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o

7o ANO
2 TERMO
Nos Cadernos do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho são indicados
sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e
como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram verificados. No entanto, como a
internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados, após a
data de consulta impressa neste material.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação autoriza a reprodução


do conteúdo do material de sua titularidade pelas demais secretarias do país, desde que mantida a
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negociados com seus próprios titulares, sob pena de infração aos artigos da Lei no 9.610/98.

*Constituem “direitos autorais protegidos” todas e quaisquer obras de terceiros reproduzidas neste material que não estejam em domínio
público nos termos do artigo 41 da Lei de Direitos Autorais.

Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho: Geografia, História e Trabalho: 7o ano/2o termo
do Ensino Fundamental. São Paulo: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia
(SDECT), 2012.
il. (EJA – Mundo do Trabalho)

Conteúdo: Caderno do Estudante.


ISBN: 978-85-65278-17-1 (Impresso)
978-85-65278-19-5 (Digital)

1. Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Ensino Fundamental 2. Geografia – Estudo e ensino 3. História
– Estudo e ensino 4. Trabalho – Estudo e ensino I. Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e
Tecnologia II. Título III. Série.

CDD: 372

FICHA CATALOGRÁFICA
Sandra Aparecida Miquelin – CRB-8 / 6090
Tatiane Silva Massucato Arias – CRB-8 / 7262
Geraldo Alckmin
Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,


CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Nelson Luiz Baeta Neves Filho


Secretário em exercício

Maria Cristina Lopes Victorino


Chefe de Gabinete

Ernesto Masselani Neto


Coordenador de Ensino Técnico,
Tecnológico e Profissionalizante

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

Herman Voorwald
Secretário

Cleide Bauab Eid Bochixio


Secretária Adjunta

Fernando Padula Novaes


Chefe de Gabinete

Maria Elizabete da Costa


Coordenadora de Gestão da Educação Básica
Concepção do programa e elaboração de conteúdos

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação

Coordenação Geral do Projeto Equipe Técnica


Juan Carlos Dans Sanchez Cibele Rodrigues Silva e João Mota Jr.

Fundação do Desenvolvimento Administrativo – Fundap

Geraldo Biasoto Jr. Equipe técnica e pedagógica


Diretor Executivo Ana Paula Lavos, Clélia La Laina, Dilma Fabri Marão
Pichoneri, Fernando Manzieri Heder, Gressiqueli
Lais Cristina da Costa Manso Nabuco de Araújo Regina Chiachio Buosi, Lais Schalch, Liliana Rolfsen
Superintendente de Relações Institucionais e
Petrilli Segnini, Maria Helena de Castro Lima,
Projetos Especiais
Silvia Andrade da Silva Telles e Walkiria Rigolon

Coordenação Executiva do Projeto


Autores
José Lucas Cordeiro
Arte: Eloise Guazzelli. Ciências: Gustavo Isaac Killner.
Coordenação Técnica Geografia: Mait Bertollo. História: Fábio Barbosa. Inglês:
Impressos: Selma Venco Eduardo Portela. Língua Portuguesa: Claudio Bazzoni.
Vídeos: Cristiane Ballerini Matemática: Antonio José Lopes. Trabalho: Selma Venco.

Gestão do processo de produção editorial

Fundação Carlos Alberto Vanzolini

Antonio Rafael Namur Muscat Gestão Editorial


Presidente da Diretoria Executiva Denise Blanes

Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki Equipe de Produção


Vice-presidente da Diretoria Executiva Assessoria pedagógica: Ghisleine Trigo Silveira
Editorial: Airton Dantas de Araújo, Beatriz Chaves,
Gestão de Tecnologias em Educação Camila De Pieri Fernandes, Carla Fernanda
Nascimento, Célia Maria Cassis, Daniele Brait,
Direção da Área Fernanda Bottallo, Lívia Andersen França, Lucas
Guilherme Ary Plonski Puntel Carrasco, Mainã Greeb Vicente, Patrícia
Maciel Bomfim, Patrícia Pinheiro de Sant’Ana,
Paulo Mendes e Sandra Maria da Silva
Coordenação Executiva do Projeto
Direitos autorais e iconografia: Aparecido Francisco,
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
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Silva Villa de Lima, Priscila Garofalo, Rita De Luca e
Gestão do Portal
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Luiz Carlos Gonçalves, Sonia Akimoto e Apoio à produção: Luiz Roberto Vital Pinto,
Wilder Rogério de Oliveira Maria Regina Xavier de Brito, Valéria Aranha e
Vanessa Leite Rios
Gestão de Comunicação Projeto gráfico-editorial: D’Livros Editora e
Ane do Valle Distribuidora Ltda e Michelangelo Russo (Capa)

CTP, Impressão e Acabamento


Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Caro(a) estudante,
É com grande satisfação que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico,
Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Secretaria da Educação
do Estado de São Paulo, apresenta os Cadernos do Estudante do Programa
Educação de Jovens e Adultos (EJA) – Mundo do Trabalho, em atendimento
a uma justa reivindicação dos educadores e da sociedade. A proposta é oferecer
um material pedagógico de fácil compreensão, para complementar suas atuais
necessidades de conhecimento.
Sabemos quanto é difícil para quem trabalha ou procura um emprego se dedi-
car aos estudos, principalmente quando se retorna à escola após algum tempo.
O Programa nasceu da constatação de que os estudantes jovens e adultos
têm experiências pessoais que devem ser consideradas no processo de aprendi-
zagem em sala de aula. Trata-se de um conjunto de experiências, conhecimen-
tos e convicções que se formou ao longo da vida. Dessa forma, procuramos
respeitar a trajetória daqueles que apostaram na educação como o caminho
para a conquista de um futuro melhor.
Nos Cadernos e vídeos que fazem parte do seu material de estudo, você
perceberá a nossa preocupação em estabelecer um diálogo com o universo do
trabalho. Além disso, foi acrescentada ao currículo a disciplina Trabalho para
tratar de questões relacionadas a esse tema.
Nessa disciplina, você terá acesso a conteúdos que poderão auxiliá-lo na
procura do primeiro ou de um novo emprego. Vai aprender a elaborar o seu
currículo observando as diversas formas de seleção utilizadas pelas empresas.
Compreenderá também os aspectos mais gerais do mundo do trabalho, como as
causas do desemprego, os direitos trabalhistas e os dados relativos ao mercado
de trabalho na região em que vive. Além disso, você conhecerá algumas estra-
tégias que poderão ajudá-lo a abrir um negócio próprio, entre outros assuntos.
Esperamos que neste Programa você conclua o Ensino Fundamental e, pos-
teriormente, continue estudando e buscando conhecimentos importantes para
seu desenvolvimento e para sua participação na sociedade. Afinal, o conheci-
mento é o bem mais valioso que adquirimos na vida e o único que se acumula
por toda a nossa existência.
Bons estudos!
Secretaria da Educação

Secretaria de Desenvolvimento
Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação
Sumário
Geografia.......................................................................................................................... 7
Unidade 1
A natureza do território brasileiro 9
Unidade 2
O processo de ocupação do território brasileiro 31
Unidade 3
O tempo presente: a ocupação do território brasileiro 55
Unidade 4
As grandes regiões socioeconômicas brasileiras 79

História............................................................................................................................ 91
Unidade 1
A Europa depois da Revolução Francesa 93
Unidade 2
1848: a “Primavera dos Povos” 113
Unidade 3
Comuna de Paris 125
Unidade 4
Imperialismo 139

Trabalho...................................................................................................................... 153
Unidade 1
Trabalho no campo, trabalho na cidade 155
Unidade 2
O que é organização do trabalho? 169
Unidade 3
O trabalho feminino 185
Unidade 4
A qualificação profissional e a Classificação Brasileira
de Ocupações 197
T rabalho

7o ANO
2o TERMO

Caro(a) estudante,

Para compreender o trabalho hoje, é importante resgatar a história e perce-


ber as inúmeras alterações que foram ocorrendo nele no decorrer do tempo, e
como cada trabalhador teve mais ou menos problemas nesse contexto.

Na Unidade 1, você verá as características do trabalho na cidade, em um


momento em que a industrialização avançava. A época eram os anos 1950,
quando os brasileiros acreditavam que o País estava caminhando rumo ao
desenvolvimento. Para ilustrar os acontecimentos, você acompanhará a história
dos personagens Jurandir e Nilda – e da filha deles, Rosa.

Na Unidade 2, você será convidado a discutir a consolidação da sociedade


salarial no Brasil em um período no qual já havia o descanso remunerado, as
férias e um conjunto de direitos sociais relacionados ao trabalho, mas que tam-
bém tinha um modo particular de organização dos setores produtivos. Para a
exploração dessa temática, será enfocado, principalmente, o trabalho na indús-
tria, que se servia do controle dos tempos e dos movimentos, com esteiras
mecânicas para determinar o tempo e o ritmo da produção.

E você poderá perceber também que, nessa época, nem todos tinham
acesso ao trabalho formal. Das mulheres, por exemplo, a sociedade esperava
que elas se mantivessem no espaço doméstico, no papel de cuidadoras da famí-
lia, dos filhos, ficando limitadas ao lar. Porém, para as famílias de baixa renda,
esse papel não poderia se concretizar, em função das privações de sobrevivên-
cia; a mulher precisava complementar o orçamento familiar e realizar tare-
fas vinculadas ao lar: costurar, bordar, fazer bolos etc. Você conhecerá o que
aconteceu com Nilda, que encontra uma opção de trabalho e passa a sonhar
em trabalhar por conta própria, tema que será tratado na Unidade 3.

Por fim, na Unidade 4, você poderá dar mais um passo no seu aprendizado
sobre o processo de industrialização e a chamada sociedade salarial, conhe-
cendo alguns aspectos que os acompanham: a educação profissional e a Clas-
sificação Brasileira de Ocupações, que descreve as características de mais de
2 mil ocupações no Brasil.

Bons estudos!
Trabalho no campo,
1 trabalho na cidade

Esta Unidade apresenta as características do trabalho na cidade,


complementando as discussões que você realizou no 6o ano/1o termo,
na disciplina Trabalho, sobre o trabalho no campo, suas origens, sua
evolução e como ele tem sido transformado acompanhando o desenvol-
vimento da tecnologia.

Para iniciar...
Reflita sobre as características das zonas urbana e rural:
• Como são as cidades?
• Como é a vida no campo? E na cidade?
• Quais são as possibilidades de lazer no campo? E na cidade?
• E as possibilidades de emprego, de estudos, de formação profissio-
nal? Quais são elas no campo e na cidade?
• As transformações no mundo do trabalho na história recente foram
significativas. Em sua opinião, as mudanças foram semelhantes no
campo e na cidade? Quais são as principais diferenças entre o traba-
lho realizado no campo e o realizado nas cidades?

A história da família de Jurandir e Nilda


Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão
de ter saído. Ai de mim, nunca saí.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A ilusão do migrante. In: ______ Farewell.
São Paulo: Companhia das Letras. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond.
<http://www.carlosdrummond.com.br>.

Os versos do poema de Carlos Drummond de Andrade revelam


o sentimento do migrante, que se vê obrigado a deixar sua cidade de
origem para tentar a vida em outra localidade. Demonstram que, ape-
sar de ele ter deixado sua terra, ela nunca saiu de dentro dele.

Jurandir é alagoano, nasceu em 1928, no sertão do Estado de Ala-


goas. Casou-se com Nilda em 1946 e logo tiveram sua primeira filha.
A seca castigava o Nordeste e ficava cada vez mais difícil alimentar

155
Trabalho – Unidade 1

a família. Essa situação levou o casal a pensar em tentar a vida na


cidade grande.

