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ang Friedmann Aadré Michelet Telma Pereira Lenzi ‘izuko Morchida K efdcio: Fanny Abramovich Ilustrac amacchia mo ae © piREITO DF BRINCAR: A BRINQUEDOTECA 1999 © Fundaciio Abring pelos Direitos da Crianca 1? edigao: dezembro de 1992 © EvITORA PAGINA ABERTA LTDA. Publicado mediante contrato firmade coma Fundacao Abring pelos Direitos da Crianca. Este livro é parte de projeto financiado por Vitae — Apoio a Cultura, Educacéo ¢ Promocao Social. Vitae nao compartilha necessariamente os conceitos opinides expressas neste trabalho, que sao de exclusiva responsabilidade de seus autores, ‘Todos os direitos em lingua portuguesa reservados por: EDITORA PAGINA ABERTA L:1Da. ‘Nenhuma parte deste livre pode ser reproduzida, sob qualquer forma, sem prévia autorizacao dos editores. ‘Dados de Catalogacao na Publicacao (CIP) Internacional (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) O Direito de brincar : a brinquedoteea / Adriana Friedmann ... [et al]. Si Paulo : Scritta ABRINQ, 1992, ISBN 85-85328.30-4 1. Brinquedotecas I. Friedmann, Adriana. I. ‘Titulo: A brinquedoteca. 92-8299 CDD-027.625 Indices para catdlogo sistematico: 1. Brinquedotecas 027.625 2. Dircito de brinear : Griangas : Brinquedotecas 027.625 Eprrora Pacmva AnerTa Lipa, Rua Dona Germaine Burchard, 286 05002 -Sa0 Paulo - SP ‘Telefones: (011) 262-1155 871-5550 ‘Telefax; (011) 864-9320 INDICE —— O DIREITO DE BRINGAR: A BRINQUEDOTECA Com uma visio teérica atuslizada ¢ clara, Com uma porosa compreensio d crianga ¢ com garra na luta por seus direitos. Com informagdes precisas s bre como formar uma brinquedoteca. Completa. Bonita. Vital. Ampliador Brincante. Fanny Abramovich Sao Paulo, dezcurdro de 1992 UM -. IDIREITO Fanny Abramovich ¢ educadora € escritora, Autora, entre outros livtos, de “O esi ntundo que se mostra ds eriancas"; “Quem educa quem?”: “Literatura infantil: gostosuras e bobice 18 A evolucao do brincar Adriana Friedmann “A rua Conselbeiro Nébias era wma maravilha porque a gen- te brincava de amarelinha, pegador, de len¢o-atras, podia at vessar a rua correndo, ficava 4 vontade. De noite podia ficar até as oito horas brincando ali na calcada, de roda. Brincévamos de “Senhora Dona Sancha” de “A Canoa Virou”... Aquele bairro fi- ou horrivel; quando passo por la, naqueles Campos Eliscos, ai, di uma dor no coracio ...” (D. Alice) - *Naquela época nao existia brinquedos... Eu fazia carrinhos com rodas de carretel de linha e nés brincavamos o dia todo, livre- ‘mente. Nunca me machuquei porque a rua nao tinha carros ... A _ criangada corria e jogava, no meio da rua, futebol com bola feita de meia....” (Sr. Ariosto) ‘Nao tivemos brinquedos, faziamos papagaios, os quadrados, __ paraempinar no Morro dos Ingleses. Brincvamos de pegador, de barra-manteiga, de roda. Vivina pulou corda como ninguém ima- - gina: corda simples, de dois, passeio na corda, duas meninas en- _ trando de cada lado, cruzando e saindo.” (Sr, Anténio) osto, AntOnio, criancas nascidas cntre 1897 ¢ 1906, em um meio em Sao Paulo, brincavam, como tantas outras criancas, na rua errenos baldios, sem muitos brinquedo: + as criancas de agora, eles assistem muita televisao, eles assis- Muito desenho. Entio véem os brinquedos c entio el ” (1D. Mercedes) Hoje em dia eu acho que as criangas nao tém mais uma infan- 23 r C DIREITO DE BRINCAR: A BRINQUEDOT cia muito grande. Eu acho que eles brincam pouco, estudam mui- to, ficam muitas horas 11a