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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO E


FUNDAÇÕES

SIDNEI DA SILVA FERREIRA

DIMENSIONAMENTO DE BLOCO SOBRE ESTACAS

SÃO PAULO
2016
SIDNEI DA SILVA FERREIRA

DIMENSIONAMENTO DE BLOCO SOBRE ESTACAS

Monografia apresentada ao curso de Estruturas


de Concreto e Fundações, Universidade
Cidade de São Paulo, como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista.

SÃO PAULO
2016
SIDNEI DA SILVA FERREIRA

DIMENSIONAMENTO DE BLOCO SOBRE ESTACAS

Monografia apresentada ao curso de Estruturas


de Concreto e Fundações, Universidade
Cidade de São Paulo, como requisito parcial
para obtenção do título de Especialista.

Área de concentração: Engenharia Civil


Data da apresentação: 17/07/2016

Resultado:______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico esse trabalho à minha família
querida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder força e entendimento para realizar


esse trabalho, à minha família que foi privada do meu tempo devido à dedicação para a
finalização deste, a meus professores e orientadores que me ajudaram a obter um pouco mais
de conhecimento e a todos meus companheiros de curso, que sempre estiveram juntos em
cada trabalho.
RESUMO

Blocos sobre estacas ou blocos de coroamento são elementos estruturais usados para transferir
as ações da superestrutura para um conjunto de estacas. São encontrados em infraestruturas de
pontes e edifícios. O conhecimento de seu real comportamento estrutural é de fundamental
importância, pois são elementos estruturais que garantem a segurança de toda a estrutura.
Ainda não há consenso no meio técnico quanto ao seu real comportamento estrutural; também
não se sabe a real forma geométrica das bielas de compressão no Estado Limite Último para a
aplicação do método biela-tirante, e falta normalização deste elemento estrutural; estes são
alguns aspectos que tornam este trabalho necessário. Pesquisa bibliográfica exploratória tendo
como objetivo contribuir para diretrizes de projeto, foram apresentados os critérios utilizados
nos projetos de blocos sobre estacas, demonstrando em forma de roteiro os passos para os
cálculos dos blocos. Conclui-se que o trabalho é de grande relevância, pois auxiliam no
desenvolvimento do cálculo de blocos de fundações.

Palavras-chave: Blocos, Concreto Armado.


ABSTRACT

Blocks crowning on stakes or blocks are structural elements used to transfer the
superstructure of actions for a set of stakes. They are found in infrastructure of bridges and
buildings. The knowledge of its real structural behavior is of fundamental importance
because they are structural elements that guarantee the safety of the whole structure. there is
no consensus on the technical means as to its real structural behavior; also do not know the
real geometry of the compression struts in the ultimate limit state for applying the rod-rod
method, and lack standardization of this structural element; these are some aspects that make
this necessary work. Bibliographical research as a contribution to design guidelines, the
criteria used were presented in packs of projects on stilts, demonstrating in script form the
steps to the calculations of the blocks. It is concluded that the work is of great importance
because they help in the development of calculus foundation blocks.

Keywords: Caps, Reinforced Concrete.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

1.1 Objetivo.......................................................................................................................... 12

1.2 Metodologia ................................................................................................................... 12

2. DEFINIÇÃO ....................................................................................................................... 13

3. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DOS BLOCOS RÍGIDOS .............................. 14

4. MODELOS DE CÁLCULO .............................................................................................. 15

5. MÉTODO DAS BIELAS ................................................................................................... 16

6. BLOCO SOBRE UMA ESTACA ..................................................................................... 17

7. BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS .................................................................................. 20

7.1 Altura Útil ...................................................................................................................... 22

7.2 Verificação das Bielas ................................................................................................... 23

7.3 Armadura Principal ..................................................................................................... 24

7.4 Armaduras Complementares ....................................................................................... 25

7.5 Ancoragem da Armadura Principal e Comprimento do Bloco ................................ 26

8. BLOCOS SOBRE TRÊS ESTCAS ................................................................................... 28

8.1 Tensão de compressão nas bielas junto ao pilar ........................................................ 30

8.2 Tensão de compressão nas bielas junto à estaca ........................................................ 31

8.3 Armadura segundo as medianas ................................................................................. 32

8.4 Armadura segundo os lados ......................................................................................... 33

8.5 Armadura em malha .................................................................................................... 34

9. BLOCO SOBRE QUATRO ESTACAS ........................................................................... 35

9.1 Altura Útil ...................................................................................................................... 36

9.2 Verificação das Bielas ................................................................................................... 36

9.3 Armadura Principal ..................................................................................................... 37

9.3.1 Na Direção das Diagonais ...................................................................................... 38

9.3.2 Na Direção das Diagonais e Paralela aos Lados ................................................... 39


9.3.3 Paralela aos Lados e em Malha .............................................................................. 40

9.4 Armaduras Complementares ....................................................................................... 41

10. BLOCO SOBRE CINCO ESTACAS ............................................................................. 42

10.1 Bloco com uma Estaca no Centro (Bloco Quadrado) .............................................. 42

10.1.1 Altura Útil .............................................................................................................. 42

10.1.2 Verificação das Bielas ........................................................................................... 43

10.1.3 Armadura Principal .............................................................................................. 43

10.1.3.1 Armadura Principal Paralela aos Lados e em Malha........................44

10.2 Pilares Muito Retangulares........................................................................................ 44

10.3 Bloco em Forma de Pentágono .................................................................................. 46

10.3.1 Altura Útil .............................................................................................................. 47

