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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES

15 a 17 de Maio de 2013
Universidade do Estado da Bahia – Campus I
Salvador - BA

O DIREITO À DIVERSIDADE SEXUAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO.


Marcos Silva Marinho1

RESUMO: O presente trabalho põe-se a analisar a efetividade do direito à diversidade sexual no


ordenamento jurídico brasileiro. Analisa a hegemonia da heterossexualidade na sociedade, a fim de
compreender o papel do Direito no processo de hierarquização das identidades sexuais. Por fim,
expõe a regulamentação jurídica do casamento e da união estável, com o propósito de questionar a
negação de direitos à população LGBT.

Palavras-chave: Diversidade sexual; negação de direitos; cidadania.

Neste artigo, pretende-se analisar a regulamentação jurídica das expressões sexuais e


afetivas no Brasil, de modo a demonstrar a antijuridicidade da discriminação das pessoas
homossexuais no acesso aos direitos. Para tanto, será interpretada, à luz dos princípios de direito
preceituados na Constituição Federal vigente, a extensão do direito ao casamento e a união estável
para estes indivíduos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 representa um marco na história
política ocidental. Esta ampla carta de intenções revela uma resposta à barbárie ocorrida na Segunda
Guerra Mundial. A partir de seu advento, os Estados, articulados pela Organização das Nações
Unidas se propuseram a salvaguardar valores até então somente associados às sociedades
socialistas.
Os números daquela tragédia alarmaram as instituições para a importância de zelar, sob
algum modo, propósitos humanistas. Os Estados admitiram o dever de estabelecer condições
mínimas de respeito a cada ser humano, em qualquer tempo e lugar. O capitalismo liberal foi
constrangido pelas circunstâncias da barbárie a dar lugar às diretrizes sociais em seio estatal 2.
O compromisso das nações com a dignidade da pessoa humana pode ser considerado
providencial às sociedades capitalistas, se se pensar o cenário da política internacional no pós-
Segunda Guerra. Contudo, a formalização dos direitos sociais nessa carta foi fundamental às
reivindicações de movimentos sociais que passaram a atuar por melhores condições de vida.
1
Graduando do curso de Direito da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). o_marcus@hotmail.com
2
Rodrigues alerta que: (...) desde a gênese do processo de construção da moderna república, da democracia, das
proclamações por igualdade e liberdade, fica evidente o caráter ainda parcial e restrito daqueles novos direitos. São
direitos de classe (dos proprietários), de gênero (dos homens) e, obviamente, dos brancos, notadamente dos europeus –
falar em direitos nas colônias americanas, africanas ou asiáticas seria impensável. Os direitos humanos são, portanto,
direitos históricos e socialmente determinados. (RODRIGUES, 2011, p.24)

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A inserção formal dos movimentos sociais enquanto sujeitos políticos e dos direitos sociais
no rol dos direitos reconhecidos pelo Estado, modificaram os processos políticos. A luta por direitos
desses movimentos evidenciou os contrastes existentes nas sociedades. O estabelecimento dos
conflitos ideológicos na política desestabilizou a neutralidade atribuída aos Estados que doravante
foram provocados a assumir a responsabilidade social pela dignidade dos indivíduos.
Nesse sentido, o princípio da dignidade da pessoa humana tornou-se corolário do Estado
Democrático de Direito. A proteção que dele se aduz impele que o Estado dirima a realidade de
exclusões, assumindo uma postura inclusiva diante de populações marcadas pelas desigualdades
advindas de processos
históricos em que a própria atividade estatal as preteriu por omissão, ou, deliberadamente as rejeitou
enquanto detentoras de direitos.
No Brasil, os estigmas de classe, etnia, gênero, dentre outros, demarcam, até os dias atuais,
limites à sociabilidade de brasileiras e brasileiros desfavorecidos por suas identidades. A
sexualidade - comprovam os dados - representa um estigma de elevado risco às pessoas não
heterossexuais. O achincalhamento da paz social desses indivíduos revela que, a despeito da
proteção advinda dos princípios constitucionais, a livre orientação sexual no Brasil não se efetiva
enquanto direito.
É sobre esta situação de ineficácia do direito à diversidade sexual no Brasil, que se partirá
agora à análise de alguns direitos civis inadequados ao teor protecionista visado pela legislação
constitucional brasileira. Para muitos juristas3, o Direito Civil brasileiro, mesmo após a edição do
Código Civil de 2002, permanece obsoleto, incapaz de acompanhar as transformações sociais que o
reconhecimento de direitos, guisado pela Constituição Federal de 1988, impõe no sentido de novas
regulamentações jurídicas acerca das sexualidades. (FARIAS, 2004).
A omissão legislativa que se nota ante institutos jurídicos como o casamento e a união
estável, finda por restringir o acesso da população LGBT a esses direitos. Importa perceber que esse
silêncio é circunstanciado pela consubstanciação da ideologia heteronormativa nas esferas de poder
estatais. A laicidade do Estado brasileiro e o amparo formal das pessoas vulneráveis, implicitamente
aduzidos da Carta Maior, mostram-se insuficientes para construir novos horizontes para as