escola, se bem que tem escolinha de brin- car... £ pra brincar, mas é mais um compromisso. E. hoje em dia, se eles nao vio pra escola, nao brincam, porque nao tém onde brin- car.” (D. Litcia) *...as criangas nao tém mais a chance que eu tive de brincar nu- marua ... hoje, sevocé nao tomar cuidado, vocé é atropelado.” (Dr. Hubhy) “... Era muito mais gostoso no tempo que as criancas tinham maior convivéncia, 14 na rua, na pracinha ... Hoje eles ficam wan- cados no apartamento, ¢ 9 encontro é s6 com um coleguinha de escola, com as pessoas da familia..." (D. Nina) “.. hoje tudo é diferente ... as criangas tém muitos brinquedos que as criangas de antigamente nem sonhayam de ter,” (Sr, Fausto) Silva, Garcia e Ferrari. Membriae brincadeiras na cidade de So Pau- lo nas primeivas décadas do séeulo XX liam o brincar das nossas criancas hoje, mostrando como a brincadeira mu- dou. Por qué as criancas estiio perdendo todos os referenciais de antigamen- te? Por qué foi deixada de lado a cultura popular € passada a responsabilida- de hidica a civilizacdo teenolégica? Para tentar compreender estas quest6es é necessario analisar como evoluiu 0 brincar'. Quando se pensa na evolugao do brincar, deve-se yoltar até a antigiiidade, época na qual o brincar cra uma atividade caracteristica tanto das criancas quanto dos adultos, representando para ambos um importante segmento de vida. As criancas participavam das festividades, lazer € jogos dos adultos, mas tinham, ao mesmo (tempo, uma esfera separada de jogos. Os jogos aconte- ciam em pracas puiblicas, espacos livres, sem a supervisio do adulto, em gru- pos de criancas de diferentes idades e sexos, O testemunho daquela época mostra o acontecer de uma vida social infantil rica ¢ dinamica atrayés dessas brincadeiras, Qual cra o lugar da brincadeira ¢ 0 seu significado na vida das criancas e adultos? Varios autores apontam a brincadeira daquela época como 0 mais vigoro- 1, Brincadeire refere-se basicamente 4 acao de brincar, ao comportamento espontaneo que resulta de uma atividade nao estruturada. Jogo: trata-se de uma brincadeira que envolve regras. Bringuedo: refere-se ao objet de brincar. Atividade hidica. abrange, de forma. mais ampla, os conccitos anteriores. 24 Estes depoimentos de individuos que nasceram no comeco do século, ava- A EVOLUGAO DO BRINCAR so elemento da cultura do riso, do carnaval do folclore. As brincadeiras ram formulas condensadas de vida, modelos em miniatura da historia e des- tino da humanidade. A brincadeira era o fendmeno social do qual todos par- ticipavam, € foi sé bem mais tarde que ele perdeu seus vinculos comunitarios eseu simbolismo religioso, tornando-se individual. Paralelamente, houve um processo de abandono das brincadeiras (antes comuns a todas as idades ¢ a todas as classes sociais) pelos adultos das classes superiores, sobrevivendo porém, entre as criangas dessas classes ¢ © povo. Quando nao abandonadas, as brincadeiras eram transformadas Os processes sociais ¢ civilizatérios de produgao que deram forma soc dade industrial moderna e 4 ordem social burguesa, constitufram, assim mes- mo, a infancia e a brincadeira contemporanea. Dois fatores tiveram, sobretu- do, um papel importante :a) a segregacio das criancas em um grupo separa- do da vida dos adultos; b) a institucionalizacdo das criangas e a utilizacao da atividade hidica como um instrumento. A segregacdo das criancas, transfor mou suas relacoes © afetou a institucionalizacao do desenvolvimento e da