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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE CIENCIAS AMBIENTAIS, QUÍMICAS E FARMACÊUTICAS

FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL

EXPERIMENTO 1

CALORIMETRIA

Prof. Dr. Norberto Gonçalves

Gustavo Bianchini Sandin 61257

Maria Carolina N. Gonçalves 68557


Resumo

Neste experimento foi preparado um calorímetro a pressão constante, de recipiente interno de


alumínio e corpo externo de acrílico. A capacidade calorífica do calorímetro foi determinada
através de uma reação de neutralização entre ácido clorídrico e hidróxido de sódio, cuja
variação de entalpia é conhecida. Além disso, determinou-se a variação de entalpia da
dissolução de cloretos de metais alcalinos, a variação de entalpia da reação entre magnésio em
fita e ácido clorídrico, e por fim, o calor da mistura de água e etanol. A reação de neutralização
apresentou diferença insignificante de temperatura entre o valor calculado e o obtido no
laboratório. A capacidade calorífica encontrada para o calorímetro foi de 4,06 J/ºC. Já os
valores encontrados de ΔH para a dissolução de cloretos de metais alcalinos tiveram correlação
com o valor teórico. O ΔH de dissolução do magnésio em ácido clorídrico teve valores
divergentes na relação teórico-experimental, e por fim, o calor da mistura de água e etanol (1:
1 mol/mol) calculada para um mol de água foi de -70,10 J.mol-1

2. Procedimento experimental

2.1. Preparo do calorímetro a pressão constante

Utilizou-se um calorímetro com recipiente interno de alumínio, corpo externo de vidro e tampa
de acrílico, equipado com um termômetro de vidro.

Para proteger o recipiente interno do calorímetro, o material metálico foi revestido com um saco
plástico.

2.2. Padronização da solução de NaOH

Em uma balança analítica mediu-se a massa de 10, 006 g de NaOH diretamente em um béquer,
adicionou-se 150 mL de água deionizada, medida em uma proveta. Após a total dissolução do sal,
transferiu-se a mistura para um erlenmeyer com adição de 100 mL de água, totalizando 250 mL
de solução 1 mol L-1.

Ambientou-se uma bureta de 50 mL com pequenas porções do NaOH preparado. Em seguida,


com cuidado, preencheu-se a bureta com a solução de NaOH, evitando-se a formação de bolhas.
Em um suporte universal, fixou-se a bureta e preparou-se a mesma, com o certo do menisco, para
a titulação.

Em seguida, mediu-se a massa de biftalato de potássio, 2,005 g, para padronizar a solução de


NaOH. Transferiu-se o sal para um erlenmeyer de 100 mL e adicionou-se 20 mL de água
deionizada, previamente medida em uma proveta. Agitou-se a mistura até a total dissolução do
sal. Posteriormente, adicionou-se duas gotas de fenolftaleína e iniciou-se a titulação.

O procedimento foi realizado em duplicata, sendo a segunda massa de biftalato de potássio de


1,991 g.

2.3. Preparação e padronização de HCl a partir do NaOH


Com o auxílio de uma proveta, mediu-se e transferiu-se, cuidadosamente e sob constante agitação,
o volume de 100 mL de HCl 5 mol L -1 para um balão volumétrico de 500 mL, o qual continha
150 mL de água deionizada. Completou-se o volume do balão, com água deionizada, até a marca
do menisco, obtendo-se uma solução de aproximadamente 1 mol L-1.

Com uma pipeta volumétrica, transferiu-se 10 mL da solução de HCl para um erlenmeyer de 100
mL. Em seguida, adicionou-se duas gotas de fenolftaleína e procedeu-se com a titulação do ácido
a partir da solução de NaOH padronizada.

2.4. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

o recipiente de alumínio envolto do saco plástico, adicionou-se 100 ml do ácido clorídrico,


preparado previamente, com ajuda de uma proveta de 100 ml. Em seguida juntou-se duas gotas
de fenolftaleína e fixou a tampa acrílica do calorímetro. Colocou-se o termômetro, e após o
equilíbrio térmico mediu-se a temperatura final.