A família de Jurandir e Nilda tornou-se migrante, ou seja, aquela


que muda de uma região para outra dentro do seu país.

As histórias que Jurandir e Nilda ouviam sobre parentes de vizi-


nhos que haviam migrado para São Paulo eram muitas. Uma delas
era a história de Afrânio, tio do Zeca, vizinho de longa data que, em
1935, foi para São Paulo em busca de trabalho.

Geografia Os tempos, porém, eram outros: migrar para São Paulo não era
7o ano/2o termo
Unidade 3 mais para trabalhar na lavoura, mas, sim, para trabalhar na indústria,
pois a industrialização se acelerava na cidade. Jurandir e Nilda pensa-
ram muito, porque a viagem era longa e feita em caminhões adapta­dos
para transportar pessoas, conhecidos como “paus de arara”. Além
disso, a insegurança da vida na cidade grande, onde iriam morar,
atormentava a decisão, porém era preciso tomar novos rumos.

Você sabia que pau de arara


© Arquivo/AE

também é o nome dado a um


instrumento de tortura?
A ditadura militar no Brasil ocorreu
entre 1964 e 1985. Nesse período,
os militares controlavam as ações
de qualquer cidadão que tivesse
opinião contrária às Forças Armadas.
Os presos políticos eram torturados
(muitos até à morte). Uma das
práticas dos torturadores era o pau
de arara seguida de afogamento, a
fim de obter informações sigilosas
sobre a organização dos grupos
contra o governo militar, além de a
tortura em si ser um ”exemplo” para
tentar desmobilizar os movimentos
contrários ao regime.

Pau de arara que transportava migrantes nordestinos na Rodovia


Presidente Dutra, 1959.

Só o nome dado a esses caminhões já ajuda a entender parte dessa


história. Pau de arara é, originalmente, a vara em que se amarravam
as aves para serem vendidas. A expressão acabou sendo usada também
para se referir ao transporte no qual os migrantes nordestinos vinham
“pendurados” para São Paulo, para, além da busca de melhores con-
dições de vida, vender sua força de trabalho, e aos próprios retirantes,
como um tratamento ofensivo, pejorativo.

156
Trabalho – Unidade 1

Atividade 1 Literatura brasileira


1. Leia um trecho do romance O Quinze, de Rachel de Queiroz,
publicado em 1930, cujo tema é a seca nordestina.

[...]

Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar.

Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar
morrendo de fome, enquanto a seca durasse.

Depois, o mundo é grande e no Amazonas sempre há borracha...

Alta noite, na camarinha fechada que uma lamparina moribunda alumiava


mal, combinou com a mulher o plano de partida.

Ela ouvia chorando, enxugando na varanda encarnada da rede, os olhos cegos


de lágrimas.

Chico Bento, na confiança do seu sonho, procurou animá-la, contando-lhe os


mil casos de retirantes enriquecidos no Norte.

A voz lenta e cansada vibrava, erguia-se, parecia outra, abarcando projetos


e ambições. E a imaginação esperançosa aplanava as estradas difíceis, esquecia
saudades, fome e angústias, penetrava na sombra verde do Amazonas, vencia a
natureza bruta, dominava as feras e as visagens, fazia dele rico e vencedor.

Cordulina ouvia, e abria o coração àquela esperança; mas correndo os olhos


pelas paredes de taipa, pelo canto onde na redinha remendada o filho pequenino
dormia, novamente sentiu um aperto de saudade, e lastimou-se:

— Mas, Chico, eu tenho tanta pena da minha barraquinha! Onde é que a gente
vai viver, por esse mundão de meu Deus?

A voz dolente do vaqueiro novamente se ergueu em consolações e promessas:

— Em todo pé de pau há um galho mode a gente armar a tipoia... E com


umas noites assim limpas até dá vontade de se dormir no tempo... Se chovesse,
quer de noite, quer de dia, tinha carecido se ganhar o mundo atrás de um gancho?

[...]

Queiroz, Rachel de. O quinze. Rio de Janeiro: José Olympio © by herdeira de Rachel de Queiroz.

2. Responda às questões a seguir com base no texto lido.

a) Quem são os personagens da história retratados nesse trecho


do livro?

b) Qual é a situação em que vivem esses personagens?

157
Trabalho – Unidade 1

3. Reflita sobre a vida dessa família e registre suas observações:


Fica a dica
O livro O Quinze,
a) Por que, na sua opinião, esses personagens desejam mudar-se
escrito pela cearense para o Norte?
Rachel de Queiroz
(1910-2003), é um
clássico da literatura
brasileira. Ao abordar
a temática da seca
nordestina, mesmo que
em outro momento b) Quais são as semelhanças e as diferenças entre os personagens
histórico, sua leitura o do livro e os personagens Jurandir e Nilda?
auxiliará a compreender
a trajetória dos
personagens desta
disciplina. Boa leitura!
© Sebastião Salgado/Amazonas Images

Sebastião Salgado.
Retirantes. Fotografia
integrante do livro Terra.
Ceará, Brasil, 1983.

Vida e trabalho na cidade


Até o século XVI, o trabalho era considerado um ato desprezível.
Com o avanço da produção e a acumulação de capital, foi sendo cons-
truída outra ideia a ser divulgada na sociedade em geral: o trabalho
di­gnifica o homem. Essa foi embalada pela constatação de que o traba-
lho era a fonte de toda a riqueza e, portanto, não poderia mais ser tra-
tado como uma ação vergonhosa, mas sim enobrecedora do ser humano.

A 1a Revolução Industrial ocorreu no século XVIII na Inglaterra,


trazendo mudanças de toda ordem: política, social e também para o
trabalho, pois foram inventadas as máquinas movidas a vapor. Na
2a Revolução Industrial, ocorrida na segunda metade do século XIX,
as inovações foram ainda maiores, com a descoberta da eletricidade.

Já no Brasil, a industrialização iniciou-se apenas no final do século


XIX, muito tardiamente em relação a outros países. Isso aconteceu
porque Portugal, como país colonizador, não permitia a instalação de

158
Trabalho – Unidade 1

fábricas em sua colônia, o Brasil; dessa forma, obrigava-nos a com-


prar seus produtos manufaturados.

É também por essa razão que a industrialização no País é denomi-


nada retardatária, visto que aqui começou quando já estava avançada
em outras partes do mundo.

O número de postos de trabalho nos centros urbanos brasilei-


ros expandiu-se de forma acentuada com a industrialização do País.
O processo de industrialização, por sua vez, teve início no período em
que a produção de bens materiais (carros, geladeiras, fogões, roupas
etc.) passou a ser feita mediante a utilização de maquinário.

A industrialização no Estado de São Paulo desenvolveu-se em fun-


ção do acúmulo de grandes capitais promovido pela lavoura cafeeira
durante o ciclo do café.

O café, como outros produtos e matérias-


Você sabia que a Grande Depressão também é
-primas exportados ou importados, sofreu for- conhecida como a Crise de 1929?
tes variações de preço no mercado internacional. Após a 1a Guerra Mundial (que durou quatro anos,
de 1914 a 1918), os Estados Unidos da América
Na época de preços baixos, quando as lavou-
(EUA) eram o país mais rico do mundo, uma vez que
ras cafeeiras se tornaram pouco rentáveis, os a indústria bélica garantiu altos lucros durante a
proprietários desviaram seu capital para outras guerra, o mercado consumidor crescia e a economia
prosperava. No entanto, quando os países da Europa
atividades, como a industrial, os transportes, voltaram a produzir em grande escala, a economia
a financeira – em especial para aquelas que americana começou a dar sinais de cansaço, o que
afetou a exportação dos produtos estadunidenses,
tinham relação com a própria cultura do café principalmente os agrícolas. A crise na produção agrícola
(bancos, estradas de ferro, indústrias, usinas levou os proprietários a contrair dívidas elevadas,
tomando empréstimos dos bancos, o que desencadeou
etc.). Esse primeiro momento da industrialização uma falência generalizada dos produtores.
de São Paulo se deu entre fins do século XIX e A crise culminou com a quebra da Bolsa de Valores
as primeiras décadas do século XX, mais preci- de Nova Iorque. Essa situação afetou o Brasil, pois os
Estados Unidos eram o principal comprador de café.
samente até 1929, quando ocorreu a quebra da Na tentativa de conter a crise, o governo brasileiro
Bolsa de Valores de Nova Iorque, que acabou comprou toda a produção de café e queimou os grãos
estocados para a exportação.
gerando a Grande Depressão econômica.

Observe, no quadro a seguir, as alterações populacionais nas prin-


cipais cidades brasileiras entre 1872 e 1920:

Ano São Paulo Rio de Janeiro


1872 32 000 275 000
1920 579 000 1 158 000

Fonte: CANO, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. Campinas, 1975. p. 78. Tese de
Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000047403&fd=y>. Acesso em: 15 maio 2012.

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Trabalho – Unidade 1

Entre 1907 a 1939, o Rio de Janeiro, até então o maior centro


industrial e político do País, sofreu intensa queda na atividade indus-
trial, de quase 38% do total da produção do País em 1907 para 22%
em 1939, como pode ser evidenciado na tabela a seguir. O oposto se
deu em São Paulo, que, conforme os dados de 1919, passou a ocupar
o primeiro lugar na produção industrial brasileira, chegando, mais
tarde, a ser responsável por quase 50% de toda a produção industrial
nacional, conforme os dados de 1939. Nesse mesmo período, o Rio
Grande do Sul, que tinha uma participação similar à de São Paulo em
1907, também registrou decréscimo; Minas Gerais registrou aumento
em sua produção industrial, embora não tão intenso.

Concentração da produção industrial (em %)


São Rio de Minas Rio Grande
Ano Demais
Paulo Janeiro* Gerais do Sul
1907 15,9 37,8 4,4 13,5 28,4
1919 31,5 28,2 5,6 11,1 23,6
1939 45,4 22,0 6,5 9,8 16,3
* Cano (1975) apresenta os dados do Rio de Janeiro separadamente dos da Guanabara – utilizando a
nomenclatura Guanabara (1960-1975) para se referir à capital federal no começo do século XX. Aqui,
esses dados foram agrupados.

Fonte: CANO, Wilson. Raízes da concentração industrial em São Paulo. Campinas, 1975. p. 252. Tese de Doutorado.
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas. Disponível em: <http://www.
bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000047403&fd=y>. Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado).

Esse período da história marcou o fim da República Velha


República Velha
(1889-1930) e desencadeou fortes pressões sociais.
Período da história
brasileira compreendido
entre 1889, por ocasião
da proclamação da
Atividade 2 A Revolução de 1930
República, e 1930,
quando Getúlio Vargas 1. Em dupla, pesquisem na biblioteca ou na internet sobre a Revolu-
assumiu a presidência. ção de 1930, com o objetivo de responder às questões a seguir.
Foi um momento de
estabilidade política da a) O que foi a Revolução de 1930?
nação, com a criação dos
três poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário),
a divisão do país em
Estados e a promulgação
da Constituição de 1891.

160
Trabalho – Unidade 1

b) O que desencadeou essa revolução?

c) Quais foram os principais envolvidos nessa revolução?

2. Com base na pesquisa que realizaram, responda individualmente:


Por que esse evento é chamado de “revolução”?

