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PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 1

DEZ/2000

Adimú - Oferendas as Orixás


CECAA

Centro de Estudos da Cultura Afro-Americana

UMA COLETÂNEA DE COMIDAS DE SANTO.

DEDICO
DEDICO ESTE TRABALHO
TRABALHO AOS SEGUIDOR
SEGUIDORES
ES DO CULTO AOS ORIXÁS
ORIXÁS QUE,
RESPEITANDO TODAS AS FORMAS DE VIDA, COMPREENDEM QUE OS ANIMAIS SÃO
CRIATURAS DE OLORUN,
OLORUN, ASSUMINDO,
ASSUMINDO, ASSIM A RESPONSABILIDADE DE
DE RESPEITÁ-LOS
E PRESERVÁ-LOS.

ORAÇÃO DO GALO.

Não vos esqueçais, Senhor,

que eu faço nascer o Sol! 

Sou vosso servo...

Mas a ior"#ncia $o eu car%o

&'e(e cer"as arro%#ncias.

Aesar $e "u$o,

reconheço que sou vosso servo...

Não esqueçais, Senhor,

que eu faço nascer o Sol! 

  A)! 

Carmem B. de Gasztold - (Orações na Arca).


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 2
DEZ/2000

ADIMÚ - OE!E"DA# AO# O!I$%#

&' (arte

CA()*+,O I

O Candoml

O Candomblé, é a forma de culto existente no Brasil, das divindades de origem


africana.

 A forma original, traida !" mais de #uatrocentos anos $elos escravos negros,
submetida a um $rocesso de aculturaç%o, resultou num modelo novo, muito diferente da#uela da
#ual $rovém e #ue serve !o&e, t%o somente, como $onto de refer'ncia, de acordo com a
reformulaç%o ou total re&eiç%o de muitos de seus elementos.

 A influ'ncia da civiliaç%o crist%, assim como os costumes de gru$os


gru$os amerndios, foram
assimilados e seus traços culturais $odem ser observados mesmo nas mais tradicionais casas
de Candomblé, #ue auto-intitulam-se n*cleos de resist'ncia religiosa e cultural.

 A caractersca de n*cleo de resist'ncia, destiolou-se através dos tem$os e, o #ue


vemo
vemoss !o&e
!o&e,, é uma
uma $r"t
$r"tic
ica
a relig
religios
iosa
a em cons
consta
tant
nte
e $roc
$roces
esso
so de reno
renova
vaç%
ç%o,
o, onde
onde as
caractersticas culturais da minoria, tendem a mudarem, ao reagirem + maioria envolvente.

ste fenmeno $ode ser observado também em $ases da América atina, onde os
cultos de origem africana recebem nomes diferentes, como/ 0ud*, 1alo 2a3ombe, 4anteria, etc.,
variando de um $as ou de uma regi%o $ara outra, da mesma forma #ue, no Brasil, $odemos
encontrar diferentes $r"ticas #ue variam de regi%o $ara regi%o, como/ 5ambor de 2ina no
2aran!%o6
2aran!%o6 Batu#ue
Batu#ue e Babaçu' no 1ar"6 5oré e Catimb7
Catimb7 em toda a regi%o
regi%o nordeste6 1a&elança
1a&elança
no norte do $as6 8ang em 1ernambuco6 2acumba no 9io de :aneiro e 4%o 1aulo6 1ar" em
1orto Alegre6 Candomblé na Ba!ia, 4%o 1aulo e 9io de :aneiro, e ;mbanda, existente em todo o
5errit7rio <acional.&

Os cultos, embora ten!am uma origem comum, n%o s%o !omog'neos, $ossuindo
diferentes $rocedimentos lit*rgicos, o #ue n%o se verifica somente de regi%o $ara regi%o, mas
também, de terreiro $ara terreiro, muito embora restem sem$re v"rios elementos comuns a todos
os gru$os $raticantes.

 A aus'ncia de um culto direcionado a um =eus >nico e 5odo-1oderoso, $aralelamente


ao culto festivo +s entidades intermedi"rias, (Orix"s, 0oduns ou ?n@isis), fe com #ue <ina
9odrigues escrevesse// *A conceção $os Ori+s ) francaen"e oli"e-s"a, cons"i"ui ua
9odrigues escrevesse
ver$a$eira i"olo%ia, ao eso "eo que sua reresen"ação a"erial con"inua sen$o
in"eiraen"e fe"ichis"a* 
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 2
DEZ/2000

ADIMÚ - OE!E"DA# AO# O!I$%#

&' (arte

CA()*+,O I

O Candoml

O Candomblé, é a forma de culto existente no Brasil, das divindades de origem


africana.

 A forma original, traida !" mais de #uatrocentos anos $elos escravos negros,
submetida a um $rocesso de aculturaç%o, resultou num modelo novo, muito diferente da#uela da
#ual $rovém e #ue serve !o&e, t%o somente, como $onto de refer'ncia, de acordo com a
reformulaç%o ou total re&eiç%o de muitos de seus elementos.

 A influ'ncia da civiliaç%o crist%, assim como os costumes de gru$os


gru$os amerndios, foram
assimilados e seus traços culturais $odem ser observados mesmo nas mais tradicionais casas
de Candomblé, #ue auto-intitulam-se n*cleos de resist'ncia religiosa e cultural.

 A caractersca de n*cleo de resist'ncia, destiolou-se através dos tem$os e, o #ue


vemo
vemoss !o&e
!o&e,, é uma
uma $r"t
$r"tic
ica
a relig
religios
iosa
a em cons
consta
tant
nte
e $roc
$roces
esso
so de reno
renova
vaç%
ç%o,
o, onde
onde as
caractersticas culturais da minoria, tendem a mudarem, ao reagirem + maioria envolvente.

ste fenmeno $ode ser observado também em $ases da América atina, onde os
cultos de origem africana recebem nomes diferentes, como/ 0ud*, 1alo 2a3ombe, 4anteria, etc.,
variando de um $as ou de uma regi%o $ara outra, da mesma forma #ue, no Brasil, $odemos
encontrar diferentes $r"ticas #ue variam de regi%o $ara regi%o, como/ 5ambor de 2ina no
2aran!%o6
2aran!%o6 Batu#ue
Batu#ue e Babaçu' no 1ar"6 5oré e Catimb7
Catimb7 em toda a regi%o
regi%o nordeste6 1a&elança
1a&elança
no norte do $as6 8ang em 1ernambuco6 2acumba no 9io de :aneiro e 4%o 1aulo6 1ar" em
1orto Alegre6 Candomblé na Ba!ia, 4%o 1aulo e 9io de :aneiro, e ;mbanda, existente em todo o
5errit7rio <acional.&

Os cultos, embora ten!am uma origem comum, n%o s%o !omog'neos, $ossuindo
diferentes $rocedimentos lit*rgicos, o #ue n%o se verifica somente de regi%o $ara regi%o, mas
também, de terreiro $ara terreiro, muito embora restem sem$re v"rios elementos comuns a todos
os gru$os $raticantes.

 A aus'ncia de um culto direcionado a um =eus >nico e 5odo-1oderoso, $aralelamente


ao culto festivo +s entidades intermedi"rias, (Orix"s, 0oduns ou ?n@isis), fe com #ue <ina
9odrigues escrevesse// *A conceção $os Ori+s ) francaen"e oli"e-s"a, cons"i"ui ua
9odrigues escrevesse
ver$a$eira i"olo%ia, ao eso "eo que sua reresen"ação a"erial con"inua sen$o
in"eiraen"e fe"ichis"a* 
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 3
DEZ/2000

0"rios outros autores viriam, $osteriormente, corrigir tal afirmaç%o, notadamente, 9oger
Bastid
Bastide,
e, dson
dson Carnei
Carneiro,
ro, 2.=ela
2.=elafos
fosse,
se, 1ierre
1ierre 0erger
0erger,, . 4olanb
4olanb'
' e outros
outros #ue afirma
afirmam
m a
exist'ncia, na cultura religiosa dos negros 3orubanos, fons e das diversas nações do 4ul da
 frica, um =eus >nico, Criador de
de 5odas as Coisas, Onisciente e Oni$resente.
Oni$resente.

ste =eus, a #ue denominam Olorun,


Olorun, Olodumare ou Olofin, é o 4er #ue controla
o universo e todas as coisas, $or intermédio de v"rios agentes denominados, coletivamente,
Orix"
Orix"s.
s. =essa
=essa forma
forma $ode-s
$ode-se
e distin
distingui
guirr o monote
monotes
smo
mo como
como base
base desse
desse ti$o
ti$o de $r"tic
$r"tica
a
religiosa. O Candomblé é, $ortanto, um culto com caractersticas exclusivas #ue o distingue da
forma original ainda !o&e $raticada na frica.

 A $retens%o existente $or $arte de seus seguidores de v'-lo assumir o status de


religi%o, é obstaculiada $or sua $r7$ria
$ r7$ria estrutura de organiaç%o e atuaç%o.

 bem verdade #ue esse culto


culto est" $erfeitamen
$erfeitamente
te includo
includo no gru$o #ue engloba
engloba os
sistemas religiosos $rimitivos, definidos $ela aus'ncia de #ual#uer tradiç%o escrita, mas onde os
rituais $roliferam com muito mais constncia.

O,O!+"/ O,OD+MA!E/ O,OI" - O# "OME# DE DE+#.

4egundo a filosofia religiosa africana, O Criador encontra-se em $lano t%o su$erior em


relaç%o aos seres !umanos e, é de tal forma inex$lic"vel e incom$reensvel, #ue in*til seria
manter-se um culto es$ecfico em sua !onra e louvor, &" #ue o Absoluto n%o $ode ser alcançado
$elo ser !umano em decorr'ncia de suas limitações e im$erfeições.

Olorun
Olorun é o nome mais comumente
comumente usado $ara designar a =ivindade 4u$rema,
4u$rema, e esta
$refer'ncia de uso est" ligada + sua aceitaç%o $or $arte dos islamitas e dos crist%os, #ue
adotaram-no como sinnimo, tanto de Al", #uanto de :eov".

O termo é f"cil de ser analisado e traduido, uma ve #ue se com$õe de duas $alavras
a$enas/ DOl de Oni (dono,
( dono, sn!o", #!$)
#!$) e Orun (#%&,
(#%&, '&ndo ond !()*+(' os s"*+os '(*s
/(dos0, formando Olorun - C!$, P"o"*+1"*o o& Sn!o" do C%&.
/(dos0, formando C%& .

O termo Olodumare $ro$õe uma idéia mais com$leta e de maior significado filos7fico.
=esmembran
=esmembrando
do a $alavra,
$alavra, encontramo
encontramoss os seguintes
seguintes com$onentes/
com$onentes/ OlE, DOd* e 2are,
2are, #ue
$assamos a analisar se$aradamente.

O $refixo Ol resulta da substituiç%o, $elo l das letras n e i da $alavra Oni (dono,
( dono,
#!$), $refixo utiliado, modificado, ou em sua forma original, $ara designar o domnio
sn!o", #!$),
de alguém sobre alguma coisa ($ro$riedade, $rofiss%o, força, a$tid%o, etc.). x./ Olo@un -
4en!or dos Oceanos.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 4
DEZ/2000

O termo intermedi"rio Odu, $ossui diversos significados, de$endendo das diferentes


entonações na sua $ron*ncia, #ue no caso é du e #ue reunido ao $refixo ol, resulta em
Olodu, cu&o significado é/ 2A3& 3& oss&* o #+"o o& ( (&+o"*d(d, ou ainda/ 2A3& 3& %
 o"+(do" d 4#n+s (+"*)&+os, 3& % s&"*o" ' &"5(, 6"(nd5(, +('(n!o  3&(*d(d2.

 A *ltima $alavra com$onente mare é, $or sua ve, o resultado do aco$lamento de


dois termos ma e re, im$erativo #ue significa/ 2n7o "oss*6(2, 2n7o /1. A advert'ncia contida
no termo, fa refer'ncia + inca$acidade do ser !umano, inerente + sua $r7$ria limitaç%o, de
decifrar o su$remo e sagrado mistério #ue envolve a exist'ncia da =ivindade.

Olofin é também uma das designações da =ivindade su$rema. Fuando em extrema


afliç%o, os nags costumam solicitar o auxlio divino, invocando os tr's nomes/  Oo"&n8 Oo$*n8
Ood&'("

CA"DOMB,0/ +MA !E,IGI1O2

2O +"'o "*6*7o %, d 'odo 3&(s 6"(, "(#*on(do #o' o /")o (+*no "*6"9
#&'"*'n+o #ons#*n#*oso do d/", "s*+o ( od"s s&"*o"s, "o$&nd( "$47o. O
s&)s+(n+*/o "*6*o, "(#*on(do #o' o /")o, "$"-s (o o):+o dss( "o#&(;7o *n+"*o"
3&(n+o (o o):+*/o d( (+*/*d(d ( ( "(#*on(d(. O&+"o /")o (+*no os+"*o" % #*+(do #o'o
$on+ do +"'o, "*6(", 3& *'*#( &' "(#*on('n+o n+*'o  d&"(do&"o #o' o so)"n(+&"(<.3

 As religiões $ressu$õem sistemas de crença, $r"tica e organiaç%o, #ue estabelecem


uma ética manifestada no com$ortamento de seus seguidores no #ue concerne ao $rocedimento
ritualstico, ($r"ticas $adroniadas e invari"veis, $or meio das #uais os ade$tos re$resentam, de
forma simb7lica, sua relaç%o com os seres sobrenaturais).

stes rituais com$reendem diferentes $ro$ostas, como s*$licas, adoraç%o, ou tentativa


de controle sobre os acontecimentos, o #ue condu ent%o, + $r"tica da magia ou da feitiçaria. 
o $r7$rio ritual #ue $ode estabelecer um c7digo de com$ortamento, através do #ual os ade$tos
$oder%o se organiar.

=A o"6(n*5(;7o "*6*os( d$*n os '')"os d( #o'&n*d(d d #"n+s, +n+( '(n+" (


+"(d*;7o  "&n*" ( d*ss*d>n#*(, , (+"(/%s d d*$"n#*(;7o *n+"n(, (+"*)&* +("$(s "*6*os(s (os
#"n+s< G.

5udo isso exige, $ara #ue $ossa se efetivar, a exist'ncia de uma liderança centraliada
numa autoridade sacerdotal, individualiada ou com$osta $or um gru$o de ade$tos de alta
!ierar#uia. A autoridade a re$resentada é #ue ir" estabelecer a $adroniaç%o do ritual, o
recon!ecimento de novos ade$tos e a ordenaç%o de novos sacerdotes.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 5
DEZ/2000

 A $artir da organiaç%o, do estabelecimento de liderança universalmente aceita e


recon!ecida, da uniformiaç%o ritualstica e da codificaç%o de éticas com$ortamentais e
$rocedimentais, o Candomblé $oder" ent%o - e s7 ent%o - atingir o status de religi%o, na medida
em #ue $ossui mil!ares e mil!ares de seguidores e ade$tos, em sua maioria atrelados a falsos
lderes #ue n%o $ossuem as verdadeiras atribuições #ue distinguem os legtimos sacerdotes,
devendo-se ressaltar #ue, o $rocesso inici"tico é insuficiente $ara !abilitar o indivduo no
exerccio do cargo sacerdotal de !ierar#uia m"xima.

 A !abilitaç%o ao referido cargo n%o $ressu$õe sim$lesmente #ue o candidato se&a


iniciado.  necess"rio e indis$ens"vel #ue !a&a $ara isso, uma determinaç%o dos $r7$rios
Orix"s, o #ue s7 $ode ser constatado através da consulta ao Or"culo de ?f".

 A ética religiosa $ode, no entanto, ser consoante com o resto do sistema religioso e
estar ao mesmo tem$o, em contradiç%o formal com ele, o #ue $rovoca certas tensões #ue
fornecem novos im$ulsos, #ue tendem a $roduir mudanças no sistema geral, ocasionando
ent%o, o surgimento de um ou v"rios gru$os dissidentes, #ue, orientados $elos fundamentos
$rinci$ais do gru$o origin"rio, determinam, $ara seus com$onentes, mudanças no sistema geral
e, a$artando-se, estabelecem-se como seitas.

 A conceituaç%o de seita difere suficientemente $ara #ue n%o $ossa ser aceita como
classificaç%o $ara o Candomblé ao entendermos #ue/ ;ma seita é um gru$o religioso formado
em $rotesto a outro gru$o religioso, e geralmente se se$arando dele6 sua formaç%o re$resenta a
manutenç%o de credos, $r"ticas rituais e $adrões morais, mais comumente considerados $elos
membros da seita como um retorno a formas mais antigas e mais $uras dessa religi%o em
$articular,... ...com o tem$o a seita muda $ara a $osiç%o de isolamento limitado, + $arte do
sistema circundante, ou $ara um estado de ada$taç%o + ele. 4

4eita seria $ortanto, o resultado da se$araç%o de um gru$o dissidente de uma religi%o,


de um culto estabelecido ou até mesmo de outra seita, onde o surgimento de uma nova seita
seria o resultado da canaliaç%o do descontentamento criado $or diverg'ncias de #ual#uer
naturea.

O ob&etivo do gru$o dissidente n%o $oderia ser outro sen%o o de mudar, através de
uma aç%o inovadora, alguns, se n%o todos os elementos #ue caracteriam sua $r7$ria origem.

=iante do ex$osto conclumos #ue, o Candomblé, n%o $odendo ser classificado como
uma religi%o e tam$ouco como seita $or falta de caractersticas essenciais, nada mais é do #ue
um culto, subdividido em diversos gru$os, com $r"ticas ritualsticas #ue ob&etivam manter o
sentido religioso original, orientado $or liderança individual e geralmente carism"tica, e n%o
sacerdotal, como era de se es$erar.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 6
DEZ/2000

Como caracterstica comum esses gru$os mantém os ritos es$ecficos em !omenagem


aos Orix"s, deidades africanas #ue servem de base ao sistema religioso em #uest%o e cu&o culto
é mantido atualmente, muito mais através da mani$ulaç%o dos ade$tos $elo medo, do #ue $or
um sentido mais $rofundo de devoç%o religiosa.

 A base $rinci$al do sistema est" $autada na relaç%o !omem-Orix", o #ue dever"


ser estudado de forma suscinta $ara #ue $ossamos atingir o ob&etivo do $resente trabal!o.
 ( /Reresen"ação $os Ori+s0 1 &n An"olo%ia $o Ne%ro 2rasileiro. 3. Ale%re, Glo4o, 567, %. 879.

: ( 2&R2A;M. Reli%ião ( &n< Dicionrio $e =i>ncias Sociais, ?un$ação Ge"@lio ar%as ( Rio, 5BC 

? - O)"( #*+(d( - . @, B.?.

 ( O4ra ci"a$a, .7 A.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 7
DEZ/2000

CA()*+,O II

O!I$%#/ O# DE+#E# DO CA"DOMB,0

mbora $restando culto a in*meras entidades ligadas aos lementos <aturais, o


Candomblé é entretanto, uma $r"tica religiosa essencialmente monotesta, uma ve #ue est"
fundamentada na crença da exist'ncia de um =eus ;no, origem de todas as coisas e de todos
os seres, mesmo da#ueles #ue, segundo 4ua determinaç%o, foram encarregados da elaboraç%o
do Cosmos e de tudo o #ue nele exista ou ven!a a existir.

stas entidades, divididas !ierar#uicamente em diversas categorias, s%o os


intermedi"rios entre o !omem e a =ivindade 4u$rema, #ue se manifesta em todos, sem
distinç%o, até mesmo nos seres situados nos mais baixos nveis da !ierar#uia estabelecida.

 im$ortante ressaltar-se #ue, $elo menos a$arentemente, n%o existe no Candomblé,


#ual#uer rito destinado es$ecificamente ao culto =ivino e isto $ode ser ex$licado $ela conce$ç%o
de seus seguidores relativa ao $osicionamento da =ivindade em relaç%o ao ser !umano.
4egundo esta vis%o, =eus est" t%o distante do !omem, embora $aradoxalmente este&a, em
ess'ncia, $resente em cada um de n7s, #ue in*til seria direcionar-l!e $reces ou culto, existindo
$ara isto, meios mais eficientes, embora indiretos.

Contradiendo o #ue vai afirmado acima, localiamos um culto ao =eus 4u$remo, #ue
configura-se, de forma velada, na *nica ritualstica #ue, se bem com$reendida, $ode ser
considerada como direcionada a Olodumare numa de 4uas mais gratas e sagradas
manifestações.

4egundo a filosofia religiosa 3orubana, o ser !umano é com$osto de #uatro elementos


ou cor$os #ue $ermitem, ao combinarem-se, sua estadia no mundo terreno.

O mais con!ecido destes cor$os é o fsico, denominado ar" em 3oruba.  o cor$o


material #ue $ermite a $lena manifestaç%o do ser !umano no $lano fsico e material da
exist'ncia.

Outro destes elementos, é o denominado O&i&, cor$o ou forma tel*rica, con!ecido em


outras escolas filos7ficas como sombra ou cor$o astral. 5rata-se de um doble exato de nosso
cor$o fsico, #ue a$rende tudo o #ue sabemos, ad#uire todos os nossos costumes, !"bitos e
vcios6 nutre-se dos fluidos exalados $elos alimentos e bebidas $or n7s consumidos, e #ue, $or
este motivo, ad#uire as nossas $refer'ncias alimentares.

O&i& é uma forma fornecida $ela 5erra, res$ons"vel $ela guarda de nosso cor$o fsico,
subsistindo, mesmo de$ois da sua morte, en#uanto este n%o for inteiramente decom$osto e, em
forma de $7, entregue + 5erra #ue forneceu toda a matéria de #ue foi formado.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 8
DEZ/2000

 O&i& #ue a$resenta-se sob a denominaç%o de gun, de$ois da morte do cor$o


fsico.

O terceiro cor$o é denominado mi. 4eria também um $rot7ti$o criado em $lano


su$erior de exist'ncia e #ue serviria de $ro&eto de nosso cor$o fsico. mi é o so$ro de vida #ue
nos d" o nimo e conse#Hentemente, a condiç%o $ara viver. 4eria $ortanto o e#uivalente + alma
da cultura &udaica-crist%. 1assa também $or um $rocesso de morte #ue ocorre algum tem$o
de$ois da morte fsica.

O #uarto e mais im$ortante com$onente, é ?$or, a ss'ncia =ivina #ue,


individualiada e des$rendida de sua Origem, !abita cada um de n7s. ?$or teria $or sede a
cabeça (Ori) e, ao encarnar num novo indivduo, $erde a consci'ncia de sua origem divina, de
seus atributos e #ualidades, embotado #ue fica $ ela #ueda e a$risionamento na matéria.

 =eus manifestado no !omem e da a revelaç%o de 4ri Iris!na contida no B!agavad


Jita/ E& s+o& ' /o#>, '(s /o#> n7o s+1 ' M*'...

4endo divino, ?$ori é imortal e, cum$rida mais uma fase de sua escalada evolutiva
efetuada em diversas e sucessivas encarnações, retira-se $ara um local onde ir" avaliar seu
desem$en!o na *ltima encarnaç%o e $re$arar-se $ara uma outra.

<este local, #ue os 3orubanos c!amam de Orun, assim #ue l!e se&a dada $ermiss%o
$ara um novo nascimento, ?$ori escol!er" seu $r7$rio destino (Odu), assim como escol!er" o Ori
em #ue ir" !abitar na nova encarnaç%o. Ao escol!er Ori (cabeça), ?$or escol!e também o cor$o,
 &" #ue o cor$o, $ara os 3orubanos, nada mais é #ue uma extens%o da cabeça, sede e comando
de todo o con&unto.

4egundo as crenças Korubanas, a entidade encarregada de modelar ori, Bab" A&al", é


muito vel!o e descuidado, n%o mantém um $adr%o de #ualidade em suas obras e, $or
relaxamento, utilia-se de diferentes ti$os de materiais $ara confeccionar seus modelos,
lançando m%o do material #ue l!e estiver mais $r7ximo no momento em #ue estiver modelando.

m decorr'ncia, é muito difcil encontrar-se + dis$osiç%o, cabeças de boa #ualidade, o


#ue &ustifica a diferença existente na maneira de ser dos seres !umanos.

 A lenda acima descrita contém im$ortantes revelações esotéricas, fundamentais $ara a


com$reens%o da relaç%o !omem-Orix", $rinci$al fundamento de todo o contexto filos7fico.

O #ue a maioria dos ade$tos descon!ece é #ue, s%o os Orix"s #ue fornecem a matéria
com a #ual s%o confeccionados os Oris e desta forma, fica estabelecida a relaç%o existente entre
o ser !umano e seu Orix", ou se&a, a entidade #ue forneceu ou em$restou a matéria com a
#ual sua cabeça e, $or extens%o, seu cor$o, foram confeccionados, $rimeiro num $lano su$erior
em #ue a $r7$ria matéria a$resenta-se mais sutil, embora essencialmente id'ntica ao seu
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 9
DEZ/2000

corres$ondente no $lano fsico e de$ois no $lano, $ara n7s $lenamente $erce$tvel, de forma
densa e grosseira.

