CCE0217
Engenharia Civil
2017/1
Paulo Cesar Martins Penteado
HIDRÁULICA – CCE0217
Índice
1.1 CONTEXTUALIZAÇÂO
Atualmente, a hidráulica é classificada como uma metodologia moderna de transmissão de energia. A palavra
hidráulica nos transmite a ideia de controle de parâmetros e forças por meio de fluidos e suas propriedades. A
cada dia, os comandos hidráulicos vêm ganhando importância devido ao aumento das tecnologias de
automatização, permitindo assim, um avanço tecnológico em vários ramos da indústria.
Particularmente, na área de Engenharia, a hidráulica pode ser aplicada em projetos que abrangem tanto os casos
mais simples, como um sistema de frenagem em veículos, quanto os casos mais complexos em construção civil e
sistemas hídricos. Por isso, a disciplina se torna imprescindível para o engenheiro, que fatalmente será o
responsável pela supervisão e andamento desses projetos, tendo que garantir sempre a boa qualidade final e a
funcionalidade do processo.
Plano de Ensino – Hidráulica CCE0217
1.2 EMENTA
⦁ Tópicos de Hidrostática e Hidrodinâmica.
⦁ Caracterização de descargas para elevação e abastecimento hídrico.
⦁ Estudo de condutos forçados.
⦁ Estudo de condutos livres.
⦁ Estudo de máquinas elevadoras de água.
⦁ Introdução à hidrologia.
Objetivos Gerais
1.3 CONTEÚDOS
Unidade I: Hidrodinâmica 3.3.1 Experimento de medição de vazão.
1.1. Linhas de corrente e Princípio da continuidade. 3.4. Dimensionamento de condutos forçados.
1.2. Equação de Bernoulli e suas aplicações.
1.2.1 Experimentos de linha de energia e Unidade IV: Máquinas elevadoras de água
linha piezométrica. 4.1. Estudo de bombas hidráulicas: apresentação de
dados técnicos e características de bombas
Unidade II: Análise de condutos livres hidráulicas.
2.1. Análise e caracterização do escoamento em 4.2. Estudo da potência de bombas hidráulicas e
condutos livre. projeto de alturas manométricas.
2.2. Medição e controle de vazão em condutos 4.2.1. Experimento de potência de conjunto
livres, como canais, por exemplo. elevatório.
2.3. Dimensionamento de canais. 4.2.2. Experimento de altura de elevação e altura
manométrica.
Unidade III: Análise de condutos forçados 4.3. Apresentação de curvas características de
3.1. Apresentação dos tipos de escoamentos bombas hidráulicas.
existentes e suas classificações segundo o critério de 4.3.1. Experimento de associação de bombas
Reynolds. em série e em paralelo.
3.1.1 Experimento de Reynolds: fluxo
laminar, intermediário e turbulento. Unidade V: Estruturas Hidráulicas
3.2. Perdas de carga ao longo de um conduto. 5.1. Barragens: funções, classificações e estabilidade.
3.2.1 Experimento de perda de carga 5.2. Vertedouros: livres de lâmina aderente, de
distribuída e localizada. canais laterais e em sifão.
3.3. Medição e controle de vazão em condutos
forçados, como sifões e orifícios.
Bibliografia Complementar
1. COUTO, L. M. M. Elementos da Hidráulica 1 ed, Brasília: UNB, 2012
2. BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos 2 ed. São Paulo: Pearson, 2008
3. Çengel, Y. A. et al. Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações 1 ed. AMGH, 2008.
4. McDonald, A.T.-Introdução à Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações- 6 ed- Rio de Janeiro: LTC,
2006.
5. FALCO Reinaldo de; Bombas Industriais. Rio de Janeiro: Interciência, 1998
Visando facilitar ainda mais a notação das grandezas, é bastante comum a utilização de prefixos
representando as potências de dez. A tabela a seguir traz a denominação dos principais prefixos de acordo com
regulamentação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Submúltiplo Múltiplo
Prefixo Fator Símbolo Prefixo Fator Símbolo
−3 3
mili 10 m kilo 10 k
−6 6
micro 10 µ mega 10 M
−9 9
nano 10 n giga 10 G
−12 12
pico 10 p tera 10 T
Neste ponto, é importante destacar que, ao longo de nosso estudo, faremos uso de um grande número de
grandezas físicas e muitas delas serão simbolizadas por letras minúsculas ou maiúsculas do alfabeto grego.
ALFABETO GREGO
1. A Terra é aproximadamente uma esfera de raio 6,37∙106 m. Quais são (a) a sua circunferência em
quilómetros, (b) a sua superfície em quilômetros quadrados, e (c) seu volume em quilômetros cúbicos?
Resposta: a) 4,00∙104 km; b) 5,10∙108 km2; c) 1.08∙1012 km3
3. A planta de crescimento mais rápido registrada é a Hesperoyucca whipplei que cresce 3,7 m em 14 dias.
Qual é sua taxa de crescimento em micrômetros por segundo?
Resposta: 3,1 μm/s
4. O ouro, que tem uma densidade de 19,32 g/cm3, é o mais dúctil dos metais e pode ser pressionado em
uma folha fina ou estirado em um longo fio. (a) Se uma amostra de ouro, com uma massa de 27,63 g, for
pressionada e transformada em uma folha de 1,000 μm de espessura, qual é a área da folha? b) Se, em vez disso,
o ouro é estirado em um fio cilíndrico de raio 2,500 μm, qual é o comprimento da fibra?
Resposta: a) 1,430 m2; b) 72,84 km
5. (a) Supondo que a água tem uma densidade de exatamente 1 g/cm3, determine a massa de um metro
cúbico de água em quilogramas. (b) Supondo que leve 10,0 h para drenar um recipiente de 5700 m3 de água, qual
é o fluxo de massa de água, em quilogramas por segundo, do recipiente?
Resposta: a) 1000 kg; b) 158 kg/s
6. Um centímetro cúbico de uma típica nuvem cumulus contém de 50 a 500 gotas de água, que têm um raio
típico de 10 μm. Para essa faixa, dê o valor mais baixo e o valor mais alto, respectivamente, para o seguinte. (a)
Quantos metros cúbicos de água estão contidos em uma nuvem cumulus cilíndrica de altura 3,0 km e raio 1,0 km?
(b) Quantas garrafas de 1 litro essa água pode encher? (C) A água tem uma densidade de 1000 kg/m3. Qual é a
massa da água na nuvem?
Resposta: a) 2∙103 m3 a 2∙104 m3; b) 2∙106 garrafas a 2∙107 garrafas; c) 2∙106 kg a 2∙107 kg
7. Uma unidade de medida de área frequentemente usada em medições agrárias é o hectare, definido
como 104 m2. Uma mina de carvão a céu aberto consome 75 hectares de terra, até uma profundidade de 26 m, a
cada ano. Que volume de terra, em quilômetros cúbicos, é removido neste tempo?
Resposta: Aproximadamente 0,020 km3
8. O côvado é uma antiga unidade de comprimento baseada na distância entre o cotovelo e a ponta do
dedo médio do medidor. Suponha que essa distância varie de 43 a 53 cm, e suponha que desenhos antigos
indicam que um pilar cilíndrico deveria ter um comprimento de 9 côvados e um diâmetro de 2 côvados. Para o
intervalo indicado, quais são o valor inferior e o valor superior, respectivamente, para (a) o comprimento do
cilindro em metros, (b) o comprimento do cilindro em milímetros, e (c) o volume do cilindro em metros cúbicos?
Respostas: a) 3,9 m a 4,8 m; b) 3,9∙103 mm a 4,8∙103 mm; c) 2,2 m3 a 4,2 m3
Tensão de vapor da água conforme a temperatura para g = 9,80 m/s2 (ao nível do mar)
TEMPERATURA PRESSÃO DE VAPOR DA ÁGUA
2
°C N/m kgf/m2 mca
0 − − 0,062
4 813 83 0,083
10 1.225 125 0,125
20 2.330 239 0,239
30 4.490 458 0,458
40 7.385 753 0,753
50 12.300 1259 1,259
60 19.949 2033 2,033
80 47.300 4830 4,830
100 101.300 10330 10,330
Observe-se que a pressão de vapor iguala-se à pressão atmosférica normal a 100 °C e que, havendo uma
diminuição de pressão (por exemplo em sucção de bombas), a pressão de vapor pode chegar a ser ultrapassada
(para baixo) e a água passa ao estado de vapor bruscamente, criando o denominado efeito de cavitação.
A cavitação, como veremos oportunamente, pode provocar sérios danos nos componentes de uma bomba,
como mostra as fotos seguintes.