3
Cristiano Chaves de Farias está entre os autores que estabelecem críticas contundentes ao Código Civil vigente. Para
ele, “O novo Código Civil já nasceu velho”. Iniciado durante o período de ditadura militar no Brasil, ele apresentou-se
“descompromissado com o seu tempo, [pois] desconhece as relações jurídicas e os problemas mais atuais do homem”.
(FARIAS, 2004, p.17).

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expressões sexuais. Elas prosseguem anunciando sociabilidades injustas e antijurídicas às pessoas


lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros que ousarem ultrapassar o anacronismo do
Direito brasileiro.
A Constituição de 1988 marcou o fim do regime militar no Brasil. (SILVA, 2007). Após
mais de duas décadas de repressão política, a constituição cidadã, também chamada por Ulysses
Guimarães4 de “constituição coragem”, pode ser considerada resultado do trágico período de
ditatura ocorrido no país entre os anos de 1964 e 1988. A sua promulgação iniciou um processo
inacabado de transformações na seara jurídica. O impacto social que dessa Constituição muitos
esperavam não pôde rearranjar as relações sociais de modo a contemplar os valores professados em
seu preâmbulo5.

De todo modo, ela iniciou o processo de reconhecimento de direitos aos sujeitos em


vulnerabilidade social, pois autorizou a interpretação extensiva dos chamados direitos sociais. Os
princípios jurídicos explícitos ou implícitos na Constituição Federal devem servir de norte à
aplicação do direito ao equilíbrio das relações sociais desiguais.

Contraditoriamente, não há no direito constitucional pátrio regulamentação específica ao


direito à diversidade sexual. Entretanto, a livre orientação torna-se assegurada enquanto direito
quando da interpretação extensiva do princípio da dignidade da pessoa humana. Esse princípio é
basilar para a leitura de todo o texto constitucional, pois “possui a qualidade de fundamento da
República Federativa do Brasil6”. (FACHIN e FACHIN, 2011, p. 118).

O bem-estar e a segurança social dos indivíduos são os objetos dessa especialíssima tutela
do direito brasileiro. A garantia da dignidade tem como objetivo o amparo aos brasileiros, de ambos
os gêneros, diante de situações aviltantes à condição humana de qualquer pessoa.

4
O Deputado Ulysses Guimarães, Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, assim a referiu quando da
solenidade de promulgação da Carta de 1988, considerando-a um feito importantíssimo na história política brasileira.
5
PREÂMBULO: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.
6
A dignidade está assim prevista já no Art. 1º da Carta Maior: “A República Federativa do Brasil, (...), constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III- a dignidade da pessoa humana”.

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A sexualidade é imanente ao ser humano e, por isso, é imprescindível que seja protegida de
quaisquer discriminações. O processo de homogeneização das relações humanas, ou melhor, a
heterossexualização compulsória dos indivíduos, constrange as pessoas das diferentes identidades
de gênero à perda da cidadania plena, desumaniza-as.

