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Um Grande Enigma Resolvido

Por Damodar K. Mavalankar, M.S.T., Chela (Discípulo)

(The Theosophist, December-January, 1883-4, pg. 61 e 62)

Em minha volta para a Sede (da Sociedade Teosófica) do Norte,


onde acompanhei o Coronel Olcott em sua turnê presidencial,
soube, com pesar e tristeza, das restrições adicionais e ainda mais
malignas de certos Espiritualistas, por meio de reivindicações feitas
aos Fundadores da Sociedade Teosófica para terem relações
pessoais com os Mahatmas dos sagrados Himalaias. Para mim, Damodar Mavalankar
pessoalmente, o problema está agora resolvido. Sendo impossível,
não irei comprometer-me a provar meu caso para aqueles que, devido a preconceitos e
equívocos, decidiram fechar os olhos diante dos fatos mais gritantes, pois ninguém é tão
cego quanto aquele que não quer ver, como diz o ditado. Por outro lado, eu deveria [ser]
considerado alguém que cumpriu mal com minhas obrigações se não apresentasse esses
fatos para os buscadores sinceros da verdade, que, por aspiração sincera e estudo dedicado,
foram trazidos cada vez mais perto para o mundo do ocultismo. Acredito que a melhor
maneira de transmitir convicção a mentes inteligentes é narrar os fatos da maneira mais
simples e sincera possível, deixando especulações inteiramente fora de consideração.

Devo dizer inicialmente algo que já é conhecido por muitos dos meus amigos e irmãos da
Sociedade Teosófica, ou seja, que nos últimos quatro anos tenho sido o CHELA (discípulo)
do correspondente do Sr. Sinnett [que é o Mahatma Koot Hoomi]. Algumas vezes tive
oportunidades de fazer essa afirmação publicamente, e para outros afirmei ter visto alguns
dos VENERADOS MAHATMAS DOS HIMALAIAS, tanto em seus corpos astrais quanto
físicos. No entanto, o que gostaria de enfatizar sobre esse assunto é que esses GRANDES
MESTRES não são espíritos desencarnados, mas sim homens vivos – e isso talvez não seja
suficiente para deixar convictas mentes espíritas cegas por preconceitos e idéias
preconcebidas. Tem sido sugerido que um ou ambos os Fundadores (da Sociedade
Teosófica) possam ser médiuns, e que em sua presença poderiam ser vistas imagens que
seriam confundidas com entidades vivas reais. E quando afirmei que vi suas aparências
mesmo quando estava sozinho, argumentou-se que eu também estaria desenvolvendo a
mediunidade.

Nesse contexto, é muito sugestiva uma observação feita pelo Sr. C.C.
Massey numa carta de 17 de novembro para “Light”, na medida em
que esse senhor, não apenas está longe de ser hostil conosco, como é
um teósofo de longa data, voltado unicamente para descobrir a
verdade e - nada além da verdade. O seguinte trecho da carta mostrará
quão grandes são os equívocos, até mesmo de alguns de nossos
C.C.Massey próprios companheiros-membros:

"No entanto, se essa fosse uma questão em aberto, livre de declaração oficial, de modo que
tal sugestão pudesse ser feita sem ofensas por alguém que evita ofensas, devo confessar
minha opinião de que estas cartas, sejam ou não ipsissima verba (as próprias palavras) de
qualquer adepto, foram em todos os eventos escritas por Madame Blavatsky, ou por outros
chelas aceitos. Pelo menos eu acho que ela era uma médium para sua produção, e não
apenas para sua transmissão. O fato de, graças à gentileza do Sr. Sinnett, eu ter-me
familiarizado com a caligrafia das cartas, e de que não existe a mais remota semelhança com
a caligrafia de Madame Blavatsky, não influencia este meu parecer, por razões que sabem
todos aqueles que estão familiarizados com fenômenos de escrita em condições psíquicas.
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Mas sou obrigado a admitir que existem circunstâncias relacionadas ao recebimento pelo
Sr. Sinnett de outras cartas assinadas “K. H.” que são aparentemente incompatíveis com
qualquer instrumentalidade de Madame Blavatsky, seja como médium, seja de qualquer
outra forma, e que a caligrafia (de K.H.) é a mesma em ambos os casos."

