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Mauricio A. Vilches
PREFÁCIO
ce no século
Provavelmente a Topologia é a mais novas das linhas da Matemática clássica, pois a Topologia apare-
com o nome de Analyse Situs, isto é análise da posição. Muitos autores concordam
que o primeiro a tentar estudar propriedades topológicas foi Leibniz, em
. Posteriormente, Euler
em
publica a solução do problema das pontes da cidade de Köenigsberg, institulado ”Solutio
problematis ad geometriam situs pertinentis”. As bases da Topologia moderna foram estabelici-
das no Congresso Internacional de Matemática de
, em Roma, onde Riesz propõe um carater
axiomático da Topologia, baseado na teoria dos conjuntos, sem o conceito de distância subjacente.
Em , Hausdorff define os conjuntos abertos através de axiomas, sem consideraçãoes métricas.
Existem outras vertentes onde a topologia encontrou novos impulsos para seu desenvolvimento, por
exemplo, na Análise Funcional e nas Equações Diferenciais Ordinárias, através de Banach e Poincaré,
respectivamente.
A Topologia utiliza os mesmos objetos que a Geometria, com a seguinte diferença: não interessa a
distância, os ângulos nem a configuração dos pontos. Na Topologia, objetos que possam transformar-
se em outros, através de funções contı́nuas reversı́veis, são equivalentes e indistinguiveis. Por exem-
plo, cı́rculos e elipses, esferas e paralelelpı́pedos.
A Topologia é pré-requisito básico em quase todas as áreas da Matemática moderna, da Geometria
Diferencial à Álgebra e é fonte atual de efervescente pesquisa.
Mauricio A. Vilches
Rio de Janeiro
4
Conteúdo
1 Espaços Topológicos 7
1.1 Topologias e Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4 Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4.1 Sub-bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5 Topologia Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.6 Pontos e Conjuntos Notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.7 Topologia Métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.7.1 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.7.2 Conjuntos Abertos e Fechados em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.7.3 Espaços Vetoriais Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.7.4 Espaços Vetoriais com Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.8 Topologia de Zariski . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.8.1 Topologia de Zariski em Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.9 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3 Homeomeorfismos 45
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2 Exemplos de Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.1 Grupos de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.3 Homeomorfismos Locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4 Topologia Quociente 61
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.2 Espaços Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2.1 O Cı́rculo como Espaço Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5
6 CONTEÚDO
5 Compacidade 83
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
5.2 Compacidade em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6 Axioma de Separação 91
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.2 Espaços de Fréchet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
6.3 Espaços de Hausdorff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.4 Topologia Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
6.5 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.5.1 Variedades Topológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.6 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
7 Conexidade 103
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
7.2 Aplicacões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
7.3 Conexidade por Caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
7.4 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Bibliografia 112
Capı́tulo 1
Espaços Topológicos
Seja um conjunto não vazio. Denotemos por
a famı́lia de todos os subconjuntos de e por
o complementar de em .
Definição 1.1. Uma topologia sobre é uma famı́lia tal que:
1.
.
10 2
243 + * )
(
Em outras palavras, uma topologia é uma famı́lia de subconjuntos de tais que o conjunto vazio
e o conjunto devem pertencer à topologia; a reunião arbitrária de elementos da topologia deve
pertencer à topologia e a interseção finita de elementos da topologia deve pertencer à topologia.
O par 5
76 é chamado espaço topológico.
7
8 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1.2 Exemplos
A seguir apresentaremos uma série de exemplos que utilizaremos em todos os capı́tulos seguintes.
[1] Todo conjunto não vazio possui as seguintes topologias:
[3] Seja
! . A topologia:
2 % ! !
é dita de Sierpinski.
[4] Seja
e definamos a seguinte topologia:
% !
onde
se, e somente se para todo
existe um intervalo aberto / tal que:
/ (
1. Claramente
%
.
2. Seja
! , então:
#
%$'& )
(
# , então existe tal que
; logo, existe e:
De fato, seja %$ &
/ # (
%$'&
3. Sejam * + * -
; então, dado * + * - temos que * +
e * -
, logo existem
+ + e - - tais que + + * + e - - * - . Se denotamos por ! + - ! e
"#$ % !
+ - , temos:
/ * +& * - (
1.2. EXEMPLOS 9
10 2
Por indução: Se * + * - /( (/( * 0 , então
243 + *
.
% - !
onde
se, e somente se para todo existe um retângulo aberto / % tal que:
[6] Seja
- e consideremos a famı́lia:
% -
!
onde:
- &
! (
Então 5 -
6 , é um espaço topológico.
1.
% -
, por definição.
2. Seja
tal que :
Se
é limitado inferiormente, seja " # $ , então:
#
(
$
De fato, seja
# ; então, existe tal que
, isto é
! ; logo,
$
"
# e
# #
, (
$
Seja
$
# ; então, %
& ; logo, existe $ tal que ' (
, caso contrário % seria
uma cota inferior de
maior que ; então:
#
$ (
Se
não é limitado inferiormente, então:
# -
(
$
10 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
é finito ou é
!(
é uma topologia para .
1. Claramente, e pertencem a
.
2. Seja
! ; então:
#
% $'& )
(
De fato:
# 1
% $'& % $'&
como
é finito, a interseção é finita ou é todo .
3. Sejam *,+ *.- (/(/( *0
, então:
1 0 2 # 0 2
243 + * 42 3 + *
a união é finita ou todo , pois cada conjunto é finito ou todo .
Esta topologia é chamada de cofinita e denotada
. Se
2 .
é finito, então
com a topologia
. O conjunto não é aberto nesta topologia, pois seu com-
Seja
plementar é
e não é finito nem igual a . Mas, o conjunto & é aberto. Nesta
topologia os abertos são da forma:
# 0 2 & 2 ! (
243 +
Seja
com a topologia
. Se é finito, então não é aberto. Analogamente em
0 .
Os conjuntos fechados são os duais dos conjuntos abertos, num espaço topológico. Veremos que a
topologia num espaço topológico, também pode ser caracterizada atraves dos conjuntos fechados.
1.3. CONJUNTOS FECHADOS 11
Isto é, um conjunto é fechado se, e somente se seu complementar é um conjunto aberto.
Exemplo 1.1.
[1] e
são fechados em .
[2] Seja 5
2 6 ; então os fechados de são , e ! .
[3] Considere
'% '! com a
do exemplo [??]. Determinemos os conjuntos fechados de .
Primeiramente e são fechados em . Os conjuntos e
! ! não são fechados; de fato:
! '% '!
! % '!
(
'! '! e '% '! são fechados em :
Por outro lado ,
%
1.
.
- (/(/( 0 conjuntos fechados em ; então:
2. Sejam +
#0 2
243 +
é fechado em .
3. Sejam
, arbitrários tal que , então:
1
%$ &
(
#0 2 10 2
5 243 6 2 3
1 + #+
(
5 %$'& 6 % $ &
Exemplo 1.2.
12 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
5 !
6 ;então !
; logo se + - (/(/( 0 ! temos que:
Seja todo conjunto finito é fechado. De fato, dado , então é fechado em
pois
#0 2! (
243 +
O exemplo anterior vale em
0.
A propriedade de ser aberto ou fechado é independente uma da outra. Um conjunto pode ser simul-
taneamante fechado e aberto, aberto e não fechado, fechado e não aberto ou nehum dos dois.
A união infinita de conjuntos fechados pode não ser um conjunto fechado. Por exemplo, para todo
subconjunto *
, temos:
#
* $ ! (
Uma topologia num espaço topológico também pode ser caracterizada, pelos seus conjuntos fecha-
dos.
Exemplo 1.3.
[2] Seja
!
com a topologia euclidiana; então os conjuntos e são abertos.
Como cada um deles é complementar do outro, também são fechados.
[3] O conjunto
não é aberto nem fechado com a topologia usual e nem com a topologia cofinita
de .
Definição 1.3. Sejam
+ e
- topologias sobre . Se
+
- , então dizemos que a topologia
- é mais fina
que .
+
Exemplo 1.4.
-
Em ,
é menos fina que a
. De fato, seja
; então é finito; logo
. é fechado em
e é aberto em .
!
+ % ! !
- % ! !
As topologias sobre um conjunto nem sempre podem ser comparadas. Por exemplo: Seja
com as topologias: e
. então e não podem ser comparadas.
+
-
Para toda topologia
sobre temos:
2 0
2 (
No exemplo [1], temos:
2 0
+
.
2 (
1.4. BASES 13
1.4 Bases
Muitas vezes para introduzir uma topologia num conjunto não é necessário descrever todos os con-
juntos abertos da topologia, mas apenas alguns conjuntos especiais, os chamados abertos básicos da
topologia.
Sejam 5
6 um espaço topológico e uma famı́lia de subconjuntos de tal que
.
Como
, então toda união de elementos de
também pertence a . Os elementos de são
ditos abertos básicos da topologia.
Se
é uma base de , dizemos que
gera a topologia , ou que
é a topologia gerada por .
Para todo
existe *
tal que *
. De fato, seja
; como
e é uma base de ,
então:
# *
%$'&
onde * . Logo, existe tal que:
* (
O seguinte teorema é um ótimo critério para verificar se uma famı́lia de subconjuntos é uma base.
2. Para todo * + * -
* +& * - , então, existe * tal que:
, se
* *,+ *.-'(
Prova : Se é uma base de alguma topologia
, então é aberto; logo se escreve como união de
, então * + , * - são abertos e * + * - é aberto; logo se * + * - , existe um aberto
abertos básicos.
Se * + * -
* tal que * * + * - .
Reciprocamente, se satisfaz 1 e 2 e se exitir uma topologia que tem como base, todo aberto nesta
topologia pode ser escrito como união arbitrária de elementos de . Definamos:
Sejam
, arbitrários; cada
# * , onde * ; então:
# # #
* *
)(
Agora consideremos + e -
, então + # * e - # * , então:
+ - # * # * # 5* * 6 (
Se
+ - , existe pelo menos um par de ı́ndices tal que * * ; por 2 existe *
tal que:
* * * + -
- é aberto. O caso geral segue por indução.
logo, +
Definição 1.5. Os conjuntos *
tal que * são chamados vizinhanças do ponto .
Exemplo 1.5.
[1] Uma topologia é base de si própria.
[2] Para
2 0! , a base é ! .
[3] Para
2 , a base é
! & !.
[4] Logo, bases diferentes podem gerar a mesma topologia.
[5] (Fundamental) Seja e
tal que
, então:
/ !
gera a topologia usual ou euclidiana de .
# / .
De fato:
1.