A sexualidade integra a própria condição humana. É um direito fundamental que


acompanha o ser humano desde o seu nascimento, pois decorre de sua própria
natureza. Como direito do indivíduo, é um direito natural, inalienável e
imprescritível. Ninguém pode realizar-se como ser humano se não tiver assegurado
o respeito ao exercício da sexualidade, conceito que compreende a liberdade sexual
e a liberdade da livre orientação sexual. O direito ao tratamento igualitário
independe da tendência sexual. A sexualidade é um elemento integrante da própria
natureza humana e abrange a sua dignidade. Todo ser humano tem o direito de
exigir respeito ao livre exercício da sexualidade. Sem liberdade sexual, o indivíduo
não se realiza, tal como lhe ocorre quando falta qualquer outro direito fundamental.
(DIAS, 2009, p. 43-44)

Assim ocorre quando da discriminação por orientação sexual e/ou identidade de gênero. A
liberdade sexual deve ser compreendida enquanto bem jurídico protegido pelo princípio da
dignidade da pessoa humana. O direito à livre orientação sexual aduz à prerrogativa de que as
diferentes expressões sexuais, a despeito dos preconceitos enraizados na sociedade, estão
reconhecidas pelo Estado. Portanto, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros
deveriam expressar a sua cidadania através do exercício livre de suas condutas sexuais.

O tolhimento das expressões sexuais afeta a supremacia das normas constitucionais no


direito brasileiro. A Constituição de 1988 adotou a democracia como regime político do país. Desse
modo, a negação de direitos à comunidade LGBT é injustificada. O princípio da isonomia,
consoante explica o Art. 5º do texto constitucional, veda a discriminação no processo de aplicação
das normas jurídicas. Ele informa que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição”.

O tratamento isonômico, contudo, passa por problematizações se se pensar a realidade social


brasileira. O Estado, nesse aspecto, necessita de atuação no sentido da cidadania dos diferentes
atores sociais. Não se trata somente da garantia da igualdade formal entre os cidadãos (igualdade
perante o Estado), mas também da busca por igualdade material. A dignidade humana se estabelece
através do fomento das condições de equilíbrio e justiça sob as relações sociais.

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A Carta Maior estatuiu a não discriminação como princípio. No caso do racismo, assegurou
a tutela penal às vítimas, fazendo-o crime e não apenas contravenção penal7. Essa punição põe-se a
recobrar – ao menos em caráter normativo – a tolerância e o respeito às diferenças étnicas. Porém,
importa questionar por que razão à intolerância sexual não se admitiu a tutela penal. Apesar de a
abertura das normas constitucionais permitir a inferência da diversidade sexual enquanto direito,
essa interpretação se limita apenas aos que assim a compreenderem. A vagueza do termo
constitucional inspira o silêncio, justifica a omissão dos comandos jurídicos infraconstitucionais e
intempera o caráter cogente do ativismo judicial na realidade judiciária brasileira.

Maria Berenice Dias (2009, p.174-175) a favor da inadmissibilidade de interpretação


discriminatória no Estado Democrático de Direito, argumenta que:

O direito à homoafetividade, além de estar amparado pelo princípio da isonomia,


cujo corolário é a proibição de discriminações injustas, também se alberga sob o
teto da liberdade de expressão. Como garantia do exercício da liberdade individual,
cabe ser incluído entre os direitos de personalidade, precipuamente no que diz com
a identidade pessoal e a integridade física e psíquica.

Diante da necessidade de resguardar a população LGBT da crescente violência homofóbica


no Brasil, podem ainda ser invocados em seio constitucional o direito à privacidade e à intimidade,
bem como os objetivos fundamentais da República, inscritos no Art. 3º da Carta Constitucional8.
Quanto aos assassinatos e torturas cometidos em represália às pessoas que fogem do modelo
heteronormativo, contrapõe-se o teor do Art. 5º, III da C.F.: “ninguém será submetido a tortura
nem a tratamento desumano ou degradante”.

