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Resumo
Várias pesquisas já comprovaram a associação entre estilo de vida ativo e a melhora da qualidade de vida, pois o excesso de peso
contribui para o desenvolvimento de algumas disfunções metabólicas e doenças cardiovasculares. Com o intuito de combater o
sedentarismo e reduzir o excesso de peso corporal, pesquisadores elaboram diversos treinamentos, utilizando os métodos contínuo e
intervalado. Assim, o presente estudo de revisão bibliográfica teve como objetivo analisar alguns aspectos do treinamento intervalado,
chegando à suposição que sua eficácia na melhora da composição corporal reside no fato de utilizar cargas de trabalho de alta
intensidade. Além disso, esse tipo de treinamento parece proporcionar maior motivação à prática de exercícios físicos, na medida em que
quebra a monotonia do treino, além de oferecer condições ao iniciante de realizar um volume de atividade que não seria possível de
forma contínua, devido aos benefícios dos intervalos de recuperação sobre os mecanismos geradores de fadiga. Assim sendo, par ece
representar uma boa estratégia para programas de redução de peso e mudança de composição corporal.
Unitermos: Treinamento intervalado. Treinamento contínuo. Composição corporal. Perda de peso.
Introdução
Segundo especialistas em exercício e esporte, o sedentarismo representa um risco para a saúde. Vários
estudos epidemiológicos comprovaram a forte associação entre estilo de vida ativo, menor possibilidade de
morte e melhor qualidade de vida (Carvalho et al., 1996). De acordo com os dados do I Consenso Nacional
de Reabilitação Cardiovascular (Godoy et al.,1997), o treinamento físico associado a mudança no estilo de
vida diminui a mortalidade cardíaca de 20 a 35% e reduz de 30 para 18% as complicações do infarto agudo
do miocárdio.
Sedentarismo e padrão inadequado de consumo alimentar, segundo Farinatti (2005), são as duas
principais causas de obesidade. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que “a obesidade
vem crescendo de forma alarmante no mundo inteiro, deixando de ser uma preocupação meramente
estética para se transformar num problema grave de saúde pública, numa epidemia global”.
De acordo com as IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002), o excesso de peso aumenta de
duas a seis vezes o risco de hipertensão, recomendando-se atividades aeróbicas dinâmicas, regularmente,
pois estas colaboram para a prevenção primária ou secundária de doenças cardiovasculares. Contudo,
Gorayeb (2000) constatou que os exercícios físicos prescritos geralmente não são seguidos. Com o passar
do tempo, a motivação se reduz e os exercícios, que inicialmente eram realizados, não têm continuidade. No
Brasil, o índice de sedentários chega a 76% (Programa Agita São Paulo, 2006).
Com o intuito de melhorar a adesão aos programas de exercícios físicos para assim prevenir e controlar
os problemas decorrentes do excesso de gordura corporal, Ferreira et al. (2006) fazem referência a alguns
estudos voltados a entender quais seriam o volume, a intensidade, a freqüência e o tipo de exercício ideal
para responder a essas questões. Vários estudos já comprovaram que tanto o treinamento intervalado
quanto o treinamento contínuo produzem efeitos semelhantes capacidade aeróbica, conforme citação de
Santos et al. (2005). Porém, os resultados encontrados referentes aos efeitos desses dois tipos de
treinamento sobre a redução da porcentagem de gordura são divergentes entre alguns pesquisadores,
devido a diferentes protocolos utilizados com populações diversas. Da mesma forma, o presente estudo de
revisão bibliográfica teve como objetivo verificar o método e as vantagens de elaborar um programa de
treinamento intervalado (TI), comparando com o treinamento contínuo (TC), para redução do peso corporal
e aumento da adesão aos programas de exercícios físicos, contribuindo, assim, para prevenção de doenças
cardiovasculares e melhora da qualidade de vida.
Considerações finais
O presente estudo de revisão bibliográfica, permiti-nos constatar que o treinamento intervalado de alta
intensidade tem se mostrado mais eficaz no sentido de promover maior gasto calórico em sessões isoladas
de treino, o que pode contribuir mais decisivamente para a redução do peso corporal e para alterações
esteticamente viáveis na composição corporal, além da vantagem de quebrar a monotonia de um trabalho
aeróbico contínuo e, conseqüentemente, poder ser usado como uma boa estratégia para adesão a
programas de exercícios físicos. Além disso, o treinamento intervalado, de intensidade leve a moderada,
pode também se constituir num método de treinamento indicado para iniciantes, principalmente cardiopatas,
devido à possibilidade de se realizar um volume total de exercício maior do que o treino contínuo, uma vez
que os intervalos de recuperação contribuem para menor fadiga muscular. Os aspectos observados nesse
contexto abrem perspectiva para novos estudos na área.
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