10.3.2 Verificação das Bielas ........................................................................................... 47

10.3.3 Armadura Principal .............................................................................................. 48

10.3.4 Armaduras Complementares ................................................................................ 49

11. BLOCO SOBRE SEIS ESTACAS .................................................................................. 50

11.1 Bloco Retangular......................................................................................................... 50

11.2 Bloco em Forma de Pentágono .................................................................................. 50

11.2.1 Altura Útil .............................................................................................................. 51

11.2.2 Verificação das Bielas ........................................................................................... 51

11.2.3 Armadura Principal .............................................................................................. 51

11.3 Bloco em Forma de Hexágono ................................................................................... 53

11.3.1 Altura Útil .............................................................................................................. 53

11.3.2 Verificação das Bielas ........................................................................................... 54

11.3.3 Armadura Principal .............................................................................................. 54

11.3.3.1 Armadura Paralela aos Lados e em Malha....................................................54

11.3.3.2 Armadura na Direção das Diagonais e com Cintas Paralelas aos Lados.......56
12. BLOCO SOBRE SETE ESTACAS ................................................................................ 57

13. MÉTODO DO CEB-70 .................................................................................................... 58

13.1 Momentos Fletores ...................................................................................................... 59

13.2 Armadura Principal ................................................................................................... 60

13.3 Forças Cortantes ......................................................................................................... 60

13.4 Força Cortante Limite ................................................................................................ 62

13.5 Resistência Local à Força Cortante .......................................................................... 63

13.6 Armadura Principal em Bloco Sobre Três Estacas ................................................. 64

14. CONCLUSÃO................................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 67
10

1. INTRODUÇÃO

Os estudos técnicos e econômicos para uma construção são os que dão embasamento
para a definição do tipo de fundação. Inicialmente examina-se o tipo do solo e seus
parâmetros, ações incidentes e os tipos de fundações disponíveis em torno da região onde será
feita a construção, para então o projetista obter a melhor alternativa tecnicamente viável da
fundação.
São adotadas as fundações em estacas quando o solo em suas camadas superficiais não
é capaz de suportar as ações originadas na superestrutura, sendo necessário, portanto, buscar
resistência em camadas profundas. Quando for necessária a utilização de fundação em
estacas, faz-se necessário a construção de outro elemento estrutural, o bloco de coroamento,
também denominado bloco sobre estacas. Da mesma forma para os casos de fundação
utilizando tubulões também há necessidade de blocos de coroamento para que seja feito a
transferência das ações.
Os blocos sobre estacas são elementos com um sistema de funcionamento complexo,
pelo fato de todas as suas dimensões possuírem a mesma ordem de grandeza e devido ao seu
comportamento mecânico. O conhecimento do real comportamento dos blocos é de extrema
importância, tendo em vista que geralmente não é possível a inspeção visual dos blocos em
serviço.
Os métodos para dimensionamento destes elementos utilizados até os dias atuais se
tratam de modo simplificado, além disso, há diferentes parâmetros adotados pelas normas e
processos. A norma brasileira NBR 6118 (2003) considera os blocos sobre estacas como
elementos estruturais especiais, que não respeitam a hipótese de seções planas, por não serem
suficientemente longos para que se dissipem as perturbações localizadas. Classifica o
comportamento estrutural de blocos em rígidos ou flexíveis. No caso de blocos rígidos o
modelo estrutural adotado para cálculo e dimensionamento deve ser tridimensional, linear ou
não, e modelos de bielatirante tridimensionais, sendo esses últimos os preferidos por definir
melhor a distribuição de forças nas bielas e tirantes. A NBR-6118 (2003) não fornece em seu
texto um roteiro e informações suficientes para que se façam verificações e o próprio
dimensionamento destes elementos.
O código americano ACI-318 (1994) adota hipóteses bem simplificadas para o
dimensionamento de blocos. Recomenda o uso da teoria da flexão e a verificação da altura
11

mínima do bloco para resistir à força cortante. Define como bloco rígido aquele em que a
transferência de forças se dá por meio do modelo de bielas e tirantes.
Os métodos usuais empregados para o projeto de blocos sobre estacas utilizados pelo
meio técnico no Brasil são os Métodos do CEB-FIP (1970) e o das Bielas. O método das
Bielas, que foi desenvolvido considerando análise de resultados experimentais de modelos
ensaiados por BLÉVOT (1967), considera no interior do bloco uma treliça composta por
barras tracionadas e barras comprimidas. As forças de tração que atuam nas barras horizontais
da treliça são resistidas pela armadura enquanto que as de compressão nas bielas são resistidas
pelo concreto. Consiste no cálculo da força de tração e na verificação da tensão de
compressão nas bielas. É recomendado para ações centradas, mas pode ser empregado no caso
de ações excêntricas, desde que se admita que todas as estacas estejam submetidas à maior
força transferida.
O Método do CEB-FIP (1970) é aplicável a blocos cuja distância entre a face do pilar
até o eixo da estaca mais afastada varia entre um terço e a metade da altura do bloco. O
método sugere um cálculo à flexão considerando uma seção de referência interna em relação à
face do pilar e distante desta 0,15 da dimensão do pilar na direção considerada. Para
verificações da capacidade resistente à força cortante, define-se uma seção de referência
externa distante da face do pilar de um comprimento igual à metade da altura do bloco, e no
caso de blocos sobre estacas vizinhas ao pilar a seção é considerada na própria face do pilar.
Uma análise criteriosa para definir o comportamento estrutural de blocos sobre estacas
é a que considera o modelo de bielas e tirantes, afinal, trata-se de regiões descontínuas onde
não são válidas as hipóteses de Bernoulli. No modelo de bielas e tirantes às verificações de
compressão nas bielas podem ser feitas com as considerações do Código Modelo do CEB-FIP
(1990), pois as regiões nodais têm geometria diferente das sugeridas por BLÉVOT (1967). O
modelo de bielas e tirantes pode ser adotado considerando o fluxo de tensões na estrutura,
utilizando o processo do caminho das cargas. Essas tensões podem ser obtidas por meio de
uma análise elástico-linear, utilizando métodos numéricos, como por exemplo, o método dos
elementos finitos.
Munhoz (2004) estudou o comportamento de blocos rígidos de concreto armado sobre
uma, duas, três, quatro e cinco estacas, submetidos à ação de força centrada. A partir de
análises numéricas, utilizando-se programa baseado no Método dos Elementos Finitos,
concluiu que o modelo de treliça utilizado em projetos é simplificado e foram feitas algumas
sugestões para a utilização de um modelo de bielas e tirantes mais refinado. A autora estudou
também a influência da variação da geometria de estacas e de pilares no projeto de blocos
12