educacao. Junto com ascriangas, também a atividade hidica foi segregada pa- ra transformar-se no trabalho infantil. Este processo visava formar o “novo homem”; assim, era necessirio investir na modelagem das caracteristicas mais racionais e produtivas do individuo Essa posicaio diferenciada da infancia na sociedade e as tendéncias da civi lizacdo, fizeram nascer uma nova sensibilidade voltada as criancas. _ Ainfancia tornou-se pedagogizada: 0 objetiva basico dos pedagogos den- two das instituicdes e das familias, era o de criar o novo homem; os documen- tos da época mostram as medidas aplicadas para suprimir a esfera fisico-sen- sorial-emocional e estabelecer propriedades racionais, produtivas € discipli- nadas da personalidad. A brincadeira, considerada como um vicio no come- co da idade moderna, foi inwoduzida nas instituicGes educacionais por filan- ‘tropistas, com o intuito de tornar esses espacos prazcrosos ¢ também como meio educacional. Porém, querendo reabilitar a brincadeira e fazé-la ttil na educacao, o brin- foi colocado sob os mesmos principios que sustentaram a idéia do novo emi: era necessirio treind-lo. Esse process de pedagogizacio da ativida- dica foi agressivo, dando origem, ainda hoje, a sistemas para a utilizacdo icional do brincar. problema do crescimento das criangas na sociedade contemporanea, €m do fato de que o desenvolvimento social, as interag6es sociais da a.com 0 adulto ¢ entre as préprias criancas, estio seriamente ameaca- avanco tecnolégico. Intimeros estuclos mostram que a sociabilizacao €ssdria no desenvolvimento infantil quanto a nutri¢do, cuidados e 25 © DIREITO DE BRINCAR: A BRINQUEDOTECA outros fatores que satisfazem as necessidades vitais. Tais interagdes socials cvontecem através da descoberta e interiorizacao da crianca nos sistemas cul: raise sociais que representam as propricdades determinadas historicamen- te pelo homem. Assim, por exemplo, a crianca que convive em urna comuni= dade ou instituicdo vai, progressivamente, através das trocas com outros, inte- torizando os valores ¢ idéias daquele grupo, Como a crianca vir incorporar cases elementos na sa personalidade, dependera do carater dessas intera- ges sociais, assim como da natureza ¢ variedade de transacdes sociais dispo- Sivels a ela. A brincadeira tem um papel especial ¢ significative na interacao triangaadulto e crianca-crianca, Através da brincadeira as formas de com- portamento sao experimentadas e socializadas. Cada geracio de criangas transforma brineadeiras antiga po que cria as suas proprias, especificas. Assim, usando o antigo ¢ 0 novo, cae {la geracdo tem suas proprias caracteristicas e padres de sensibitidade, Na socedade infantil, a atividade kidica é a forma através da qual essa sensibili- dade ¢ potencial sio liberados e modelados, o que outorga a mesma um par pel importante nas realizacoes culturais ¢ sociai ao mesmo tem O SIGNIFICADO BO BRINCAR A brincadeira constitui-se, basicamente, em um sistema que integra avida cocial das criancas, Caracteriza-se por ser transmitida de forma expressiva de ta geracdo a outra ow aprendida nos grupos infantis, na rua, nos parques, escolas, festas, etc., ¢ incorporada pelas criancas de forma espontanea, var riando as regras de uma cultura a outra (ou de um grupo a outro); muda a forma mas nao 0 contetido da brincadeira; 0 contetido refere-se aos objeti- vos basicos da brincadeira; a forma é a organizac3o da brincadeira no que diz respeito 208 objetos ou