place (PV-UECE2) has higher losses, mainly related to an azimuth deviation of 25º, but
still, it has good productivity in relation to other Brazilian regions. In this work, the return on
investment was also calculated for a solar installation similar to PV-UECE1. The simple
payback period was 3.53 and the discounted payback period was 5.56 years. In comparison
with previous research, it was possible to conclude that the investment in photovoltaic solar
energy is cheaper, which increases its financial advantages.
5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
6
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE GRÁFICOS
8
LISTA DE TABELAS
9
SUMÁRIO
RESUMO .........................................................................................................................4
ABSTRACT .....................................................................................................................5
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12
10
2.5.4 Medida de insolação ................................................................................................. 38
3.1.7 Eficiência.................................................................................................................. 44
4 RESULTADOS ..........................................................................................................55
5. CONCLUSÕES .........................................................................................................69
6. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................71
11
1 INTRODUÇÃO
A energia elétrica é indispensável no modo de vida atual da maioria das
sociedades. Por isso, garantir seu fornecimento tem sido um dos maiores objetivos dos
governos em todo o mundo (LIMA et al., 2017). Entretanto, o aumento populacional e
os impactos ambientais causados pela humanidade nas últimas décadas trazem diversos
desafios nesse contexto, exigindo a pesquisa e o desenvolvimento de fontes alternativas
de energia (FERREIRA et al., 2018).
No Brasil, a crise energética dos anos de 2001 e 2002 levou à criação, em
2005, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), responsável por realizar estudos de
planejamento energético nacional. O respeito às questões socioambientais e o
desenvolvimento sustentável são pontos destacados no Plano Nacional de Energia 2030
(BRASIL, 2007).
Nosso país ocupa uma posição de destaque em relação aos meios renováveis de
produção de eletricidade: 83,3% da nossa energia elétrica em 2018 vieram de recursos
renováveis. Esse índice era de apenas 24% no mundo em 2016 (BRASIL, 2019).
Entretanto, segundo relatório referente ao ano de 2018, publicado pela EPE, a fonte de
geração de energia elétrica predominante no Brasil foi a hidráulica, com 66,6%
(BRASIL, 2019).
Cientistas têm chamado atenção para os impactos causados por hidrelétricas e
termelétricas, como a degradação do ecossistema local e o agravamento das emissões de
CO² (REIS, 2001; FERREIRA et al., 2018). Além disso, a dependência de hidrelétricas
na nossa matriz elétrica traz outros desafios: superávits ou déficits regionais causados
por variações hidrológicas no país, distância entre os centros de produção e carga e
aumento da tarifa de energia em épocas de pouca chuva, por exemplo (MORAIS, 2017).
Brandão et al. (2014) defendem a importância de diminuir a dependência das
fontes energéticas ligadas à água, já que o baixo nível dos reservatórios tem sido uma
realidade no país. A energia solar fotovoltaica (que converte radiação solar em energia
elétrica) aparece como uma importante fonte alternativa (LIMA et al. 2017).
Apesar de ter a menor participação entre as fontes renováveis na nossa matriz
elétrica – 0,5% em 2018 – ela tem apresentado um grande crescimento nos últimos anos
(em 2017, seu uso correspondia a apenas 0,1% do total). Assim, o crescimento da
12
energia solar na matriz elétrica brasileira foi de 316,1% de 2017 para 2018. A geração
passou de 832 GWh para 3.461 GWh em um ano (BRASIL, 2019).
Um fato a se destacar é que, ainda que tenha uma participação pequena em
relação à energia total utilizada no Brasil, o potencial da energia solar fotovoltaica
aumenta muito quando se trata de microgeração1 e minigeração2 distribuída. Nesses
casos, ela corresponde a 63,5% de toda a energia de 2018 – e teve um aumento de 131%
em relação a 2017 (BRASIL, 2019).
Um dos principais desafios à expansão da energia solar fotovoltaica é o fato de
seus custos ainda não se equiparem ao de outras fontes mais usadas. Mas o
desenvolvimento da indústria, os incentivos governamentais em diversos países e o
aumento da oferta de componentes para sistemas fotovoltaicos têm proporcionado a
queda do preço do kWp e a tornado mais competitiva ao longo dos anos (FERREIRA et
al., 2018).
Há diversos pontos que justificam o investimento em pesquisas e no uso da
energia solar fotovoltaica. Um dos aspectos centrais diz respeito aos benefícios
ambientais, já que se trata de uma fonte renovável e limpa, sem impactos significativos
no ecossistema local ou global. Além disso, utiliza diretamente a principal fonte de
energia do planeta – a qual possibilitou a existência de vida na Terra e de onde derivam
quase todas as outras fontes de energia desenvolvidas ao longo da história
(VILLALVA, 2012).
Embora o custo inicial ainda possa ser considerado alto, outras vantagens dos
painéis solares são seu baixo custo de operação e manutenção e sua menor propensão a
blecautes (BALFOUR, SHAW, e NASH, 2016). Em contexto de mudanças climáticas e
de aquecimento global, a energia solar possui a vantagem da geração poder acompanhar
a demanda: a irradiação que aumenta o uso de aparelhos de refrigeração em
determinados períodos do dia ou do ano (principalmente no verão), também incide
sobre as placas proporcionando maior geração de energia nesses mesmos períodos
(FERREIRA, 2015).
1
Microgeração corresponde à central geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual
a 75 kW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis, conectada na rede de distribuição por
meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2015).
2
Minigeração corresponde à central geradora de energia elétrica com potência instalada superior a 75 kW
e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras (ANEEL, 2017).
13
Contam ainda as características geográficas do Brasil, onde a região nordeste
se evidencia por sua escassez de chuvas e abundância de incidência do sol durante todo
o ano, tornando-se um local privilegiado para fazer uso dessa fonte de energia em
alternativa àquelas que dependem de alto nível de água (MARQUES, KRAUTER,
LIMA, 2009; FERREIRA et al., 2018). Também considerando a geopolítica nordestina,
a energia solar é uma alternativa útil para áreas do semiárido por possibilitar sistemas de
mini e microgeração, o que gera economia e mais independência em relação às formas
atuais de transmissão e distribuição da energia a partir dos centros urbanos (BRANDÃO
et al., 2014).
1.1 Justificativa
A geração e distribuição de energia elétrica é um tema fundamental para o
universo tecno-científico. Afinal, a eletricidade se tornou indispensável no modo de
vida contemporâneo – e seu consumo vem aumentando cada vez mais (CARSTENS;
CUNHA, 2019). As mais diversas atividades dependem desse recurso para acontecer – a
energia é utilizada nos ambientes domésticos, profissionais, hospitalares etc. Diante
disso, é preciso considerar que a dependência em relação à eletricidade exige o
desenvolvimento de formas cada vez mais sustentáveis de geração de energia.
Do contrário, a problemática ambiental pode se colocar como um grande fator
limitante da vida moderna. Isso ganha evidência quando são analisadas as fontes não
renováveis de energia ou o uso excessivo de hidrelétricas (que geram impactos
ambientais significativos). Para Villalva (2012), ao considerar a sustentabilidade dos
recursos do planeta e a necessidade de eletricidade, a previsão é de que a geração solar
fotovoltaica ocupe o lugar de destaque na matriz elétrica das próximas décadas.
