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COMARCA DE ILHÉUS/BA
Processo nº 0004430-98.2019.8.05.0103
GLEIDE DURVAL DA SILVA, já qualificada nos autos da AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C
DANOS MORAIS de número supragrafado, em que contende com COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO
ESTADO DA BAHIA - COELBA, igualmente qualificada nos autos, vem, tempestivamente, por meio de seu
procurador ao final firmado, em atenção à Decisão de evento nº 41, com fulcro no art. 42, §2º da Lei nº
9.099/95, apresentar:
em face do recurso do Recurso Inominado interposto pela Recorrente no evento nº 40, pugnando pelo
desprovimento do recurso conforme razões a seguir expostas.
Por fim, solicita a HABILITAÇÃO dos procuradores indicados na procuração que segue adunada,
de modo que as intimações relativas ao presente feito, conste o nome dos procuradores DANILO TORRES DE
QUEIROZ, OAB/BA 35.872 e THAMILIS COSTA BRAITT, OAB/BA 41.929, sob pena de nulidade, consoante
o art. 272, §5º do CPC
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Ilhéus/BA, 10 de setembro de 2019.
______________________________________
Danilo Torres de Queiroz
OAB/BA nº 35.872
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E-MAIL: danilo.adv@live.com
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA.
Egrégia Turma,
Ínclitos Julgadores:
Ínclitos Julgadores:
Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer c/c Danos Morais, ajuizada em face da empresa
Recorrente, por meio da qual a parte Autora pleiteia: A) a imediata instalação de energia elétrica na sua
residência e; B) indenização por Danos Morais.
A Causa de Pedir (“causa petendi”) que deu ensejo aos pedidos suprarreferidos foi a relutância
injustificada da Recorrente em efetuar a ligação da energia, apesar dos diversos protocolos de ligação
efetuados pela Recorrente (nº 8110844292 em 22/04/2019; 8110968278 em 25/04/2019 e 8111243073 em
06/05/2019), bem como a existência de uma rede elétrica na rua onde da Recorrida mora, conforme
demonstrado pelas faturas de serviço da Coelba de imóveis vizinhos ao da Recorrida (Id. 79160010 -
Págs. 18 e 19).
O processo se desenvolveu de modo regular, com deferimento Tutela da Liminar (evento nº 18), ,
apresentação de Contestação (evento nº 30) e realização da audiência de conciliação (evento nº 31), tendo o
processo ficado concluso para sentença no dia 19/07/19.
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correção monetária pelo INPC desde o arbitramento e juros legais de 1% a.m
desde a citação.
Ocorre que, da simples análise dos autos, facilmente se percebe que as afirmações acima não
correspondem à realidade, até porque a Recorrente, em momento algum, trouxe qualquer prova dos fatos
articulados, tampouco seus argumentos gozam de validade jurídica.
Destarte, a Recorrido passa agora a debruçar-se sobre as referidas teses apresentadas pela
Recorrente, onde, com efeito, melhor sorte não lhe aguarda, conforme se verá a seguir.
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2. DA AUSÊNCIA DE PROVAS SOBRE A “SUPOSTA IRREGULARIDADE” NO PADRÃO DO
IMÓVAL DA RECORRIDA (ART. 373, INCISO II DO CPC)
De forma torpe e inconsequente a Recorrida tenta ludibriar esta Nobre Turma colocando a culpa
pelo defeito na prestação do serviço por ela prestado em uma suposta irregularidade no Padrão de Energia do
imóvel da Recorrida. Com efeito, toda a tese defensiva apresentada na Contestação (evento nº 30) e
repetida neste Recurso Inominado (evento nº 40) funda-se na aleivosia de que a Coelba não efetuou,
tempestivamente, a ligação da energia da Recorrida devido à necessidade da regularização do padrão,
pela Recorrida, para possibilidade de ligação do fornecimento de energia.
Neste sentido, não podemos olvidar que os arts. 6º, inciso VIII e 14, §3º do CDC, que
estabelecem em favor da consumidora a INVERSÃO DOS ÔNUS DA PROVA. De sorte que cabe ao
Recorrido apresentar os documentos que atestem a impossibilidade técnica, financeira ou justifiquem o atraso
na instalação da rede elétrica na residência da Recorrida.
Por outro lado, importa ressaltar o que estabelece o art. 142 da Resolução ANEEL 414/2010,
que notoriamente foi descumprido pela Recorrente:
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AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, CORTE DO FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA, EM RAZÃO DE SUPOSTA HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA
DA REDE. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA DO CONSUMIDOR PARA QUE
REALIZASSE A ADEQUAÇÃO DE SUAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS,
NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE PRAZO PARA QUE O CONSUMIDOR
SOLUCIONE O PROBLEMA ANTES DE EFETUAR O CORTE DA ENERGIA.
DANOS MORAIS QUE SE JUSTIFICAM EM FACE DO TEMPO EM QUE A AUTORA
PERMANECEU SEM LUZ ELÉTRICA. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.
(Recurso Cível Nº 71001516335, Segunda Turma Recursal Cível, Turmas
recursais, Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em 18/06/2008)
(grifo nosso)
Como se vê, por qualquer ângulo que se olhe, mostra-se ilegal, injusta e irrazoável a conduta da
Recorrente ao privar a Recorrida de usufruir de um bem de consumo que, na atualidade, é essencial à
população, constituindo-se serviço público indispensável ao consumidor, estritamente subordinado ao princípio
da continuidade de sua prestação.