2. Para todo
, .
3. Para todo
tal que + + - - , temos:
+ + - -
onde
+ - ! e
+ % - ! .
[6] Sejam , a base da topologia euclidiana e
/ ! . Suponha que é uma base.
(Veja os exercı́cios). Então estas bases geram topologias diferentes.
/ %
/
/ / /
/ /
Seja
; para todo
, existe tal que . Por outro lado,
dado , não existe tal que . Logo, as bases geram topologias
diferentes.
1.4. BASES 15
1.4.1 Sub-bases
Seja 5
6 um espaço topológico e uma famı́lia de subconjuntos de tal que
.
Proposição 1.1. Sejam um cojunto não vazio e uma famı́lia de elementos de tais que para todo
existe
tal que . Seja a coleção de interseções finitas de elementos de . Então, a famı́lia
formada por , e as uniões arbitrárias de elementos de é uma topologia para e é a menor topologia que
contém .
Prova :
%
Claramente e toda união de elementos de pertence a . Mostraremos que qualquer
interseção finita de elementos de está em , ou melhor, provaremos que se
, então
*
*
:
Se
ou * é vazio, está provada a proposição.
1. Suponha que
e* são não vazios. Então:
# * # *
onde
* . Logo:
#
# 5 * 6 ( #
*
*
Exemplo 1.6.
Definição 1.7. O par 5
6 é dito subespaço topológico de 5
6 . Os elementos de
são ditos aber-
tos relativos.
Em geral, os abertos relativos não são abertos no espaço total. Veja os exemplos.
Exemplo 1.7.
com a topologia relativa, então
!
[1] Seja com a topologia usual e consideremos
é aberto em pois
e não é aberto em .
[2] Seja com a topologia usual. e são subespacos topológicos tais que a topologia relativa
é a topologia discreta. De fato, se
então:
! 5
6 (
[3] Seja
! ! com a topologia gerada por:
! e ! (
A topologia
gerada por estes conjuntos é dita topologia estendida.
[4] Seja
com a topologia relativa; então
é a topologia euclidiana.
2.
é fechado se, e somente se
, onde é fechado.
3. Se
é fechado (aberto) em e é fechado (aberto) em , então
é fechado (aberto) em .
Prova :
1. Imediata.
1.5. TOPOLOGIA RELATIVA 17
2. Se
é fechado, então
, onde é aberto em ; logo
, onde é
aberto em ; por outro lado:
5 6 (
Reciprocamente, se
, onde é fechado, então:
logo,
é fechado em .
3. Como
e ambos são fechados em , então
é fechado em
Exemplo 1.8.
(
O conjunto de todos os pontos interiores a
é denotado por:
ou
.
2.
é um ponto exterior a
se é interior a
.
O conjunto de todos os pontos exteriores a
é denotado por:
(
4.
é um ponto de acumulação de
se para toda vizinhança de temos:
5 ! 6 (
O conjunto de todos os pontos de acumulação a é denotado por: .
5.
é um ponto da fronteira de se é aderente a e a .
O conjunto de todos os pontos da fronteira de é denotado por:
.
é um ponto isolado de se ! é vizinhança de
6.
8.
é dito denso em se:
(
Se
, então
, onde as uniões são disjuntas. e
.
e, por
definição, é um conjunto aberto.
se, e somente se existe uma vizinhança de tal que , isto é:
5 6 (
Logo, 5 6 5 6
e como
, onde as uniões são disjuntas, temos:
1.6. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 19
Exemplo 1.9.
& , ! ,
e
! ! .
[2] Sejam e e com a topologia usual; então:
e são discretos.
e . , pois nenhum intervalo aberto pode ser formado
apenas por racionais. , pois todo intervalo aberto contem racionais e irracionais. , isto
é, é denso em . De fato, suponha que , então existe . Como é aberto, existe
tal que:
/ (
tal que / ;
logo
Por outro lado, todo intervalo contém números racionais, logo existe
, o que é uma contradição. Por outro lado
.
2. Como é fechado, pelo ı́tem anterior
.
Teorema 1.3. Seja 5
6 e ; então é o menor conjunto fechado que contem , isto é:
1 e é fechado (
20 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Prova :
5 % 6
tal
; como é aberto, existe vizinhança deque tal ;
.
que que ; então
logo
; então
( ) é fechado e
! .
Exemplo 1.10.
e é aberto (
Prova :
( ) é aberto e
; então
.
( ) Seja
, então existe pelo menos um tal que , isto é .
2.
5 6 . Em particular, é aberto se, e somente se .
Prova :
. Se
1. Por definição ; por outro lado
, então . Reciprocamente, seja
!
5 6
está provado. Se
.
, então toda vizinhança de é tal que , isto é,
1.6. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 21
2. Se
, então
.
e os conjuntos abertos
são exatamente os complementares dos
conjuntos fechados tais que . Pelo teorema anterior:
#
e é aberto
#
e é fechado
1
e é fechado
5 6 (
Exemplo 1.11.
[2] Seja 5
2 0! 6 ; então:
Para todo
, temos que . Para todo não vazio, . Se tem
mais de um elemento, temos
tal que
e ! ! e .
2 6 ; então:
[3] Seja 5
Para todo
temos que:
, , e
6 ; então:
[4] Seja 5
Para todo
temos que
é infinito, . Para todo tal que é infinito,
e se é finito, . Para. Se aberto tal que é infinito, ; caso
contrário
. todo
. Então e .
[5] Considere 5
6 e
2 !0 6 ; para todo tal que , temos que .
[7] Seja 5
2 6 ; para todo temos que .
[8] Seja 5
1.
é denso em .
2. Se é fechado e
, então
.
Prova :
Se , então , logo .
Seja aberto básico não vazio tal que ; então , o que é uma contradição
pois é fechado.
Suponha que
; como
é aberto, então existe aberto básico não vazio tal
; como
, e ; logo não contém pontos de .
que
5 6 5 6 . Logo, .
Seja subespaço de e denotemos por
o conjunto como subconjunto de ; então:
1.
.
2.
.
3.
.
Exemplo 1.12.
Seja com a topologia usual e
& ! com a topologia relativa. Então:
; logo é aberto e fechado em . Logo,
; por outro lado,
(
; logo é fechado em . Logo, .
1.7 Topologia Métrica
1.7.1 Espaços Métricos
Uma importante classe de exemplos de espaços topológicos é a dos espaços métricos.
Seja
.
Definição 1.8. Uma métrica ou distância sobre
é uma função:
tal que, para todo
" , tem-se:
e se, e somente se .
1.
.
2.
3. Desigualdade triangular:
.
O par
% é chamado espaço métrico.
1.7. TOPOLOGIA MÉTRICA 23
Exemplo 1.13.
[1] % é um espaço métrico com a métrica:
se
se
(
é uma espaço métrico com , onde é o valor absoluto em .
é dita métrica discreta.
[3]
[3]
0 como espaço métrico. Em 0 podemos definir as seguintes métricas:
+ 0 2 2 -
243 +
- 0 2 2
23 +
! 2 2
+ 2 0
onde
+ - (/(/( 0 e + - (/(/( 0 0 . As provas que + e - são métricas são
imediatas. Por outro lado, a desigualdade triangular para segue de:
2 2 2 2 2 2 (
[4] Seja *
o conjunto de todas as funções limitadas
. Como a soma e a diferença
de funções limitadas é limitada, então:
$ "
* ,
" 7 " 7
é uma métrica em . A única propriedade não trivial é a desiguldade triangular. Seja
temos:
"
utilizando a desigualdade triangular em
, então:
. Para todo
" "
$ "
$
(
Considerando o supremo em ambos os lados na última desigualdade, temos que:
(
Pois, o lado direito da desiguldade não depende de
.
Definição 1.9. Sejam + + e - - espaços méricos.
+ - é uma isometria se é bijetiva e:
-
" " +
para todo
"
+.
24 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Exemplo 1.14.
[1] Seja com a distância usual e definida por " . A função é bijetiva, por
outro lado:
" " (
Logo, não é uma isometria.
[2] Sejam 0 + , 0 e
0 0 definida por
, então é uma isometria.
De fato, é claramente bijetiva, e:
+ +
0 2 2 2 2 -
243 +
0 2 2 -
243 +
+ (
Se mudamos para as outras métricas de
0 , é isometria?
1.7.2 Conjuntos Abertos e Fechados em Espaços Métricos
Seja um espaço métrico e
tal que
.
Definição 1.10. Uma bola aberta em
de centro e raio é denotada e definida por:
* "
!(
Definimos * . Se
, então * *
.
Exemplo 1.15.
[1] Seja
, com
; então:
*
Proposição 1.6. As bolas abertas num espaço métrico formam uma base para uma topologia no espaço métrico.
1.7. TOPOLOGIA MÉTRICA 25
# * .
Prova : 1. Claramente:
$
2. Seja
* * ; seja
% ! ; então
* * * (
De fato,
e se
* ; temos:
,
logo,
* . De forma análoga, *
.
A topologia gerada por esta base é chamada topologia métrica gerada pela distância , e será deno-
tada por .
Definição 1.11. O espaço topológico 5
6 é dito metrizável se
é uma topologia métrica.
Exemplo 1.16.
& ! (
Então,
se, e somente se . Logo,
! (
se, e somente se existe * tal que * se, e somente se existe
Prova : Se
tal que se, e somente se existe
.
1. Se
, então .
.
2.
3.
$
.
26 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
O par
é chamado espaço vetorial normado.
Exemplo 1.17.
[1] 0 2 é um espaço vetorial normado com as seguintes normas:
+ 2 3 0 2-
+
0
- 243 2
+
! 2
+ 2 0
onde
+ - (/(/( 0 0 .
[2] *
é um espaço vetorial, sendo:
$ "
uma norma em * .
Seja um espaço vetorial normado. Definindo:
temos que
é um espaço métrico.
é chamada métrica proveniente da norma
.
tal que, para todo
e , tem-se:
1. Se
, então
.
2.
.
3.
.
4.
$
.
Seja
um espaço vetorial com produto interno. Definindo:
temos que
é um espaço vetorial normado. é chamada norma proveniente do pro-
duto interno . Nem toda norma num espaço vetorial provém de um produto interno.
1.8. TOPOLOGIA DE ZARISKI 27
2 0 2 ! (
Exemplo 1.18.
" - ' - , então
+ .
. Sejam
2 e . Denotemos 2 2 + - / (/(/( 0 tal
Se
Note que e
. Afirmamos que
2
&
2 ' . De fato, se 2 para todo e
, então:
que e
2 5 2 6 2
para todo
e
; logo 2 para todo ou para todo
.