sobre estacas.

1.1 Objetivo

Os objetivos deste trabalho são:


• Apresentar os métodos de dimensionamento de blocos sobre estacas adotados em
projeto, comparando-os com as recomendações das normas e com resultados de
ensaios encontrados na bibliografia;
• Sistematizar critérios para verificações e dimensionamentos de blocos sobre
estacas;
• Sistematizar um critério para a verificação da tensão de compressão na biela junto
ao pilar.

1.2 Metodologia

Foi realizada uma revisão bibliográfica exploratória, apresentando-se os métodos


usuais de cálculo e prescrições existentes em normas, relativos ao dimensionamento e
verificações de blocos sobre estacas. Nesta revisão bibliográfica constam resultados de
ensaios físicos, como os de Blévot (1967) e de Mautoni (1972), além de resultados com
modelos numéricos.
Foram expostos os critérios e métodos de projetos, que envolvem a classificação do
tipo do bloco, recomendações para as dimensões dos elementos, o detalhamento das
armaduras principais e secundárias, ancoragem das barras, entre outros. O modelo de bielas e
tirantes foi analisado, junto com as recomendações e verificações propostas por normas e por
autores consagrados.
Propõe-se um critério para o dimensionamento de bielas junto ao pilar para casos
usuais de blocos sobre estacas com geometrias regulares.
13

2. DEFINIÇÃO

Conforme a NBR 6118/03, item 22.5: “Blocos são estruturas de volume usadas para
transmitir às estacas as cargas de fundação, e podem ser considerados rígidos ou flexíveis por
critério análogo ao definido para as sapatas. No caso de conjuntos de blocos e estacas rígidas,
com espaçamento de 2,5f a 3f (onde f é o diâmetro da estaca), pode-se admitir plana a
distribuição de carga nas estacas. Para blocos flexíveis ou casos extremos de estacas curtas,
apoiadas em substrato muito rígido, essa hipótese pode ser revista.”
Os blocos sobre estacas podem ser para 1, 2, 3, e teoricamente para n estacas. Blocos
sobre uma ou duas estacas são mais comuns em construções de pequeno porte, como casas
térreas, sobrados, galpões, etc., onde a carga vertical proveniente do pilar é geralmente de
baixa intensidade. Nos edifícios de diversos pavimentos, como as cargas são maiores,
geralmente o número de estacas supera duas. Há também o caso de bloco assente sobre
tubulão, quando o bloco atua como elemento de transição de carga entre o pilar e o fuste do
tubulão (Figura 1).

Figura 1 – Bloco sobre: a) estacas; b) tubulão.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)


14

3. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DOS BLOCOS RÍGIDOS

Conforme a NBR 6118/03, o comportamento estrutural dos blocos rígidos é


caracterizado por:
a) “trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente
concentradas nas linhas sobre as estacas (reticulado definido pelo eixo das estacas, com
faixas de largura igual a 1,2 vez seu diâmetro);
b) cargas transmitidas pelo pilar para as estacas essencialmente por bielas de
compressão, de forma e dimensões complexas;
c) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruptura por
tração diagonal, e sim por compressão das bielas, analogamente às sapatas.”

A Figura 2 mostra as duas bielas de compressão inclinadas atuantes nos blocos sobre duas
estacas.

Figura 2 – Bielas de concreto no bloco sobre duas estacas.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)


15

4. MODELOS DE CÁLCULO

Como modelo de cálculo, a NBR 6118 demonstra preferência ao modelo de cálculo


chamado “biela-tirante” tridimensional, “por definir melhor a distribuição de esforços pelos
tirantes”, onde a biela é a representação do concreto comprimido e o tirante às armaduras
tracionadas.
No Brasil, dois modelos de cálculo são mais utilizados para o dimensionamento dos
blocos sobre estacas: o “Método das Bielas”, de Blévot (1967), e o método proposto pelo
CEB-70. Os dois métodos devem ser aplicados apenas nos blocos rígidos. No caso dos blocos
flexíveis, são aplicados métodos clássicos aplicáveis às vigas ou lajes.
16

5. MÉTODO DAS BIELAS

O método das bielas admite como modelo resistente, no interior do bloco, uma “treliça
espacial”, para blocos sobre várias estacas, ou plana, para blocos sobre duas estacas. As forças
atuantes nas barras comprimidas da treliça são resistidas pelo concreto e as forças atuantes nas
barras tracionadas são resistidas pelas barras de aço (armadura). A principal incógnita é
determinar as dimensões das bielas comprimidas, resolvida com as propostas de Blévot
(1967).

