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26/10/2019 Microempreendedores da Cultura no DF – CODEPLAN

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11/04/18 às 15h08 - Atualizado em 29/10/18 às 12h13

Microempreendedores da Cultura no DF
A automatização dos processos produtivos na economia atribui uma valorização cada vez
maior das ocupações que exigem soluções criativas e inovadoras. Nesse sentido, monitorar
setores relacionados à produção de capital cultural se torna imprescindível, ainda que as
propostas de delimitação do que é ou não cultura não sejam amplamente consensuais.
 
Nesse contexto, torna-se estratégico acompanhar o universo do Microempreendedor
Individual (MEI): pequeno empresário que trabalha por conta própria, fatura até 81 mil reais
por ano e tem no máximo um empregado. São os indivíduos que cruzaram a fronteira da
informalidade, mas com características de empreendedores de menor porte, típicas desse
setor da economia.
 
Tendo como base os registros de MEI do Distrito Federal, da Secretaria de Fazenda, e
utilizando a delimitação do Sistema de Informações e Indicadores Culturais, do IBGE, a
Codeplan encontrou que 15% dos Microempreendedores Individuais do DF estão, direta ou
indiretamente, relacionados à cultura. Isso é particularmente relevante para o DF, que
detém o terceiro lugar no ranking das unidades da Federação que mais possuem registros
de MEI proporcionalmente à população. Além disso, o número de microempreendedores
inscritos em atividades entendidas como culturais cresceu, em média, 29,5% ao ano (desde
2010) enquanto o de não culturais cresceu 14,3%. Fica clara a pujança dessa atividade entre
os microempreendedores individuais.
 

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Esses MEI da cultura estão em Taguatinga, Ceilândia, Águas Claras e Guará, numa
aglomeração que deve ser interpretada com cautela: trata-se do mesmo eixo de
adensamento populacional do DF. Onde há maior concentração populacional, é natural que
também haja maior aglomeração das atividades econômicas como um todo.  Não obstante,
reforça a perspectiva de que essa área constitui um claro vetor geográ co de
desenvolvimento do Distrito Federal.
As atividades desenvolvidas pelos MEI da cultura permeiam os mais diversos setores da
economia, com forte presença nas atividades pro ssionais, cientí cas e técnicas. De forma
mais detalhada, a publicidade e as atividades fotográ cas têm a maior concentração de
empreendedores culturais. Em seguida, está o setor de Informação e comunicação, com
forte presença dos MEI culturais na edição de livros, jornais, revistas e outras atividades de
edição. Sob outra metodologia de delimitação, a 2009 UNESCO Framework for Cultural
Statistics, apesar do domínio cultural denominado Esporte e recreação concentrar o maior
número de empreendedores culturais, o que sustenta seu destaque é a atividade de
confecção de artigos de vestuário, considerada suporte de bens relacionados à cultura, ou
seja, guarda uma relação mais distante do núcleo criativo. A presença de uma atividade
essencialmente industrial no hall de estatísticas culturais mostra como é aí que reside a
complexidade da mensuração desse setor. Isso porque não faria sentido ignorar, por
exemplo, a confecção do gurino de uma atividade recreativa como componente cultural da
sua execução. Ainda assim, considerando os domínios estritamente culturais, os resultados
reforçam aqueles obtidos pela delimitação do IBGE, com destaque, especialmente a partir
de 2014, do Design e serviços criativos, especi camente no que diz respeito às atividades de
publicidade.
 
O crescimento dos MEI indica o fortalecimento de uma opção de inserção no mercado de
trabalho que parte do princípio do empreendedorismo, mesmo que este esteja sendo
forçado pela crise econômica, pelo aumento da taxa de desemprego ou pelo fortalecimento
do fenômeno da “pejotização” – resultado da exibilização das leis trabalhistas referentes à
terceirização. Não obstante, é uma alternativa de formalização do trabalho que assegura
direitos. Certamente é um avanço em relação à informalidade, tradicionalmente associada
ao setor cultural e artístico.
 
Independente das causas do crescimento do número de MEI, a presença da cultura é
inquestionável e os dados atestam sua participação crescente frente às demais atividades.
Há um processo de expansão e diversi cação da produção cultural, que encontra
receptividade no consumidor do Distrito Federal com altos níveis educacionais e de renda.

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As características do consumo no DF, que valoriza entretenimento, arte, inovação e


informação, são terreno fértil para investimentos na cultura como promotora de
desenvolvimento econômico e social inclusivos.
 
Lucio Rennó, cientista político e presidente da Codeplan
Larissa Nocko, economista da Codeplan
 
Publicado originalmente no Correio Braziliense, de 10.04.2018

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