Bab" A&al", o 2odelador de Cabeças, é o simbolismo através do #ual, os 3orubanos


tentam ex$licar a diversidade das caractersticas do car"ter, do biofsico e do $r7$rio
desem$en!o do !omem nesta vida.

stabelecida desta forma, a relaç%o !omem-Orix", resta-nos uma #uest%o de


fundamental im$ortncia/ 1or #ue ra%o, algumas $essoas s%o im$elidas ou obrigadas a
$restarem culto aos seus Orix"s, en#uanto outras $assam $ela vida sem se#uer tomarem
con!ecimento de suas exist'ncias e, mesmo dentro do culto, observamos #ue alguns iniciados
n%o s%o tomados $or seus Orix"s, embora $restem-l!e regularmente, rever'ncias com sacrifcios
e oferendas, como é o caso dos ogans e e@é&is L

4egundo informações do =r. :. Olatun&i Oxo, nigeriano, sacerdote de Ogun/

2Aos O"*41s #() o d*"*+o d, s (ss*' 3&*s"', #o)"(" d s&s $*!os #&+o 
o$"nd(s #o'o $o"'( d 2(6('n+o2 s % (d'*ss/ o +"'o0, ( &+**5(;7o d( '(+%"*( #o'
( 3&( s&s #o"os $o"(' #on$##*on(dos  3& "+n# ( s, O"*41s.2 

<os casos de $essoas #ue n%o s%o submetidas ao fenmeno de incor$oraç%o do


Orix", observa-se a su$erioridade !ier"r#uica do ?$or em relaç%o aos Orix"s #ue, nos casos
es$ecficos de Ogans e @é&is, n%o $ermite #ue o Orix", mesmo em se tratando do Olor (=ono
da cabeça) do indivduo, se a$osse ou se manifeste nestas cabeças, o #ue im$lica em
obliteraç%o $arcial e momentnea de sua $resença.

xiste no entanto, um culto es$ecfico + ?$or, o #ue significa dier #ue, existe um culto
es$ecfico + =ivindade 4u$rema a manifestada. ste culto, $or demais comum, nem sem$re
$ressu$õe iniciaç%o e nunca estabelece vnculo es$iritual entre o sacerdote #ue o oficia e a
$essoa #ue a ele se submete.

=e $osse desta informaç%o $odemos avaliar a im$ortncia e a solenidade da referida


cerimnia, denominada Bori -b7 Ori- (dar comida + cabeça), $ara a #ual existem v"rias
f7rmulas e variações, #ue v%o desde oferendas incruentas, até cerimnias de liturgia com$lexa
conforme a descrita na obra de 1essoa de Barros 5.

 A verdade é #ue, o culto aos Orix"s, tem sua origem estabelecida em tem$os
imemoriais, !avendo surgido $rovavelmente, logo a$7s a antro$og'nese, assim #ue o ser
!umano, dotado da ca$acidade de raciocnio, $ercebeu a exist'ncia de forças e entidades
su$eriores e com elas estabeleceu um $ rimeiro contato.

O termo Orix" é de origem 3oruba, $ertencendo $ortanto, + cultura religiosa deste


$ovo e refere-se + =euses de seu $ante%o, considerados como regentes das forças da naturea.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 10
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 As mesmas entidades, com outras denominações, s%o, sem d*vida, cultuadas $or
diferentes $ovos de diferentes organiações culturais, o #ue nos $ossibilita afirmar #ue, se&a #ual
for a religi%o adotada, o !omem religioso sem$re $resta-l!es culto, embora de formas diferentes.

1ara mel!or com$reens%o, selecionamos algumas an"lises etimol7gicas do termo


Orix"/

4egundo Abra!am, Orix" M Oos+ - =ivindad e 3orubana se$arada de Ol7r*n... 6

Nonseca :r., Orix" M An&o de Juarda, etimo./ Ori M cabeça, 4a (xa) M guardi%o -
Juardi%o da Cabeça, =ivindade lementar da <aturea, figura central do culto afro 7.

Os 3orubanos acreditam #ue #uando =eus criou o céu e a terra, criou


simultaneamente, es$ritos e divindades, con!ecidos como Orix"s, ?molés ou boras, $ara
assumirem funções es$ecficas no $rocesso de criaç%o, manutenç%o e administraç%o do
universo.

 A diferença existente entre as tr's categorias de entidades es$irituais a#ui referidas


n%o est" muito bem delineada devido ao tratamento genérico dado a todas, até mesmo $elos
$r7$rios 3orubanos.

<o Brasil os termos ?mole e bora s%o $raticamente descon!ecidos, sendo $oucos os
ade$tos da religi%o #ue os utiliem ou saibam o seu significado. stes dois termos faem
refer'ncia +s entidades es$iritais situadas !ierar#uicamente, imediatamente abaixo dos
verdadeiros Orix"s, mais $r7ximas, $ortanto, dos seres !umanos. ntre elas se encontram
a#ueles #ue erradamente costumamos denominar Orix"s, como Ogun, Ox7ssi, 8ang, Oxun,
?3eman&", etc..

O uso indiscriminado, embora errado, tornou-se um costume generaliado e $ortanto,


$lenamente integraliado.

 Alguns sacerdotes conceituados afirmam #ue o termo Orix" deveria ser utiliado
exclusivamente em relaç%o aos es$ritos genitores #ue, efetivamente, $artici$aram da criaç%o do
universo e #ue deram origem aos demais, de categoria !ier"r#uica inferior, $ersonificações de
fenmenos e de elementos naturais como 5erra, Nogo, gua, Ar, rios, lagoas, mares, $edras,
montan!as, vegetais, minerais, etc...

Outros seriam ainda, figuras !ist7ricas tais como reis, guerreiros, fundadores de
cidades, de dinastias, !er7is e !eroinas #ue, dado a im$ortncia de seus feitos, foram, de$ois de
mortos, deificados e acrescentados ao $ante%o #ue, segundo Aolalu, est" estimado em mais
de PQRR entidades 8.

9OD+"# E I":I#I#.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 11
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Os 0oduns s%o entidades de origem fon, #ue corres$ondem aos Orix"s dos nag.

Os fon estabeleceram-se no Brasil, onde receberam o nome genérico de &'&es,


im$lantando a#ui o seu culto, baseado em rica mitologia.

=e$ois da 3orubana, a mitologia &'&e é a mais com$lexa e elevada. Assim como os


<ags, os &'&es $ertencem ao gru$o 4udan's, tendo sua origem num mesmo gru$o étnico #ue
subdividindo-se, atingiu elevado est"gio na evoluç%o cultural.

 Atualmente os $raticantes da ritualstica &'&e s%o oriundos de dois Axés $rinci$ais,


ambos com sede no stado da Ba!ia, o 4e&" Sund' e o Bogun.

;ma outra casa de &'&e considerada $or muitos como o maior foco de resist'ncia
religiosa e cultural deste gru$o étnico, est" localiada na rua 4enador Costa 9odrigues, TUQ, em
4%o ui do 2aran!%o.

Con!ecida como Casa Jrande das 2inas, é descrita em detal!es $or <unes 1ereira,
de cu&a obra extramos o texto #ue se segue e #ue $or si s7, deixa clara a diferença existente
entre o Candomblé ali $raticado e o #ue é $raticado em outras casas da mesma origem, mas &"
bastante influenciadas $elo <ag.

2Os Vod&ns M*n(->:s s7o (6&ns do s4o $'*n*no  o&+"os do s4o '(s#&*no
&ns s7o 'o;os  o&+"os s7o /!os.

Os Vod&ns /!os !o'ns0 s7o9

D(d1-H, Co*#*ns()(, o'(don, B"+o*, A5(#1, A"n/*s(/1, AJs((+1,


 A5*%, A5ons&, A6n6on, T(, L*s( o& O*s1, A:n+o*, A:(&+*, B(d%, LoJo, Lon.

Os Vod&ns /!(s '&!"s0 s7o9 So), N(*(don(, N(>n6on6on, N(*+%,


N(n(n)*#, A$"&-F"&, A)>.

Os Vod&ns Mo;os0 s7o9 Dos&, A6>/, D(#o, Bos&, To#%, To#1, Dos&-P%,
 A/%">3&>+, Ao6*, P*-Bo:* o& Pd*-Bo:*, Ro:&.

Os Vod&ns Mo;(s0 s7o9 An(n*n, A#o%/* o& Asson%/*, D%ss%, S%(5*n  Bo;1.

 A%' dos Vod&ns, #&+&(-s, n( C(s( d(s M*n(s, (s T)s*s o& Mn*n(s, n+*d(ds
(6"s  6n+*s 3& (do"(' d(n;(", )"*n#("  #o'" $"&+(s. E(s s dno'*n('9

Aso()%), D16>), O'(#&*), S(ndo>)>, U)>, A6n, T"+"), Ason>/*/,


R%/*/*/, N(non)>), S(n>/*/  A6('(/*.

=esta relaç%o destacamos alguns como Badé #ue no <ag é 8ang, sendo con!ecido
também em linguagem fon, como 8evios ou Ievioso. o@o, irm%o de Badé é o ?r@o nag6
 A@7sa$at" é Oxun e Ab' (=ona do 2ar, 4en!ora do 2ar), seria sem d*vida nen!uma, Olo@un
#ue $ara alguns, é do sexo masculino.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 12
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Os ?n@isis, s%o as deidades traidas e cultuadas $elos $ovos origin"rios do 4ul da


 frica e #ue, no Brasil, tiveram seus cultos inseridos ao Candomblé. Assim como os 0oduns dos
fon, corres$ondem aos Orix"s nag.

<a frica o culto a cada Orix" est" ligado a uma regi%o, cidade ou estado. =esta forma,
Oxal" é cultuado em ?l' ?fé, com Oxalufan em ?f% e Oxaguian em &igbo. Ogun =eus da guerra e
do ferro, é cultuado em @iti e em Ond6 8ang em O376 ogunedé em ?lex"6 Oxun em Oxogbo e
assim sucessivamente. stes cultos s%o realiados em se$arado e cada Orix" $ossui seu tem$lo
$articular onde sacerdotes e fiéis dedicam-se exclusivamente a cada um deles, n%o ocorrendo,
como se verifica nos $ases americanos como Brasil, Cuba, Saiti e outros, a diversificaç%o de
cultos a diferentes Orix"s dentro de um mesmo tem$lo e sob a direç%o de um mesmo sacerdote.
 Ao ade$to africano, membro de uma famlia ou de um gru$o comunit"rio #ual#uer, as obrigações
e deveres $ara com o Orix" se limitam a uma a&uda material efetivada através de contribuições
#ue visam a manutenç%o do tem$lo, a a#uisiç%o do material destinado ao culto e ao sustento
dos membros do cor$o sacerdotal. 4ua $artici$aç%o nas cerimnias e festas limita-se a entoar
cnticos, dançar e bater $almas em !onra e louvor do Orix". 4e atenderem a estas exig'ncias e
res$eitarem certas $roibições alimentares e com$ortamentais exigidas $elo culto, est%o
$erfeitamente em dia com seu com$romisso religioso.

m alguns casos, o #ue é considerado como grande !onraria, o ade$to é escol!ido


$ara com$or o cor$o de sacerdotes, solicitaç%o feita sem$re $elo Orix" e #ue, inde$endente do
cargo a ser ocu$ado ou funç%o a ser exercida, dever" ser $rontamente atendida, sendo
necess"rio $ara tal, #ue se&a submetido a uma iniciaç%o es$ecfica.

Fuando um africano se afasta de sua comunidade o Orix" individualia-se e, da


mesma forma #ue seu fil!o, se$ara-se do gru$o familiar ou comunit"rio a #ue $ertence.

<o Brasil, ao contr"rio do #ue acontece na frica, cada indivduo deve assegurar o
atendimento das exig'ncias de seu Orix" devendo $ara isto, seguir a orientaç%o de um
Babalorix" ou de uma ?3alorix" com casa de Candomblé estabelecida e $ertencente + uma
lin!agem recon!ecidamente origin"ria da frica.

<o caso de ser necess"rio submeter alguém + uma iniciaç%o (a#ui denominada feitura-
de-4anto), o Babalorix" ou a ?3alorix" ficar" incumbido de levar a bom termo o cerimonial,
res$onsabiliando-se n%o s7 $elo seu sucesso, como também $elo e#uilbrio #ue deve
estabelecer-se, a $artir de ent%o, entre o iniciando e seu Orix", o #ue se configura num vnculo
#ue n%o $ode ser rom$ido se&am #uais forem as circunstncias.

<a feitura, o Orix" recebe seu assentamento #ue, de$endendo da naç%o em #ue !a&a
sido feito, varia em forma e elementos com$onentes, verificando-se no entanto, a exist'ncia de
um com$onente comum a todas as nações, o o @ut".
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 13
DEZ/2000

O o@ut" é uma $edra sacraliada ao Orix", sendo sua $r7$ria re$resentaç%o e sobre a
#ual s%o oferecidos os sacrifcios $ro$iciat7rios a ele endereçados.

O assentamento ou igb" do Orix" recém feito é de$ositado no #uarto de seu


corres$ondente na casa, simboliando o reagru$amento do #ue um dia, $or #ual#uer motivo,
ten!a sido dis$ersado.

<o Brasil é costume manter-se o igb" do Orix" do iniciado &unto ao do 4anto da Casa
durante sete anos, tem$o exigido $ara #ue o iniciado, a$7s faer as obrigações de $raxe,
receba um grau !ier"r#uico mais alto, #uando $oder", se assim #uiser, levar seu Orix" $ara sua
casa ou, se tiver cargo $ara tal, abrir seu $r7$rio Candomblé, o #ue $or certo im$lica num
com$lexo $rocedimento ritualstico #ue n%o $ode nem de ve ser descrito em suas min*cias.

m Cuba, onde o culto recebe o nome de 4anteria, segundo informações do Babala


9afael Vamora (?fa Bii Ogunda@ete), o igb" do inicia ndo $ermanece na Casa de 4anto somente
durante os tr's meses subse#Hentes ao dia do nome, ocasi%o em #ue, em cerimnia $*blica, o
Orix" tra o seu nome ao con!ecimento de todos, o #ue caracteria #ue realmente est" feito.
ste costume, segundo Vamora, $rende-se ao fato de #ue o Orix" em #uest%o $ertence ao seu
fil!o e n%o ao sacerdote #ue o consagrou, o #ue im$lica num contato di"rio entre o iniciado e seu
Orix", contato este considerado indis$ens"vel e obrigat7rio.

4obre o ritual cubano é ainda Vamora #ue nos informa / 2Lo6o (s "(*5(" &' )
3& s $(5 +">s 'ss do*s do d*( do no', o *n*#*(do /( s&s S(n+os ("( #(s(, odndo
#oo#1-os ' 3&(3&" d s&(s dnd>n#*(s. O *'o"+(n+ % 3& s+:(' s'" :&n+os.

O *K(o +' 3&, +odos os d*(s, o6o 3& ds"+(", (/(" ( )o#( , (n+s d $((" #o'
3&(3&" sso(, 2)(+" #();(2 ("( s& O"*41, s(&d1-o #on$o"' +n!( ("nd*do  d*"-!
+&do o 3& ds:( d )o' ("( s*, s&s $('**("s  ('*6os. N&n#( s d/ d*" #o*s(s "&*ns
(os O"*41s, o*s *s+o % &'( (+*+&d #ondn1/  ds"s*+os(, 3& od "o/o#(" ( s&( $"*( 
"s&+(" ' s/"(s &n*;s 2.
6 (*A Galinha $Ean%ola *. o%el,Arno ( Silva Mello,M.A.$a ( 3essoa $e 2arros, F.?. (3allas $.( Rio (
558.

H ( A4raha, R.=. ( Dic"ionarI of Mo$ern Joru4a ( Lon$on ( 56B..

C ( ?onseca Fr., . ( Dicionrio Joru4a 1Na%K9(3or"u%u>s ( 5B8.

B ( F.O. Aolalu ( Joru4a 2eliefes an$ Sacrificial Ri"es ( Lon%an Grou Lii"e$ ( 5C5.

CA()*+,O III

A I"ICIA;1O
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 14
DEZ/2000

=entre os as$ectos comuns +s diversas formas de culto, distinguimos o fenmeno da


$ossess%o $elos Orix"s, de forma ordenada e $ressu$ondo sem$re um $rocesso de iniciaç%o
com caractersticas definidas.

 A iniciaç%o n%o é feita $or sim$les vontade do ade$to mas sim, $or determinaç%o de
seu Orix", o #ue ocorre #uase sem$re de maneira ines$erada/ ou a $essoa começa a sofrer
diferentes ti$os de $erturbações em sua vida, se&am de ordem $s#uica ou de #ual#uer outra
ordem, mas #ue servem sem$re de sinal $ara #ue se constate a c!amada da divindade, ou a
entidade se a$ossa violenta e re$entinamente de seu fil!o, lançando-o ao solo, absolutamente
inconsciente, fenmeno #ue é con!ecido, dentro das casas de candomblé como bolaç%o. A
$artir desse momento, sob $ena de v"rios $roblemas #ue $oder%o advir, o indivduo escol!ido
dever" submeter-se + iniciaç%o no culto, sob a orientaç%o do c!efe do terreiro denominado
Babalorix" ($ai-de-santo) ou ?3alorix" (m%e-de-santo).

 A iniciaç%o tem $or finalidade, além de estabelecer um vnculo definitivo e irreversvel


entre o Orix" e o iniciando, desenvolver a ca$acidade de desdobramento da $ersonalidade deste
*ltimo #ue dever", a $artir de ent%o, ser eventualmente substituda $ela da =ivindade a #ue
ten!a sido consagrado, #ue se manifestar" através de in cor$oraç%o ou $ossess%o.

 A $ossess%o dever" ser $lenamente assumida e, no $erodo de enclausuramento


exigido $elo $rocesso inici"tico, os eleitos a$rendem, sob a orientaç%o de um iniciado de cargo
sacerdotal, técnicas cor$orais estereoti$adas, danças re$resentativas de seu Orix", reas,
cnticos e $osturas $rocedimentais ade#uadas + sua n ova condiç%o religiosa.

2...O D&s od, dsd o6o, (od"("-s do #o"o d s&( $*!(, #&:( "son(*d(d
ds(("# 'o'n+(n('n+ ("( s" s&)s+*+&d( ( do O"*41 *nd*/*d&(. O s" !&'(no
 oss&*, o"+(n+o, dsd 3& *n*#*(do, $*+o, d&(s "son(*d(ds (("n+(d(s. A "*'*"( %
(3&( 3& d"*/( d( $('*( *'d*(+(, do (')*n+ ' 3& o *nd*/d&o n(s#&  #"s#&. A
s6&nd( % ( d &' (n+(ss(do '+*#o, d &' (* so)"n(+&"( 3& s dsn/o/ ( ("+*" d(
*n*#*(;7o  s '(n*$s+( n( ossss7o2 P.

4egundo 1ierre 0erger/ 2A *n*#*(;7o n7o #o'o"+( ssn#*('n+ ( "/(;7o d &'


s6"do ( #"*( no no/*;o &'( s6&nd( "son(*d(d, &' dsdo)"('n+o 's+*#o
*n#ons#*n+2 W.

 x* #uem, re$resentando a coletividade dos Orix"s, ir" $romover a transformaç%o


dese&ada, ense&ando o surgimento da $ersonalidade do iniciado em substituiç%o + $ersonalidade
do ser $rofano.

 A verdadeira iniciaç%o !" de ser, de certa forma, uma ex$eri'ncia dolorosa, durante a
#ual, a $ersonalidade $rofana $ermanece como morta, ressuscitando em seguida &" dotada das
caractersticas #ue distinguem o iniciado. 1or este motivo os ade$tos costumam referir-se ao
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 15
DEZ/2000

$rocesso de iniciaç%o utiliando-se do termo $assar $elo sacrifcio o #ue sem d*vida é
revelador das condições +s #uais s%o submetidos durante o $rocesso.

Conta um itan do Odu Oxefun, #ue certo dia, Oxun recebeu de Obatal", a ordem de
iniciar o $rimeiro ser !umano no culto aos Orix"s.

Savendo selecionado entre muitos, a#uele #ue viria a ser o $rimeiro iniciado, Oxun
tratou de seguir as orientações fornecidas $elo grande Orix"-Nunfun, contando $ara isto com o
auxlio de legbara e Osai3n, além das orientações de Orunmil".

5odos os $receitos foram seguidos + risca e era Orunmil", através da consulta ao


or"culo, #uem traduia as orientações emanadas de Obatal".

 Ao fim da cerimnia, verificou-se uma total mudança na $ersonalidade do iniciado #ue,
de $essoa comum, transformou-se num ser exce$cional, dotado de $rofundo sentimento
religioso e $lena dedicaç%o ao culto $ara o #ual !avia sido $re$arado.

=iante deste fato, Oxun, $ercebendo #ue &amais seria $ossvel a obtenç%o de um ser
!umano de tantas #ualidades, intercedeu &unto ao Jrande Orix" $ara #ue o sacerdote fosse
$reservado do to#ue de ?@u.

Obatal", em sua imensa sabedoria, n%o #uerendo interferir na lei natural #ue determina
#ue todos os seres vivos devem um dia ser entregues aos cuidados de ?@u, admitiu a
$ossibilidade de eterniar, a$enas simbolicamente, a#uele a #uem foi confiada a $ro$agaç%o de
sua $r7$ria religi%o e desta forma, ordenou #ue sobre sua cabeça fosse colocado o ox*,
transformando-o, imediatamente, numa ave a #ue deu o nome de t* (galin!a dXAngola) .

Fuando o i3ao é recol!ido, de$ois dos $receitos obrigat7rios + gun e x*, #ue n%o
nos cabe descrever no $resente ensaio, ser" ent%o colocado em contato direto com os $rimeiros
$rocedimentos lit*rgicos #ue visam o $rocesso de transmiss%o do Axé.

=urante a cerimnia de iniciaç%o, $rocede-se a um ritual denominado 4asai3n, em


louvor do Orix" Osai3n, dono e sen!or de todos os vegetais e, $or conseguinte, das fol!as
sagradas, indis$ens"veis em #ual#uer $rocedimento lit*rgico, o #ue é confirmado $ela m"xima
3oruba/ Iosi eé, @osi Orix", (sem fol!as, sem Orix"), o #ue ocorre no terceiro dia de
enclausuramento do iniciando.

 A seleç%o das fol!as lit*rgicas utiliadas neste cerimonial varia de casa $ara casa, o
#ue significa dier #ue, embora se&a estritamente obrigat7ria a $resença das fol!as do Orix" #ue
est" sendo feito, alguns sacerdotes acrescentam também as fol!as de seu $r7$rio Orix", outros
 &untam a, as fol!as do &unt7 do i3ao, como também fol!as es$ecficas de Obatal".
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 16
DEZ/2000

Os Orix"s s%o invocados e seus $oderes individuais s%o catalisados em forma de Axé,
#ue x*, em sua funç%o de elemento trans$ortador, ir" direcionar em favor do i3ao, $ara #ue a
metamorfose $ossa se concretiar $lenamente.

O ritual divide-se em duas $artes distintas. <a $rimeira $arte somente as energias
geradoras s%o invocadas, com exceç%o de Oxal", #ue embora sendo um Orix" gerador, $or uma
#uest%o de !ierar#uia, é invocado e saudado no final da segunda $arte, #uando os Orix"s
$rovedores s%o !omenageados e t'm seus $oderes invocados em favor do i3ao. <

x* n%o cria nem se intitula $ai de nada nem de ninguém, limitando-se, outrossim, a
$romover transformações em todos os sentidos.

 Alguns Orix"s, $or acumularem as funções de $rovedores e geradores, s%o invocados


nas duas eta$as do rito. 1ara mel!or com$reens%o das funções es$ecficas de cada Orix", os
sacerdotes do culto dividiram-nos em duas categorias, nas #uais n%o s%o considerados seus
$osicionamentos !ier"r#uicos. (<estas categorias s%o classificados como Orix"s geradores e
Orix"s $rovedores).

Como Orix"s geradores s%o considerados todos a#ueles #ue, de alguma forma,
$ossuem o $oder de gerar #ual#uer ti$o de manifestaç%o de vida, e dentre eles encontramos/
?3eman&", <an%, Ogun, Omol*, Oxal", Oxun, O3" e 8ang

Os Orix"s $rovedores s%o todos a#ueles #ue t'm, como atribuiç%o, su$rir, em todos os
as$ectos, as necessidades dos seres gerados $elas entidades anteriormente relacionadas. 4%o
eles/ x*, ?3eman&", ogunedé, <an%, Ob", Ogun, Omol*, Osai3n, Oxal", Ox7ssi, Oxumar',
Oxun e Ke".

Como $odemos observar, Ogun, ?3eman&", <an%, Omol* e Oxun, $or acumularem as
duas funções, s%o relacionados nas duas categorias.

O Olor do i3ao ser" sem$re invocado nas duas $artes do ritual, inde$endente de
$ertencer a #ual#uer dos dois as$ectos.

 A $rimeira $arte do rito $recede ao or do labé, durante o #ual, o iniciando é


submetido + ras$agem de cabeça, além de outros $rocedimentos indis$ens"veis + sua
consagraç%o ao Orix".

 A finalidade, como afirmamos acima, é obter-se o consentimento dos Orix"s geradores,


$ara #ue $ossa ocorrer o surgimento de uma nova $ersonalidade, d otada de um car"ter religioso
#ue dever" sobre$or-se, definitivamente, + $ersonalidade anterior.  necess"rio #ue as
entidades invocadas em$restem seu Axé ou força $ro$ulsora, $ara #ue o fenmeno $ossa se
verificar com $leno sucesso e sem a interfer'ncia de outros seres es$irituais, como gun e A&é
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 17
DEZ/2000

#ue, $or #ual#uer motivo, #ueiram interferir no $rocesso o #ue, sem sombra de d*vidas,
resultar" num fracasso total, cu&as conse#H'ncias $odem ser altamente negativas.

O!I$% +"+" - A MAI# A,*A =IE!A!>+IA

Como vimos, as divindades africanas est%o se$aradas em duas categorias


!ier"r#uicas. <a categoria mais elevada, encontram-se as entidades #ue $artici$aram da criaç%o
do universo, consideradas como ancestrais es$irituais de tudo #uanto $ossa ocorrer nos dois
$lanos de exist'ncia, c!amadas, $ara diferenci"-las das demais, de Orix"s Nunfun (Orix"s
Brancos).