Denotemos por
2
5
2 6 e
2 ! . A famı́lia forma uma base para uma
topologia em .
0
Definição 1.14. A topologia que gera em
0 é chamada de Zariski.
Os
2
são os fechados na topologia de Zariski. Em , a topologia de Zariski é a topologia cofinita.
+ - (/(/( 0 !
De fato, todo subconjunto finito em é conjunto solução para algum polinômio de uma variável real.
Por exemplo, se
, então:
" + - (/(/(' 0
é um polinômio que tem como conjunto solução
. Por outro lado o conjunto de soluções de um
polinômio de uma variável de grau
possui no máximo
elementos.
Se
" -
a topologia de Zariski não é a cofinita.
Por exemplo, a reta
é solução do polinômio
que não é um conjunto finito em .
fechados os
%
2. Definimos sobre
.
a topologia de Zariski, como a topologia que tem como conjuntos
3. Se denotamos por % %
os abertos da topologia de Zariski, é possı́vel provar
que se é um ideal principal, a base para a topologia de Zariski é:
% é um ideal principal
!(
1.9. EXERCÍCIOS 29
1.9 Exercı́cios
1. Quantas topologias podem ser definidas no conjunto
' ' ! ?
2. Verifique que junto à famı́lia:
0 % 7 0
!
onde:
0 (/(/(
!
é uma topologia em .
!
! (
5
6 é um espaço topológico?
6. Ache exemplo de um espaço topológico em que os conjuntos abertos são também conjuntos
fechados. Não considere a topologia discreta ou a indiscreta.
7. Sejam
)+ e
- duas topologias sobre o conjunto não vazio . Considere:
(a)
+&
- a famı́lia formada por abertos comuns a ambas as topologias.
(b)
+
- a famı́lia formada pela reunião dos abertos a ambas as topologias.
8. Seja
e
% .
tal que . Verifique que:
/ !
gera a topologia chamada do limite inferior em e é denotada por
.
20
9. Seja
e
% .
tal que . Então:
/ !
gera a topologia usual de ?
12. Seja
!. Verifique que não existe nenhuma topologia em que tenha como
base:
! ! !!(
13. Seja
' ! com a seguinte topologia:
% ! ! % ! '% ! ! (
Verifique que:
! ! ' ! !
é uma base para .
14. Verifique que
! é uma base para a topologia discreta em .
, se e somente se é aberto.
% ! (
!
Verifique que
é uma topologia e que é denso em .
17. Verifique se são métricas:
(c)
,
.
"
+
-
" -
Verifique que + e - são métricas em
5 6 .
1.9. EXERCÍCIOS 31
22. Seja
um espaço métrico:
(a) Seja e:
*
" ! (
Verifique que *
é um conjunto fechado.
(b) Seja finito. Verifique que é fechado.
24. Seja
um espaço métrico. Defina:
+ (
(a) Verifique + é uma métrica.
(b) Verifique que + e geram a mesma topologia.
+
25. Se é uma isometria, então é uma isometria?
26. Sejam 5
+ 6 e 5 - 6 espaços métricos. Definamos em :
+ + - - + + - - + -
"
onde + + - -
. Verifique que:
27.
é uma métrica em
. Esta métrica é dita métrica produto.
+
28. Se * é uma bola aberta em
e * - é uma bola aberta em
, então:
* + * - !
0 ! ,
(a)
3 .
(b)
0
+ 0
! ! .
32 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Definamos em e em , respectivamente:
0 +
3
0 $ + 0 ! (
0
Verifique que 5 6 e 5 6 são espaços vetoriais normados.
30. Sejam 5
+ 6 e 5 - 6 espaços vetoriais normados. Definamos em :
+ -
onde
. Verifique que é uma norma em . Esta norma é dita norma
produto.
5 0 6 $ uma seqüência em e considere e como no exercı́cio [29]:
31. Sejam 0
32. Verifique que 5
6 e 5 6 são espaços vetoriais com produto interno.
33. Sejam + e - espaços vetoriais com produtos internos
+ e
- , respectivamente. Defi-
namos em + - :
+ + - -
+ -
+
+ -
-
+ 5 6
+(
5
-6
é contı́nua se a imagem inversa dos abertos de são abertos em .
Uma função contı́nua não leva, necessariamente, abertos em abertos. Por exemplo se é tal que
- não é a topologia discreta, ou se tem mais de dois elementos e não é a topologia indiscreta.
-
Exemplo 2.1.
[1] Toda função constante é contı́nua. De fato, seja tal que " para todo
e
aberto, então:
+ 5 6
se
se
(
5
+ 6 5
- 6
é contı́nua se, e somente se
-
+ . De fato, considere 5
6 e
5
2 0
6 , então:
/
+ 5
6
(
[3] Sejam 5
6 e 5
2 0 6 . Toda função
33
34 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
é contı́nua.
[4] Sejam 5
2 6 e 5
6 . Toda função
é contı́nua.
Seja
. A topologia relativa
pode ser caracterizada como a menor topologia sobre tal que
a função inclusão:
é contı́nua. De fato, se
, a continuidade de implica em que
+ 5 6 deve ser aberto
em ; logo qualquer topologia onde for contı́nua deve conter
.
Proposição 2.1. Sejam 5
+ 6 , 5
- 6 e 5 )
6 espaços topológicos.
1. Se
e
são contı́nuas, então:
é contı́nua.
2. Se
é contı́nua e
é subespaço topológico, então:
é contı́nua.
3. Se
é contı́nua e 5 6 é subespaço topológico, então:
5 6
é contı́nua.
Prova :
3.
+ 5 5 6 6 + 5 6 + 5 5 6 6 + 5 6.
1. é contı́nua.
3. A imagem inversa por de qualquer elemento da base (subbase) de é aberto em (não necessariamente
um aberto básico ou subbásico de ).
4. Para todo
e para toda vizinhança de " em , existe vizinhança de em tal que:
5 6 (
5. 5 6 5 6 , para todo .
6. + 5 * 6
+ 5 * 6 , para todo * .
Prova :
; como é contı́nua,
*
- pode
+ 5* 6 é aberto em .A
prova da recı́proca segue de que todo aberto ser escrito como:
# *
%$'&
e que:
+ 5 % # $'& * 6 % # $ & + 5 * 6 (
Como
contı́nua e é aberto (é vizinhança de " ), consideramos o conjunto + 5 6
que é vizinhança de e:
5 6 (
; provaremos que " 5 6 . Denotemos por a vizinhança de
que 5 6 . Se , então ; logo:
Seja e tal
, onde é vizinhança de "
5 6 5 6 5 6 5 6
" 7 5 6 .
então
Seja + 5 * 6 ; então:
5 6 5 6 5 + 5* 6 6 * 5 6 * (
Logo,
+ 5* 6
Seja fechado, então:
+ 5 6 + 5 6 + 5 6 (
Logo, + 5 6 + 5 6 e + 5 6 é fechado.
se o item [4] do teorema anterior vale para .
Pelo teorema, basta utilizar os abertos básicos da topologia para estudar a continuidade de uma
função. A função é dita contı́nua no ponto
36 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Exemplo 2.2.
definida por:
" se
se
*
é contı́nua.
"
se
se (
Logo, é contı́nua.
2.2. CONTINUIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 37
A condição que ambos os conjuntos sejam abertos não pode ser ignorada. Por exemplo, consideremos
! !
a função caracterı́stica de , não é contı́nua. De fato, considere ; então
.
não é aberto e todos
.
são abertos, Logo, na proposição ambos os
conjuntos devem ser abertos.
, existe !
tal que + implica em que
-
" "
é contı́nua em
. Isto é:, se para todo
5 * + 6 * -
" (
% um espaço métrico, com a topologia usual, e . A função
" é contı́nua. Veja a proposição 1.7.
Proposição 2.3. Sejam
definida por
Prova : Sejam
; então, para cada temos
, logo:
!
! (
"'
. Analogamente, mudando por e vice-versa, obtemos:
Então
(
Sejam 5
" + 6 e 5 - 6 espaços vetoriais normados de dimensão finita. Toda aplicação linear
é contı́nua.
Sejam 5
+ 6 e 5 - 6 espaços métricos; então:
38 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
+
% ;
, existe %
-
" "
é uniformemente contı́nua, se para todo e tal que
implica em
.
Uniformemente contı́nua implica contı́nua. A reciproca é falsa, basta considerar
definida por " é contı́nua e não uniformemente contı́nua. A função "
" + 6 e 5 - 6 espaços vetoriais normados de dimensão finita. Toda aplicação linear
é uniformemente contı́nua.
Sejam 5
é uniformemente contı́nua.
é uma subbase para uma topologia
sobre
que torna contı́nua.
Definição 2.2.
é dita topologia inicial para .
+ + 5 6 "
- +5 6
+ + 5 6 - + 5 6 (
Note que:
+ + 5 6 - + 5 6
+
-!
+
-!
e
são a subbase e a base que geram uma topologia sobre , que torna as projeções contı́nuas. Esta
topologia é dita topologia produto.
.
Esta é a menor topologia com esta propriedade. Isto é, é aberto se para todo existe
, aberto em e aberto em tal que
2.3. TOPOLOGIA INICIAL 39
XxV V UxV
UxY
Observação 2.1.
Todos os argumentos desta seção são válidos para uma quantidade finita de espaços topológicos.
Exemplo 2.5.
0 (/(/(
[1]
0
tem a topologia produto induzida pela topologia de . Se consideramos em
a topologia usual, então a topologia em também é a topologia euclidiana ou usual.
0 0 + é um conjunto fechado. De fato, seja 0 com topologia usual e consideremos a função
0 + definida por:
[2]
+ 2 as respectivas projeções. Como 2
- 2 , se
Prova : Sejam
é contı́nua, então
2
).
e
são contı́nuas (
+ -
+ - . Se + e - são contı́nuas, então + - é contı́nua.
por
+ -
Prova : Sejam +
e -
as respectivas projeções. Como:
+ +
- -
5 6 " (
, é
contı́nua. tal que
5
" (
Observação 2.2.
A prova de que
e são contı́nuas segue do fato de serem ambas contrações. Veja [EL2].
2.4. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 41
é aberta (fechada) se para todo aberto (fechado) em , temos que 5 6 é aberto (fechado) em .
Observamos que se for aberta, não necessariamente é contı́nua. Veja os seguintes exemplos.
Exemplo 2.6.
[1] A função identidade:
5
+ 6 5
- 6
é aberta (fechada) se, e somente se
+
- , mas não é contı́nua quando
+
- .