Apesar de essa ser uma perspectiva bastante positiva, é importante considerar
os contextos limitantes. Um obstáculo relevante para a ampliação da produção de
energia solar no Brasil era a falta de regulamentação para o setor. Nesse sentido, a
publicação de normas técnicas da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
ofereceu incentivos para o desenvolvimento da indústria fotovoltaica. Isso também
ajuda a enfrentar outro obstáculo: os custos de produção e instalação dos equipamentos
(VILLALVA, 2012).
Sobre isso, a pesquisa de Lacchini e Santos (2013), que considerou as
condições do setor de energia fotovoltaica no Brasil e em vários países, concluiu que a
14
redução dos custos de fabricação apresenta uma perspectiva atrativa para a área.
Segundo os autores, os custos ainda são altos pelo fato da geração fotovoltaica ser
relativamente nova, mas a tendência é que cada vez mais novos materiais sejam
desenvolvidos. Assim, espera-se que a eficiência dos recursos aumente e a produção de
energia solar se torne mais barata, potencializando sua competitividade em relação às
outras.
A energia solar fotovoltaica é uma alternativa para consumidores residenciais
ou comerciais, principalmente porque proporciona independência em relação à
instabilidade do preço cobrado pelo fornecimento de energia elétrica. Entre os
benefícios do sistema fotovoltaico estão: a não emissão de agentes contaminantes ou
ruídos, a possibilidade de instalação em telhados coberturas ou solos e a opção de
instalação autônoma em zonas rurais – isto é, não conectados à rede elétrica (MORAIS,
2017).
Como mostrado anteriormente, a energia solar está apresentando um
crescimento exponencial no Brasil. A região Nordeste e, principalmente, o Ceará
apresentam boas condições para a ampliação da presença da energia fotovoltaica. Além
da grande incidência de radiação do sol (LIMA, 2019), um destaque do nosso Estado é
o solo rico em quartzo – dele se retira o silício, que é uma das matérias-primas
principais na fabricação de células fotovoltaicas (FERREIRA, 2015).
Nesse contexto, é importante que cresça também a quantidade de pesquisas
realizadas a fim de conhecer as tecnologias empregadas no setor fotovoltaico, assim
como avaliar a eficiência da produção de energia solar e construir recursos que
aperfeiçoem esse processo de geração de energia dos painéis solares. Esforços desse
tipo são fundamentais para alcançar resultados eficazes, como a diminuição dos custos,
o aumento do rendimento e a maior competitividade da geração e distribuição de
energia solar em relação às outras.
O avanço científico dos últimos anos foi fundamental para o surgimento de
tecnologias que permitam a geração fotovoltaica em pequena escala e com impactos
ambientais menores (ZILLES et al., 2012). Desse modo, justificam-se trabalhos como o
desta pesquisa de mestrado, que se propõe a realizar um estudo comparativo entre
análises de desempenho de sistemas fotovoltaicos instalados em condições diferentes.
Analisando os dados reais de produção de energia é possível avaliar diversos
indicadores de desempenho e comparar os sistemas. Portanto, avaliações de
15
desempenho desse tipo produzem dados que podem ser utilizados para o
desenvolvimento de estratégias cada vez mais eficientes no setor fotovoltaico (LIMA et
al.2017).
1.2 Objetivos
O objetivo geral desta pesquisa é realizar um estudo comparativo de análise de
desempenho entre dois sistemas fotovoltaicos localizados na UECE e outros sistemas de
diferentes regiões brasileiras.
Os objetivos específicos são:
Definir os indicadores de desempenho a serem comparados;
Levantar informações que baseiem estudos de viabilidade técnica de
instalações solares;
Comparar os dados de eficiência dos sistemas considerados;
Realizar o cálculo da viabilidade econômica para um sistema
fotovoltaico;
Contribuir para a realização de novas pesquisas na área de energia solar
fotovoltaica.
16
2 REVISÃO TEÓRICA
Neste capítulo é apresentada a base teórica necessária para realização da nossa
pesquisa. Para isso, são trazidas discussões acerca da matriz elétrica brasileira e
mundial, explorando questões relacionadas aos recursos renováveis e não renováveis.
Depois, são apresentados detalhes acerca da energia solar fotovoltaica, tais como as
contribuições bibliográficas sobre a incidência de raios solares na Terra e as formas de
medir a eficiência de placas solares.
17
3
Gráfico 1: Comparação das matrizes elétricas no Brasil e no Mundo
3
OCDE: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
18
Gráfico 3: Matriz elétrica mundial
19
eletricidade nos meses em que a produção hidrelétrica se torna mais difícil 4 (ANEEL,
2013).
Analisando esses fatos, é necessário reconhecer que a matriz elétrica brasileira
precisa se diversificar, principalmente no que se refere ao uso de fontes alternativas,
como a eólica e a solar (FARIA; TRIGOSO; CAVALCANTI, 2017). Esse cuidado é
importante para que o país não viva períodos críticos, como o que aconteceu entre os
anos de 2000 e 2002. Nessa época, havia o risco dos chamados “apagões”, cortes
forçados no fornecimento de eletricidade. O problema foi causado, principalmente, pela
ineficiência dos investimentos na ampliação da capacidade brasileira de gerar e
distribuir energia (LIMA e GONÇALVES, 2016).
Esse cenário preocupante fez com que o Governo Federal criasse em 2002 o
Programa de Incentivos a Fontes Alternativas de Energia (PROINFA). Ele teve o
objetivo de estimular o incremento da matriz elétrica brasileira com outras fontes.
Segundo Lima e Gonçalves (2016), o programa incluiu, principalmente, incentivos a
projetos de biomassa, energia eólica e centrais hidrelétricas menores.
4
A população pode receber contas de energia com bandeiras das cores verde, amarela ou vermelha. A
primeira não traz nenhum custo adicional, enquanto as duas últimas repassam custos maiores da geração
de energia para o consumidor – sendo a vermelha referente a situações mais críticas (ANEEL, 2013).
20
últimos anos muito tem sido falado sobre a dependência da matriz energética mundial
em relação a fontes ligadas ao petróleo, especialmente nas indústrias e no setor de
transporte (LOPES, 2018). Alguns países também têm uma maior dependência de
fontes não renováveis no seu setor elétrico, mas, como visto anteriormente, esse não é o
caso do Brasil.
O conceito de fontes renováveis se refere àquelas consideradas ilimitadas, pois
se renovam na natureza. Dessa forma, o uso dos recursos não causa o esgotamento
deles. A água é um exemplo de fonte renovável, já que os ciclos naturais permitem que
ela se renove continuamente pela ação das chuvas. O sol é mais um recurso renovável.
Outros exemplos de fontes renováveis de energias são: eólica, geotérmica e biomassa
(FREITAS, HOLLANDA e RUIZ, 2015).
Entretanto, conforme foi abordado no tópico anterior, usar um recurso
renovável não é suficiente para garantir a eficiência e sustentabilidade de uma fonte
energética. Em consequência disso, existe o conceito de fontes alternativas de energia.