Em seguida, mediu-se 100 ml da solução preparada de NaOH, colocou-se em um béquer 250 ml


e observou-se a temperatura medida. Após abertura do calorímetro, adicionou-se a solução de
NaOH, fixando-se a tampa rapidamente e logo em seguida, após a agitação, efetuou-se a medição
da temperatura máxima atingida. Terminada a leitura, anotou-se a cor da solução.

2.5. Determinação do ΔH de dissolução de cloretos de metais alcalinos

Em uma proveta mediu-se 200 ml de água, a qual se adicionou no calorímetro. Após atingir o
equilíbrio térmico, mediu-se a temperatura.

Em uma balança analítica mediu-se 16,064 g de NH4NO3, 8,502 g de LiCl e 14, 957 g de KCl,
com a finalidade de se obter 200 mL de solução 1 mol L-1 de cada sal.

No calorímetro, adicionou-se o sal sob agitação constante até a total dissolução, e verificou-se a
temperatura máxima obtida. Posteriormente, descartou-se a solução adequadamente e lavou-se o
saco plástico protetor, preparando-se novamente o calorímetro para o experimento. Realizou-se
esse procedimento para cada sal individualmente.

2.6. Determinação do ΔH de reação entre magnésio e ácido clorídrico

Em uma proveta, mediu-se 100 ml de HCl 1 mol L-1 e transferiu-se o ácido para o calorímetro,
agitou-se com cuidadosamente e verificou-se a temperatura após o equilíbrio.

Mediu-se em uma balança semi-analítica, 0,319 g de magnésio metálico (em fita). Cortou-se
o metal em pedaços menores e adicionou-se o mesmo a solução contida no calorímetro, sob
cuidadosa agitação, após estabilização anotou-se a temperatura máxima alcançada.

2.7. Determinação do calor de mistura entre água e etanol

Em uma proveta mediu-se 36 ml de água, o equivalente a 2,0 mols de água, adicionando-se a


mesma ao calorímetro. Em seguida anotou-se a temperatura da água.

Da mesma forma, mediu-se 117 ml de etanol na proveta e anotou-se sua temperatura. O etanol
é adicionado à água no calorímetro, e após agitação mediu-se a maior temperatura encontrada.
3. Resultados e Discussões

3.1. Padronização da solução de NaOH

A partir do sal de NaOH medido preparou-se uma solução de aproximadamente 1 mol L -1,
utilizando a massa encontrada através dos cálculos abaixo:

𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻
[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 =
𝑀𝑀𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 𝑉𝑠𝑜𝑙

𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻 = [ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 𝑀𝑀𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 𝑉𝑠𝑜𝑙

m NaOH = 1 mol.L-1 x 39,99 g.mol-1 x 0,250 L = 10,00 g


Onde:

[ ] = Concentração da solução (mol.L-1)

mNaOH = Massa de NaOH a ser medida para preparação da solução (g);

MMNaOH = Massa molar do hidróxido de sódio (g.mol-1) ;

Vsol = Volume da solução a ser preparada (L)

Massa medida experimentalmente de NaOH: 10,006 g

Como o NaOH é um sal higroscópio, e a água utilizada na preparação da solução foi medida
em vidraria de pouca precisão, há a necessidade de padronizar essa solução de NaOH para se
determinar sua concentração real.

Para a padronização utilizou-se o biftalato de potássio, um sal estável indicado para esse
procedimento.

Foram medidas as seguintes massas de biftalato (KHC8H4O4(s)) e volumes de titulante


(NaOH(aq)):

Tabela 1. Massa de biftalato (KHC8H4O4(s)) e seus respectivos volumes titulantes de NaOH (mL)
Massa de KHC8H4O4 (g) Volume de NaOH (mL)
1° titulação 2,005 10,6
2° titulação 1,991 10,5
Média 1,998 10,5

Durante a titulação da solução de biftalato de potássio ocorreu a seguinte reação química:

KHC8H4O4(aq) + NaOH(aq)  KNaC8H4O4(aq) + H2O(l)