[2] As projeções de um espaço produto são abertas.
2 - , (
[3] As projeções não são fechadas. Por exemplo, seja
) e o conjunto: com a topologia usual e considere as projeções
- & ! (
1. é aberta.
4. Para todo
e toda vizinhança de , existe tal que:
2.5 Exercı́cios
1. Sejam
! e ! com as seguintes topologias:
(a)
+
% ! ! ! ! e
- % ! ! , respectivamente. Ache todas as funçõ-
es contı́nuas entre e .
(b)
)+
% ! ! ! ! e
- % ! ! , respectivamente. Ache todas as funçõ-
es contı́nuas entre e .
2. Seja
,
!
com a topologia induzida pela topologia usual de . A função:
5
6
0
é contı́nua?
-
(a) "
se
se
-
(b) "
se
se
são contı́nuas?
(a) é fechada.
+ , então
(b) Se + ,! +
- . !
(c) Se é fechado, então é fechado em .
7. Toda função
5
6 5
6 é fechada? Justifique sua resposta.
8. Toda função
5
6 5
6 é aberta e fechada? Justifique sua resposta.
Homeomeorfismos
3.1 Introdução
Um dos problemas centrais em Topologia é poder decidir se dois espaços são diferentes ou não.
Por exemplo, não é trivial dizer sob o ponto de vista da Topologia que uma esfera, se uma esfera é
diferente de um toro ou se é diferente de
0
, se
. Neste capı́tulo começaremos com os
primeiros conceitos que nos permitirão responder a algumas destas questões.
Sejam e espaços topológicos.
Definição 3.1.
é um homeomorfismo se é bijetiva, contı́nua e + é contı́nua.
Se e são homeomorfos utilizamos a seguinte notação:
(
A composta de homeomorfismos é um homeomorfismo. Ser homeomorfo é uma relação de equi-
valência na famı́lia dos espaços topológicos.
Veremos nos próximos parágrafos que os espaços topológicos homeomorfos possuem as mesmas
propriedades topológicas. Isto é, se consideramos as classes de equivalência, teremos que espaços
homeomorfos são essencialmente iguais em topologia.
Uma função bijetiva e contı́nua não é necessariamente um homeomorfismo. Veja o seguinte exemplo.
+ - e
Exemplo 3.1.
Sejam com as respectivas topologias induzidas pelas topologias usuais. Defi-
namos:
+
(
+ +
é descontı́nua em
. De fato: Seja ; para cada
, seja
0
e
0 " 0 , logo 0
, pois o arco
tn p
zn
Figura 3.1:
Então + 0 0 e + 0 + 0
, para todo
. Logo, é uma
bijeção contı́nua que não é um homeomorfismo.
A seguir apresentaremos os primeiros exemplos de homeomorfismos. Alguns detalhes serão deixa-
dos para o leitor.
Exemplo 3.2.
[1] Seja com a topologia usual. Então, todo intervalo aberto / , com a topologia induzida pela
topologia usual de , é homeomorfo a . De fato:
Seja /
definida por:
" 7
é bijetiva, contı́nua e sua inversa:
/
+
/
também é contı́nua. Logo, . Definamos por:
"
0 +
" + - (/(/( 0 + . Então, é contı́nua e
+ - (/(/( 0 +
+ 0 + por + + - (/(/( 0 + + - (/(/( 0 + . Então, +
Definamos por
bijetiva. Definamos
é contı́nua. Logo:
0 + (
[3] Seja 5 6
um espaço vetorial normado; então:
As translações :
, são homeomorfismos.
As homotetias:
! , são homeomorfismos.
* (
De fato:
são bijetivas, contı́nuas e as inversas + , que são contı́nuas.
são bijetivas, contı́nuas e as inversas
+ , que são contı́nuas.
Definimos o homeomorfismo
por:
5
6 (
Note que
e é um homeomorfismo tal que 5 *
6 * , . Então:
* *
para todo
e
. Agora definamos * por:
"
que é contı́nua e bijetiva com inversa contı́nua:
+ .
logo, é um homeomorfismo.
48 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
-0 0
- 0 0
[3] Sejam e ambos com a topologia usual. Então:
para todo
.
Se
, onde
,
. Por outro lado,
0 ) (/(/( (
-vezes) e - 0 )(/(/(
(
-vezes). Definamos:
(/(/ ( (/ (/(
+ - /( (/( 0 + + - - (/(/( 0 0 (
0 - 0 (
é, claramente, um homeomorfismo. Logo:
5 + 6 + "
é aberto em .
Segue do parágrafo anterior.
" " ; como é fechada, " " .
Como é contı́nua,
Corolário 3.1. Seja
. O gráfico de é definido por:
" & ! (
Considere
com a topologia induzida pela topologia produto. Então é contı́nua se, e somente se
.
Prova : De fato, definamos
por " que é contı́nua; então
é bijetiva e contı́nua. Por outro lado, se
" & é aberto:
! 5 6
que um aberto relativo. Reciprocamente,
- .
claramente e
+ são bijetivas e contı́nuas; logo é um homeomorfismo.
+ e o quadrado ! ! ! em - com a topologia induzida pela
[2] Sejam
-
+ (
topologia usual de ; então:
u v
a b
z w
d c
"
5 6 e +
5 6
50 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
onde
!
! e
-$
- ; claramente e + são bijetivas e contı́nuas; logo é um
homeomorfismo.
De forma análoga, temos que:
-
onde
-
e
% !
! ! é o cubo unitário.
[3] Consideremos
0 0 + e o conjunto
+ /( (/( 0 + 7 0 + -+ -+ (/(/( 0- + 0- + ! 0 +
2
! , ambos com topologia induzida pela topologia usual de 0 + . Então, 0
onde .
E
n
S
0
Então,
0 e são topologicamente ”iguais”.
+ 5 6 (
+ 5 - - 6 (
+ é bem definida e contı́nua. Logo:
+ (
52 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Figura 3.7: e
+
0 0 + com a topologia induzida pela topologia usual de 0 + . Consideremos 0 +
0 0 se, e somente se - . Denotemos por:
[5] Seja
; então
0 ) 0 ! e 0 0 ! (
Os conjuntos
0 e 0 são ditos hemisférios de 0 . Note que
0 0 0 e 0 0 (
0
0 + como o equador de 0 .
Figura 3.8:
0 + como equador de
0
Consideremos a projeção:
0 0
(
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 53
0 , , logo ; então
Se
Figura 3.9:
0 , * e 0
0 0 + 0 +
e
(/(/(
[6] Projeção Estereográfica : Seja
, então:
com a topologia induzida pela topologia usual de
0 ! 0 (
0 ! 0 definida da seguinte forma, dado 0 ! ; considere a semi-
0 + , onde é a interseção de com o semi-plano definido por 0 + ,
De fato. Seja
reta
homeomorfo a
; então
:
0
0 +
logo,
0 + e
0 + ; então:
0 + + - (/(/( 0 (
54 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Φ ( z)
Φ ( x)
Figura 3.10: Definição de
é bijetiva e contı́nua e:
+ 5 + - (/(/( 0 - - - 6
+ - e
+ é contı́nua.
Da Álgebra Linear sabemos que o conjunto formado pelas matrizes de ordem
, tendo como
entradas elementos de ou , é um -espaço vetorial. Fixemos ; o caso complexo é
análogo. Denotemos este espaço vetorial por:
0 5 6 (
Seja
2 " 0 5 6 . Definamos:
0 5 6 0
+ + + - (/(/( + 0 (/(/( + (/(/( 0 (
é claramente um isomorfismo de espaços vetoriais. Via o isomorfismo , o espaço
0 5 6
toda a estrutura linear e topológica de
0 herda
. Utilizaremos a métrica usual de para introduzir 0
uma topologia em
0 5 6.
De fato, dada
2 ' " 0 5 6 , definamos:
0 + -
+
2 -
(
2 3 +
+ é uma norma em 0 5 6 que o torna um espaço vetorial normado. Logo, um espaço to-
é a matriz transposta de . É imediato que é bijetiva,
pológico. Note que + , onde
0 5 6 0 (
contı́nua com inversa contı́nua. Logo:
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 55
Denotemos por
0 5 6 0 0 5 6 ; então:
0 5 6 0 (
1. Se
, + + + + .
2. Se
, seja 2 e:
0 2
42 3 + 2 + 2 +
+
onde
e 2 é a matriz
, que se obtem omitindo a -ésima linha e a
-ésima coluna de .
A função é multilinear, logo contı́nua.
Seja
o conjunto das matrizes invertı́veis de ordem
.
é aberto em
0 5 6 . De fato:
+
! (
onde é matriz identidade. Logo,
.
é um grupo, chamado ortogonal.
definido por:
Denotemos por
(
!
é isomorfo a
. De fato:
7
!
(
é um isomorfismo de grupos.
56 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Seja
! . De forma análoga ao caso real, definimos:
, denotemos por
+ 5 6
"
!
+ ! (
De forma análoga, os grupos
,
e
são ditos, linear complexo, unitário e especial
unitário, respectivamente.
+ . De fato:
é isomorfo a
+
(
é um isomorfismo de grupos.
Proposição 3.1. Se
é um homeomorfismo local, então é aberta.
Prova : Seja
aberto; para cada
existe vizinhança de tal que:
onde "
. Seja . Pela observação anterior " é aberto em . Como:
#
$#
" 5 $ 6 # $ "
que é aberto em . Logo, é aberta.
Homeomorfismo implica homeomorfismo local. A recı́proca é falsa.
Exemplo 3.3.
- + 2
é um homeomorfismo local.
3.3. HOMEOMORFISMOS LOCAIS 57
+ +
! , -
+ ! +
1. Consideremos os seguintes subconjuntos do cı́rculo:
, &
e
& ! ) + ! .
S1
S4
S3
S2
Figura 3.11:
+
, -
,
e
,
2. Consideremos os seguintes sub-intervalos:
.
3. Definamos:
+ + por + .
+ + +
-
4. A função é um homeomorfismo. De fato, possui a seguinte inversa contı́nua
2
.
5. Denotemos por . Consideremos:
+
+ (
+
Como
- 2
, então 5 + + 6 . Logo, pelas propiedades básicas
de Trigonometria + + é um homeomorfismo:
1 1.5
-1
5 - - 6 - - é um homeomorfismo e - - + 5 - - 6 é um
+
9. De forma análoga, -
homeomorfismo.
58 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Exemplo 3.4.
- +
-
2
e:
- + +
- 2 - 2
são homeomorfismos locais.