Elas estão relacionadas não só a recursos renováveis, mas também às qualidades de
emitirem pouca ou nenhuma poluição e apresentarem baixo impacto ambiental. Villalva
(2012) cita como exemplos de fontes alternativas de eletricidade as pequenas centrais
hidrelétricas, os geradores eólicos e os sistemas solares.
É importante destacar que todas as fontes têm algum nível de impacto ao meio
ambiente, pois a exploração delas provoca alterações que geram impactos de menor ou
maior intensidade (VILLALVA, 2012). Nesse sentido, as usinas hidrelétricas causam
modificações maiores, pois exigem o represamento de rios e a inundação de grandes
áreas.
Por todo o exposto, vê-se a importância de considerar as alternativas
energéticas para compor a matriz elétrica brasileira com fontes renováveis. Nesse
cenário, a energia solar fotovoltaica se destaca pelas boas condições naturais do Brasil
no que se refere à incidência do sol e à disponibilidade de reservas de silício, que é o
material utilizado para a fabricação dos painéis solares (ANDRADE GUERRA et al.,
2015).
21
energia oriunda da biomassa é proveniente da ação solar, que possibilita a fotossíntese.
Da mesma forma, a energia hidrelétrica depende do sol para movimentar o ciclo da água
por meio da evaporação, das chuvas e do degelo. Por sua vez, a energia eólica só
acontece pelas condições que o aquecimento solar gera na temperatura e pressão da
atmosfera. Até os combustíveis fósseis são originados na fonte solar, já que eles foram
produtos da decomposição de matéria orgânica (VILLALA, 2012).
Além dessa extrema importância para toda a vida no planeta, Villalva (2012)
também destaca uma característica relevante quando se fala de produção energética: a
energia proveniente do sol seria suficiente para suprir todas as necessidades humanas
em milhares de vezes. Mas, por enquanto, apenas uma pequena parte da luz e do calor
produzidos pelo sol é aproveitada como fonte de energia.
Atualmente, a energia solar pode ser usada em sistema de aquecimento e na
geração de energia elétrica nos sistemas fotovoltaicos. No primeiro, o calor do sol é
recebido por coletores solares e serve para aquecer a água que passa por tubos dentro do
sistema. Essa estrutura pode ser instalada no telhado de casas e prédios para promover o
aquecimento da água de maneira simples e sustentável, diminuindo os custos com
eletricidade. O aquecimento solar é mais comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil,
onde há grande uso de chuveiros elétricos nas estações mais frias (SERRANO et al.,
2017).
A utilização da luz solar como fonte de geração de energia elétrica é feita nos
sistemas fotovoltaicos. A estrutura do sistema capta a radiação solar e o transforma em
eletricidade. Com isso, a residência ou prédio que instala esse sistema passa a ser
produtora de energia, além de apenas consumidora (ZILLES et al., 2012). Dessa
maneira, o investimento em sistemas solares fotovoltaicos permite não só o
barateamento das contas de luz nas unidades consumidoras, mas também “reduzem a
demanda da energia elétrica da rede de distribuição, economizando os insumos das
outras fontes de geração, como termoelétricas e usinas hidrelétricas” (SERRANO et al.,
2017, p. 182).
Entre as vantagens da utilização de sistemas solares fotovoltaicos estão: a
instalação limpa (sem emissão de contaminantes ou poluentes sonoros), o
aproveitamento do espaço (eles podem ser instalados em telhados, fachadas e demais
ambientes utilizados para outras finalidades), a vida útil longa (em média, 25 anos), a
utilização de uma fonte energética estável e a maior independência da distribuidora de
22
energia – esse benefício é especialmente importante em áreas rurais (ZILLES et al.,
2012; VILLALVA, 2012; VIANA, ZAMBOLIM e SOUSA, 2017).
Esse tipo de sistema é uma alternativa interessante quando se considera a
realidade da geração de energia elétrica nos últimos anos no Brasil: os preços têm
onerado bastante o orçamento dos consumidores, principalmente depois do surgimento
do esquema de bandeiras tarifárias. A sobrecarga da geração em hidrelétricas dificulta a
produção e distribuição de energia em épocas de seca, fazendo com que muitas vezes
seja necessário recorrer às termelétricas, que ocasionam maiores custos e maior impacto
ambiental.
Por questões como essas, a energia solar fotovoltaica vem recebendo atenção
em todo o mundo nas últimas décadas. Ainda há muito que se avançar no contexto
brasileiro, pois países com incidência solar menor do que a nossa (como algumas
regiões da Europa) já utilizam essa energia com maior potencial (VILLALVA, 2012).
Esses dados puderam ser analisados nos gráficos 2 e 3 deste trabalho: no Brasil, a
produção de energia solar teve participação de apenas 0,5 na matriz elétrica em 2018,
enquanto o índice mundial foi de 1,8%.
Um dos maiores obstáculos à ampliação desse setor no país são os custos – que
se espera que sejam diminuídos com os incentivos ao crescimento da indústria solar.
Segundo Ferreira et al. (2018), em 2013 a instalação de um sistema solar na Alemanha
custava em torno de $ 1.684,00 euros por quilowatt de capacidade instalada (kWp),
enquanto no Brasil esse valor variava entre R$ 7.000,00 e R$ 10.000,00 reais
(correspondente ao intervalo entre $ 2.000,00 e $ 3.000,00 euros).
Os mesmos autores afirmam que pesquisas atuais têm demonstrado a tendência
à energia solar alcançar um nível de competitividade maior. O aumento da utilização
dos sistemas solares, junto com o estímulo às pesquisas e ao desenvolvimento de novos
materiais, são fatores que contribuem para baratear os processos de produção e
instalação das células fotovoltaicas. Além disso, os incentivos de políticas públicas são
fundamentais (FERREIRA et al.,2018).
A partir de 2012, esse setor passou a contar com um incentivo relevante no
Brasil: esse foi o ano em que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
publicou a resolução normativa nº 482, regulando a microgeração e minigeração de
energia no país. O documento oferece direcionamento para a utilização de fontes
23
renováveis e alternativas nos sistemas de geração distribuída 5. Assim, permite que
unidades consumidoras se tornem produtoras de energia, a partir de estruturas como a
dos sistemas solares fotovoltaicos (ANEEL, 2012).
Para Villalva (2012), regulamentações como essa são fundamentais para
aumentar a escala de utilização das fontes alternativas de energia. Além disso, ele
aponta como ação importante o estímulo governamental, que pode vir como subsídios,
isenções ou criação de linhas de financiamento para projetos de micro e minigeração de
energia.
Nos últimos anos, a participação da energia solar vem crescendo bastante no
Brasil (CARSTENS; CUNHA, 2019). Embora não tenha ainda uma participação intensa
na matriz elétrica (0,5%), houve uma ampliação de 316,1% do uso dessa fonte
energética entre 2017 e 2018 no país. A geração passou de 832 GWh para 3.461 GWh
apenas em um ano. O destaque aumenta quando a análise se foca nos números
relacionados à microgeração e minigeração distribuída: a energia solar corresponde a
63,5% de toda a energia elétrica de 2018 nesses dois grupos, como pode ser visto no
gráfico a seguir.