<este as$ecto, a filosofia religiosa 3orubana em muito se assemel!a + budista #ue


afirma #ue, 2N7o !1 &' #"*(do", '(s &'( *n$*n*d(d d o+>n#*(s #"*(do"(s 3& $o"'(' ' s&
#on:&n+o, ( s&)s+n#*( Un(  E+"n(, #&:( ss>n#*( % *ns#"&+1/  o" #ons6&*n+,
*ns&s#+/ d 3&(3&" s#&(;7o o" ("+ d &' /"d(d*"o $*so$o2. 4

4endo emanações diretas de Olorun, os Orix"s Nunfun s%o $ortanto, os seres mais
elevados da escala da exist'ncia, encontrando-se no mesmo nvel dos Arcan&os do cristianismo
e dos Nil!os 2aiores <ascidos da 2ente de Bra!ma descritos nos 0edas, denominados =evas,
1itris, 9is!is, etc... stas =ivindades Criadoras s%o encabeçadas $or Obatal", O 4en!or das
0estes Brancas, também con!ecido como Orix"nl" ou Oxal". Oxal" é o 4o$ro =ivino, a $rimeira
manifestaç%o individualiada de Olorun #ue é a vida una, eterna, invisvel, mas oni$resente6 sem
$rinc$io e sem fim6 inconsciente, mas Consci'ncia Absoluta6 incom$reensvel, mas realidade
existente $or si mesma. Oxal" o 4o$ro-=ivino, $rovoca o movimento #ue fecunda e energisa o
terno em re$ouso no Oceano-do-n%o-ser, onde tudo existe sem forma e, ocasionando o
surgimento da diferenciaç%o, des$erta o 1lano =ivino, onde &a oculta a elaboraç%o de todos os
seres e coisas futuras.

Obatal", o 1rimog'nito =ivino, ao fecundar o Oceano Ca7tico com$osto de matéria


inerte e informe, $rovoca a ex$los%o da vida, ocasionando a $rimeira manifestaç%o da <aturea,
feminina, $or#ue $assiva.

5udo o #ue exista ou $ossa existir é oriundo desta ess'ncia até ent%o inerte e #ue,
a$7s !aver sido tocada, fecundada $elo $rinc$io masculino, manifesta-se e recebe o nome de
Odudua.

 As guas-Abstratas-do-s$aço transformam-se nas guas-da-4ubstncia-Concreta,


im$ulsionadas $or Obatal" #ue é na realidade, o 0erbo ou ogos manifestado #ue, $or sua aç%o
fecundadora, re$resenta o $rinc$io masculino da criaç%o, longe $ortanto de ser andr7gino como
$ro$õem alguns iniciados ao afirmarem ser ele, a um s7 tem$o, mac!o e f'mea.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 18
DEZ/2000

Os Orix"s Nunfun s%o, em *ltima an"lise, entidades da mesma categoria #ue 2adame
Blavats@i
Blavats@i classifica
classifica os 4eres 1rimordiais,
1rimordiais, 2D!Kn C!o!(ns dos o#&+*s+(s, R*s!*-P"(:(+* dos
*nd&s+(s,
*nd&s+(s, Eo!*' o& F*!os d D&s dos :&d&s, Es"*+os
Es"*+os P(n+1"*os
P(n+1"*os d +od(s (s n(;s 3&,
sndo #ons*d"(dos d&ss, $o"(' (do"(dos  #&+&(dos os !o'ns.2  5

0erge
0ergerr afir
afirma
ma #ue ...2os O"*41s F&n$&n s7o ' n'"o d #n+o  #*n3n+( 
3&(+"o,...O"*41 O&$n A:6&n o("* O"*41 O6K(n E% *6)o O"*41 O)(n:*+( O"*41 AJ*"
O"*41 E+Jo O)( D&6)
D&6) O"*41
O"*41 Oo:o O"*41 A"o& O"*41 On"*n:
On"*n: O"*41 A:(6'o
A:(6'o O"*41 (K%
O"*41 R& O"*41 O)( O"*41 O&o$*n O"*41 E6&*n E+#...  6
 ( L3&N
L3&N,, =. =on"ri
=on"ri4uiç
4uição
ão ao es"u$o
es"u$o $o sis"e
sis"eaa $e classi
classifica
ficação
ção $os "ios sicol
sicol%i
%icos
cos no
=an$o4l) )"u $e Salva$or. São 3aulo, ;S3, 5CB. Pese $e $ou"ora$o. ( Joru4a 2eliefes an$
Sacrificial Ri"es ( Lon%an Grou Lii"e$ ( 5C5.

: ( Dieu+ $QAfrique. 3aris, 3aul ar"ann, 56C 

8 ( O+al e +@ acuula as funç'es $e %era$ores e $e rove$ores $en"ro $o con"e+"o reli%ioso,


ui"o e4ora não se reconheça e +@ o o$er $e %eração e si o $e "ransu"ação.

 ( 2lava"sI, .3. ( A Dou"rina Secre"a. S-n"ese $e =i>ncia, ?ilosofia e Reli%ião. $. 3ensaen"o.

6 ( O4ra ci"a$a.

H ( er%er, 3.?. ( Os Ori+s ( $. =orruio ( 5B9.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 19
DEZ/2000

O$A,%?OBA*A,%

Considerado como a mais im$ortante =ivindade no contexto religioso, Oxal" é cultuado


em todo o territ7rio de cultura 3orubana, com nomes diversos #ue variam de uma regi%o $ara
outra.
outra. m ?le ?fé, ?badan
?badan e outras
outras localidad
localidades
es é con!ec
con!ecido
ido como Orixan
OrixanXla
Xla66 na regi%o
regi%o de
Ogbomos7 é c!amado de Orix" 17$76 em &igbo, Orix" Ogi3"n6 em ?&+3ie, Orix" ?&+i3e6 em ;gbo,
Orix" Onilé.

Oxal" é o Orix" do Branco, smbolo da $urea incontest"vel. =etentor do $rinc$io


genito
genitorr mascul
masculino,
ino, #ual#u
#ual#uer
er oferen
oferenda
da a ele dedica
dedicada
da deve
deve ser com$os
com$osta
ta de elemen
elementos
tos
inteiramente brancos.

 :uana lbein dos 4antos #uem afirma #ue 2O o), ( o$"nd( o" 4#>n#*( ("( os
F&n$&n, % o o) *$*n, o o) )"(n#o +odos os (n*'(*s, (/s o& 3&(d"ds, d/' s" dss( #o".
O s(n6& /6+( % s*')o*5(do o o"*, '(n+*6( /6+(,  o (6od7o o s(n6& '*n"(
 o 6*5  o #!&')o. S&( o$"nd( "$"*d( % o s(n6& )"(n#o do *6)*n #("(#o0, 3&*("(do
d ( d*"*+( s7o os d+n+o"s o" 4#>n#*(.2  &
(o s>'n, do 3&( os I"&n'( d(

=entre as $rinci$ais atribuições de Oxal", est" o com$leto domnio sobre a vida e a


morte re$resentado $elo al" - emblema-smbolo com$osto de um $ano de brancura imaculada
#ue mantém estendido, como forma de $roteç%o, sobre as diversas formas de vida #ue ocorrem
nos dois $lanos de exist'ncia. Oxal" é o 4o$ro =ivino, a $rimeira manifestaç%o individualiada
de Olorun, #ue d" incio a todo o $rocesso da exist'ncia diferenciada.

OD+D+@A

Odudua é um Orix" sobre o #ual existe muita discordncia dos ade$tos do culto. 4e
Oxal"
Oxal" re$res
re$resent
enta
a o $rinc
$rinc$io
$io mascul
masculino-
ino-ati
ativo
vo da criaç%
criaç%o,
o, Odudu
Odudua
a é a re$res
re$resent
entaç%
aç%o
o do
$rinc$io feminino-$assivo, do #ual surge a vida a$7s o $rocesso de fecundaç%o.

Odudua é um Orix" Nunfun absolutamente diferente dos demais, embora semel!ante


em ess'ncia, é feminina, sendo cultuada em diversas regiões como es$osa de Oxal", embora
se&a, em $rinc$io, sua irm%.

;ma grande controvérsia foi criada em torno deste Orix" colocando em d*vida n%o
somente o seu g'nero, como também seu status no com$lexo teognico desta religi%o.

Odudua um Orix"-Nunfun feminino ou um ancestral masculino diviniado $or seus


feitos not"veisL

4egundo determinadas correntes mais atreladas +s ex$licações cientficas #ue +s


filos7ficas, Odudua teria sido o fundador de ?fé, ca$ital es$iritual do $ovo Koruba e fundador da
dinastia #ue deu origem + esta etnia.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 20
DEZ/2000

Nonseca :*nior $ro$õe $ara o nome de Odudua a seguinte an"lise etimol7gica/ Od&-
+*-o09 "#**n+ (&+o-6"(do" D(9 C"*(do"(0 I(9 E4*s+>n#*(9 Od&d&( O S" C"*(do" d(
E4*s+>n#*( T""n(.

 o mesmo autor #ue, em refer'ncia a Odudua ($ersonagem !ist7rico), a$resenta a


seguinte
seguinte teoria/
teoria/ 2..."s&'-s 3& Od&d&( +"*( *do ("( ( Á$"*#( ( '(ndo d Ood&'("
o/(
o/(!0,
!0, ("(
("( "d*'*
"d*'*"" os ds#n
ds#ndn
dn+s
+s d C(*'
C(*' H+
H+n+o
n+o+s
+s00 3&,
3&, ( s'!
s'!(n;(
(n;( d s&
(n#s+"(, #(""6(/(' o s*n( d( Bs+( n( +s+(. Gn.,#(.@@02. M(*s (d*(n+, Fons#( ".
4*#(9

 - As o (#+o s'!(n+ (o 3& $o* $*+o n+" D&s  A)"(7o, N*n"od +"o#( d
no' (ss(ndo ( #!('("-s Od&d&(

? - Od&d&( N*n"od0, $*!o d Ood&'(" o/(!0, ("+ ("( ( +""( "o'+*d(. V*d
G>ns*s, @-@? Gn.@W-

 - N*n"od "( ds#ndn+ d No%, n+o d C(' C('*+(0  $*!o d C&s* J&s*0.
Gn.@-0

 - A)"(!7
A)"(!7o
o 4-A)
4-A)"7o
"7o0,
0, ds#n
ds#ndn
dn+
+ d S' S'*+
S'*+(0
(0  Od&d&
Od&d&(
( 4-N*
4-N*n"o
n"od0,
d0,
("n+s. D3
ds#ndn+ d C(' C('*+(0, "(' ("n+s.D

 A ex$licaç%o de Nonseca :*nior $arece aumentar ainda mais a confus%o #ue teria sido
gerada, segundo nos $arece, num sim$les caso de !omonmia verificado #uando o $ersonagem
!ist7rico (masculino), fundador de ?le ?fé, resolveu adotar, #uiç" $or determinaç%o religiosa, o
nome do Orix" (feminino) a #uem é atribuda a fundaç%o da 5erra em #ue !abitamos. A
tradiç%o cuidou de alimentar a confus%o, existindo ainda !o&e em ?le ?fé, um marco monoltico
adornado de misteriosos sinais, denominado O$" Orani3an #ue acredita-se, demar#ue o local
exato da fundaç%o da 5erra. O mesmo monumento serve de t*mulo a Orani3an, rei dos
3orubanos, bisneto de Odudua e $ai de 8ang e de A&a@".

1ierre
1ierre 0erger
0erger toma
toma $osiç%
$osiç%o
o diante
diante da #uest%o
#uest%o,, afirm
afirmand
ando
o ser Odudu
Odudua
a  ...2&'
 "son(6' !*s+"*#o, 6&""*"o +""/, *n/(so"  /n#do" dos I6)o, $&nd(do" d( #*d(d d I
I$%  (* d "*s d d*/"s(s n(;s Ko"&)(s2 .<

4egundo 0erger, foi o 1adre Baudin #ue $rimeiro classificou, em seu livro sobre
religiões
religiões de 1orto <ovo, Odudua como Orix",
Orix", sendo $osteriormen
$osteriormente
te seguido
seguido nesta teoria $or
...2#o'*(do"s n#();(dos o +nn+-#o"on A.E. E*s... A o)"( d E*s $o* o on+o d
 ("+*d( d &'( s%"* d */"os s#"*+os o" (&+o"s 3& s #o*("(' &ns (os o&+"os...2
o&+"os...2

0erger confessa
confessa comungar da o$ini%o do 9everendo Bola&i ?dou #uando
#uando este afirma
#ue 2Od&d&( +o"no&-s o):+o d #&+o (s s&( 'o"+, s+()#*do no ')*+o do #&+o dos
(n#s+"(*s  n7o d(s d*/*nd(ds02.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 21
DEZ/2000

1ara reforçar ainda mais sua tese, o cientista continua/  2A "s*+o d Od&d&(,
(#&'&o&-s #o' o +'o, &'( /(s+( do#&'n+(;7o s#"*+(, +*d( #o'o "&d*+( o"3& %
#ons+*+&d( d +4+os, ( n*#( /(*os( (os o!os dos +"(dos, 's'o 3& s+s +4+os s+:('
4
*ns*"(dos o" s#"*+os (n+"*o"s, *n4(+os  #on+"1"*os  /"d(d2.

O #ue o grande mestre franc's es#ueceu-se de citar seria talve, a $rimeira $ista
esclarecedora, #uando o $r7$rio ?dou, na mesma obra, relata #ue 2A+% 's'o ' I I$% ond
 "do'*n(' os #&+os s d*/*nd(ds '(s#&*n(s, 4*s+ n( *+&"6*(, $o"+s *nd#*os d +"(+("-s d
&'( D&s(, &'( D*/*nd(d F'*n*n(. E' (6&ns on+os s#("#do"s ds+( *+&"6*(, od-s
5
n#on+"(" o +"'o 2IK( M(2 M7 d(s D*/*nd(ds o& M7 D*/*n(0...

...m Ad7, Odudua é irrefutavelmente uma =eusa... e $arte da liturgia começa desta
forma/

IK( d(J&n 6)( ( o - O! M78 ns s&*#('os 3& nos *)"+s

J* o +o n* +o 'o - o!(* o" ns, o!(* o" nossos $*!os

o6))* YAd 8 - T& %s (3&( 3& + s+()#s+s ' Ad82 6

O $e#ueno detal!e omitido é suficiente $ara concluirmos #ue existe na verdade, um


culto a um Orix" denominado Odudua e #ue este Orix" é feminino, o #ue vem a coincidir com
nossa o$ini%o.

E$Ú - O EI$O DO #I#*EMA !E,IGIO#O.

x* é a divindade de maior atuaç%o no contexto religioso do Candomblé.

9esultado da interaç%o Obatal"-Odudua, é o $rimeiro elemento $rocriado e #ue,


esotéricamente, seria a energia #ue re*ne os "tomos, $ossibilitando a diferenciaç%o da matéria a
$artir de uma ess'ncia *nica.  o grande transformador, o comunicador, o intermedi"rio entre os
!omens e as =ivindades e entre estas e o 4u$remo Criador. O termo x* $ode ser traduido
como esfera.

x*, legbara, legba ou ainda egba, seriam os nomes $elos #uais é con!ecido este
$oderoso Orix", o $rimeiro criado $or Obatal" e Odudua, tendo Ogun como irm%o mais novo.

O culto de x* é muito individual, cada indivduo, assim como cada coisa $ossui o seu
egba, $odendo $ortanto, edificar o seu assentamento, onde $oder" cultu"-lo e a$aigu"-lo.

ntre os fons, existem diversos egbas, ou diferentes manifestações de um mesmo


0odun, #ue recebem os seguintes nomes e caractersticas/

Axi-,ea/ O egba dos mercados e feiras.

Aonosu !ei do ortal/ 9e$resentado $or uma $e#uena escultura em barro


colocado nas $ortas de entrada.  um egba individual.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 22
DEZ/2000

*o-,ea/ 1rotetor de uma cidade ou aldeia.  um egba coletivo.

Feto-,ea/ 1rotetor dos caçadores noturnos. 4egundo se afirma, $ossui cornos.

=un-,ea/ =efensor dos tem$los.  egba individual de cada 0oduns.

,ea AFnuHe/ O #ue fala no &ogo de b*ios. Corres$onde a x* A@esan.  o


$rotetor, servidor e executor de ?f".  ele #ue recebe os sacrifcios determinados $or ?f" e deve
ser sem$re servido em $rimeiro lugar. <%o existe nen!uma diferença de atribuições de
 Agbonosu e Agb%nu@e. 4e o $rimeiro $rotege a casa contra a $ossvel entrada de malefcios, o
segundo, #ue deve $ermanecer num #uarto dentro de casa, $rotege contra a negatividade dos
$r7$rios !abitantes da mesma.

Certos signos de ?f", tais como Ofun 2e&i, Ogbe-Nun, Oxetura e Nu-Ke@u, exigem #ue
se&a feito um assento muito es$ecial, denominado egba :obiona, onde os dois egbas citados,
s%o cultuados em con&unto, com a funç%o de $roteger a casa e toda a sua $eriferia. ste egba
exce$cional exige obs de tantos #uantos o visitem. 4egundo a tradiç%o nag, somente os
grandes Babalaos $odem $ossu-lo.

1ossumos ainda informações da exist'ncia de um egba com #uatro cabeças,


denominado ,ea AJi, surgido do Odu :aga (nome dado aos Odus Oxe-?rete e ?rete-Oxe,
signos cu&os nomes n%o devem ser $ronunciados em decorr'ncia da grande carga de
negatividade de #ue s%o $ortadores. ;m outro nome usado $ara mencionar estes Odus, é
Jadeglido.

Os Odu-?f" #ue falam exclusivamente de egba, s%o Odi-Jund", Junda-=i e =i-


5uru@$on.

1or sua im$ortncia e atributos, x* é sem$re o $rimeiro a ser !omenageado e


cultuado em todos os $rocedimentos ritualsticos. 4eu car"ter é ambguo e fa o mal ou o bem
de acordo com sua $r7$ria conveni'ncia.

 A atitude do africano diante desta divindade é de verdadeiro $avor, devido ao seu


$oder de atuaç%o sobre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso, a ri#uea e a miséria, de
acordo com as determinações de Olodumare, de #uem é o executor de ordens. 1or este motivo,
todos os seguidores da religi%o, $rocuram estar bem com ele, evitando desagrad"-lo $ara n%o se
ex$orem + sua ira.

Bi á á rúo/ i á mú tKExú uro - Q&(ndo 3&(3&" s(#"*$#*o % o$"#*do, ( ("+


3& #()  E4 d/ s" dos*+(d( d*(n+ d2.

sta regra deve ser sem$re observada $or#ue desta forma evita-se #ue, com atitudes
maliciosas, x* ven!a a ocasionar contratem$os e confusões de todos os ti$os.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 23
DEZ/2000

<uma das mais im$ortantes louvações de x*, encontramos a ex$ress%o =E4, o+1
O"*41< - 2E4, o (d/"s1"*o dos O"*41s2 - o #ue reafirma os constantes $roblemas existentes entre
eles, ocasionados $ela dis$uta do $oder e da autoridade.

ntre os muitos nomes ou ttulos !onorficos de  x*, destacamos/

,oemo orun/ Ind&6n+ $*!o do #%&.

A nKla aKluL A3& #&:( 6"(nd*os*d(d s '(n*$s+( ' n( "(;(.

(áá @rL  A3& 3& ("ss(d('n+, $(5 #o' 3& (s #o*s(s (#on+;(' d
"n+.

A túá ma xe xaL O 3&  3&)"( ' 3&nos d(;os :('(*s od"1 s"
"#ons+*+&do.

x* $ossui muitos emblemas, como a laterita, imagens de madeira ou de barro sem$re
encimadas $or uma lmina ou $onta afiada, bastões f"licos, etc...

<o Brasil, $or influ'ncia do cristianismo, esta magnfica entidade foi com$arada ao
diabo e, deste sincretismo, criou-se a imagem de x* $rovida de rabo e c!ifres, $ortando
tridentes e $or vees, dotado de asas como as dos morcegos.

4e $or um lado !ouve a intenç%o, $or $arte dos antigos mission"rios crist%os, de
desmoraliar x*, devemos levar em conta #ue, deixadas de lado as conotações maléficas
in&ustas e incom$reensveis atribudas + *cifer O Po"+(do" d L&50, x* $oderia $erfeitamente
ser com$arado a esta magnfica entidade es$iritual ao com$reendermos suas verdadeiras
funções e atribuições.

<as $r"ticas umbandistas encontramos um outro ti$o de manifestaç%o de es$ritos aos


#uais, talve $or influ'ncia do sincretismo com o =iabo, convencionou-se dar o nome de x*.

stas entidades, #ue se a$resentam sob diversas denominações tais como, 2arab,
5ranca-9uas, 0eludo, Caveira, 1omba Jira, 2aria 1adil!a, 2olambo, etc., s%o na verdade,
eguns, #ue se manifestam em seus médiuns $ara cum$rirem as missões #ue l!es foram
im$ostas, da mesma forma de outras #ue se a$resentam como $retos-vel!os, caboclos,
boiadeiros, ciganos, etc.

 necess"rio #ue se saiba a diferença entre x*-Orix" e estes outros ti$os de


entidades, #ue n%o se encontram na mesma categoria !ier"r#uica e #ue devem ser tratados e
reverenciados, de forma diferente e es$ecfica, mas #ue, inde$endente de n%o serem Orix"s,
$ossuem força e $oder $ara resolverem $roblemas e $restarem auxlio a tantos #uantos a eles
recorram.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 24
DEZ/2000

O Orix" x* é o *nico dentre todos os demais, #ue tem seu cam$o de aç%o ilimitado,
$odendo atuar em todos os nveis da exist'ncia universal, $ermitindo $or este motivo, #ue se&a
classificado tanto como Nunfun como também como bora, taman!o é o seu $oder de agir
livremente.

 ( San"os, F.. ( Os Na%K e a Mor"e. 3a$>, A+e+e e o =ul"o %un na 2ahia. ( oTes ( 3e"rolis ( 5BH..

: ( O4ra ci"a$a.

8 ( 74ra ci"a$a.

 ( O4ra ci"a$a.

6 ( &$ou, .2. ( Olo$uare, Go$ in Joru4a 2elief ( Lon%ans ( 5H:..

6 - IdoHu/ E.B. - Ora citada.

ADIM+ - OE!E"DA# AO# O!I$%#

3' (arte

A# OE!E"DA#

=entro do culto aos Orix"s, o mais im$ortante s%o as oferendas aos Orix"s, #ue t'm $or
finalidade manter o e#uilbrio das relações entre eles e os seres !umanos.

 através das consultas ao Or"culo de ?f", #ue as $essoas, mesmo as n%o iniciadas, s%o
informadas a res$eito das exig'ncias de seus Orix"s e $rinci$almente de x*, relativas +s
oferendas #ue dese&am receber.

<em sem$re estas exig'ncias s%o estabelecidas $ela relaç%o anteriormente ex$licada
entre o ser !umano e seu Orix" de cabeça, muitas das vees, é um outro Orix" #uem se oferece
$ara solucionar um determinado $roblema ou alguma dificuldade #ue est" sendo vivenciada e,
em troca, exige algum ti$o de sacrifcio e m seu louvor.

 Algumas vees, $essoas atormentadas $elos mais diversos ti$os de dificuldades,


recorrem aos $réstimos de algum Orix", oferecendo algum ti$o de sacrifcio como $en!or de sua
confiança e de sua fé, da mesma forma #ue os cat7licos recorrem aos seus santos, im$lorando
graças e faendo $romessas #ue, invariavelmente, s%o $agas somente a$7s a obtenç%o da
graça solicitada.

Os sacrifcios oferecidos aos Orix"s, s%o genericamente denominados eb7s #ue se


dividem em e&enbale (sacrifcios com derramamento de sangue) e adim*s (sacrifcios
incruentos).
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 25
DEZ/2000

Os eb7s e&enbale, dividem-se em diversos ti$os, exigindo sem$re o derramamento de


sangue de algum ti$o de animal #ue $ode ser uma ave, um #uadr*$ede ou até mesmo um
sim$les caramu&o. =entre os mais con!ecidos, destacamos/

E eNL  Oferenda votiva #ue tem $or finalidade obter determinado favorecimento ou
graça de uma =ivindade.

E etutuL 4acrifcio de a$aiguamento. ste ti$o de sacrifcio é geralmente determinado


$elo Or"culo e tem $or finalidade acalmar a ira ou o descontentamento de uma entidade
#ual#uer.

E a e iin oPunL  4acrifcio substitutivo. 5em $or finalidade substituir a morte de
alguém $ela oferenda determinada $elo Or"culo, no Brasil, este sacrifcio é vulgarmente
con!ecido como eb7 de troca.

E a mi dKiaL 4acrifcio #ue visa atenuar uma $uniç%o de morte im$osta + uma $essoa
$or um Orix" ou $or um es$rito maligno. <este caso, como no anterior, um carneiro é sacrificado
em substituiç%o ao ser !umano.

E OunoNL 4acrifcio $reventivo #ue $ode ser $*blico ou individual. 5em $or
finalidade evitar #ual#uer ti$o de acontecimento nefasto #ue ameace a $essoa (individual) ou até
mesmo uma cidade ou aldeia ($*blico).

E a dKiodeL  5rata-se de um sacrifcio $ro$iciat7rio e $reventivo. ste sacrifcio é


oferecido na fundaç%o de uma casa, aldeia ou cidade e tem $or finalidade acalmar os es$ritos
da terra no local da fundaç%o. Antigamente, este eb7 exigia o sacrifcio de seres !umanos #ue
!o&e em dia, foram substitudos $or diversos animais.

Como $odemos observar, o sacrifcio de seres !umanos era exigido nos $rim7rdios do
culto o #ue, sem d*vida, seria !o&e considerado um absurdo, além de configurar-se, se&a em #ual
for a circunstncia, em !omicdio, selvageria e falta de res$eito ao ser !umano.

=a mesma forma, o derramamento do sangue de animais, s7 deve ocorrer em situações


de extrema necessidade e em casos em #ue n%o $ossam ser substitudos $or outras oferendas
$ois, se os Orix"s, acostumados #ue eram a receberem sacrifcios !umanos, concordaram na
substituiç%o dos mesmos $elos sacrifcios de animais, é f"cil deduir-se #ue estes $odem
também dar lugar a sacrifcios de minerais, vegetais e ob&etos de seu agrado.