A industrialização no Brasil pós-1930


Até 1930, a indústria brasileira limitava-se à produção de algodão
e açúcar e à fabricação de produtos de qualidade inferior com preços
reduzidos. Depois, o Brasil preparou-se para entrar em uma nova fase
de desenvolvimento, com base na industrialização; para isso, foi pre-
ciso também que o trabalho fosse regulado.

Assim, em 1932, a carteira de trabalho foi instituída, e, com ela,


alguns direitos sociais vinculados ao trabalho.

Nos anos 1940, o País pôs em marcha a construção de indústrias


de base, a exemplo da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta
Redonda (RJ). Apenas na década de 1950, foi criada a Petrobras.

A 2a Guerra Mundial, finalizada em 1945, aqueceu a economia


em diversos países, inclusive no Brasil.

161
Trabalho – Unidade 1

A forte expansão industrial de São Paulo atraiu para esse Estado


parte considerável do fluxo de migrantes que fugiam das fortes secas
que se abatiam sobre a região Nordeste, no final da década de 1950.
A existência abundante de trabalhadores em busca de emprego no
Estado facilitou a contratação pela indústria, mas a grande oferta de
trabalhadores colaborou para a manutenção dos baixos salários pra-
ticados no Estado.

Nesse mesmo período, houve também a integração da mulher


no trabalho em indústrias, o que também contribuiu para a manu-
tenção de baixos salários. (Vale lembrar que as mulheres lutam até
os dias atuais pela obtenção de salários ao menos iguais aos dos
homens.)

Ao lado dos migrantes (vindos, principalmente, do Nordeste) e


das mulheres, os imigrantes estrangeiros também participaram ativa-
mente nesse período de crescimento industrial em São Paulo, muitos
deles tendo trabalhado nas lavouras, outros tantos com experiência
em trabalho industrial em seus países de origem.

Esse cenário de aquecimento da economia, grande oferta de


trabalhadores e baixos salários favoreceu maior acumulação
de capital no setor industrial. Além disso, lucros maiores permiti-
ram o aumento do volume de investimentos em novos negócios ou
na expansão dos já existentes.
Se o desenvolvimento industrial de um país acontece de forma
diferenciada nas diversas regiões, é possível dizer que, no Brasil, a
expansão do parque industrial pelas distintas regiões foi mais que
diferenciada: foi desequilibrada. As outras Unidades da Federação
não dispunham das mesmas condições que levaram à industrialização
de São Paulo e, portanto, seguiram com sua economia baseada no
setor primário.
O café, com altos preços no mercado internacional, permitiu a
rápida acumulação de grandes capitais pelos fazendeiros paulistas,
que acabaram investindo na atividade industrial. Afinal, como se
viu anteriormente, ter capital excedente é a condição primeira para
o investimento na criação de empresas industriais. Além disso, o
desenvolvimento da indústria voltada à produção de máquinas e
investimentos em ferrovias, estradas e portos, bem como de políticas
industriais governamentais, também favoreceram a expansão indus-
trial no Estado de São Paulo.

162
Trabalho – Unidade 1

Os governos federal, estaduais e municipais têm papel im-


portante no desenvolvimento econômico, o que inclui o desen-
volvimento industrial, pois têm a competência para criar direta-
mente condições mais favoráveis à implantação de indústrias no
País, à medida que concedem isenção ou redução de impostos
para a indústria que se instala.

O poder público federal tem condições, ainda, de aumentar


os impostos sobre produtos importados para reduzir a entrada
deles e evitar a concorrência com os produzidos no Brasil. É
possível, ainda, conceder auxílios para a produção, como os fi-
nanciamentos com taxas de juros especiais, a oferta de imóveis
para a instalação de fábricas etc.

A atuação dos governos é também importante quando apli-


cam recursos em geração e distribuição de energia elétrica, de
gás, ou na infraestrutura de transportes – investindo nas ma-
lhas rodoviária, ferroviária, hidroviária, nos portos etc. –, assim
como na formação escolar regular e na qualificação profissional
da população. A formação das pessoas é uma área considerada,
cada vez mais, uma das mais importantes entre os fatores funda-
mentais para o desenvolvimento de um país.

Você sabia que o


prefeito de Nova Iorque
Atividade 3 A história do município (EUA) visitou São Paulo
durante a 2a Guerra
1. Em grupo, realizem uma pesquisa sobre a história do município Mundial?
em que moram, com base no roteiro a seguir. Do alto do Edifício
Martinelli, de onde se
• Como e quando foi criado o município? pode avistar toda a
cidade de São Paulo,
• A criação do município está relacionada ao surgimento ou ele disse ao olhar para
os bairros operários
desenvolvimento de alguma atividade econômica? Justifiquem Mooca e Brás:
a resposta. — Neste lado se trabalha.
• Houve mudança de atividade econômica no município? Pas- E, olhando para os bairros
de elite:
sou de agrário para industrial ou de serviços? — E neste se come.
• O trabalho se modificou no município? De que forma? Fonte: CARTA, Mino.
Histórias da Mooca com
2. Com base na pesquisa realizada, elabore individualmente, em seu a bênção de San Genaro.
Rio de Janeiro: Berlendis e
caderno, um texto sobre a história do município e sua atividade Vetecchia, 1982, p. 78.
econômica principal.

163
Trabalho – Unidade 1

Anos 1950, os chamados “anos dourados”


Jurandir e Nilda chegaram a São Paulo em 1954, momento em
que a indústria progredia.

A sensação para quem viveu essa época era de que tudo daria
certo para o Brasil, que, finalmente, engrenava no desenvolvimento.

Os anos 1950 ficaram conhecidos como os “anos dourados” pelas


fortes transformações vividas no Brasil em muitos aspectos: tecnológi-
cos, culturais e comportamentais.

Além do sentimento de crescimento e desenvolvimento econô-


mico, a construção de Brasília e o surgimento da televisão, entre
outros fatores, fizeram com que essa década fosse considerada dife-
renciada em relação às anteriores.

O final da 2a Guerra Mundial trouxe alívio para todos


Você sabia que a marchinha
O retrato do velho foi feita para os países, e os Estados Unidos, que vinham sistematicamente
ressaltar o sentimento que investindo no Brasil, voltaram sua atenção à reconstrução
Getúlio Vargas despertava
no povo? da Europa, dizimada pela guerra.
A população reconhecia a
regulamentação dos direitos Em 1950, Getúlio Vargas elegeu-se presidente da Repú-
sociais, mas desconhecia as blica. Ele já havia ficado no poder por 15 anos (entre 1930
razões que o levaram a tomar tais
decisões. A indústria necessitava
a 1945) e era conhecido como o “pai dos pobres”.
de um setor mais regulado,
com delimitações precisas para
Ele criou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
fazer frente à concorrência e o Ministério do Trabalho; por essa razão, os trabalhado-
internacional já existente.
res passaram a ter sua jornada de trabalho regulamentada,
férias anuais etc.
© Luciana Whitaker /Olhar Imagem

Mas também era chamado, pelos mais críticos, de “mãe


dos ricos”, pois os favores e benefícios concedidos aos
empresários superavam o que havia feito aos menos favo-
recidos.
Pergunte às pessoas que tenham hoje 70 anos ou mais.
Era comum naquela época ver o retrato de Getúlio Vargas
nas paredes dos açougues, das farmácias e de outros estabele-
cimentos comerciais.
A popularidade de Getúlio Vargas baseada na ideia
Retrato presidencial de Getúlio
Vargas. Museu da República, Palácio de “pai dos pobres” rendeu-lhe uma marchinha de muito
do Catete, Rio de Janeiro (RJ).
sucesso.

164
Trabalho – Unidade 1

Atividade 4 Anos dourados


1. Em grupo, leiam um trecho do poema Morte e vida severina, de
João Cabral de Melo Neto, que ilustra a produção cultural dos
“anos dourados”, com forte crítica à desigualdade social.

Morte e vida severina


João Cabral de Melo Neto

[...]

ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE O QUE


DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE O LEVARAM AO CEMITÉRIO

— Essa cova em que estás,


com palmos medida,
é a conta menor que tiraste em vida.
— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
— Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
— É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
— É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
— É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca. [...]

MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007.
© by herdeiros de João Cabral de Melo Neto.

2. Qual é a crítica social apresentada no poema?

165
Trabalho – Unidade 1

3. Em grupo, discutam as questões: E se João Cabral de Melo Neto


resolvesse falar sobre a realidade social do trabalhador atual?
Como vocês acham que ficaria esse poema? Registre suas con-
clusões.

Atividade 5 Trabalho, política e economia nos anos 1950


1. Em dupla, façam uma pesquisa na biblioteca ou na internet sobre
os anos 1950 no Brasil, os “anos dourados”.

a) Quais eram os principais produtos fabricados no Brasil nesse


período?

b) Qual foi o presidente que tinha como lema a frase “50 anos
em 5”? O que isso significava?

166
Trabalho – Unidade 1

c) Havia emprego para todos nesse período? Por quê?

2. Organizem as principais ideias e apresentem-nas à turma.

Você estudou

Você conheceu, nesta Unidade, o início da trajetória de


Jurandir e Nilda, migrantes nordestinos que partem para
São Paulo em busca de melhores condições de vida.
Você estudou também que, após a quebra da Bolsa de Valo-
res de Nova Iorque, em 1929, foi deflagrada uma crise nos Es-
tados Unidos da América com reflexos na economia brasileira.
Com o término da 2a Guerra Mundial, houve um aquecimento
da economia em diversos países, inclusive no Brasil.
É importante lembrar que, para o desenvolvimento da indus-
trialização no Brasil, foi necessário haver capital acumulado ori-
ginado na economia cafeeira, para dar sustentação aos avanços
do setor industrial.
O sentimento presente nos anos 1950 era de que o País es-
tava no rumo certo do desenvolvimento; mas você estudará em
outra oportunidade as razões pelas quais o Brasil não conseguiu
obter o êxito esperado nos anos 1950, os “anos dourados”.

167
Trabalho – Unidade 1

Pense sobre

Leia a canção Três apitos, de Noel Rosa, e reflita sobre as condi-


ções de vida e de trabalho das operárias. Ela foi composta em 1933,
período estudado nesta Unidade. O momento da industrialização pro-
picia o surgimento da classe operária, retratada na canção.

Três Apitos (1933)


Noel Rosa
Quando o apito
Da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você

Mas você anda


Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê.

Você que atende ao apito


De uma chaminé de barro
Por que não atende ao grito tão aflito
Da buzina do meu carro?

Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé com agasalho
Nem no frio você crê...

Mas você é mesmo


Artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz réclame de você.

Nos meus olhos você lê


Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente impertinente
Que dá ordens a você.

Sou do sereno
Poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno
E você sabe por quê

Mas você não sabe


Que enquanto você faz pano
Faço junto do piano
Estes versos pra você.

168
O que é organização
2 do trabalho?

Nesta Unidade, o assunto é a organização do trabalho. Para melhor


compreender o tema, é preciso recorrer à história de Jurandir e Nilda,
que, finalmente, chegaram à cidade de São Paulo em 1954 e percebe-
ram as diferenças entre a paisagem do sertão e a da cidade grande.

Eles se instalaram provisoriamente na casa de conhecidos que já


estavam no município há mais tempo. A moradia ficava em um corre-
dor com várias portas, e todas as pessoas que viviam lá tinham vindo
do Nordeste, como eles. A solidariedade entre o grupo era forte, pois
todos, cada um à sua maneira, haviam feito a mesma viagem, nas
mesmas condições, e chegaram à cidade sem emprego. Todos ajuda-
ram os novos migrantes até a situação começar a se normalizar.