A massa de um fluido em uma unidade de volume é denominada densidade absoluta ("density"), também
m
conhecida como massa específica, representada por e, no SI, medida em kg/ m3. Assim:
V
O peso específico ("unit weight") de um fluido, representado por γ, é o peso da unidade de volume desse
P
fluido. No SI, o peso específico é medido em N/m3. Então, por definição:
V
P mg
Logo: g
V V
Essas grandezas dependem do número de moléculas do fluido na unidade de volume. Portanto, dependem
da temperatura, da pressão e do arranjo entre as moléculas.
⦁Viscosidade/Atrito interno
Quando um fluido escoa, verifica-se um movimento relativo entre as suas partículas, resultando um atrito
entre as mesmas. Atrito interno ou viscosidade é a propriedade dos fluidos responsável pela sua resistência à
deformação.
Pode-se definir ainda a viscosidade como a capacidade do fluido em converter energia cinética em calor, ou
a capacidade do fluido em resistir ao cisalhamento (esforços cortantes).
A viscosidade é diretamente relacionada com a coesão entre as partículas do fluido. Alguns líquidos
apresentam essa propriedade com maior intensidade que outros. Assim, certos óleos pesados escoam mais
lentamente que a água ou o álcool.
Para definir quantitativamente a viscosidade,
vamos considerar um líquido preenchendo o espaço
entre duas placas planas paralelas de área A cada uma
e separadas por uma distância h. Supondo a placa
inferior fixa, então é necessária uma força F para mover
a placa superior, paralelamente à inferior, com
velocidade U. Sob certas condições, pode-se obter uma
distribuição linear de velocidades u dos pontos do
líquido, como mostrado na figura ao lado.
Neste caso, a força por unidade de área necessária para mover a placa, isto é, a tensão de cisalhamento
(medida em N/m2 = Pa) é diretamente proporcional a U e inversamente proporcional a h.
Usando uma constante de proporcionalidade μ, isto pode ser escrito como:
F U
A h
A constante de proporcionalidade μ é denominada viscosidade absoluta (ou viscosidade dinâmica).
No SI, a unidade de medida da viscosidade é o kg/(m·s) = Pa·s.
Os fluidos que obedecem a essa equação de proporcionalidade, ou seja, quando há uma relação linear
entre o valor da tensão de cisalhamento aplicada e a velocidade de deformação resultante, quer dizer, o
coeficiente de viscosidade dinâmica μ for constante, são denominados fluidos newtonianos, incluindo-se a água,
líquidos finos assemelhados e os gases de maneira geral.
Os fluidos denominados· não-newtonianos não obedecem a essa lei de proporcionalidade e são muito
encontrados nos problemas reais de engenharia civil, tais como lamas e lodos em geral. Os fluidos não-
newtonianos apresentam uma relação não linear entre o valor da tensão de cisalhamento aplicada e a velocidade
de deformação angular.
⦁ Líquidos perfeitos
Um fluido em repouso goza da propriedade da isotropia, isto é, em torno de um ponto os esforços são
iguais em todas as direções.
Num fluido em movimento, devido à viscosidade, há anisotropia na distribuição dos esforços.
Em alguns problemas particulares, pode-se, sem grave erro, considerar o fluido sem viscosidade e
incompressível. Essas duas condições servem para definir o que se chama líquido perfeito, em que a densidade é
uma constante e existe o estado isotrópico de tensões em condições de movimento.
O fluido perfeito não existe na prática, ou seja, na natureza, sendo portanto uma abstração teórica, mas em
um grande número de casos é prático considerar a água como tal, ao menos para cálculos expeditos.
⦁Atrito externo
Chama-se atrito externo à resistência ao deslizamento de fluidos, ao longo de superfícies sólidas.
Quando um líquido escoa ao longo de uma superfície sólida, junto à mesma existe sempre uma camada
fluida, aderente, que não se movimenta.
Nessas condições, deve-se entender que o atrito externo é uma consequência da ação de freio exercida por
essa camada estacionária sobre as demais partículas em movimento.
Na experiência anterior, o movimento do líquido dentro do recipiente que gira é iniciado graças ao atrito
externo que se verifica junto à parede do recipiente.
Um exemplo importante é o que ocorre com o escoamento de um líquido em um tubo. Forma-se junto às
paredes uma película fluida que não participa do movimento. Junto à parede do tubo, a velocidade é zero, sendo
máxima na parte central, como indicado a seguir.
Tensão superficial
A tensão superficial é um efeito físico que faz com que a
camada superficial de um líquido venha a se comportar como uma
membrana elástica. Este efeito é causado pelas forças de coesão
entre moléculas semelhantes, cuja resultante vetorial é diferente
na superfície. Enquanto as moléculas situadas no interior de um
líquido são atraídas em todas as direções pelas moléculas vizinhas,
as moléculas da superfície do líquido sofrem apenas atrações
laterais e internas. Este desbalanço de forças de atração que faz a
interface se comportar como uma película elástica como um látex.
Devido à tensão superficial, alguns objetos mais densos que
o líquido podem flutuar na superfície, caso estes se mantenham
secos sobre a interface. Este efeito permite, por exemplo, que
alguns insetos caminhem sobre a superfície da água, como
mostrado na foto ao lado.
A tensão superficial explica também o motivo pelo qual a água fica acima da borda de um copo, sem
derramar, quando está na iminência de transbordar, como mostrado na foto abaixo.
A tensão superficial τ é medida, no SI, em N/m, variando com a temperatura. A tabela a seguir mostra os
valores de tensão superficial para a água doce normal a diferentes temperaturas.
A elevação do líquido, num tubo de pequeno diâmetro, é inversamente proporcional ao diâmetro. Como
tubos de vidro e de plástico são frequentemente empregados para medir pressões (piezômetros), é aconselhável
o emprego de tubos de diâmetro superior a 1 cm, para que sejam desprezíveis os efeitos de capilaridade. Num
tubo de 1 mm de diâmetro, a água sobe cerca de 35 cm.
EXERCÍCIOS – SÉRIE 2
2. (Unicamp-SP) Três frascos de vidro transparentes, fechados, de formas e dimensões iguais, contêm cada
um a mesma massa de líquidos diferentes. Um contém água, o outro, clorofórmio e o terceiro, etanol. Os três
líquidos são incolores e não preenchem totalmente os frascos, os quais não têm nenhuma identificação. Sem
abrir os frascos, como você faria para identificar as substâncias?
A densidade () de cada um dos líquidos, à temperatura ambiente, é:
(água) = 1,0 g/cm3 (clorofórmio) = 1,4 g/cm3 (etanol) = 0,8 g/cm3
4. Quando se deixa cair uma peça de metal com massa igual a 112,32 g em um cilindro graduado (proveta)
que contém 23,45 mL de água, o nível sobe para 29,27 mL. Qual a densidade do metal, em g/cm3?
Resposta: 19,30 g/cm3
5. Num processo industrial de pintura, as peças recebem uma película de tinta de espessura 0,1 mm.
Considere a densidade absoluta da tinta igual a 0,8 g/cm3. Determine a área que pode ser pintada com 10 kg
dessa tinta.
Resposta: 125 m2
6. A densidade do diamante é igual a 3,5 g/cm3. A unidade internacional para a pesagem de diamantes é o
quilate, que corresponde a 200 mg. Qual o volume de um diamante de 1,5 quilates?
Resposta: 8,6∙10−2 cm3
7. Um recipiente completamente cheio de álcool (massa específica 0,80 g/cm3) apresenta massa de 30 g e,
completamente cheio de água (1,0 g/cm3), tem massa de 35 g. Determine (a) a capacidade do recipiente; (b) a
massa do recipiente.
Resposta: a) 25 cm3; b) 10 g
8. Dois líquidos, A e B, quimicamente inertes e imiscíveis entre si, de densidades 2,80 g/cm3 e 1,60 g/cm3,
respectivamente, são colocados em um mesmo recipiente. Determine a densidade da mistura sabendo que o
volume do líquido A é o dobro do de B.
Resposta: 2,4 g/cm3
9. Ao misturar dois líquidos distintos A e B, nota-se que: o líquido A apresenta volume de 20 cm³ e
densidade absoluta de 0,78 g/cm³; o líquido B tem 200 cm³ de volume e densidade absoluta igual a 0,56 g/cm³.
Determine em g/cm³ a densidade apresentada por essa mistura.
Resposta: 0,58 g/cm3
Hidráulica Paulo Cesar Martins Penteado 16
10. Uma esfera oca de ferro ( = 7,86 g/cm3) tem diâmetro igual a 20,0 cm e massa 2,50 kg. (a) Essa esfera
pode flutuar em água ( = 1,00 g/cm3)? (b) Qual é a espessura da parede da esfera oca?
Resposta: a) Sim, pois sua densidade (0,597 g/cm3) é menor que a densidade da água; b) 2,60 mm.