O Método das Bielas é recomendado quando:

a) o carregamento é quase centrado, comum em edifícios. O método pode ser


empregado para carregamento não centrado, admitindo-se que todas as estacas estão com a
maior carga, o que tende a tornar o dimensionamento antieconômico;
b) todas as estacas devem estar igualmente espaçadas do centro do pilar.

O método das bielas é o método simplificado mais empregado, porque:

a) tem amplo suporte experimental (116 ensaios de Blévot, entre outros);


b) ampla tradição no Brasil e Europa;
c) modelo de treliça é intuitivo.
17

6. BLOCO SOBRE UMA ESTACA

No caso de pilares com dimensões próximas à dimensão da estaca, o bloco atua como
e um elemento de transferência de carga, necessário por razões construtivas, para a locação
correta dos pilares, chumbadores, correção de pequenas excentricidades da estaca,
uniformização da carga sobre a estaca, etc. (Figura 3).
São colocados estribos horizontais fechados para o esforço de fendilhamento e estribos
verticais construtivos.

Figura 3 – Bloco sobre uma estaca: esquema de forças e detalhes das armaduras.

(BLEVOT, J. 1967.)

.
18

Cálculo simplificado da força de tração horizontal (T) (Figura 3):

Valor de cálculo da força de tração:

Td = 0,25Pd

A armadura, na forma de estribos horizontais, para resistir a força de tração Td é:

Geralmente adotam-se para os estribos verticais, nas duas direções do bloco, áreas
iguais à armadura principal As (estribos horizontais).

Para edifícios, a dimensão A do bloco pode ser tomada como:

A = φe + 2 · 10 cm

ou 15 cm ao invés de 10 cm.

Para construções de pequeno porte, com cargas baixas sobre o bloco (casas, sobrados,
galpões, etc.):

A = φe + 2 · 5 cm

Exemplo: pilarete de sobrado, φe = 20 cm, Figura 4.

- bloco 30 x 30 x 30 cm;
19

- neste caso o pilarete deve ter dimensão máxima ≤ 25 cm. Para pilaretes com
dimensões maiores, deve-se aumentar as dimensões do bloco.

Figura 4 – Dimensões mínimas (em cm) sugeridas para bloco sobre uma estaca em construção
de pequeno porte com cargas baixas.

(BLEVOT, J. 1967.)
20

7. BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS

A Figura 5 mostra o bloco sobre duas estacas, com a biela de concreto comprimido e o
esquema de forças atuantes.

Figura 5 – Esquema de forças no bloco sobre duas estacas.

(BLEVOT, J. 1967.).

Do polígono de forças (Figura 6):


21

Figura 6 – Polígono de forças no bloco sobre duas estacas.

(BLEVOT, J. 1967.)

(força de tração na armadura principal, As)


22

7.1 Altura Útil

As bielas comprimidas de concreto não apresentam risco de ruptura por punção, desde
que:

Segundo Machado (1979):

Considerando os ângulos limites para α tem-se:

Para garantir a ancoragem à compressão da armadura longitudinal vertical do pilar:

A altura h do bloco é:
23

onde: aest = lado de uma estaca de seção quadrada, com mesma área da estaca de seção
circular:

7.2 Verificação das Bielas

A seção ou área (Figura 7) das bielas varia ao longo da altura do bloco e, por isso, são
verificadas as seções junto ao pilar e junto à estaca.

Figura 7 – Área da biela (Ab) de concreto comprimido.

(BURKE JR., 1976.)

No pilar:
24

Na estaca:

Ab = Ae sen α

onde: Ab = área da biela;


Ap = área do pilar;
Ae = área da estaca.

Considerando a equação básica de tensão tem se: , e a tensão de


compressão na biela, relativa ao pilar é:

Na estaca:

Para evitar o esmagamento do concreto, as tensões atuantes devem ser menores que as
tensões resistentes (máximas ou últimas). Blévot considerou:

KR = 0,9 a 0,95 = coeficiente que leva em consideração a perda de resistência do concreto ao


longo do tempo devido às cargas permanentes (efeito Rüsch).

7.3 Armadura Principal


25

Como Blévot verificou que, nos ensaios, a força medida na armadura principal foi 15
% superior à indicada pelo cálculo teórico, considera-se Rs acrescida de 15 %:

A armadura principal, disposta sobre a cabeça das estacas, é:

7.4 Armaduras Complementares

Armadura de pele e estribos verticais em cada face lateral:

Figura 8 – Largura B do bloco

B = largura do bloco em cm (Figura 8),


podendo ser tomado como:

B ≥ ϕe + 2 . 15cm
(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

Espaçamento da armadura de pele:


26

(de vigas na NBR 2118)

s ≥ 8 cm (recomendação prática)

Espaçamento dos estribos verticais:

-sobre as estacas:

