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BOAS PRÁTICAS
DO ATENDIMENTO
SEPARATA TÉCNICA • REVISTA QUALIDADE EM SAÚDE • ESPECIAL MANUAIS DA QUALIDADE • SETEMBRO 2003
ÍNDICE
4 INTRODUÇÃO
7 ATENDIMENTO TELEFÓNICO
18 ATENDIMENTO PRESENCIAL
23 A COMUNICAÇÃO
26 COMPORTAMENTOS E ATITUDES
28 QUEIXAS E RECLAMAÇÕES
INTRODUÇÃO
Todos desejamos que as ocasiões em que recebemos alguém em "nossa casa" sejam
um êxito. Conscientes de que o primeiro contacto é a imagem que fica, não podemos
atender/receber os "nossos convidados" de qualquer maneira. O mesmo princípio se
aplica aos nossos clientes: os utentes do SNS.
Saber atender é uma arte onde diferentes tipos de Saberes têm de concorrer para que
o acto de atender se transforme num acto de qualidade.
É sobre este último aspecto que incide este conjunto de Boas Práticas do Atendimen-
to, que se aplica a todos os processos de atendimento do utente nos seus múltiplos
contactos com a instituição e ao longo do seu percurso na unidade de saúde.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 5
Todas as pessoas têm direitos e esses direitos são indiscutíveis e inalienáveis. Encon-
tram-se descritos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e estão garantidos
pela Constituição da República Portuguesa.
Quando alguém adoece não perde nem vê diminuídos os seus direitos de cidadania.
Mas a circunstância de estar doente, por breve prazo ou de forma crónica, atribui
maior importância a alguns desses direitos fundamentais.
Tem pois direito a ser informado com exactidão e prontidão sobre todos estes aspec-
tos. Assim, pedidos de esclarecimento acerca de horários, formalidades, locais de
acolhimento e encaminhamento têm de ser atendidos de forma cortês e solícita, quer
quando formulados pessoalmente quer telefonicamente.
6 BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO
Embora a grande maioria dos profissionais se esforce seriamente por prestar serviços
de qualidade, atempados e humanizados, pode haver situações em que o doente não
foi tratado como deveria ser ou em que algum dos seus direitos foi ofendido. Nestas
situações é seu direito sugerir modificações ou reclamar.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 7
ATENDIMENTO TELEFÓNICO
O telefone é uma das mais comuns e necessárias ferramentas de trabalho. Mas os
hábitos, a rotina e o desgaste do quotidiano tendem a deteriorar o atendimento
telefónico.
Elabore uma síntese clara do assunto que vai ser tratado, prevendo que pode
contactar inicialmente com a secretária ou telefonista antes do principal
destinatário da sua mensagem.
Estruture o assunto a tratar para que a exposição tenha um fio condutor, seja
mais rápida, clara e completa.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 9
1 CONTROLE A VOZ
2 FALE NATURALMENTE
Utilize sempre uma voz expressiva, natural, directa e viva. Isso transmite o
sentimento de uma pessoa interessada, atenta e motivada.
A modulação a dar à voz é feita de acordo com a importância que pretende que
a mensagem tenha.
Utilize mecanismos para trabalhar a sua voz numa chamada telefónica, tais
como:
– Varie o volume, a ênfase e o ritmo da sua voz;
– Faça pausas em função do seu discurso;
– Não interrompa o interlocutor.
10 BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO
6 ATENDA PRONTAMENTE
Se no seu local de trabalho, outro telefone está a tocar, zele pela imagem do
seu serviço. Atenda o telefone.
Faça a gestão do tempo, não prolongue a conversa, alguém pode estar à espera.
Se a chamada foi canalizada para o seu serviço, atenda começando por identi-
ficar o serviço e categoria profissional. O seu interlocutor fará o mesmo.
Saber a identificação do seu interlocutor deve ser a sua tarefa inicial. Se colocar
bem a questão, a resposta será dada facilmente. No entanto não devemos
colocar a questão directamente, é necessário fazer várias abordagens, como
por exemplo:
– "Posso perguntar-lhe o seu nome, por favor?"
– "Desculpe, não ouvi completamente. É capaz de soletrar o seu apelido?"
– "Tenho a certeza que o Sr .......gostaria de saber quem telefonou.
– Pode dizer-me o seu nome?"
Agradeça a amabilidade.
10 AJUDE O INTERLOCUTOR
Se a pessoa com quem o interlocutor deseja falar está disponível, forneça essa
informação e ofereça-se para a ajudar dizendo por exemplo:
– "Sim, ele está. Deseja que lhe passe a chamada?"