𝑚𝐵𝑖𝑓𝑡𝑎𝑙𝑎𝑡𝑜
[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑟𝑒𝑎𝑙) =
𝑀𝑀𝐵𝑖𝑓𝑡𝑎𝑙𝑎𝑡𝑜 𝑥 𝑉𝑡𝑖𝑡

1,998 𝑔
[ ]𝑵𝒂𝑶𝑯 (𝒓𝒆𝒂𝒍) = 𝑔 = 𝟎, 𝟗𝟑 𝒎𝒐𝒍. 𝑳−𝟏
204,22 𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,0105𝐿

Onde:

[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 (𝑟𝑒𝑎𝑙) = concentração real de NaOH (mol.L -1)

mBiftalato = massa da amostra medida de biftalato de potássio (g).

MMBiftalato = massa molar do biftalato de potássio (g.mol-1).

Vtit = volume da solução de hidróxido de sódio gasto na titulação do biftalato.

3.2. Padronização da solução de HCl a partir do NaOH

Para a padronização do HCl foi realizada apenas uma titulação, onde o volume gasto de titulante
foi de 9,3 mL.

Durante a titulação da solução do ácido ocorreu a seguinte reação química de


neutralização:

H3O+(aq) + Cl-(aq) + Na+(aq) + OH-(aq) → Na+(aq) + Cl-(aq) + 2 H2O(l)

Assim, podemos calcular a concentração de HCl da seguinte forma:

Como [ ]1.V 1 = [ ]2.V 2,

[ ]HCl .V HCl = [ ] NaOH .V NaOH

[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 . 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻
[ ]𝐻𝐶𝑙 =
𝑉𝐻𝐶𝑙

Temos que:

0,93 𝑚𝑜𝑙. 𝐿−1 . 9,3 𝑚𝑙


[ ]𝑯𝑪𝒍 = = 𝟎, 𝟖𝟔 𝒎𝒐𝒍. 𝑳−𝟏
10 𝑚𝑙

onde:

[ ]HCl = Concentração de HCl a ser determinada (mol.L-1)

V HCl = Volume de HCl (ml)

[ ] NaOH = Concentração de NaOH (mol.L -1)


V NaOH = Volume de NaOH consumido na titulação

3.3. Variação de temperatura na condição ideal para a reação de neutralização realizada


na parte 3

q reação = q solução + q calorímetro

Reação de neutralização sob condição ideal, qcalorímetro = 0

NaOH: 100 ml de NaOH (0,93 mol.L-1) = 0,093 mol de NaOH

HCL: 100 ml de HCl (0,86 mol.L-1) = 0,086 mol de HCl

O reagente limitante é o HCl, pois após a reação de neutralização observou-se uma coloração
rósea do indicador fenolftaleína, evidenciando-se excesso de NaOH.

NaOH (aq) + HCl (aq)  NaCl (aq) + H2O (l)

Como a reação é 1:1:1, considerando que há a formação de 0,17 mol de NaCl na neutralização
onde todo o HCl é consumido, temos:

Massa de NaCl formada:0,086 mol em 200 ml

Logo a solução tem concentração de 0,43 mol.L-1

Dados obtidos do roteiro experimental:

Ccalorimetro = 0
cNaCl 0,5M = 4,01 J/g.°C
dNaCl 0,5M = 1,019 g.mL-1

Pela densidade:

200ml x 1,019 g.ml-1 = 203,80 g de NaCl 0,42M

0,086 mol de NaCl – x

1,00 mol de NaCl – -57300 J

x = -4927,8 J

qreação = qsolução + qcalorimetro


ΔH = (m.c. ΔT + C.ΔT)
4927,8 J = (203,80g x4,01 J/g.°C x ΔT)