4. HIDROSTÁTICA
4.1 O conceito de pressão
Podemos definir pressão (p) como a razão entre a intensidade de um diferencial de força dF que age
perpendicularmente sobre uma superfície e um infinitésimo de área dA dessa superfície na qual a força se
distribui:
dF
p
dA
Sendo dada pela relação entre a intensidade de uma força, cuja unidade no SI é o newton (N), e a área de
uma superfície, cuja unidade no SI é o metro quadrado (m2), a pressão tem como unidade o newton por metro
quadrado (N/m2), unidade que recebe o nome de pascal (Pa), em homenagem ao matemático, físico e filósofo
N
francês Blaise Pascal (1623-1662). Portanto: 1 2 1 Pa .
m
É importante ressaltar que a pressão sempre atua perpendicularmente às superfícies.
Observações
Pontos situados em um mesmo líquido e em um mesmo nível (mesma horizontal) estarão submetidos a
uma mesma pressão.
⦁ em A, patm;
⦁ em B, patm + y'∙h;
⦁ em C, patm + y'∙h;
⦁ em D, patm + γ'∙h − γ∙z.
em que γ = peso específico do líquido em D; γ' = peso específico do mercúrio ou do líquido indicador.
Não se deve esquecer essa condição, isto é, que os manômetros indicam valores relativos, referidos à
pressão atmosférica do lugar onde são utilizados (pressões manométricas).
Assim, por exemplo, seja o caso da canalização mostrada a seguir, em cujo ponto 1 a pressão medida iguala
15 mca (valor positivo), em relação à pressão atmosférica ambiente. Se a pressão atmosférica no local
corresponder a 9 mca, a pressão absoluta naquela seção da canalização será de 24 mca. O ponto 2, situado no
interior de um cilindro, está sob vácuo parcial. A pressão relativa é inferior à atmosférica local e a indicação
manométrica seria negativa. Entretanto, nesse ponto, a pressão absoluta é positiva, correspondendo a alguns
metros de coluna de água.
Note que a pressão relativa é nula na superfície livre do líquido, igual a ·h na superfície inferior do líquido e
que a pressão média ocorre num plano com profundidade h/2. Assim, a força resultante que atua na área
retangular A = b·h é:
h h2
FR pméd A FR b h FR b.
2 2
A distribuição de pressão da figura anterior é adequada para
toda a superfíce vertical e, então, podemos representar
tridimensionalmente a distribuição de pressão do modo mostrado
na figura ao lado. A base deste “volume” no espaço pressão-área é
a superfície plana que estamos analisando e a altura em cada
ponto é dada pela pressão. Este “volume” é denominado prisma
das pressões e é claro que o módulo da força resultante que atua
na superfície vertical é igual ao volume deste prisma:
Hidráulica Paulo Cesar Martins Penteado 20
N
hh h2
FR " volume" do prismadas pressões FR b FR b
2 2
Observe que a linha de ação da força resultante precisa passar pelo centroide do prisma de pressões. O
centroide do prisma mostrado acima está localizado no eixo vertical de simetria da superfície vertical e dista h/3
da base, pois o centroide de um triângulo está localizado a h/3 de sua base.
O ponto de aplicação da força resultante é denominado centro de pressão (CP).
A teoria desenvolvida até este ponto é muito útil quando a superfície plana submersa é retangular, pois o
volume do prisma das pressões e a posição de seu centroide podem ser facilmente encontrados. Entretanto,
quando o formato da superfície não é retangular, a determinação do volume e a localização do centroide podem
ser realizadas por meio de integrações.
1. Um peixe mantém sua profundidade em água doce ajustando o conteúdo de ar de ossos porosos ou
sacos aéreos para tornar sua densidade média igual à da água. Suponha que com seus sacos de ar colapsados, um
peixe tem uma densidade de 1,08 g/cm3. Que fração do volume de seu corpo expandido deve o peixe inflar os
sacos de ar para reduzir sua densidade à da água?
Resposta: 7,4%
2. Encontre o aumento de pressão no fluido contido em uma seringa quando uma enfermeira aplica uma
força de 42 N ao pistão circular da seringa, que tem um raio de 1,1 cm.
Resposta: 1,1∙105 Pa
3. Um recipiente hermético, parcialmente evacuado, tem uma tampa ajustada de área superficial 77 m2 e
massa desprezível. Se a força necessária para remover a tampa é 480 N e a pressão atmosférica é 1,0∙105 Pa, qual
é a pressão de ar interna?
Resposta: 3,8∙104 Pa
4. Três líquidos que não se misturam são vertidos em um recipiente cilíndrico. Os volumes e densidades dos
líquidos são 0,50 L, 2,6 g/cm3; 0,25 L, 1,0 g/cm3; e 0,40 L, 0,80 g/cm3. Qual é a força exercida na base inferior do
recipiente devido a estes líquidos? Ignore a contribuição devido à atmosfera.
Resposta: 18 N
5. Uma janela de escritório tem dimensões de 3,4 m por 2,1 m. Como resultado da passagem de uma
tempestade, a pressão do ar externo cai para 0,96 atm, mas dentro a pressão é mantida a 1,0 atm. Qual é a força
resultante que empurra a janela para fora? Considere: 1 atm = 1,013∙105 Pa
Resposta: 2,9∙104 N
Peso aparente
Considere um corpo cujo peso seja medido com um
dinamômetro e obtém-se o valor P.
Se este corpo for, agora, imerso em um líquido, a nova
leitura de seu peso será menor que P, pois o corpo está
sujeito agora a um empuxo E.
Define-se peso aparente (Pap), para um corpo to-
talmente mergulhado em um fluido, como a diferença entre
as intensidades do peso do corpo e do empuxo recebido.
Então:
Pap P E
Dessa forma, a leitura do dinamômetro, para o corpo totalmente submerso, corresponderá ao peso
aparente do corpo.
Prensa hidráulica
O dispositivo denominado prensa hidráulica tem seu funcionamento explicado pelo princípio de Pascal. Ele
consta de dois recipientes com diâmetros diferentes ligados por sua parte inferior, formando assim um sistema
de vasos comunicantes. Dentro dele é colocado um líquido e sobre as superfícies de cada lado são colocados
êmbolos ou pistões.
Sendo A1 a área do êmbolo menor e A2 a área do
êmbolo maior, se aplicarmos uma força de intensidade F1
no primeiro êmbolo, o outro ficará sujeito a uma força de
intensidade F2, como mostrado na figura ao lado.
A variação de pressão Δp será a mesma nos dois
lados, em vista do princípio de Pascal. Então:
F1 e F2
p p
A1 A2
F1 F2
Igualando, vem:
A1 A2
Dessa forma, na prensa hidráulica, a intensidade da força é diretamente proporcional à área do êmbolo.
Por isso diz-se que a prensa hidráulica é um multiplicador de força, pois a intensidade da força transmitida ao
segundo êmbolo será tantas vezes maior quantas vezes maior for a área deste. Essa propriedade é muito utilizada
em postos de serviços automotivos, no elevador hidráulico, pois, exercendo-se uma força de pequena intensidade
no êmbolo menor, consegue-se no outro êmbolo força de intensidade suficiente para levantar um automóvel.
Observe, entretanto, que, ao deslocar o êmbolo menor para baixo, estaremos transferindo um
determinado volume líquido para o cilindro maior e, consequentemente, o êmbolo maior terá que subir.
Os deslocamentos dos dois êmbolos da prensa hidráulica serão iguais?
Vejamos. Da igualdade dos volumes transferidos, temos:
h1 A2
V1 V2 A1 h1 A2 h2
h2 A1
Dessa relação, concluímos que os deslocamentos dos êmbolos são inversamente proporcionais às suas
áreas, ou seja, o êmbolo de maior área sofre um deslocamento menor. Por exemplo, se o êmbolo maior tiver uma
área 100 vezes maior que a do êmbolo menor, seu deslocamento será 100 vezes menor.
Podemos, portanto, concluir que a prensa hidráulica, apesar de ser uma multiplicadora de força, não
multiplica trabalho.
1. Um objeto de 5,00 kg é liberado do repouso quando está totalmente submerso em um líquido. O líquido
deslocado pelo objeto submerso tem uma massa de 3,00 kg. Que distância o objeto percorre em 0,200 s e em que
sentido, supondo que se desloca livremente e que a força de arrasto exercida pelo líquido é desprezível?
Resposta: O objeto desloca-se 0.0784 m, verticalmente para baixo, com aceleração de 3.92 m/s2.
2. Um bloco de madeira flutua em água doce com dois terços do seu volume V submerso e em óleo com
0,90∙V submerso. Encontre a densidade a) da madeira e b) do óleo.
Resposta: a) Aproximadamente 6,7∙102 kg/m3; b) 7,4∙102 kg/m3
4. Uma âncora de ferro de massa específica 7870 kg/m3 parece ser 200 N mais leve na água que no ar. (a)
Qual é o volume da âncora? (b) Quanto ela pesa no ar?