brinquedos, espaco, tematica, ntimero de. jogado- res ete, Por exemplo: na Amarclinha, 0 objetivo basico consiste em lancar tum objeto, pegielo acs pulos e voltar com ele. Esta brincadeira, conhecida universalmente, muda sua forma de uma época a outra, de um paisa outro ou de um grupo a outro (0 tracado, os objetos, o mimeo de jogadores, ete). Essas brucadeiras sao imitadas ou reinterpretadas pelas eriancas. Isto varia em funcdo dos diferentes estimulos, interesses ¢ necessidades de cada grupo cultural de criancas. ‘Assim, as brincadeiras fazem parte do patriménio Hidico-cultural, tradue indo valores, costumes, formas de pensamento ¢ ensinamentos. 26 A EVOLUCAO DO BRINCAR AESTRUTURA DA ATIVIDADE LUDICA, Aatividade Kidica possui, basicamente, cinco aspectos destacados: Yo tempo. o espaco: qual é 0 tempo que a crianea tem para brincarno seu tidiano? Ela tem tempo para brincar dentro da escola? E fora da escola, quan- dio cla brinca? Quais slo os espacos reservados a crianca dentro da ecole pas rae brincar? Eedentro de eam? A erianga pode brincar na rua? Ela freqiien: ta parques, pracas ou outros espacos especiticos destinadosa brineadeira? Ascaracterfsticas do brincar de cada grupo infantil serao definidas em fun cao do tempo ¢ do espaco existentes para a brincadcira acontecer; 7 os jogadores: a crianga brinca com colegas da mesma idade? Bla tem opor Fitiidades de interagincotnctisavasalis udeeey oumadsvelhas? Els brine ca com adultos? Fla brinca sozinha? : ‘As interagdes sociais que a crianca estabelece no decorrer da atividade Kidica so fundamentais para o seu desenvolvimento. Durante estas trocas, a crianca fem opornmidade de assumir diversos papéis.e colocanse no higar do outro, ¢ 08 objetos ¢/ou brinquedos: os objetos com os quais a crianca brinca po- dem ser, desde simples elementos da natureza, até sofisticados bring iedos Esses objetos aparecem em diversos contextos no cotidiano infantil sia fae nilia, nas instituigGes educacionais, no contexto tecnolégico. Em cada wm deles, um brinquedo pode ser visto como objeto potencial de solidao e con- solagdo; como objeto que estimula a antonomia ou a associacao do coletivo; conto objeto de realzagio, eooperacio ¢ progresso; como novidade obje- lw de eistcaio ow informativo, Os bringueds t&m um impacto proprio e So, 0 mesmo tempo, meios para bincareveiculos da intebgénciae dat Vide iia, Hes constuern um “ee” dos padres clears dos diferen fextos sOcio-econdmicos; Si Ee bes ios jetta — fisicas ¢ mentais: o desenvolvimento da atividade Li- fee corer le, de forma significativa, das acdes das criancas — sem elas, a Be cc 7 acontece, Essas agdes desenvolvem-se, nos primeiros anos em a0 nivel do concrete (fisico). Assim que a crianea cres- ee na-se mais abstrata, havendo um desenvolvimento de habi- me et ue oe emocionais e sociais. Por exemplo: em um jogo de cons. Feria que eat zs oe pequena se exercita através da manipulacdo. eee a vendo, ela passa a construir objetos, cenas, ehren quirindo um significado mais abstrato e servem a outras s, deixando de ser, a construcao, o principal objetivo; 2a OO —<<<«“«o Ummm © DIREITO DE BRINGAR:; A BRINQUEDOTEGA Yuma relagao meio /fins: é importante discernir, no decorrer da atividade Ite dica,se clase constitui num meio para atingir determinados fins (& 0 caso de tum jogo proposto com objetivos pedagégicos espectficos — por exemplo: um jogo de seqiténcia); ou se a brincadeira acontece como um fim em si snesme: a crianga brinca por puro