ΔTteórico = 6,03 °C

ΔTexp = Δtf - Δti


ΔTexp = 34,0°C – 28,0°C = 6,0°C

Um calorímetro ideal não permite qualquer perda de energia térmica para o ambiente e o seu
conteúdo pode ser considerado como um sistema isolado termicamente. Já um calorímetro real,
como o utilizado nesse experimento, não tem capacidade térmica desprezível e há transferência
de energia térmica entre o sistema e a vizinhança. Dessa forma, ao desprezarmos a capacidade
calorífica do calorímetro estamos aumentando a diferença de temperatura entre o valor teórico e
o valor experimental. Apesar da diferença insignificante entre o valor calculado e o obtido no
laboratório, podemos corrigir desvios com o uso de um frasco Dewar, que proporciona maior
isolamento térmico entre o sistema e a vizinhança. Além disso, fatores como a molaridade da
solução não ser a mesma dos valores tabelados e a resolução do termômetro utilizado, levam a
uma menor exatidão dos dados obtidos experimentalmente. Considerando todas essas condições,
era esperada uma maior diferença entre a variação de temperatura e mesmo com o sucesso do
experimento consideramos necessário o uso das recomendações descritas acima, como forma de
obterem-se dados de maior solidez.

3.4. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

A determinação da capacidade calorífica do calorímetro é calculada pelo balanço energético


da reação no interior do calorímetro, em Joules. A reação ocorrida foi:

NaOH(aq) + HCl(aq) → Na+(aq) + Cl-(aq) + H2O(l) Hneutr.= - 57,3.103J/mol

O balanço energético é dado pela equação:

qreação = qsolução + qcalorímetro

qreação = calor liberado (em módulo) na reação = nH2O .Hneutr

nH20 = número de moles de água formado = número de moles de H+ ou de OH- que reagiu,
dependendo de qual foi o reagente limitante, indicado pela cor final da solução.

qsolução = calor absorvido pela solução = m.c.T

m = massa da solução, calculada a partir do volume e da densidade da solução final no


calorímetro.

c = calor específico da solução (consultar tabela)

T = variação de temperatura medida no experimento = t final - tinicial

qcalorímetro = calor absorvido pelo calorímetro = C.T

C = capacidade calorífica do calorímetro

Logo,

nH2O x | ΔHneut | = m  c  ΔT + (C x ΔT)

O número de mols é determinado pela multiplicação da molaridade pelo volume em litro:


n NaOH = 0,93 mol.L-1 . 0,100 L = 0,093 mol NaOH

n HCl = 0,86 mol.L-1 . 0,100 L = 0,086 mol HCl

Dados:

Calor específico de solução de NaCl 0,5 mol/L = 4,01 J/(g.°C);


Densidade de solução de NaCl 0,5 mol/L = 1,019 g/mL Cálculo da
massa de solução:

m sol. = (V sol ác + V sol bás) . d sol NaCl = (100,0 + 100,0)mL . 1,019 g/mL = 203,80 g

Substituindo os valores na expressão:

nH2O x | ΔHneut | = m  c  ΔT + (C x ΔT)

0,086 x |-57,3.10³| = 203,80 x 4,01 x (34,0-28,0) + C x (34,0-28,0)

C = 4,06 J/ºC

3.5. Determinação do ΔH de dissolução de cloretos de metais alcalinos

Para a determinação do ΔH de dissolução de cloretos de metais alcalinos (LiCl, KCl e NH4NO3),


fez-se os esboços do ciclo termoquímico de cada sal, um baseado nas entalpias de formação das
espécies envolvidas no processo de dissolução do sal em água e outro baseado nos valores de
energia reticular do sal e de entalpias de hidratação dos íons.

KCl

a. Ciclo termoquímico baseado nas entalpias de formação das espécies envolvidas no


processo de dissolução do sal em água.

ΔHdis = ΔHprodutos − ΔH reagentes = (ΔHf° K + + ΔHf° Cl−) − (ΔHf° KCl)

ΔHdis = −252 − 167 + 436,5 = +17,5 kJ mol −1

b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das
entalpias de hidratação dos íons.