Resposta: a) 2,04∙10−2 m3; b) 1,57∙103 N
5. Um barco que flutua em água doce desloca um volume de água que pesa 35,6 kN. (a) Qual é o peso da
água que o barco desloca quando flutua em água salgada de massa específica 1,10∙103 kg/ m3? (b) Qual é a
diferença entre o volume de água doce e o volume de água salgada deslocados?
Resposta: a) 35,6 kN; b) 0,330 m3
6. Três crianças, todas pesando 356 N, fazem uma jangada com toras de madeira de 0,30 m de diâmetro e
1,80 m de comprimento. Quantas toras são necessárias para mantê-las flutuando em água doce? Suponha que a
massa específica da madeira é 800 kg/m3.
Resposta: 5 toras
5. HIDRODINÂMICA
5.1 Tipos de escoamento
A Hidrodinâmica tem por objeto o estudo do movimento dos fluidos. Para começar, vamos fazer uma
rápida classificação dos diferentes tipos de escoamento de um fluido. O esquema a seguir resume tal
classificação.
Uniforme
Permanente Acelerado
Movimento Não uniforme Retardado
Não permanente
Movimento permanente é aquele cujas características (força, velocidade, pressão) são função exclusiva de
ponto e independem do tempo. Com o movimento permanente, a vazão é constante em um ponto da corrente.
As características do movimento não permanente, além de mudarem de ponto para ponto, variam de
instante em instante, isto é, são função do tempo.
O movimento permanente é uniforme quando a velocidade média permanece constante ao longo da
corrente. Nesse caso, as seções transversais da corrente são iguais. No caso contrário, o movimento permanente
pode ser acelerado ou retardado.
Um rio pode servir para ilustração. Há trechos regulares em que o movimento pode ser considerado
permanente e uniforme. Em outros trechos (estreitos, corredeiras, etc.), o movimento, embora permanente
(vazão constante), passa a ser acelerado. Durante as enchentes ocorre o movimento não permanente: a vazão
altera-se.
Em 1883, o físico irlandês Osborne Reynolds (1842-1912) identificou experimentalmente estes dois tipos de
escoamento levando em consideração o efeito da viscosidade do fluido. Reynolds utilizou a montagem mostrada
a seguir.
Para identificar o tipo de escoamento, Reynolds estabeleceu uma grandeza adimensional, atualmente
conhecida como número de Reynolds, dada por:
V d V d
Re ou Re
Nessa relação, Re é o número de Reynolds (adimensional), V é a velocidade do fluido (m/s), é a
viscosidade cinemática do fluido (m2/s), ρ é a massa específica (kg/m3), μ é a viscosidade dinâmica (Pa·s) e d é o
diâmetro do tubo (m).
Re ≤ 2000
(Escoamento laminar)
Re ≥ 2400
(Escoamento turbulento)
O número de Reynolds pode ser interpretado como uma relação entre as forças de inércia e as forças
viscosas existentes no escoamento. Num escoamento laminar, que ocorre para números de Reynolds baixos, tem-
se que a turbulência é amortecida pelos efeitos viscosos.
5.3 Vazão
Em um escoamento, denomina-se vazão à grandeza que indica a quantidade de fluido que passa por uma
seção de um conduto, livre ou forçado, na unidade de tempo.
Assim, se considerarmos o volume de fluido, teremos a vazão volumétrica, Q, dada por:
V
Q
t
No SI, ΔV é medido em m3, Δt medido em s e Q medido em m3/s.
Consideremos, então, um fluido escoando, com velocidade constante v, por uma tubulação de seção
transversal constante, com área A, como esquematizado a seguir.
Observe que o volume de fluido que passa por uma dada seção, em um determinado intervalo de tempo é
constante.
V A x .
Como V = A·Δx, teremos, então: Q Q
t t
Mas, a relação x é a velocidade v do escoamento. Portanto: Q A v
t
A vazão também pode ser medida em termos de massa de fluido que passa pela seção. Nesse caso, a vazão
correspondente passa a ser chamada de fluxo de massa, m , dada por:
m
m
t
No SI, o fluxo de massa é medido em kg/s.
Hidráulica Paulo Cesar Martins Penteado 30
5.4 Equação da continuidade
A equação da continuidade é a equação que mostra a conservação da massa de líquido no conduto, ao
longo de todo o escoamento.
Pela condição de escoamento em regime permanente, podemos afirmar que entre as seções (1) e (2), não
ocorre nem acúmulo, nem falta de massa, ou seja: m1 = m2 = m = constante.
Vamos calcular o fluxo de massa do fluido através da secção transversal de área A1.
Observe que o volume de fluido que passa através dessa secção transversal, no intervalo de tempo Δt é
dado por A1∙Δx1, em que Δx1 é a distância percorrida pelo fluido no intervalo de tempo Δt.
Então, sendo ρ1 a densidade do fluido nessa região do tubo temos:
Δm ρ1 ΔV1 ρ1 A1 Δx1
ρ1 A1 v1
Δt Δt Δt
De maneira análoga, na região do tubo onde a secção transversal tem área A2, teremos:
Δm ρ2 ΔV2 ρ2 A2 Δx 2
ρ2 A2 v 2
Δt Δt Δt
Observe que a massa de fluido que passa por uma dada secção transversal do tubo, em um dado intervalo
de tempo, é a mesma, qualquer que seja a posição do tubo em que a secção é considerada.
Portanto, como o fluxo de massa é constante ao longo do tubo devemos ter:
1 A1 v1 2 A2 v 2 (Equação da continuidade)
Se o fluido é incompressível, o que é uma excelente aproximação no caso dos líquidos na maioria das
situações (e algumas vezes até mesmo para os gases), então ρ1 = ρ2 e a equação da continuidade torna-se mais
simples:
A1 v1 A2 v 2 (quando ρ1 = ρ2)
A partir dessa relação simplificada, podemos concluir que se o diâmetro do tubo diminuir, então a
velocidade de escoamento do fluido no interior do tubo deverá aumentar e vice-versa.
Isso faz sentido e pode ser observado no escoamento das águas de um rio. Nas regiões em que o rio é
largo, a correnteza é mansa e a água flui calmamente. Entretanto, quando o rio se estreita e as margens estão
mais próximas, a correnteza atinge velocidades bem maiores e a água flui de maneira turbulenta.
Portanto, a equação da continuidade impõe que a vazão em volume através da tubulação seja constante
em qualquer secção transversal que se considere.
Consideremos, então, o deslocamento da porção sombreada de fluido desde a região mais baixa do tubo
até a região mais alta. Nesse deslocamento, a porção de fluido assinalada com hachuras tracejadas permanece
invariável.
O trabalho realizado pela força resultante sobre a porção sombreada de fluido é calculado considerando-se
que:
o trabalho realizado sobre a porção de fluido pela força de pressão p1·S1 é p1·S1∙Δx1;
o trabalho realizado sobre a porção de fluido pela força de pressão p2·S2 é – p2·S2∙Δx2 (negativo, pois a
força de pressão tem sentido oposto ao do deslocamento da porção fluida);
o trabalho realizado pela força peso para elevar o fluido desde a altura h1 até a altura h2 é igual a –
m·g·(h2 – h1) (negativo pois o deslocamento ocorre em sentido contrário ao da força peso).
O trabalho resultante realizado sobre o sistema é dado pela soma dos três termos considerados. Assim,
temos:
resul tante p1 A1 x1 p2 A2 x 2 m g (h2 h1 )
Mas, observe que A1∙Δx1 (= A2∙Δx2) corresponde ao volume da porção de fluido considerado e pode ser
expresso como a relação entre a massa de fluido e a sua densidade m , em que ρ, a densidade do fluido, é
suposta constante.
Observe também que estamos considerando que o fluido seja incompressível, pois admitimos que A1∙Δx1 =
A2∙Δx2 .
Assim, o trabalho da força resultante sobre o sistema pode ser escrito como:
2
É importante ressaltar que a correta utilização da equação de Bernoulli está baseada nas hipóteses usadas
em sua obtenção:
o fluido é incompressível;
o escoamento ocorre em regime uniforme e permanente;
o escoamento é invíscido, isto é, fluido sem viscosidade;
não há trocas de calor, ou seja, o escoamento é adiabático;
não existem máquinas –bombas ou turbinas- no trecho considerado.
aplicável a pontos em uma mesma linha de corrente.
Observação:
Se dividirmos a última equação de Bernoulli, obtida acima, pelo peso específico, = ρ·g, do fluido,
chegamos a:
p v2
h H
2g
Nessa relação, a constante H, denominada carga total, é, como veremos adiante, a energia total por
unidade de peso do fluido, medida em J/N = m.