divertimento (por exemplo: pular corda jo recreio). Uma ou outra forma, irao mudar 6 carter da brincadeira, ATRANSFORMACAO DO BRINCAR “Quando nés éramos pequenos, nossas brincadeiras desde mui- to cedo eram brincadeiras de rua, brincadeiras de moleque ... €- tdoa gente era maislivre dentro daquele espaco que a sociedade nha estabelecido que era o espaco da crianga. Ela no podia sair daquilo, mas dentro daquilo, dentro daguele espaco, ela era mais livre do que hoje em dia, com um espaco maior.” (D. Edith) Silva, Garcia e Ferrari, Meméria e brincadeivas na cidade de Sao Paw- lo nas primeiras décadas do século XX Varios estudos constataram a mudanca do brincar no decorrer do século, tanto no Brasil quaiito em outros paises. A partir de uma coletanea minucio- sa de documentos, foi realizada uma analise da brincadeira espontanea das criancas brasileiras no decorrer do século XX (Friedmann, 1990), reunindo aproximadamente trezentas princadeiras na cidade de Sao Paulo e mais de mil, nos varios estados do Brasil. Dentre as causas mais significativas da transformacdo do brincar no decor- rer do século nas grandes cidades, € considerando as caracteristicas acima ex- postas, destacam: V uma significativa reducao do espaco fisico: com 0 crescimento das cidades ca falta de seguranga, os espacos lidicos viram-se seriamente ameacados € diminuidos 7 arcducdo do espaco temporal: dentro da instituigao escolar, a brincadetra foi deixada de lado em detrimento de outras atividades julgadas mais “pro- dutivas”. No contexto familiar, tanto amudanca no papel da mulher, orien- tada ao trabalho, quanto 0 grande espaco ocupado pela televisio no cot diano infantil, ou por outras atividades extra-curriculares, constituiram as pectos significativos na diminuicao do estimulo paraa brincadeira 28 A EVOLUGAO DO BRINCAR, Zo incremento da inddstria de brinquedos colocou no mercado objetos muito atraentes, transformando as interag6es sociais, nas quais 0 objeto passa a ter um papel relevante J a propaganda contribuiu para o incremento do consumo de bringuedos industrializados no mundo infantil. ‘Tanto dentro da escola como fora dela, o brincar tem sofride essas trans- formacdes. Dentro da escola, a brincadeira integra um espaco de trabalho: a princadcira livre passa a ser considerada como uma atividade nao-produtiva. Fora da escola, nos diferentes contextos, a tendéncia é similar. A situacao di- fere de um ponto ao outra do pais, de uma grande cidade para o interior, de tum contexto mais pobre para um mais abastaco, Masa modernizacio chega BP onitos inais loniginiquos do pats, através'dogaigioe delcomiunicac’o, sem gue no entanto seja garantido o acesso a0 que eles divulgam Tais transformacdes, com suas vantagens ¢ desvantagens, nfio podem ser negacias. Deve-se, pois, pensar em como ¢ possivel atuar para mudar os aspec- tos negativos da realidade lidica atual: a falta de espaco para brincar, a falta de tempo, enfim, a falta de oportunidades de brincar. A acdo fundamental a set empreendida é a de resgatar o espaco da brincadeira na vida das criancas. ATUANDO HOJE PARA TRANSFORMAR A REALIDADE LUDICA E, RESGATAR A BRINCADEIRA Resta perguntar-nosse houve realmente, na evolugao do brincar, um avan- ¢o ou um retrocesso. : _ Hove avango, sim, no que se refere aos estudos ¢ pesquisas a respeito da Berieancia € compreensao do brincar, para a preservacao histérico-cultu- ae 0 desenvolvimento integral infantil, a aprendizagem, a re ee 2 eguranca na fabricagao de