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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1110439-96.2016.8.26.0100 e código 11F9FA57.
Registro: 2020.0000636994

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 1110439-


96.2016.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ANGELA MARIA
DO NASCIMENTO SOROCABA - ME, são apelados DILMA VANA ROUSSEFF e
DIRETÓRIO NACIONAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por EVERALDO DE MELO COLOMBI, liberado nos autos em 13/08/2020 às 10:56 .
ACORDAM, em 14ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça
de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.
Compareceram para sustentar oralmente Dr. Marthius Sávio Cavalcante Lobato e Dra.
Rachel Aragão", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


CARLOS ABRÃO (Presidente) e THIAGO DE SIQUEIRA.

São Paulo, 12 de agosto de 2020.

MELO COLOMBI
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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Apelação Cível nº 1110439-96.2016.8.26.0100
Apelante: Angela Maria do Nascimento Sorocaba - Me
Apelados: Dilma Vana Rousseff e Diretório Nacional do Partido dos
Trabalhadores
Comarca: São Paulo
Voto nº 52053t

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por EVERALDO DE MELO COLOMBI, liberado nos autos em 13/08/2020 às 10:56 .
NOTA FISCAL. SUBSTITUIÇÃO A UMA OUTRA.
RECEBIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS SOMENTE
NA NOTA ORIGINAL. RECEBIMENTO VÁLIDO PARA A
NOTA SUBSTITUTA. DOCUMENTO BASTANTE PARA
PROVA DO DEVER DE PAGAR.
1. A autora informou ter prestado serviços e entregue produtos
à campanha eleitoral de Dilma e Padilha. Primeiramente, como
o contrato foi realizado com o Diretório Estadual do Partido, a
nota foi emitida contra este. Porém, tendo em vista que o
produto trazia também a fotografia da candidata a presidente, o
diretório estadual requereu que a primeira nota, com devido
recebimento, fosse cancelada, porque haveria cobrança
diretamente do Diretório Nacional.
2. Existindo recebimento da nota original, esse elemento é
válido para a nota que a substituiu. Há prova, portanto, de
recebimento dos produtos e serviços. Dever de pagar
configurado. Monitória procedente.
3. Recurso provido.

A r. sentença de fls. 62/607, cujo relatório ora se adota,


julgou improcedente ação monitória ajuizada por Angela Maria do
Nascimento Sorocaba ME contra Dilma Vana Rousseff e Diretório Nacional
do Partido dos Trabalhadores PT, concluindo que a autora deixou de fazer
prova dos fatos constitutivos de seu direito.
Inconformada, apela a vencida, sustentando ter
demonstrado inequivocamente a contratação e a encomenda de 300.000
unidades de bandeiras plásticas, fornecidas para campanha eleitoral da outrora
candidata Dilma Rousseff; que, da quantidade contratada, somente a primeira

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leva de 41.500 unidades, entregues em 16.9.2014, não foi adimplida pelas
apeladas; que demonstrou ter entregue a segunda e terceira levas de unidades;
que a irregularidade da prestação de contas dos réus não pode prejudicar a
autora; que a campanha presidencial possui dinamismo único, de modo que é
plenamente possível que o recebimento da mercadoria seja delegada a

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terceiros; que, tendo havido prestação de serviços e entrega de produtos, faz
jus ao pagamento respectivo. Pugna, enfim, pela reforma da sentença para
procedência do feito.
Recurso bem processado e respondido.
É o relatório.
A autora narrou ter confeccionado bandeiras para a
campanha eleitoral de 2014, contendo as imagens dos candidatos Dilma
Rousseff, para presidente, e Alexandre Padilha, para governador.
Afirma que, inicialmente, teria sido contratada pelo
diretório de Alexandre Padilha, candidato local (estadual), emitindo a nota
fiscal de nº 79. Porém, tendo em vista que os serviços contemplavam também
a candidata a presidente, o diretório estadual teria entrado em contato com a
autora para que ela cancelasse a primeira nota fiscal, para o fim de destinar a
cobrança ao diretório nacional do partido. Com isso, houve emissão da nota
fiscal de nº 89, contra o diretório nacional do partido dos trabalhadores.
Diante dos fatos narrados, a nota fiscal de nº 89 (fls. 12)
jamais poderia ser considerada isoladamente.
Ela substituiu a nota fiscal de nº 79 (fls. 10),
posteriormente cancelada (fls. 11).
A nota fiscal de fls. 10 (nº 79), emitida no valor de R$
51.875,00 contém devido recebimento. Posteriormente, essa nota teria sido