 Adentramos uma nova era em #ue todas as formas de vida ad#uirem sua valoriaç%o
m"xima e a vida dos animais, da mesma forma #ue a dos seres !umanos, !" #ue ser res$eitada
e $reservada ao extremo.  c!egada a !ora de darmos um basta ao in*til derramamento de
sangue #ue, ao invés de a$aiguar os nossos deuses, s7 conseguem des$ertar a sua ira,
tornando-os intolerantes e cada dia mais distantes de n7s.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 26
DEZ/2000

 necess"rio #ue se des$erte nos ade$tos do Candomblé a consci'ncia do res$eito


devido a todas as formas de vida animal, cu&o sacrifcio s7 $ode ser efetivado em casos
exce$cionalssimos e #uando todos os demais recursos !a&am sido esgotados.

 num itan de ?f", do Odu Odi 2e&i, #ue encontramos a fundamentaç%o $ara as afirmações
anteriormente feitas/

Od* M:* d*ss9 2M+o$*, o" (/("5(, n7o 3&*s s(#"*$*#(" &' )o* d '(!(s )"(n#(s  (
'o"+ /*o )&s#1-o.2

Q&(ndo I$1 s+(/( (*nd( no /n+" d s&( '7, d*& 3& s& (* 6(ss &' )o*
'(!(do d )"(n#o  o$"#ss ' s(#"*$#*o, ( $*' d /*+(" 3& dn+"o d +">s (nos, &'(
6&""( /*ss d*5*'(" o s& "*no. S& (* n6*6n#*o& o s(#"*$#*o  no d*( do n(s#*'n+o d
I$1, s& (* 'o""&  s&( '7 $o* #(+&"(d( #o'o s#"(/(.

T">s (nos do*s, ( 6&""( (""(so& o (s  I$1 '(ndo& 3& A:*no+o, ( ("+*"(, o
n#""(ss dn+"o d &'( #()(;(, d $o"'( 3& n*n6&%' o &dss /". A ("+*"( $o*
n#(""6(d( +(')%', d (/*s1-o o6o 3& (6&%' (ss(ss o" "+o, ("( 3&  "/(ss
(o (ss(n+, ( #(&s( d s&s so$"*'n+os  os "'%d*os  s(#"*$#*os 3& "so/"*(' +odos os
s&s "o)'(s.

T&do o#o""& d( $o"'( #o'o I$1 (n:("(  o !o'' 3& (sso& n(3& o#(, n7o
!s*+o& ' /(" ("( s&( #(s(, ( #()(;( ond I$1 !(/*( s*do n#""(do.

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'd*#('n+os  "so/*( os '(*s d*$#*s "o)'(s.

U' d*( I$1 o"dno& 3& (6&%' s d*"*6*ss (o '"#(do ond, o ";o d 3&("n+( 
&' #(&"s, d/"*( #o'"(" s&( '7 3& s+(/( sndo /nd*d( :&n+o #o' o&+"(s s#"(/(s. 2A
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N(3&( %o#( I$1 #os+&'(/( (#*+(" s(#"*$#*os !&'(nos no $s+*/( d  F(n&*(.

Q&(ndo ( s#"(/( (d3&*"*d( no '"#(do $o* +"(5*d(, I$1 o"dno& 3& ! $oss n+"6&
&'( #"+( 3&(n+*d(d d '*!o, ("( 3& *(ss  +"(ns$o"'(ss ' $("*n!( ds+*n(d( 
 "("(;7o o ('*o.

En3&(n+o *(/( o '*!o, ( '&!" o&/*( os $*%*s *n/o#(ndo I$19

2O"&n'*18 AJ$oK8 A6)o * d&d& !& do $ +o82 O"&n'*18 AJ$oK8 S +& no' % I$1,
 :('(*s s3&#"1s d '*'80.

R#on!#ndo ' I$1 o s& ""*o $*!o, ( o)" '&!" s-s ( #(n+(", ' /o5 (+(, (
s(&d(;7o 3& o&/*(9

2O"&n'*18 AJ$oK8 A6)o * d&d& !& do $ +o82 


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 27
DEZ/2000

 As sso(s #on+("(' ( I$1 so)" ( '&!" 3& #(n+(/( (3&( s(&d(;7o n3&(n+o *(/(
o '*!o  I$1 o"dno& 3& ( ("6(ss (3& +"()(!o  3&, no d*( s6&*n+ ( '(n!7,
#!('(ss o"  :&n+o #o' s&s $*%*s, ("( 3& &dss 'os+"(" ( +odos d 3& $o"'( d/"*(
s" #o""+('n+ (*'n+(do. O"dno& (*nd(, 3& $oss "("(do &' (J(Jo  do*s (nos
)"(n#os d #();( dno'*n(dos JoJ&n ()&+(, "o*)*ndo ( +odos d o!("' ("( (3&s
o):+os.

Co'o I$1 /*/"(, (+% n+7o, $#!(do dn+"o d s&( #()(;(, :('(*s !(/*( s*do /*s+o o"
n*n6&%'. Q&(ndo +odos s ($(s+("(' I$1 s(*& d s&( #()(;( #o)"+o o" &' 6"(nd #!(%&,
/s+*ndo &' (/n+( d %"o(s  #(;(ndo s(nd1*(s, *ndo sn+("-s no (+o d &' +"*% d ond
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M(s '& (* n7o (+nd& '*n!( o"*n+(;7o  +odo o '( (#()o& o" s #on#"+*5(". T(n+o
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n7o ( s(#"*$*#("*8 N7o od"*( +"(*" '*n!( ""*( '7, 's'o 3& ( ' +n!( +"(do.2 

D*+o *s+o o"dno& 3& #o"+(ss' os on6os #()os d s&( '7, 3& n/o/ss' s&(
#();( #o' &' )o +o"so )"(n#o  3& ( *ns+((ss' so)" ( ('o$(d( (J(Jo. Do*s d*&
&' )o*  &' #()"*+o ("( s"' s(#"*$*#(dos. Co' ( $("*n!( 'od( o" s&( '7 '(ndo&
 "("(" &' ('*o ("( (, 3& n7o od"*( s" #o'*do ' s&( "sn;(.

Ds+( $o"'(, (ssn+(d( so)" &' (J(Jo, +"(ns$o"'o&-s ( ' N7, '7 d &' "*.

 Aos :o/ns 3& "("("(' (s #("ns do )o*  do #()"*+o, (ss*' #o'o o ('*o, o"dno&
3& $oss d(do &'( ("+ d #(d( #o*s(, ("( 3& #o'ss' do*s d( #"*'n*(. &

 A /!( d*ss n+7o ( s& $*!o, 3& sn+*(-s '&*+o n/"6on!(d(, o*s n7o '"#*(
+(n+(s !on"("*(s  3& n(3& d*( *"*( n#on+"("-s ' L o#( ("( ond /7o os s"*+os dos
'o"+os0, #o' s& $*n(do soso.

2A ("+*" d !o:, 3&(ndo $*5"' &'( #"*'n*( ' '*n!( !on"(, d*6('9 N7 J&(6)(8 N7
s:( )' /*nd(80,  /*"* "#)" (s o$"nd(s.2 - D*ss ( '&!".

N7 d*ss (*nd(, 3& $("*( o So +o"n("-s '(*s )"(ndo o& '(*s 3&n+, #o'(nd(ndo-o d
#*'( d s& (J(Jo.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 28
DEZ/2000

 A ("+*" d n+7o, "(*5(-s s'" o "*+&( d X N7 d(" #o'*d(  N70, 3&(ndo +"'*n('
os $s+*/(*s F(n&*(. 3

ste ?tan de ?f" fundamenta a $ossibilidade de substituiç%o do sacrifcio de um ser !umano


$elo de animais, o #ue nos leva a concluir a $ossibilidade da substituiç%o do sacrifcio destes $or
outros ti$os de oferendas, $artindo da $remissa de #ue o ritual é criado $elo !omem e n%o $elos
deuses.

?sto $osto, $assemos ao assunto #ue é, na verdade, o $rinci$al ob&etivo do $resente


trabal!o, a a$resentaç%o de uma vasta relaç%o de oferendas incruentas aos Orix"s e a outras
entidades cultuadas no candomblé.

O assunto ser" tratado de forma direta, através de um receitu"rio contendo os


ingredientes, o $rocedimento e o ob&etivo de cada trabal!o, assim como + #ual entidade deve ser
oferecido.
 ( Deois $as ceriKnias $e Nã, aqueles que reara os alien"os a ela ofereci$os, rece4e ua
 equena ar"e $es"es alien"os, ar"e es"a que rece4e o noe $e le ou ele e que s o$e ser
consui$a $eois que o o$un for servi$o. 1s"e ri"o acoanha as ceriKnias Us $ivin$a$es na%K
so4 o noe A"oo e Us $ivin$a$es fon so4 o noe $e Nu$i$e9.

: ( &"an cole"a$o or 2ernar$ Mauoil na re%ião on$e hoVe fica a a"ual Re@4lica $o 2enin e u4lica$o e
sua a%n-fica o4ra so4re o sis"ea oracular $e &f, 0LA GOMAN=& W LQAN=&NN =XP DS
S=LAS0.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 29
DEZ/2000

OE!E"DA# A E$Ú

- (ara limeza da casa.

1ega-se um coco seco, $inta-se todo com u"&i, rola-se $ela casa de dentro $ara fora
im$ulsionando-o com o $é es#uerdo, como se fosse uma bola. Fuando c!egar na $orta da rua,
$ega-se o coco com a m%o es#uerda, leva-se + uma encruil!ada aberta de #uatro es#uinas e
ali, atira-se o coco no meio da encruil!ada com força, $ara #ue se #uebre.

- (ara rolemas de infidelidade.

 Abre-se um coco seco em duas $artes. =entro dele coloca-se um $edaço de $a$el de
embrul!o usado, no #ual se escreveu, anteriormente, o nome da $essoa infiel. Acrescenta-se G
gr%os de $imenta da costa6 um $ouco de aeite de dend'6 um $ouco de mel6 mil!o torrado e $7
de $eixe defumado. Nec!a-se o coco e amarra-se com lin!a vermel!a e lin!a branca, enrolando-
se bem até #ue o coco fi#ue totalmente envolvido $ela lin!a. Coloca-se o coco diante de x* e
durante WP dias acende-se uma vela diariamente, $edindo #ue a $essoa $ermaneça fiel ao seu
$arceiro. <o vigésimo $rimeiro dia des$ac!a-se numa encruil!ada. (Fuem n%o tem x*
assentado $ode colocar o coco atr"s da $orta da casa).

- (ara rolemas de saúde.

1inta-se um coco seco com efun e de$ois unta-se todo com ori-da-costa ou, na falta deste,
manteiga de cacau. Coloca-se o coco num $rato branco diante de x* e acende-se uma vela
$edindo-se $ela sa*de da $essoa enferma. A vela deve ser substituda todos os dias, + mesma
!ora, e o $edido reiterado. <o sétimo dia, logo #ue a vela termine, o coco deve ser levado e
des$ac!ado na entrada de um cemitério.

- Defesa contra inJeNa e olPo-rande.

Coloca-se um coco seco com uma vela acesa em cima, onde dever" $ermanecer $or tr's
dias consecutivos. <o terceiro dia, des$ac!a-se numa encruil!ada de #uatro es#uinas.

- (ara desenJolJimento econQmico.

 Abre-se um coco do #ual se corta #uatro $edaços mais ou menos iguais. stes #uatro
$edaços, de$ois de bem lavados, s%o colocados num $rato com a $arte branca $ara cima.
4obre cada $edaço de coco coloca-se um $ou#uin!o de mel de abel!as, um $ou#uin!o de
aeite de dend' e um gr%o de $imenta-da-costa. Coloca-se o $rato diante de x*, ou atr"s da
$orta e acende-se uma vela de sete dias. <o sétimo dia, des$ac!a-se tudo (inclusive o $rato)
numa mata.

- (ara oter um amor.

5omar ban!o de "gua de rio misturada + "gua de coco verde durante cinco dias seguidos.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 30
DEZ/2000

- (ara rolemas de NustiRa.

screve-se, num $a$el de embrul!o usado, os nomes das $essoas interessadas na


#uest%o, dos advogados e do &ui. Abre-se um coco seco $elo meio e coloca-se dentro o $a$el
com os nomes escritos6 mil!o torrado6 WP gr%os de $imenta-da-costa6 mel de abel!as6 aeite de
dend' e $7 de efun. Nec!a-se o coco e enrola-se muito bem enrolado com lin!a $reta e lin!a
branca. Coloca-se num $rato diante de x*, acende-se uma vela #ue se renova durante WP dias.
<o final dos WP dias des$ac!a-se numa mata.

- (ara melPorar a sorte.

9ala-se um coco seco e es$reme-se a massa num $ano branco. O sumo obtido é
misturado a um co$o de leite de cabra. 2istura-se com "gua de rio e toma-se tr's ban!os no
mesmo dia, sendo um $ela man!%, um + tarde e um + noite.

- (ara aaziuar Exú.

Corta-se um coco seco ao meio, no sentido !oriontal. ;ma das metades é c!eia de mel
de abel!as, a outra é c!eia de aguardente. Arreia-se aos $és de x* com uma vela acesa. <o
terceiro dia des$ac!a-se nas "guas de u m rio.

- (ara liJrar uma essoa ameaRada de risFo.

=ois $ombos brancos6 ori6 fita branca6 fita vermel!a6 fita aul e fita amarela.

<uma mata fec!ada, unta-se as $ernas dos $ombos com a manteiga de ori6 amarra-se um
lacin!o de cada fita nas suas duas $atas6 $assa-se os bic!os no cor$o da $essoa e solta-se com
vida.  $reciso ter muito cuidado $ara n%o mac!ucar os animais.

- (ara liJrar alum da risFo ou de rolemas com a NustiRa.

;m boneco de $ano branco do sexo da $essoa $ara #uem se vai faer o trabal!o. =entro
do boneco, se coloca o seguinte/ ;m $a$el com o nome da $essoa6 Q gr%os de ataré6 Q gr%os de
mil!o torrados6 $7 de $eixe defumado6 um $edacin!o de couro de onça ou de outro felino de
grande $orte6 um ovo de codorna inteiro e um $edacin!o do talo de comigo-ninguém-$ode.
Costura-se o boneco e se deixa diante de x* dentro de um alguidar com $ad' de mel. O $ad'
deve ser renovado a cada sete dias e o boneco $ermanecer" ali, até #ue o $roblema este&a
resolvido. 4olucionada a #uest%o, o boneco deve ser levado $ara dentro de uma delegacia de
$olcia, $ara ali ser deixado. <a volta oferece-se a x* sete roletes de cana, dentro de um
alguidar com $ad' de aguardente.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 31
DEZ/2000

OE!E"DA# A EG+"

- OuidS.

Coloca-se de mol!o, numa $anela de barro, uma #uantidade de farin!a de mil!o bem fina
(mil!arina). sta farin!a dever" $ermanecer de mol!o $or dois ou tr's dias até #ue fermente.
;ma ve fermentada, acrescenta-se canela em casca6 anis estrelado em $7 (1im$inella anisum,
.),6 baunil!a ($idendrum vanilla, .) e aç*car mascavo. Co in!a-se em fogo lento.

Fuando tudo tiver ad#uirido a consist'ncia de uma massa, retira-se do fogo e enrola-se
em fol!as de mamona (9icinus communis, .). =e$ois de enroladas e bem amarradas $ara #ue
n%o se abram, coloca-se uma $anela com "gua $ara ferver. Assim #ue a "gua estiver fervendo,
coloca-se dentro, as trouxin!as, deixando #ue coin!em durante #uine minutos, retirando-se
em seguida e colocando-se de lado $ara #ue esfriem. Fuando estiverem frias, retira-se o
inv7lucro de fol!as e arruma-se numa travessa de barro, regando-se com bastante mel.

=eve-se faer sem$re, um n*mero de nove oguids ou ent%o, o n*mero corres$ondente ao


Odu #ue determinou a oferenda.

ntrega-se a gun na $orta do cemitério ou nos $és de uma "rvore seca.

- Olele

=eixar, $or G dias, uma $orç%o de fei&%o fradin!o (0igna sinensis, ndl.) de mol!o na
"gua.

<o terceiro dia, moe-se o fei&%o fradin!o no li#Hidificador usando a menor #uantidade de
"gua $ossvel, $ara #ue a massa resultante fi#ue bem es$essa.

9efoga-se, numa $anela + $arte, uma cebola, $iment%o vermel!o, comin!o, orégano e
tomate. Fuando tudo estiver bem refogado, &unta-se W ovos e deixa-se no fogo $or mais um
tem$o, mexendo sem$re, com uma col!er de $au. 5ira-se do fogo e coloca-se, com a col!er,
$e#uenas $orções em fol!as de mamona, embrul!ando-se em forma de trouxin!as. Coloca-se
as trouxin!as $ara ferver durante WU minutos, de$ois do #ue, retira-se da "gua e deixa-se esfriar.
=e$ois de frias, retira-se as fol!as de mamona, arreia-se nos $és de gun e, no terceiro dia,
retira-se e enterra-se num terreno baldio ou dentro de u ma mata.

?m$ortante/ As comidas oferecidas a gun n%o levam sal, com exceç%o da#uelas feitas
$ara o consumo das $essoas, das #uais retira-se uma $e#uena $orç%o $ara oferecer a gun.

- Oferenda de coco a Eun ara reNudicar uma essoa.

1ega-se um coco seco grande, abre-se um dos ol!os de forma #ue se $ossa introduir
$elo buraco, de$ois de retirada a "gua, o seguinte/ ;m $a$el com o nome da $essoa, sua foto
ou um $edaço de $ano de sua rou$a, $7 de osun6 Y $imentas-da-costa6 um $ouco de terra de
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 32
DEZ/2000

cemitério6 um $ouco de terra de encruil!ada6 um $ouco de $oeira da casa ou do #uintal da


$essoa #ue se #uer atingir6 um $ouco de 7leo de cobra6 um $edaço de osso !umano6 um
$edacin!o do talo da fol!a de comigo-ninguém-$ode6 Y gr%os de mil!o torrado.

=e$ois #ue tudo estiver dentro, ta$a-se o buraco do coco com um $edacin!o de $au ou
uma rol!a de cortiça. Coloca-se o coco dentro de um alguidar $e#ueno e arreia-se diante de
gun. =urante Y dias seguidos, acende-se uma vela +s PW !oras, outra +s PT e uma terceira +s
WZ !oras. <o fim dos Y dias, leva-se a um rio e atira-se nas "guas.

ste trabal!o é muito $erigoso e $re&udicial, s7 devendo ser feito em casos extremos.

- *raalPo ara afastar um inimio com a aNuda de Eun

;m gal!o de ir@o (C!loro$!ora xcelsa) de a$roximadamente P metro. <uma das


extremidades, fa-se, no sentido longitudinal, uma abertura de uns PR centmetros.

<um $a$el branco, escreve-se Y vees, o nome da $essoa #ue se dese&a afastar.

;m $edaço de $ano vermel!o6 Y $imentas-da-costa6 um $ouco de $elo de gato $reto6 um


$ou#uin!o de aougue6 um $ou#uin!o de alcatr%o6 Y agul!as6 Pm. de fita vermel!a6 Pm. de fita
branca6 Pm. de fita amarela6 Pm. de fita aul6 Y gr%os de mil!o torrado6 um $ouco de osun6 um
$ouco de u"&i6 um $edaço de osso !umano e um carretel de lin!a $reta.

Coloca-se todos os ingredientes dentro do $a$el onde se escreveu o nome das $essoas e
fa-se um embrul!o enrolado, em forma de c!aruto. mbrul!a-se novamente, com o $ano
vermel!o e enrola-se com a lin!a $reta, usando toda a lin!a do carretel. O embrul!o é ent%o,
enfiado na fenda aberta na $onta do gal!o de ir@o. m seguida, $rende-se bem, enrolando,
$rimeiro a fita branca, de$ois a aul, de$ois a amarela e finalmente, a vermel!a, de forma #ue o
embrul!in!o fi#ue bem $reso ao gal!o. ?sto feito, coloca-se o gal!o num $rato branco #ue ser"
arriado diante de gun. =urante Y dias renova-se a vela. <o fim dos Y dias leva-se ao cemitério e
es$eta-se o gal!o, com a $onta onde est" o embrul!o, numa se$ultura fresca, $edindo ao gun
ali enterrado #ue afaste a $essoa $ ara bem distante.

OE!E"DA# A OG+"

- (ara aaziuar Oun. 1re$ara-se sete ec7s, coloca-se num alguidar com uma moeda
corrente e um gr%o de ataré em cima de cada um. =e$ois de arrumados, acrescenta-se aeite de
dend', mel de abel!as e manteiga de cacau derretida. :unta-se, dentro do alguidar, bastante
mil!o torrado e rega-se com aguardente. Arreia-se diante de Ogun com uma vela de sete dias.
=es$ac!a-se numa via férrea.

- (ara eJitar derramamento de sanue.

4ete $eixes frescos, sem serem lim$os, a$enas lavados em "gua corrente. Os $eixes s%o
arrumados numa travessa de barro com as cabeças voltadas $ara fora. 4obre eles coloca-se/
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 33
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aeite de dend'6 mel de abel!as6 ori-da-costa derretido6 melado de cana e sete gr%os de ataré
(um sobre a cabeça de cada $eixe). Arreia-se nos $és de Ogun, com uma vela acesa, durante
algumas !oras (o tem$o suficiente $ara #ue a vela se #ueime toda). =e$ois disto, $assa-se os
$eixes na $essoa $ara a #ual se est" solicitando a $roteç%o de Ogun. A $essoa deve ficar
des$ida, resguardadas as $artes mais ntimas. 5erminada a lim$ea coloca- se os $eixes numa
fol!a de $a$el $ardo e se des$ac!a numa lin!a de trem.

- (ara oter roteRFo contra TualTuer tio de tradia.

;m $eixe $argo de bom taman!o6 aeite de dend'6 gin6 mel de abel!as6 mil!o torrado6
fei&%o fradin!o torrado e ori-da-costa. Coloca-se o $eixe numa travessa ou assadeira de barro6
cerca-se com o mil!o e o fei&%o torrados6 tem$era-se com os ingredientes relacionados. Arreia-se
diante de Ogun com velas acesas. =e$ois de tr's !oras, des$ac!a-se numa mata.

- (ara oter uma raRa TualTuer do Orixá Oun. P in!ame-do-norte coido6 arro cru6
ori-da-costa6 aeite de dend'6 mel de abel!as6 melado de cana6 Q $imentas ataré e gin. Amassa-
se o in!ame coido e mistura-se a massa obtida com o ori-da-costa e o arro. Com esta massa,
$re$aram-se, modelando-se com as m%os, Q bolas #ue, de$ois de $rontas, ser%o arrumadas
num alguidar de barro onde &" se colocou o mil!o torrado. Acrescenta-se os demais ingredientes
e oferece-se a Ogun, diante de seu igb" onde dever" $ermanecer $or sete dias. =es$ac!a-se na
mata.

- (ara aaziuar Oun. 1ara acalmar a ira deste Orix", basta oferecer-l!e uma melancia
aberta e regada com melado de cana.

- (ara Tue Oun defenda uma casa de malefScios.

;ma faca de aço é colocada no fogo até #ue fi#ue em brasa. Fuando a lmina da faca
estiver acesa, $ega-se, coloca-se em cima de Ogun e derrama-se sobre ele aeite de dend' de
forma #ue o aeite escorra sobre a ferramenta do Orix". sta faca é embrul!ada em $ano
vermel!o &unto com os seguintes ingredientes/ P fava de ataré inteira6 Q gr%os de mil!o torrados6
sete $edacin!os de coco seco e um $ouco de u"&i. nvolve-se tudo, inclusive a faca, no $ano
vermel!o e enrola-se, bem enrolado, com lin!a verde e lin!a aul. 4omente a lmina da faca
dever" ser enrolada $elo $ano e $elas lin!as, o #ue formar" uma es$écie de bain!a. ste fetic!e
dever" $ermanecer atr"s da $orta da casa e, todas as vees em #ue Ogun comer, dever" ficar
 &unto com ele, no igb", durante todo o tem$o do or e en#uanto durar o $receito.

- (ara aradar OunL 1ega-se Q ovos de codorna, unta-se com aeite de dend', mel de
abel!as e $7 de efun. Coloca-se num $rato de barro, es$al!a-se $or cima fumo de rolo desfiado
e mol!a-se com gin. =eixa-se diante de Ogun durante sete dias com uma vela acesa. =es$ac!a-
se na mata.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 34
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- (ara eJoluir ou oter uma raRa. 1ega-se uma melancia inteira, corta-se um
#uadradin!o em forma de cubo (sem abrir a fruta)6 se$ara-se o cubin!o6 escreve-se, em $a$el
de embrul!o, o #ue se dese&a6 coloca-se o $a$el no buraco feito na melancia6 ta$a-se o buraco
com o $r7$rio $edaço extrado dali6 arreia-se nos $és de Ogun, deixando ali $or G dias. =urante
estes tr's dias, acende-se uma vela e $ede-se a Ogun o #ue se dese&a. =es$ac!a-se na lin!a
do trem.

- (ara oter roteRFo essoal de Oun. =eixar, durante Q dias, um coco seco dentro do
assentamento de Ogun. <o sétimo dia, retira-se o coco, #uebra-se, retira-se a $ol$a, descasca-
se, rala-se, es$reme-se com um $ano branco e virgem. Ao sumo obtido acrescenta-se meio litro
de leite de cabra, mistura-se num reci$iente com "gua de c!uva e "gua de rio (meio a meio)6
acrescenta-se ainda/ ;m co$o de "gua de coco verde6 um co$o de caldo de cana6 sete col!eres
de mel de abel!as e sete col!eres de melado de cana. 2istura-se bem, e deixa-se o reci$iente
diante de Ogun, $or tr's !oras, com uma vela acesa. =e$ois de decorridas as tr's !oras, toma-
se ban!o com o l#Hido (inclusive a cabeça)6 deixa-se o ban!o secar no cor$o durante meia !ora
e de$ois, toma-se ban!o com "gua lim$a e sab%o da costa. A $essoa deve usar somente rou$as
brancas nos sete dias seguintes e, no mesmo $erodo, ter" #ue acender velas, bater cabeça e
rogar a $roteç%o do Orix".