3.4 Exercı́cios
1. Sejam ! e ! . Verifique que para todo
e para todo
, temos:
! e !
(
Em particular,
0 0
! 0 + .
2. Verifique que 5
6 não é homeomorfo a 5
6 .
3. Sejam 5
5
6 + 6 e 5 5 -
6 espaços métricos. Dizemos que as métricas + e - são equivalentes se
6 é um homeomorfismo.
(a) Verifique que se
0 , então + , - e definidas anteriormente são equivalentes.
(b) Seja
- , + , - e . Utilizando as bolas, de uma explicação geométrica da equi-
valência destas métricas.
6. e com a topologia induzida pela topologia usual de , são homeomorfos?
7. Considerando
- com a topologia usual, verifique se os seguintes subespaços são homeomor-
fos:
e !
(a)
(b)
- & e ) - ! .
(c)
- & - ! e - - ! .
(d)
- & ! e - - ! .
8. Seja 5
+ 6 um espaço topológico e denotemos por:
é homeomorfismo! (
Verifique que:
9.
é abeliano? Caso a resposta seja negativa, quando é abeliano?
60 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Capı́tulo 4
Topologia Quociente
4.1 Introdução
A Topologia quociente é a fonte dos mais importantes exemplos de espaços topológicos, que cons-
tituirão a parte central desta notas. Neste capı́tulo introduziremos os exemplos clássicos na Ma-
temática, como a faixa de Möebius, os espaços projetivos reais e complexos e a garrafa de Klein.
Sejam 5
6 , um conjunto não vazio e sobrejetiva. Definamos em a seguinte
topologia:
+ 7
! (
Claramente,
é uma topologia sobre .
Definição 4.1.
é dita topologia quociente em induzida por .
Exemplo 4.1.
[1] Seja
constante. Determine
.
. Seja
e suponha que "
+ e se , então + . Isto é, qualquer subconjunto de
Considere para todo
. Se , então
é aberto, logo
é a
topologia discreta sobre .
[2] Seja
' '! e com a topologia usual; definamos por:
se
"
(
se
se
Prova : De fato, sendo outra topologia em
+ é aberto
em , então
.
e se para todo temos que
61
62 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
5
6 5
6
, e
sobrejetiva. A função sobrejetiva que induz a
.
Definição 4.2. Sejam
topologia quociente é chamada uma identificação se
Se é uma identificação, é aberto em se, e somente se
+ é aberto em .
Se é uma identificação, para todo temos que 5 + 6
, mas se , em geral
+ 5 " 6 . Nem toda função bijetiva e contı́nua é uma identificação. Por exemplo:
5
+ 6 5
- 6
Faixa de Möebius
Considere o cilindro
- - !
& com a topologia induzida por
. Definamos
o conjunto dos pares não ordenados:
' '! ! (
De forma natural, temos a seguinte função sobrejetiva:
tal que
! . O par 5
6
é dito faixa de Möebius.
Proposição 4.2.
2. Sejam e espaços topológicos, uma função contı́nua. Se existe uma função
tal que
, então é uma identificação.
Prova :
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 63
1. Seja uma topologia em ; como é contı́nua, então
5
+ 6
. Como é aberta, para todo
, é aberto em ; logo
.
2. Como
+
+
+ 5 + 6 éé sobrejetiva.
então
aberto em ; logo
Seja tal que
é uma identificação.
seja aberto; então
Exemplo 4.3.
[1] A função:
+ -
- + 2
- + -
- -
2 2
é uma identificação.
uma identificação. Então,
Teorema 4.1. (Propriedade Universal da Topologia Quociente) Sejam , espaços topológicos e
é contı́nua se, e somente se
é contı́nua.
//
}
}}
}}}
}
~~
5 6 + + +
Prova : Se é contı́nua e contı́nua, então é contı́nua. Reciprocamente, seja aberto;
então
quociente,
é aberto em . Como
5 6 +5 + 6
é aberto em ; logo é contı́nua.
, pela definição da topologia
Sejam uma relação de equivalência sobre e
o conjunto das classes de equivalência em .
Definamos:
onde é a classe de equivalência que contém ; é dita projeção canônica e é naturalmente sobre-
jetiva.
A projeção canônica:
é naturalmente uma identifição. Note que
5 6 é aberto
+ 5 6 !
é aberto em .
A seguir apresentaremos vários exemplos de homeomorfismos, a maioria bastante intuitivos. Nos
próximos parágrafos, teremos ferramentas suficientes para provar estes homeomorfismos. Por en-
quanto, ficaremos apenas com a parte geométrica.
!
! ou (
Se
; então ! . Se ; então
! . Se , então
! ; logo .
1 1
[0]=[1]
0
0
Nos seguintes exemplos, as setas indicam o sentido dos pontos que estão na mesma classe de
equivalência.
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 65
+ +
+ + + !
!
ou e
+
para todo
+ + -
, então ! e . Em particular,
- 5 - 6 é uma identificação. Note que é bijetiva salvo para
Observe que se
e
e e . Então
5 - 6 + (
para todo
+ + -
, então ! e . Em particular,
Observe que se
e
- 5 - 6 é uma identificação. Note que é bijetiva salvo para
e e . Então,
5 - 6
onde
é a faixa de Möebius.
66 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
(0,b)
(0,1-a)
(0,a)
(0,1-b)
Nos próximos capı́tulos, verificaremos que a faixa de Möebius é homeomorfo a uma superfı́cie para-
metrizada em :
para todo
+ + -
, então ! , e . Em particular,
Se
. Então,
- 5 - 6 é uma identificação. Note que é bijetiva salvo
para
, , e e
5 - 6 - (
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 67
Seja
- -
com a topologia induzida pela topologia usual de
- . Consideremos em - a relação de
equivalência:
para todo
+ + -
, então ! e e se , então
Observe que se
. Em particular,
. Então, - 5 - 6 é uma
5 - 6 + + (
Nos próximos capı́tulos, verificaremos que o toro é homeomorfa a uma superfı́cie parametrizada em
:
Seja
- - com a topologia induzida pela topologia usual de
- . Consideremos em - a seguinte
relação de equivalência:
+ +
Sejam 5
6
e
com a topologia induzida pela topologia usual de . O cone sobre é
denotado por , onde:
(
onde
! !
A classe de equivalência é dita vértice de . Intuitivamente é obtido de
identificamos a um ponto. O subsepaço & é naturalmente homeomorfo
a .
70 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
I Xx I CX
Seja
contı́nua. Então tal que " "
é contı́nua. De fato,
basta considerar o diagrama comutativo:
onde
" .
Seja
denotada por
, onde:
com a topologia induzida pela topologia usual de . A suspensão de é
ou (
é naturalmente homeomorfo a
.
a um ponto. O
XxJ SX
-1
Seja 0
0 + contı́nua. Então tal que
" "
é contı́nua.
Seja ; então:
0 * e
0 0 + (
4.3. TEOREMAS 71
4.3 Teoremas
Definição 4.4. Sejam
, e relações de equivalência em e
preserva as relações de equivalência se para todos tais que + - + - " + " -
respectivamente. Dizemos que
, então .
6 5
5 6
isto é + .
2. Pela definição,
+ -
.
, como + + 6 5 - 6 .
3. Suponha que existe tal que o diagrama comuta. Existe pelo menos um tal que
é sobrejetiva, existe pelo menos um tal que
5
" " +
então, existe
5 6 contı́nua e bijetiva.
Prova : Consideremos:
FF
FF
FF
FF
5 6
FF
##
//
+ ; logo + .
Então é bijetiva.
O seguinte corolário é muito útil para reconhecer espaços quocentes homeomorfos a espaços já co-
nhecidos.
72 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Corolário 4.1. Com as hipotéses do teorema 4.2, são equivalentes as seguintes afirmações:
1. é uma identifição.
2. é um homeomorfismo.
Pelo teorema [4.2], basta provar que
temos que
Prova :
+ + .
é aberta. De fato, observe que para todo
é aberto + é aberto em
+ 5 6 é aberto em é aberto
5 6 5 6(
Prova : Seja
5 6 5
6
Sejam
e
. Consideremos com a topologia usual e com a topologia induzida.
Definamos:
+ -
existe
tal que + 0 -
tal que +
% - (
+ - existe
Seja
tal que "
; é homeomorfismo. Por outro lado:
+ - existe
tal que + 0 -
Então,
+
0 -
0
-
-
logo " + " - . Pelo teorema:
5 6 5 6 + (
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 73
1.
, para todo
e
a identidade de
.
2.
+ 5 -
6 5 + -6
, para todo
e
+- .
Exemplo 4.5.
onde
é o antipodal de . Então,
0 é um - -conjunto.
74 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
[4] Sejam
e 5 6 . Definamos:
(
Então,
é um -conjunto.
[5] Sejam
- e 5 - 6 . Definamos:
- )-
-
(
Então,
- é um - -conjunto.
[6] Sejam
- % ! e 5 6 . Definamos:
) 0
(
Então, é um -conjunto.
+ - 2 ; então + tem uma estrutura de grupo multiplicativo induzida por .
[7] Seja
- + , então - 2 - 2 - 2 . Consideremos - 0 + como subconjunto de
2
0 + :
De fato, se
- 0 + + - (/(/( 0 + 0 + + - - - (/(/( 0 + - ! (
Definimos:
+ - 0 + - 0 +
onde:
- 2 + - (/(/( 0 + - 2 + - 2 - (/(/( - 2 0 + (
Logo,
- 0 + é um + -conjunto.
[8] Seja
0 + 0 e
o grupo ortogonal. Definamos:
0 + 0 +
)
(
; logo está bem definida e 0 +
-conjunto.
é um
Então
+ .
1. O estabilizador de
por:
!(
é um subgrupo de
.
2. A órbita de
por:
"
!(
Exemplo 4.6.
Consideremos
como um
+ -conjunto, com a ação:
+
2 2 2
- + -
+ - - + - - (
Seja + -
; então o estabilizador do ponto + - é:
+ - 2 ! (
4.4.1 -espaços
Se é um
-conjunto, podemos definir sobre a seguinte relação de equivalência:
existe
tal que
isto é:
(
Denotemos por
o conjunto das classes de equivalência desta relação. Se é um
-
conjunto, temos a projeção canônica, que é sobrejetiva:
(
Logo, se é um
-conjunto que é espaço topológico, podemos dar a a topologia quociente.
76 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Seja
- 0 + 0 + +
e ; então
+
tem a estrutura de grupo multiplicativo induzida por .