© Emidio Luisi/Editora Abril

169
Trabalho – Unidade 2

As condições de vida na Grande São Paulo nessa época eram bem


diferentes das conhecidas hoje. Praticamente, meio milhão de pessoas
moravam em residências sem luz elétrica, apenas ⅓ dos domicílios
contava com rede de esgoto e pouco mais da metade das casas eram
servidas de água.

Para iniciar...
Reflita sobre o que conhece a respeito da vinda dos migrantes
nordestinos para o Estado e/ou para o município de São Paulo e dis-
cuta com a turma:

• Quais condições de vida, moradia e emprego grande parte desses


migrantes vivenciou ao chegar ao Sudeste nos anos 1950?

• Que trabalho, em geral, eles conseguiam? Eram os mesmos tipos de


contrato, salário, condições de trabalho para homens e mulheres?

• Em que área trabalhava o migrante nordestino homem?

• A mulher migrante trabalhava nessa época? Se sim, em qual área?

A organização do trabalho
Taylorismo Pense em alguma atividade que você costuma fazer em casa: cozi-
Pensamento sobre nhar, higienizar o banheiro, consertar a porta do armário etc. Talvez,
a organização do
trabalho proposto pelo mesmo que inconscientemente, você se organize para fazer essas tare-
engenheiro mecânico fas: calcula o tempo que levará para fazê-las; verifica se tem todos
estadunidense Frederick
Taylor (1856-1915). os ingredientes para fazer um prato, ou se tem o parafuso certo, ou os
Metódico desde a produtos para a limpeza; e faz uma lista para não se esquecer de nada
infância, Taylor buscava
sempre a melhor nas compras. E avalia o resultado: o prato ficou bom, a limpeza ficou
maneira de executar adequada e assim por diante.
alguma tarefa. Contava
os passos de sua casa até
Se você considerar o trabalho realizado
© Bettmann/Corbis/Latinstock

a escola em diferentes
trajetos e, assim, nas indústrias, no comércio, nos serviços, verá
encontrava o caminho
mais curto a ser feito. que algumas situações são muito semelhantes.
Essa forma de pensar Mas, na empresa, a organização é estudada
o levou a observar o
trabalho de carregadores para que cada trabalhador faça mais em
de barras de ferro menos tempo. Essa foi a lógica arquitetada
e a criar uma nova
organização do trabalho. no início do século XX por Frederick Taylor,
As propostas de cujo pensamento ficou conhecido em todo o
Taylor influenciaram a Retrato de Frederick Taylor,
sociedade de forma geral. mundo como taylorismo. c. 1900.

170
Trabalho – Unidade 2

Como pensava Taylor, no início do século XX?


Taylor acreditava que os operários “faziam cera” no traba-
lho, conforme a própria expressão utilizada por ele, escondiam dos
patrões como realizavam cada atividade e eram contrários a produzir
diariamente tanto quanto fosse possível.

Ele também achava que os sindicatos tinham uma visão errada,


pois queriam que os operários trabalhassem menos e em melhores
condições.

Como uma solução para esse caso, desenvolveu o que chamou de


“organização científica do trabalho”.

Como era essa organização?


Taylor observou o trabalho dos carregadores de barras de ferro,
operários em grande parte provenientes dos países da Europa que se
encontravam em situação econômica difícil.

Havia 75 carregadores e cada barra pesava 45 quilos. Cada


homem carregava 12,5 toneladas de ferro por dia trabalhado.

Antes do Com o
taylorismo taylorismo

número de carregadores
© Gary Moon/Easypix

75 75

toneladas transportadas por dia


(1 tonelada = 1 000 quilos)
© Jesús Tarruella/Easypix

12,5 47

171
Trabalho – Unidade 2

Como ele conseguiu aumentar a produtividade?

• Segundo ele, uns planejam e outros executam o trabalho, ou seja,


ele compreendia que alguns eram destinados a pensar e outros a
executar. Por isso, havia a divisão entre os que pensavam como
carregar as barras e os que só utilizavam a força física.
• Com base na observação do trabalho, propôs o controle do tem-
po e dos movimentos, isto é: ele sabia que um movimento era
feito em “x” segundos e outro em “y” segundos. A intenção
era que o empregador tivesse controle sobre todo o processo de
trabalho e, assim, na visão de Taylor, os empregados não fariam
mais “cera”.
• O trabalhador precisava obedecer aos comandos, inicialmente fei-
tos por Taylor, sobre o momento e o tempo exatos de se mover,
sempre com a vigilância e a supervisão constantes das chefias.

Taylor, no entanto, considerou que nem todo carregador pode-


ria executar seu método e, assim, incluiu mais um item em sua lista
de procedimentos para obter a produção pretendida: a seleção cien-
tífica do trabalhador, acompanhada do devido treinamento para
realizar a tarefa tal como esperada por quem a planejou.

Ele observou o comportamento dos carregadores, pois, em


sua concepção, não seria qualquer operário que se submeteria às
exigências. Ele pesquisou o passado, o caráter, os hábitos e, prin-
cipalmente, as pretensões de cada trabalhador. Finalmente, ele
encontrou um imigrante holandês cujos hábitos lhe pareceram ade-
quados. Este estava construindo, ele mesmo, a casa para morar com
sua família. Fazia isso pela manhã; corria para o trabalho, onde
carregava barras de ferro; e, ao voltar para casa, continuava a cons-
trução. Todos diziam que esse operário era muito econômico. Esse
trabalhador reuniu as “qualidades” que Taylor desejava e recebeu
o nome de Schmidt.

Atividade 1 Schmidt e Taylor


1. Leia, na próxima página, o diálogo de Taylor com Schmidt, o
trabalhador que ele pretendia selecionar. Esse diálogo foi retirado
do livro Princípios de administração científica, que teve sua pri-
meira edição publicada em 1918.

172
Trabalho – Unidade 2

— Schmidt, você é um operário classificado?


— Não sei bem o que o senhor quer dizer.
— Desejo saber se você é ou não um operário classificado.
— Ainda não o entendi.
— Venha cá. Você vai responder às minhas perguntas. Quero saber se você é
um operário classificado, ou um desses pobres diabos que andam por aí. Quero
saber se você deseja ganhar $ 1,85 dólar por dia, ou se está satisfeito com $ 1,15
dólar que estão ganhando todos esses tontos aí.
— Se quero ganhar $ 1,85 dólar por dia? Isto é que quer dizer um operário
classificado? Então, sou um operário classificado.
— Ora, você me irrita. Naturalmente que deseja ganhar $ 1,85 por dia; todos
o desejam. Você sabe perfeitamente que isso não é bastante para fazer um operá-
rio classificado. Por favor, procure responder às minhas perguntas e não me faça
perder tempo. Venha comigo. Vê esta pilha de barras de ferro?
— Sim.
— Vê este vagão?
— Sim.
— Muito bem. Se você é um operário classificado, carregará todas estas barras
para o vagão, amanhã, por $ 1,85 dólar. Agora, então, pense e responda à minha
pergunta. Diga se é ou não um operário classificado.
— Bem, vou ganhar $ 1,85 dólar para pôr todas estas barras de ferro no
vagão, amanhã?
— Sim; naturalmente, você receberá $ 1,85 dólar para carregar uma pilha,
como esta, todos os dias, durante o ano todo. Isto é que é um operário classificado
e você o sabe tão bem como eu.
— Bem, tudo entendido. Devo carregar as barras para o vagão, amanhã, por
$ 1,85 dólar e nos dias seguintes, não é assim?
— Isso mesmo.
— Assim, então, sou um operário classificado.
— Devagar. Você sabe, tão bem quanto eu, que um operário classificado deve
fazer exatamente o que se lhe disser desde manhã à noite. Conhece você aquele
homem ali?
— Não, nunca o vi.
— Bem, se você é um operário classificado deve fazer exatamente o que este
homem lhe mandar, de manhã à noite. Quando ele disser para levantar a barra e
andar, você se levanta e anda, e quando ele mandar sentar, você senta e descansa.
Você procederá assim durante o dia todo. E, mais ainda, sem reclamações. Um
operário classificado faz justamente o que se lhe manda e não reclama. Entendeu?
Quando este homem mandar você andar, você anda; quando disser que se sente,
você deverá sentar-se e não fazer qualquer observação. Finalmente, você vem
trabalhar aqui amanhã e saberá, antes do anoitecer, se é verdadeiramente um
operário classificado ou não.

TAYLOR, Frederick. Princípios de administração científica.


São Paulo: Atlas, 1995, p. 45-46.

173
Trabalho – Unidade 2

2. Agora, responda às questões a seguir.

a) Qual é sua opinião sobre a entrevista feita por Taylor? O que


lhe pareceu conveniente? E o que lhe pareceu inconveniente?

Conveniente Inconveniente

b) Como são as entrevistas de emprego na atualidade? São di-


ferentes da feita por Taylor no momento da “promoção” de
Schmidt? Por quê?

c) O que achou das características valorizadas por Taylor (que


constam do texto Como era essa organização?, apresentado
às páginas 19-20) para encontrar o operário para a tarefa a
ser executada?

174
Trabalho – Unidade 2

3. Foi dessa forma que Taylor conseguiu praticamente quadruplicar


a produtividade no trabalho. Leia a seguir a opinião de Taylor
sobre Schmidt, mesmo sendo ele o operário ideal para o aumento
da produção:

Ora, o único homem, entre oito, capaz de fazer o trabalho, não tinha em
nenhum sentido característica de superioridade sobre os outros. Apenas era um
homem tipo bovino – espécime difícil de encontrar e, assim, muito valorizado.
Era tão estúpido quanto incapaz de realizar a maior parte dos trabalhos pesados.
A seleção, então, não consistiu em achar homens extraordinários, mas simples-
mente em escolher entre homens comuns os poucos especialmente apropriados
para o tipo de trabalho em vista.

TAYLOR, Frederick. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1995, p. 55.

Foto: © Fabio Praça

Clovis Graciano. História do Desenvolvimento Paulista, 1969. Detalhe de painel em azulejos na av. Rubem Berta, São Paulo, SP.

Para Taylor, portanto, era natural que alguns mandassem e outros


obedecessem, e os mandados deveriam ser do “tipo bovino”.

Tendo em vista que o objetivo de Taylor era aumentar a produti-


vidade e os lucros das empresas, faltava para ele, ainda, aperfeiçoar
seu método. Era necessário reduzir a quantidade de trabalhadores.

175
Trabalho – Unidade 2

Em outra experiência que realizou, ele conseguiu reduzir o


número de trabalhadores e o custo do carregamento diário, conforme
você pode observar na tabela a seguir:

Antigo sistema Com o taylorismo


Número de trabalhadores 400 a 600 140
Toneladas médias/dia/homem 16 59
Remuneração $ 1,15 $ 1,88
Custo do carregamento/tonelada $ 0,072 $ 0,033

Fonte: TAYLOR, Frederick. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1995, p. 59.

Atividade 2 Taylorismo hoje?


Como você pôde observar, o fenômeno da redução de pessoal não
é novo, pois esse é um dos motores que sustenta o capitalismo. Em
outras palavras, diminuir custos é um dos pilares para a acumulação
de capital.

1. Em grupo, revisem os princípios do taylorismo e expliquem com


suas palavras cada um deles.

2. Quais são, na opinião do grupo, os aspectos mais importantes na


lógica de trabalho elaborada por Taylor?

3. Discutam: Existe taylorismo hoje? Em quais situações o grupo


observa, ou não, a existência do taylorismo na atualidade? Em quais
ocupações vocês identificam esse modo de organização do trabalho?