É perceptível que o conteúdo protecionista da Constituição ainda não pôde ser contemplado.
A integridade física, o direito à vida e o direito à diversidade sexual, subjacentes ao princípio da
dignidade da pessoa humana, assim como os demais direitos fundamentais, carecem de
aplicabilidade.

7
Assim prevê a Constituição Federal em seu art. 5º, XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.
8
Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa
e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.

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A acepção obsoleta do termo pluralismo jurídico, adotada por grande parte da comunidade
jurídica brasileira, talvez possa ser uma das justificas do isolamento das normas constitucionais.
Noutros textos, ele está postulado em defesa da diversidade política e ideológica. Contudo, a sua
inclusão no texto de 1988 pretendeu reconhecer as contradições, desigualdades e diferenças
existentes na sociedade. Destaca-se a lição de Inocêncio Mártires Coelho (2009, p. 178) sobre o
tema, ao afirmar que o pluralismo jurídico é:

[...] um direito fundamental à diferença em todos os âmbitos e expressões da


convivência humana – tanto nas escolhas de natureza política quanto nas de caráter
religioso, econômico, social e cultural, entre outras –, um valor fundamental,
portanto, cuja essência Arthur Kaufmann logrou traduzir em frase de rara
felicidade: não só, mas também.

Conviver com as diferenças, segundo a Constituição da República é um dever. A busca de


harmonia às relações sociais foi prevista pelo direito em consonância ao aperfeiçoamento (formal)
das normas de direitos humanos. Mesmo assim, é imperativo o reconhecimento dos limites desse
processo no Brasil.

Já diria Hans Kelsen (2006) que a elaboração jurídica ocorre no plano deontológico, isto é,
constrói o “dever-ser”. Entretanto, as correntes pós-positivistas do direito anunciam o
reconhecimento jurídico das relações sociais em meio a processos discursivos, retóricos. Neles, o
Estado apenas normatizaria a razoabilidade advinda da própria interação social. Melhor dizendo: a
tarefa do direito seria a de levar à sociedade a possibilidade de coexistência pacífica de interesses
antagônicos.

No caso das expressões sexuais das pessoas homossexuais no Brasil, o reconhecimento da


vulnerabilidade desses sujeitos vem acontecendo de modo paulatino. A luta por direitos lançada
pela população LGBT na esfera de poder judiciária arrazoou o ativismo judicial em muitos
Tribunais.

A interpretação constitucionalizada dos direitos urge em ser realizada. A omissão e a


negação das normas jurídicas sobre a inconstitucionalidade de contextos fáticos discriminatórios
impõe aos juristas a tarefa de contemporizar o regramento de determinados institutos jurídicos. Por
esta razão, o Poder Judiciário foi palco, nos últimos anos, de transformações paradigmáticas no que

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tange a afirmação dos direitos sexuais. O Tribunal do Rio Grande do Sul 9 foi pioneiro nas decisões
de reconhecimento de direitos civis à pessoas não heterossexuais. Também os Tribunais da Bahia,
do Rio de Janeiro, do Paraná, de Minas Gerais e de São Paulo destacam-se por desempenharem
papel de vanguarda em defesa da liberdade sexual. (DIAS, 2011, p.252).

Porém, na esfera legislativa, verifica-se a inércia dos parlamentares em formalizar a


oxigenação do Direito brasileiro. Tal situação não se justifica, vez que é notório o aval
constitucional para a integralização de direitos aos homossexuais. Conforme diz Maria Berenice
Dias (2011, p.260):

Inúmeros projetos de leis já foram apresentados. A tramitação é exasperadamente


lenta. São arquivados, desarquivados, apensados, em um constante ir e vir. E se o
projeto não foi votado e o relator não é reeleito, no final da legislatura a proposição
é arquivada e é preciso recomeçar todo um calvário para que seja desarquivado e
apresentado para o relator.

Em resposta a procrastinação no Poder Legislativo, o movimento LGBT detém, na


atualidade, crescente representatividade a favor do reconhecimento pelo Estado de suas demandas.
A injustificada inércia nesse processo prolonga a condição de subcidadania das pessoas situadas
fora do padrão sexista, machista e misógino vigente na sociedade brasileira, pois que elas
permanecem destituídas de direitos e da proteção que deles se origina.