KCl(s) → K +(g) + Cl −(g) U = 701 kJ mol-1

K +(g) → K +(aq) ΔHhidratação K + = -322 kJ mol-1

Cl −(g) → Cl −(aq) ΔHhidratação Cl- = -363 kJ mol-1

𝐊𝐂𝐥 (𝐬) → 𝐊 +(𝐚𝐪) + 𝐂𝐥 −(𝐚𝐪) ΔHdissolução = +16 k J mol-1

c. Observado experimentalmente

14, 957 g KCl x 1 mol KCl /74,551 g KCl = 0,2 mol KCl
Como utilizamos para esse experimento 200 mL de água e o ρH2O = 1g mL-1 , temos
uma massa total de 214,957 g. Para a determinação do ΔHdiss, utilizamos a capacidade calorífica
do calorímetro determinada na parte 3.4.

0,2 mol x ΔHdissolução = [214,957 g x 3,89 J g −1 (°C) −1 x (−4)] + [4.06J (°C) −1 x (−4)]

0,2 mol x ΔHdiss = 𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = −3361 J

ΔHdiss = +16,8 kJ mol−1

O ΔHdiss deve ser positivo pois a reação é endotérmica.

LiCl

a. Ciclo termoquímico baseado nas entalpias de formação das espécies envolvidas no


processo de dissolução do sal em água.

ΔHdis = ΔHprodutos − ΔH reagentes = (ΔHf° Li + + ΔHf° Cl−) − (ΔHf° LiCl)

ΔHdis = −278 − 167 + 408,6 = −36,4 kJ mol −1

b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das
entalpias de hidratação dos íons.

LiCl(s) → Li+(g) + Cl −(g) U = 834 kJ mol-1

Li +(g) → Li +(aq) ΔHhidratação Li + = -520 kJ mol-1

Cl −(g) → Cl −(aq) ΔHhidratação Cl- = -363 kJ mol-1

Li𝐂𝐥 (𝐬) → Li +(𝐚𝐪) + 𝐂𝐥 −(𝐚𝐪) ΔHdissolução = -49 k J mol-1

c. Observado experimentalmente

8,502 g KCl x 1 mol KCl / 42,394g LiCl = 0,2 mol KCl

Como utilizamos para esse experimento 200 mL de água e o ρH2O = 1g mL-1 , temos
uma massa total de 208,502 g. Para a determinação do ΔHdiss, utilizamos a capacidade calorífica
do calorímetro determinada na parte 3.4.

0,2 mol x ΔHdissolução = [208,502 g x 3,97 J g −1 (°C) −1 x (6)] +[4,06 J (°C) −1 x (6)]

0,2 mol x ΔHdiss = 𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = 4990,9 J

ΔHdiss = -24,9 kJ mol−1

O ΔHdiss deve ser negativo pois a reação é exotérmica.

NH4NO3
a. Ciclo termoquímico baseado nas entalpias de formação das espécies envolvidas no
processo de dissolução do sal em água.
ΔHdis = ΔHprodutos − ΔH reagentes = (ΔHf° NH4 + + ΔHf° NO3 −) − (ΔHf° NH4NO3)
ΔHdis = (−132 − 207,4) − (−365,6) = 26,2 kJ mol −1
b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das entalpias
de hidratação dos íons.
NH4NO3 (s) → NH4 +(g) + NO3 −(g) U = 676 kJ mol-1
NH4 +(g) → NH4 +(aq) ΔHhidratação NH4 + = -355 kJ mol-1
NO3 − (g) → NO3 − (aq) ΔHhidratação NO3 - = -295 kJ mol-1
𝐍𝐇𝟒𝐍𝐎𝟑 (𝐬) → 𝐍𝐇𝟒 +(𝐚𝐪) + 𝐍𝐎𝟑 −(𝐚𝐪) ΔHdissolução = -26 k J mol-1

c. Observado experimentalmente

16,064 g NH4NO3 x 1 mol NH4NO3/80,043 g NH4NO3 = 0,2 mol NH4NO3

0,2 mol x ΔHdissolução = [216,064 g x 4,18 J g −1 (°C) −1 x (-4)] +[4,06 J (°C) −1 x (-4)]

0,2 mol x ΔHdiss = 𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = −3628,8 J

ΔHdiss = + 18,2 kJ mol−1

O ΔHdiss deve ser positivo pois a reação é endotérmica.