OE!E"DA# A O$O##I

- (ara resolJer rolemas de NustiRa.

<um $ano branco coloca-se os seguintes ingredientes/ Q gr%os de mil!o torrados6 Q gr%os
de ataré6 Q $imentas malagueta6 $7 de $eixe defumado6 um $edaço de talo de comigo-ninguém-
$ode6 Q fol!as de !ortel% e um $a$el com o nome da $essoa #ue est" sendo tratada.

Na-se um embrul!o com o $ano branco, amarra-se bem com barbante virgem, $assa-se
no cor$o da $essoa e deixa-se no igb" de Ox7ssi até #ue o $roblema este&a resolvido.

9esolvido o $roblema, a $essoa beneficiada dever" oferecer uma comida seca ao Orix",
de acordo com a orientaç%o obtida no or"culo.

- (ara oa sorte.

<uma travessa de barro, coloca-se sete $eixes frescos inteiros com as escamas. 1or cima
coloca-se/ mil!o torrado6 melado de cana6 aeite de dend' e efun ralado. =eixa-se nos $és de
Ox7ssi $or tr's !oras e, em seguida, leva-se a um mata e arreia-se aos $és de uma $almeira ou
co#ueiro.

- (ara rolemas de saúde.

;nta-se sete ovos de galin!a d[angola com ori-da-costa6 coloca-se dentro dum alguidar
diante do assentamento de Ox7ssi e coloca-se, sobre eles, um $ouco de aeite de dend'6
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 35
DEZ/2000

melado de cana6 licor de anis6 fumo-de-rolo desfiado e bastante $7 de efun. 5odos os dias,
durante sete dias, $assa-se um dos ovos na $essoa enferma e se$ara-se $ara outro alguidar
#ue dever" ficar atr"s do igb". <o sétimo e *ltimo ovo, coloca-se tudo num $ano aul-claro,
amarra-se em forma de trouxa, leva-se + uma mata e des$ac!a-se num tronco de "rvore seca.

- (ara estailidade financeira.

Oferece-se, a Ox7ssi, uma melancia aberta no meio e regada de melado de cana6 deixa-
se diante de Ox7ssi $or tr's dias e des$ac!a-se numa mata.

- (ara falta de dinPeiro.

1ega-se sete cocs secos, $inta-se de branco (efun) as $artes de cima e de aul (u"&i) as
$artes de baixo. Coloca-se os sete cocs num alguidar grande e, durante sete dias, vai-se
$assando um coco $or dia no cor$o, tendo-se o cuidado de se$arar os cocs utiliados $ara
outro alguidar. =e$ois de $assar o *ltimo coco, enrola-se o alguidar com os sete cocs num
$ano aul claro e des$ac!a-se em "gua corrente. ;ma vela de sete dias dever" $ermanecer
acesa durante o tem$o em #ue os cocs estiverem diante de Ox7ssi.

- (ara oter uma raRa TualTuer.

4ete rom%s (1unica granatum, .)6 melado de cana6 aeite de dend'6 anis estrelado e efun
ralado. Coloca-se os rom%s abertos dentro de um alguidar e, sobre eles, os ingredientes
relacionados. =eixa-se diante de Ox7ssi $or sete dias com uma vela acesa, de$ois, des$ac!a-se
numa mata.

- (ara asseurar oa sorte.

=escasca-se e frita-se ligeiramente, em gordura de coco, sete cebolas de casca vermel!a.


 Arruma-se tudo numa $anela de barro e cobre-se com anis estrelado em $76 melado de cana6
aeite de dend'6 $7 de $eixe defumado e mil!o torrado. Arreia-se nos $és de Ox7ssi com duas
velas de sete dias acesas. =e$ois de sete dias des$ac!a-se na mata sem desarrumar o adim*.

- (ara aradar e aaziuar Oxssi.

1re$ara-se sete ec7s. m cada um deles coloca-se um gr%o de atar', uma moeda de
$e#ueno valor6 uma fava de anis estrelado e uma $itadin!a de efun ralado. Arruma-se num
alguidar e rega-se com aeite de dend' e um $ouco de vin!o branco. ntrega-se a Ox7ssi com
uma vela de sete dias e, de$ois deste $erodo, des$ac!a-se nos $és de uma amendoeira.

- (ara aradar Oxssi.

4ete es$igas de mil!o verde, grandes e tenras, s%o assadas na brasa. As fol!as #ue
envolvem as es$igas s%o se$aradas $ara forrar o alguidar em #ue ser" oferecido o adim*. Assim
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 36
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#ue as es$igas forem retiradas do braseiro, ainda #uentes, s%o regadas, uma a uma, com aeite
de dend', gordura de coco, melado de cana, um $ouco de licor de rom% e $7 de $eixe
defumado. =e$ois disto arruma-se com as $ontas mais finas $ara cima, no alguidar &" forrado
com as fol!as das es$igas. Coloca-se, dentro do alguidar, amendoim torrado e rega-se tudo com
vin!o branco. ntrega-se a Ox7ssi com uma vela de sete dias. <o fim de sete dias, des$ac!a-se
numa mata.

OE!E"DA# A ,OG+"ED0

- (amonPa Tue se oferece a ,ouned.

9ala-se sete es$igas de mil!o verde bem tenras. \ massa obtida acrescenta-se coco
ralado e aç*car. nvolve-se a massa nas fol!as mais tenras #ue envolvem as es$igas, formando
uma es$écie de trouxin!a #ue se amarra em cima com $al!a da costa. 2ergul!a-se as
trouxin!as em "gua fervente e retira-se logo em seguida. =eixa-se esfriar, abre-se as trouxin!as,
arruma-se numa travessa ou $rato de louça. Ao redor coloca-se fatias de coco seco cortado em
tiras, rega-se com bastante mel e oferece-se ao Orix". =es$ac!a-se numa cac!oeira.

- (ara aradar ,ouned.

1re$ara-se uma massa de mil!o verde igual + da receita anterior, dis$ensando-se o


aç*car. 9efoga-se uma boa #uantidade de camar%o seco em 7leo de mil!o acrescentando-se
cebola branca, $iment%o doce, tomate, coentro $icadin!o, vin!o branco e um $ouco dX"gua $ara
faer o mol!o. Coloca-se a massa numa tigela e cobre-se com o mol!o. nfeita-se com Q
camarões inteiros crus e fol!as de !ortel%.

- (ara oter uma raRa.

1ega-se um $eixe dourado, lim$a-se bem, retira-se as escamas e rec!eia-se com mil!o
verde (gr%os)6 mil!o torrado6 cebola branca $icada6 $edacin!os de coco seco e P ob $icado em
$edacin!os $e#uenos. Costura-se o $eixe, tem$era-se com aeite de oliva e aeite de dend'6
orégano em $76 coentro e vin!o branco. Coloca-se $ara assar no forno. Fuando o $eixe estiver
assado, retira-se do forno, coloca-se numa travessa e cerca-se de agri%o ligeiramente fervido.
<a boca do $eixe introdu-se um $a$el com o $edido da graça #ue se dese&a obter. Cobre-se
com bastante mel de abel!as e vin!o branco. Arreia-se nos $és de ogun e, no dia seguinte,
des$ac!a-se num rio de "guas lim$as.

- (ara aradar ,ouned.

 Assa-se, num braseiro, Q es$igas de mil!o verde. Coin!a-se, + $arte, uma $orç%o de
fei&%o fradin!o misturado com a mesma #uantidade de amendoim. 1ega-se o fei&%o coido com o
amendoim e coloca-se num alguidar6 arruma-se as es$igas assadas com as $ontas $ara fora6
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rega-se com mel de abel!as6 aeite de dend' e vin!o branco. =eixa-se $or tr's dias diante do
igb" do Orix" e des$ac!a-se dentro de uma mata.

- (ara aradar ,ouned.

Coin!a-se uma boa #uantidade de mil!o seco em "gua $ura. 1ega-se sete camarões
gra*dos, aferventa-se ligeiramente também em "gua $ura. 1re$ara-se um mol!o id'ntico ao
descrito no adim* n*mero W. Coloca-se o mil!o coido numa travessa ou tigela branca6 arruma-
se os camarões em cima e cobre-se com o mol!o. nfeita-se com fol!as de agri%o e rega-se
com mel de abel!as e vin!o branco. Arreia-se diante de ogun e des$ac!a-se, tr's dias de$ois,
na beira de um rio ou dentro de uma mata.

- (ara atrair uma essoa.

1ega-se um coco seco, retira-se a "gua e abre-se, num dos ol!os do coco, um buraco
onde $ossam $assar os seguintes ingredientes/ ;m $a$el com o nome das $essoas
interessadas6 sete favas de anis estrelado6 sete $edacin!os de lrio florentino6 sete col!eres de
café de "gua-de-flor-de-laran&a6 a mesma medida de melado de cana6 a mesma medida de mel
de abel!as6 sete $edacin!os de aç*car cndi6 sete gotas de baunil!a6 sete fol!in!as de !ortel%6
sete $étalas de rosa amarela e sete gotas de ess'ncia de rosas. Com$leta-se com vin!o branco.
Nec!a-se o buraco com um $edacin!o de madeira e veda-se com cera de abel!as derretida.
nfeita-se o coco com laços de fitas amarelas e auis, leva-se + uma cac!oeira e coloca-se em
baixo da #ueda dX"gua. Antes de levar, o coco deve ser a$resentado ao Orix".

OE!E"DA# A IUEMA"V%

- Adimú ara se oter uma raRa.

 Arruma-se sete es$igas de mil!o verde assadas dentro de uma $anela de barro com o
seguinte/ 4ete bolas de fei&%o fradin!o coido, amassado e ligado com farin!a de acaç"6 sete
biscoitos de araruta6 sete bananas da terra cortadas no sentido longitudinal e fritas em gordura
de ori-da-costa6 sete bolas de mingau de mil!arina adoçado com aç*car mascavo. =e$ois de
tudo arrumado dentro da $anela rega-se com bastante mel de abel!as e oferece-se + ?3eman&",
acendendo-se duas velas. =eixa-se de um dia $ara o outro, embrul!a-se num $ano branco e
leva-se $ara o mar.

- (ara resolJer uma situaRFo imossSJel.

Coin!a-se um in!ame grande até #ue fi#ue bem macio. Coloca-se num reci$iente
#ual#uer e amassa-se com um garfo. \ massa obtida acrescenta-se/ farin!a de mil!o bem
grossa6 meio co$o de melado de cana6 um $ou#uin!o de aeite de dend' e um $ouco de mel de
abel!as. 2istura-se tudo muito bem e modela-se Q bolas, #ue s%o arrumadas numa travessa
branca. 4obre as bolas des$e&a-se bastante melado de cana6 $7 de efun e $7 de $eixe
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 38
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defumado. Oferece-se, diante do igb", com uma vela acesa, deixando $or sete dias. =es$ac!a-
se na beira do mar.

- (ara oter uma raRa.

1ega-se um mel%o bem grande, abre-se uma tam$a no alto e retira-se a $ol$a. Coloca-se,
dentro da fruta, os seguintes ingredientes/ 4ete bolin!as de mil!o vermel!o6 sete bolas de
in!ame6 sete rodelas cortadas de uma es$iga de mil!o verde6 sete $eixin!os secos6 sete cebolas
brancas $e#uenas6 sete bolas de arro branco coido6 sete bolin!as $e#ueninas de ori-da-costa6
sete col!eres de 7leo de am'ndoa-doce6 mel de abel!as e melado de cana. Coloca-se o mel%o
num $rato grande ou bande&a forrada com $ano branco, diante de ?3eman&" e acende-se sete
velas #ue devem ser renovadas $or sete dias, tem$o em #ue o adim* $ermanecer" diante do
Orix". =es$ac!a-se na beira do mar.

- (ara oter saúde ou estailidade financeira.

Colocar dentro de uma travessa de barro/ 4ete $argos frescos bem $e#uenos6 sete gr%os
de ataré6 sete gr%os de mil!o torrado6 sete moedas correntes6 um $ouco de $7 de osun6 sete
agul!as de croc!et6 um $ouco de areia da $raia6 sete col!eradas de aeite de am'ndoas6 sete
col!eres de mel de abel!as e sete col!eres de melado de cana. ntrega-se + ?3eman&" na
desembocadura de um rio com o mar. O mesmo adim* $ode ser oferecido + Olo@un. <este caso
substitui-se as agul!as de croc!et $or an7is e se entrega diretamente nas "guas, em alto mar.

- (ara Tue IemanNá traalPe em faJor de alum.

Colocar-se, aos $és de ?3eman&", uma cesta com frutas variadas, cobre-se tudo com
bastante fol!as de beldroega (1lanta !erb"cea, da famlia das cariofileas). =eixa-se, diante do
Orix", durante sete dias com uma vela votiva acesa. Nindo o $rao, leva-se + uma $raia e arreia-
se na areia com sete velas acesas.

- (ara firmar a caeRa de uma essoa.

Coloca-se a so$eira de ?3eman&" no solo, sobre uma esteira forrada de branco. m volta
coloca-se nove $ratos brancos. =entro de cada $rato coloca-se um ovo de $ata (cru)6 um $ouco
de mel de abel!as sobre os ovos6 uma $e#uena $orç%o de coco ralado e uma $itadin!a de $7 de
efun. Ao lado de cada ovo, dentro dos $ratos, acende-se uma vela de sete !oras. A $essoa,
de$ois de lim$a e lavada com omi er7 de fol!as frescas de ?3eman&", veste uma rou$a branca e
deita-se no #uarto do Orix" $or uma noite. <o dia seguinte colocam-se os ovos dentro de uma
cestin!a de $al!a e des$ac!a-se no mar, na sétima onda #ue bater.

- (ara resolJer TualTuer tio de rolema.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 39
DEZ/2000

1ega-se WP frutas de diferentes es$écies, $ica-se em $edaços bem $e#uenos e mistura-se


dentro de uma tigela branca. 1re$ara-se um coido com vinte e um diferentes ti$os de legumes
bem $icados e coidos em "gua $ura. 4e$ara-se os legumes em outra tigela branca. Coin!a-
se, em "gua sem sal, vinte e um diferentes ti$os de gr%os como/ mil!o, can&ica, fei&ões de todos
os ti$os (menos $reto), so&a, arro, etc. e se$ara-se tudo numa outra tigela. Coloca-se tudo
dentro de um balaio, deixando #ue as coisas se misturem. 1or cima coloca-se um $argo fresco
de taman!o médio, em cu&a boca, introdu-se um ob bat". nfeita-se tudo com fol!as de
beldroegas e vinte e uma rosas brancas. 4al$ica-se vin!o branco em cima, enfeita-se com fitas
brancas, rendas, etc. eva-se + $raia e entrega-se + ?3eman&", com muito or e cantigas do
Orix".

- (ara calar a oca de uma essoa maledicente.

9etira-se um cubin!o da casca de uma melancia, com o auxlio de uma fa#uin!a. <o
bura#uin!o, introdu-se um $a$el com o nome da $essoa de lngua ferina e ta$a-se com o
$edaço #ue dali foi retirado. =eixa-se, durante #uatro dias nos $és do Orix", de$ois do #ue, l eva-
se a uma lin!a de trem deixando ali, de forma #ue a fruta se&a esmagada $elo trem.

- Adimú ara aradar IemanNá e oter sua roteRFo.

=escasca-se sete cebolas brancas e frita-se, ligeiramente, em aeite de am'ndoas.


=e$ois de bem douradas as cebolas, abre-se nelas, com uma fa#uin!a, um buraco onde se
introdu um $a$el com o $edido #ue se dese&a obter e um gr%oin!o de ataré. Coloca-se as
cebolas num $rato branco e se acrescenta, sobre elas, os seguintes ingredientes/ 2el de
abel!as6 melado de cana6 um $ouco de vin!o branco6 um $ouco de vin!o tinto suave e bastante
mil!o torrado. =eixa-se, durante sete dias, diante do igb" do Orix", sem$re com velas acesas.
=es$ac!a-se na beira da $raia.

- (ara oter uma raRa com aNuda de IemanNá.

<uma cesta de vime forrada de $ano aul, coloca-se sete $eixes fritos em aeite de
am'ndoa6 sete bananas da terra verdes6 sete $un!ados de can&ica coida6 sete bolos de arro6
sete $edaços de coco seco6 sete ec7s6 sete oleies e sete moedas brancas. nfeita-se tudo com
flores brancas e entrega-se + ?3eman&" diretamente na $raia, com velas acesas e uma taça de
vin!o branco.

- (ara aradar e aaziuar.

Corta-se sete rom%s ao meio. =entro de cada um deles se coloca uma moeda e um gr%o
de ataré. Arruma-se as frutas dentro de uma $anela de barro, derrama-se $or cima/ aeite de
dend', mel de abel!as, melado de cana, vin!o branco e sete balas de leite ou de coco. =eixa-se
durante sete dias diante do igb" de ?3eman&" e, de$ois, des$ac!a-se dentro do mar.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 40
DEZ/2000

- (ara aressar a soluRFo de TualTuer tio de rolema.

;m $eixe $argo bem assado é colocado numa travessa de barro e recoberto com rodelas
de banana-da-terra $reviamente coidas. =entro do $eixe &" estar" um $a$el no #ual se
escreveu o dese&ado. 1or cima de tudo, derrama-se melado de cana e vin!o branco. A $anela
deve ficar c!eia até a borda. =eixa-se, durante sete dias diante de ?3eman&" e de$ois, des$ac!a-
se em $edras onde as ondas do mar estouram.

- (ara aradar IemanNá.

Norra-se uma travessa de barro ou de louça com fol!as de alface e sobre elas arruma-se/
Q ec7s6 Q oleles6 Q oguids6 sete acaç"s de mil!o vermel!o desembrul!ados6 sete $edaços de
coco seco6 sete es$igas de mil!o assadas6 sete moedas6 sete bolin!as de ori-da-costa. =e$ois
de tudo arrumado na travessa tem$era-se com aeite de dend', mel de abel!as, melado de
cana, ataré, $7 de efun e vin!o branco. ste adim* $ermanece, durante sete dias, diante do igb"
do Orix" com duas velas acesas. =es$ac!a-se nas "guas de um rio.

- (ara alcanRar uma raRa imossSJel

Coloca-se, dentro de um co$o de cristal, um $a$el onde se escreveu o #ue se dese&a


obter. nc!e-se o co$o com melado de cana misturado a vin!o branco. Coloca-se diante de
?3eman&" e cobre-se com um $ano branco virgem. 1or cima coloca-se um $rato branco sobre o
#ual se acender" uma vela todos os dias, durante WP dias. Nindo este $rao o co$o com seu
conte*do, o $ano e o $rato, ser%o levados + uma $raia e atirados ao mar, o mais longe $ossvel.

OE!E"DA# A O$+"

- (ara atrair uma essoa.

 Abre-se uma cabaça ao com$rido, lim$a-se bem retirando todas as sementes e as


$elculas de seu interior e se coloca dentro/ O nome da $essoa #ue se #uer atrair escrito em
$a$el de embrul!o6 U agul!as de coser6 U $edacin!os de gal!o de ir@o6 U gr%os de $imenta-da-
costa6 um $ouco de mil!o torrado6 uma $itadin!a de $7 de osun6 uma $itadin!a de sal de
coin!a6 mel de abel!as6 suco de um lim%o galego (Citrus medica, 9issus)6 $7 de $eixe
defumado e $7 de $re" defumada. Nec!a-se a cabaça unindo as duas $artes com um laço de fita
amarela6 coloca-se sobre um $rato branco diante do igb"-Oxun e, durante WU dias, + mesma
!ora, acende-se uma vela em cima da cabaça $edindo ao Orix" #ue traga a $essoa dese&ada.
<o vigésimo #uinto dia, de$ois #ue a vela acabar, des$ac!a-se nas "guas de um rio.

- (ara oter-se uma raRa TualTuer.

<um $rato branco arruma-se/ U ovos de galin!a crus6 U fol!as de verbena (i$ia
citriodora)6 uma conta de coral6 um $edaço de aevic!e6 um mol!o de agri%o #ue dever" ser
arrumado em volta do $rato, formando uma rodil!a. Cobre-se tudo com bastante mel de abel!as,
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 41
DEZ/2000

sal$ica-se $7 de efun e arreia-se aos $és de Oxun com U velas acesas ao redor. ste adim*
$ermanece $or cinco dias nos $és do Orix" e é des$ac!ado numa cac!oeira.

- (ara aaziuar Oxun. ;m mam%o bem maduro aberto ao meio, do #ual se retira todas
as sementes. nfeita-se o mam%o $or dentro e $or fora com ramos de salsa6 coloca-se dentro do
mam%o U gemas de ovos de galin!a e cobre-se com bastante mel de abel!as. :unta-se as duas
$artes do mam%o e coloca-se, sobre um $rato, diante de Oxun, com duas velas acesas. <o dia
seguinte des$ac!a-se num rio.

- (ara aradar e oter uma raRa. Coin!a-se um in!ame, amassa-se e mistura-se


fol!as de agri%o bem $icadin!as. Com a $asta modela-se U bolas. =e$ois de $rontas as bolas de
in!ame, rola-se as mesmas sobre farin!a de acaç" até #ue fi#uem bem envolvidas. <uma
travessa de barro, arruma-se as U bolas de in!ame ao redor de um $argo assado ao forno.
4obre cada bola coloca-se uma $imenta ataré, uma moeda, um gr%o de mil!o e uma $étala de
rosa amarela. 9ega-se com um $ou#uin!o de aeite de mil!o e bastante mel de abel!as,
enfeita-se com gal!os e fol!as de agri%o mi*do.

- Balaio ara aradar Oxun. 1ega-se um balaio grande com alça e enfeita-se + gosto
com $anos, fitas e rendas amarelas. 1ronto o balaio, coloca-se dentro dele diversos ti$os de
frutas, sem$re em cinco unidades. Acrescenta-se ainda bastante caramelos de leite e enfeita-se
com fol!as de !ortel%. <o meio das frutas coloca-se uma boneca vestida de amarelo,
re$resentando a $r7$ria Oxun. =eixa-se diante do Orix" $or oito dias, findo os #uais, des$ac!a-
se numa cac!oeira. A boneca ficar", $ara sem$re, &unto ao igb".

- (ara oter uma raRa. 1ega-se cinco laran&as lima e, sem descasc"-las, corta-se no
alto, se$arando-se as tam$in!as. 4obre cada uma das laran&as coloca-se/ ;ma fava de anis-
estrelado6 um $ou#uin!o de $7 de lrio-florentino6 umas fol!in!as de salsa6 umas gotin!as de mel
de abel!as e uma $itadin!a de canela em $7. 9e$õe-se as tam$in!as em cada laran&a e arruma-
se num $rato do igb" da Oxun. O $rato dever" ser colocado sobre a so$eira, no lugar da tam$a.
ste adim* $ermanece cinco dias sobre o igb" e é des$ac!ado, envolto num $ano amarelo, na
beira de um rio de "guas lim$as.

- (ara oter uma raRa.

O mesmo adim* acima descrito $ode ser feito, substituindo-se as laran&as $or ovos de
galin!a. <este caso, abre-se os ovos em cima, sem #ue se #uebre as cascas em demasia,
escorre-se as claras deixando somente as gemas dentro das cascas. Acrescenta-se os mesmos
ingredientes dentro dos ovos. <este caso ferve-se ligeiramente um mol!o de agri%o e, de$ois de
frio, fa-se um nin!o #ue ser" colocado no $rato $ara abrigar os ovos de forma #ue n%o virem
$ara #ue n%o se entornem os seus conte*dos.

- (ara ocasionar intranTWilidade a um inimio.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 42
DEZ/2000

=entro de um boneco de $ano branco (do mesmo sexo da $essoa #ue se #uer atingir)
coloca-se/ ;m $a$el de embrul!o usado com o nome da $essoa escrito cinco vees6 cinco gotas
de 7leo de rcino6 uma fol!a de ir@o6 uma fol!a de urtiga (;rtica urens, .)6 cinco agul!as de
costura6 cinco gr%os de ataré6 um $ouco de lama do fundo do rio e um $ouco de aougue. ste
boneco fica, durante cinco dias, diante de Oxun, de cabeça $ara baixo e de costas $ara o igb"
(sem velas acesas). <o fim dos cinco dias, retira-se o boneco, embrul!a-se em $ano $reto, leva-
se + uma mata e $endura-se, de cabeça $ara baixo, num gal!o de "rvore seca.

OE!E"DA# A "A"1

- (ara aradar "anF.

Coin!a-se, em "gua de $oço sem sal, PG es$igas de mil!o verde e deixa-se de lado.
<uma $anela de barro coloca-se uma cebola roxa $icada6 comin!o em gr%os6 uma fol!a de
louro6 um $ou#uin!o de orégano6 um $ouco de gengibre ralado e aeite de dend'. =eixa-se
ferver $or meia !ora e coloca-se, dentro da $anela, uma $orç%o de fub" de mil!o vermel!o bem
fino. 0ai-se mexendo en#uanto coin!a, até #ue engrosse como um mingau. 9etira-se do fogo,
coloca-se as PG es$igas coidas com as $ontas $ara cima e, de$ois de frio, oferece-se + <an%
na mesma $anela. =e$ois de PG dias, leva-se + um $ntano e se enterra com $anela e tudo.

- (ara rolemas de saúde.

1ega-se PG $argos frescos bem $e#uenos, arruma-se dentro de um $rato de barro e


tem$era-se com aeite de dend'6 mel de abel!as6 melado de cana e vin!o tinto seco. Arreia-se
diante de <an% e, de$ois de PG dias, $assa-se o $rato com o adim* no cor$o da $essoa
enferma, leva-se a um $ntano e enterra-se com tudo.