Gráfico 4: Participação das fontes de energia na geração distribuída em 2018
5
A geração distribuída de energia elétrica acontece quando geradores são conectados diretamente no
sistema elétrico de distribuição da unidade consumidora (BRASIL, 2004).
24
KRAUTER; LIMA, 2009; FERREIRA et al., 2018). Outra justificativa para o potencial
de uso da energia solar fotovoltaica no Nordeste é a geopolítica da região. Nesse caso,
os sistemas solares são escolhas eficientes para áreas do semiárido, pois a geração
distribuída oferece solução para o problema da distância em relação aos grandes centros
de distribuição de energia (BRANDÃO et al., 2014; VIANA, ZAMBOLIM e SOUSA,
2017).
25
visando o uso de determinada unidade consumidora, seja ela casa, prédio ou empresa. Já
o segundo exemplo é mostrado na figura 2, que apresenta uma usina solar – ela tem
porte maior do que as instalações residenciais e pode distribuir energia para diversas
unidades consumidoras.
Figura 1: Exemplo de instalação de placas solares residenciais
Fonte: ocaenergia.com
Figura 2: Exemplo de usina fotovoltaica
Fonte: gereportsbrasil.com.br
26
elétrico de distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de
empreendimento:
I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e
II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a
setenta e cinco por cento. (BRASIL, 2004).
27
2.2.2 Sistemas autônomos
A energia solar fotovoltaica pode ser gerada em sistemas autônomos ou em
sistemas conectados à rede. Nesse primeiro caso, ela acontece em estruturas isoladas da
rede elétrica. Ou seja, não precisam estar ligadas às linhas de transmissão. Para isso,
elas contam com equipamentos responsáveis por armazenar a energia – como a bateria.
Segundo Villalva (2012), o sistema autônomo é composto pelos módulos
fotovoltaicos, o controlador de carga, a bateria e o inversor (que converte a tensão
contínua em tensão alternada, permitindo que a energia seja utilizada em aparelhos
elétricos, lâmpadas etc). A bateria tem a função de armazenar a energia, já que o sistema
não é ligado à linha de transmissão. Por sua vez, o controlador de carga serve para
regular a carga da bateria e proteger esse componente contra sobrecargas ou descargas
abruptas, prolongando sua vida útil. Alguns tipos de controlador também podem
aumentar a produção de energia do painel solar. A figura 3 apresenta um sistema solar
autônomo.
28
Figura 3: Componentes do sistema fotovoltaico autônomo
29
opção viável e relevante para geração de eletricidade em contextos que não são
alimentados pela rede elétrica.
30
onda diferentes – sendo que todas elas transportam energia e podem ser captadas como
forma de luz e calor. O espectro da radiação solar é o conjunto de todas essas
frequências, incluindo tanto as que podem ser percebidas pelo olho humano quanto as
que não podem (VILLALVA, 2012). A composição do espectro da radiação solar pode
ser vista na figura 4.
Figura 4: Composição da radiação solar
Fonte: todamateria.com.br
A energia eletromagnética, formada por uma corrente de fótons, proveniente do
sol se transforma em energia cinética em contato com corpos e materiais que absorvem
a radiação. Depois disso, a energia cinética agita átomos e moléculas e aumenta a
temperatura, transformando-se em energia térmica. É isso que acontece quando pessoas,
animais e determinados objetos recebem a luz do sol. Já no caso dos painéis solares
fotovoltaicos, a estrutura é pensada para transformar a radiação eletromagnética em
corrente elétrica (VILLALVA, 2012).
Diversos elementos influenciam a radiação solar que chega até as placas
solares, pois as ondas sofrem alterações no espaço. Alguns aspectos são: a composição
da atmosfera e a espessura do ar, a presença de elementos suspensos (como vapor de
água ou poeira), o comprimento do trajeto dos raios solares até a superfície e os ângulos
de inclinação do sol. Assim, a radiação solar é diferente dependendo da localização
31
geográfica, da estação do ano, das condições climáticas de cada dia e de cada hora do
dia.
São esses fatores que explicam, por exemplo, que a zona tropical (entre os
trópicos de Câncer e Capricórnio) seja mais iluminada e quente, pois os ângulos dos
raios solares são menores e eles passam por massas de ar reduzidas. Nesse sentido, o
Brasil tem um posicionamento privilegiado em relação ao recebimento de radiação
solar. Todas as regiões do país apresentam bom potencial energético para a energia solar
fotovoltaica: “mesmo as regiões brasileiras com menores índices de radiação
apresentam grande potencial de aproveitamento energético para esta fonte, sendo
comparáveis, por exemplo, às regiões de maiores índices na Alemanha” (BARBOSA
FILHO et al., 2015, p. 629).
32
Figura 5: Média anual da radiação global horizontal no Brasil
33
2.5 Formas de medir a radiação
Existem maneiras de descobrir qual é a radiação solar que chega ao solo ou às
instalações de sistemas solares fotovoltaicos. Essa medição é feita pela quantificação da
potência ou energia de radiação recebida em uma determinada superfície e considera
todas as frequências do espectro solar (mas isso depende das possibilidades e limitações
de cada aparelho de medição utilizado). Neste tópico, são apontados os tipos de
radiação, as características dos raios solares e os equipamentos utilizados para medição.
34
Figura 6: Tipos de radiação solar
35
Em placas solares fotovoltaicas, há, ainda, a opção de usar um sensor para
descobrir a medida de radiação solar. A vantagem nesse caso é que o aparelho tem
baixo custo e permite avaliar o desempenho dos módulos solares. Entretanto, existem
desvantagens, pois esse equipamento pega uma faixa estreita do espectro solar e não é
capaz de diferenciar as radiações direta e difusa (VILLALVA, 2012). O aparelho pode
visto na figura 8.
Figura 8: Sensor que capta a radiação solar
Fonte: indiamart.com
37
Figura 10: Inclinação das placas solares em relação ao sol
Fonte: eletricistaconsciente.com.br
38
um dia, mês, ano ou intervalos maiores, por exemplo. Essa medida é expressa na
unidade watt-hora por metro quadrado (Wh/m2).
A insolação solar é medida em diversos locais da Terra a partir de estações
solarimétricas, que usam sensores de radiação para fazer esse levantamento. Também
são utilizados softwares para calcular a insolação a partir das coordenadas geográficas.
Dessa maneira, podem ser construídos bancos de dados com essas informações – eles
são disponibilizados por instituições de pesquisas na forma de tabelas ou mapas
solarimétricos, como o apresentado anteriormente neste capítulo. Um dos usos possíveis
dessas informações é no planejamento da instalação de sistemas de energia fotovoltaica.
39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo é apresentada a metodologia desta pesquisa. O estudo trata da
análise de desempenho comparativa entre sistemas fotovoltaicos localizados nas regiões
brasileiras – entre eles, duas instalações localizadas no campus do Itaperi - UECE. A
presente pesquisa retoma dados de análises de desempenho realizadas para cada sistema
anteriormente em trabalhos de dissertações e tese (FERREIRA, 2015; MORAIS, 2017,
NASCIMENTO, 2019).