A família é afirmada pela Constituição Federal como base da sociedade. Por essa razão, o
texto constitucional brasileiro prelecionou o dever do Estado em protegê-la. À entidade familiar são
prescritas, prioritariamente, a garantia dos direitos fundamentais e a privação de opressões que
venham a desestabilizar sua função social10.

Anteriormente a promulgação da Carta de 1988, a entidade familiar constituía-se unicamente


através do casamento. O fundamento da família era um modelo bi-parental necessariamente
composto por pais e filhos, em que a moralidade judaico-cristã, constituída no longo percurso da
formatação das relações afetivas no Brasil, foi consolidada.

9
O Rio Grande do Sul destaca-se por assumir papel de vanguarda entre os Tribunais de Justiça do país. A título de
exemplo, registra-se que a primeira decisão que reconheceu a união homossexual como entidade familiar é do Tribunal
gaúcho: TJRS, AC 70001388982, 7.ª Câm. Civ., rel. Des. José Carlos Teixeira Giorgis, j. 14.03.2001.
10
O capítulo VII da Constituição – “Da família, da criança, do adolescente e do idoso” – aponta ao entendimento da
família como base da sociedade brasileira (art.226). Nele estão postuladas normas que se põem à regulamentação de sua
existência, bem como deveres à sociedade e ao Estado no sentido de sua preservação.

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Excluídos de tal padrão, a família monoparental11 e as uniões homoafetivas não detinham a


proteção atribuída às famílias consideradas legítimas. Mães solteiras 12 e seus filhos foram
marginalizados pela sociedade e desprezados pelo Estado, até quando a Emenda Constitucional nº
9, de 1977, responsável pela inserção do divórcio no direito brasileiro, e a Constituição vigente,
reconheceram outras formas de família.

Entretanto, mesmo após essas mudanças, o direito brasileiro prosseguiu negando o direito ao
casamento às pessoas do mesmo sexo. O que chama a atenção para essa restrição é o fato de não
haver na legislação brasileira a previsão expressa de que mulheres e homens do mesmo sexo não
possam casar.

O Livro IV do Código Civil Brasileiro, intitulado “Do Direito de Família”, realiza uma
única referência ao gênero dos nubentes, em seu art. 1571, no qual se põe a dizer que: “O homem e
a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de seus representantes legais,
enquanto não adquirida a maioridade legal”.

Conforme se percebe, o texto legal não especifica a heterossexualidade como exigência para
a celebração do casório. Além disto, a interpretação constitucionalizada dos dispositivos jurídicos
não admite discriminação de qualquer natureza no acesso a direito. Desse modo, inferir que o
matrimônio celebra-se somente entre homens e mulheres heterossexuais implica em ofensa
inequívoca ao princípio constitucional da isonomia.

Ademais, a leitura do Art. 1521 do Código Civil revela a inocorrência da homossexualidade


como impedimento ao casamento. Da leitura desse rol taxativo, em que o legislador reservou o
capítulo terceiro do Livro de Direito de Família exclusivamente para o fim de anunciar os
impedimentos ao matrimônio, erige-se a tese de que a restrição a esse direito às pessoas do mesmo
sexo não tem motivação jurídica. Ela deriva, em verdade, do preconceito manifestado durante o
processo de concretização das normas de direito.

No Brasil, a resistência ao acolhimento das relações homoafetivas resulta da tentativa de


enquadramento das relações sociais aos ditames da heteronormatividade. Ela vem se manifestando,

11
Por família monoparental entende-se: “a comunidade de pai ou mãe divorciados e seus filhos.” (SILVA, 2007, p.
852).
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Vale aqui reiterar o direito de igualdade entre ambos os sexos, consignado no art. 5º, I, da Carta Maior.

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sobretudo, através de discursos religiosos inseridos nas esferas do Poder Público 13. Tais discursos
condenam as expressões sexuais fora do padrão da bipolaridade sexual e sinalizam com nitidez a
precípua relação entre Estado e religião havida no país.

