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The Torrance Tests of Creative Thinking (TTCT) are the evaluation instrument most
known and studied over the world. In this study we want to analyze the construct
validity of four TTCT subtests: the verbal activities 4 and 5, and the figural activities
4 and 5, attending the results on the creative parameters of fluency, flexibility, originality,
and elaboration. The sample has 385 students from 5th and 6th grades studying at
a public school in Braga’s district. To analyze the contrast effects we used a four
battery reasoning tests or convergent thinking (RTB-5/6). The results of the exploratory
factor analysis show a factor saturation by subtest where only the elaboration criterion
appears differentiated. When the results in the creativity subtests and in the reasoning
tests are crossed the factor analysis shows three factors, one for the verbal component,
other for the figural component, and another for the reasoning tests.
Key-words: Creativity, Torrance tests, factor validity, divergent thinking.
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* Universidade do Minho. Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia - antunesana@portugalmail.pt
** Universidade do Minho.
então, numerosos estudos têm sido reali- mesma linha de análise, cita o estudo de
zados em vários pontos do globo, sendo Dewing (1970), o qual obtém coeficientes
considerados os testes mais utilizados e mais elevados para o teste Circles (.68 para
validados para avaliar a criatividade (Baer, a fluência e .54 para a originalidade) e para
1993; Wechsler, 2002), estando traduzidos o teste Uses (.51 para a fluência e de .39
em mais de 35 países (Kim, 2006). O para a originalidade). Cropley (1997)
volume de estudos justificou revisões acrescenta, ainda, a referência a valores
sucessivas no contexto americano, acon- mais baixos de fidelidade para o TPCT
tecendo estas em 1974, 1984, 1990 e 1998 obtidos, ao longo dos anos, por Howieson
(Kim, 2006; Prieto, 2006). (1981), oscilando entre .15 e .37, embora
O TPCT é constituído por 10 actividades, Treffinger (1985), depois de analisar uma
sete verbais e três figurativas, em duas série de estudos de teste-reteste, aponte
formas paralelas A e B. Nas actividades para uma fildelidade moderada a elevada,
verbais os sujeitos dão a resposta por oscilando as correlações entre .50 e .93.
escrito e na componente figurativa os Em relação à validade de constructo as
sujeitos devem completar desenhos. Os críticas questionam em que medida o TPCT
critérios de cotação, inicialmente propos- avalia mesmo a criatividade. A validade
tos por Torrance, foram baseados nos tra- de constructo dos testes baseados no
balhos de Guilford sobre a criatividade, pensamento divergente tem sido
considerando assim a fluência, a flexibi- investigada comparando os desempenhos
lidade, a originalidade e a elaboração criativos com o QI (Cropley, 1997).
(Torrance & Safter, 1999). No entanto, Baseado na revisão da literatura, Cropley
mais tarde, Torrance introduziu alguns (1997) refere que, nos primeiros estudos
indicadores emocionais (expressão de (McLeod & Cropley, 1989), as correlações
emoção, fantasia, movimento, perspectiva entre os testes de criatividade são, geral-
incomum, perspectiva interna, uso de mente, mais baixas que as correlações
contexto, combinações, extensão de limi- encontradas entre a criatividade e os testes
tes, títulos expressivos e analogias/metá- de inteligência. Hocevar e Bachelor (1989)
foras) na avaliação da criatividade, apa- realizaram uma revisão dos resultados
recendo agora a criatividade com uma encontrados para a validade de constructo
componente cognitiva e outra emocional de testes de criatividade e afirmaram que
(Nakano, 2006; Wechsler, 2002; Torrance não era possível obter conclusões defini-
& Safter, 1999). tivas. Contudo, Cropley (1997) refere
Apesar do contributo do TPCT ao estudo outros estudos (Milgram, 1990; Runco,
da criatividade ser inquestionável, algumas 1991; Zarnegar, Hocevar, & Michael, 1988)
limitações e críticas têm sido apontadas onde os autores concluíram que os desem-
em relação à fidelidade e à validade dos penhos nos testes de criatividade permi-
seus resultados, dada a incongruência tem informações que não se obtêm através
verificada entre alguns estudos. Cropley dos testes de inteligência convencionais.
(1997), partindo de uma revisão da lite- Barron e Harrington (1981) reviram mais
ratura, refere, em relação à fidelidade, os de 70 estudos acerca da validade predictiva
primeiros estudos realizados por Mackler dos testes de criatividade e verificaram que
(1962) e Wodtke (1964), onde os autores as correlações com as realizações criati-
concluem que a fidelidade dos testes de vas, na vida real, eram significativas.
