FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL
EXPERIMENTO 1
CALORIMETRIA
2. Procedimento experimental
Utilizou-se um calorímetro com recipiente interno de alumínio, corpo externo de vidro e tampa
de acrílico, equipado com um termômetro de vidro.
Para proteger o recipiente interno do calorímetro, o material metálico foi revestido com um saco
plástico.
Em uma balança analítica mediu-se a massa de 10, 006 g de NaOH diretamente em um béquer,
adicionou-se 150 mL de água deionizada, medida em uma proveta. Após a total dissolução do sal,
transferiu-se a mistura para um erlenmeyer com adição de 100 mL de água, totalizando 250 mL
de solução 1 mol L-1.
Com uma pipeta volumétrica, transferiu-se 10 mL da solução de HCl para um erlenmeyer de 100
mL. Em seguida, adicionou-se duas gotas de fenolftaleína e procedeu-se com a titulação do ácido
a partir da solução de NaOH padronizada.
Em uma proveta mediu-se 200 ml de água, a qual se adicionou no calorímetro. Após atingir o
equilíbrio térmico, mediu-se a temperatura.
Em uma balança analítica mediu-se 16,064 g de NH4NO3, 8,502 g de LiCl e 14, 957 g de KCl,
com a finalidade de se obter 200 mL de solução 1 mol L-1 de cada sal.
No calorímetro, adicionou-se o sal sob agitação constante até a total dissolução, e verificou-se a
temperatura máxima obtida. Posteriormente, descartou-se a solução adequadamente e lavou-se o
saco plástico protetor, preparando-se novamente o calorímetro para o experimento. Realizou-se
esse procedimento para cada sal individualmente.
Em uma proveta, mediu-se 100 ml de HCl 1 mol L-1 e transferiu-se o ácido para o calorímetro,
agitou-se com cuidadosamente e verificou-se a temperatura após o equilíbrio.
Mediu-se em uma balança semi-analítica, 0,319 g de magnésio metálico (em fita). Cortou-se
o metal em pedaços menores e adicionou-se o mesmo a solução contida no calorímetro, sob
cuidadosa agitação, após estabilização anotou-se a temperatura máxima alcançada.
Da mesma forma, mediu-se 117 ml de etanol na proveta e anotou-se sua temperatura. O etanol
é adicionado à água no calorímetro, e após agitação mediu-se a maior temperatura encontrada.
3. Resultados e Discussões
A partir do sal de NaOH medido preparou-se uma solução de aproximadamente 1 mol L -1,
utilizando a massa encontrada através dos cálculos abaixo:
𝑚𝑁𝑎𝑂𝐻
[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 =
𝑀𝑀𝑁𝑎𝑂𝐻 𝑥 𝑉𝑠𝑜𝑙
Como o NaOH é um sal higroscópio, e a água utilizada na preparação da solução foi medida
em vidraria de pouca precisão, há a necessidade de padronizar essa solução de NaOH para se
determinar sua concentração real.
Para a padronização utilizou-se o biftalato de potássio, um sal estável indicado para esse
procedimento.
Tabela 1. Massa de biftalato (KHC8H4O4(s)) e seus respectivos volumes titulantes de NaOH (mL)
Massa de KHC8H4O4 (g) Volume de NaOH (mL)
1° titulação 2,005 10,6
2° titulação 1,991 10,5
Média 1,998 10,5
1,998 𝑔
[ ]𝑵𝒂𝑶𝑯 (𝒓𝒆𝒂𝒍) = 𝑔 = 𝟎, 𝟗𝟑 𝒎𝒐𝒍. 𝑳−𝟏
204,22 𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,0105𝐿
Onde:
Para a padronização do HCl foi realizada apenas uma titulação, onde o volume gasto de titulante
foi de 9,3 mL.
[ ]𝑁𝑎𝑂𝐻 . 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻
[ ]𝐻𝐶𝑙 =
𝑉𝐻𝐶𝑙
Temos que:
onde:
O reagente limitante é o HCl, pois após a reação de neutralização observou-se uma coloração
rósea do indicador fenolftaleína, evidenciando-se excesso de NaOH.
