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CARTA A EL-REI SOBRE A MINA

(10-3-1635)

SUMÁRIO — Lista de objectos a enviar para socorro eficaz da fortaleza


da Mina — Falta de dinheiro para a sua efectivação.

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Senhor

E m resaõ do que V . M a g e s t a d e manda de se preuinirem


duas carauelas pera o socorro da M i n a , diguo que feita deli-
gencia neste Rio, se achaõ soo duas carauelas aparelhadas, que
possaõ ser de seruiço; qualquer delias fará esta uiagem muyto
contra sua vontade, mas quando V . Magestade seja seruido
forsa será que a façaÕ; a duuida hé sobre o de que [h]ade constar
este socorro, porque o que me parece conuiria que agora se
mandase hà M i n a , seria athé cem (1) soldados, tres mil cru-
sados e m roupas, assy pera elles como pera os que laa estaõ,
dous mil e m bastimentos para laa, afora os da uiagem, sin-
coenta quintaes de poluora, quatro peças de artelharia de bronze
de desaseis a vintaquatro libras de bala com encaualgamentos
de campanha pera a fortalesa, quatro mil balas das bocas destas
peças, seis artelheiros práticos, uinte quintaes de corda, outros
uinte de pilouros de mosquete e arcabus, c e m (1) mosquetes
aparelhados, cem (1) arcabuses da mesma maneira, cem (1)
piques, sincoenta meyos piques, dusentas paas de ferro, dusen-

( ) No original: sem.
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tas enxadas, c e m (1) machados, cem (1) fouses ros[s]adouras,
cem(1) podões ros[s]oís, h u m h o m e m que sayba refinar pol-
uora, uinte quintaes de salitre pera a que estiuer gastada do
tempo, dous serralheiros, dous ferreiros, dous carpinteiros pera
fazer e remedear reparos, todos c o m suas ferramentas e forjas,
sesenta quintaes de ferro, dez ( ) 2
quintaes de aço ( ) , e h u m
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engenheiro de fortificações; este m e parece era o socorro que


deuia hir hà M i n a , pera se ocuparem embarcações, o tempo
estaa e m desde março, na terra naõ há muniçoís n e m gente,
na fazenda de V . Magestade naõ sey também que [h]aja
sustância, e assy naÕ entendo o como se possa executar este
socorro; necessário será V . M a g e s t a d e mande resoluer quanto
[h]ade ser, donde se poderá hauer, e onde estaa o dinheiro
de que se [ h ] a d e comprar, e c o m isso obrarey eu quanto poder
na parte que m e toca e V . M a g e s t a d e mandar, / /

Em Lisboa, 1 0 de março 635.

Ruy Correa Lucas.

A H U — S. Tomé, cx. 1, doc. n.° 116.

( ) No original: des.
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( ) N o original: asso.
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