40
(1)
Onde:
YR é a produtividade de referência
HT é a irradiação total ou irradiação horizontal global no plano
HR é a irradiação de referência
(2)
Onde:
YFV é a produtividade de arranjo
PFV,nom é a potência nominal dos painéis fotovoltaicos
ECC é a energia de corrente contínua
(3)
Onde:
YF é a produtividade final
ECA é a energia total em corrente alternada
PFV,nom é a potência nominal do sistema
41
3.1.4 Perdas de energia
Um sistema fotovoltaico não é capaz de transformar toda a energia recebida do
sol em energia elétrica. Logo, sempre ocorrem perdas, que podem ser classificadas
como perdas de captação do arranjo fotovoltaico (LFV), perdas do sistema fotovoltaico
(LS) e perdas totais do sistema (LT).
A perda de captação do arranjo fotovoltaico é gerada pela impossibilidade que
ele tem de utilizar toda a irradiância disponível. Assim, ela é calculada pela equação 4:
(4)
Onde:
LFV é a perda de captação do arranjo fotovoltaico
YR é a produtividade de referência
YFV é a produtividade do arranjo fotovoltaico
(5)
Onde:
LS é a perda de sistema fotovoltaico
YFV é a produtividade do arranjo fotovoltaico
YF é a produtividade final
A perda total do sistema é representada pela soma entre os dois tipos de perdas
apresentados anteriormente. Ou seja, é calculada pela equação 6:
(6)
Onde:
Lt é a perda total
42
LFV é a perda de captação do arranjo fotovoltaico
LS é a perda de sistema fotovoltaico
(7)
Onde:
PR é a taxa de desempenho
YF é a produtividade final do sistema fotovoltaico
YR é a produtividade de referência
(8)
Onde:
FC é o fator de capacidade
43
ECA é a energia total
PFV,nom é a potência nominal do sistema
3.1.7 Eficiência
Os índices de eficiência de um sistema fotovoltaico podem ser medidos
separadamente pela eficiência do arranjo, do sistema e do inversor. A eficiência é
expressa em porcentagem e pode ser calculada para diferentes períodos de tempo
(instantânea, horária, diária, mensal e anual, por exemplo).
A eficiência do arranjo fotovoltaico (ηFV) faz referência à energia de corrente
contínua e pode ser calculado pela equação 9:
(9)
Onde:
ηFV é a eficiência do arranjo fotovoltaico
ECC é a energia de corrente contínua
HT é a irradiação diária total no plano
AFV é a área total do arranjo fotovoltaico
(10)
Onde:
ηSYS é a eficiência do sistema
ECA é a energia de corrente alternada
HT é a irradiação diária total no plano
AFV é a área total do arranjo fotovoltaico
Por fim, a eficiência do inversor trata das diferenças entre as duas energias,
conforme a equação 11:
44
(11)
Onde:
ηINV é a eficiência do inversor
ECA é a energia de corrente alternada
ECC é a energia de corrente contínua
3.2 Método
Os dados utilizados nesta pesquisa foram obtidos em um intervalo de doze
meses para cada sistema fotovoltaico. Em relação aos sistemas instalados na UECE, a
coleta de dados do PV-UECE1 se deu entre os meses de junho de 2013 e maio de 2014
(FERREIRA, 2015), enquanto a do PV-UECE2 foi realizada entre outubro de 2016 e
setembro de 2017 (MORAIS, 2017). Por sua vez, a coleta dos sistemas instalados nas
demais regiões brasileiras foi realizada entre os meses de junho de 2015 e maio de 2016
(NASCIMENTO, 2019).
Ainda que as informações tenham sido coletadas em períodos diferentes, é
possível realizar a comparação entre os sistemas, já que ela é feita considerando os
intervalos mensais e a média anual. Além disso, os parâmetros utilizados são
normalizados e possibilitam analisar a eficiência dos sistemas de modo comparado –
considerando algumas especificidades, que serão discutidas no capítulo de resultados.
De tal modo, torna-se viável discutir o desempenho de cada sistema e identificar o que
apresenta maiores níveis de eficiência.
Neste estudo, são comparadas as taxas de desempenho de todos os sistemas.
Além disso, especificamente sobre os sistemas instalados na UECE foram analisados os
demais indicadores. Os tópicos a seguir descrevem os sistemas fotovoltaicos e os
materiais e métodos utilizados em cada levantamento de dados.
45
universidade é marcada pelas coordenadas 3°40ʹ de latitude sul e 38°33ʹ de longitude
oeste, estando a 31m acima do nível do mar.
A cidade de Fortaleza faz parte da região Nordeste do Brasil e apresenta clima
tropical, com temperaturas quentes na maior parte do ano. A temperatura costuma variar
entre 24 °C e 31 °C, tendo uma média de 26,6 °C – sendo os meses de novembro a maio
os que apresentam maior índice de nuvens, o que afeta a produção dos painéis solares
fotovoltaicos nesse período (LIMA et al., 2017).
As informações acerca da irradiância solar na UECE são processadas por um
piranômetro da estação de coleta de dados da Funceme (Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos) localizada no campus do Itaperi. O equipamento é
da marca Kipp&Zonen, modelo CMP3, e é capaz de medir a radiação global do sol em
ondas curtas (na faixa de 300 a 2800 nm). O piranômetro fica distante 69,3m do PV-
UECE1 e 45m do PV-UECE2, em linha reta (FERREIRA, 2015; MORAIS, 2017).
As informações referentes ao piranômetro considerado neste estudo podem ser
vistas na tabela 2 Os dados recebidos por ele são armazenados em um datalloger da
estação de coleta.
Tabela 2: Características do piranômetro Kipp&Zonen
Sensibilidade 5-20 µV/W/m2
Faixa espectral 300 a 2000 nm
Dependência da temperatura < 5%de -10°C a +40°C
Linearidade ± 0,5% 0-2.800 W/m
Tempo de resposta 18 segundos
Máxima irradiância solar 2.000 W/m2
Fonte: Adaptado de www.kippzonen.com
46
3.3.1 PV-UECE1
47
Figura 11: Instalações do PV-UECE1
48
Os dados do inversor são recebidos e armazenados por um aparelho datalogger
de marca SMA e modelo Sunny WebBox. O datalogger armazena em um cartão de
memória os dados referentes à corrente elétrica, tensão e potência do sistema
fotovoltaico. Dessa forma, as informações podem ser transferidas para o computador,
onde as análises de desempenho são realizadas. Além disso, o aparelho também realiza
a função de relatar possíveis falhas no sistema fotovoltaico. As principais características
desse equipamento podem ser vistas na tabela 5.
Tabela 5: Características do datalloger SMA Sunny WebBox
Comunicação com inversor RS485, 10/100 Mbit Ethernet
Consumo de potência máxima 12 W
Memória Interna 8 MB
Expansão de memória Cartão SD até 2GB
Faixa de temperatura de operação -20°C a +55°C
Tensão de entrada 100 V a 240 VCA
Massa 750 g
Operação Servidor Web integrado
Fonte: Adaptado de SMA
49
3.3.2 PV-UECE2
50
O sistema é composto, ainda, por dois inversores, de modo que cada conjunto
de 12 painéis ligados em série fornece energia a um inversor (da marca SMA, modelo
Sunny Boy SB 2500 HF). Os inversores têm potência nominal de 2.500 W e seus
números de série são 2120190623 e 2120190899. Na figura 14 é possível ver esses
equipamentos, cujas características são as mesmas inseridas na tabela 4.