Se a pessoa com quem o interlocutor deseja falar não está disponível, seja
discreto na resposta. Diga por exemplo:
– "De momento está a atender outra chamada. Posso ficar com o seu nome
e contacto para que o Sr. António lhe possa falar mais tarde?"
– "Sr. Pedro não está aqui de momento. Posso tentar localizá-lo …"
É muito desagradável para quem está do outro lado do telefone verificar que o
seu interlocutor está a responder a outras solicitações ou a dar instruções,
interrompendo assim o discurso. Se no decurso da conversa for necessário
interromper para falar com um colega, por exemplo, deve avisar-se da inter-
rupção.
Não deixe a pessoa pendurada: encaminhe a chamada e informe que o vai fazer.
Exemplo: "Aguarde um instante, por favor, vou passar a chamada; não desligue".
Certifique-se que está a passar a chamada para a extensão correcta. Não utilize
o método das tentativas.
15 DEMONSTRE ATENÇÃO
19 EM CASO DE RECLAMAÇÃO
Escute atentamente.
Tenha em atenção que um cliente que reclama pode estar mal informado, mas
pode ter razão. Não actue de forma precipitada caso não tenha informações
suficientes para resolver o caso.
Não fale baixo de mais Não se vêem os seus lábios, assim não
se consegue adivinhar o que pretende dizer.
Não mastigue pastilhas elásticas O interlocutor pode achar que não lhe está a
ou faça qualquer tipo de ruído dar a devida atenção. Os aparelhos de hoje
são muito sensíveis, qualquer ruído ouvido
pelo interlocutor pode ser mal interpretado.
“Hoje não faço isso” Nem todos os dias são dias de descanso.
Não arraste as situações.
“Maria .../ Joaquim.../ Manuel...” Será que ao telefone está alguém da nossa idade?
ATENDIMENTO PRESENCIAL
Para se actuar de forma adequada, é necessário ter em conta que, em tão curto
período de tempo, não é fácil conhecer uma pessoa.
No caso dos utentes dos Serviços de Saúde, o utente deve ficar com a ideia de que:
– Foi escutado e foi compreendida a sua necessidade.
– O profissional ofereceu-lhe uma solução.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 19
Reconhecimento positivo
Necessidade de segurança
O utente deve sentir o Serviço de Saúde como uma unidade, implicando que todos
os funcionários adoptem a uniformização de atitudes e comportamentos.
Expectativas
PRINCÍPIOS DO ATENDIMENTO
Envolvimento total
Cada colaborador do Serviço de Saúde faz parte de uma equipa que trabalha para o
mesmo objectivo: o UTENTE.
Competência
Legitimidade
– Lealdade;
– Integridade;
– Competência e responsabilidade.
Disponibilidade
Verbalmente
– Reconheça, o mais breve possível, a presença das pessoas;
– Se houver demora no atendimento, peça desculpas;
– Trate a pessoa pelo seu nome;
– Confirme que está a ouvir;
– Demonstre que quer determinar as necessidades do utente;
– Escute atentamente, analise bem a informação, coloque questões;
– Enquanto escuta um utente, não peça outra coisa;
– Quando escuta um utente pela primeira vez, permita que, durante
– alguns minutos, este lhe diga o que pensa;
– Aceite o estilo e ritmo do utente;
– Verifique se compreendeu bem a mensagem e chegue a um acordo para
– o passo seguinte.
Visualmente
– Mostre-se amável e acolhedor, peça desculpa por uma eventual demora;
– Olhe para as pessoas directamente e mostre-se atento;
– Prenda a atenção do receptor;
– Incline-se para a frente e utilize gestos abertos;
– Não escreva enquanto fala com o utente;
– "Ouça" o que o utente NÃO lhe está a dizer;
– É lícito que um utente: chore, esteja deprimido, ria, por vezes, magoe
– ou manifeste qualquer outro sentimento.
Flexibilidade
Neste caso necessitará de ser muito hábil. Cada caso é um caso. Terá de usar o bom
senso. As soluções não podem ser sempre iguais. De qualquer forma, é muito
desagradável estar a atender alguém com o telefone insistentemente a tocar. Por isso,
peça desculpa ao seu interlocutor e atenda, mas:
– Seja breve;
– Tente saber quem está a falar e qual o seu contacto para lhe ligar logo
– que esteja disponível;
– Caso seja possível, solicite aos colegas ou à telefonista para não serem
– canalizadas mais chamadas durante determinado período.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 23
A COMUNICAÇÃO
No caso dos utentes dos Serviços de Saúde, o utente deve ficar com a ideia de que:
– Foi escutado e que foi compreendida a sua necessidade.
