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FACULDADE ANHANGUERA – PORTO ALEGRE

DISCIPLINA DE MATRIZES DO PENSAMENTO EM PSICOLOGIA –


EXISTENCIAL HUMANISTA
PROFESSORA CRISTIANE DOS SANTOS SCHLEINIGER
ALUNO GERMANO ANTÔNIO DA PAIXÃO PASSOELLO

Um Caminho Pisado à Luz da Filosofia Fenomenológica e Existencialista

O presente trabalho, foi motivado pelo exercício da disciplina de matrizes do


pensamento em psicologia – existencial humanista. O experimento mental proposto,
consiste em, meditarmos sobre a música dos Paralamas do Sucesso, Caminho
Pisado, e partindo da sua poética e relatos, imaginá-la como as partilhas de um cliente
que chega até um terapeuta com os relatos expressos na música. Partindo dos
pressupostos filosóficos da fenomenologia e do existencialismo, os próximos
parágrafos serão destinados a cotejar a música com a filosofia de Sören kierkegaard;
Martin Heidegger; Friedrich Nietzsche.

Um dos primeiros pontos de destaque que podemos destacar do relato musical,


é a percepção de banalidade, repetição e sentimento de opressão da condição de vida
do sujeito figurado. O filósofo, Sören kierkegaard, em sua teoria, expõe uma
percepção acerca, dos modos de vida dos indivíduos, de forma abreviada, podemos
dizer que aqueles que vivem para o mundo físico material, seus apelos, seduções e
opressões, estariam vivendo segundo o filósofo em uma dimensão estética, aqueles
ligados ao bem comum, experimentariam o mundo ético, e por fim um estágio superior
onde o sujeito poderia vivenciar um sentimento de unidade e propósito seria a vivência
da dimensão espiritual. Nesse contexto, poderia ser entendido que o protagonista da
música vive de forma muito visceral o mundo estético, com questionamentos e
posturas muito presentes que podem conduzi-lo a percepção e vivência do mundo
ético. As categorias proposta não tem a ambição de categorizar, mas, de apontar uma
possível chave de leitura da situação expressa.

Relacionando também o relato musical com as perspectivas de Martin


Heidegger, é possível interpretar a descrição do sujeito, com a categoria que o filósofo
nomeia como “Dasein”, o ser-aí e o ser-no-mundo. Esse conceito pode se relacionar
de forma muito adequada ao conceito do sujeito que vive nesse mundo tão complexo
expresso na música, e que age nesse mundo e é afetado por ele. Derivando do
conceito de “Dasein”, e como ponto de confluência de sua filosofia, Heidegger,
também expressa a condição humana por meio da expressão, Jeweiligkeit: ser-a-
cada-momento ou de-cada-vez (repetitividade), que convida à reflexão sobre o sentido
de ser em cada novo momento, em cada relação, em cada manifestação. A cada
relato complexo e cheio de opções que o cliente expressa ao terapeuta, há uma
cpossibilidade de que ele também se coloque nos fatos, que ele também possa agir
nesse mundo que age sobre ele.

Por fim, ao colocarmos os relatos desse cliente, em relação aos


aconselhamentos nietzschianos, provavelmente emergiria a necessidade de vivência
dos conceitos expressos pelo pensador associados ao silêncio, ao cuidado de sí e a
contemplação. Os cuidados e profilaxia do silêncio, na perspetiva nietzschiana,
certamente seriam considerados necessários tendo em vista todo o barulho que o
mundo faz, e que conforme o relato do sujeito, o desconcerta e o atinge. E desse
silêncio, desse cuidado em conhecer-se e viver o que descobre de si, provavelmente
emergiria a descoberta da necessidade do “Torna-te quem tu és!”, Expresso por
Nietzsche.

Tal percurso que fizemos por alguns dos filósofos que servem à base conceitual
da Psicologia Existencial Humanista, nos ajuda a refletir, sobre sua forte estrutura e
fundamento teórico, mas, também nos remonta a essa práxis muito fortemente ligada
à promoção do humano em cada sujeito. Nessas perspectivas, podemos concluir que
esse trio filosófico contribui com a prática terapêutica de situar a vivência de cada
indivíduo nas suas dimensões relacionais em uma perspectiva de si mesmo e ao
mundo que o cerca, que esse indivíduo que é implicado por esse mundo tem
potencialidade de igualmente, dentro das condições que cada momento o oportuniza,
se colocar diante desse mundo e impacta-lo. E que todas essas ações surgem a partir
de um contato íntimo consigo mesmo, que possibilita o assumir de responsabilidade
e a tomada de decisões para guiar sua vida.

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