-nas outras posições além das estacas: s ≤ 20 c

7.5 Ancoragem da Armadura Principal e Comprimento do Bloco

NBR 6118 (22.5.4.1.1) – Blocos rígidos: “As barras devem se estender de face a face
do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. Para barras com ϕ ≥ 20 mm, devem
ser usados ganchos de 135º e 180º.
Deve ser garantida a ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as
estacas, medida a partir da face das estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da
compressão transversal às barras, decorrente da compressão das bielas (ver seção 9).”
A ancoragem da armadura positiva do bloco deve ter no mínimo o comprimento de
ancoragem básico (lb), iniciada a partir da face da estaca próxima à extremidade do bloco,

como indicado na Figura 9. O gancho vertical da armadura pode ser considerado como parte
do comprimento de ancoragem necessário, porém, a distância da face externa da estaca à
borda extrema do bloco deve garantir uma boa ancoragem da armadura, de tal modo que o
comprimento do bloco pode ser estimado como:
l = e + ϕe + 2 · 15 cm (valores maiores que 15 cm pode ser analisados)
27

ou l = e +2ϕe + 2cnom

com cnom = cobrimento nominal da armadura.

Figura 9 – Ancoragem da armadura principal no bloco sobre duas estacas.

(NBR 6118, 2013)

Detalhamento das armaduras (Figura 10):

10 – Esquema do detalhamento das armaduras do bloco sobre duas estacas.

(NBR 6118, 2013)


28

8. BLOCOS SOBRE TRÊS ESTCAS

A rotina de projeto para blocos sobre três estacas é praticamente o mesmo que o
considerado para duas estacas, mas neste caso, a treliça é formada por três barras
comprimidas. Os tirantes são representados pela armadura, que pode ter diferentes arranjos.
O esquema estático considerado é mostrado na Figura 11.

Figura 11 – Modelo de cálculo sobre três estacas.

(MACHADO, 1979.)
29

a) Determinação da força de tração nas barras da armadura

Escrevendo as expressões que retratam o equilíbrio do polígono de forças e da


tangente do ângulo de inclinação da biela de concreto, têm-se:

Igualando-se as expressões determina-se a força de tração no tirante na posição


mediana:

b) Recomendações para a altura útil do bloco

O ângulo de inclinação entre o tirante e as bielas deve estar entre os limites:

45º ≤ ϴ ≤ 55º

Substituindo os valores de ϴ na expressão por seus valores limites, pode-se determinar


o intervalo de variação para a altura útil d:

c) Tensão de compressão nas bielas de concreto

Do polígono de forças pode-se escrever:


30

E, portanto:

8.1 Tensão de compressão nas bielas junto ao pilar

A relação entre as áreas da seção transversal do pilar (Ap) e da biela na base do pilar
(Abp) é definida por:

A tensão normal na biela junto ao pilar, obtida pela divisão da força na biela pela sua
área:

Substituindo em (4.26) as expressões (4.24) e (4.25), determina-se a mesma expressão


de tensão de compressão, calculada anteriormente para blocos sobre duas estacas, como
indicado na expressão (4.27).
31

8.2 Tensão de compressão nas bielas junto à estaca

A relação entre as áreas da seção transversal da estaca (Ae) e da biela junto à estaca
(Abe) é definida por:

A tensão normal na biela junto à estaca é obtida pela divisão da força na biela pela sua
área:

Substituindo as expressões, tem-se:

d) Verificação das tensões limites

As tensões calculadas precisam ser inferiores ao valor limite, definido.


O valor do coeficiente a sugerido por Machado (1985) para blocos sobre três estacas é
igual a 1,75.

e) Área das barras de armadura

No caso de bloco sobre três estacas pode-se ter diferentes arranjos de armadura,
conforme os ensaios de Blévot (1967).
32

8.3 Armadura segundo as medianas

Este tipo de arranjo apresenta alguns inconvenientes, como por exemplo, a


superposição de três feixes de barra no centro do bloco, além de propiciar maior número de
fissuras nas faces laterais do bloco, provocadas pela falta de apoio em uma das extremidades
das barras, que devem ser solucionadas colocando armadura de suspensão.

Figura 12 – Armaduras segundo as medianas.

(MACHADO, 1979.)

A força de tração definida para o dimensionamento de blocos com armaduras segundo


as medianas é a mesma definida anteriormente pela expressão:

As áreas das barras de armadura para este arranjo são calculadas por meio da
expressão acima.
33

8.4 Armadura segundo os lados

Os blocos com distribuição de barras segundo os lados apresentam menor número de


fissuras e menor área de armadura. Quando a força atuante no pilar se distribui espacialmente
entre três ou mais estacas as bielas se formam, de preferência, com as menores distâncias
entre estacas. Os tirantes devem ser dispostos sobre as estacas nas direções em que a distância
entre elas sejam menores. A sugestão dada por vários autores é que essas armaduras sejam
concentradas sobre as estacas e não distribuídas de modo uniforme pela largura do bloco.

Figura 12 – Armaduras segundo os lados

(MACHADO, 1979.)

A força de tração para o cálculo das barras de armadura disposta segundo os lados do
bloco é definida por:
34

A armadura é calculada por meio da mesma expressão definida anteriormente, mas


agora a força considerada é Rst1.

8.5 Armadura em malha

Os blocos com este tipo de arranjo de armadura são os que apresentam menor
eficiência, segundo os ensaios de Blévot (1967). Além disso, há comprimentos de barras da
armadura com dimensões diferentes, o que pode ser antieconômico e dificultar a execução.

Figura 13 – Armadura em malha.

(MACHADO, 1979.)