Entre as diversas manifestações religiosas, a prevalência da fé cristã hierarquizou as


crenças. O caráter secundário atribuído às demais expressões de credo engendra preconceitos e
inscreve na agenda política estatal valores incompatíveis com a laicidade anunciada pela
Constituição à democracia brasileira.

A intolerância religiosa ao casamento de homossexuais exemplifica tal situação. Ela decorre


da histórica atuação do Estado com fundamento em dogmas de fé. Há quem afirme ser o Brasil um
país católico ou evangélico, justificando, por esse argumento, a importância de os costumes
seguirem os referenciais professados pela cosmovisão do cristianismo.

Tal justificativa, entretanto, não pode, ser abrigada no locus estatal. A laicidade do Estado
brasileiro foi assinada pela Constituição Federal vigente. Em seu Art. 5º, VI e VIII,
respectivamente, a Carta Maior estatuiu ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos” e garantiu que “ninguém será privado de
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Neste aspecto, vale
trazer as considerações de Roberto Arriada Lorea sobre o tema.

Curiosamente, ainda vemos muitas pessoas atribuindo ao Estado características


antirreligiosas, quando, na verdade, qualquer restrição injustificada à liberdade
religiosa compromete a laicidade estatal. No ordenamento jurídico brasileiro a
liberdade religiosa é assegurada na Constituição Federal, cujo art. 5º, VI, garante a
liberdade de consciência e de crença. Isso significa não apenas que os cidadãos têm
liberdade de acreditar (ou não) na existência de Deus, professar (ou não) uma (ou
mais) religião como também que o Estado não pode impor aos cidadãos qualquer
religiosidade. Importante destacar, assim, que ao Estado laico é devido assegurar
liberdade religiosa, o que não se confunde com fomentar religiosidade. Impor
religiosidade ou ausência dela é violação de liberdade. (LOREA, 2011, p.37)

Se as diversas insígnias religiosas que manifestam suas sacralidades em relação ao


casamento mereceram a atenção constitucional no sentido de prosseguirem ensejando suas tradições
e crenças, assim também ocorreu com aquelas outras que o consentem indistintamente a

13
No Poder Legislativo, verifica-se a atuação organizada de diversas denominações religiosas em sentido contrário ao
reconhecimento de direitos às pessoas não heterossexuais. A chamada “bancada evangélica” constitui uma frente
parlamentar que age em defesa de interesses religiosos e possui grande influência no Congresso Nacional.

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homossexuais e a heterossexuais, bem como com as religiões que sequer o consideram um


sacramento.

Há religiões no Brasil que aceitam o casamento gay, como o Candomblé, por exemplo, e
outras que não possuem ritual para ele. (LOREA, 2011) Indiferente a essa realidade, o casamento
civil permanece conformado à moralidade religiosa oriunda da concepção judaico-cristã acerca das
relações familiares e sexuais. (LOREA, 2011). O supracitado autor chama a atenção para a
naturalização dessa concepção na trajetória jurídico-política brasileira.

(...) por séculos vivemos sob legislações que impunham a doutrina católica e
perseguiam outras crenças, notadamente perseguidos foram aqueles que não
acreditavam na existência de Deus. As Ordenações Filipinas14 (1603) e,
posteriormente, as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia (1707) são
exemplos acabados da imposição estatal de uma particular visão religiosa de
mundo, capaz de naturalizar a religião católica como algo dado, natural, e não o
que realmente foi no Brasil: algo socialmente construído, por meio de imposição
legal. (LOREA, 2011, p.39).

A partir do ano de 1863 tornou-se possível o casamento para não católicos no Brasil. No ano
de 1890, ocorreu a instituição do casamento civil no direito pátrio. E somente em 1977, houve a
edição da Lei do Divórcio. Como continuação deste lento caminhar rumo à secularização da
sociedade brasileira, algumas transformações paradigmáticas na regulamentação das relações
afetivas vêm acontecendo desde a primeira década do século XXI.