Guilford e de Torrance é muito baixa. Na Wallach e Wing (1969) corroboram esta
ideia revelando que os sujeitos com ele- riáveis, tais como a motivação e a opor-
vados resultados nos testes criativos tam- tunidade (Torrance 2004).
bém pontuavam alto em áreas como lide- Estudos mais recentes têm considerado
rança, arte e música. Nesta mesma linha, apenas a parte figurativa, uma vez que se
Torrance (1988), num estudo longitudinal revela mais isenta de influências culturais
de 22 anos, refere que os valores de (Cramond, 2007; Kim 2006; Torrance,
correlação com as produções dos adultos 1977) e parece mais eficaz na identifica-
eram de .62 para os homens e de .57 para ção de alunos sobredotados (Kim, 2002;
as mulheres. Torrance acrescenta que estes Torrance, 1977). Em Espanha, Prieto
coeficientes atestam a validade dos seus (2006) avançou com um estudo
testes e que os valores obtidos são até psicométrico das provas figurativas, obten-
superiores aos coeficientes encontrados do resultados de fidelidade e validade
pelos testes de inteligência. Num outro satisfatórios. No Brasil diversos estudos
estudo, desenvolvido ao longo de 30 anos, têm sido desenvolvidos (Wechsler, 2001,
Torrance (2004) encontrou coeficientes de 2006), culminando na construção de um
correlação entre as medidas de criativida- primeiro manual de utilização dos TPCT
de no ensino secundário e as produções para a população brasileira (Wechsler,
criativas em adulto, variando entre .46 e 2002).
.58, enquanto as correlações envolvendo Em Portugal também têm sido realizados
testes de inteligência, de desempenho e alguns estudos com os testes verbais e
escalas sociométricas não se mostravam figurativos de Torrance (Bahia & Noguei-
significativas. Cohen (1988) refere que ra, 2005; Nogueira, 2006; Oliveira, E.,
estes índices de correlação são satisfatórios, 2007; Oliveira, M. 1992; Oliveira, Conde,
dado o tempo decorrido entre a adminis- Pessoa, Batista, & Fernandes, 2006; Pe-
tração das variáveis preditoras e as me- reira, 1998, 2001). A par destes trabalhos
didas de critério. Por último, um estudo também têm sido desenvolvidas outras
de follow-up, levado a cabo ao fim de 40 investigações aplicando, parcialmente, os
anos, aponta para a validade predictiva do testes do TPCT (Antunes, 2005; Bahia,
TPCT, explicando os parâmetros criativos 2007; Bahia & Nogueira, 2006; Miranda,
cerca de 23% da variância da produção 2003). No entanto, estes estudos não
criativa (Cramond, Matthews-Morgan, apresentam como objectivo a validação dos
Bandalos, & Zuo, 2005). TPCT ao contexto português, sendo que
Plucker (1999) salienta que algumas crí- os resultados não permitem uma genera-
ticas são direccionadas às deficiências lização a outras populações. Contudo,
metodológicas nos estudos de revisão e nos fornecem contributos importantes ao de-
estudos de validade longitudinais desen- senvolvimento de estudos posteriores. Por
volvidos por Torrance e seus colaborado- exemplo, Pereira (1998; 2001), em estu-
res. No entanto, uma re-análise dessas dos com os testes figurativos, encontra
fontes corrobora as conclusões originais da valores de fidelidade inter-correctores
capacidade predictiva dos testes de pen- acima de .90 em quase todos os parâme-
samento divergente na produção criativa. tros criativos (excepto o índice de .85 para
Por sua vez, Cramond (2004) refere que a elaboração no teste figurativo 3); e, ao
o TPCT não tem uma predictibilidade nível da validade de constructo encontra
perfeita, sendo também verdade que as correlações moderadas e significativas
produções criativas envolvem outras va- entre os parâmetros criativos dos testes
prova de Raciocínio Numérico (RN) re- tudos seguindo as normas francesas (Pe-
quer a continuação de séries de números reira, 1998; Pereira, 2001). Por exemplo,
apresentadas e foi administrada em 10 para o teste figurativo 2 as respostas de
minutos. Na prova de Raciocínio Prático nádegas e seios ao estímulo 3, conside-
(RP) são apresentadas situações problemá- radas originais na amostra brasileira, não
ticas que o sujeito deverá compreender para o são para os alunos da nossa amostra,
deduzir a resposta. Foi administrada em enquanto as respostas de banana e lua são
10 minutos. as mais frequentes. Apesar de Torrance
(Cramond, 2007) ter sugerido a elimina-
Procedimentos ção da elaboração na parte verbal optámos
O projecto do estudo foi apresentado à por considerá-la como outros autores o
Direcção de uma escola pública do distrito fizeram (Oliveira et al., 2006; Pereira,
de Braga a qual autorizou a sua realiza- 1998, 2001; Wechsler, 2002). No entanto,
ção, no quadro de um projecto mais deparámos com algumas dificuldades na
abrangente de identificação de alunos com sua cotação dada a “pobreza” das respos-
altas habilidades. Uma vez definidos os tas dos alunos, evidenciada nas suas frases
horários de administração das provas imediatas e telegráficas.