EXERCÍCIOS – SÉRIE 5
2. Um fluido, que apresenta viscosidade dinâmica igual a 0,38 N·s/m2 e densidade relativa 0,91, escoa num
tubo de 25 mm de diâmetro interno. Sabendo que a velocidade média do escoamento é de 2,6 m/s, determine o
valor do número de Reynolds e classifique o escoamento.
Resposta: Como Re = 155,6 ≤ 2000, o escoamento ocorre em regime laminar.
8. Uma mangueira de jardim tem diâmetro interno de 1,9 cm e está ligada a um borrifador (estacionário)
que consiste apenas de um recipiente com 24 orifícios, cada um com diâmetro de 0,13 cm. Se a velocidade da
água na mangueira é de 0,91 m/s, qual sua velocidade ao sair dos orifícios?
Resposta: 8,1 m/s
9. Dois riachos se fundem para formar um rio. Um dos riachos tem uma largura de 8,2 m, profundidade de
3,4 m e neste riacho a água flui com velocidade de 2,3 m / s. O outro riacho tem 6,8 m de largura, 3,2 m de
profundidade e correnteza que flui a 2,6 m/s. Se o rio tem largura 10,5m e correnteza com velocidade 2,9 m/s,
qual é a sua profundidade?
Resposta: 4,0 m
10. A água que sai de um cano de 1,9 cm (diâmetro interno) passa por três canos de 1,3 cm. (a) Se as
vazões nos três canos menores são 26, 19 e 11 L/min, qual é a vazão no tubo de 1,9 cm? (b) Qual é a razão entre a
velocidade da água no cano de 1,9 cm e a velocidade no cano em que a vazão é 26 L/min?
Resposta: a) 56 L/min; b) Aproximadamente 1,0
12. A água de um porão inundado é bombeada com uma velocidade de 5,0 m/s através de uma mangueira
com 1,0 cm de raio. A mangueira passa por uma janela 3,0 m acima do nível da água. Qual é a potência da
bomba?
Resposta: 66 W
13. Quanto trabalho é realizado pela pressão ao forçar 1,4 m3 de água através de um tubo com um
diâmetro interno de 13 mm se a diferença de pressão nas duas extremidades do tubo é de 1,0 atm?
Resposta: 1,4∙105 J
14. Uma placa de 80 cm2 e 500 g de massa é presa por dobradiças em um dos seus lados. Se houver ar
soprando apenas sobre a sua superfície superior, que velocidade deverá ter o ar para sustentar a placa na posição
horizontal. Considere a densidade do ar igual a 1,23 kg/m3 e g = 9,8 m/s2.
Resposta: 32 m/s
15. A água se move com uma velocidade de 5,0 m/s em um cano com seção reta de 4,0 cm 2. A água desce
gradualmente 10 m enquanto a seção reta aumenta para 8,0 cm 2. (a) Qual é a velocidade da água depois da
descida? (b) Se a pressão no nível superior é 1,5∙105 Pa, qual é a pressão no nível inferior?
Resposta: a) 2,5 m/s; b) 2,6∙105 Pa
16. Um tanque cilíndrico de grande diâmetro está cheio de água até uma profundidade D = 0,30 m. Um
furo de seção reta A = 6,5 cm2 no fundo do tanque permite a drenagem da água. (a) Qual é a velocidade de
escoamento da água, em metros cúbicos por segundo? (b) A que distância abaixo do fuo do tanque a seção reta
do jorro é igual a metade da área do furo?
Resposta: a) 1,6∙10−3 m3/s; b) 0,90 m
18. Modelos de torpedos são algumas vezes testados em um tubo horizontal conduzindo água da mesma
forma que um túnel de vento é usado para testar modelos de aviões. Considere um tubo circular de diâmetro
interno 25,0 cm e um modelo de torpedo alinhado com o eixo da tubulação. O modelo tem um diâmetro de
5,00 cm e deve ser testado com água fluindo por ele a 2,50 m/s. (a) Com que velocidade a água deve fluir na parte
do tubo que não é obstruída pelo modelo? (b) Qual será a diferença de pressão entre a parte obstruída e a parte
não obstruída do tubo?
Resposta: a) 2,40 m/s; b) 245 Pa
20. Na figura ao lado, água doce atravessa um cano horizontal e sai para a atmosfera com uma velocidade
v1 = 15 m/s. Os diâmetros dos segmentos esquerdo e direito do cano são 5,0 cm e 3,0 cm (a) Que volume de água
escoa para a atmosfera em um período de 10 min? Quais são (b) a velocidade v2 e (c) a pressão manométrica no
segmento esquerdo do tubo?
Resposta: a) 6,4 m3; b) 5,4 m/s; c) 0,94 atm = 9,8∙104 Pa
2 2
Mas, pela equação da continuidade: A v1 a v 2 v 2 v1 A ②
a
Então, substituindo ② em ① teremos:
v12 A v12 A2 a 2 ③
2
p1 p2
v 22 v 12 p1 p2 1 p1 p2
a
2
2 2 2 a
A relação de Stevin, da hidrostática, permite obter:
p1 g H p2 g H h m g h p1 p2 m g h ④
2
A relação de Stevin, aplicada ao líquido do manômetro, fornece: pa m g h pb ②
Comparando ① e ②, obtemos: v m g h v 2 m g h
2
.
2
O tubo de Pitot pode ser convenientemente calibrado de modo a fornecer o valor da velocidade v
diretamente. Nesse caso, o tubo de Pitot torna-se um velocímetro e seu uso é bastante comum em aviões.
Geralmente, o tubo de Pitot é colocado sob as asas do avião.
2. Considere o medidor Venturi do problema e da figura anterior sem o manômetro. Suponha que A = 5a e
que a pressão p1 no ponto A é 2,0 atm. Calcule os valores (a) da velocidade V no ponto A e (b) da velocidade v no
ponto a para que a pressão p2 no ponto a seja zero. (c) Calcule a vazão correspondente se o diâmetro A é 5,0 cm.
O fenômeno que ocorre quando p2 cai para perto de zero é conhecido como cavitação; a água evapora para
formar pequenas bolhas.
Resposta: a) 4,1 m/s; b) 21 m/s; c) 8,0∙10−3 m3/s
6. Um tubo de Pitot é montado na asa de um avião, para determinar a velocidade da aeronave em relação
ao ar. O tubo contém mercúrio (ρ = 13,6·103 kg/m3) e indica uma diferença de nível de 11 cm. Considerando que
g = 10 m/s2 e que a densidade do ar seja ρ = 1,29 kg/m3, qual é a velocidade do avião em relação ao ar, em km/h?
Resposta: 152,3 m/s = 548 km/h
7. EQUAÇÃO DA ENERGIA
7.1 Equação da energia para regime permanente
Baseando-se no princípio da conservação da energia não é possível desenvolver uma equação que
permitirá fazer o balanço das energias em um escoamento, da mesma forma como foi feito para as massas, ao
deduzir a equação da continuidade.
A equação que permite este balanço é denominada equação da energia a qual permitirá resolver uma
variedade de problemas práticos como, por exemplo, a determinação da potência de máquinas hidráulicas
(bombas e turbinas) e a determinação de perdas em escoamento,
A energia de pressão referente a toda área A será: Epr p dV p dV p V
V V
m
Como m , ficamos com: Epr p .
V
Observações:
Se multiplicarmos todos os termos desta equação por ρ·g chegamos à equação de Bernoulli:
g g v 2 v 2
h g p constante h g p constante
g 2g 2
Na equação da energia por unidade de peso, h sendo uma cota, então será medida em unidade de
comprimento (por exemplo, em metros); logo, tanto v2/(2·g) como p/(ρ·g) também serão medidos dessa forma.
Não devemos esquecer que cada uma dessas parcelas tem o significado de energia por unidade de peso, ou seja,
J/N.
Para uma bomba, esquematizada a seguir, a energia HM = HB é a carga manométrica recebida pelo fluido e
fornecida pela bomba.
Então, a potência PRF, recebida pelo fluido ao passar
pela bomba é:
PRF Q HB
O rendimento desta bomba é dado por:
Q HB
B
PB
Para uma turbina, esquematizada a seguir, a energia HM = HT é a carga retirada do fluido pela turbina.
Então, a potência PFT, fornecida pelo fluido ao
passar pela turbina é:
PFT Q HT
O rendimento desta turbina é dado por:
PT
T
Q HT
EXERCÍCIOS – SÉRIE 7
1. O diâmetro de uma tubulação cresce, gradativamente, de D1 = 175 mm para D2 = 500 mm. A vazão é de
200 L/s de álcool etílico ( = 8·103 N/m³). O centro da seção (2) está 420 cm acima do centro da seção (1). As
pressões do álcool nesses pontos são p1 = 1,1·105 N/m² e p2 = 0,75 ·105 N/m². Determine (a) a energia em (1) e em
(2); (b) o sentido do escoamento; (c) a perda de carga neste trecho.