Definimos e denotamos o
-espaço projetivo complexo, por:
0 - 0 + +
Exemplo 4.7.
todo
Definição 4.7. Seja
. um espaço topológico que é um -conjunto. é dito -espaço se é contı́nua, para
Exemplo 4.8.
[1]
0 - é um - -espaço.
[2] é um -espaço.
- - -
[3] é um -espaço.
[4].
0 é um + -espaço.
[5] Seja
o grupo gerado pelos homeomorfismos
- - definidos por:
e
respectivamente; então
- é um
-espaço. Note que
não é isomorfo a .
Se é um
-espaço, a função
é um homeomorfismo, para todo
. Se é um
-espaço, então
existe um homomorfismo de grupos:
(
Proposição 4.4. Se é um
-espaço a projeção canônica:
é aberta.
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 77
+5 6
Prova : Seja
aberto. Devemos provar que
é aberto em , o que é equivalente a provar
que é aberto em . De fato:
+ 5 6
) # !
#
$
que é aberto, pois
é um homeomorfismo.
homeomorfismo
homeomorfismo
sobrejetiva e contı́nua
sobrejetiva e contı́nua (
Sejam um
-espaço e um -espaço. Então é um
-espaço.
e
6 5 6 5
(
6 6 5 6 5 6 (
Proposição 4.5. Com as notações anteriores:
5'5 6 5
, isto é, + - :
Prova :
Definamos
mm
//
mmm
mmm
m
m
vvmmm
78 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
5 6 5 6
+5 6 + +
é naturalmente bem definida e bijetiva. é contı́nua. Sejam aberto;
'5 5 6 5 6 6
66
devemos provar que é aberto em , isto é, pela definição de topologia
+ + 5 5
+ +
+
quociente, devemos provar que
; logo:
é aberto em . , então
+ 5 + 5 '6 6 + +
que é aberto, pela definição da topologia quociente.
Exemplo 4.9.
Sejam
- e - . Definamos:
- )-
-
(
Então,
- é um - -espaço, e:
- - + + - (
Observação 4.1.
+ (
Seja +
definida por " - 2 . Sabemos que
é um homeomorfismo local.
Veja o exemplo [3.3] .
Observemos que se consideramos como grupo aditivo e
+ como grupo multiplicativo (multipli-
cação induzida por ). Então:
- 2 - 2 - 2 " "
"
//
==
+
{
{{{
{{
{{
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 79
Seja
+ 5 6
onde
ou !
! .
+ tal que é definida por " - 2 . Analogamante ao exemplo anterior, é uma
Seja
identificação; pelo corolário [4.1], temos:
//
==
+
{
{{
{
{{
{{
Logo é um homeomorfismo:
+
5 6(
Então:
+
5 6(
4.4.3 O Toro como -espaço
De forma análoga, consideramos:
- + 2 -+ 2
Temos que:
- - + + (
Seja
- é o toro de revolução em
, parametrizado por:
onde
e - .
Consideramos
- - definido por " . Não é difı́cil ver que
80 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
+ + + + ou e (
O homeomorfismo:
5 - 6 -
fica para os próximos capı́tulos.
4.5. EXERCÍCIOS 81
4.5 Exercı́cios
5 ! 6
5
! 6 com a topologia -
e . Considere 5
1. Seja induzida pela usual de e
relação de equivalência definida por 6
com a topologia quociente, verifique que:
5 6 +
+ com a topologia induzida pela usual de
-.
5
6
2. Seja , onde é a topologia definida por:
se, e somente se . Seja a relação
5
6
de equivalência definida por . Verifique que com a topologia quociente é
homeomorfo a
com a topologia induzida por .
3. Seja
0 com a topologia de Zariski e relação de equivalência definida por
+ -
(/(/( 0 + - (/(/( 0 2 2
para todo
(/(/(
. Verifique que 5 0 6 com a topologia quociente é homeomorfo a
0 + com a topologia de Zariski.
4. Verifique que
+ + .
5. Verifique que
+ - .
6. Prove que se
é finito, então
é fechada.
7.
Ache exemplos de -espaços, onde seja finito.
8. Para todo
, # ou são disjuntas.
#
9.
$ , (união disjunta).
10. Seja
o grupo gerado pelos homeomorfismos
- - definidos por:
e
respectivamente, Verifique que
- é homeomorfo à garrafa de Klein.
82 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Capı́tulo 5
Compacidade
Do Cálculo sabemos que funções contı́nuas definidas sobre conjuntos limitados e fechados possuem
um ponto de máximo e um de mı́nimo absoluto (Teorema de Weierstrass) e da Análise conhecemos
o teorema de Heine-Borel sobre intervalos encaixados. As formulações de compacidade em espaços
topológicos envolve muito mais do que o conceito de fechado e limitado, os quais não são equiva-
lentes. A importância principal da compacidade é que ela nos permite obter propriedades globais
a partir de propriedades locais. Existem várias formas de introduzir o conceito de compacidade em
espaços topológicos. Nós escolhemos a seguinte.
5.1 Introdução
Seja um espaço topológico e
.
Definição 5.1.
1. Uma cobertura de
é uma famı́lia de subconjuntos
2
! tal que:
# 2(
2 $
2. Se é finito, a cobertura é dita finita.
4. Se
, então é uma cobertura se:
# 2(
2 $
Exemplo 5.1.
! é uma cobertura
Seja com a topologia usual. Se ; então
! é uma cobertura aberta de .
não aberta de
!
. Por outro lado,
é uma cobertura aberta de .
83
84 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
2 ! e ! coberturas de
2 , então, dizemos que é uma subcobertura de .
Definição 5.2. Sejam . Se para todo
existe tal que
Exemplo 5.2.
! é um subcobertura aberta de
!.
1. é compacto.
243 +
Prova : A prova segue diretamente das leis de de Morgan. Por exemplo:
1 #
% $ é equivalente a % $ (
Corolário 5.1.
1. Se é compacto e
é contı́nua e sobrejetiva, então é compacto. Em particular, se tem a
topologia quociente induzida por , então é compacto.
2. Se
, então é compacto se, e somente se é compacto.
Exemplo 5.4.
-
"
O traço de uma curva contı́nua
definida por
+ "
tal que
-
é compacto. Em particular, seja
. Então
é compacto em .
01
2
243 + (
& ! é uma
(/(/( ! ; então:
cobertura aberta de ; como é compacto, admite uma subcobertura finita
(/(/( 2 (/(/(
!
Exemplo 5.5.
[1]
0 não é compacto.
[2] Se
, então 0 (/(/( é compacto.
[3] O toro
- + + é compacto.
[4] Em geral,
0 + + (/(/( + é compacto.
[5] O toro não é homeomorfo ao cilindro
+ .
+' -
" "
Prova :
Como é contı́nua, para todo
!
existe
tal que se
, então
.
* !
& ; é uma cobertura aberta de ;#$ por compacidade, admite um cobertura
(/(/( 2 !
Seja
* 2 + (/(/(
finita Denotemos por
, . temos -
" "
. Isto
, então dados
*
+ 2
tais que é, se para algum ,
e:
2 2 logo -
" " 2
-
" " -
" " 2 -
" 2 " (
cobertura finita *
(/(/(
! ; então * *
o que
; como é compacto, existe uma
;
logo
. Por outro lado, para todo
: é uma contradição, pois
* + * - *
/( (/(
# *0
243 +
logo, é limitado.
Em geral, a recı́proca desta proposição é falsa. De fato, consideremos
é infinito; então é fechado e limitado, pois * - com % e não é
a métrica discreta etal
que
compacto. No caso
0
temos:
para todo
0
fechado e limitado. Se é limitado, existe
, para todo
Prova : Seja
0
tal que
; logo
Por outro lado, é compacto, pois
(/(/(
.
então, é compacto.
. Logo, é fechado contido num compacto;
Exemplo 5.6.
[1]
0 é compacta.
[2]
0 é compacto.
[3] O toro e a esfera não são homeomorfos a
-.
[4] O toro e a esfera não são homeomorfos ao cilindro
+ .
[5] A faixa de Moebius é compacta.
[6] Os grupos
e
são compactos.
De fato, sabemos que são fechados e para toda
, temos que +
. Logo,
é
limitado.
+
Corolário 5.3. (Weirstrass) Seja
tais que:
um espaço topológico compacto e contı́nua; então existem
"
" " +
para todo
.
Seja um conjunto limitado, definimos e denotamos o diâmetro de
por:
& ! (
O número
é dito de Lebesgue da cobertura 2
! de , se para todo
com
,
então existe tal que:
2 (
Lema 5.1. (Lebesgue) Todo conjunto compacto num espaço métrico possui um número de Lebesgue.
!
2
. Escolhemos o número
* 2 ! é uma cobertura de , como
Prova : Sejam compacto, uma cobertura de e
*
* + + * - - , (/(/( , * 0 0 . Seja
tal que para algum ; então &
compacto, admite subcobertura finita ,
#$ + - (/(/( 0 ! (
2 2 2 2 (
! .
5.3 Exercı́cios
0
1. , (
) com a topologia usual. Verifique se os seguintes conjuntos são ou não compactos.
(a)
&
! .
(b)
& ! .
(c)
& ! .
(d)
& - $ - - ! .
2. Seja com a topologia usual. Verifique que conjunto
,
! não é compacto.
3. Seja com a topologia usual. O conjunto *
0
,
!
! é compacto?
4. Sejam
0 com a topologia usual, 0 e 0 . Sabemos que a distância de a ér:
& ! (
(a) Se é fechado, existe
0 tal que ?
(b) Verifique que " é uniformemente contı́nua.
5. Seja
0 com a topologia usual e * 0 . Defina a distância de a * por:
*
& * ! (
(a)
* " # $ * ! ?
(b) Que ocoore no item anterior se e * são compactos?
6. Seja um subespaço. é compacto se, e somente se é compacto com a topologia
induzida.
7. Seja
contı́nua e um conjunto compacto. Ache um exemplo tal que 5 6 não
seja compacto.
5.3. EXERCÍCIOS 89
9. Seja
não enumerável. Definamos a seguinte topologia em : é aberto se, e somente se
ou é enumerável. Verifique que com esta topologia, não é compacto.
10. Ache um exemplo de um espaço topológico, onde os subconjuntos compactos não são fechados.
11. Ache um exemplo de um espaço topológico, onde a clausura dos subconjuntos compactos não
são compactos.
12. Seja com a topologia usual. De um exemplo de uma função contı́nua, injetiva tal
que 5 6não é fechado.
14. Seja
um homeomorfismo local tal que é compacacto. Verifique que + ,
para todo é finito.