176
Trabalho – Unidade 2

4. Pensem em uma ocupação: pedreiro, costureira ou qualquer outra


com a qual tenham contato ou experiência. Reflitam:

a) O taylorismo do início do século XX está presente na organi-


zação desse trabalho? Por quê?

b) As costureiras que trabalham em fábrica ou por conta própria


têm o trabalho organizado da mesma forma? Por quê?

Arquivo Romi

Linha de montagem do
Romi-Isetta, o primeiro
carro brasileiro, anos 1950.

5. Com auxílio do professor, você e sua turma poderão montar um


painel das ocupações e analisar como o taylorismo está, ou não,
presente no mundo do trabalho hoje.

E o Jurandir? Conseguiu emprego?


Nos anos 1950, conseguir emprego era mais fácil. Com a indús-
tria se desenvolvendo, faltavam trabalhadores. Jurandir começou a
trabalhar logo depois de se instalar em São Paulo, em uma indústria
que fabricava enceradeiras e aspiradores de pó. Mas tudo era novo, e
ele lia e escrevia com dificuldade. Como a divisão de tarefas era muito
grande naquela indústria, era preciso aprender apenas uma delas, e
isso exigia pouco conhecimento específico. Mesmo assim, Jurandir
queria fazer um curso de mecânica para mudar de emprego.

177
Trabalho – Unidade 2

Isso porque, com o crescimento da indústria automobilística, em


1956, foi instalada no ABC paulista a primeira fábrica de motores no
Brasil. Para que se tenha ideia dos avanços nesse ramo, havia no País,
no final dos anos 1950, uma população de 65 755 000 de pessoas e
321 150 veículos produzidos.

© Archive Pics/Alamy/Other Images


Nas palavras de Henry Ford:

O automóvel está destinado a fazer do Brasil


uma grande nação.
Indústria automobilística. Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/
conhecasp/historia_republica-industria-automobilistica>.
Acesso em: 15 maio 2012.
Retrato de Henry
Ford, c. 1910.

O fordismo na esteira do taylorismo


Fordismo talvez seja uma palavra mais familiar a você do que
taylorismo. O termo é derivado do nome de seu idealizador, Henry
Ford (1863-1947), empresário estadunidense da indústria automotiva.
Ford procurou aperfeiçoar o pensamento de Taylor. Ele concluiu
que se ganharia ainda mais tempo se as peças fossem até os operá-
rios, e não o inverso, como acontecia.
Além de arquitetar a esteira mecânica, Henry Ford teve outro
papel que trouxe consequências para todo o mundo. Ele construiu o
primeiro carro popular da história, o Ford T. Sua produção em série
deveria vir associada ao consumo em série, pois Ford tinha a convic-
ção de que a produção em massa reduziria os custos do automóvel e,
com isso, o preço final do produto seria menor.
© Hulton Collection /Getty Images

© Adrian Brown/Alamy/Other Images

Esteiras e trilhos aéreos com peças que abasteciam as linhas de Ford T, modelo mais conhecido no Brasil como Ford de Bigode.
montagem nas indústrias que adotavam o modelo fordista.

178
Trabalho – Unidade 2

Essas foram inovações importantes na organização do trabalho,


do ponto de vista da produção. No entanto, o trabalho ficou mais
intenso e sem pausas.

Veja a seguir como se deu a redução do tempo na montagem do


automóvel no fordismo:

Etapas Tempo de montagem de um veículo

Antes do taylorismo 12 horas e 30 minutos

Com o taylorismo 5 horas e 50 minutos

Com “treinamento” dos operários 2 horas e 38 minutos

Com a linha de montagem


1 hora e 30 minutos
automatizada (em 1914)

Fonte: GOUNET, Thomas. Fordismo e toyotismo na civilização do automóvel.


São Paulo: Boitempo, 1992, p. 19.

O filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, o Carlitos, ilus-


tra como era o trabalho nas fábricas: trabalho repetitivo, sem tempo Fica a dica
para um descanso mínimo entre uma tarefa e a próxima. É possível Se tiver oportuni­dade,
resumir o filme em três etapas principais: assista ao filme Tempos
modernos (Modern
times, direção de
A fábrica em que o perso- Charles Chaplin, 1936).
© AF archive/Alamy/Other Images
© Roy Export SAS

nagem trabalha conta com uma O longa-metragem


retrata de forma
esteira mecânica, na qual as
divertida as duras
peças se movem passando pelo condições de trabalho
trabalhador a certa velocidade, no avanço da
industrialização.
de modo que a máquina deter-
mina o tempo em que ele deve
apertar o parafuso.
© Pictorial Press Ltd/Alamy/Other Images
© Roy Export SAS

O trabalho repetitivo, com o


tempo para a realização da tarefa
manual sendo controlado e deter-
minado pelo tempo da máquina,
a pressão da chefia e o barulho
na fábrica comprometem a saúde
mental do personagem.

O personagem rebela-se contra o maquinário e é internado por


causa de acessos de loucura.

179
Trabalho – Unidade 2

A despeito do tom espirituoso do filme, não se pode negar que as


condições de trabalho eram tais como as apresentadas. O trabalha-
dor perdia mais uma vez o controle sobre a tarefa que executava: a
esteira rolante determinava o tempo em que cada uma delas deveria
ser realizada. Os locais eram inseguros e insalubres, ou seja, o ruído e
a poeira faziam mal à saúde dos operários.

Um século depois e mesmo com o avanço da tecnologia, o


ritmo, a intensificação do trabalho e a pressão por produtividade
ainda são aspectos nocivos à saúde do trabalhador. Portanto, é pre-
ciso ficar atento aos abusos que acontecem em nome do aumento
da produtividade.

Além disso, as condições insalubres de trabalho ainda permane-


cem em muitos locais.

Atividade 3 Pintando a fábrica


1. Observe o mural pintado pelo artista mexicano Diego Rivera.
© Bridgeman Art Library/Keystone
© 2012 Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust.Av.
Cinco de Mayo no 2. Col. Centro, Del. 06059, México, DF. Cuauhtémoc

Diego Rivera. Homem e máquina, 1932-1933. Afresco. Museu de Belas Artes de Detroit, EUA.

180
Trabalho – Unidade 2

Esse mural retrata as condições de trabalho na indústria automo-


bilística. O artista observou o dia a dia dos operários e buscou
mostrar alguns deles em certas etapas da produção.

Diego Rivera (1886-1957) foi um pintor mexicano cuja especialidade era a


pintura de grandes murais. Contava, por exemplo, a história de um povo, pois
acreditava que esse tipo de pintura permitia gravar na memória aspectos que são
ocultados ou esquecidos ao longo do tempo.
É reconhecido como artista comprometido com a luta por uma sociedade
mais justa.
Você poderá fazer uma visita virtual ao Museu Diego Rivera entrando no site:
<http://www.diegorivera.com>. Acesso em: 15 maio 2012.

2. Em grupo, analisem os detalhes da obra e discutam:

a) Quais foram os detalhes que mais chamaram a atenção do


grupo? Por quê?

b) Como eram as condições de trabalho na fábrica?

c) Com base no mural, como imaginam que deveria ser o am-


biente de trabalho?

181
Trabalho – Unidade 2

3. Organizem uma dramatização sobre como eram as condições


de trabalho e sobre as atitudes dos operários em relação a essas
condições.

O sentido do trabalho
Como foi estudado, o fordismo nasceu nos Estados Unidos da
América, embalado pelos mesmos princípios de Taylor.
Os operários, no entanto, percebiam que cada vez mais execu-
tavam um trabalho mecanizado e sem qualificação. Com isso, eles
passaram a optar por outras atividades que ainda garantissem maior
envolvimento com o trabalho.
Ford, percebendo a dificuldade em contratar funcionários, lançou
o seguinte plano:
• ofereceu salário de US$ 5 por dia (antes o pagamento era de US$ 2,5);
• estabeleceu jornada diária de 8 horas de trabalho.

No entanto, esse plano não era para todos. Assim como Taylor
aplicou uma “seleção científica do trabalhador”, as novas condições
de Ford eram apenas para os homens que tivessem certos hábitos
Fica a dica esperados pela empresa:
Se tiver oportunidade,
assista ao filme Revolução • não consumissem bebidas alcoólicas;
em Dagenham (Made
• provassem que tinham boa conduta; e
in Dagenham, direção
de Nigel Cole, 2010). • destinassem o salário totalmente à família.
A história é verídica e
retrata o trabalho das Henry Ford “inovou” mais uma vez e criou um departamento de
mulheres na fábrica da
Ford na cidade britânica serviço social para acompanhar a vida dos trabalhadores que desfru-
de Dagenham, em 1968. tavam desse tipo de contrato de trabalho.
No departamento de
tapeçaria da indústria, As visitas às casas dos operários fizeram com que praticamente ⅓
que ficava no subsolo,
sem ventilação, as deles (28%) perdesse essa condição.
operárias eram todas
mulheres. Por uma série É bom lembrar que, mesmo dobrando o salário e reduzindo a
de razões, elas resolvem
jornada de trabalho, Ford ainda conseguiu baratear o preço do carro.
entrar em greve, e os
carros sem bancos não
Para se ter ideia: o capital da empresa em 12 anos (1907-1919)
podiam ser vendidos. Foi
por causa dessa greve passou de US$ 2 milhões para US$ 250 milhões.
que o Reino Unido criou
a lei de igualdade de Foi nesse período que os trabalhadores se organizaram e que o
salários entre homens e
mulheres.
movimento sindical nos Estados Unidos deu importante passo para
sua consolidação, assunto que será tratado no próximo Caderno.

182
Trabalho – Unidade 2

Outras indústrias se expandi-

© SSPL/Getty Images
ram e passaram a utilizar os mes-
mos princípios de Taylor e Ford:
esteiras, controle dos tempos e dos
movimentos, trabalhos repetitivos
por um contramestre, atualmente
denominado nas empresas como
supervisor.

Trabalhadora em fábrica de
relógios na Inglaterra, sendo
observada por um contramestre.
Foto de 1946.

A jornada de trabalho sempre foi de 8 horas diárias?


Nem sempre foi assim. Durante a 1a Revolução Industrial,
não havia limite para a jornada diária de trabalho. Mesmo as
crianças trabalhavam 14, 16 horas por dia.
Foi em 1919 que a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) estabeleceu uma convenção que limitava a jornada de tra-
balho em 8 horas diárias e a semanal em 48 horas.
No Brasil, foram necessárias diversas lutas sindicais, inicia-
das no século XIX, para a conquista das 8 horas diárias. No
entanto, foi apenas em 1934 que a Constituição determinou a
jornada de trabalho de 8 horas diárias ou 48 semanais.
Atualmente, a jornada semanal de trabalho definida pela
Constituição Federal de 1988 é de 44 horas. Esse tema está sen-
do agora debatido, pois há forte pressão para que a jornada
legal seja limitada a 40 horas.
Na França, por exemplo, no auge da crise do emprego na
década de 1980, o governo determinou a redução da jornada
de trabalho semanal para 35 horas, com o intuito de criar mais
empregos.
Referência
DIEESE. Nota Técnica no 16. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/notatecnica/
notatec16ReducaoDaJornada.pdf>. Acesso em: 15 maio 2012.

183
Trabalho – Unidade 2

Você estudou

Esta Unidade dedicou-se ao estudo da organização do traba-


lho. São ideias elaboradas no início do século XX e que ainda
fazem parte do cotidiano do trabalho.

É possível perceber que o controle e a disciplina do trabalho


sempre estiveram presentes na história e constituem pilares im-
portantes para o aumento da produtividade.