A força de tração calculada para a direção y é dada pela expressão acima. Na direção x
deve ser usada a expressão:
35

9. BLOCO SOBRE QUATRO ESTACAS

Pilar de seção quadrada, com centro coincidente com o centro geométrico do bloco e
das estacas (Figura 14).

Figura 14 – Bloco sobre quatro estacas.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

Para pilar retangular deve-se substituir ap por ap,eq :


36

9.1 Altura Útil

Deve-se ter: 45º ≤ α ≤ 55º

h = d + d’ ;

9.2 Verificação das Bielas

Tensão junto ao pilar:

, Ap = área do pilar

Tensão junto à estaca:

, Ae = área da estaca.
37

Tensão limite:

com 0,9 ≤ KR ≤ 0,95

Condição de segurança:

9.3 Armadura Principal

Há quatro tipos diferentes de detalhamento da armadura principal, indicados na Figura


15.

Figura 15 – Possíveis detalhes da armadura principal no bloco sobre quatro estacas.


38

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

O detalhamento mais usual na prática é o b) da Figura 15, sendo um dos mais


eficientes. Para evitar fissuras na parte inferior do bloco é acrescentada uma armadura inferior
em malha.
O detalhamento a) apresentou fissuras laterais excessivas já para cargas reduzidas. A
armadura apenas com malha (d), apresentou carga de ruptura inferior ao dos outros casos,
com uma eficiência de 80%, e o melhor desempenho quanto à fissuração.

9.3.1 Na Direção das Diagonais

A Figura 15-a e Figura 16 mostram esta forma de detalhamento da armadura principal.


O esforço de tração na direção das diagonais é:

A área de armadura, na direção de cada diagonal:


39

Figura 16 – Armadura principal nas direções diagonais no bloco sobre quatro estacas.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

Outras armaduras adicionais são usuais, como armadura de pele (Asp).

9.3.2 Na Direção das Diagonais e Paralela aos Lados

As Figuras 15-c e 17 mostram esta forma de detalhamento da armadura principal.


Sendo 45º o ângulo entre as diagonais e os lados, resulta:

, com:

Armadura na direção de cada diagonal:


40

Figura 17 – Bloco sobre quatro estacas com armadura principal disposta nos lados e nas
diagonais.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

9.3.3 Paralela aos Lados e em Malha

O detalhamento da armadura principal paralela aos lados, e com adição de armadura


em malha, é o mais usual na prática, como indicado na Figura 18. A força de tração paralela
aos lados é R’s , e a armadura paralela à cada lado é:

A armadura de distribuição em malha, em cada direção, pode ser adotada como:

Armadura de suspensão total:


41

Figura 18 – Armadura em malha no bloco sobre quatro estacas.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

9.4 Armaduras Complementares

Além da armadura de suspensão deve ser colocada uma armadura de pele, em forma
de barras horizontais nas faces, com área por face de:

As,tot = armadura principal total = 4As,lado ou 4As,diag , conforme o tipo de armadura


principal.

s≤ ; s ≥ 8 cm

Recomenda-se acrescentar uma armadura negativa em malha, na face superior o bloco.


42

10. BLOCO SOBRE CINCO ESTACAS

10.1 Bloco com uma Estaca no Centro (Bloco Quadrado)

O procedimento para dedução de Rs é semelhante ao bloco sobre quatro estacas,


substituindo-se N por N:

Figura 19 – Bloco sobre cinco estacas com uma estaca no centro.

(BASTOS, P.S., 2013)

10.1.1 Altura Útil

Considerando 45 ≤ α ≤ 55º:

dmín = ; dmáx =
43

h = d + d’ ; d’ ≥

10.1.2 Verificação das Bielas

Tensão junto ao pilar e à estaca:

Tensão limite junto ao pilar e à estaca:

com

Condição de segurança:

10.1.3 Armadura Principal

Nas expressões para os blocos sobre quatro estacas, Nd deve ser substituído por Nd,

sendo os detalhamentos análogos. Apresenta-se apenas o caso do detalhamento mais usual.


44

10.1.3.1 Armadura Principal Paralela aos Lados e em Malha

A armadura paralela à cada lado é:

Armadura de distribuição em malha, em cada direção:

(4 = número de faces do bloco)

Armadura de suspensão total:

O detalhamento é idêntico àquele mostrado para o bloco sobre quatro estacas, para o
detalhamento “Armaduras Paralelas aos Lados e em Malha”. A armadura de pele também
deve ser colocada.

10.2 Pilares Muito Retangulares

Para esses pilares pode ser projetado um bloco retangular (Figura 20). São tratados
como os blocos sobre quatro estacas, devendo as fórmulas serem adaptadas em função das
distâncias diferentes entre as estacas.
45

Figura 20 – Bloco retangular sobre cinco estacas para pilar alongado.

(BASTOS, P.S., 2013)

Como opção, existe a possibilidade de fazer uma linha com três estacas e outra com
duas estacas (Figura 21). O cálculo do bloco é semelhante ao dos blocos com mais de seis
estacas.

Figura 21 – Outro arranjo no posicionamento das cinco estacas no bloco para pilar
alongado.

(BASTOS, P.S., 2013)


46

10.3 Bloco em Forma de Pentágono

As estacas posicionam-se nos vértices de um pentágono (Figura 22). O centro do pilar


quadrado coincide com o centro geométrico das estacas.

Figura 22 – Bloco sobre cinco estacas com forma em pentágono.

(BASTOS, P.S., 2013)

Conforme o corte A, passando pelo centro do pilar e por uma das estacas (Figura 26):

Figura 23 – Esquema de forças sobre uma estaca.