- (ara saúde.

1ega-se PG broas de mil!o, $assa-se no cor$o da $essoa e vai-se arrumando num


alguidar de barro. =e$ois #ue todas as broas &" estiverem no alguidar rega-se com aeite de
dend' e vin!o tinto seco, sal$icando-se $or cima $7 de efun. =eixa-se diante do Orix" durante
PG dias, findos os #uais, retiram-se as broas, substituindo-as $or outras, agindo sem$re da
mesma forma. As broas retiradas s%o levadas e des$ac!adas na $orta do cemitério. A o$eraç%o
deve ser re$etida até #ue a $essoa fi#ue curada.

- (ara oter uma raRa.

1ega-se PG cebolas roxas inteiras e frita-se ligeiramente em aeite de dend'. 1re$ara-se


um $ouco de $i$oca em aeite de dend', arruma-se a $i$oca num alguidar e enfeita-se com as
cebolas fritas. =eixa-se nos $és de <an% $or PG dias. =es$ac!a-se na beira de uma lagoa.

- (ara oter a roteRFo de "anF.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 43
DEZ/2000

5orra-se, bem torrada, uma mistura de mil!o vermel!o, fei&%o fradin!o e amendoim.
Coloca-se tudo dentro de uma cabaça aberta no $escoço. Coin!a-se uma boa #uantidade de
can&ica e coloca-se dentro da mesma cabaça. Acrescenta-se PG gr%os de ataré6 um $ouco de
mil!o de $i$oca #ue, de$ois de torrado, n%o se ten!a aberto6 PG gr%os de lele@un6 PG favas de
be&ere@un6 $7 de $eixe defumado e $7 de e@u defumado. Nec!a-se a cabaça enrolando-a toda
com $al!a-da-costa. =eixa-se $or PG dias diante do Orix". =e$ois $endura-se atr"s da $orta de
casa ou do local de trabal!o.

- (ara eJoluRFo financeira.

 Assa-se, no forno, PG fatias de berin&ela. =e$ois de assadas unta-se com aeite de dend'6
mel de abel!as e ori-da-costa. Arruma-se num alguidar e cobre-se com $i$ocas. 9ega-se com
vin!o tinto seco. =es$ac!a-se, de$ois de PG dias, na beira de um $oço #ue ten!a "gua $ot"vel.

- (ara aradar "anF.

PG cebolas roxas descascadas e fritas em aeite doce6 PG es$igas de mil!o verde assadas
na brasa6 PG rodelas de ai$im coido com casca6 mil!o torrado e $i$oca feita no dend'. Arruma-
se, num alguidar, $rimeiro o mil!o torrado e as $i$ocas. 1or cima dis$õe-se as rodelas de ai$im,
as es$igas e as cebolas. 9ega-se com aeite de dend' e deixa-se PG dias diante de <an%.
=es$ac!a-se no mato.

 - (ara sorte e roteRFo de "anF.

;ma $anela de barro média6 PG gemas de ovos de gansa6 PG $imentas-da-costa6 PG


b*ios6 osun6 efun6 u"&i6 um $ouco de lama de $ntano6 um $ouco de mil!o torrado6 $eixe
defumado6 aeite de dend'6 PG col!eres de aeite de am'ndoas6 os $edidos #ue se dese&a obter
escritos em $a$el de embrul!o. Coloca-se o $a$el dentro da $anela e todos os ingredientes $or
cima6 com$leta-se com can&ica branca e deixa-se diante de <an% $or PG dias. =es$ac!a-se num
$ntano.

 - (ara conseuir uma raRa.

2etade de uma cabaça bem lim$a $or dentro6 PG moedas $e#ueninas6 PG gr%os de mil!o
de $i$oca #ue n%o ten!am estourado ao se faer $i$ocas $ara Omol*6 PG $edacin!os de coco
seco6 PG sementes de anis estrelado6 aeite de dend'6 um $ouco de melado de cana6 aeite de
dend'. screve-se, num $a$el #ual#uer, o #ue se dese&a de <an%. Coloca-se o $a$el dentro da
cabaça e coloca-se todos os ingredientes $or cima. Com$leta-se com can&ica branca e rega-se
com "gua de flor de laran&eira. =eixa-se nos $és de <an% $or PG dias. =es$ac!a-se nas "guas
de um rio.

OE!E"DA# A O$+MA!E

 - (ara aradar OxumarX.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 44
DEZ/2000

Coin!a-se uma batata doce e amassa-se bem, formando uma es$écie de $ur'. Coloca-
se a massa dentro de um alguidar de barro e tem$era-se com $7 de ataré6 $7 de be&ere@un6
lele@un e bastante aeite de dend'. Arreia-se $ara Oxumar' e deixa-se $or PU dias. =es$ac!a-
se no mato.

 - (ara oter uma raRa.

Com a massa de uma batata doce coida, modela-se uma cobra dentro de uma travessa
de barro. Ao redor da cobra, arruma-se PU ovos de galin!a nos #uais colocou-se, $or uma
$e#uena abertura feita numa das extremidades, os seguintes ingredientes ($ara cada ovo)/ P
gr%o de ataré6 P semente de fava de arid%6 P semente de be&ere@un e P gr%o de lele@un. Arreia-
se diante do Orix" e des$ac!a-se, no dia seguinte, nos $és de uma "rvore frondosa.

 - (ara aaziuar OxumarX.

Coin!a-se U batatas doce, amassa-se e mistura-se ao $ur', $7 de aridan e sementes de


lele@un. Com a $asta obtida modela-se PU bolas. =e$ois de $rontas as bolas de batata doce,
rola-se as mesmas sobre farin!a de acaç" até #ue fi#uem bem envolvidas. <uma travessa de
barro, arruma-se as PU bolas ao redor de um $argo assado ao forno. 4obre cada bola de in!ame
coloca-se uma $imenta ataré, uma moeda e um b*io $e#uenino. 9ega-se com aeite de dend'
e deixa-se diante de Oxumar' de um dia $ara o outro. =es$ac!a-se em "gua corrente.

OE!E"DA# A $A"GY

- (ara aaziuar $anQ.

Coin!a-se um in!ame-da-costa. Com o in!ame coido e descascado fa-se uma massa


+ #ual acrescenta-se/ aeite de dend'6 mel de abel!as6 $7 de $eixe defumado e orogb ralado.
=e$ois de bem misturado fa-se seis bolas. m cima de cada bola se coloca uma moeda de
cobre. Arruma-se no centro de uma gamela de madeira e, ao redor, coloca-se seis sa$ots
(Ac!ras sa$ota, .) bem maduros. =eixa-se aos $és do Orix" durante seis dias. nvolve-se num
$ano vermel!o e leva-se aos $és de uma $almeira im$erial (Oreodoxa regia).

- (ara aradar $anQ. 1ega-se seis sa$ots maduros, abre-se ao meio, retira-se as
sementes e arruma-se numa gamela. =entro de cada sa$ot coloca-se/ 4eis gr%os de mil!o
torrado6 seis $edacin!os de coco seco6 um orogb ($ara cada sa$ot)6 um $ou#uin!o de melado
de cana6 mel de abel!as6 aeite de dend'6 um ataré e um $ouco de vin!o tinto. =eixa-se $or seis
dias nos $és do Orix" com uma vela acesa, #ue deve ser renovada todos os dias.

- (ara tirar uma essoa do cárcere.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 45
DEZ/2000

;m talo de fol!a de afom% (Nicus 2embranacea)6 um $edaço de gal!o de cedro (Cedrela


mexicana)6 osun6 efun e ori-da-costa. 9as$a-se talo de afom% e o gal!o de cedro. O $7 obtido é
misturado aos demais ingredientes e com a massa resultante, fa-se uma bola #ue dever" ficar,
$or seis dias, dentro da gamela de 8ang. =es$ac!a-se o mais $r7ximo $ossvel do local onde a
$essoa estiver detida e, se isto n%o for $ossvel, no alto de uma $edra de onde se aviste a
cidade.

- (ara asseurar Jitria em TuestZes Nudiciais.

mbrul!a-se, em $ano vermel!o, seis varetas ou $alitos de cedro6 seis $imentas ataré6
seis gr%os de mil!o torrados6 um $ou#uin!o de $7 de $eixe defumado6 um orogb inteiro e uma
fol!a de cedro. Amarra-se bem amarrado com lin!a branca e deixa-se dentro da gamela de
8ang. <o dia da audi'ncia ou &ulgamento, a $essoa deve $ortar o embrul!in!o num de seus
bolsos.

- Adimú ara oa sorte.

1ega-se seis ovos de galin!a dXAngola e unta-se as cascas com/ Aeite de dend'6 mel de
abel!as6 ori-da-costa6 $7 de efun e $7 de osun. Coloca-se numa gamela ou alguidar de barro e
so$ra-se, em cima, vin!o tinto e aguardente de cana. =eixa-se diante de 8ang $or seis dias e
de$ois, $assa-se os ovos na $essoa, embrul!a-se em $ano vermel!o e des$ac!a-se aos $és de
uma $almeira im$erial.

- (ara oter uma raRa.

Com$ra-se o rom% mais bonito #ue se $uder encontrar, abre-se a fruta ao meio no sentido
vertical e retira-se, de seu interior, todas as sementes. Coloca-se, no lugar das sementes, um
$ou#uin!o de osun6 um $edacin!o do talo de comigo-ninguém-$ode6 um $ou#uin!o de ras$a de
$7 de cedro6 um $ou#uin!o de ras$a de madeira de ir@o6 seis ataré6 um $ou#uin!o de aeite de
dend'6 mel de abel!as e um $ou#uin!o de canela em $7. ;ne-se as duas $artes do rom%,
envolve-se num $edaço de $ano vermel!o e enrola-se bem, com lin!a branca. =errete-se, em
ban!o-maria, uma #uantidade de cera de abel!as. <a cera derretida vai-se mergul!ando e
retirando a bone#uin!a de $ano com a fruta dentro, dando-se voltas $ara #ue a cera fi#ue
aderida ao tecido. 9e$ete-se a o$eraç%o até #ue se transforme numa bolota de cera. =eixa-se
secar até #ue a cera fi#ue bem durin!a e, somente ent%o, coloca-se dentro da gamela de 8ang,
onde dever" $ermanecer até #ue a graça se&a alcançada. =e$ois de atendido o $edido feito ao
Orix", des$ac!a-se a bolota nos $és de uma $almeira real.

- (ara aradar $anQ e oter sua roteRFo.

 Arruma-se, numa gamela grande, PW tomates maduros6 PW laran&as-da-c!ina6 PW bananas-


da-terra verdes6 um in!ame-da-costa6 uma cabaça de $escoço6 PW orogbs6 PW caramelos6 PW
fatias de $%o e PW ataré. 9ega-se tudo com muito mel de abel!as, vin!o tinto e melado de cana.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 46
DEZ/2000

Coloca-se diante de 8ang e deixa-se $or PW dias, renovando a vela diariamente. <o fim dos
doe dias leva-se a um cam$o e deixa-se ali.

- (ara resolJer uma situaRFo imossSJel.

Jordura de coco, cebola, $iment%o vermel!o, camar%o s'co, comin!o, orégano, louro
verde, tomates, #uiabo, farin!a de acaç" e aeite de dend'. 1ica-se a cebola, o $iment%o, os
tomates e os #uiabos (estes em rodelin!as bem finas). Coloca-se a farin!a $ara coin!ar, com
"gua, em fogo brando, deixando engrossar um $ou#uin!o. <uma $anela + $arte coloca-se uma
col!er de gordura de coco, uma $itada de comin!o, uma de orégano, a fol!a de louro, a cebola
$icadin!a, o $iment%o e o tomate. s$era-se cinco minutos e acrescenta-se o camar%o s'co, o
#uiabo e o mingau #ue foi coido em se$arado. Coloca-se um $ouco de dend' (se $ossvel a
$asta c!amada bambarra). =eixa-se coin!ar em fogo brando $or a$roximadamente uma !ora.
Fuando estiver coido retira-se do fogo e se derrama tudo numa gamela. 4e$ara-se uma $orç%o
num alguidar $ara ser oferecida a x*. =e$ois de entregar-se a $arte de x*, oferece-se o
adim* nos $és de 8ang, sacode-se o xeré e vai-se $edindo o #ue se #uer em vo baixa e a
cabeça no c!%o. Acende-se duas velas e, no dia seguinte, des$ac!a-se aos $és de uma
$almeira.

OE!E"DA# A UE@%

- (ara aradar UeHá.

Coin!a-se P] $edaços de mandioca cortados em cubo. =e$ois de bem coidos, coloca-


se numa $anela de barro onde se acrescenta/ 2elado de cana6 mel de abel!as6 canela em casca
e T favas de anis estrelado. =eixa-se ferver em fogo brando durante vinte minutos. 9etira-se do
fogo e, de$ois de frio, coloca-se + Ke", deixando $or sete dias com velas acesas. =es$ac!a-se
num rio.

- (ara conTuistar um amor imossSJel.

;m coraç%o de cera dentro do #ual se coloca os nomes das $essoas interessadas,


escritos Q vees, um ao lado do outro. O $a$el, de$ois de escrito, é enrolado em forma de
canudo e atravessado $or sete agul!as de coer. Coloca-se o tubin!o dentro do coraç%o de cera
e acrescenta-se/ ;ma fol!a de abre camin!o6 uma fol!a de elevante6 sete $étalas de rosa
vermel!a6 um $edaço de talo de comigo-ninguém-$ode6 um $ouco de $7 de osun6 $7 de $eixe
defumado6 mil!o torrado6 aeite de dend' e mel de abel!as. Coloca-se o coraç%o dentro de uma
$anelin!a de barro, com$leta-se com aeite de oliva e entrega-se ao Orix", com uma vela de
sete dias acesa e $edindo-se o #ue se #uer. =es$ac!a-se num rio.

- (ara oter uma raRa.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 47
DEZ/2000

Coin!a-se sete raes de mandioca $e#uenas, descascadas. Arruma-se numa travessa


de barro e cobre-se com/ melado de cana6 aç*car mascavo6 uma $imenta da costa em cima de
cada rai de mandioca6 $edaços de coco cortados em tiras finas e mel de abel!as. Arreia-se
diante de Ke" e des$ac!a-se, sete dias de$ois, numa lagoa de "gua doce.

- (ara aradar UeHá.

<uma t"bua nova e lim$a #ue flutue, coloca-se um $argo sem escamas, do #ual foram
retiradas todas as entran!as. =entro do $argo coloca-se/ ;m $a$el no #ual se escreveu o #ue
mais se dese&a na vida6 um $ouco de $i$oca6 Q gr%os de $imenta-da-costa6 sete $edacin!os de
coco seco6 osun6 lele@un6 sete $étalas de rosa vermel!a6 mel de abel!as e aeite de dend'.
Costura-se a barriga do $eixe, coloca-se em sua boca um anol de $esca e arruma-se, em cima
da t"bua, com sete velas acesas em volta. ntrega-se nas "guas de uma lagoa, #ue se&am
tran#Hilas, $ara #ue a t"bua flutue na su$erfcie. ste adim* tem #ue ser oferecido + noite, com
céu estrelado e lua crescente.

- (ara se oter uma raRa.

1re$ara-se uma boa #uantidade de $i$ocas, arro branco coido e can&ica coida. Coloca-
se, numa travessa de barro, $rimeiro uma camada de arro6 $or cima, uma camada de can&ica e,
finalmente, a $i$oca. 4obre tudo isto, es$al!a-se uma boa $orç%o de camarões fritos em aeite
de dend' (sem lim$ar, a$enas lavados). 9ega-se com aeite de dend' e enfeita-se com rodelas
de tomate. Arreia-se aos $és de Ke" $or sete dias com duas velas acesas. =es$ac!a-se, +
noite, aos $és de uma "rvore #ue d' flores.

- (ara se oter roteRFo.

1ega-se um $eixe de taman!o médio #ue se lim$a e corta em $ostas. Com a cabeça do
$eixe $re$ara-se um $ir%o de farin!a de mandioca, ao #ual se acrescenta fol!as de coentro e
alguns gr%os de ataré. As $ostas s%o coidas com $iment%o6 coentro6 anis estrelado em $7 e
gengibre ralado. \ $arte, frita-se em aeite dend', sete camarões grandes, com cabeça e casca.
Norra-se uma travessa de barro com bastante fol!as de alface, sobre elas derrama-se o $ir%o
de$ois de frio6 arruma-se as $ostas de $eixe e coloca-se $or cima os camarões fritos. Bate-se as
claras de sete ovos até #ue atin&am o $onto-de-neve e com isto, cobre-se todo o adim*. <o
centro, sobre a clara, coloca-se um obi de #uatro gomos aberto. ste adim* deve ser entregue +
Ke" na beira de um lago ou rio de "guas mansas e lim$as, em noite de céu estrelado. Os
$edidos #ue forem feitos s%o endereçados ao firmamento e o adim*, antes de ser arriado, deve
ser mostrado aos #uatro $ontos cardeais, começando-se $elo este, de$ois o norte, o oeste e o
sul.

- (ara aaziuar UeHá.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 48
DEZ/2000

1re$ara-se uma $a$a de mil!arina vermel!a tem$erada com coentro. 9efoga-se em


aeite de dend', cebola branca bem $icadin!a e uma $orç%o de camarões secos. Coloca-se,
numa travessa de barro, $rimeiro a $a$a de mil!arina e, $or cima dela, os camarões secos
refogados. 9ega-se com dend' e enfeita-se com sete ovos coidos cortados em rodelas. 4obre
cada rodela de ovo coido coloca-se um $ou#uin!o de cebola branca ralada. <o meio coloca-se
um tomate cortado em #uatro, sem as sementes, dentro do #ual se coloca um obi de #uatro
gomos. Arreia-se nos $és de Ke" com velas acesas e des$ac!a-se, de$ois de sete dias, nas
margens de um rio de "guas lim$as.

- (ara aradar UeHá.

5orra-se fei&%o fradin!o, mil!o vermel!o e amendoim. Coloca-se num alguidar e cobre-se
com mel de abel!as, vin!o branco e canela em $7. Arreia-se aos $és do Orix" ou na beira de um
lagoa, com duas velas acesas.

OE!E"DA# [ OIU%

- Adimú ara aradar Oá.

Nrita-se, no dend', nove $eixes de "gua doce $e#uenos. Arruma-se numa travessa de
barro. 1re$ara-se, + $arte, um mol!o com/ cebola branca6 $iment%o vermel!o6 $imenta do reino6
tomate6 vin!o tinto e camar%o seco. 1ronto o mol!o, derrama-se sobre os $eixin!os fritos e
enfeita-se com fol!as de alface. =eixa-se nos $és de O3" $or #uatro dias e des$ac!a-se num
bambual.

- (ara oter roteRFo de Oá.

=escasca-se Y cebolas roxas das $e#uenas e frita-se, inteiras, em aeite de dend'.


Coloca-se as cebolas e o 7leo #ue sobrou da fritura numa $anela de barro e, $or cima, coloca-
se/ 2il!o torrado6 fei&%o fradin!o torrado6 v"rios $edacin!os de coco seco6 um co$o de vin!o
rosado6 um $ou#uin!o de melado de cana6 $7 de ataré e $7 de osun. ntrega-se diante do igb"
ou dentro de uma mata.

- (ara oter uma raRa TualTuer.

scol!e-se Y berin&elas bem bonitas, abre-se e frita-se, ligeiramente, em aeite de dend'.


 As berin&elas ser%o rec!eadas com o seguinte/ Coin!a-se um $ouco de fei&%o fradin!o
descascado e amassa-se bem amassadin!o. \ massa de fei&%o acrescenta-se cebola branca
bem $icadin!a6 camar%o seco modo6 ataré em $7 e osun. 2istura-se bem estes ingredientes +
massa de fei&%o fradin!o e rec!eia-se as berin&elas. Arruma-se tudo numa travessa de barro,
rega-se com aeite de dend' e arreia-se nos $és do Orix". =es$ac!a-se #uatro dias de$ois, no
local indicado $elo &ogo.

- (ara Tue Oá traalPe em uma determinada TuestFo.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 49
DEZ/2000

1re$ara-se um bom mol!o com $iment%o, tomate, cebola, al!o e aeite de dend'.
1re$ara-se Y acara&és. 4obre cada acara&é coloca-se um gr%o de ataré e uma moeda de cobre.
 Arruma-se os acara&és numa travessa de barro forrada com fol!as de bambu e rega-se tudo com
o mol!o. Arreia-se aos $és de O3" e des$ac!a-se, de$ois de Z dias num bambual.

- (ara Tue Oá cale uma essoa faladeira.

=entro de uma lngua de vaca, coloca-se/ Y gr%os de ataré6 Y agul!as6 uma $itada de
osun6 Z gr%os de mil!o torrado6 Z $edacin!os de casca de ir@o e aeite de dend'. nrola-se a
lngua muito bem enrolada com lin!a vermel!a6 coloca-se num $rato ou alguidar de barro e
deixa-se aos $és de O3" $or #uatro !oras sem acender velas. 5ranscorridas as #uatro !oras,
$ega-se a lngua, leva-se a um $é de flamboa3ant(1oinciana regia) e amarra-se num de seus
gal!os.

- (ara afastar uma essoa sem Tue PaNa ria.

1ega-se um $é de boi (com$rado no açougue)6 retira-se uma $arte do tutano e coloca-se


ali/ O nome da $essoa #ue se #uer ver $elas costas escrito no mesmo $a$el em #ue o $é de boi
foi embrul!ado6 Y gr%os de ataré6 Y agul!as6 Y gotas de aougue6 W $enas de asa de andorin!a6
uma aleta (nadadeira) de $eixe6 $7 de estrada e areia da $raia. nrola-se o $é num $ano
vermel!o, amarra-se bem amarrado com lin!a vermel!a. Arruma-se tudo numa travessa de
barro e a$resenta-se + O3", sem arriar. 1ede-se o afastamento da $essoa (nunca o seu mal),
leva-se $ara o #uintal ou $ara #ual#uer lugar fora de casa e enterra-se o embrul!o.

- (ara dificuldades financeiras.

1re$ara-se um boa #uantidade de $i$ocas feitas no aeite de dend', coloca-se num balaio
e oferece-se + O3" &unto com Obalua3e. 1re$ara-se, em vasil!as se$aradas $ara cada Orix",
uma mistura de vin!o seco com canela em $7 e mel de abel!as. Acende-se uma vela $ara cada
Orix" e des$ac!a-se na $orta do cemitério.

- (ara eJitar aorto com a roteRFo de Oá.

scol!e-se uma berin&ela grande e bonita, corta-se em Y fatias, frita-se em 7leo de


am'ndoas. Corta-se, ao meio, uma cabaça de $escoço, lim$a-se $or dentro e arruma-se ali as
rodelas de berin&ela fritas. 5em$era-se com $7 de $eixe defumado, $7 de $re"6 osun e efun. A
cabaça é fec!ada e amarrada com fita vermel!a. Coloca-se num alguidar e deixa-se diante do
igb" de O3" até o final da gravide. =e$ois #ue a criança nascer deve ser mostrada ao Orix" e
s7 ent%o, a cabaça ser" des$ac!ada num $é de a@o@.

- (ara oter uma raRa.

Nrita-se Y $edaços de mandioca cortados em rodela (n%o retirar a casca). Os $edaços de


mandioca s%o fritos em aeite de dend', em fogo brando $ara #ue fi#uem bem $assadin!os.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 50
DEZ/2000

<um alguidar arruma-se/ Os Y $edaços de mandioca fritos6 Y es$igas de mil!o verde


descascadas e lim$as6 Y acara&és6 Y obs vermel!os (de #uatro gomos)6 mil!o torrado6 fei&%o
fradin!o torrado6 aeite de dend'6 mel de abel!as e $7 de efun. =eixa-se Y dias diante de O3" e
des$ac!a-se numa $raça $*blica com Y velas acesas.

- (ara ter sucesso numa emreitada.

1re$ara-se uma massa id'ntica + do acara&é e deixa-se de lado. 1re$ara-se um mol!o


com cebola roxa6 comin!o6 orégano6 camar%o seco6 vin!o tinto e aeite de oliva. Com a massa
do acara&é, $re$ara-se Y bolin!os com a forma de $%ein!os, sem contudo frit"-los6 arruma-se
os bolin!os numa travessa de barro e es$al!a-se o mol!o $or cima. =e$ois acrescenta-se/ mil!o
torrado6 aeite de dend'6 7leo de am'ndoas e $imenta-da-costa. Coloca-se o adim* diante do
Orix" $or Y dias e des$ac!a-se, de$ois, dentro de uma mata.

- (ara unir duas essoas.

Corta-se ao meio uma maç% vermel!a6 retira-se as sementes e um $ouco da $ol$a,


faendo um buraco onde se introdu/ ;m $a$el com os nomes das $essoas6 um $edacin!o de
fol!a de comigo-ninguém-$ode6 um $edacin!o de abre-camin!o6 um $ou#uin!o da $oeira da
frente das casas das duas $essoas. Nec!a-se a maç%, amarra-se com fita vermel!a dando nove
voltas e, em cada volta, um n7. A maç% é colocada num $rato e regada com mel de abel!as,
de$ois do #ue, é oferecida ao Orix" com os $edidos corres$ondentes. =es$ac!a-se aos $és de
um flamboa3ant de$ois de #uatro dias.

- (ara alcanRar o imossSJel.

Coloca-se numa cesta diante de O3", os seguintes ingredientes/ Y berin&elas6 Y ec7s6 Y


acara&és6 Y ovos de galin!a d[Angola6 Y es$igas de mil!o verde descascadas6 Y &ambos (ugenia
malacenses)6 Y obs6 Y $edaços de coco seco e Y favas de ataré inteiras. 5odos os dias, durante
Y dias, a $essoa $ega um de cada com$onente colocado na cesta, $assa no cor$o, transfere
$ara um alguidar colocado ao lado e acende uma vela $edindo o #ue dese&a. <o nono dia $ega o
alguidar, leva $ara um bambual e arria ali, com nove velas acesas.