Pense sobre

Foi possível perceber nesta Unidade que o trabalho sofre altera-


ções ao longo de sua história, mas pôde-se constatar como há tam-
bém aspectos que permanecem.

Era comum, no período fordista, as pessoas trabalharem em ape-


nas uma empresa até se aposentarem. Reflita: Por que, em sua opi-
nião, isso acontecia? E hoje, qual é a situação?

184
3 O trabalho feminino

Nesta Unidade, serão discutidas algumas características do traba-


lho feminino, a partir da história de Nilda, esposa de Jurandir.
Você deve lembrar-se de que o casal tomou a decisão de migrar,
levando em conta, principalmente, dois aspectos:
• a dificuldade de continuar morando e trabalhando no sertão de
Alagoas, região castigada pela seca e sem perspectiva na lavoura;
• a esperança de conseguir emprego e uma vida melhor em São Pau-
lo, cuja economia estava em expansão, com a instalação de novas
indústrias.

Para iniciar...
Considerando o que estudou até agora, reflita sobre as oportuni-
dades de trabalho em São Paulo que, nos anos 1950, estavam dispo-
níveis para o casal.

• Jurandir e Nilda teriam as mesmas condições de arrumar emprego


na indústria? Por quê?

• Se não fosse na indústria, quais outras possibilidades de trabalho


haveria para Nilda na capital nesse período?

A chegada a São Paulo


Era o ano de 1954. Nilda nasceu em 1930, ano em que Getúlio
Vargas assumiu o poder pela primeira vez. Quando se mudaram para
São Paulo, o presidente exercia aquele que seria seu último mandato,
entre 1951 e 1954. Nilda estava com 24 anos e tinha uma filha, Rosa,
em idade escolar, mas que ainda não tinha frequentado uma escola.

A primeira providência em São Paulo foi procurar trabalho para


Jurandir – que começou a trabalhar em uma indústria de enceradei-
ras. Logo em seguida, foi preciso arrumar um lugar para morar e,
assim, sair da casa dos conhecidos onde eles se hospedaram nos pri-
meiros meses, quando chegaram à cidade.

185
Trabalho – Unidade 3

Eles já sabiam que a vida em São Paulo era mais cara do que
a que levavam no Nordeste, mas também sabiam que o salário na
fábrica superava o que ganhavam em Alagoas.
Além de remunerar o trabalho daqueles que estavam contrata-
dos, o emprego na indústria, por ser formal, com carteira assinada,
assegurava alguns direitos e deveria ser suficiente para os gastos com
alimentos, moradia, transporte etc. do trabalhador e de sua família.
Se a industrialização aconteceu no Brasil de forma tardia, a formação
da chamada “sociedade salarial” no País também ocorreu tardiamente.
A vinda de Nilda e Jurandir para São Paulo aconteceu nesse
perío­­do em que era importante para o capitalismo que os trabalhadores
estivessem integrados à sociedade de consumo – com recursos suficien-
tes para consumir os bens que começavam a ser produzidos em larga
escala. Na prática, isso significava: morar na periferia; usar transporte
público escasso e insuficiente; comprar alimentos para o dia a dia; saber
ler e escrever e, assim, poder votar e ler uma instrução de trabalho.
Para Jurandir tudo parecia mais fácil.
E Nilda? Ela cresceu ouvindo e vendo que o papel da mulher era
ser dona de casa, cuidar das crianças e trabalhar na roça. E para isso
não era preciso aprender a ler e a escrever: mulher não era para “tra-
balhar fora”. Mas, como a vida na cidade grande não era fácil, ela
devia trabalhar para compor o orçamento da família.
Na década de 1950, a mulher tinha participação limitada no mer-
cado de trabalho: apenas 14,6% das mulheres eram economicamente
ativas. Mesmo 20 anos depois, essa participação ainda era de 18,6%
(cf. CARDOSO, Irede. Mulher e trabalho: as discriminações e as
barreiras no mercado de trabalho. São Paulo: Cortez, 1980).
É o mesmo que dizer que, em cada grupo de 10 mulheres,
uma mulher e meia estava no mercado de trabalho na década de 1950
e, em 1970, pouco menos de duas.
© D`Livros Editorial

Esquema do percentual feminino no mercado de trabalho, em 1950.

186
Trabalho – Unidade 3

Atividade 1 A mulher e o trabalho


1. Em grupo, discutam as questões a seguir. Registrem as conclusões.

a) Na opinião do grupo, qual era o papel da mulher na sociedade


nos anos 1950? Procurem pensar em termos de trabalho dentro
e fora de casa, no cuidado dos filhos, dos idosos e dos enfermos.

b) E na atualidade: Qual é o papel da mulher? O que houve de


transformação? O que ainda permanece igual?

2. Organizem uma dramatização sobre o tema. Para isso, sigam


os passos abaixo:

a) Onde a cena acontece?

b) Quem são os personagens?

c) Qual é a mensagem que querem transmitir para a turma?

d) Quem registra os diálogos? O que cada personagem dirá?

187
Trabalho – Unidade 3

Voltando à história de Nilda...


Nilda refletia sempre, com ela mesma, se o papel da mulher deveria
ser esse: de cuidar de tudo, de não trabalhar fora de casa, de não divi-
dir o trabalho doméstico com o marido.

No entanto, viver em São Paulo talvez trouxesse uma possibilidade


de começar a trabalhar, ter o próprio dinheiro e participar das econo-
mias da família.

Como foi analisado na Unidade 2, a industrialização em tempos


de fordismo trazia consigo outra face: o consumo.

As propagandas ganharam nova força com a diversificação de


produtos que estavam sendo fabricados e, nelas, o papel da mulher
também era destacado.

Atividade 2 A propaganda e a mulher


1. Observe atentamente os detalhes das duas propagandas a seguir:

Propaganda 1 – Anos 1950 Propaganda 2 – Anos 2000


© The Advertising Archives

© Shawn Roberts/123RF

188
Trabalho – Unidade 3

2. Em dupla, discutam o que essas propagandas têm em comum se


for considerado o trabalho da mulher?

3. Leiam a seguir um assunto frequentemente publicado em jornais e


revistas femininas da década de 1950:

É preciso saber estimular as crianças com brinquedos e brincadeiras adequadas.


Para as meninas, os brinquedos que despertam o sentido de ser mãe desde a
mais tenra idade são os mais acertados. A boneca terá os cuidados de um bebê, as
panelinhas trarão o gosto pelo dever de cozinhar.
Para os meninos, são importantes brincadeiras que enalteçam sua coragem e,
assim, serão mais preparados para assumir o papel de chefes da futura família.

a) As propagandas, as revistas e os jornais auxiliavam na cons-


trução de um modelo feminino. Como vocês veem as propa-
gandas de hoje?

b) Na opinião da dupla, como é a divisão das tarefas domésticas


entre homens e mulheres na atualidade?

c) Por que existe essa divisão?

4. Compartilhem suas opiniões com a turma.

189
Trabalho – Unidade 3

Os passos de Nilda
Nilda começou a auxiliar uma costureira, inicialmente pregando
botões e fazendo chuleado. Assim, ela dava os primeiros passos para
tentar um trabalho na capital e, quem sabe, depois conseguir um
emprego na indústria têxtil, que contratava muitas mulheres nessa
época, caso não pudessem trabalhar por conta própria.
© Akg-images/Latinstock

A costureira na máquina de
costura, litogravura de autor
anônimo de 1900.

O momento era de mudanças: a indústria têxtil estava substituindo


os teares manuais pelos mecânicos. Com essa mudança de tecnologia,
as mulheres estavam sendo demitidas, e os homens eram, agora, empre-
gados em maior número.
Para Nilda, era difícil conciliar o trabalho e os cuidados com a filha
e a casa. Assim que aprendeu o serviço de costura, começou a levar o
serviço para ser feito em casa. Mas ela já percebia que gostava do que
fazia e que precisaria aprender mais.
A condição de trabalho de Nilda era muito diferente da de Juran-
dir. Ele era um trabalhador assalariado, e ela trabalhava por conta
própria, prestando serviço para a costureira.

190
Trabalho – Unidade 3

É possível perceber as principais diferenças entre o trabalho de


Jurandir e o de Nilda, e mesmo o dela em relação a uma costureira
formalmente empregada:

Trabalho assalariado

• Salário fixo e predeterminado.

© João Prudente/Pulsar Imagens


• Contrato de trabalho.
• Trabalho regulado: tempo marcado para realizar
cada tarefa, tempo de descanso, hora de entrada
e de saída.
• Direitos, como férias, descanso remunerado etc.
• Existência, na maioria das vezes, de um coletivo
de trabalho, colegas com os quais se pode discutir
sobre as tarefas, as condições salariais e
de trabalho.

Trabalho por conta própria

© Marcovarro/123RF
• Remuneração variável, quando há serviço.
• Ausência de contrato de trabalho e dos direitos a
ele vinculados.
• Horários irregulares, sem início e término fixados;
trabalho noturno ou mesmo na madrugada, pois
responde-se à demanda de trabalho.
• Geralmente, realizado sozinho e sem uma
referência coletiva.

O trabalho por conta própria pode ocultar o trabalho informal.


Por quê?

O governo federal adota como definição de trabalho por conta


própria:
[...] a pessoa que trabalha explorando o seu próprio empreendi-
mento, sozinha ou com sócio, sem ter empregado e contando, ou
não, com ajuda de membro da unidade domiciliar em que reside
como trabalhador não remunerado.

IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_


visualiza.php?id_noticia=1134&id_pagina=1>. Acesso em: 15 maio 2012.

191
Trabalho – Unidade 3

Relembrando a história de Nilda, nota-se que ela prestava ser-


viço à outra costureira, e ambas estavam na informalidade, sem
carteira assinada e, portanto, sem os direitos vinculados ao tra-
balho. Nilda percebeu as dificuldades para encontrar um trabalho
formal e começou a pensar que trabalhar por conta própria pode-
ria ser uma saída. Trabalhar por conta própria no caso de Nilda
era muito diferente das possibilidades vivenciadas pelas mulheres
na atualidade.

Observe como a história do trabalho feminino traz raízes que


condicionavam a mulher a uma situação de submissão ao marido.
Em 1958, para a mulher que quisesse trabalhar por conta própria
eram necessários alguns critérios. Veja o que o Código Comercial
(Lei no 556/1850), que foi amplamente modificado em 2002, dizia:

Das Qualidades Necessárias para ser Comerciante(*)

Art. 1 – Podem comerciar no Brasil:

[...]

4 – As mulheres casadas maiores de 18 (dezoito) anos, com auto-


rização de seus maridos para poderem comerciar em seu próprio
nome, provada por escritura pública. As que se acharem separadas
da coabitação dos maridos por sentença de divórcio perpétuo, não
precisam da sua autorização.

[...]

Art. 28 – A autorização para comerciar dada pelo marido à mulher


pode ser revogada por sentença ou escritura pública; mas a revoga-
ção só surtirá efeito relativamente a terceiro depois que for inscrita
no Registro do Comércio, e tiver sido publicada por editais e nos
periódicos do lugar, e comunicada por cartas a todas as pessoas com
quem a mulher tiver a esse tempo transações comerciais.

(*) Obs.: Estes artigos foram revogados pela Lei no 10.406 de 10/01/2002 (Código civil).

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L0556-1850.htm>.


Acesso em: 15 maio 2012.

A mulher brasileira dessa época, assim como ainda é em alguns


países, só podia realizar certas ações mediante autorização do marido.
Ou seja, a ideia de que o casamento é uma relação de poder, no qual
quem dita as regras é o homem, está ainda presente na sociedade bra-
sileira, apesar das inúmeras conquistas das mulheres.