47

(BASTOS, P.S., 2013)

10.3.1 Altura Útil

Considerando 45 ≤ α ≤ 55º:

dmín = ; dmáx =

h = d + d’ → d’ ≥

10.3.2 Verificação das Bielas

Se d for adotado entre dmín e dmáx, não será necessário verificar as tensões de
compressão nas bielas comprimidas de concreto.
48

10.3.3 Armadura Principal

Dentre os detalhamentos possíveis, o mais comum é aquele com barras paralelas aos
lados mais armadura em malha.

Figura 24 – Esquema de forças de tração sobre uma estaca.

(BASTOS, P.S., 2013)

R’s =

As,lado =

As,lado = armadura paralela aos lados (5x), sobre as estacas.

Armadura em malha, em cada direção (x , y):

As,malha =
49

10.3.4 Armaduras Complementares

Armadura de suspensão total:

As,susp,tot =

Armadura de pele (por face):

Asp,face =

As,tot = armadura principal total.

Figura 25 – Armaduras principais no bloco sobre cinco estacas.

(BASTOS, P.S., 2013)


50

11. BLOCO SOBRE SEIS ESTACAS

As configurações mais comuns são: pentágono, hexágono e retangular (Figura 26). No


caso de pentágono é acrescentada uma estaca no centro, com centro coincidente com o centro
do pilar e com o centro das demais estacas. O bloco retangular é indicado para pilares
retangulares e alongados.

11.1 Bloco Retangular

Figura 26 – Bloco retangular sobre seis estacas.

(BASTOS, P.S., 2013)

11.2 Bloco em Forma de Pentágono

Para as estacas posicionadas nos vértices e no centro do pentágono, procede-se como


no caso do bloco sobre cinco estacas, substituindo-se N por 5N/6.
A força de tração Rs na direção do eixo do pilar e as estacas nos vértices é:

Rs =
51

11.2.1 Altura Útil

Considerando 45 ≤ α ≤ 55º:

dmín = ; dmáx =

h = d + d’ → d’ ≥

11.2.2 Verificação das Bielas

Adotando-se d dentro do intervalo entre dmín e dmáx não é necessário verificar a tensão
nas bielas.

11.2.3 Armadura Principal

Entre os diferentes detalhamentos possíveis, será mostrado apenas o mais comum, que
é aquele com barras paralelas aos lados mais uma malha. A força de tração Rs (Figura 27),
decomposta na direção paralela aos lados, é:
52

Figura 27 – Decomposição da força de tração na direção paralela aos lados.

(BLEVOT, J. ; FREMY, R., 1967.)

R’s =

E a armadura paralela aos lados do pentágono:

Armadura em malha, em cada direção (x;y):

Armadura de suspensão total:


53

O detalhamento das armaduras é idêntico àquele mostrado para o bloco em forma de


pentágono sobre cinco estacas.

11.3 Bloco em Forma de Hexágono

Neste caso, as estacas são posicionadas junto aos vértices do hexágono (Figura 28).
Admitindo-se pilar quadrado, com o centro coincidente com o centro das estacas, para um
corte A passando por um vértice e pelo centro do pilar, as seguintes expressões para o ângulo
de inclinação das bielas de concreto podem ser escritas:

11.3.1 Altura Útil

Considerando 45 ≤ α ≤ 55º:

dmín = ; dmáx =

h = d + d’ ; d’ ≥
54

11.3.2 Verificação das Bielas

Não é necessário verificar a tensão nas bielas caso dmín ≤ d ≤ dmáx.

Figura 28 – Bloco sobre seis estacas em forma de hexágono.

(BASTOS, P.S., 2013)

11.3.3 Armadura Principal

11.3.3.1 Armadura Paralela aos Lados e em Malha (Figura 29)

Este tipo de detalhamento, comparativamente a outros, é econômico e apresenta menor


fissuração.

Aplicando a lei dos senos:


55

Armadura paralela aos lados em cada lado e sobre as estacas (6 vezes):

Armadura de distribuição em malha, em cada direção:

Figura 29 – Armadura principal no bloco sobre seis estacas.

(BASTOS, P.S., 2013)

A armadura de suspensão pode ser suposta desnecessária neste caso. A armadura de


pele, horizontal nas faces, deve ser prevista. Recomenda-se também colocar uma armadura
negativa em malha, próxima à borda superior do bloco.
56

11.3.3.2 Armadura na Direção das Diagonais e com Cintas Paralelas aos Lados (Figura 30)

A armadura de suspensão (As,susp) é desnecessária.

Figura 30 – Armadura principal na direção das diagonais no bloco sobre seis estacas.

(BASTOS, P.S., 2013)


57

12. BLOCO SOBRE SETE ESTACAS

No caso do bloco em forma de hexágono, a sétima estaca fica posicionada no centro


do bloco, sob o pilar.

Para 45 ≤ α ≤ 55º tem-se:

A compressão nas bielas não precisa ser verificada no caso de d ser escolhido entre
dmín e dmáx.
As armaduras, dispostas na direção das diagonais e com cintas paralelas aos lados,
podem ser calculadas como:

O detalhamento dessas armaduras é idêntico ao mostrado para o bloco sobre seis


estacas, como mostrado na Figura 30.
58

13. MÉTODO DO CEB-70

O método proposto (Boletim 73, fascículo 4 do CEB-70) é semelhante ao apresentado


para as sapatas, com algumas particularidades.
A altura do bloco deve ser menor ou igual a duas vezes a distância da face do pilar ao
eixo da estaca mais afastada (c), e maior que 2/3 de c.