bringuedos, a adequacao dos es Beizerlos is diferentes faixas etarias. No que se refere aos fatores externos Reece emp0, temitica, espaco, parceiros, objetos, as condicdes de mo- fe eee de uma certa forma, as oportunidades lidicas, eo Hoa lo epreacnt; nao ha diivida quanto ao fato da crian- Res car — d lesde a erianga da cidade até a crianga do interior lo campo, desde a crianca mais ¢stimulada ¢ com melhores condicées . Bie ea je ae de rua owa crianga institucionalizada— todas clas nee Bae € pore de expressarse ¢ descobrir 0 mundo através da Peed Sates contextos, as criancas estabelecem relagoes i lo, transformando, através do brincar, seus significados. 29 ODE TO DE BRINCAR: A BRINQUEDOTECA Frente a tais constatacées, é eminente a atuacao de todos aqueles indivi- duos preocupados com a infincia, no sentido de resgatar 0 espaco que o brin- car vem perdendo na nossa sociedade. Pensar em oferecer um espaco fisico ¢ temporal, tera como decorréncia natural a possibilidade das criancas intera~ girem com outras criancas, assim como com adultos, perpetuando-se, de for- ma paralela, a cultura Iidica wadicional, Ao mesmo tempo, a crianca estara se desenvolvendo de forma integral ¢ aprendendo, constituindo, 03 objetos ¢ 0s brinquedos a cla disponiveis, meios através dos quais podera descobrir 0 mundo e construir seus conhecimentos a respeito dele. Assim, a brinquedoteca® é um espaco privilegiado que rete a possibilida- de ¢ o potencial para desenvolver as caracteristicas lidicas antes menciona- das. E hoje, um dos caminhos mais interessantes que pode ser oferecido as criancas de qualquer idade ¢ faixa sécio-econdmica. O intuito é 0 de resgatar, na vida dgssas criancas, 0 espaco fundamental da brincadeira, que vem pro- gressivamente se perdendo e comprometendo de forma preocupante o de- senyolvimento infantil como um todo. Ter consciéncia desta realidade é fundamental para iniciar qualquer tipo de ac&o que tenha como preocupacio bisica o resgate do espaco ltidico in- fantil. O espaco em si, vocé vera ao longo deste livro, pode ser desde o mais simples até o mais incrementado. O que importa é, sobretudo, a inteneao de oferecer 4s nossas criancas oportunidades para que possam exercer 0 direito de brincar. BIBLIOGRAFIA ARIES, Philippe. /istéria Social da Crianga eda Familia. R.J., Ed. Guanabara, 1981 BOSI, Ecléa. Memiria ¢ sociedade: lembrangas de velhos. 2° ed., Sao Paulo, TA. Queiroz/Edusp, 1987 (1* ed. 1982) FRIEDMANN, Adriana. Jogos tradicionais na cidade de Sao Paulo: recuperagao eanilise de sua funcéo educacional. Si0 Paulo, 1990 (Tese de Mestrado) 2. Na lingua portuguesa utilizammse dois nomes para designar este espaco de brincar: Brinquedoleca (vem da palavra “brinquedo”): espaco yoltado para brinquedos brincadeiras, Ludoieca (vem de Indus): € utilizada nos pafses de lingua latina, com o mesmo significado. Na presente obra foi adotado o nome “bringuedotcea”. Porém, cada autor utilizou livremente sua propria terminologia. 30 Sao Parilo nas primeivas décadas do século XX. Si Paulo. Cortez (Biblioteca da Educacio, série 1. Escola; v. 7) A EVOLUGAO DO BRINCAR MARJANOVIC, Aleksandra. “The Theoretical and methodological pro- blems concerning the project on traditional games”, In: Traditional Games and. Children’s of Today. Belgrado-OMEP Traditional Games Project. Belgrado, 1986 " SILVA, Maria Alice Settibal Souza et alii. Meméria ¢ brincudeiras na cidade de .NPEG, 1989,

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