A primeira delas foi a nova definição legal de entidade familiar. A Lei 11.340/2006 15, em
seu Art. 5º, II conceituou a família como sendo a “comunidade formada por indivíduos que são ou
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa”. Ela
ainda esclareceu no parágrafo único do mencionado artigo, que as relações pessoais nele enunciadas
“independem de orientação sexual”.

14
As Ordenações Filipinas, de 1603, no Livro V, art. 13, impunha a pena de morte para a homossexualidade: “Toda
pessoa, de qualquer qualidade que seja, que pecado de sodomia por qualquer maneira cometer, seja queimado e feito
por fogo em pó, para que nunca de seu corpo e sepultura possa haver memória, e todos seus bens sejam consfiscados
para a Coroa de nossos reinos, posto que tenha descendentes; pelo mesmo caso seus filhos e netos ficarão inábeis e
infames, assim como os daqueles que cometem crime de lesa-majestade”. (LOREA, 2011, p.40).
15
A introdução da Lei 11.340/2006 indica as suas finalidades: “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”.

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Entre as inovações trazidas pela redação da Lei que ficou conhecida como Maria da Penha, o
expresso reconhecimento do caráter familiar das relações homoafetivas foi de grande relevância ao
direito pátrio. Isso porque a redação da Lei 11.340 foi explícita ao inserir as pessoas não
heterossexuais em seu âmbito de proteção. Distintamente do que ocorre com a Constituição Federal,
não há interpretação dessa Lei que possa restringir a sua aplicabilidade à população LGBT.

Para Canotilho (2002), a abertura das normas constitucionais apenas cinge os direitos
anunciados na Carta Maior. Em decorrência disso, a possibilidade de interpretações antagônicas
para o texto constitucional problematiza a sua eficácia e turba a sua finalidade. Assim ocorreu com
os institutos do casamento e da união estável, que permaneceram, por muito tempo, negados aos
pares homoafetivos. Por esse aspecto, revela-se a importância da referida Lei para o
reconhecimento de direitos à população LGBT.

A união estável, trazida pela Constituição Federal em seu Art. 226, III, foi inserida no
ordenamento jurídico para abrigar as relações afetivas duradouras não constituídas através de
casamento. Com isso, a união estável de indivíduos não casados passou a ser protegida pelo Estado.
O reconhecimento dessas uniões como entidades familiares as elevou ao status de base da sociedade
brasileira.

Ela foi, a princípio, regulada pela Lei 9.278/1996. Todavia, essa lei resta quase que
totalmente revogada pelo Código Civil de 2002, que lhe deu nova regulamentação. O Art. 1.723 da
legislação civil reconheceu como entidade familiar “a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família”.

No Código Civil, assim como ocorre com o instituto do casamento, não há vedação ao
reconhecimento da união estável às pessoas não heterossexuais. Entretanto, a heteronormatividade,
ínsita às instituições jurídicas brasileiras, consubstanciou a negação de tal direito a esses indivíduos.

Essa situação perdurou até o ano de 2011, quando o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 132, reconheceu a união estável para casais do mesmo sexo. A decisão dos
ministros do STF foi unânime. Ela teve como propósito colmatar o silêncio da lei sobre a
admissibilidade do reconhecimento da união estável a pares homossexuais, bem como alavancar as

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relações homoafetivas conformes ao enunciado do Art. 1723 do Código Civil à qualidade de


entidades familiares. (VECCHIATTI, 2011).

Para muitos juristas esta foi uma decisão histórica16, marco no processo de reconhecimento
de direitos às pessoas homossexuais no Brasil. Mais recentemente, foi o casamento, instituição que
por muitos anos esteve regulamentada em consonância aos dogmas da Igreja Católica, que deixou
de ser negado aos homossexuais nos estados de Alagoas, Bahia e São Paulo.

Foi em outubro de 2012 que o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJBA) publicou o
provimento 12/2012 da Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) e da Corregedoria das Comarcas do
Interior (CCI). Este provimento regulamentou o casamento civil de modo a estender os mesmos
direitos para pessoas do mesmo sexo e pessoas de sexos diferentes.