Figura 31 – Notação aplicada ao bloco.

(BASTOS, P.S., 2013)

O método propõe o cálculo da armadura principal para a flexão, e a verificação da


resistência do bloco às forças cortantes.
59

13.1 Momentos Fletores

A armadura principal (inferior) é determinada para o momento fletor calculado em


relação a uma seção de referência S1 (Figura 32), em cada direção, posicionada internamente
ao pilar e distante 0,15ap (ou 0,15bp) da face do pilar.

Figura 32 – Seção de referência S1.

(BASTOS, P.S., 2013)

d1 = d ≤ 1,5c

d1 = altura útil medida na face do pilar.

O momento fletor na seção S1 é calculado fazendo o produto das reações das estacas
pela distância à seção S1, considerando-se as estacas existentes entre a seção S1 e a face lateral
do bloco, paralela à seção S1.
60

13.2 Armadura Principal

O cálculo da armadura principal é feito como nas vigas à flexão, para a seção
transversal na seção S1.
A armadura calculada é perpendicular à seção de referência S1, e:

(armadura paralela à dimensão A – perpendicular à seção S1A , onde o momento fletor M1A,d
foi calculado).

(armadura paralela à dimensão B – perpendicular à seção S1B , onde o momento fletor M1B,d
foi calculado).

Essas armaduras devem se estender de uma face à outra do bloco, sem redução, e
podem ser distribuídas uniformemente na dimensão do bloco. Como uma opção, podem ter
partes concentradas em faixas sobre as estacas, e o restante ser distribuída uniformemente
entre as estacas.

13.3 Forças Cortantes

A verificação à força cortante é feita nas seções de referência S2 (Figura 33),


perpendiculares à seção de apoio do bloco e posicionadas externamente ao pilar, distantes d/2
da face do pilar, na direção considerada. No caso do bloco sobre três estacas dispostas
61

segundo os vértices de um triângulo equilátero, é suficiente fazer a verificação da força


cortante relativa à estaca mais afastada do centro do pilar.

Figura 33 – Seções de referência S2.

(BASTOS, P.S., 2013)

c2 = distância entre a seção S2 e a estaca mais afastada.

Na direção B (S2B):

onde d2 é a altura útil do bloco na seção S2, geralmente igual a d.


62

Se existir uma estaca ou uma linha de estacas dentro da distância d/2, a seção de
referência S2 deve ser posicionada na face do pilar (Figura 34).

Figura 34 – Seção de referência S2 quando estacas encontram-se dentro da distância


d/2.

(BASTOS, P.S., 2013)

13.4 Força Cortante Limite

As forças cortantes atuantes nas seções de referência S2 devem ser menores que as
forças cortantes limites:

A força cortante de cálculo atuante deve ser menor que a força cortante limite:
63

13.5 Resistência Local à Força Cortante

Por segurança, verifica-se a resistência do bloco à força cortante nas estacas


posicionadas nos cantos do bloco. A força cortante é a reação da estaca.
A seção a ser verificada fica em uma distância d1/2 da face da estaca. A largura b’2 é
d1 acrescida da largura (ou diâmetro) da estaca, e sua altura d’2 é a altura útil efetiva da seção
S’2 (Figura 35).

Figura 35 – Seção de referência S’2.

(BASTOS, P.S., 2013)

Se a altura do bloco for constante (h = cte), tem-se: d1 = d’2 = d

A reação Rd da estaca deve ser, no máximo, igual à reação limite:


64

13.6 Armadura Principal em Bloco Sobre Três Estacas

Deve ser adotada uma seção de referência S1 entre o pilar e uma das estacas, Figura
36. O momento fletor na seção de referência fornece a força de tração Rs (na direção da
mediana) e desta surge a força de tração R’s na direção de duas estacas (para cálculo da
armadura paralela ao lado).

Momento fletor na seção de referência S1:

M1 = Ri · c1

Força de tração Rs provocada por M1:

d1 = altura útil em S1, geralmente igual a d.


Força R’s paralela ao lado:

Armadura paralela ao lado:


65

Figura 36 – Seção de referência S1 para bloco sobre três estacas conforme


de método do CEB-70 .

(BASTOS, P.S., 2013)


66

14. CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve como intuito apresentar ao meio técnico e científico um estudo
inicial com blocos de fundação sobre estacas. O estudo foi feito pela importância que esses
elementos desempenham perante toda a estrutura. Pretende-se auxiliar no dimensionamento e
cálculo de blocos sobre uma e até sobre sete estacas, em forma de roteiro dando uma visão
geral a respeito do comportamento dessa estrutura.

Em função dos resultados obtidos pelo estudo feito conclui-se que os resultados são de
grande relevância para trabalhos futuros e sugere-se realização de análise experimental para
um estudo mais aprofundado da coerência e dos limites de aplicação desse modelo; o estudo
mais aprofundado dos resultados para relações de x/d iguais ou maiores que 0,20; a
determinação do fator fm, para áreas maiores dos pilares; e o estudo do formato da região
nodal junto à estaca.
67

REFERÊNCIAS

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of Pile Caps: An Experimental Study. ACI Structural Journal, v.87, p. 81-92, Jan-Feb.

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estruturas de concreto. Rio de Janeiro.

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execução de fundações. Rio de Janeiro.

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68

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