– O profissional ofereceu-lhe uma solução.
Quando nos relacionamos com os outros podemos escolher um dos seguintes pontos
de partida:
– Centrarmo-nos nas diferenças.
– Centrarmo-nos nas semelhanças, ou seja, naquilo em que há concordância
(pensamentos, sentimentos, opiniões).
Neste último caso, estamos numa situação de rapport (ressonância), que significa
tratar as pessoas ao mesmo nível, fazendo-as sentirem-se confortáveis. Desta forma
conseguimos diminuir conflitos, medos, inseguranças ou dúvidas.
Quem está em contacto directo com o público deve prestar uma especial atenção a
este conceito. Para se atingir uma relação de rapport é necessário estar atento a:
Linguagem corporal:
– Forma de se sentar;
– Movimento e posição das pernas;
– Movimento dos braços;
– Postura geral;
– Ângulo da cabeça;
– Forma de andar e vestir;
– Expressão facial;
– Respiração;
– Contacto.
Tipo de discurso:
– Tom de voz;
– Velocidade;
– Vocabulário empregue;
– Termos técnicos;
– Estrangeirismos;
– Calão.
24 BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO
Quanto mais diferentes forem as pessoas no que se refere às suas experiências, valo-
res ou crenças, mais difícil é comunicar, porque existe grande probabilidade de darem
significados diferentes às palavras.
■ Seja moderado, tanto no tom de voz como nas expressões e nos gestos.
COMPORTAMENTOS E ATITUDES
AS ATITUDES
Quando estamos perante um cliente podemos assumir várias atitudes, tais como:
Atitudes de avaliação
Esta atitude deve ser evitada atendendo aos efeitos negativos sobre a comu-
nicação. Só são utilizadas, pontualmente, perante um erro ou falha do inter-
locutor, mas apenas quando este aceita, sem contestação, a autoridade do
emissor. Nestes casos é preferível utilizar, por exemplo, a atitude de explo-
ração. E se o erro não for grave, evite intervir.
Atitude de orientação
Atitude de apoio
Se forem assumidas sob a forma de empatia devem ser conjugadas com as ati-
tudes exploratórias.
Atitude de exploração
Atitude de reformulação
QUEIXAS E RECLAMAÇÕES
Todo o erro deve ser corrigido, acompanhado de uma explicação e pedido de des-
culpas.
Cativar o agressivo:
– Não personalizando as situações, sendo tolerante;
– Mantendo a calma e prestando-lhe atenção;
– Concentrando-se no problema e não na pessoa;
– Percebendo que o utente está só insatisfeito com a situação;
– Procurando deslocar-se para uma zona calma, sentar-se com o Utente,
– procurando compreender as necessidades da pessoa e satisfazê-las na
– medida do possível, dizendo-lhe o que vai fazer daí para a frente;
Conservar a serenidade:
– Se o utente se dirige a um colaborador de forma ofensiva, tal atitude
– não deve ser considerada como algo pessoal.
– Normalmente o descontentamento é com a entidade, por isso
– é fundamental dominar as emoções;
– Mantenha um tom educado;
– Tranquilize o utente;
– Evite envolver-se em discussões. Actue com profissionalismo.
BOAS PRÁTICAS DO ATENDIMENTO 29
Ser compreensivo:
– Coloque-se na posição do utente;
– Trate o utente como exige que o tratem a si;
– Evite aproveitar-se da constatação de que houve um equívoco por parte
– do utente. Nestes casos é importante encontrar uma via que permita
– ao utente ter uma saída airosa.
Despedir-se correctamente:
– Cumprimente afavelmente;
– Coloque-se à disposição para o futuro.
Sempre que possível as queixas devem ser resolvidas no próprio posto de tra-
balho;
Lembre-se:
– Que eles estão a ser difíceis por razões próprias. Não por sua causa.
Forma de actuação:
– Não personalize as situações (lembre-se que não o estão a atacar a si);
– Mantenha a calma e escute o cliente/utente;
– Concentre-se na situação e não na pessoa;
– Não o contradiga;
– Não discuta;
– Não lhe diga que é grosseiro ou mal educado;
– Interprete correctamente o comportamento;
– Encaminhe o cliente/utente para a melhor solução;
– Gratifique-se por acalmar um cliente/utente agressivo.
"Era uma vez um grupo de pessoas que se chamavam: NINGUÉM,
ALGUÉM, NÃO IMPORTA QUEM, CADA UM e TODA A GENTE.