Tal norma já está em vigência e autoriza aos tabelionatos de notas do estado a realização
dos procedimentos de escrituras públicas de inventário e partilha de bens, divórcio consensual, com
ou sem partilha de bens, e de restabelecimento da sociedade conjugal, para casais homoafetivos .
Por fim, ela autoriza os cartórios de registro civil a habilitarem o casamento entre pessoas
homossexuais.

A luta da população e do movimento LGBT por direitos, verificada desde as paradas gays
até a atuação desses sujeitos nos poderes legislativo e judiciário, assim como o gradual
reconhecimento dos direitos homoafetivos que dela resulta, tem provocado a ressignificação do
tratamento das sexualidades de pessoas não heterossexuais pelo Direito.

Conforme já foi dito, o direito à diversidade sexual emerge entre os chamados novos direitos
fundamentais. Maria Berenice Dias (2009, p. 43) assim o caracteriza por considerar que “a
sexualidade integra a própria condição humana”. Por essa razão, preteri-la enquanto direito colabora
ao aviltamento da dignidade de indivíduos que em seu cotidiano sofrem humilhações, ameaças,
injúrias e agressões, e que em muitos casos, apontam as estatísticas, perdem a vida unicamente
porque foram ao longo do processo de constrição moral burguesa do sexo, vinculados a
caracterizações diabólicas, horrendas e condenáveis.

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Assim descreve Paulo Roberto Iotti Vecchiatti, em suas considerações, tais julgados do Supremo Tribunal Federal.
(VECCHIATTI, 2011).

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No processo de emergência destes “novos direitos fundamentais” o Direito brasileiro tem a


possibilidade de efetivar o tratamento igualitário aos cidadãos independente da orientação sexual
que lhes corresponde. A superação da heteronormatividade na interpretação dos direitos é
pedagógica e referencial para a sociedade. O caráter dinâmico das normas que integram o
ordenamento jurídico brasileiro é condição fundamental ao firmamento dos princípios que o
orientam. Kildare Gonçalves Carvalho destaca a importância de que o Estado reconheça os
movimentos que na sociedade surgem, ao considerar:

[...] o surgimento de novas necessidades marcadas pela conscientização de seus


agentes, após um processo preliminar de vivência objetiva na negação de seu
estado de marginalidade concreta, e que assumem uma base comunitária. Surgem,
desse modo, os ‘novos’ direitos, que, embora nem sempre sejam inteiramente
‘novos’, são assim denominados porque não passam mais pelas vias tradicionais –
legislativa e judicial – mas provêm de um processo de lutas e conquistas das
identidades coletivas visando o reconhecimento pelo Estado. Referem-se ainda à
afirmação e materialização de necessidades individuais ou coletivas que emergem
informalmente de qualquer organização; não se acham estabelecidos por
procedimentos técnico-formais, pois são direitos concebidos pelas condições de
vida e exigências de um devir, que só se efetivam se conquistados; processam-se
com a subversão contínua do estabelecido e com a reivindicação permanente do
social e do político. (CARVALHO, 2010, p.754)

Nessa linha de pensamento, presume-se que em razão do percurso traçado em luta por
direitos pelas pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, a cidadania
desses sujeitos não deve permanecer tolhida em razão de perspectivas ideológicas antijurídicas,
incompatíveis ao locus estatal. O Estado, por ser o ente detentor do ius imperium necessita
reconhecer o direito à diversidade sexual de forma transversal aos comandos jurídicos que
proclama, fazendo-o cogente à sociedade civil, para que esta encare as expressões sexuais da
população LGBT pacificamente.

Referências

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 6 ed.;


Coimbra, Livraria Almedina, 2002.
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, 2009.
COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; MENDES, Gilmar
Ferreira. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.

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2009.
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2011.
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VECCHIATTI, Paulo Roberto Iotti. O STF e a união estável homoafetivas. Resposta aos críticos,
primeiras impressões, agradecimentos e a consagração da homoafetividade no Direito das
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<http://jus.com.br/revista/texto/19086>. Acesso em 16 de janeiro de 2013.

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