Método a Método b (kJ/mol) Método


(kJ/mol) experimental c
(kJ/mol)
KCl +17,5 +16 +16,4
LiCl -36,4 -49 -24,5
NH4NO3 +26,2 +26 +10,3

Observamos que para os valores experimentais de ΔHdiss dos sais diferiram razoavelmente
comparado com os valores obtidos a partir dos cálculos teóricos (métodos a e b). Essa
discrepância pode ser atribuída a eventuais erros como termômetro descalibrado ou erro do
operador ao ler o valor de temperatura.

3.6. Determinação do ΔH de reação entre magnésio e ácido clorídrico

Equação balanceada: Mg (s) + 2 HCl (aq)→ MgCl2(aq) + H2 (g)

ΔH reação = ΔH produtos− ΔH reagentes

ΔHr = (ΔHf° MgCl2 + ΔHf° H2)−(ΔHf°Mg 2 x ΔHf° HCl)


ΔHr = −796,9 + (2x 167,2) = −462,5 kJ mol−1

Valor obtido experimentalmente:

0,319 g Mg x 1 mol Mg / 24,30 g Mg = 0,013 mol Mg

0,013 mol x ΔH= [100,319 g x 4,18 J g−1 (°C)−1 x (12)] + [4,06 J (°C)−1 x (12)]

0,013 mol x ΔH = 𝑞𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = 5080,7 J

ΔH= + 390824,7 J mol−1= - 390,824 kJ mol−1

O ΔH é negativo pois a reação é exotérmica.

Podemos observar que o valor obtido experimentalmente é não é próximo ao valor teórico
de ΔH, assim podemos evidenciar que erros experimentais podem ter ocorrido, como
dificuldade na leitura no instrumento de medição de temperatura (escala do termômetro),
ou dificuldade operacional durante a execução do calorímetro, como a não vedação da
tampa de acrílico entre outras dificuldades de operação.

3.7. Determinação do calor de mistura entre álcool e etanol

Para a mistura de 2 mols de cada um dos reagentes, foram calculados os respectivos


volumes necessários:

1 mol H2O = 18g d H2O = 1g. cm-3

d= m H2O / V VH2O = 18 mL.mol-1 x 2 = 36 mL

1 mol C2H6OH = 46,06 g d C2H6OH = 0,789 g. cm-3

d= m C2H6OH / V V C2H6OH = 58,37 mL.mol-1 x 2 = 116,75

A solução não apresentou uma variação de temperatura, os dados coletados estão


citados na tabela 6 a seguir. Para o cálculo do calor da mistura, utiliza-se da equação de
calor de reação:

Tabela 6: Medidas de volume de água e etanol no experimento

volume Temperatura Temperatura


Composto medido (mL) Inicial (ºC) mistura (ºC)
H2O 36 27 30,5

Etanol 116,7 27 30,5

qreação = qsolução + qcalorímetro

qreação = (m.c. ΔT + C.ΔT)

Calculando-se na base de H2O, teríamos:

qreação = (36 x 1 x 3,5) + (4,06 x 3,5) = 140,21 J = 70,10 J.mol-1 H2O ou - 70,10 J.mol-1
H2O . Já que também se trata de uma reação que libera calor, portanto é exotérmica. Esse
valor é plausível visto que não ocorrem reações químicas complexas entre os dois
compostos, e a maioria das interações envolvem forças intermoleculares das espécies.

4. Conclusão

A partir dos cálculos da capacidade calorífica do calorímetro, foi possível determinar a


variação de entalpia de dissolução dos sais, observando que reações como a dissolução dos
cloretos de sódio e de potássio são endotérmicas, enquanto que a dissolução do cloreto de
lítio é exotérmica. A variação de entalpia reacional da reação entre magnésio metálico e
ácido clorídrico, se mostrou exotérmica também.

Foi possível de maneira geral, comprovar a eficiência do calorímetro ao comparar os dados


obtidos experimentalmente com os dados da literatura, podendo melhorar ainda mais esses
resultados reduzindo erros experimentais.

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