Resposta: a) 17,21 m e 13, 63 m; b) Assim, o fluxo ocorre da seção (1) para a seção (2); c) 3,58 m
2. Um líquido com peso especifico = 8000 N/m³, apresenta as pressões p1 = 4000 N/m² e p2 = 7200 N/m²
nas seções de diâmetro D1 = 6 cm e D2 = 7,5 cm, respectivamente, de um tubo de eixo horizontal. Para uma vazão
de 8 L/s, calcular (a) as velocidades médias nas duas seções; (b) a perda de carga no trecho.
Resposta: a) 2,83 m/s e 1,81 m/s; b) 0,16 m.
8. BOMBAS HIDRÁULICAS
8.1 Introdução
Ao fazermos o estudo da equação de Bernoulli e da equação da energia para escoamento permanente,
introduzimos algumas ideias a respeito das máquinas hidráulicas, bombas e turbinas, e fizemos considerações
gerais sobre tais máquinas.
Vimos que as bombas, também denominadas máquinas motrizes, adicionam energia ao fluido − realizam
trabalho sobre o fluido, enquanto as turbinas, também denominadas máquinas geratrizes, extraem energia do
fluido − o fluido realiza trabalho sobre a turbina.
Nós utilizaremos o termo "bomba" para as máquinas que adicionam energia ao fluido. Assim, as bombas,
ventiladores, sopradores e compressores serão considerados como "bombas".
As máquinas de fluxo podem ser divididas em duas categorias principais: máquinas de deslocamento
positivo (denominadas estáticas) e turbo máquinas (denominadas dinâmicas). Trataremos aqui apenas das turbo
máquinas.
As máquinas de deslocamento positivo forçam o fluido para dentro, ou para fora, de uma câmara a partir
da mudança do volume da câmara. Essencialmente, a pressão na câmara e o trabalho realizado são provocados
por forças estáticas e não dinâmicas. A figura a seguir mostra alguns exemplos típicos de máquinas de
deslocamento positivo. Note que, neste tipo de máquina, um dispositivo realiza trabalho no fluido (uma parede
se movimenta contra a força de pressão).
As instalações para água e esgoto geralmente são equipadas com bombas centrífugas acionadas por
motores elétricos. A figura anterior mostra uma bomba centrífuga acoplada a motor elétrico.
É importante ressaltar que o rendimento η do conjunto bomba-motor é dado por:
bomba motor (Rendimento do conjunto bomba-motor)
Para atender ao seu grande campo de aplicação, as bombas centrífugas são fabricadas nos mais variados
modelos, podendo a sua classificação ser feita segundo vários critérios.
1. Movimento do líquido
a) sucção simples (rotor simples);
b) dupla sucção (rotor de dupla admissão).
2. Admissão do líquido.
a) Radial (tipos voluta e turbina);
b) diagonal (tipo Francis);
c) helicoidal
3. Números de rotores (ou de estágios)
a) um estágio (um só rotor);
b) estágios múltiplos (dois ou mais rotores).
4. Tipo de rotor.
a) rotor fechado;
b) rotor semifechado;
c) rotor aberto;
d) rotor a prova de entupimento ("non clog").
5. Posição do eixo.
a) eixo vertical;
b) eixo horizontal;
c) eixo inclinado.
6. Pressão.
a) baixa pressão (Hm ≤ 15 m);
b) média pressão (Hm de 15 a 50 m);
Hidráulica Paulo Cesar Martins Penteado 45
c) alta pressão (H ≥ 50 m).
Nosso estudo dará ênfase às bombas centrífugas radiais pela simplicidade de sua fabricação em série, e
por sua utilização na maioria das instalações de água limpa para pequenas, médias e grandes alturas de elevação.
Nas bombas centrífugas o líquido penetra no rotor em sentido paralelo
ao eixo de acionamento do mesmo sendo dirigido pelas pás do rotor para a
sua periferia, segundo trajetórias normais ao eixo de acionamento, como
mostrado na figura ao lado.
As primeiras bombas centrífugas foram desenvolvidas por volta de
1600. No entanto, a utilização destas bombas só se tornou comum nos
últimos 80 anos. Antes disto, era mais comum o uso de bombas volumétricas.
A maior utilização de bombas centrífugas só se tornou possível devido ao desenvolvimento de motores de
combustão interna e elétricos de alta velocidade. As bombas centrífugas são máquinas hidráulicas que exigem
velocidades de rotação relativamente altas.
As bombas centrífugas também foram melhoradas, não sendo incomum encontrarmos, na atualidade,
bombas centrífugas de grande capacidade com rendimento próximo de 90% e unidades de menores capacidades
com rendimento maior do que 50%.
A figura a seguir ilustra os principais componentes de uma bomba centrifuga a partir de um corte
transversal.
Em ambas as situações, a altura geométrica de recalque é obtida por intermédio de medição das distâncias
efetuadas com uma trena.
⦁ Altura geométrica total (Hg)
Por definição, a altura geométrica total Hg é obtida fazendo-se: Hg Hr Hs
A figura abaixo mostra a altura geométrica total em cada uma das situações anteriores.
Este ábaco foi executado tendo como base cálculos feitos no Centro de Computação Eletrônica e no
Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo.
O cálculo foi especialmente encomendado por Tigre Tubos e Conexões para seus tubos soldáveis e
roscáveis. Este ábaco é aplicável para tubos soldáveis, por serem os mais usados, e as diferenças que aparecem
quando se usa o ábaco para tubos roscáveis são perfeitamente absorvíveis pelo grau de precisão dos cálculos.
Além da perda de carga contínua ao longo da tubulação, também ocorrem perdas de carga conhecidas
como localizadas, singulares ou secundárias e que ocorrem sempre que há mudança no módulo e/ou na direção
da velocidade. Uma mudança no diâmetro (ou na seção do escoamento) implica uma mudança no módulo da
velocidade. Estas perdas ocorrem sempre na presença das chamadas peças especiais, ou seja, curvas, válvulas,
registros, bocais, ampliações, reduções etc.
As perdas de carga localizadas são calculadas a partir do método dos comprimentos equivalentes. Nesse
método adiciona-se à canalização existente, apenas para efeito de cálculo da perda de carga, comprimentos de
Hidráulica Paulo Cesar Martins Penteado 51
tubo (de mesmo diâmetro que o da canalização existente) que causaria a mesma perda de carga na peça especial.
Desse modo, a perda de carga no sistema como um todo poderá ser calculada com a fórmula de Darcy-Weisback.
A tabela a seguir mostra o comprimento equivalente de alguns acessórios.
Tabela Equivalência das perdas de cargas localizadas, em metros de canalização de PVC rígido ou cobre
Já vimos como calcular a perda de carga total em um dado sistema hidráulico, ou seja, sabemos como
calcular o valor de Hp.
A figura a seguir mostra a instalação de um conjunto elevatório. A altura manométrica total Hm deve levar
em consideração as perdas de carga
Os motores elétricos brasileiros são normalmente fabricados com as seguintes potências, em HP:
1/4, 1/3, 1/2, 3/4, 1, 1 1/ 2 , 2, 3, 5, 6, 7 1/ 2 , 10, 12, 15,
20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 80, 100, 125, 150, 200 e 250.
Para potências maiores os motores são fabricados sob encomenda.
O rendimento das máquinas até certo ponto pode variar com a potência, por motivos construtivos, sendo
mais elevado para as grandes máquinas. Os motores elétricos empregados por determinado fabricante de
bombas, por exemplo, acusaram em média os seguintes rendimentos:
Deve-se ressaltar que a pressão atmosférica varia com a altitude do local, em relação ao nível do mar,
conforme indica a tabela a seguir.
Altitude (m) 0 150 300 450 600 750 1000 1250 1500 2000
patm (m.c.a.) 10,33 10,16 9,98 9,79 9,58 9,35 9,12 8,83 8,64 8,08
Nesses pontos extremos, além do baixo rendimento, há a possibilidade de operação fora dos pontos limites
da mesma que, sendo à esquerda, ponto (1), poderá não alcançar o ponto final de uso pois estará operando no
limite máximo de sua pressão e mínimo de vazão. Após este ponto a vazão se extingue, restando apenas a
pressão máxima do equipamento denominada schut-off.
Ao passo que, operando-se à direita da curva, ponto (2), poderá causar sobrecarga no motor. Neste ponto a
bomba estará operando com máximo de vazão e mínimo de pressão aumentando a potência absorvida pela
mesma.
Esta última posição é a responsável direta pela sobrecarga e queima de inúmeros motores elétricos em
situações não previstas pelos usuários em função do aumento da vazão, com consequente aumento de corrente
do motor.