Axioma de Separação
6.1 Introdução
5 6
* *
Consideremos
tal que
um espaço métrico com mais de dois elementos. Sempre podemos escolher
com
e , então . Esta propriedade natural
dos espaços métricos, que nos permite diferenciar os pontos dos espaços, não é válida, em geral,
em espaços topológicos arbitrários. Neste parágrafo estudaremos que tipo de espaços possuem esta
propriedade, que por exemplo, é fundamental para provar a unicidade do limite de uma sequência
em espaços métricos. Veja [EL2].
+ , existe
Definição 6.1.
e
. é um espaço de Fréchet ou se para todo tal que tal que
Exemplo 6.1.
+. ! ; então existe
Prova : Suponha que
; logo:
é Seja e vizinhança de tal que
# !
$
91
92 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
[2] 5
2 6 e os espaços topológicos metrizavéis são de Hausdorff.
[3] 5
2 0 6 não é de Hausdorff.
[4] 5
6 não é de Hausdorff. De fato. Para todo
, temos . De fato, sejam
+ e - , onde + e - são finitos; então 5 + - 6 ; como + - é
finito, então
; logo não pode ser de Hausdorff. Note que 5
6 é + .
[5] Utilizando propriedades dos anéis de polinômios é possı́vel verificar que topologia de Zariski não
é de Hausdorff.
3. Para todo
temos que:
1 ! !(
vizinhança de
4. A diagonal
& ! é um conjunto fechado em .
Dados , existem e vizinhanças de e respectivamente, tais que ;
logo
Prova :
.
Se existe uma vizinhança de tal que
; então:
1 vizinhança de
!(
Provaremos é aberto.
Seja
; então ; como ! vizinhança de ! , existe tal que e .
que
) 5 6 .
Por outro lado, 5 6 , então
Dados , então , isto é que é aberto; logo existe vizinhança
de tal que 5 6 .
5 6 tal que
e
existe
(
Logo;
e , .
6.3. ESPAÇOS DE HAUSDORFF 93
Corolário 6.1.
+ + + + (
é um homeomorfismo e:
5 6 )(
Logo, é fechado em e é de Hausdorff.
10
(
243 +
Exemplo 6.3.
94 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
' ! com a seguinte topologia
% ! ' '! ! . Então ! é compacto
e
!
, logo não é fechado. Note que não é de Hausdorff.
[1] Considere
com a topologia dada no exercı́cio [2], ı́tem 2. Seja ! , é compacto e
[2] Seja
pois para todo aberto 0 temos
0 ! . Isto é, para todo
,
e não é compacto. De
fato:
#
0
0 $
onde 0
! . Logo, o fecho de um compacto pode não ser compacto.
Corolário 6.2. Sejam
+ e
- topologias em tal que
+
- . Se 5
)+ 6 é de Hausdorff e 5
- 6 é
compact, então
+
-.
Prova : Seja
- ; logo é fechado em
- ; então é compacto em
- . Por outro lado,
como
+
- , todo recobrimento aberto de em
+ é um recobrimento aberto de em
- ; então
é compacto em
+ . Como 5
+ 6 é de Hausdorff, segue que é fechado em
+ ; logo
+ e
-
+.
Proposição 6.2. Sejam espaço topológico, espaço de Hausdorff e
contı́nuas. Então:
1.
" ! é fechado em .
em .
2. Se é denso e então
3. O gráfico de é fechado em .
4. Se é injetiva, então é de Hausdorff.
Prova :
" ; é contı́nua e:
onde
" ! +
Seja
e é fechado em .
Segue, de imediato, pois " ! " ! . Como
! é fechado e é denso, então:
"
" ! " ! (
Seja onde
" ; é contı́nua e:
+
e é fechado em .
A função + " 7 é uma bijeção fechada do espaço " que é de Hausdorff.
O ı́tem da proposição [6.2], não é válido sem a hipótese de ser de Hausdorff. Por exemplo, considere
e
tal que
5
2 0 6 5
2 0! 6
ambas são contı́nuas e
" !
! , que não é fechado em 5
2 0 6 . Note que as
curvas contı́nuas e os planos são fechados em com a topologia usual.
6.4. TOPOLOGIA QUOCIENTE 95
Prova : Seja fechado; logo é compacto; então " é compacto, o que implica " é fechado
em e fechada.
1. é um homeomorfismo.
2. bijetiva.
Prova : Se é um homeomorfismo, então é bijetiva. Reciprocamente. Se é bijetiva, então é aberta
e fechada; logo é um homeomorfismo.
5
6 ,
5
2 6
A condição de compaciade é essencial no corolário [6.3]. De fato, considere os espaços
e a função identidade:
5
2 6 5
6
que é contı́nua, bijetiva e não é um homeomorfismo.
Exemplo 6.4.
ou ! (
5 6 com a topologia quociente e
Consideremos
+ , que não é fechado em !
a correspondente projeção canônica. Se
5 6
5 6 não pode ser de Hausdorff.
, então
; logo não é fechado em , o qual
implica em que
+ - e * finito. Sejam:
Por outro lado,
, onde
1 e #
$ $
96 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
+ - + + !
+ + ! + + e
e são abertos tais que e , . Por outro lado, &
é uma cobertura de
, logo existe uma subcobertura finita & , onde
finito. Sejam:
# e 1
$ $
e são abertos disjuntos tais que
+ + e + - ; como é fechada, então " e
" são fechados em . Denotemos por:
+ 5 " 6 e - 5 " 6 (
+ e - são abertos + , pois + + e - + , pois + - . Se + - ,
tais que +
então
+ + + e + donde +
e ; logo
e + - .
Então 5
Prova : Seja
, então
,
então
fechado e a projeção canônica. Se
que é fechado. De fato:
. Se
+ 5 6
(
por .
Logo, é fechada.
É comum na literatura denotar-se
Corolário 6.6. Se é um
-espaço compacto, de Hausdorff e
é finito, então é compacto e de Haus-
dorff.
Prova : Seja fechado, então:
+ 5 6 #
$
" + 5 6
onde é a projeção canônica. é um homeomorfismo, para todo ; então é fechado
e é fechado; logo é fechada.
"
"
Prova : Seja fechado, então é compacto em , logo é compacto em , como
é de Hausdorff, é fechado em
e é uma função fechada e pela proposição [4.2], é uma
identificação.
[1]
0 ,
Exemplo 6.5.
é compacto e de Hausdorff.
[2] O toro
- é compacto e de Hausdorff. Em geral,
0 é compacto e de Hausdorff
[3] O espaçøprojetivo real
0 e
0 são compactos e de Hausdorff.
[4] A faixa de Moebius é compacta e de Hausdorff.
[5] A garrafa de Klein é compacta e de Hausdorff.
6.5. HOMEOMORFISMOS 97
6.5 Homeomorfismos
Nas seguintes aplicações utilizaremos o corolário [6.3]:
A) Seja
0 +
! 0 + , então:
* 5 0 + 6 5 0 +
! 6 (
De fato, definamos
0 + * por " .
Por outro lado " + +
" - - ou + - e + - , é contı́nua e sobrejetiva.
Logo, por passagem ao quocientes, induz uma bijeção contı́nua tal que
.
Denotemos por
5 0 + 0 + !
6 5
6 , temos o seguinte diagrama comutativo:
0 + // *
88
rrrrr
rr
rrrr
Como é compacto e
é de Hausdorff, então * é um homeomorfismo o qual é definido por
. "
B) Seja
- o toro de revolução. Então:
- + + 5 - 6 - -(
Pelo exemplo C em [4.1], provaremos que:
- 5 - 6
onde
- é o toro de revolução em
.
-
é parametrizado por:
-
e
para todo
- . Consideremos 5 - 6 com a topologia quociente e definamos:
-
por "
. Note que: para todo ,
"
"
"
"
" " + +
é bem definida, contı́nua e sobrejetiva. Como é periódica, então e
. Logo, por passagem ao quocientes, induz uma bijeção contı́nua tal que
. Em outras palavras, temos o seguinte diagrama comutativo:
- //
-
y <<
yy
y
-
yy
yy
5 - 6 é compacto e - + -
" + - . Logo, provamos que:
Como é de Hausdorff, então é um homeomorfismo. Note que
- + + 5 - 6 - -(
0
+ + (/(/( +
Em geral, com argumentos análogos aos anteriores, se consideramos o toro
-dimensional
, (
vezes), temos que:
0 0 0 0 (
C) Seja
0 + , isto é 0 + menos a origem, definamos em a seguinte relação de equivalência:
existe
tal que
(
Seja
5 6 , então:
0(
0 0 + 0 + 0
Considere
definida por
, onde é a inclusão e
0
com a topologia induzida pela topologia usual de
0 +
. Seja
é a projeção canônica.
0 + é
contı́nua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
0 //
0
y<<
yyy
yy
yyy
0 0
+ +
+ +
" % -
Como é compacta e é de Hausdorff, então é um homeomorfismo . É claro que é um
ponto e . De fato, basta considerar a função tal que , por argumentos
análogos aos anteriores, temos o seguinte diagrama comutativo:
+ //
==
+
{
{{{
{{
+
{{
D) Seja
0 + , isto é 0 + menos a origem, definamos em a seguinte relação de equivalência:
+ -
existe
tal que
+
-(
Seja
5 6 , então:
0(
- 0 + 0 + 0 + - 0 +
Considere
definida por
, onde
- 0 +
com a topologia induzida pela topologia usual de
é a inclusão e
. Seja
é a projeção canônica.
0 +
é contı́nua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
- 0 +
// 0
vv::
v
vv
vvv
vv
Como
- 0 + é compacta e
0 é de Hausdorff, então é um homeomorfismo e:
0(
F) Seja
o grupo ortogonal real e denotemos por o subgrupo de
definido por:
se,
e somente se:
*
onde *
. Não é difı́cil ver que e
são homeomorfos. Definamos em
a
seguinte relação de equivalência:
+ - existe
tal que + - (
Afirmamos que:
0 + (
Definamos
7 0 + por:
" .
..
é bem definida e sobrejetiva, pois para todo
0 + , existe uma rotação tal que
+ .
+ -
Verifique! é claramente contı́nua.
Sejam , então
+ -
, para algum
; logo:
" + + ... -
..
. - ... " - (
100 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
// 0 +
ppp77
pp
pppp
pp
0 + (
G) Seja
a faixa de Moebius, então:
onde é a superfı́cie parametrizada em , por:
- -
onde -.