procedemos à avaliação dos alunos, com- No quadro 1 apresentamos os resultados
binando-a previamente com os professo- em cada uma das actividades verbais e
res de Estudo Acompanhado, e perante o figurativas, discriminando cada um dos
consentimento informado dos alunos, pro- parâmetros criativos considerados: V4Flu
cedemos, num primeiro momento, à apli- (fluência na actividade verbal 4), V4Fle
cação de quatro subtestes de criatividade (flexibilidade na actividade verbal 4), V4O
do TPCT. Num segundo momento, apli- (originalidade na actividade verbal 4),
cámos as provas da BPR-5/6. No final do V4Ela (elaboração na actividade verbal 4),
primeiro período lectivo recorremos às V5Flu (fluência na actividade verbal 5),
pautas de avaliação dos alunos para ob- V5Fle (flexibilidade na actividade verbal
termos a informação relativa às notas 5), V5O (originalidade na actividade verbal
escolares. Os dados foram analisados 5), V5Ela (elaboração na actividade verbal
através do programa estatístico SPSS 5), TVFlu (fluência na actividade verbal
(versão 15.0 para Windows). 4 e na actividade verbal 5), TVFle (fle-
xibilidade na actividade verbal 4 e na
actividade verbal 5), TVO (originalidade
Resultados na actividade verbal 4 e na actividade
verbal 5) e TVEla (elaboração na activi-
Antes de passarmos à apresentação e dade verbal 4 e na actividade verbal 5);
análise dos resultados importa referir que, F2Flu (fluência na actividade figurativa 2),
à medida que fomos cotando as provas, F2Fle (flexibilidade na actividade figura-
em relação à originalidade, sentimos ne- tiva 2), F2O (originalidade na actividade
cessidade de introduzir algumas alterações figurativa 2), F2Ela (elaboração na acti-
em função da nossa amostra, pois algumas vidade figurativa 2), F3Flu (fluência na
das respostas colocadas na tabela do actividade figurativa 3), F3Fle (flexibili-
manual de Wechsler (2002) não se mos- dade na actividade figurativa 3), F3O
travam adequadas, como seria de esperar (originalidade na actividade figurativa 3),
e também se tem verificado noutros es- F3Ela (elaboração na actividade figurativa
Comparando os valores de correlação entre são mais fortes dentro de cada um dos
os parâmetros criativos nas actividades grupos verbal e figurativo, em compara-
verbais e nas figurativas constatamos que ção com os valores de correlação entre eles
nas provas figurativas as diferentes vari- (para a fluência .37, para a flexibilidade
áveis criativas se correlacionam mais .28, para a originalidade .22 e para a
fortemente que nas provas verbais. Em elaboração .21). No sentido de clarificar
ambos os casos os índices de correlação um pouco estes resultados procedemos a
mais elevados acontecem entre a fluência uma análise factorial em componentes
e a flexibilidade (.91 para as figurativas principais com rotação varimax
e .78 para as verbais) e o mais baixo (KMO=722; Bartlett=1175.736; p<.001).