OE!E"DA# A OMO,+ ? OBA,+AUE

- (ara aradar Omolu.

Coin!a-se, em "gua de $oço sem sal, meio #uilo de tremoços (lu$inus luteus). 1ega-se
os tremoços &" coidos, coloca-se numa $anela de barro e &unta-se uma cebola roxa $icada6
comin!o em gr%os6 uma fol!a de louro6 um $ou#uin!o de orégano6 um $ouco de gengibre ralado
e aeite de dend'. =eixa-se ferver $or meia !ora e coloca-se, dentro da $anela, uma $orç%o de
fub" de mil!o vermel!o bem fino. 0ai-se mexendo en#uanto coin!a, até #ue engrosse como um
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 51
DEZ/2000

mingau. 9etira-se do fogo e, de$ois de frio, oferece-se a Omolu na mesma $anela. =e$ois de
sete dias leva-se + uma mata e se enterra com $anela e tudo.

- (ara rolemas de saúde.

1ega-se Q aren#ues defumados, arruma-se dentro de um $rato de barro e se tem$era com


aeite de dend'6 mel de abel!as6 melado de cana e vin!o tinto seco. Arreia-se diante de Omolu
e, de$ois de sete dias, $assa-se o $rato com o adim* no cor$o da $essoa enferma, leva-se a
uma mata e enterra-se com tudo.

(ara saúde.

1ega-se PZ $%ein!os de sal frescos, $assa-se no cor$o da $essoa e vai-se arrumando


num alguidar de barro. =e$ois #ue todos os $%es &" estiverem no alguidar rega-se com aeite de
dend' e vin!o tinto seco, sal$icando-se $or cima $7 de efun. =eixa-se diante do Orix" durante
sete dias, findos os #uais, retiram-se os $%es substituindo-os $or outros, agindo sem$re da
mesma forma. Os $%es retirados s%o levados e des$ac!ados na $orta do cemitério. A o$eraç%o
deve ser re$etida até #ue a $essoa fi#ue curada.

- (ara aradar Omolú.

Coin!a-se uma #uantidade de tremoços misturada com a mesma $orç%o de fei&%o


fradin!o. =e$ois de coida a mistura, coloca-se num alguidar de barro e tem$era-se com aeite
de dend', $7 de $eixe defumado6 $7 de $re" defumada6 aeite de am'ndoas e vin!o tinto.
Cobre-se com uma $orç%o de $i$ocas estouradas em aeite de dend'. =eixa-se diante do Orix"
$or sete dias e des$ac!a-se no mato.

- (ara oter uma raRa.

1ega-se sete berin&elas, $arte-se ao meio e frita-se ligeiramente em aeite de dend'.


 Arruma-se os PZ $edaços de beringela num reci$iente de barro e, sobre cada um, coloca-se uma
bolin!a de ori-da-costa com um gr%o de ataré em cima. 5em$era-se com aeite de dend',
melado de cana e vin!o tinto. Cobre-se com $i$ocas feitas na areia e arreia-se nos $és de
Omol*, deixando $or sete dias. =es$ac!a-se nos $és de uma "rvore dentro da mata.

- (ara oter uma raRa.

1re$ara-se o mesmo adim* descrito no item anterior, substituindo as beringelas $or


cebolas roxas. O $rocedimento é absolutamente id'ntico.

- (ara oter a roteRFo de Omolu.

5orra-se, bem torrada, uma mistura de mil!o vermel!o6 fei&%o fradin!o6 fei&%o $reto6
tremoços6 arro com casca, amendoim e mil!o branco. Coloca-se tudo dentro de uma cabaça
aberta no $escoço. Acrescenta-se PZ b*ios fec!ados e todos os gr%os de ataré contidos numa
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fava. Coloca-se ainda, $7 de osun, u"&i, $7 de efun, arid% ralada, PZ gr%os de lele@un, PZ favas
de be&ere@un, um $edacin!o de carv%o vegetal, $7 de $eixe defumado e $7 de cotia defumada.
Nec!a-se a cabaça enrolando-a toda com $al!a-da-costa. =eixa-se $or PZ dias diante do Orix" e
de$ois, $endura-se atr"s da $orta de casa ou do local de trabal!o.

- (ara roteRFo no tr\nsito.

O mesmo trabal!o descrito acima, usando-se uma cabacin!a $e#uena #ue $ossa ser
$endurada no retrovisor de um carro. <este caso, todos os ingredientes $odem ser utiliados em
uma *nica unidade, em ve de #uatore.

- (ara eJoluRFo financeira.

 Assa-se no forno PG $edaços de in!ame com casca. =e$ois de assados unta-se com
aeite de dend', mel de abel!as e ori-da-costa. Arruma-se num alguidar e cobre-se com
$i$ocas. 9ega-se com vin!o tinto seco. =es$ac!a-se, de$ois de sete dias, na mata.

- (ara aradar Omolu.

4ete cebolas roxas descascadas e fritas em aeite doce6 sete es$igas de mil!o verde
assadas na brasa6 sete rodelas de $%o de sal6 sete rodelas de ai$im coido com casca6 mil!o
torrado6 tremoços e $i$oca feita no dend'. Arruma-se num alguidar, $rimeiro o mil!o torrado e os
tremoços. 1or cima dis$õe-se as rodelas de ai$im, as fatias de $%o, as es$igas e as cebolas.
9ega-se com aeite de dend' e cobre-se com as $i$ocas. =eixa-se sete dias diante de Omolu e
des$ac!a-se no mato.

- (ara roredir na Jida.

Coin!a-se sete bananas da terra, retira-se as cascas e amassa-se bem com um garfo. \
banana amassada adiciona-se mel e um $ou#uin!o de aeite de dend'. 2istura-se bem, sem$re
amassando e mexendo com um garfo. Coloca-se a massa dentro de um alguidar, arruma-se $or
cima sete fatias de $%o e cobre-se com $i$ocas feitas na areia. 5em$era-se com aeite de dend'
e vin!o tinto. =eixa-se nos $és do Orix" de um dia $ara o outro e des$ac!a-se no mato.

- (ara aaziuar Omolú.

4ete frutas-de-conde (Anona s#uamosa, .)6 sete bananas da terra e sete es$igas de
mil!o verde sem casca. Arruma-se num alguidar e rega-se com melado de cana e vin!o tinto
seco. =es$ac!a-se, de$ois de sete dias, $r7ximo a um formigueiro.

- (ara oter uma raRa.

<uma cesta de $al!a arruma-se sete frutas-$%o (Artoca$us incisa)6 sete frutas-do-conde6
sete es$igas de mil!o secas6 setes bananas da terra maduras6 sete tamarindos (5amarinus
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indica, .)6 sete obs e sete orogbs. nfeita-se a gosto com fol!as de canela-de-vel!o (Vinnia
legans) e deixa-se $or sete dias diante do Orix". =es$ac!a-se no mato.

OE!E"DA# A OBA*A,%

- Merenue ara aradar Oatalá.

Bate-se oito, de ou deesseis claras de ovos em neve. Com as clara fa-se um monte
sobre o #ual se coloca uma $itadin!a de efun e, ao redor, um obi branco de #uatro gomos
aberto, (cada $edaço do ob deve ficar de um lado do $rato, em forma de cru. Arreia-se aos $és
de Obatal" $edindo o #ue se #uer. (1ara Oxaguian, fa-se com T claras, $ara Oxalufan, com de
ou deesseis).

- (ara aaziuar Oatalá.

0ira-se ao contr"rio a tam$a da so$eira de Obatal", deixando-a sobre a so$eira. Norra-se


o interior da tam$a com algod%o em rama. Bate-se oito, de ou deesseis claras de ovos como
na receita anterior. Coloca-se o merengue (claras batidas em neve), sobre o algod%o na tam$a
da so$eira, de modo #ue forme um monte. 4al$ica-se $7 de efun no alto do monte de claras.
 Acende-se T, PR ou P] velas brancas. <o dia seguinte, recol!e-se o adim*, envolve-se num $ano
branco, e des$ac!a-se numa mata lim$a, em local $rotegido dos raios solares. A tam$a, de$ois
de lavada, fica no seu lugar normal.

- (ara reJerenciar Oatalá. Coin!a-se uma boa #uantidade de can&ica, lava-se em


"gua corrente e escoa-se bem, deixando $or algum tem$o numa $eneira, até #ue fi#ue bem
se#uin!a. Coloca-se numa tigela branca e rega-se com "gua de flor-de-laran&eira. Cobre-se com
algod%o em rama. 1or cima do algod %o, coloca-se um ob branco de #uatro gomos aberto.

- (ara aradar Oatalá.

1rocede-se da mesma forma acima descrita, s7 #ue, sobre o algod%o, colo ca-se #uatro de
$edaços de coco (sem as $elculas $retas) e, sobre eles, uma bolin!a de ori-da-costa misturada
com $7 de efun. 1ode-se, se #uiser, cobrir tudo com merengue.

- (ara aradar Oatalá.

1re$ara-se T, PR ou P] acaç"s. Coin!a-se uma boa #uantidade de can&ica #ue, de$ois de


bem lavada e escorrida, é colocada numa bacia branca de "gata ou de louça. Arruma-se, sobre
a can&ica, um n*mero de fol!as de sai%o (Ialanc!oe brasiliensis), #ue corres$onda ao n*mero
de acaç"s #ue se vai oferecer. 4obre cada fol!a, coloca-se um acaç" aberto. m cima de cada
acaç" coloca-se um b*io e um $ou#uin!o de mel de abel!as. =eixa-se nos $és do Orix" de um
dia $ara o outro e des$ac!a-se em "gua corrente lim$a. (A bacia volta $ara casa).
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- (ara rolemas de caminPos fecPados. Coin!a-se uma boa #uantidade de can&ica e


se$ara-se a "gua em #ue foi coida. Coloca-se a can&ica numa tigela branca grande. 1ega-se
um igbn, meio metro de morim branco, uma garrafa com "gua de c!uva e uma vela branca
grande. eva-se tudo ao alto de um morro e, num lugar lim$o sob a sombra de uma "rvore,
arreia-se a tigela com a can&ica sobre o $ano branco. 2ol!a-se o igbn, e coloca-se sobre a
can&ica dentro da tigela. =es$e&a-se o resto da "gua sobre o igbn, &" sobre a tigela. Acende-se a
vela, bate-se cabeça $edindo-se + Obatal" #ue, assim como a#uele igbn vai encontrar seu
camin!o dentro da mata, #ue o camin!o da $essoa se&a aberto $ara o $rogresso, a $a e a
!armonia. Ao retornar, toma-se ban!o com a "gua da can&ica coida misturada com "gua de
$oço. 0este-se rou$a branca durante tr's dias e observa-se resguardo de boca e de cor$o.

- (ara oter uma raRa.

Nrita-se T, PR ou P] $eixin!os brancos em 7leo de girassol (Seliantus annuus). Coin!a-se


arro branco, como se fosse $ara comer, sem usar sal. Coloca-se o arro coido, de$ois de frio,
num $rato branco e sobre ele arruma-se os $eixin!os fritos com as cabeças viradas $ara fora.
<o centro, sobre o arro, coloca-se um $%oin!o de trigo inteiro, regado com mel de abel!as. A
$essoa #ue oferece o adim* deve, de$ois de entreg"-lo, comer um $ou#uin!o do arro,
retirando-o do $rato, sem usar as m%os, diretamente com a boca.

- (ara roteRFo.

Coin!a-se um in!ame-da-costa. =escasca-se, de$ois de coido, e amassa-se bem,


faendo uma es$écie de $ur'. Com a massa obtida, modela-se com as m%os, T, PR ou P] bolas,
em cada bola es$eta-se uma moeda branca. =errete-se uma $orç%o de ori-da-costa e escorre-se
um $ouco do 7leo sobre cada uma das bolas de in!ame. Acrescenta-se $7 de efun e cobre-se
tudo com algod%o em rama. =eixa-se nos $és de Obatal" $or #uatro dias e des$ac!a-se aos $és
de uma "rvore frondosa, dentro da mata.

- (ara recuerar a saúde.

1ega-se oito ovos de galin!a-dXangola, unta-se com ori-da-costa e $7 de efun. Arruma-se


os ovos dentro da tam$a da so$eira de Obatal" virada ao contr"rio. 5odos os dias, logo $ela
man!%, $assa-se um ovo na $essoa doente e se coloca num $rato no c!%o. Fuando se tiver feito
a mesma coisa com o *ltimo ovo, embrul!a-se num $ano branco, leva-se dentro de uma mata e
bate-se com o embrul!o no tronco de uma "rvore bem grande, até sentir #ue os ovos se
#uebraram, deixa-se o embrul!o aos $és da "rvore e sobre ele, uma #uantidade de moedas
corres$ondente ao n*mero de ovos utiliados.

- (ara resolJer TualTuer dificuldade.

1ega-se uma fruta $%o #ue se abre em #uatro, ao com$rido, sem deixar #ue as $artes se
se$arem. Coloca-se a fruta aberta num $rato branco, acrescenta-se arro cru, coco ralado, mel
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 55
DEZ/2000

de abel!as e $7 de casca de ovos. Cobre-se tudo com algod%o em rama e deixa-se diante de
Obatal" $or PR dias, renovando, diariamente, a vela acesa. =es$ac!a-se, envolto em $ano
branco, no alto de um morro.

- (ara tirar uma essoa da risFo.

1ega-se dois $ombos brancos, lava-se $ara #ue fi#uem bem lim$in!os (usar na "gua,
ervas de Obatal"), deixa-se os bic!os, $or tr's dias, $resos numa gaiola em frente ao igb" do
Orix". <o terceiro dia, leva-se as aves $ara o #uintal, amarra-se no $é direito de uma delas o
nome da $essoa #ue se dese&a ver livre e, na outra, o endereço do local onde est" $resa. 4olta-
se os $ombos sem &og"-los $ara o alto. Os $ombos devem ser colocados no c!%o até #ue
resolvam alçar vo, n%o $odem ser enxotados nem es$antados, é $reciso #ue $ermaneçam no
local o tem$o #ue #uiserem.

- (ara Tue Oatalá faRa NustiRa.

Oito, de ou deesseis es$igas de mil!o verde bem tenras. Assa-se as es$igas num
braseiro e, #uando estiverem assadas, unta-se com ori-da-costa e mel de abel!as. Coloca-se
numa travessa branca, sal$ica-se bastante $7 de efun e $7 de lrio fiorentino6 cobre-se tudo com
algod%o e se oferece a Obatal", no alto de um morro + sombra de um arvoredo, com tantas velas
acesas #uantas forem as es$igas oferecidas.

- (ara oter roseridade.

9etira-se a casca de um coco seco6 rala-se a $ol$a e coloca-se numa tigela grande. :unta-
se + isso um co$o de leite de cabra, oito col!eres de mel de abel!as6 oito fol!as de sai%o e uma
bola de efun desfeita em $7. Bate-se bem a mistura no li#Hidificador. =e$ois de bem batida,
coloca-se a mistura num tigel%o branco, cobre-se a tigela com algod%o em rama e enc!e-se um
$rato com arro branco cru. A tigela com o l#uido é colocada dentro do $rato, sobre o arro.
Coloca-se, &unto ao arro, uma boa #uantidade de moedas. =eixa-se nos $és de Obatal", de um
dia $ara o outro, com uma vela acesa. <o dia seguinte, des$e&a-se o l#uido da tigela num balde,
acrescenta-se "gua de $oço e toma-se um ban!o da cabeça aos $és. O arro deve ser coido
$ara ser comido normalmente, com todos os tem$eros comuns. As moedas s%o atiradas dentro
do $oço de onde se retirou a "gua $ara o ban!o.

- Adimú de frutas.

Obatal" é um Orix" #ue $ode ser facilmente agradado com frutas. =entre as diversas
frutas #ue $odem ser oferecidas em seus adim*s, destacamos/ Coco verde ou seco, (sem$re
#ue se oferecer coco seco a Obatal", é im$rescindvel #ue se retire a $elcula escura #ue fica
agarrada + $ol$a da fruta)6 uvas brancas ou rosadas6 laran&a lima6 lima da 1érsia6 fruta-do-conde6
mel%o6 mam%o6 fruta-$%o (uma de suas $referidas)6 $'ssegos6 frutas secas como/ $assas6
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 56
DEZ/2000

tmaras6 figos6 noes6 avel%s etc. (Observaç%o/ as frutas demasiadamente "cidas ou de cascas
e $ol$as vermel!as ou $retas, devem ser evitadas).

O +#O DO COCO

Os $ovos do Caribe ($articularmente os cubanos), $ela im$ossibilidade de obterem o obi,


$assaram a utiliar o coco em sua substituiç%o, inclusive num ti$o de &ogo denominado Or"culo
de Biagu', onde #uatro $edaços de coco s%o usados em substituiç%o aos #uatro segmentos do
obi.

 A utiliaç%o do coco é de tal forma $o$ulariada, #ue este vegetal c!ega a ser c!amado
de ob, designando-se o verdadeiro ob, como ob-@ola. O coco é utiliado como oferenda
$rinci$al aos Orix"s, guns, x*s e até mesmo a Ori, entrando em muitas formas de bor.

Fuando Obatal", dono do coco, reuniu todos os Orix"s $ara dar-l!es mando e !ierar#uia,
isto foi feito embaixo de um co#ueiro. Obatal" colocou aos $és de cada Orix" um coco $artido,
$or isso, todos os Orix"s t'm direito ao coco, embora o coco inteiramente descascado, se&a um
direito exclusivo de Obatal".

5odos os Orix"s sentaram-se ao redor do co#ueiro $ara ouvirem com muito res$eito e
atenç%o as instruções de Obatal", com exceç%o de Obalua3e #ue se mostrou relutante em
aceitar as ordens e orientações #ue l!e eram dirigidas. Obatal" no entanto, conseguiu
convenc'-lo e, com muita $aci'ncia, fe com #ue acatasse suas ordens e orientações. =esde
ent%o, n%o é $ossvel #ue se $roceda a nen!um ritual sem #ue se ofereça antes, coco aos
guns e aos Orix"s.

A# OE!E"DA# DE COCO.

4em$re #ue se #uiser oferecer coco a gun, x* ou Orix", o seguinte $rocedimento deve
ser adotado/

scol!e-se um coco maduro, rom$e-se a casca externa, retira-se a $arte comestvel e


 &oga-se a casca grossa fora.

 A casca mais fina (es$écie de $elcula #ue fica agarrada + $arte branca) é mantida, exceto
#uando a oferenda é destinada + Obatal", #uando somente a $arte branca é ofertada). Corta-se
#uatro $edaços de taman!os mais ou menos e#uivalentes, lava-se bem estes #uatro $edaços,
coloca-se num $rato branco com a $arte branca virada $ara cima e arreia-se no $é do Orix" ao
#ual se destina o sacrifcio. Os mesmos #uatro $edaços de coco oferecidos s%o utiliados no
 &ogo $ara saber se o sacrifcio foi ou n%o aceito.

1ara cada entidade, embora o $rocedimento se&a o mesmo, existe uma saudaç%o
diferente, de acordo com o #ue se segue/

(ara ElearaL
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 57
DEZ/2000

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PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 58
DEZ/2000

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(ara OataláL

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PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 59
DEZ/2000

O4( (* ((

 A)* JoJo. A( "& '(+* .

(O coco oferecido a Obatal", deve ser com$letamente branco, ou se&a, é im$rescindvel


#ue a $elcula escura #ue o envolve se&a total e cuidadosamente retirada e #ue, de$ois disto, os
$edaços a serem oferecidos se&am muito bem lavados até #ue fi#uem imaculadamente brancos).

(ara OaluaeL

O)(&(K o6o"o n*61, *)( on*.

 A6)( *+(s( B()( S*n6), *)( on*.

O6o"o X('on(n. A6o.

(ara os ancestrais eunsL

 A4% B()( (d(6)(,

 A4% B()(don( O"&n

 Ad*(+o+o (d($&n (( Jn+(6)(d( o' (K.

 Ag. &
 ( As sau$aç'es aqui con"i$as fora cole"a$as co a cola4oração $e sacer$o"es $a San"eria $e =u4a,
on$e o h4i"o $e oferecer(se coco aos Ori+s ) ui"-ssio $ifun$i$o. O i$ioa Ioru4a no qual
ori%inalen"e seria fei"as sofreu $e"uraç'es e o$ificaç'es a"rav)s $os "eos, influencia$o que
foi elo esanhol, l-n%ua oficial $aquele a-s. Pen"aos $e "o$as as foras ser o ais fiel oss-vel
Uquilo que nos foi ce$i$o "ão %en"ilen"e, e, or es"e o"ivo, u4licaos os "e+"os co a or"o%rafia
e+a"a $os ori%inais.

,AM(A!I"A# MI,AG!O#A#

;ma forma efica de se agradar os Orix"s, muito usada na antigHidade, s%o as lam$arinas
+ eles acesas. As mais tradicionais casas de ;mbanda, ainda $reservam, embora de forma
#uase im$erce$tvel, este !"bito muito eficiente $ara a obtenç%o de graças e favores dos Orix"s.

 A facilidade de obter-se velas industrialiadas fe com #ue, gradativamente, este costume
fosse abandonado e #uase totalmente es#uecido. =evemos ressaltar, no entanto, #ue as
lam$arinas s%o também consideradas como adim*s, encontrando-se no mesmo nvel como
oferendas eficaes e #ue n%o $odem cair no es#uecimento, substitudas $or velas de $arafina
#ue s7 significam, $ara os Orix"s, a $resença do elemento fogo, n%o re$resentando $ortanto, um
sacrifcio com$leto como é o caso das lam$arinas.

<a tentativa de resgatar este rito, #ue como tantos outros foram deixados de lado,
a$resentamos neste trabal!o, uma coletnea de lam$arinas #uase #ue totalmente es#uecidas
no Brasil mas #ue funcionam de forma eficiente e r"$ida, conforme $udemos verificar nas
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 60
DEZ/2000

4anterias de Cuba, no culto de 1alo 2a3ombe, e nas diversas manifestações religiosas afro-
americanas existentes no Caribe.

s$eramos estar contribuindo mais um $ouco, na substituiç%o do sacrifcio animal de


forma desregrada e abusiva como vem sendo $raticado $or sacerdotes #ue, infelimente, n%o
con!ecem o verdadeiro sentido nem o momento exato em #ue tais sacrifcios tornam-se
insubstituveis.

,AM(A!I"A# (A!A EG+"

 - (ara roteRFo de Eun.

;ma $anela média de barro6 Y $imentas-da-costa6 um co$o de "gua de c!uva6 um co$o


de "gua de $oço6 "gua de rio6 G col!eres de mel-de-abel!as6 G col!eres de melado de cana6 G
col!eres de aeite de dend'6 uma $itada de $7 de $eixe defumado6 Y gr%os de mil!o torrado6
uma lata de aeite de oliva. 2isturar todos os ingredientes dentro da $anela de barro deixando o
aeite de oliva $ara o fim. Colocar Y mec!as e acender $ara gun. =e$ois de Y dias, des$ac!ar
no cemitério.

 - (ara afastar um malefScio.

;ma cabaça grande6 Y gemas de ovos6 Y gr%os de mil!o torrados6 Y gr%os de $imenta-da-
costa6 Y gr%os de fei&%o fradin!o6 um $edacin!o de talo de comigo-ninguém-$ode6 um $edacin!o
de gal!o de #uebra-mandinga6 uma lata de aeite de oliva.

 Abre-se a cabaça em cima, lim$a-se bem retirando todas as sementes de seu interior6
coloca-se dentro os ingredientes deixando o aeite de oliva $ara o final6 acende-se uma mec!a
de algod%o e deixa-se, $or Y dias, nos $és de gun. =es$ac!a-se no cemitério.

 - (ara oa sorte.

;m reci$iente de cristal grosso6 Y col!eres de vin!o tinto6 Y col!eres de vin!o branco6 Y


col!eres de em* (vin!o de $alma)6 Y $edacin!os de coco seco6 Y gr%os de ataré6 $7 de $eixe
defumado6 um $ouco de osun6 um $ou#uin!o de areia de rio6 um $ou#uin!o de terra da frente de
casa6 uma lata de aeite de oliva.

 Arruma-se tudo dentro do cristal, segundo a ordem da relaç%o acima. Acende-se Y


mec!as e deixa-se nos $és de gun durante Y dias. =es$ac!a-se no cemitério.

 - (ara destruir um inimio

;ma $anela de barro de taman!o médio6 um $ouco de osun6 um $ouco de efun6 um $ouco
de u"&i6 $7 de $eixe defumado6 $7 de $re" defumado6 um $ouco de aeite de dend'6 um $ouco
de 7leo de rcino6 um $ouco de sumo de fol!as de comigo-ninguém-$ode (substncia venenosa
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 61
DEZ/2000

#ue re#uer cuidado no manuseio)6 um $ou#uin!o de terra de cemitério6 um $edaço de gal!o de


abre camin!o e o nome da $essoa escrito Y vees em $a$el de embrul!o grosseiro. Ateia-se
fogo ao $a$el com o nome escrito, &" dentro da $anela de barro. Coloca-se os ingredientes
dentro da $anela, sobre as cinas e com$leta-se com aeite de oliva. Acende-se Y mec!as
deixando #ue #ueimem $or Y dias. =es$ac!a-se no cemitério.

,AM(A!I"A# (A!A E$Ú

 - (ara oter roteRFo de Exú.

=entro de uma cabaça bem lim$a, coloca-se o seguinte/ Q roletes de cana6 mil!o torrado6
G moedas6 aeite de am'ndoas6 aeite de dend'6 $7 de $eixe defumado6 $7 de $re" defumada6
aguardente de cana e aeite de oliva. Arruma-se tudo dentro da cabaça, acende-se uma mec!a
e deixa-se #ueimar $or Q dias diante de x*. =es$ac!a-se na encruil!ada.

