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A Web 2.

0 e a prática docente
Profa Dra. Cristina Pfeiffer
A evolução da comunicação teve um grande salto com a chegada da internet
que emergiu para o público em 1984, e somente a partir de 1995, o acesso à grande
rede de computadores se popularizou com a emergência da web, provocando um
“povoamento virtual” em nosso planeta. A teia eletrônica traçada na internet pela web
é uma das mais surpreendentes mídias já criadas pelo ser humano. Enquanto em
1999 estimava-se em 800 milhões o número de páginas disponíveis na web, em 2000
esse número alcançava 2 bilhões e 11,5 bilhões de páginas em 2005.
Temas como “inteligência emergente”, “coletivos inteligentes”, “cérebro
global”, “sociedade da mente”, “inteligência conectiva”, “redes inteligentes” e
“inteligência coletiva” são cada vez mais recorrentes entre teóricos reconhecidos.
Todos eles apontam para uma mesma situação: estamos em rede, interconectados
com um número cada vez maior de pontos e com uma frequência em constante
crescimento.
No entanto, ao analisarmos o impacto desses avanços na educação,
descobrimos que nas salas de aula ainda prevalece a baixa interação dos alunos e a
prática de atividades solitárias. Hoje diferentes tecnologias computacionais são
utilizadas para criar e disseminar conhecimento colaborando ou até mesmo, como
destaca, substituindo o professor no processo ensino-aprendizagem.
Dessa forma, aprender torna-se um processo em evolução, em vez de um
conjunto prescrito de tarefas; e no relacionamento do professor com o aluno, o papel
do professor muda da autoridade que sabe tudo para o do facilitador, conselheiro e
guia.
A internet como ferramenta de aprendizagem é um trabalho em progresso e
o seu valor educacional dependerá do conteúdo disponibilizado, da informação
processada e da competência adquirida. Sendo assim, nota-se que para assegurar a
relevância da internet no processo de ensino-aprendizagem esta tem que atuar como
um ambiente colaborativo entre os aprendizes familiarizando-os com a variedade de
seus recursos, facilitando a autonomia, independência, à construção de
conhecimentos, a colaboração e a comunicação. Segundo pesquisas no Brasil,
mensalmente, cerca de 29 milhões de brasileiros se integram às redes sociais na
internet, ou seja, nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Brasil
têm o seu perfil estampado em algum site de relacionamento.
Os sociólogos denominam geração Y os jovens nascidos a partir dos anos 90
que por já terem acesso a dispositivos eletrônicos passaram a adotar um
comportamento próprio, incluindo formas particulares de interação e de comunicação.
A partir de 2004, com a chegada das redes sociais mais conhecida como a
Web 2.0, houve uma ampliação da geração Y à geração Z à qual pertencem a maioria
dos estudantes de hoje também conhecidos por nativos digitais [1]. Esses jovens
passam a maior parte do tempo conectados através de seus smartphones, tablets e
outras tecnologias até durante as horas necessárias ao repouso diário.
Outra característica importante da geração Z é ser mais voltada para os
games, em função do crescimento dessa indústria nos últimos anos. Dessa forma a
lógica dos games é muito disseminada na vida deles e envolve valores tais como
competitividade e colaboração. Essas características são muito presentes no mundo
dos jogos eletrônicos e por isso são comportamentos naturalmente incorporados no
cotidiano dessa geração. Em relação à área educacional, esses indivíduos já
nasceram praticamente utilizando as tecnologias digitais para estabelecer contatos,
fazer seus trabalhos da escola, ouvir música, gravar vídeos, tirar fotos etc. No entanto,
eles ainda não perceberam o potencial pedagógico que a Web 2.0 oferece.
É papel do professor mostrar aos jovens da geração Z que essas ferramentas
podem ser uma grande aliada em seu processo de aprendizagem. No entanto, nos
cursos de licenciatura em Pedagogia ainda é incipiente o oferecimento de disciplinas
que tratem do uso das tecnologias em seus programas curriculares. E a lacuna
deixada pela falta dessa formação se refletirá diretamente quando os futuros
professores estiverem em sala de aula, ficando limitados à transmissão do
conhecimento em aulas tradicionais.
Pesquisas atuais realizadas na área de Informática na Educação apontam
para novos recursos denominados metodologias ativas que envolvem
principalmente o ensino híbrido e o conceito de sala de aula invertida.
Segundo GONCALVES & SILVA (2018):

“No modelo disciplinar, precisamos “dar menos aulas” e colocar o


conteúdo fundamental na web, elaborar alguns roteiros de aula em que os
alunos leiam antes os materiais básicos e realizem atividades mais ricas
em sala de aula com a supervisão dos professores. Misturando vídeos e
materiais nos ambientes virtuais com atividades de aprofundamento nos
espaços físicos (salas), ampliamos o conceito de sala de aula: invertemos
a lógica tradicional de que o professor ensine antes na aula e o aluno
tente aplicar depois em casa o que aprendeu em aula, para que primeiro,
o aluno caminhe sozinho (vídeos, leituras, atividades) e depois, em sala
de aula, desenvolva os conhecimentos que ainda precisa no contato com
colegas e com a orientação do professor ou de professores mais
experientes. (MORAN, 2014, p. 35, apud [3]).

Na realidade, o que está faltando é a apropriação do uso dessas


tecnologias por parte dos docentes que ainda resistem a essa evolução.
Mesmo com a web, alguns professores apenas “transferem suas aulas
tradicionais para o ambiente virtual”.

Referências Bibliográficas:

[1] Veja as características que marcam as gerações 'baby boomer', X, Y


e Z. Globo Ciência. 05/10/2013 06h16 - Atualizado em 15/03/2014
06h11. Disponível em
http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/10/veja-
caracteristicas-que-marcam-geracoes-baby-boomer-x-y-e-z.html
Acesso em 20/07/2018.

[2] Web 2.0. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0

[3] GONÇALVES, M. O.; SILVA, V. Sala de aula compartilhada na


licenciatura em matemática: relato de prática. Publicado no livro
Metodologias ativas para uma educação inovadora organizado por Lilian
Bacich e José Moran: Porto Alegre: Editora Penso. 2018. Disponível em
https://books.google.com.br/books?id=TTY7DwAAQBAJ&printsec=fro
ntc
over&dq=Metodologias+ativas+para+uma+educa%C3%A7%C3%A3o+i
novadora&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwj586ONof3fAhVnI7kGHXA7BT0Q6AEIKTAA#
v=onepage&q=Metodologias%20ativas%20para%20uma%20educa%C
3%A7%C3%A3o%20inovadora&f=false Acesso em 20/01/2019

FERNANDES, Maria Cristina Pfeiffer; SILVA, Andreza Regina Lopes;


FERREIRA, Alan; CRAPEZ, Mirian; SPANHOL, Fernando José. Inovando a
prática docente através do uso de ferramentas web 2.0. Disponível em
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/inovando-a-
pratica-docente-atraves-do-uso-de-ferramentas-web-20/20083# Acesso em
28/01/2020.

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