192
Trabalho – Unidade 3

Os passos do trabalho por conta própria


A regra fundamental a ser seguida quando se decide trabalhar
por conta própria consiste em saber como construir um plano de
negócios:
• Como o trabalho é feito.
• O custo do material, incluindo o cálculo da remuneração das ho-
ras trabalhadas.
• As ferramentas e os equipamentos necessários para a realização
do trabalho.
• As formas de empréstimo, caso seja preciso adquirir máquinas,
ferramentas e matérias-primas.
• A necessidade do espaço físico apropriado para a produção.
Por exemplo: se for cozinha, deve ter pisos e paredes adequa-
dos, conforme orienta a Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
ria; se for marcenaria, é preciso um espaço que comporte uma
bancada etc.
• As características dos clientes: quem é o público-alvo que compra-
rá seus produtos ou seus serviços.
• O mercado no qual irá atuar: Há muitas pessoas que já oferecem
o mesmo produto ou serviço? Se existe a oferta, como ela é? Meu
produto ou serviço oferece algum diferencial?

Atividade 3 A construção de um plano de negócios


Os itens que você acabou de ler fazem parte da construção de um
plano de negócios.
1. Em dupla, simulem a abertura de um negócio próprio.
a) Escolham uma atividade que poderia dar certo como um tra-
balho por conta própria: fazer salgadinhos, móveis, roupas,
reparos residenciais etc.
b) Procurem seguir os sete passos para pensar no “trabalho por
conta própria” e registrem no caderno as respostas a que
chegaram.
c) Vocês acrescentariam outros passos, além dos sete menciona-
dos? Quais? Por quê?
d) A qual conclusão chegaram: O negócio planejado é viável?
Vocês teriam um rendimento médio de quantos reais por mês
com esse negócio?

193
Trabalho – Unidade 3

2. Leiam o plano de negócios de outra dupla e analisem os pontos


fortes e fracos do plano e anotem suas observações.
3. Revejam o plano de negócios que vocês elaboraram, tendo como
referência o dos colegas, e verifiquem se mudariam algum dos as-
pectos.
4. Apresentem para a turma o plano de negócios elaborado por vo-
cês, assim como as etapas para implantar um negócio próprio.

O trabalhador autônomo
Para melhor compreender o trabalho por conta própria e o traba-
lho autônomo, é importante voltar ao significado das palavras “autô-
nomo” e “autonomia”.

Segundo o dicionário Aulete, “autônomo” é aquele:


1. Que tem (indivíduo, organização, instituição etc.) autonomia, a
capacidade e a possibilidade de governar ou administrar a si mesmo
segundo suas próprias regras ou normas, sem interferência externa.
2. Jur. A que ou a quem foi concedida (por autoridade, poder central)
liberdade de governar ou administrar a si mesmo segundo suas próprias
normas; INDEPENDENTE; LIVRE [antônimo: dependente, submisso].
Antônimo
3. Diz-se de trabalhador, profissional etc. que trabalha por conta
Palavras que indicam
o significado contrário própria, sem vínculo empregatício.
(ex.: autonomia –
dependência). Quando © iDicionário Aulete: <http://www.aulete.com.br>.
as palavras têm o
mesmo significado É fato que o trabalhador independente, o autônomo, conta, natu-
(ex.: autonomia e
ralmente, com maior liberdade em relação àquele que tem vínculo
independência), são
sinônimas. com um empregador. Apesar de ser verdadeira a afirmação de que há
maior autonomia nesse tipo de trabalho, não se pode esquecer de que
ele também não está inserido no conjunto de direitos relacionados ao
trabalho formalizado: se quiser ter uma aposentadoria, precisará fazer
economias ou pagar a previdência privada ou o INSS por conta pró-
pria, não terá Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, férias etc.,
conforme já visto anteriormente.

Microempreendedor individual (MEI)


Uma nova forma de contribuição foi criada pelo governo federal
para pessoas que trabalham autonomamente. Nessa modalidade, o
microempreendedor individual terá direito à previdência, com contri-
buição mensal referente a 5% do salário mínimo. Essa contribuição

194
Trabalho – Unidade 3

lhe dará direito à licença-maternidade e à aposentadoria após 15 anos


de contribuição, tendo a idade necessária para se aposentar. A família
também terá direito à pensão em caso de morte.
Esse profissional está dispensado do pagamento de taxas para
registrar a empresa, e também se necessitar de alvará de funciona-
mento. Todo esse processo de formalização é gratuito e tem como
custo apenas o pagamento mensal do INSS.
A formalização do empreendimento dá acesso aos serviços bancá-
rios, podendo o responsável solicitar financiamento nos bancos públi-
cos com tarifas mais reduzidas.
A formalização do negócio é feita pelo MEI, que dá direito tam-
bém a serviços de contabilidade gratuitos.

Você estudou

Nesta Unidade, você conheceu a trajetória de Nilda, história


típica da mulher migrante na década de 1950, conhecida como
“anos dourados”. Se, por um lado, Nilda precisava trabalhar
para ajudar no sustento da família, por outro, a participação da
mulher no mercado de trabalho não era bem-vista pela socieda-
de, por conta dos valores culturais da época no País.

Nilda encontra seu caminho trabalhando por conta própria.


Assim, você conheceu os sete passos fundamentais para cons-
truir um plano de negócios e evitar que a ideia de trabalhar por
conta própria fracasse.

Pense sobre

Os meios de comunicação auxiliam na construção de modelos.


No caso da mulher, as propagandas e as matérias nos jornais e nas
revistas reforçavam o lugar da mulher “cuidadora” e criticavam
aquelas que optavam pelo trabalho fora do lar, alertando para os
perigos de um casamento desastroso, dada a ausência feminina nas
atribuições domésticas.

E na atualidade, o que mudou? O que permaneceu?

195
Trabalho – Unidade 3

196
A qualificação profissional e a
4 Classificação Brasileira de Ocupações

Esta Unidade tem como objetivo discutir outros aspectos que


foram sendo desenvolvidos com a constituição da sociedade salarial,
impulsionada pelo avanço da industrialização no Brasil: a qualifica-
ção profissional e a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

Para iniciar...
Na atualidade, os noticiários divulgam com insistência o “apagão
de mão de obra”, a falta de profissionais com qualificação adequada
em diversos setores da economia.

Em sua opinião, o que é qualificação profissional? Qual é o público


que deve participar desse tipo de educação? Quem deve oferecer
esses cursos?

Fragmentos da história da qualificação profissional no Brasil


A partir do ano de 1909, iniciou-se, oficialmente, no Brasil, o cha-
mado ensino profissionalizante de caráter público e gratuito. O então
presidente da República, Nilo Peçanha, criou, por meio de decreto-lei,
unidades escolares para a formação de aprendizes e artífices.
O ensino a ser proporcionado por essas escolas tinha, na reali-
dade, outro objetivo além do de ensinar ou iniciar o aluno em uma
ocupação: ele pretendia, também, “formar” determinada “mentali-
dade” entre os que participavam dessa modalidade de ensino. Essa
mentalidade era orientada basicamente por dois valores: a disciplina
e o combate à ociosidade.
Leia um trecho do decreto-lei que menciona as intenções da edu-
cação profissional:
[...] não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o
indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir
hábitos de trabalho profícuo, que os afastará da ociosidade, escola
do vício e do crime, que é um dos deveres do Governo da República
formar cidadãos úteis à Nação.
Decreto-lei no 7.566 de 23 de setembro de 1909. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/decreto_7566_1909.pdf>. Acesso em: 15 maio 2012.

197
Trabalho – Unidade 4

A iniciativa estava, portanto, voltada para as pessoas mais


pobres da população. Ficou introduzida, então, uma questão ideo-
lógica: as pessoas mais pobres da população deviam não só adquirir
aptidões para trabalhar, como também ser disciplinadas e afastadas
do ócio.

O posicionamento assinado pelo presidente Nilo Peçanha deixou


transparecer uma visão marcada pelo preconceito a respeito das pessoas
pobres do País, as quais, segundo o decreto-lei, supostamente seriam
indisciplinadas e/ou ociosas.

Os candidatos preferenciais para o ensino profissionalizante deve-


riam ser menores de idade, desamparados e que não fossem “vicio-
sos” ou “insubordinados”. Ou seja, há, de um lado, a preocupação
social com os desamparados e, de outro, uma censura moral que hoje
poderia ser entendida como política de exclusão social.

É importante lembrar que, além das medidas oficiais feitas em


forma de leis e decretos, o pensamento da época terminava por atri-
buir ao ato de trabalhar certo caráter de punição, à medida que esta-
belecia que também poderiam ser incluídos nas vagas, em segundo
lugar, os menores expulsos das instituições públicas, assim como os
trazidos pelos pais por serem “malcomportados”. Seriam incluídos,
ainda, na educação profissional os mendigos desabrigados.

O segundo momento significativo da história da qualificação pro-


fissional dos trabalhadores no Brasil deu-se com a criação, também
por decretos-lei do presidente da República, Getúlio Vargas, nos anos
1940, de serviços de ensino oferecidos por instituições público-pri-
vadas. Foram criados o Serviço Nacional de Aprendizagem Indus-
trial (Senai) e, posteriormente, o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial (Senac), que, mais tarde, comporiam o que passou a ser
chamado “Sistema S”, integrado por 11 instituições semelhantes,
como o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e
o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Esse sistema é totalmente dedicado ao ensino voltado às neces-


sidades do empresariado, tanto do comércio quanto da indústria,
de modo a qualificar pessoas de acordo com a demanda. Atender
à demanda de produção significou se restringir ao saber-fazer, não
estendendo a formação para outras áreas do conhecimento que
pudessem ser de interesse dos estudantes e, em especial, que promo-
vessem a ampliação da capacidade reflexiva e do senso crítico.

198
Trabalho – Unidade 4

A criação desse sistema de

© Acervo SENAI-PR
ensino viria a proporcionar redu-
ção de custos, porque as empresas
individualmente deixariam de arcar
com as despesas para qualificar seus
funcionários. Dessa forma, foi possí-
vel distribuir as despesas desse pro-
cesso por todo o parque industrial
e comercial em cada Estado, já que
o “Sistema S” é, até hoje, mantido
por contribuição obrigatória sobre
a folha salarial por parte de todas as
empresas.
Alunos em curso de Mecânica
Geral–Eletricidade em escola do
De outro lado, a formação profissional frequentemente vem, na Senai do Paraná, 1953.
vida do trabalhador, a substituir a educação formal ou, muitas vezes,
o leva a interrompê-la, por não ter condições para obter ambas ao
mesmo tempo.

O ensino voltado para o trabalho sofreu modificações importan-


Você sabia que, nas
tes, principalmente a partir da última década do século XX. Nessa escolas profissionais,
época, organizações não governamentais, sindicatos de trabalhado- era comum soar o apito
da fábrica para indicar
res e movimentos populares, entre outras organizações e instituições, o início ou término das
passaram a atuar mais nesse campo. Isso se dá, entre outros motivos, aulas?
sobretudo pelo fato de o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), Além disso, várias
delas, que formavam
vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, passar a gastar funcionários para a
volumes muito maiores de verbas em programas de qualificação pro- indústria, não contavam
com sanitários femininos.
fissional dos trabalhadores, a partir de 1996.