Figura 14: Inversores PV-UECE2
51
Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul);
Sudeste (Minas Gerais e Rio de Janeiro);
Centro-Oeste (Mato Grosso);
Norte (Rondônia);
Nordeste (Bahia e Ceará).
Neste trabalho, os sistemas serao chamados por PV-SC, PV-RS, PV-MG, PV-
RJ, PV-MT, PV-RO, PV-BA e PV-CE, respectivamente, representando cada Estado
onde estão instalados. Na tabela 7 é possível ver as coordenadas de cada local de
instalação do trabalho de Nascimento (2019), assim como suas características
climáticas.
Tabela 7: Coordenadas dos oito sistemas fotovoltaicos
Sistema Coordenadas Clima6
PV-SC 28°27ʹ S temperado chuvoso
48°57ʹ O
PV-RS 27°17ʹ S temperado chuvoso
52°23ʹ O
PV-MG 18°30ʹ S tropical chuvoso, com
49°29ʹ O clima de savana
PV-RJ 22°49ʹ S tropical chuvoso, com
41°59ʹ O clima de savana
PV-MT 17°36ʹ S tropical chuvoso, com
54°55ʹ O clima de savana
PV-RO 09°17ʹ S tropical chuvoso, com
64°33ʹ O clima de monção
PV-BA 14°11ʹ S tropical chuvoso, com
42°30ʹ O clima de savana
PV-CE 03°41ʹ S tropical chuvoso, com
38°52ʹ O clima de savana
Fonte: Adaptado de Nascimento (2019)
Cada sistema fotovoltaico analisado pelo autor se trata de um conjunto de
módulos de diferentes tecnologias que, juntos, têm uma potência total de 54 kWp.
Nessas instalações, há placas fabricadas com os seguintes materiais: Silício amorfo,
Silício microcristalino, Telureto de Cádmio, Disseleneto de Cobre-Índio-Gálio, Silício
mono e policristalino. Na figura 15 é possível ver a instalação no Estado de Santa
Catarina. As demais estruturas analisadas na tese são idênticas a essa, com a diferença
de que o ângulo de inclinação é igual à latitude de cada local de instalação.
6
Nascimento (2019) utilizou a classificação da escala Köppen-Geiger.
52
Figura 15: Um dos sistemas fotovoltaicos do estudo de Nascimento (2019)
53
A potência do conjunto de placas de silício policristalino é medida por
inversores e os dados são armazenados em um datalogger. O pesquisador realizou
medições frequentes dos valores de irradiação solar e de energia produzida pelo sistema.
Em seu estudo, Nascimento (2019) chama atenção para o fato de que o cálculo feito
para conhecer a taxa de desempenho do sistema precisou desconsiderar alguns meses
em que os dados não eram representativos. Um dos problemas na medição foi no caso
da instalação de Rondônia, em que dificuldades de conexão com a internet
impossibilitaram a coleta de dados em alguns períodos do ano.
No capítulo a seguir são apresentados os resultados da nossa pesquisa, a saber,
a comparação entre as análises de desempenho dos dois sistemas fotovoltaicos
instalados na UECE e dos sistemas analisados por Nascimento (2019) em oito Estados
brasileiros.
54
4 RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados da presente pesquisa de mestrado. Foi
considerado o desempenho dos sistemas referente a doze meses, o que permitiu
organizar os dados e realizar a análise comparativa. Vale destacar que a comparação
entre os sistemas instalados na UECE considera mais indicadores, pois os trabalhos de
Morais (2017) e Ferreira (2015) apresentam informações mais abrangentes sobre eles.
De outro lado, a comparação dos sistemas da UECE com os de outras regiões
brasileiras considera apenas a taxa de desempenho, pois o trabalho de Nascimento
(2019) não faz referência aos outros indicadores. Por esse motivo, este capítulo foi
subdivido em um tópico que trata apenas da comparação entre os sistemas PV-UECE1 e
PV-UECE2 e um segundo tópico que traz a comparação entre todos os sistemas.
Ao longo da discussão, são trazidos também os dados de outras pesquisas
realizadas no Brasil e no exterior, de forma a aprofundar ainda mais a comparação dos
resultados obtidos por nosso estudo.
55
Gráfico 5: Produtividade de referência dos sistemas da UECE - YR (kWh/m2.dia)
8,00
6,00
4,00
PV-UECE1
2,00
PV-UECE2
0,00
Fonte: autor
Gráfico 6: Produtividade no arranjo FV dos sistemas da UECE - YFV (kWh/kWp.dia)
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00 PV-UECE1
1,00 PV-UECE2
0,00
Fonte: autor
Gráfico 7: Produtividade final dos sistemas da UECE - YF (kWh/kWp.dia)
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00 PV-UECE1
1,00
PV-UECE2
0,00
Fonte: autor
Os dados de produtividade são normalizados pela potência nominal de cada
sistema. Isso proporciona comparar os dois e perceber que há uma produtividade menor
no PV-UECE2. Observando os números apresentados nos gráficos é perceptível que a
produtividade final, assim como a de referência e do arranjo fotovoltaico, são maiores
no sistema 1. Além disso, os maiores níveis são encontrados nos meses de agosto,
setembro e outubro, enquanto os menores estão no período entre março e maio para os
dois sistemas.
56
A produtividade final dos sistemas instalados na UECE (média anual de 4,62
kWh/kWp.dia para o PV-UECE1 e de 4,33 kWh/kWp.dia para o PV-UECE2)
apresentam-se maiores do que as encontradas em instalações de países com condições
climáticas muito diferentes do Brasil. Um exemplo é o estudo feito por Adaramola e
Vågnes (2015), na Noruega, país com baixa radiação solar7. Na pesquisa deles, a
produtividade final foi de 2,55 kWh/kWp.dia.
Já um estudo feito na Índia encontrou resultados mais próximos dos obtidos
nos sistemas PV-UECE1 e PV-UECE2. Nesse caso, a produtividade de referência foi de
5,23 kWh/kWp.dia, enquanto a produtividade do arranjo foi de 4,51 kWh/kWp.dia e a
final foi de 3,99 kWh/kWp.dia (YADAV e BAJPAI, 2018). Observando essas
pesquisas, percebe-se que os sistemas instalados na UECE apresentam maior
produtividade quando comparados com países de baixa irradiância, como a Noruega.
Em relação ao Brasil, percebe-se que diferenças climáticas entre os Estados
indicam índices de produtividade também diferentes nos sistemas fotovoltaicos. Na
cidade de Curitiba, no Paraná, Urbanetz Junior et al. (2018) avaliaram duas instalações
e a produtividade delas foi de 2,86 e 2,97 kWh/kWp.dia. No Estado do Pará, o índice é
um pouco mais alto: 3,31 kWh/kWp.dia, segundo Blasques et al. (2014). Em
contraponto, uma pesquisa feita no Rio Grande do Sul apontou que os dados de
produtividade foram de 3,47 kWh/kWp.dia (MARTINI, 2018).