Tendo bem em mente o trecho em itálico da citação acima, eu


respeitosamente convido os espíritas a explicarem o fato de não
somente eu, mas também o coronel Olcott, o Sr. Brown, e outros
senhores que estão nessa turnê terem recebido, individualmente e
em várias ocasiões, cartas em resposta a conversas e perguntas
feitas no mesmo dia ou, às vezes, na mesma hora, algumas vezes
sozinhos e às vezes em companhia de outros, sendo que a Sra.
Blavatsky está a milhares de quilômetros de distância daqui; e que
a caligrafia em todos os casos é a mesma e idêntica à das
comunicações em posse do Sr. Sinnett. H.S. Olcott

Ocorreram vários fenômenos durante essa turnê com o Coronel Olcott, - tanto em sua
presença quanto em sua ausência – tais como respostas imediatas a perguntas com a
caligrafia e assinatura do meu Mestre, referentes a perguntas feitas por alguns dos nossos
companheiros, e algumas delas são citadas no último número do jornal “The Theosophist”,
enquanto outras não precisam ser mencionadas num documento que irá circular nas mãos de
leitores profanos. Essas ocorrências aconteceram antes de chegarmos a Lahore, onde
esperávamos encontrar meu questionado MESTRE em seu corpo físico. Lá fui visitado por
ele, em corpo físico, por três noites consecutivas por cerca de três horas em cada vez,
enquanto eu me mantive em plena consciência, e em numa das vezes, fui encontrá-lo fora da
casa. Que eu saiba, não existe nos registros espíritas nenhum caso em que um médium tenha
permanecido perfeitamente consciente, e tenha se encontrado, em reunião previamente
agendada, combinando com seu Espírito-visitante retornar à casa com ele, oferecer-lhe um
assento e, em seguida, manter longa conversa com o "espírito desencarnado", de forma a
dar-lhe a impressão de que ele está em contato pessoal com uma entidade incorporada!
Além disso, quem eu vi pessoalmente em Lahore foi a mesma pessoa que eu tinha visto na
forma astral, na Sede da Sociedade Teosófica, e novamente o mesmo que eu, em minhas
visões e transes, havia visto em sua casa, a milhares de milhas, alcançando o que me era
permitido com meu Ego astral, devido, naturalmente, a sua ajuda direta e proteção. Nesses
casos, devido a meus poderes psíquicos ainda mal desenvolvidos, eu sempre o havia visto de
uma forma bastante nebulosa, embora suas feições fossem perfeitamente distintas e sua
lembrança estivesse profundamente gravada no fundo de minha alma e memória, mas agora
em Lahore, Jummoo, e em outros lugares, a impressão era completamente diferente. Nos
casos anteriores, ao fazer Pranam (saudação) minhas mãos passaram por sua forma,
enquanto que nas ocasiões posteriores encontraram roupas sólidas e carne. Aqui eu vi um
homem vivo diante de mim, o mesmo em características, embora muito mais imponente em
sua aparência geral, que era a mesma que tantas vezes vi nos retratos em posse de Madame
Blavatsky e do Sr. Sinnett.

Não vou aqui debruçar-me sobre o fato de ele ter sido visto
corporalmente tanto pelo Coronel Olcott quanto pelo Sr. Brown
separadamente, por duas noites em Lahore, fato que eles podem
descrever melhor que eu, cada um por si, se assim o desejarem.
Em Jummoo novamente, de onde viemos a partir de Lahore, o
Sr. Brown o viu na noite do terceiro dia de nossa chegada lá, e
dele recebeu uma carta com sua caligrafia familiar, para não
falarmos de suas visitas para mim quase todos os dias.
William T. Brown