 - (ara criar dificuldades na Jida de alum.

<uma cabaça bem lim$a coloca-se/ ;ma foto da $essoa #ue se $retende $re&udicar6 Q
col!eres de sal de coin!a6 o suco de Q limões6 Q gotas de aougue6 Q gotas de alcatr%o6 Q gotas
de amnia6 um $ouco de 7leo de rcino e aeite de oliva. Acende-se G mec!as #ue dever%o
#ueimar $or PP dias diante de x*, (trocar e com$letar o aeite sem$re #ue necess"rio).
=es$ac!a-se no cemitério, o mais $r7ximo $ossvel do sino #ue anuncia a entrada de um
enterro.

,AM(A!I"A# (A!A OG+"

 - (ara oter uma raRa.

;ma $anela de barro6 Q $imentas-da-costa6 Q gr%os de mil!o torrado6 $7 de $eixe6 $7 de


$re" defumado6 Q col!eres de mel6 um c"lice de em* ($ode ser substitudo $or gin)6 aeite de
oliva. Coloca-se tudo dentro da $anela6 acende-se uma mec!a e deixa-se $or Q dias diante de
Ogun. =es$ac!a-se na lin!a do trem.

 - (ara erturar a Jida de alum.

;ma $anela de barro6 aeite de dend'6 Q col!eradas de 7leo de coco6 Q col!eres de


alcatr%o6 Q gotas de amnia6 Q gr%os de mil!o torrados6 Q $imentas-da-costa6 osun6 u"&i6 um
$edacin!o de talo de comigo-ninguém-$ode6 o nome da $essoa escrito em $a$el de embrul!o.
1rimeiro, abre-se o $a$el com o nome escrito e urina-se sobre ele6 coloca-se o $a$el dentro da
$anela de barro e arruma-se, $or cima, todos os ingredientes relacionados. Com$leta-se com
aeite de oliva, acende-se uma mec!a e deixa-se ficar, durante sete dias, diante de Ogun.
=es$ac!a-se dentro do cemitério.

 - (ara oter uma Jitria com a aNuda de Oun.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 62
DEZ/2000

 Abre-se ao meio uma melancia. =a $arte de baixo, retira-se toda a $ol$a e coloca-se
dentro/ ;m $ouco de "gua de $oço6 sete $edacin!os de fol!a de es$ada-de-4%o :orge6 Q
$imentas-da-costa6 Q favas c!a$éu-de-na$ole%o6 uma fava ol!o-de-boi6 Q gr%os de mil!o
torrados6 um $ouco de $7 de efun6 u"&i6 um c"lice de gin6 aeite de dend' e aeite de oliva.
Coloca-se tudo dentro da metade oca da melancia, com$leta-se com aeite de oliva, acende-se
uma mec!a e deixa-se Q dias diante de Ogun. A outra banda da melancia, é colocada ao lado da
lam$arina como oferenda ao Orix". =es$ac!a-se numa rodovia de grande movimento.

,AM(A!I"A# (A!A O$]##I

 - (ara oter a aNuda de Oxssi

;ma $anela de barro de taman!o médio6 meio co$o de aeite de am'ndoas6 meio co$o de
aeite de dend'6 Q col!eres de melado6 um $ouco de osun6 Q gr%os de mil!o torrados6 $7 de
$eixe defumado6 $7 de $re" defumada6 Q col!eres de suco de rom%6 Q col!eres de licor de anis6
Q gr%os de $imenta-da-costa6 aeite de girassol. Coloca-se os ingredientes relacionados dentro
da $anela de barro, com$leta-se até a borda com o aeite de girassol, acende-se uma mec!a e
deixa-se #ueimar $or sete dias. =es$ac!a-se nos $és de uma amendoeira.

 - (ara oa sorte.

;ma $anela de barro média6 Q col!eres de aeite de am'ndoas6 Q gr%os de mil!o


torrados6 $7 de $re" defumada6 Q col!eres de aguardente6 Q col!eres de aeite de dend'6 Q
$edacin!os de ori-da-costa6 osun6 Q $edaços de aç*car cndi6 um $edaço de $a$el branco
contendo escrito o #ue se dese&a do Orix"6 aeite de oliva. Coloca-se o $a$el com os $edidos no
fundo da $anela e, sobre ele, coloca-se os ingredientes. Com$leta-se com o aeite de oliva e
acende-se Q mec!as, deixando $or Q dia s nos $és de Ox7ssi. =es$ac!a-se numa mata.

,AM(A!I"A# (A!A ,OG+"ED0

 - (ara oter uma raRa.

;ma $anela de barro6 sal de camar%o seco6 P] favas de abere6 P] favas de ari6 P] gr%os
de mil!o seco6 a gema de um ovo de galin!a6 um $ouco de "gua de rio e aeite de oliva.
screve-se em $a$el de embrul!o a graça #ue se dese&a obter6 coloca-se o $a$el no fundo da
$anela6 arruma-se todos os ingredientes $or cima6 com$leta-se com o aeite de oliva. Acende-se
a mec!a e deixa-se $or cinco dias diante de ogun. =es$ac!a-se nas "guas de um rio, no local
mais $rofundo.

 - (ara resolJer uma situaRFo difScil.

=entro de uma bacia de "gata coloca-se um $ouco de "gua de rio. =entro desta "gua
coloca-se U gemas de ovos de galin!a. 1ega-se uma $anela de barro e dentro dela coloca-se
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 63
DEZ/2000

"gua de rio e aeite de oliva. Coloca-se a $anela dentro da bacia com as gemas6 acende-se uma
mec!a e arreia-se diante de ogun, deixando $or Q dias. =es$ac!a-se na cac!oeira.

,AM(A!I"A# (A!A O$+"

 - (ara oter roteRFo de Oxun.

;ma $anela de barro6 uma $edra im%6 "gua de flor de laran&eira6 vin!o seco6 "gua de
colnia6 U $edacin!os de ori-da-costa6 U col!eres de café de 7leo de am'ndoa doce6 aeite de
oliva. Coloca-se o im% dentro da $anela e, $or cima, os demais ingredientes. Com$leta-se com o
aeite de oliva, acende-se uma mec!a e deixa-se $or cinco dias diante de Oxun. 1ode-se manter
sem$re diante do Orix" ou des$ac!ar-se numa cac!oeira.

 - (ara Tue uma mulPer fiTue ráJida.

;m mel%o6 um bone#uin!o de $l"stico6 um $edacin!o de talo de abre-camin!o6 U ovos de


codorna (somente se utiliam as gemas)6 U col!eres de c!" de 7leo de am'ndoa doce6 U
col!eres de creme de abacate6 U gotas de "gua de colnia6 um $ouco de osun6 U col!eres de
café de suco de salsa6 U $edacin!os de manteiga de cacau6 7leo de girassol. Abre-se uma tam$a
na $arte de cima do mel%o6 retira-se as sementes6 coloca-se o bone#uin!o com a cabeça $ara
cima6 coloca-se todos os demais ingredientes e com$leta-se com o 7leo de girassol. Acende-se
uma mec!a e deixa-se diante de Oxun $or cinco dias. =es$ac!a-se nas "guas de um rio.

 - (ara atrair uma essoa.

;ma cabaça bem grande6 o nome da $essoa #ue se $retende atrair escrito num lenço
branco, novo e $erfumado6 U gemas de ovos de galin!a d[Angola6 U ovos de codorna inteiros6 U
$edacin!os de coco6 U col!erin!as de aeite de am'ndoa-doce6 U col!eres de mel de abel!as6
um $ouco de efun6 um $ouco de osun6 U col!eres de aç*car mascavo.

 Abre-se a cabaça, lim$a-se seu interior, coloca-se o $a$el e os demais ingredientes.


Com$leta-se com aeite de oliva e acende-se uma mec!a, deixando diante de Oxun durante
cinco dias. =es$ac!a-se nas "guas de um rio.

 - (ara Tue alum retorne.

1re$ara-se, da mesma forma da receita anterior, uma cabaça, dentro da #ual se coloca/ U
bolin!os feitos com farin!a de mil!o misturada com mel de abel!as e fol!as de salsa bem
$icadin!as6 mel de abel!as6 aeite de dend'6 U favas de aber' e 7leo de girassol. =e$ois de tudo
dentro da cabaça, com$leta-se até a borda com o 7leo de girassol, acende-se uma mec!a e
deixa-se, $or cinco dias, nos $és do Orix". =es$ac!a-se num rio.

,AM(A!I"A# (A!A OIU%

 - (ara roteRFo.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 64
DEZ/2000

;ma $anela de barro6 Y $imentas-da-costa6 $7 de $eixe defumado6 $7 de $re" defumada6


aeite de dend'6 melado de cana6 Y $edacin!os de ori-da-costa6 Y agul!as6 Y $edacin!os de
coco seco6 Y gemas de ovos de galin!a d[Angola6 osun6 um $ou#uin!o de vin!o tinto6 um
$ou#uin!o de genebra. Com$leta-se com aeite de oliva e acende-se uma mec!a, deixando $or
Y dias aos $és de O3". =es$ac!a-se num bambual.

 - (ara defender-se de inimios.

;ma $anela de barro6 Y gr%os de fei&%o fradin!o6 Y gr%os de mil!o vermel!o6 uma $itada
de colorau6 aç*car mascavo6 aeite de dend'6 um $ouco de "gua de rosas. Com$leta-se com
aeite de oliva e acende-se uma mec!a $or nove dias aos $és de O3". =es$ac!a-se nos $és de
um flamboa3ant.

 - (ara oter uma raRa.

;ma $anela de barro6 aç*car mascavo6 aç*car cndi6 Y gemas de ovos de codorna6 Y
brasas de carv%o vegetal acesas6 "gua de rosas. =e$ois de tudo arrumado na $anela, com$leta-
se com aeite de oliva e acende-se uma mec!a, deixando-se, $or Y dias, diante do Orix".
=es$ac!a-se num bambual.

,AM(A!I"A# (A!A UE@%

 - (ara alcanRar uma raRa.

<uma $anela de barro coloca-se/ ;m $ouco de terra de formigueiro6 uma $itada de osun6
PP $imentas-da-costa6 aç*car cndi6 aç*car mascavo6 aç*car branco refinado6 aeite de dend'6
mel de abel!as6 umas gotin!as de ess'ncia de rosas. Com$leta-se com aeite de oliva6 acende-
se uma mec!a e deixa-se $or PP dias diante de Ke". =es$ac!a-se aos $és de uma "rvore
grande.

 - (ara roteRFo.

<a metade de uma cabaça bem lim$a $or dentro, coloca-se/ PP gr%os de $imenta-da-
costa6 $eixe defumado6 PP $edacin!os de coco seco6 P anol6 um of"in!o de metal6 P ob6 um
$ouco de osun6 mel de abel!a6 um $ou#uin!o de baunil!a6 PP $edacin!os de canela em casca6
um $edacin!o de sab%o da costa. Com$leta-se com aeite de oliva, acende-se uma mec!a e
deixa-se $or PP dias aos $és de Ke". =es$ac!a-se numa nascente dX"gua.

- (ara defender-se de inimios.

;ma $anela de barro6 PP gr%os de fei&%o fradin!o6 PP gr%os de mil!o vermel!o6 aç*car
mascavo6 aeite de dend'6 um $ouco de "gua de rosas. Com$leta-se com aeite de oliva e
acende-se uma mec!a $or PP dias aos $és de Ke". =es$ac!a-se nos $és de um flamboa3ant.

- (ara atrair uma essoa.


PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 65
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;ma cabaça bem grande6 o nome da $essoa #ue se $retende atrair escrito num $a$el
branco6 PP gemas de ovos de galin!a d[Angola6 PP gemas de ovos de codorna 6 PP $edacin!os
de coco6 PP col!erin!as de aeite de am'ndoa doce6 PP col!eres de mel de abel!as6 um $ouco
de efun6 um $ouco de osun6 PP col!eres de aç*car mascavo. Abre-se a cabaça, lim$a-se seu
interior, coloca-se o $a$el e os demais ingredientes. Com$leta-se com aeite de oliva e acende-
se uma mec!a, deixando diante de Ke" durante PP dias. =es$ac!a-se nas "guas de um rio.

,AM(A!I"A# (A!A OB%

 - (ara oter a roteRFo de Oá.

;ma $anela de barro6 uma $edra im%6 "gua de flor de laran&eira6 vin!o tinto6 PU
$edacin!os de ori-da-costa6 PU col!eres de café de 7leo de am'ndoa doce6 P fol!a de comigo-
ninguém-$ode e aeite de oliva.

Coloca-se a fol!a com o im% dentro da $anela e $or cima, os demais ingredientes.
Com$leta-se com o aeite de oliva, acende-se uma mec!a e deixa-se $or PU dias diante de Ob".
=es$ac!a-se no local determinado $elo &ogo.

 - (ara desfazer um malefScio.

<uma $anela de barro coloca-se/ PU sementes de ab7bora6 um $ouco de farin!a de mil!o


vermel!o torrada6 PU agul!as de costura6 PU $imentas-da-costa6 PU col!eres de vinagre6 PU
col!eres de suco de lim%o6 osun6 u"&i6 PU b*ios $e#ueninos e aeite de oliva. Acende-se uma
mec!a e deixa-se, $or PU dias, nos $és de Ob". =es$ac!a-se no cemitério.

 - (ara oter diJersas raRas simultaneamente.

;ma $anela de barro média6 PU col!eres de aeite de am'ndoas6 PU gr%os de mil!o


torrado6 $7 de $re" defumada6 PU col!eres de aeite de dend'6 PU $edacin!os de ori-da-costa6
osun6 um $edaço de $a$el branco contendo, escrito, o #ue se dese&a do Orix"6 aeite de oliva.
Coloca-se o $a$el com os $edidos no fundo da $anela e, sobre ele, coloca-se os ingredientes.
Com$leta-se com o aeite de oliva e acende-se uma mec!a, deixando $or PU dias nos $és de
Ob". =es$ac!a-se numa mata.

,AM(A!I"A# (A!A "A"1

 - (ara sorte e roteRFo de "anF.

;ma $anela de barro média6 PG gemas de ovos de gansa6 PG $imentas-da-costa6 PG


b*ios6 osun6 efun6 u"&i6 um $ouco de lama de $ntano6 um $ouco de mil!o torrado6 $eixe
defumado6 aeite de dend'6 PG col!eres de aeite de am'ndoas6 os $edidos #ue se dese&a obter
escritos em $a$el de embrul!o. Coloca-se o $a$el dentro da $anela e todos os ingredientes $or
cima6 com$leta-se com 7leo de girassol. Acende-se uma mec!a e deixa-se diante de <an% $or
PG dias. =es$ac!a-se num $ntano.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 66
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 - (ara conseuir uma raRa.

2etade de uma cabaça bem lim$a $or dentro6 PG moedas $e#ueninas6 PG gr%os de mil!o
de $i$oca #ue n%o ten!am estourado ao se faer $i$ocas $ara Omol*6 PG $edacin!os de coco
seco6 PG sementes de anis estrelado6 aeite de dend'6 um $ouco de melado de cana6 um $ouco
de lama do fundo de um rio6 aeite de oliva.

screve-se, num $a$el #ual#uer, o #ue se dese&a de <an%. Coloca-se o $a$el dentro da
cabaça e coloca-se todos os ingredientes $or cima. Com$leta-se com aeite de oliva, acende-se
uma mec!a e deixa-se nos $és de <an% $or PG dias. =es$ac!a-se nas "guas de um rio.

 - (ara desfazer um malefScio.

<uma $anela de barro coloca-se/ PG sementes de mel%o6 um $ouco de farin!a grossa de


mil!o vermel!o torrada6 PG agul!as de costura6 PG $imentas-da-costa6 PG col!eres de vinagre6 PG
col!eres de suco de lim%o6 PG gotas de amonaco6 osun6 efun6 u"&i6 um b*io grande e aeite de
oliva. Acende-se uma mec!a e deixa-se, $or tree dias, nos $és de <an%. =es$ac!a-se no
cemitério.

,AM(A!I"A# (A!A IUEMA"V%

 - (ara atrair oa sorte.

;ma $anela de barro de taman!o médio6 um $ou#uin!o de "gua de flor de laran&eira6 um


c"lice de licor de menta6 um co$o de "gua do mar6 um $ouco de aeite de dend'6 um $ouco de
mel de abel!as6 um $ouco de melado6 Z agul!as de costura6 aeite de girassol. Coloca-se tudo
dentro da $anela, com$leta-se com o aeite de girassol e acende-se uma mec!a $or sete dias.
=es$ac!a-se no mar.

 - (ara oter uma raRa.

;m mel%o6 sete gemas de ovos de galin!a d[Angola6 $7 de $eixe defumado6 um co$o de


"gua de rio6 um co$o de "gua do mar6 Q gr%os de ataré6 melado6 mel de abel!as6 Q moedas de
$e#ueno valor6 aeite de oliva. Abre-se o mel%o, retira-se a $ol$a, coloca-se os ingredientes
relacionados, com$leta-se com o aeite de oliva e acende-se uma mec!a $or sete dias.
=es$ac!a-se no mar ou nas "guas de um rio.

 - (ara reNudicar um inimio.

;ma cabaça6 um $a$el de embrul!o com o nome do inimigo escrito sete vees6 Z agul!as6
Z col!eres de vinagre6 sete $edras de sal grosso6 uma $itada de osun6 $7 de bambu6 um $ouco
de amnia6 um $edaço de $edra de cnfora6 Z col!erin!as de c!" de 7leo de rcino6 a mesma
#uantidade de 7leo de castor6 Z col!eres de aeite de dend'6 Z gr%os de $imenta-da-costa6 Z
$edrin!as $e#uenas de carv%o mineral6 $7 de $eixe e de $re" defumados6 7leo de so&a. Abre-se
a cabaça $elo $escoço6 tira-se as sementes6 coloca-se o $a$el com o nome6 cobre-se com os
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 67
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ingredientes relacionados6 com$leta-se com o 7leo de so&a6 acende-se uma mec!a e deixa-se
diante de ?3eman&" $or #uatro dias. =e$ois, fec!a-se a cabaça com a $r7$ria tam$a, amarra-se
com $al!a da costa e enterra-se na beira de um rio.

,AM(A!I"A# (A!A $A"GY

 - (ara eJoluRFo na Jida.

;ma melancia6 "gua de rio6 ] $imentas-da-costa6 aeite de oliva6 ] col!eres de aeite de


dend'6 ] col!eres de aeite de am'ndoas6 ] col!eres de aeite de coco6 ] $avios ou mec!as de
algod%o.

 Abre-se a melancia ao meio, no sentido vertical, retira-se a $ol$a de seu interior e se


introdu os ingredientes acima relacionados, começando $ela "gua e deixando o aeite de oliva
$or *ltimo, de forma #ue fi#ue c!eia até em cima. Coloca-se os $avios ou mec!as e deixa-se aos
$és de 8ang até #ue se #ueime todo o 7leo. A $ol$a retirada da melancia, é esfregada no cor$o
da $essoa #ue, de$ois, disto toma ban!o de "gua lim$a e s7 ent%o acende a lam$arina.

 - (ara oter uma raRa.

screve-se num $a$el o #ue se dese&a obter. Coloca-se o $a$el numa $anela de barro e
 &unta-se + ele, os seguintes ingredientes/ 17 de $eixe defumado6 $7 de $ re" defumado6 um co$o
de vin!o tinto6 um co$o de aguardente6 ] $imentas-da-costa6 ] moedas de cobre6 v"rios
$edacin!os de coco seco6 aeite de dend'6 ori-da-costa6 ] col!eres de mel de abel!as6 um
$ouco de $7 de osun6 um $edaço de gal!o de abre-camin!o6 um $edaço de casca de ir@o6 ]
agul!as6 ] col!erin!as de 7leo de am'ndoa doce. Com$leta-se com aeite de oliva e acende-se
uma mec!a, deixando-se $or seis dias diante de 8ang. =es$ac!a-se aos $és de uma $almeira
im$erial.

 - (ara Tue $anQ dX roteRFo ermanente.

im$a-se uma cabaça grande e, numa de suas $artes arruma-se/ PW bolas de in!ame
enfeitadas com um gr%o de mil!o vermel!o6 PW gr%os de $imenta-da-costa6 PW orogbs6 PW favas
de alibé6 PW favas de ari6 osun6 efun6 um $ouco de l% de carneiro6 PW $edacin!os de ori-da-
costa6 aeite de dend'6 PW #uiabos cortados em rodelin!as6 um c"lice de vin!o tinto. Arruma-se
tudo dentro da cabaça #ue é, $or sua ve, colocada dentro de uma gamela de madeira6
com$leta-se com aeite de oliva, acende-se uma mec!a e deixa-se PW dias diante de igb" de
8ang. =es$ac!a-se nos $és de uma $almeira.

,AM(A!I"A# (A!A OMO,Ú

 - (ara resolJer rolemas de saúde.

m meia cabaça devidamente lim$a coloca-se/ Aeite de dend'6 mel de abel!as6 vin!o
tinto seco6 aeite de am'ndoa6 mil!o torrado e mil!o de $i$oca. Com$leta-se com aeite de oliva,
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 68
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acende-se uma mec!a #ue deve ser renovada até #ue a $essoa mel!ore. =e$ois de obtida a
graça, enterra-se a cabaça dentro de cemitério.

 - Outra ara a saúde.

Colocar numa $anela de barro/ um co$o de "gua de coco verde6 um co$o de vin!o
branco6 uma $itada de gengibre ralado6 alguns gr%os de tremoços e um c"lice de genebra.
=e$ois de tudo arrumado, com$leta-se com aeite de oliva, acende-se a mec!a e deixa-se
diante do Orix" $or sete dias. =es$ac!a-se numa mata.

- (ara oter uma raRa imossSJel.

1ode-se usar, indiferentemente, uma cabaça ou uma $anela de barro. m seu interior
coloca-se/ Q gr%os de mil!o torrados6 Q bolin!as de ori-da-costa6 Q gr%os de ataré6 uma taça de
vin!o tinto rascante6 canela em $76 aeite de dend' e P orogb. Com$leta-se com aeite de
oliva, acende-se a mec!a e deixa-se $or Q dias diante de Omol*. =es$ac!a-se em cima de um
formigueiro.

,AM(A!I"A# (A!A OBA*A,%

 - (ara rolemas de saúde.

1ega-se um mel%o, corta-se uma tam$a em cima, retira-se as sementes e a $ol$a. =entro
do mel%o coloca-se/ T gemas de ovos de $omba branca6 T gr%os de can&ica crus6 T moedas
brancas6 T b*ios6 um $ouco de "gua de flor de laran&a6 T $edacin!os de ori-da-costa6 $7 de
efun6 o sumo de T fol!as-da-fortuna. Com$leta-se até em cima com aeite de oliva6 acende-se
uma mec!a e deixa-se $or oito dias nos $és de Obatal". =es$ac!a-se aos $és de um
algodoeiro.

 - (ara oter-se uma raRa.

;ma $anelin!a de barro $e#uena na #ual se coloca um $a$el com o $edido do #ue se
dese&a. 4obre o $a$el coloca-se PR $edacin!os de ori-da-costa e uma fava de baunil!a.
Com$leta-se com aeite de oliva e acende-se uma mec!a. =urante PR dias com$leta-se o aeite
e renova-se a mec!a sem$re #ue for necess"rio. =e s$ac!a-se num local alto e arboriado.

 - (ara aradar Oatalá.

<um co$o de cristal grosso, coloca-se #uatro dedos de "gua de flor de laran&eira6 PR gotas
de baunil!a e aeite de oliva. Acende-se um $avio de lam$arina e deixa-se #ue se #ueime todo o
aeite do co$o. 4e for $reciso, $ode renovar o $avio. <%o se des$ac!a o co$o, a$enas a "gua
do fundo é des$e&ada num gramado lim$o.
PERTENCE A MIGUEL SOLON DE OBATALÁ 69
DEZ/2000

BIB,IOG!AIA

 Abra!am, 9.C. - =ictionar3 of 2odern Koruba - ondres -PYUT.

 Adim*, Ofrenda a los Orixas - 9egla de Oxundei - Caderno de anotações de uma 4anteria
de Cuba - Autor descon!ecido .

 Angarica, <icolas 0alentim - 2anual de Oriate 9eligion ucumi - Savana - Cuba.

 Antologia do <egro Brasileiro

 Aolalu, :. Omosade - Koruba Beliefs and 4acrificial 9ites - ongman Souse - ondon -
PYQY

Blavats@3, S.1. - A =outrina 4ecreta. 4intese de Ci'ncia, Nilosofia e 9eligi%o. - ditora


1ensamento.

Cabrera, 3dia - l 2onte ?gbo Ninda - 9ema 1ress - 2iami - PY]T

=icion"rio de Ci'ncias 4ociais - Nundaç%o Jet*lio 0argas - 9io - PYTQ

=u$ont, Albert - os Or"culos de Biague 3 =iloggun - Savana - PYUY

. Balo&i ?dou - Olodumare, Jod in Koruba Belief - ongmans - PY]W

liondo, Carlos - 2anual del ?talero de la 9eligion ucumi - Savana.

Nonseca :r., duardo - =icion"rio Koruba (<ag)-1ortugu's. - PYTG.

. 0. 5!omas et 9. uneau - es religions dXAfri#ue noire - . Art!eme Na3ard - Nrance -


PY]Y

é$ine, C. - 5ese de =outorado - ;41 -PYQT

2au$oil, B. - a Jeomancie + lXancienne Cte des sclaves - ?nstitut dXt!nologie - 1aris -


PYTP

1ereira, <unes - A Casa das 2inas-Culto dos 0oduns :e&e no 2aran!%o - 0oes -
1etr7$olis - PYQY

9ibeiro, 9ene - Cultos Afro Brasileiros do 9ecife - .

4antos, :. . - Os <ag e a 2orte. 1+de, Asese e o Culto gun na Ba!ia.- 0oes -


1etr7$olis - PYT] .

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