Se as duas curvas anteriores forem colocadas num mesmo gráfico, do
modo mostrado na figura ao lado, o ponto de intersecção delas (ponto A)
representa o ponto de operação do sistema. Isto é, este ponto fornece a
vazão e a carga que satisfazem tanto a equação de sistema quanto a
equação da bomba. Observe que se a equação que descreve o sistema for
alterada, o ponto de operação da bomba também será deslocado.
Considere certa bomba instalada num sistema. Se, por exemplo, o atrito do conduto aumentar devido às
incrustações, a curva do sistema mudará e isto provocará um deslocamento do ponto de operação no diagrama.
Note que, nestas condições, nós detectaremos uma redução na vazão e na eficiência da bomba.
É importante ressaltar que, ao projetar um sistema hidráulico, o ponto de operação do sistema esteja
localizado o mais próximo possível do ponto de maior eficiência da bomba.
⦁ Bombas em paralelo
Quando duas bombas semelhantes operam em paralelo, a vazão correspondente a uma determinada altura
manométrica total é igual à soma das vazões de cada bomba na mesma altura manométrica total considerada.
Desta forma, a curva correspondente à associação em paralelo de duas bombas iguais tem uma vazão igual ao
dobro da vazão de cada bomba operando individualmente.
EXERCÍCIOS – SÉRIE 8
Admita que a perda de carga entre o tanque e a entrada da bomba é devida a um filtro na entrada do tubo
(coeficiente de perda de carga singular, K L f L 20 ). As outras perdas podem ser desprezadas. A tubulação de
D
sucção da bomba apresenta diâmetro igual a 101,6 mm. Considere que a pressão de vapor da água a 27 °C é
3495 Pa, γ = 9774,8 N/m3 e g = 9,8 m/s2.
Resposta: 2,28 m
3. As curvas características de duas bombas, para uma determinada rotação constante, são mostradas na
tabela a seguir.
Q (m3/s) 0 0,006 0,012 0,018 0,024 0,030 0,036
HA (m) 22,6 21,9 20,3 17,7 14,2 9,7 3,9
ηA (%) 0 14 34 60 80 80 60
HB (m) 16,2 13,6 11,9 11,6 10,7 9,0 6,4
ηB (%) 0 14 34 60 80 80 60
Uma dessas duas bombas deverá ser utilizada para bombear água através de uma tubulação de 0,10 m de
diâmetro, 21 m de comprimento, fator de atrito f = 0,020 e altura geométrica de 3,2 m. Selecione a bomba mais
indicada para o caso. Justifique. Para a bomba selecionada, quais serão a vazão e a potência requerida? Despreze
as perdas localizadas e adote g = 9,8 m/s2.
Resposta: Deve-se escolher a bomba B, que funcionará com carga de 7,26 m, vazão de 0,035 m3/s e
rendimento de 63,33%. A potência requerida será de 3,93 kW.
4. Conhecidas a vazão e a altura manométrica total do sistema hidráulico, uma forma simplificada de se
fazer a escolha da bomba de recalque, é a partir do diagrama de modelos e potências de bombas do fabricante,
como a mostrada na figura a seguir.
5. Foram adquiridas duas bombas iguais com capacidade de 60 L/s e 45 m de altura manométrica. Verificar
as condições para funcionamento em conjunto.
Resposta: Se essas duas bombas funcionarem em série, poderão recalcar os mesmos 60 L/s contra uma
altura manométrica de 90 m. Se forem instaladas em paralelo, a vazão resultante será de 120 L/s e a altura
dinâmica de elevação continuará a ser de 45 m (admitindo-se a mesma perda de carga na canalização). As
bombas de capacidade diferentes funcionarão satisfatoriamente em paralelo se elas tiverem características
semelhantes.
6. As curvas características de uma bomba instalada em um local com altitude de 1200 m (patm = 9,034 mca)
são representadas pelas equações abaixo:
H = 40,0 + 3,70∙Q − 5∙Q2 [mca; L/s]
η =45,00∙Q − 15,00∙Q2 [%; L/s]
NPSHR = 0,10∙Q2 [mca; L/s]
A máquina deve elevar água entre dois reservatórios abertos que se encontram separados por uma altura
estática total de 20 m e as perdas de carga nos trechos de sucção e recalque são dadas, respectivamente, por:
Hps = 1,00∙Q2 e Hpr = 5,00∙Q2 [mca; L/s]
a) Determine a vazão e altura manométrica total do sistema.
b) Calcule o rendimento e a potência (CV) de acionamento no eixo da bomba na condição de equilíbrio.
c) Verifique a ocorrência de cavitação no ponto de equilíbrio considerando que a temperatura da água é de
30 °C (pvapor = 0,44 mca) e que a altura geométrica de sucção é 3,5 m.
d) Para as condições do item anterior, isto é na vazão do ponto de equilíbrio, calcule a máxima altura
geométrica de sução de forma a obter NPSHR + 0,6 m = NPSHD.
e) Se fosse necessário operar o sistema com vazão de 1,3 L/s, qual seria a perda de carga localizada
introduzida pelo fechamento de um registro.
Respostas: a) 1,527 L/s e 34 m; b) 33,74% e 2,0 CV; c) Não vai ocorrer cavitação, pois NPSHD = 2,762 m >
NPSHR = 0,233 m; d) 5,43 m; e) 6,22 m
Se ao longo do tempo o vetor velocidade não se alterar em módulo, direção e sentido em qualquer ponto
determinado de um líquido em movimento o escoamento é qualificado como permanente. Nesse caso as
características hidráulicas em cada seção independem do tempo (essas características podem, no entanto, variar
de uma seção para outra, ao longo do canal: se elas não variarem de seção para seção ao longo do canal o
movimento será uniforme).
Considerando-se agora um trecho de canal, para que o movimento seja permanente no trecho, é
necessário que a quantidade de líquido que entra e que sai mantenha-se constante.
Consideremos um canal longo, de forma geométrica única, com uma certa rugosidade homogênea e com
uma pequena declividade, com uma certa velocidade e profundidade. Com essa velocidade ficam balanceadas a
força que move o líquido e a resistência oferecida pelos atritos internos e externo (este decorrente da rugosidade
das paredes).
Aumentando-se a declividade, a velocidade aumentará, reduzindo-se a profundidade e aumentando os
atritos (resistência), sempre de maneira a manter o exato balanço das forças que atuam no sistema.
Não havendo novas entradas e nem saídas de líquido, a vazão será sempre a mesma e o movimento será
permanente (com permanência de vazão). Se a profundidade e a velocidade forem constantes (para isso a seção
de escoamento não pode ser alterada), o movimento será uniforme e o canal também será chamado uniforme
desde que a natureza das suas paredes seja sempre a mesma.
Nesse caso a linha d'água será paralela ao fundo do canal.
Considerando-se a velocidade média em determinada seção como igual a 1 pode-se traçar o diagrama de
variação da velocidade com a profundidade, mostrado a seguir.
e) Com maior aproximação do que na relação anterior, tem-se: v med v 0,2 v 0,8 .
2
v 0,2 v 0,8 2 v 0,6
d) A velocidade média também pode ser obtida partindo-se de: v med
4
Essa última expressão é mais precisa e será a adotada aqui.
A equação de Manning é: v Rh So
2/3 1/2
(Equação de Manning)
n
n
O parâmetro n é o coeficiente de resistência de Manning. O valor deste parâmetro é função das
características da superfície molhada do canal e deve ser obtido por via experimental. Note que o parâmetro não
é adimensional, pois apresenta unidade s/m1/3. Ainda assim, a equação de Manning é muito utilizada mesmo que
o coeficiente n seja dimensional.
A tabela mostrada a seguir apresenta alguns valores de n com unidades compatíveis com o SI.
IMPORTANTE
A equação de Manning deve ser aplicada somente para regime turbulento e somente é válida quando:
n 6 R S0 1,9 1013
1/2
h 1/2
n So
Observe que o segundo membro da equação é um valor conhecido e existem diversas combinações de
geometria que satisfazem os dados fornecidos. A obtenção destes valores pode ser feita por tentativa e erro.
⦁ Limites de velocidade
A velocidade máxima leva em conta a natureza do material que constitui o canal e é definida como a
velocidade acima da qual ocorre erosão do material.
No caso de esgotos deve-se evitar pequenas velocidades que causam a deposição da descarga sólida.
Grandes dimensões da seção originam pequenas velocidades em virtude da grande largura do fundo. Neste caso
recorre-se ao uso de pequenas caleiras incorporadas no fundo dos canais.
EXERCÍCIOS – SÉRIE 9
1. Um canal tem declividade S0 = 0,0005 m/m, n = 0,015, área molhada A = 12,2 m2, perímetro molhado
P = 11,2 m e raio hidráulico Rh =1,09 m. A equação de Manning pode ser usada? Se sim, determine a vazão.