Como a reação é 1:1:1, considerando que há a formação de 0,17 mol de NaCl na neutralização
onde todo o HCl é consumido, temos:
Ccalorimetro = 0
cNaCl 0,5M = 4,01 J/g.°C
dNaCl 0,5M = 1,019 g.mL-1
Pela densidade:
x = -4927,8 J
ΔTteórico = 6,03 °C
Um calorímetro ideal não permite qualquer perda de energia térmica para o ambiente e o seu
conteúdo pode ser considerado como um sistema isolado termicamente. Já um calorímetro real,
como o utilizado nesse experimento, não tem capacidade térmica desprezível e há transferência
de energia térmica entre o sistema e a vizinhança. Dessa forma, ao desprezarmos a capacidade
calorífica do calorímetro estamos aumentando a diferença de temperatura entre o valor teórico e
o valor experimental. Apesar da diferença insignificante entre o valor calculado e o obtido no
laboratório, podemos corrigir desvios com o uso de um frasco Dewar, que proporciona maior
isolamento térmico entre o sistema e a vizinhança. Além disso, fatores como a molaridade da
solução não ser a mesma dos valores tabelados e a resolução do termômetro utilizado, levam a
uma menor exatidão dos dados obtidos experimentalmente. Considerando todas essas condições,
era esperada uma maior diferença entre a variação de temperatura e mesmo com o sucesso do
experimento consideramos necessário o uso das recomendações descritas acima, como forma de
obterem-se dados de maior solidez.
nH20 = número de moles de água formado = número de moles de H+ ou de OH- que reagiu,
dependendo de qual foi o reagente limitante, indicado pela cor final da solução.
Logo,
Dados:
m sol. = (V sol ác + V sol bás) . d sol NaCl = (100,0 + 100,0)mL . 1,019 g/mL = 203,80 g
C = 4,06 J/ºC
KCl
b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das
entalpias de hidratação dos íons.
c. Observado experimentalmente
14, 957 g KCl x 1 mol KCl /74,551 g KCl = 0,2 mol KCl
Como utilizamos para esse experimento 200 mL de água e o ρH2O = 1g mL-1 , temos
uma massa total de 214,957 g. Para a determinação do ΔHdiss, utilizamos a capacidade calorífica
do calorímetro determinada na parte 3.4.
0,2 mol x ΔHdissolução = [214,957 g x 3,89 J g −1 (°C) −1 x (−4)] + [4.06J (°C) −1 x (−4)]
LiCl
b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das
entalpias de hidratação dos íons.
c. Observado experimentalmente
Como utilizamos para esse experimento 200 mL de água e o ρH2O = 1g mL-1 , temos
uma massa total de 208,502 g. Para a determinação do ΔHdiss, utilizamos a capacidade calorífica
do calorímetro determinada na parte 3.4.
0,2 mol x ΔHdissolução = [208,502 g x 3,97 J g −1 (°C) −1 x (6)] +[4,06 J (°C) −1 x (6)]
NH4NO3
a. Ciclo termoquímico baseado nas entalpias de formação das espécies envolvidas no
processo de dissolução do sal em água.
ΔHdis = ΔHprodutos − ΔH reagentes = (ΔHf° NH4 + + ΔHf° NO3 −) − (ΔHf° NH4NO3)
ΔHdis = (−132 − 207,4) − (−365,6) = 26,2 kJ mol −1
b. Ciclo termoquímico baseado nos valores de energia reticular (U) do sal e das entalpias
de hidratação dos íons.
NH4NO3 (s) → NH4 +(g) + NO3 −(g) U = 676 kJ mol-1
NH4 +(g) → NH4 +(aq) ΔHhidratação NH4 + = -355 kJ mol-1
NO3 − (g) → NO3 − (aq) ΔHhidratação NO3 - = -295 kJ mol-1
𝐍𝐇𝟒𝐍𝐎𝟑 (𝐬) → 𝐍𝐇𝟒 +(𝐚𝐪) + 𝐍𝐎𝟑 −(𝐚𝐪) ΔHdissolução = -26 k J mol-1
c. Observado experimentalmente
0,2 mol x ΔHdissolução = [216,064 g x 4,18 J g −1 (°C) −1 x (-4)] +[4,06 J (°C) −1 x (-4)]
Observamos que para os valores experimentais de ΔHdiss dos sais diferiram razoavelmente
comparado com os valores obtidos a partir dos cálculos teóricos (métodos a e b). Essa
discrepância pode ser atribuída a eventuais erros como termômetro descalibrado ou erro do
operador ao ler o valor de temperatura.
0,013 mol x ΔH= [100,319 g x 4,18 J g−1 (°C)−1 x (12)] + [4,06 J (°C)−1 x (12)]
Podemos observar que o valor obtido experimentalmente é não é próximo ao valor teórico
de ΔH, assim podemos evidenciar que erros experimentais podem ter ocorrido, como
dificuldade na leitura no instrumento de medição de temperatura (escala do termômetro),
ou dificuldade operacional durante a execução do calorímetro, como a não vedação da
tampa de acrílico entre outras dificuldades de operação.
qreação = (36 x 1 x 3,5) + (4,06 x 3,5) = 140,21 J = 70,10 J.mol-1 H2O ou - 70,10 J.mol-1
H2O . Já que também se trata de uma reação que libera calor, portanto é exotérmica. Esse
valor é plausível visto que não ocorrem reações químicas complexas entre os dois
compostos, e a maioria das interações envolvem forças intermoleculares das espécies.
4. Conclusão