2,00
1,50
1,00
PV-UECE1
0,50
PV-UECE2
0,00
Fonte: autor
7
A radiação solar na Noruega varia entre 1,64 kW h/m2/dia e 2,5 kW h/m2/dia, segundo os autores
(ADARAMOLA e VÅGNES, 2015).
57
Nota-se que as perdas dos sistemas são mais significativas no PV-UECE2. Elas
podem estar relacionadas a diversos fatores – como as condições de instalação, o
consumo de energia do próprio sistema, possíveis sombreamentos, baixa eficiência de
algum componente ou a sujidade nos painéis fotovoltaicos (MARIANO, 2016;
MORAES e TAKEDA, 2019).
Pelo gráfico 8, é possível perceber que ambos os sistemas têm perdas menores
no primeiro semestre do ano. Uma das hipóteses para esse fenômeno é a maior
ocorrência de chuvas, que limpam as placas solares e amenizam a temperatura. Assim,
elas reduzem a presença de alguns dos fatores que causam perdas nas placas
fotovoltaicas (NASCIMENTO et al., 2020).
Um elemento fundamental para comparação entre diversos sistemas
fotovoltaicos é a taxa de desempenho (ou performance ratio). Ele é o principal indicador
utilizado por estudos de análise de desempenho no mundo todo, especialmente na
comparação entre diferentes sistemas (KHALID et al., 2016). Os dados da nossa
pesquisa podem ser vistos no gráfico 9.
Gráfico 9: Taxa de desempenho dos sistemas da UECE (%)
100%
80%
60%
40% PV-UECE1
20% PV-UECE2
0%
Fonte: autor
Na análise comparativa, conclui-se que o sistema 2 apresentou menor taxa de
desempenho nos meses considerados – em consequência das maiores perdas, conforme
visto no gráfico 8. Além de considerar esses dados, é possível comparar as médias
anuais dos sistemas analisados na nossa pesquisa (que são de 87% para o PV-UECE1 e
77% para o PV-UECE2) com os de estudos internacionais.
Uma análise realizada na Índia (DOBARIA et al., 2016) encontrou uma taxa de
desempenho de 74%. Na África, a taxa foi de 71% em estudo feito por Quansah et al.
(2017). Enquanto isso, Clasing et al. (2018) pesquisaram sistemas fotovoltaicos em três
países e encontraram taxas de desempenho de 87% no Chile, 83% na Bolívia, e 69% na
58
Alemanha. Esses dados indicam a forte influência das condições climáticas na
performance dos sistemas. Os países próximos ao Brasil apresentam índices maiores,
semelhantes aos encontrados nos resultados da UECE, enquanto regiões de clima
diferente sofrem diminuição no desempenho dos sistemas – sendo o menor índice
encontrado na Alemanha.
30%
25%
20%
15%
10% PV-UECE1
5% PV-UECE2
0%
Fonte: autor
Em relação à eficiência do sistema, observa-se no gráfico 11 que o PV-
UECE1 também apresenta um índice maior.
Gráfico 11: Eficiência dos sistemas da UECE
16%
14%
12%
10%
8%
6% PV-UECE1
4%
2% PV-UECE2
0%
Fonte: autor
Quanto à eficiência do inversor, os dados mostram que os dois
equipamentos utilizados nas instalações da UECE têm bom nível de desempenho. Além
59
disso, as taxas se apresentam com relativa estabilidade em relação aos meses, conforme
se vê no gráfico 12.
Gráfico 12: Eficiência do inversor dos sistemas da UECE
100%
80%
60%
40% PV-UECE1
20% PV-UECE2
0%
Fonte: autor
A eficiência do arranjo fotovoltaico para os dois sistemas pode ser vista no
gráfico 13. Ela está um pouco abaixo dos dados fornecidos pelo fabricante, mas esse é
um fenômeno esperado, já que as condições reais de uso são diferentes. Para o sistema
1, os dados medidos apresentam uma média de 13,9%, enquanto o fabricante informa a
eficiência de 15,23%. Enquanto isso, a medição foi de 11,6% para o sistema 2 e o dado
do fabricante é de 14,48%.
Gráfico 13: Eficiência do arranjo dos sistemas da UECE
18%
16%
14%
12%
10%
8%
6% PV-UECE1
4% PV-UECE2
2%
0%
Fonte: autor
Em relação ao fator de capacidade, os resultados dos sistemas instalados na
UECE são maiores do que os encontrados em alguns estudos internacionais que
abordaram esse aspecto. As médias da nossa pesquisa foram de 22% para o PV-UECE1
e 18% para o PV-UECE2. Em contraponto, os dados são de 16% para pesquisa
realizada na Índia (YADAV e PAJPAI, 2018) e de 10% na Noruega (ADARAMOLA e
VÅGNES, 2015).
60
A comparação é semelhante quando se trata dos níveis de eficiência. Na
Noruega, a eficiência do sistema foi de 12%, a do arranjo fotovoltaico foi de 13% e a do
inversor 89% (ADARAMOLA e VÅGNES, 2015). Exceto nos dados relacionados ao
inversor, o sistema PV-UECE2 apresenta resultados levemente menores do que os
encontrados na Noruega. Em contraponto, ele tem informações semelhantes às obtidas
na Índia: eficiência de 10% para o sistema e de 11% para o arranjo (YADAV e PAJPAI,
2018).
61
aprofundadas desses fatores relacionados às perdas não foram o foco desta pesquisa,
mas são abordadas em diferentes estudos (EKICI e KOPRU, 2017; TONOLO, 2018;
NASCIMENTO, 2019).
Em relação às características dos equipamentos que compõem os sistemas,
destacamos que as instalações da UECE usam componentes semelhantes e que os
índices de eficiência deles não apresentaram grandes divergências entre os dois sistemas
(isso pode ser analisado no gráfico 12, por exemplo, que mostrou o desempenho dos
inversores).
Acerca da questão do sombreamento, sabe-se que o PV-UECE1 sofre os efeitos
da sombra causada por um poste de energia – que incide a partir das 14h nos meses de
novembro, dezembro e janeiro (FERREIRA, 2015). Isso explica o desempenho menor e
as maiores perdas para esse período do ano. Já o PV-UECE2, sofre um pequeno
impacto do sombreamento do telhado próximo a ele no final de tarde – esse fator
também interfere nos dados de eficiência.
A literatura aponta, ainda, que a temperatura exerce grande influência no
desempenho dos sistemas fotovoltaicos Uma pesquisa realizada por Dabou et al. (2016)
em uma região desértica (Argélia – África) encontrou maiores perdas do sistema em
períodos de temperatura elevada: 0,09 h/dia quando estava nublado e 0,26 h/dia em dias
claros. Os pesquisadores concluíram que nos períodos mais claros a taxa de
desempenho era menor: 85% em dias nublados e 76,5% em dias de maior temperatura.
Sobre isso, reforçamos que os dois sistemas considerados na nossa pesquisa estão
localizados sobre as mesmas condições climáticas, logo, passam por perdas semelhantes
em relação a esse ponto.
Um elemento a ser considerado quando se compara os sistemas da nossa
pesquisa é a diferença temporal entre as coletas de dados. Os dados do PV-UECE1
foram coletados entre os anos de 2013 e 2014, enquanto a coleta para o PV-UECE2 se
deu entre 2016 e 2017. A rotina de pesquisas realizadas no Mestrado Acadêmico em
Ciências Físicas Aplicadas impossibilitou a coleta de dados no mesmo período, já que,
muitas vezes, os sistemas são utilizados em estudos que os colocam em condições
diferentes de uso, dificultando a comparação.