Resposta: Sim, pois: n6 (Rh∙S0)1/2 = 2,66∙10–13 1,9∙10–13. Q = 19,3 m3/s
4. Qual é a vazão em um canal de terra dragado (n = 0,025) com seção trapezoidal e com taludes inclinados
de 1:1 (V:H) cuja altura de água seja de 1,3 m, base menor do canal igual a 1,80 m e declividade do fundo do canal
igual a 0,05 %? Determine também a velocidade média do escoamento.
Resposta: Q = 2,94 m3/s e v = 0,73 m/s
8. Um coletor de esgoto (seção circular) com 400 mm de diâmetro tem declividade de 0,9 %. Calcular a
vazão e a velocidade da água, sendo que o coletor funciona a meia seção. Utilizar o coeficiente de rugosidade de
Manning n = 0,013.
Resposta: 0,099 m3/s; 1,57 m/s
9. Calcule o diâmetro de um bueiro circular de concreto (n = 0,014) capaz de transportar 1,25 m3/s, com
uma declividade de 0,3%. Exige-se que a altura de escoamento atinja no máximo 75% do diâmetro do bueiro.
Resposta: 1,05 m.
10. Um bueiro circular de concreto (n = 0,015) deverá conduzir uma vazão máxima prevista de 2,36 m3/s
com declive de 0,02%. Determine o diâmetro do bueiro de forma que a altura da seção de escoamento atinja no
máximo 90% do diâmetro do bueiro (h = 0,9D) e a velocidade média do escoamento..
Resposta: 2,13 m; 0,7 m/s.
Resposta: Por tentativa, determina-se h de modo que A∙Rh2/3 = 0,593. Obtém-se h = 1,01 m com velocidade
1,35 m/s e folga de 0,20 m. Veja a tabela a seguir.
h A = 0,6∙h −0,5∙h2 P = 0,6 +2,24∙h Rh = A/P Rh2/3 A∙Rh2/3 Valor conhecido
1,00 1,10 2,84 0,387 0,531 0,584 < 0,593
1,20 1,44 3,28 0,439 0,577 0,832 > 0,593
1,05 1,15 2,95 0,390 0,534 0,614 > 0,593
1,02 1,12 2,88 0,389 0,533 0,597 > 0,593
1,01 1,11 2,86 0,388 0,532 0,591 0,593
10. BARRAGENS
10.1 Breve histórico
A primeira barragem da qual se tem notícias foi construída no rio Nilo pouco antes de 4000 a.C. Serviu para
desviar o rio Nilo e deixar livre um local para a antiga cidade de Menfis. Essa barragem não existe mais. A
barragem mais antiga, ainda em operação, é a de Almanza, localizada na província espanhola de Albacete. Essa
barragem, do tipo arco, foi construída em alvenaria de pedra bruta. Sua operação iniciou em 1384 e foi reformada
em 1736 (Linsley & Franzini, 1978). Com o decorrer do tempo materiais e métodos de construção foram se
aperfeiçoando permitindo construir grandes barragens como Hoover Dam no rio Colorado (USA), Itaipu no rio
Paraná (Brasil) e Três Gargantas no rio Yang Tsé (rio Azul na China).
⦁ Segurança de barragens
Uma das maiores agressões a que o meio ambiente e a sociedade podem ser submetidos é o rompimento
de uma barragem trazendo grandes danos sociais, ambientais e econômicos. As principais causas de colapso
estão relacionadas às fundações, sobretudo no que diz respeito à avaliação correta das forças ascensionais
(subpressão) e da percolação (piping). Eventos hidrológicos extremos, terremotos e deslizamentos, erros na
operação hidráulica do vertedouro, erros de projeto, recalques também caracterizam pontos críticos na
segurança das barragens.
Empresas de geração de energia e de abastecimento de água realizam, normalmente, projetos bem
elaborados, tendo em vista as responsabilidades envolvidas – as barragens são, normalmente, de grande porte.
Por outro lado, a maneira até certo ponto empírica com que são construídas as barragens de rejeitos de
indústrias de papel e celulose ou mineradora, além de pequenos açudes, expõe a população a ameaças
constantes.
Barragens em Arco – Transmitem às encostas, por ação do arco, a maior parte do empuxo horizontal
exercido sobre elas pela água represada e podem ter seções transversais mais esbeltas do que as barragens por
gravidade de mesmo porte. Só podem ser construídas em vales profundos e estreitos, com vertentes capazes de
resistir aos esforços transmitidos pelo arco.
Barragens de Contrafortes – o tipo mais simples é em lajes planas, que consiste em placas inclinadas
apoiadas em contrafortes dispostos a intervalos determinados.
O esquema a seguir mostra os perfis de dez grandes barragens norte-americanas e suas respectivas alturas,
em metros (algumas são em arco).
Em outras palavras, se –h/6 ≤ e ≤ h/6, a tensão no bloco ao longo da borda AB ou CD será nula ou
permanecerá como tensão de compressão.
Às vezes, esse resultado é denominado "regra do terço médio".
Portanto:
Os esforços de tração são anulados desde que se mantenha a resultante dentro do terço médio da base.
É muito importante ter sempre essa regra em mente ao se carregarem colunas ou arcos que têm seção
transversal retangular e são feitos de materiais como pedra ou concreto, que só podem suportar pouca ou
nenhuma tensão de tração.
3. Numa fazenda deseja-se construir uma pequena barragem retangular de pedra (γ = 2250 kgf/m3),
assentada sobre rocha. A altura da barragem e a profundidade da água valem 1,20 m. Determinar a espessura de
modo a satisfazer as condições de estabilidade.
Resposta: 0,80 m
11. VERTEDORES
11.1 Definição e aplicações
Quanto à forma:
⦁ Simples (retangulares, trapezoidais,
triangulares);
⦁ Compostos (seções combinadas – duas ou mais
formas geométricas).
Na foto ao lado, à esquerda, vê-se um vertedor
de forma simples (retangular) utilizado para medir
grandes vazões. À direita há um vertedor de seção
composta (retangular na parte superior e triangular em
baixo). A forma triangular é apropriada para medir
vazões pequenas com precisão.
⦁ Vertedor retangular
No caso de um vertedor, fazendo-se h1 = 0 e h2 = H, essa equação fica: Q 2 Cd L 2 g H 3/2 .
3
Ou de forma mais simplificada: Q K L H 3/2 , sendo K 2 Cd 2 g .
3
O valor médio geralmente adotado em problemas para o coeficiente de descarga é Cd = 0,62.
Nesse caso, K = 1,838. Ficamos, então, com:
Q 1,838 L H 3/2 (Fórmula de Francis para vertedor sem contração lateral)
A inclinação das faces foi estabelecida de modo que a descarga através das partes "triangulares" do
vertedor correspondesse aos decréscimos de descarga, devido às contrações laterais, com a vantagem de evitar a
correção nos cálculos. Para essas condições, o talude resulta 1:4 (1 horizontal para 4 vertical).
Para este tipo de vertedor tem-se:
Q 1,86 L H 3/2 (Vertedor Cipolletti)
⦁ Vertedor triangular
Os vertedores triangulares possibilitam maior precisão na
medida de cargas correspondentes a vazões reduzidas. São
geralmente trabalhados em chapas metálicas. Na prática, somente
são empregados os que têm forma isósceles, sendo mais usuais os
de 90°. Para esses vertedores, adota-se a fórmula de Thompson:
Q 1,4 H 5/2 (Fórmula de Thompson)
Na fórmula de Thompson, Q é a vazão, dada em m3/s, e H, a carga, dada em m.
O coeficiente dado (1,4), na realidade, pode assumir valores entre 1,40 e 1,46.
EXERCÍCIOS – SÉRIE 11
1. Está sendo projetado o serviço de abastecimento de água para uma cidade do interior. A população atual
é 3200 habitantes; a futura, 5600 habitantes. O volume médio de água por habitante é de 200 L/dia, sendo 25% o
aumento de consumo previsto para os dias de maior consumo. Pensou-se em captar as águas de um córrego que
passava nas proximidades da cidade e, para isso, procurou-se determinar a sua descarga numa época
desfavorável do ano, tendo sido empregado um vertedor retangular, executado em madeira chanfrada e com
0,80 m de largura (largura média do córrego = 1,35 m). A água elevou-se a 0,12 m acima do nível da soleira do
vertedor. Verificar se esse manancial é suficiente para abastecer a cidade.
Resposta: O córrego tem uma vazão de 43 L/s, suficiente para abastecer a cidade (16 L/s).
5. Deseja-se construir um vertedor trapezoidal (Cipolletti) para medir uma vazão de 500 L/s. Determine a
largura da soleira deste vertedor, para que a altura d’água sobre a soleira não ultrapasse a 60 cm.
Resposta: L = 0,58 m = 58 cm
6. Qual a descarga (vazão) de um vertedor triangular, de 90°, sob uma carga de 15 cm?
Resposta: Q = 12,2 L/s