Não bastasse os argumentos supramencionados, a respeito das provas sobre os fatos impeditivo,
modificativo ou extintivo deduzidos pela Recorrente, ou mesmo o desrespeito ao regulamento da ANEEL (art.
142 da Resolução 414/2010), que impõe a notificação por escrito de qualquer irregularidade no padrão do
imóvel. Impende registrar a FLAGRANTE CONTRADIÇÃO na argumentação desenvolvida pela Recorrida,
vejamos:
Em um primeiro momento a Recorrente afirma que “NO DIA 09/05/2019 FOI REALIZADA
VISTORIA NA UNIDADE CONSUMIDORA EM QUESTÃO PARA VERIFICAÇÃO DA
POSSIBILIDADE DE LIGAÇÃO, PORÉM, FOI CONSTATADA A NECESSIDADE DE
REGULARIZAÇÃO DO PADRÃO DE ENTRADA” (Id. 83706870 - Pág. 115)
Na sequência, a Recorrida alega que a ligação da energia foi realizada em 09/05/2019,
juntado uma tela para demonstrar tal assertiva em (Id. 83706870 - Pág. 119):
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Cumpre registrar inclusive que na petição de evento nº 27 (Id. 80101580 - Pág. 43), a
Recorrente afirma que CUMPRIU da Decisão Liminar em 09/05/2019, vejamos:
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4. DA AUSÊNCIA DE SERVIÇO ESSENCIAL – DANO MORAL “IN RE IPSA”
O silogismo que a presente ação propõe é bastante simples: tratando-se de serviço público
essencial como é o caso do fornecimento ENERGIA, a recusa injustificada no fornecimento deste
serviço geram transtornos e aborrecimentos à Autora/Recorrida, que se encontra privada de sua
prestação eficiente. Assim, a mesma deve ser devidamente indenizada.
Vale dizer que, por ser considerado um SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL (art. 10, inciso I da
Lei Federal nº 7.783/891), a injusta recusa da prestação do serviço de fornecimento de energia elétrica
por si já causa dano moral à Recorrente. Afinal, o serviço é tido por ESSENCIAL devido a sua estreita
relação com Direitos Fundamentais dos seus consumidores, a exemplo da SAÚDE, HONRA e LAZER, assim
com a própria noção de DIGNIDADE.
Tem-se, portanto, um típico caso de DANO “IN RE IPSA”, ou seja, o dano emerge do próprio
fato concreto, sendo despicienda a prova da repercussão do dano moral. Afinal, não é necessário grande
esforço mental ou demasiada abstração para perceber a quantidade de transtornos, restrições e problemas que
a Autora/Recorrida teve de suportar for ficar por longo período sem energia elétrica no seu imóvel. É hialino
que tanto as atividades diárias, sociais e profissionais da Recorrida ficaram seriamente comprometidas.
O último ponto de inconformismo da Ré-Recorrente com relação à sentença recorrida diz respeito
à valoração dos danos morais a que foi condenada a pagar pelo juízo de piso. Afirma, de forma inescrupulosa,
a quantia de R$ 7.000,00 (sete mil reais) é irrazoável e desproporcional, pois implica em uma vantagem
indevida e desleal ao cliente, gerando o enriquecimento ilícito da Recorrida (Id. 83706870 - Págs. 120-
121). Por outro lado, o pagamento do mencionado valor, fixado em sentença, configura pena
incondicional e desmedida à pessoa jurídica que indeniza.
1 Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e
distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de
medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações;
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a
serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo e navegação aérea; e XI compensação bancária.
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menos constitui qualquer entrave financeiro para a Recorrente, especialmente quando se considera o
poderio econômico-financeiro.
De fato, a sentença do primeiro grau guarda grande ressonância com os precedentes emanados
do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA BAHIA, à exemplo do recente julgamento da Apelação nº 0504372-
09.2017.8.05.0103 (Acordão anexado), de Relatoria da Desª. TELMA LAURA SILVA BRITTO, que manteve
a condenação por danos morais da COELBA em R$ 10.000,00 (dez mil reais), pela demora em realizar a
ligação da energia no imóvel do consumidor.
Ainda sobre a valoração dos Danos Morais, vale destacar o “ATO FALHO” da Recorrida que
expressamente afirma que “É A PRAXE DE TODOS OS JUIZADOS DO ESTADO A FIXAÇÃO DE VALORES
SEMPRE INFERIORES AOS OITO MIL FIXADOS NA SENTENÇA RECHAÇADA”. Ora, se a Sentença
impugnada condenou à Recorrida a pagar apenas R$ 7.000,00 (sete mil reais), significa que este montante se
encontra dentro dos parâmetros usualmente utilizados. Assim, não há que se cogitar a redução do quantum
indenizatório.
6. DA CONCLUSÃO E PEDIDOS
Diante da comprovação nos autos que a pretensão da Recorrente não merece prosperar, por ser
o recurso totalmente inconsistente, requer respeitosamente, a Colenda Tuma, que seja NEGADO
PROVIMENTO ao presente Recurso Inominado.
Ademais, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95, requer a fixação dos Honorário sucumbenciais do
recurso interposto.
_______________________________
DANILO TORRES DE QUEIROZ
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