Muitas dessas organizações trouxeram nova forma de entender a


qualificação profissional. A qualificação já não mais deveria ser orien-
tada exclusivamente para o conteúdo técnico. Deveria compreender,
também, outros aspectos da vida das pessoas no interior das comunida-
des, seja no campo ou na cidade, como as questões ligadas à cidadania.

Nesse sentido, a Constituição Federal dispõe expressamente em


seu artigo 205:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
Acesso em: 15 maio 2012.

199
Trabalho – Unidade 4

A lei que regula toda a educação no Brasil é chamada Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei no 9.394/1996. Nela
entende-se que a educação profissional é complementar ao ensino
regular e está dividida em três níveis:

1. Nível básico – refere-se a cursos de curta duração destinados à po-


pulação desempregada e com baixa escolaridade. Esse nível possui
características de educação não formal.

2. Nível técnico – pode ser realizado simultaneamente com o Ensino


Médio e sua certificação está ligada ao término, também, do En-
sino Médio regular.

3. Nível tecnológico – voltado para a formação de tecnólogos, é o


chamado pós-médio, pois, para cursá-lo, é preciso a conclusão
prévia do Ensino Médio.

Atividade 1 Educação formal, educação profissional


1. Em grupo, discutam e registrem as conclusões.

a) Quais são os motivos que tornam importantes a formação


escolar e a formação profissional para o desenvolvimento de
um país?

b) O que aconteceria se uma empresa se instalasse em uma lo-


calidade onde houvesse poucas pessoas alfabetizadas ou com
alguma formação ou experiência profissional?

200
Trabalho – Unidade 4

c) De quem é a responsabilidade de oferecer a educação for-


mal? E a responsabilidade de oferecer educação profissional?
Por quê?

2. Pesquisem se há oferta de cursos profissionalizantes no município


em que moram. Considerem o seguinte roteiro:
• Quem oferece os cursos?

• Quais cursos são propostos aos interessados?

• Por que esses cursos foram criados?

• Caso não haja oferta no município em que moram: Por que


não existem cursos profissionalizantes? Os estudantes se des-
locam até outro município para cursar esses programas?

3. Organizem os argumentos para cada resposta e apresentem à turma.

Um caso que talvez vocês tenham lembrado e que teve certa reper-
cussão na imprensa foi o da indústria da construção civil no auge de
sua produção, no ano de 2011, no município de São Paulo: a falta de
trabalhadores qualificados foi tão grande que foi preciso trazer pro-
fissionais de fora dos municípios da Grande São Paulo e de fora do
Estado para trabalhar no setor.

Uma situação como essa possibilita refletir sobre muitos aspectos


interessantes do mundo do trabalho nas cidades.

Atividade 2 Dificuldades na seleção


1. Em grupo, pensem em um setor que está tendo dificuldade para
contratar trabalhadores.

2. Discutam sobre esse setor com base no roteiro a seguir:

a) Quais as razões para um setor não conseguir contratar traba-


lhadores?

b) Na opinião do grupo, os trabalhadores analisam a empresa


e as condições de trabalho antes de se candidatarem à vaga?
Por quê?

201
Trabalho – Unidade 4

No quadro abaixo, registre a sua opinião e a do grupo.

Minha opinião

a) b)

Conclusão do grupo

a) b)

202
Trabalho – Unidade 4

3. Retomem a discussão do assunto, agora com mais elementos para


refletir, pois vocês pararam e analisaram vários aspectos que di-
ficultam a contratação. O desafio aqui é pensar o que as pessoas
que estiverem em uma das situações a seguir devem fazer para
obter um emprego.

Situação O que fazer para obter emprego?

Estar desempregado

Estar empregado, mas interessado


em mudar de ocupação

Estar empregado na mesma área e


interessado em mudar de posição ou
qualificação na mesma área

Querer ingressar em um setor com


grande necessidade de trabalhadores

Aproveitar as oportunidades de
contratação em um setor em
crescimento

Progredir trabalhando em um setor

Contar com a trajetória profissional no


momento da seleção

Aproveitar uma experiência profissional


anterior mesmo se candidatando a uma
vaga em outro setor e outra ocupação

A partir de 2008, o governo do Estado de São Paulo passou a


desenvolver ações diferenciadas para a qualificação profissional,
buscando contemplar as duas dimensões para a formação do traba-
lhador: os conhecimentos gerais e os conhecimentos específicos para
cada ocupação.

203
Trabalho – Unidade 4

A decisão sobre quais cursos seriam oferecidos foi orientada por


um estudo do mercado de trabalho de cada região. Essa diferenciação
dos cursos foi necessária para casar a oferta de emprego com a for-
mação dos desempregados para, assim, aumentar as chances de voltar
ao mercado.

© Imagebroker/Alamy/Other Images

Serralheiro e seu aprendiz em foto de 2007.

Para isso, foram desenvolvidos pelo governo do Estado de São


Paulo, livros e vídeos para que o aprendizado fosse mais prazeroso
e eficaz.

A Classificação Brasileira de Ocupações: o que faz cada


trabalhador?
Uma ocupação compreende vários aspectos: quais tarefas cabem
ao trabalhador realizar de fato; quais são a escolaridade e a quali-
ficação profissional necessárias para o trabalho; quais conhecimen-
Você sabia que a tos necessários devem ser previamente adquiridos para realizar tais
descrição de cada
ocupação da CBO é
tarefas; onde o trabalhador pode atuar e quais são as condições de
feita por trabalhadores trabalho em cada ocupação.
que atuam no ramo e,
portanto, conhecem Esse conjunto de detalhes está previsto na Classificação Bra-
bem a profissão?
sileira de Ocupações (CBO), documento de responsabilidade do
Você pode conhecer
esse documento na ínte- Ministério do Trabalho e Emprego, que define, atualmente, 2 422
gra acessando o site do ocupações.
Ministério do Trabalho e
Emprego no laboratório A CBO é importante por várias razões. Quando uma pessoa é
de informática. Dispo-
nível em: <http://www. contratada por uma empresa, a ocupação que exercerá é anotada na
mtecbo.gov.br>. Acesso “carteira profissional”, assim como no Livro de Registro de Empre-
em: 15 maio 2012.
gados da empresa. Cada ocupação tem suas definições claramente

204
Trabalho – Unidade 4

descritas na CBO, de modo que, se um trabalhador é solicitado a


realizar tarefas que não compõem a descrição oficial da ocupação,
possivelmente estará exercendo também alguma outra ocupação, além
daquela para a qual foi contratado.
Veja, por exemplo, a ocupação de pedreiro.
• Observe que ela leva um código (que deverá constar na carteira
profissional) e indica todos os profissionais que podem estar con-
templados nesse código:

7152-10 – Pedreiro

Entaipador, Entijolador, Estucador, Pedreiro de acabamento, Pedreiro de con-


creto, Pedreiro de fachada, Pedreiro de manutenção e conservação, Pedreiro de
reforma geral.

• Para cada ocupação haverá uma breve descrição das atividades que
serão complementadas em outro item, com o respectivo código:

7152: Trabalhadores de estruturas de alvenaria

Condições gerais de exercício


Vinculam-se a atividades da construção civil e a áreas de serviços gerais
em empresas industriais, comerciais ou de serviços. Os calceteiros e pedrei-
ros trabalham, na sua maioria, por conta própria. Os pedreiros de chaminés
industriais, de edificações, de mineração e de material refratário são predo-
minantemente assalariados. Trabalham sob supervisão permanente, exceto
o pedreiro que ocasionalmente tem seus trabalhos supervisionados. Podem
realizar atividades em grandes alturas, em locais subterrâneos ou confinados,
expostos a materiais tóxicos, radiação, ruído intenso, altas temperaturas e
poluição do ar.

• Consta a indicação da formação e da experiência necessárias:

Formação e experiência
O grau de escolaridade exigido para atuar como profissional dessa área é o
Ensino Fundamental. O aprendizado, geralmente, ocorre no canteiro de obras
ou ainda pode ser obtido em escolas de formação profissional da área de cons-
trução civil. Para o pleno desenvolvimento das atividades requer-se experiência
entre um e dois anos. A(s) ocupação(ões) elencada(s) nesta família ocupacional
demandam formação profissional para efeitos do cálculo do número de apren-
dizes a serem contratados pelos estabelecimentos, nos termos do artigo 429 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), exceto os casos previstos no art. 10 do
Decreto no 5.598/2005.

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Trabalho – Unidade 4

• As áreas de atividades:

Atividades
Interpretar as ordens de serviço
Organizar o
Especificar os materiais a serem utilizados na obra
trabalho
Calcular os materiais a serem utilizados na obra
Selecionar os equipamentos de segurança
Preparar o local de
Providenciar o local para depósito de materiais e ferramentas
trabalho
Disponibilizar os materiais para a obra
Providenciar as formas para as fundações
Construir as Preparar o concreto
fundações Aplicar o concreto nas fundações
Confeccionar o arranque do pilar e a cinta de fundação

• Competências pessoais:

Coordenar trabalhos com outros membros da equipe


Trabalhar em áreas de risco
Trabalhar em grandes alturas
Obedecer às normas de segurança
Zelar pela qualidade do trabalho
Manter-se atualizado quanto às normas técnicas e de segurança
Preocupar-se com a produtividade
Comunicar-se com clientes, superiores e colegas de trabalho
Cuidar do material de trabalho
Cumprir as especificações do fabricante

• Recursos de trabalho:

Prumo de face Nível de bolha Chave de virar ferro


Trena Picareta Metro
Máquina de cortar
Talhadeira Ponteiro
material cerâmico
Camurça e desem-
Marreta Tesoura de cortar ferro
penadeira de feltro
Cavadeira Balde Enxada
Furadeira Martelo Picadeira
Esquadro Torquês Pá
Brocha Arco de serra Carrinho de mão
Prumo de centro Desempenadeira
Nível de mangueira ou
Régua de alumínio
borracha de nível

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em:


<http://www.mtecbo.gov.br>. Acesso em: 15 maio 2012.

206
Trabalho – Unidade 4

Esse documento é, portanto, de extrema importância tanto para


trabalhadores como para empregadores.

A CBO é atualizada regularmente de forma a contemplar as diver-


sas ocupações que surgem, de acordo com as inovações tecnológicas e
os novos setores da economia.

Atividade 3 Sua ocupação na CBO


1. Faça uma pesquisa na CBO sobre a ocupação que você exerce
hoje ou sobre a que você pretende exercer no futuro.

2. Observe como a ocupação é descrita: a escolaridade ou qualifica-


ção demandada pelo mercado; as condições de trabalho; o que se
espera de um profissional nessa área.

3. Em sua opinião, quais são os pontos positivos e negativos dessa


ocupação que pesquisou? Eles mudaram sua opinião sobre a ocu-
pação? Por quê?

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Trabalho – Unidade 4

Você estudou

Nesta Unidade, foram estudados alguns dos muitos aspec-


tos da qualificação profissional e como ela está vinculada ao
trabalho.

Você conheceu também o documento do Ministério do Tra-


balho e Emprego que descreve mais de 2 000 ocupações e é um
importante instrumento para o trabalhador, a fim de respeitar
os limites do contrato de trabalho.

Pense sobre

É importante lembrar que a educação profissional está direta-


mente ligada à desigualdade social presente na sociedade brasileira.
Desde o início dessa modalidade de ensino ela foi destinada aos
segmentos da população menos favorecidos.

Enquanto algumas camadas da sociedade têm acesso à educa-


ção regular de qualidade, outros segmentos são levados a frequentar
cursos profissionalizantes para que possam se inserir no mercado de
trabalho.

E você: Gostaria de fazer algum curso profissionalizante? Por quê?

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