Por isso, é importante apontar que a análise comparativa feita nesta pesquisa
deve considerar que as perdas do sistema fotovoltaico podem se tornar levemente
maiores a cada ano, por conta de fatores relacionados ao desgaste dos equipamentos.
62
Em relação a isso, o PV-UECE2 estaria em uma pequena desvantagem, já que a coleta
de dados se deu dois anos depois do outro sistema. Apesar de não ser objeto desta
pesquisa, existem testes que podem ser feitos para avaliar o nível de desgaste dos
equipamentos (FONSECA et al., 2020).
87%
79% 78% 77% 77% 76% 75% 75% 75% 71%
PV-UECE1 PV-RS PV-BA PV-RJ PV-UECE2 PV-RO PV-SC PV-MG PV-MT PV-CE
64
Vale destacar que mesmo com esse fenômeno afetando os resultados do
sistema PV-CE, a média anual de sua taxa de desempenho não apresentou uma queda
tão significativa em relação às outras estruturas analisadas. Principalmente quando se
consideram os sistemas de Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso (os três com
taxa de 75%). Com isso, é viável afirmar que a produção de energia solar fotovoltaica
apresenta um potencial muito interessante no Brasil, podendo oferecer alta performance
– especialmente quando são consideradas as condições ideais de instalação e os
materiais mais apropriados para o clima de cada região.
65
Tabela 9: Cotação sistema fotovoltaico
66
oportunidade, comparando o valor do sistema fotovoltaico com os ganhos que poderiam
ser obtidos em investimentos semelhantes realizados no mercado financeiro.
Onde:
67
n é o tempo do investimento
Onde:
d é a taxa de desconto
n é o tempo do investimento
68
5. CONCLUSÕES
Esta dissertação apresentou uma análise comparativa entre os indicadores de
desempenho de sistemas fotovoltaicos. Foram consideradas duas instalações localizadas
na UECE e mais oito estruturas encontradas nas diversas regiões brasileiras. Os dados
analisados na nossa pesquisa foram oriundos de outros três estudos (FERREIRA, 2015;
MORAIS, 2017; NASCIMENTO, 2019). A partir deles, tornou-se viável discutir a
realidade da produção de energia fotovoltaica no Brasil – em comparação também com
resultados encontrados em casos internacionais.
Os resultados discutidos acerca dos sistemas instalados na UECE (chamados
no nosso trabalho de PV-UECE1 e PV-UECE2) envolveu a análise de diversos
indicadores: produtividade de referência, produtividade do arranjo fotovoltaico,
produtividade final, perdas totais, taxa de desempenho, fator de capacidade e eficiência
(do sistema, do arranjo e do inversor). Depois disso, as médias anuais da taxa de
desempenho foram comparadas com os dados das diversas regiões do país.
Em relação aos sistemas localizados na UECE, a principal conclusão diz
respeito às diferenças de instalação. Por acompanhar a estrutura de um telhado, o PV-
UECE2 apresenta desvio azimutal de 25º, embora a condição ideal para o local seja um
ângulo de 0º. Como o PV-UECE1 foi instalado nas melhores condições, ele apresenta
indicadores maiores em todas as comparações realizadas entre os dois sistemas.
Embora a divergência em relação ao ângulo de azimute tenha sido considerada
um fator preponderante para os resultados diferentes, é importante destacar que outros
fatores podem gerar perdas nos sistemas fotovoltaicos. Por exemplo, aspectos ligados ao
consumo do sistema para o próprio funcionamento, limitações de algum componente,
efeitos de sombreamento e sujidade nos painéis. Além disso, é preciso considerar o
desgaste dos materiais, especialmente ponderando que a coleta de dados para o PV-
UECE2 se deu dois anos depois da coleta referente ao PV-UECE1.
Sobre a comparação de sistemas fotovoltaicos instalados em todo o Brasil, foi
observado que as diversas regiões apresentam taxas de desempenho relativamente
próximas – com média de 77% quando se considera os dez sistemas analisados na
presente pesquisa. Assim, vê-se que mesmo os Estados com condições climáticas mais
desvantajosas em relação à incidência solar têm um desempenho favorável,
principalmente quando comparados com países de clima diferente (como Alemanha e
Noruega).
69
A região do Ceará obteve destaque na nossa análise comparativa, em especial o
PV-UECE1, que foi instalado em condições ideais para aproveitar a energia oriunda do
sol. O PV-UECE2, mesmo apresentando fatores limitantes no seu desempenho, teve
posição de destaque ao lado das demais regiões brasileiras – apresentando o 5º maior
índice, atrás apenas do PV-UECE1 e das instalações dos Estados do Rio Grande do Sul,
Bahia e Rio de Janeiro.
O sistema fotovoltaico de menor desempenho foi o PV-CE, localizado em
Caucaia, no Ceará, que enfrentou problemas devido ao fenômeno de super irradiância.
Entretanto, é válido ressaltar que mesmo com essa limitação ele não destoou de maneira
muito significativa da média de outros Estados, como Santa Catarina, Minas Gerais e
Mato Grosso – que tiveram desempenho apenas 4% maior que o PV-CE.
A análise comparativa realizada nessa pesquisa permitiu concluir que o Brasil
apresenta um ótimo potencial de produção para energia solar fotovoltaica. Uma vez que
mesmo os piores resultados de nível de desempenho no nosso país ainda são maiores do
que os encontrados em nações de clima mais desfavorável e que fazem maior uso desse
tipo de energia.
Destacamos, contudo, que os devidos cuidados na instalação e na escolha dos
equipamentos dos sistemas fotovoltaicos pode aumentar bastante a eficiência dos
mesmos. Como discutido neste trabalho, a performance do sistema é maior quando se
opta por materiais mais eficientes para cada região e também quando o conjunto é
instalado considerando as características mais adequadas para o local.
Junto ao potencial atrativo na produção de energia fotovoltaica no Brasil, nosso
estudo proporcionou também a conclusão de que o investimento em sistemas solares
vem se tornam mais vantajoso ao longo do tempo. A análise econômica que realizamos
evidenciou o aumento da competitividade da energia solar, de modo que nos últimos
anos os equipamentos estão mais baratos e o retorno do dinheiro investido se dá em
menos tempo.
A partir do exposto, reforçamos que a energia solar fotovoltaica apresenta
vantagens interessantes para a realidade brasileira. Além disso, destacamos que o
avanço científico é um elemento central na ampliação do uso de fontes alternativas de
energia. Esperamos que os dados produzidos por nossa pesquisa contribuam para o
avanço da ciência no que se refere à análise de desempenho de sistemas solares
fotovoltaicos.
70
6. BIBLIOGRAFIA
ADARAMOLA, Muyiwa S.; VÅGNES, Emil E.t.. Preliminary assessment of a small-
scale rooftop PV-grid tied in Norwegian climatic conditions. Energy Conversion And
Management, [s.l.], v. 90, p.458-465, jan. 2015. Elsevier BV.
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