verifica-se entre a elaboração e a origi- Os resultados (quadro 5) sugerem a
nalidade (.40 para as figurativas e .18 para emergência de dois factores, sendo que o
as verbais). factor 1 agrupa os parâmetros das tarefas
Quando analisamos os valores de corre- figurativas, explicando 42.99% da
lação, tomando os mesmos parâmetros em variância, e o factor 2 agrupa os parâme-
tarefas verbais e figurativas, deparamos tros dos subtestes verbais, explicando
com índices mais baixos (para a fluência 18.56% da variância. De novo, a medida
.37, para a flexibilidade .28, para a ori- de elaboração verbal aparece menos asso-
ginalidade .22 e para a elaboração .21). ciada aos demais parâmetros considerados
Entre os diferentes parâmetros encontra- e apenas 28% da sua variância aparece
mos também valores de correlação osci- associada aos dois factores isolados (tam-
lando entre .22 e .37, sendo de destacar bém a elaboração figurativa aparece ape-
a reduzida correlação entre a elaboração nas com 42% da sua variância explicada
verbal e as variáveis figurativas de fluên- pelos dois factores isolados).
cia (.15), flexibilidade (.12) e originalida- Na linha de destrinçar melhor a validade
de (.16). de constructo dos subtestes do TPCT
Mais uma vez os índices de correlação procedemos a uma análise de correlação
parecem indiciar uma distinção entre os dos mesmos com algumas variáveis
testes verbais e os testes figurativos pois cognitivas mais típicas de um pensamento
Os três factores isolados confirmam que nova tabela de categorias (importante para
não existe uma inter-correlação entre a originalidade), em função da frequência
parâmetros criativos verbais e não verbais, de respostas na nossa amostra, apesar de
embora se distingam ambos das dimensões o número de sujeitos não ser muito ele-
cognitivas avaliadas nos testes de racio- vado, pois algumas respostas consideradas
cínio. Com efeito, o primeiro factor iden- por Wechsler (2002) não tinham signifi-
tifica-se com as provas de raciocínio e os cado no nosso estudo e as obtidas não
dois seguintes separam os indicadores de constavam da lista consultada.
criatividade consoante o conteúdo das Passando, agora, aos resultados encontra-
tarefas, verbal ou figurativo. dos parece-nos que, nas provas figurati-
vas, se encontram coeficientes de corre-
lação mais elevados entre os diversos
Discussão e conclusões parâmetros criativos. Mesmo assim, os
índices de correlação entre os parâmetros
Parece-nos que este estudo exploratório das provas verbais são bastante satisfatórios
merece algumas considerações em relação (excepto entre a elaboração e a origina-
aos procedimentos metodológicos e em lidade), ao mesmo tempo que se encon-
relação aos resultados encontrados. No que tram correlações moderadas entre as di-
se refere ao primeiro ponto começamos por mensões da criatividade na parte verbal e
referir que, como a administração foi na parte figurativa. Apesar destes valores
colectiva, não nos foi possível motivar de correlação, na análise factorial, apare-
individualmente cada aluno para a reali- cem dois factores distintos: o factor 1
zação do testes nem obter informações mais associado ao conteúdo figurativo e o factor
específicas sobre as dificuldades sentidas 2 associado ao conteúdo verbal, sugerin-
ou sobre as estratégias seguidas para a do, mais uma vez, uma supremacia do
resolução das tarefas como, por exemplo, factor figurativo, responsável por 42.99%
Pereira (2001) evidenciou. da variância, em relação ao factor verbal.
Os resultados por nós encontrados também Em relação à validade de constructo outro
levantam algumas dificuldades de genera- resultado merece destaque, ou seja, a
lização. Por um lado, não aplicámos o ausência de correlação entre a originali-
TPCT na íntegra, sabendo que Torrance dade e a elaboração, nos testes verbais
não recomenda a sua aplicação parcial considerados. Este valor poderá, eventu-
(Cramond, 2007) e, por outro, o número almente, indiciar que ambos os parâme-
de sujeitos da nossa amostra não é repre- tros ou um deles apresenta valores baixos
sentativo de uma população mais alargada. (acreditamos que pelas respostas encontra-
Outro aspecto que queremos mencionar das a elaboração verbal não revela, real-
relaciona-se com a cotação das provas. mente, o potencial real dos alunos enri-
Queremos ressaltar a importância da for- quecerem as respostas, pois estas eram
mação e do treino, para os psicólogos que muitos telegráficas) e, por isso, não se
administram e cotam o TPCT, dado im- correlacionam, salientando-se que em alu-
plicar algum grau de subjectividade, so- nos sobredotados estas duas dimensões
bretudo se os avaliadores não estiverem criativas tendem a destacar-se (Pereira,
treinados o suficiente. 1998, 2001). No entanto, Nogueira (2006)
Por outro lado, dada a escassez de estudos também encontrou resultados similares no
em Portugal, tivemos que organizar uma seu estudo onde todos os parâmetros
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