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E quase todos em Jummoo estão conscientes do que aconteceu na manhã seguinte. O fato é
que eu tive a felicidade de ser buscado e de ter permissão para visitar um Ashram Sagrado,
onde permaneci por alguns dias na companhia abençoada de vários dos muito questionados
MAHATMAS de Himavat (Himalaias) e de seus discípulos. Lá encontrei não só o meu
amado Gurudeva e o Mestre do Coronel Olcott [o Mahatma Morya], como vários outros da
Fraternidade, inclusive Um dos Mais Elevados. Lamento que a natureza extremamente
pessoal da minha visita àquelas regiões três vezes abençoadas me impeça de dizer mais
sobre ela. Basta dizer que o lugar que me foi permitido visitar está nos Himalaias, e não em
qualquer terra-de-verão fantasiosa, e que eu O vi enquanto estava em meu próprio sthula
sharira (corpo físico), e que constatei que meu Mestre era idêntico à forma que eu havia
visto nos primeiros dias do meu chelado (discipulado). Assim, vi meu amado Guru não
apenas como um homem vivo, mas na verdade como um jovem em comparação com alguns
outros Sadhus da abençoada companhia, só que muito mais amável, e às vezes pronto para
fazer um comentário alegre e conversar. Assim, no segundo dia de minha chegada, após a
hora da refeição foi-me permitido conversar por mais de uma hora com meu Mestre.
Questionado por Ele, sorridente, sobre o que foi que me fez olhar para Ele de forma tão
perplexa, perguntei-lhe: - “Mestre, como é que passou pela cabeça de alguns dos membros
de nossa Sociedade (Teosófica) a noção de que o senhor era "um homem idoso", e que eles
o tinham visto, de modo clarividente, parecendo ser um velho homem com mais de 60
anos?"

Ele sorriu amavelmente e disse que esse último equívoco deveu-se aos relatos de um certo
Brahmacharia, aluno de um Swami Vedantino em N.W.P., [a narrativa desse Brahmacharia
é apresentada e repetida duas vezes no nosso último número do “The Theosophist”, veja pp
83-6, 98-9 de dezembro de 1883] - que havia conhecido no ano passado no Tibete, o chefe
de uma seita, um Lama idoso, que era seu companheiro de viagem (do meu Mestre) na
época. Esse Brahmacharia, tendo falado do encontro na Índia, levou várias pessoas a
confundirem o Lama com ele mesmo. Quanto a ser percebido de forma clarividente como
sendo um "homem idoso", que nunca poderia ser, ele acrescentou, que a clarividência
verdadeira nunca levaria ninguém a tais noções equivocadas; e então ele gentilmente
repreendeu-me por dar qualquer importância à idade de um Guru, acrescentando que as
aparências muitas vezes eram falsas, etc., explicando outros pontos.

Esses são todos os fatos principais e não existe uma terceira opção aberta para o leitor. Ou o
que afirmo é verdadeiro ou é falso. No primeiro caso, nenhuma hipótese espírita poderá
sustentar-se bem, e terá que ser admitido que os Irmãos dos Himalaias são homens vivos e
não espíritos desencarnados ou criaturas da imaginação superaquecida de fanáticos. Claro
que estou plenamente consciente de que muitos irão desacreditar de meu depoimento, mas
escrevo somente para o benefício daqueles poucos que me conhecem bem o suficiente para
não verem em mim um médium alucinado, nem para atribuírem a mim qualquer motivo
ruim, e que sabem que tenho sido fiel e leal às suas convicções e à causa tão nobremente
defendida por eles. Pouco me importo com a maioria dos que irão rir, e tentar ridicularizar o
que eles não têm inclinação nem capacidade para compreender. Se essas poucas linhas
ajudarem a estimular apenas um dos meus irmãos-companheiros na Sociedade (Teosófica)
ou algum homem de pensamento correto fora dela a promover a causa que os GRANDES
MESTRES impuseram sobre a cabeça dos devotos fundadores da Sociedade Teosófica, devo
considerar que realizei adequadamente o meu dever.

Adyar (Madras)
7 de dezembro de 1883.

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