5
definida por:
Lembremos que e
" - - % (
"
" . A função é injetiva, contı́nua,
Note que "
"
" de Hausdorff; logo
compacto e
" (
x U
0
Os abertos de homeomorfos aos abertos de
pológica de dimensão
é localmente homeomorfa a
0
formam uma base para . Uma variedade to-
. Se
, então é dita superfı́cie to-
pológica. Se e são variedades de dimensão
e , respectivamente, então
é uma variedade
de dimensão
. (Verifique!).
Exemplo 6.6.
[1] A esfera
0é uma variedade topológica de dimensão
. Segue de imediato, basta considerar a
projeção stereográfica.
[2]
0 +
(/(/( + (n-vezes) é uma variedad topológica de dimensão
.
[3] Os espaçõs projetivos reais e complexos são variedades topológicas de dimensão
e
, respecti-
vamente.
[4] A garrafa de Klein é uma superfı́cie topológica.
[5] A Faixa de Möebius não é uma superfı́cie topológica. Por que?
6.6 Exercı́cios
1. Se é de Hausdorff e é uma bijeção fechada. Verifique que é de Hausdorff.
2. Seja , onde a topologia em é definida por: é aberto se, e somente se
ou
é finito.
é de Hausdorff?
3. Se é de Hausdorff e
finito tal que
. Verifique que é fechado.
, - ! - !
4. Seja & &
com a topologia induzida pela topologia usual de .
- . Verifique que não é de Hausdorff
102 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
5. Ache exemplos de 5
+ 6
espaço topologico, 5
-6 de Hausdorff e bijeção
contı́nua tal que não seja homeomorfismo.
6. Verifique que
é um ponto e
+ - .
7. Se é de Hausdorff.
é dito -dimensional se possui uma base cujos elementos são abertos
e fechados.
Conexidade
7.1 Introdução
e*
Definição 7.1. Seja
vazios tais que
um espaço topológico.
*
é dito conexo se não existem
. Caso contrário é dito desconexo.
abertos disjuntos não
Observação 7.1.
é conexo, se é conexo como subespaço de .
Exemplo 7.1.
e * (
[5] 5
6 é conexo. De fato, nesta topologia não existem abertos não vazios disjuntos.
Proposição 7.1. Seja com a topologia usual. Os únicos conjuntos conexos em com mais de um ponto são
os intervalos (abertos, fechados, etc).
e
Prova : Se é conexo, então é um intervalo. Suponha que
tal que
. Sejam
e
* ; logo * e
não é um intervalo, então existem
não é conexo.
103
104 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
*
vazios tais que
. Sejam e
, *
Se é um intervalo, então é conexo. Se for desconexo, então existem e abertos disjuntos não
* tais que
(caso contrário, mudamos os papéis
de e ). Denotemos por:
. ! (
Logo
; como é um intervalo, . Por outro lado, . Como * , então
é aberto e fechado em ; logo e existe
tal que , contradição, pois
é um supremo.
Segue de imediato da proposição anterior:
Corolário 7.1. Seja com a topologia usual.
é conexo se, e somente se , ! ou é um
intervalo.
Teorema 7.1. São equivalentes:
1. conexo.
! Suponha que 5
! 6 2 5
!
2 + 6 é contı́nua e sobrejetivaa, logo + , como
é aberto e fechado em 5
6 , então é aberto e fechado em .
Se * onde !
e * são abertos disjuntos não vazios, então e * são fechados e a
função 5
6 5
2 6 definida por:
7 se
se *
é contı́nua e sobrejetiva.
Exemplo 7.2. Segue do teorema que , com a topologia usual é conexo.
Corolário 7.2.
1
!
3. A união arbitrária de subconjuntos conexos de que tem pelo menos um ponto em comum, é conexa.
Isto é. Seja tal que , então:
#
$&
é conexo.
7.1. INTRODUÇÃO 105
4. Seja
subconjunto conexo. Se * é tal que
* , então * é conexo. Em particular, o
fecho de um conexo é conexo.
" "
" ,
!
Prova : 1. Note que
é contı́nua e sobrejetivaa. Se
contı́nua e sobrejetiva; logo
!
for desconexo, existe
contı́nua e sobrejetiva, o que é
uma contradição, pois é conexo.
2. É imediata.
3. Sejam ! famı́lia de conexos, e:
# tal que 1 (
%$ %$
Suponha que existe
! contı́nua. Como cada é conexo não é sobrejetiva. Por
outro lado, como
, para todo ; então " " , para todo . e ; caso
contrário é sobrejetiva. Logo não é sobrejetiva.
4. Seja
! contı́nua; como é conexo, então não é sobrejetiva. Por outro lado,
* * e pela continuidade de :
" * " " "
logo não é sobrejetiva.
Exemplo 7.3.
+ - - " - 2
+ "
[1] com a topologia usual é conexo. De fato; seja definida por
é conexo, pois é imagem de por uma função contı́nua, também é conexo; pelo
O conjunto
corolário [7.2],
é conexo. Note que em ,
-
.
106 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
-1
Figura 7.1:
.
# + - - $ - - !
é conexo.
7.2 Aplicacões
A primeira aplicação que estudaremos é a generalização do teorema do Valor Intermediário do
Cálculo.
contı́nua. tais
Sejam + -
" + " - . " + " - , existe tal que " .
Proposição 7.3. Sejam conexo, com a topologia usual e
que . Então para todo tal que
Prova : Se é contı́nua, então "
é conexo, logo " é um intervalo. Se " + e " - ,
então ; portanto, para todo
existe
tal que " .
Corolário 7.3.
7.2. APLICACÕES 107
1. Toda contı́nua admite, pelo menos menos um, ponto fixo. Isto é, existe tal
" .
que
2. Teorema de Borsuk - Ulam para
: Seja + contı́nua. Existem pontos antipodais que
possuem a mesma imagem.
Prova : 1. Seja
" " ; então . Pelo teorema do valor intermediário, existe
tal que .
+ pelo ângulo , medido em
2. Utilizando coordenadas polares, podemos denotar os elementos de
são antı́podas; consideremos a função
" " ;
radianos. Logo, os pontos e
, pelo teorema do valor intermediário, existe + tal
que
" e
então como "
+ .
Lz
z
A
Figura 7.3:
Denotamos por a componente conexa de . Pelo corolário [7.2], é o maior conexo que
contém . Se é conexo, então , para todo .
0 0 ! (
7.3 Conexidade por Caminhos
Sejam 5
6 e
7 um intervalo fechado, com a topologia induzida pela topologia usual
de .
Os pontos e7
/ são ditos ponto inicial e final do caminho, respectivamente. Um caminho não
é um conjunto em . Por exemplo, considerando com a topologia usual, então:
+ e -
definidos por +
e - - são dois caminhos ligando e .
Definição 7.4. é dito conexo por caminhos ou conexo por arcos, se para todo + - , existe
caminho ligando a . + -
Exemplo 7.5.
[1]
0 é conexo por caminhos. Em geral, todo espaço vetorial é conexo por caminhos.
[2] O grupo
não é conexo por caminhos. De fato, se consideramos duas matrizes em
, tais
que uma tenha determinante positivo e a outra determinante negativo, qualquer caminho contı́nuo
ligando estas matrizes, necessariamente deverá passar pela matriz nula.
Proposição 7.6. Seja conexo por caminhos e contı́nua e sobrejetiva. Então é conexo por
caminhos.
+ + " " + + .
Prova : Sejam ; como é sobrejetiva, existem tais que e
Como é conexo por caminhos, existe
contı́nua ligando a ; logo definimos + ,
que é um caminho que liga a . +
7.3. CONEXIDADE POR CAMINHOS 109
Corolário 7.5. Se
, então conexo por caminhos se, e somente se conexo por caminhos.
7
Pelo corolário, podemos sempre considerar . Sejam caminhos tais que
, isto é, o ponto final de coincide com o ponto inicial de . Nesta condições, podemos
definir:
7
se
se
O caminho é contı́nuo e
7 , 7 e .
Logo, é um caminho em ligando 7 a .
7.7. Seja "! uma famı́lia arbitrária de espaços conexos por caminhos tal que
1 , então:
Proposição
$&
#
$&
é conexo por caminhos.
1
+ - tais que + e - . Se , existem e caminhos com
+
Prova : Sejam
e - , ligando + a e - a , respectivamente. Basta considerar o caminho , que
+
liga a . -
Proposição 7.8. Se e são conexos por caminhos, então é conexo por caminhos.
Prova : Sejam
+ +
. Denotemos por e
caminhos ligando
+ +
a e a , respectivamente. Logo:
Prova : Sejam
+
e um caminho ligando a . Então, é um conjunto conexo que +
+ +
contém e ; logo e pertencem a mesma componente conexa, o que implica que possui uma
única componente conexa; portanto é conexo.
A reciproca do teorema é falsa. Veja o seguinte exemplo:
Exemplo 7.6.
o conjunto
é conexo, mas não é conexo por caminhos.
Provaremos que não existe caminho
tal que 7 e
. Suponha que
7 . Consideremos
" se .
tal caminho existe. Sem perda de generalidade, podemos supor que
; pela continuidade de , existe
tal que
Figura 7.4:
7
é conexo. Denotemos por
+
-
Note que
+
e
5 + 6
a primeira projeção
é conexo com
de ; então
e contı́nua e o seguinte conjunto
, pois
+
); também
+ +
. Por outro lado, é um intervalo e contém ; logo para
,
. Em particular, se
todo , existe
tal que
+
, então
e
+
+
para
grande, temos que se
; logo o
ponto , para algum
, ou seja, o ponto
está a uma distância
menor que 1/2 do ponto . Istoe é uma contradição, pois esta a uma distância de pelo
menos 2 do ponto .
7.4 Exercı́cios
1.
0 com a topologia usual. Verifique se os seguintes conjuntos são ou não conexos.
7.4. EXERCÍCIOS 111
&
! e
!(
Note que se , então o intervalo
/
. A topologia gerada por esta subbase
é chamada topologia da ordem e é dito espaço odenado. Verifique que o teorema do valor
intermediário, pode ser estendido a espaços ordenados.
3. Verifique que:
+.
(a)
(b)
+ 0 se
.
4. Sejam 5
6 e com a topologia usual. Dizemos que
é localmente constante se,
para todo existe vizinhança de tal que é constante. Verifique que:
(a) Se é conexo e
localmente constante, então é constante.
(b) Se toda é localmente constante, então é conexo.
um homeomorfismo
a cardinalidade de + é
.
5. Seja local tal que é compacacto e conexo. Verifique que
existe
tal que para todo
6. Verifique que todo espaço com a topologia indiscreta é conexo por caminhos.
113