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cancelada (fls. 11), com a emissão da nota de fls. 12 (nº 89). Esta última daria
azo ao ajuizamento da ação, mas não conteria assinatura de recebimento.
A primeira nota fiscal indicava como razão social a
eleição 2014 de Alexandre Rocha Padilha, candidato a governador. Na
descrição dos produtos e serviços, há informação de que se tratava de 41.500

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bandeiras plásticas de 90 x 60, dos candidatos Dilma e Padilha.
A nota fiscal de fls. 12, objeto da lide, informa como
razão social a eleição de 2014 de Dilma Rousseff. Na descrição do produto ou
serviço, há a exata quantidade de 41.500 bandeiras de 90 x 60, de Dilma e
Padilha, no mesmíssimo valor de R$ 51.875,00.
É notório, portanto, que houve entrega e recebimento de
41.500 bandeiras de 90 x 60 pelos responsáveis pela candidatura de Dilma e
Padilha. O documento de fls. 10 é suficiente para provar que existiu essa
entrega e esse recebimento.
Não se pode perder de vista que as bandeiras existiram e
foram utilizadas nas campanhas dos respectivos candidatos. E que, embora a
primeira nota fiscal indicasse o diretório estadual do partido, o fato é que as
bandeiras são as mesmas e contemplaram a imagem de Dilma (e não só de
Padilha).
Como se disse, não se poderia considerar a nota fiscal nº
89 (fls. 12) de forma isolada. Como ela substituiu a nota de nº 79, com
descrição dos mesmos produtos e serviços, havendo apenas substituição do
seu destinatário (campanha eleitoral de Dilma, e não de Padilha), e como há
prova de que houve recebimento desses produtos, inclusive sua utilização, e,
ao reverso, não há indícios de pagamento pela mercadoria já entregue, não se
pode impedir sua cobrança.

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Cumpre observar que a autora provou ter realizado mais
bandeiras de Dilma e Padilha, objeto de outras notas fiscais, recebidas pela
mesma empresa, que foram devidamente pagas (fls. 180, 181, 183).
O Diretório Nacional pode não ter assinado o recebimento
dos produtos, mas isso não acarreta inexistência de sua responsabilidade por

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serviço prestado em seu favor. Se o Diretório Estadual firmou contratos em
favor do Diretório Nacional e desbordou de sua competência ou de seus
limites, deve o Diretório Nacional voltar-se contra aquele. Não pode, porém,
deixar de pagar por produto e serviço devidamente entregue, ainda que
recebido por pessoas ligadas ao Diretório Estadual.
O fato de a nota de nº 89 não ter sido lançada na prestação
de contas do Diretório Nacional do Partido em nada afeta a validade da
cobrança por serviço prestado e mercadoria entregue e recebida.
A autora fez prova suficiente de seu crédito, já que tinha
em mãos nota fiscal com assinatura de recebimento de mercadoria que não lhe
foi paga. O fato de essa nota fiscal ter sido cancelada, não fez com que o
recebimento fosse cancelado. Não há prova de devolução dos produtos. Com
isso, é possível reconhecer que a nota de nº 89 substituiu a de nº 79, alterando
apenas seu destinatário, conforme alegou a autora em sua inicial. Isso faz com
que o recebimento na nota de nº 79 possa ser considerado como realizado na
nota de nº 89. Para a ação monitória, é o que basta.
Com isso, julga-se procedente a presente monitória, para
condenar os embargantes ao pagamento do valor exigido na inicial,
devidamente corrigido e acrescido de juros moratórios desde o ajuizamento da
ação (o valor requerido na inicial já está corrigido e acrescido de juros até
então).

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Com o resultado ora preconizado, invertem-se ônus de
sucumbência. Honorários são fixados em 10% sobre o valor da condenação.
Anota-se que eventuais embargos de declaração, sem que
o aresto contenha, de fato, erro material, omissão, obscuridade ou contradição,
poderá ser considerado protelatório ou abusivo e poderá ensejar a aplicação

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das penalidades correspondentes. Não será tolerado mero inconformismo com
intuito infringente. A parte fica, aliás, advertida de que poderá ser condenada
ao pagamento de penalidade por litigância de má-fé se insistir nas teses já
enfrentadas neste recurso.
Os advogados das partes ficam igualmente advertidos de
que eventual malícia de sua parte não passará despercebida.
Posto isso, dá-se provimento ao recurso, para julgar
procedente a presente monitória, constituindo de pleno direito o título
executivo, nos termos do aresto.

MELO COLOMBI
Relator

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