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A RTIGO DE REVISÃO

Volume 2 Outubro – Dezembro 2008 Número 4

MELATONINA E A GLÂNDULA PINEAL


Melatonin and pineal gland

Miguel Nasser Hissa1, Gabrielle Gurgel Lima², Juliana


Caminha Simões², Rachel Teixeira Leal Nunes².

1.
Especialização em Endocrinologia
pela Pontifícia Universidade
SUMÁRIO
Católica do Rio de Janeiro, mestre
em Medicina Clínica pela
Introdução
Universidade Federal do Ceará, Retrospecto histórico
professor adjunto do Departamento
de Medicina Clínica da UFC,
Desenvolvimento filogenético
Membro titular da Sociedade Estrutura e regulação
Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia Regional Ceará, fellow
Função fisiológica da pineal
do Colégio Americano de Calcificação da pineal
Endocrinologia Clínica.
2.
Acadêmico de medicina – Tumores da pineal e outras patologias
Universidade Federal do Ceará Melatonina e câncer
* Autor para correspondência: Conclusão
Gabrielle Gurgel Lima
Esta revisão discute a importância da melatonina e da glândula pineal na regulação
Universidade Federal do Ceará
Rua monsenhor Furtado 1438/101- de fenômenos rítmicos diários e sazonais e a ação dos co-transmissores noradrenalina
103 e ATP que, através de uma inervação simpática, promovem a síntese de melatonina
Bairro: Rodolfo teófilo e os circuitos neurais envolvidos nesse controle. A fim de rever desde o aspecto
CEP: 60430350
Fax: (85) 2423241 histórico até o conhecimento atual da glândula pineal, foi realizada pesquisa de
e-mail: gabi_gurgel@yahoo.com.br sessenta e cinco artigos na literatura médica nacional e internacional. A pineal
apresenta também participação em processos fisiopatológicos, em especial tumores,
manifestando-se através de cefaléia, distúrbios visuais e oculomotores, papiledema,
vômitos, diabetes insípido e alterações da puberdade. Ressalta-se também a
relevância dos núcleos supraquiasmático e paraventricular hipotalâmicos, assim
como outras estruturas e vias neurais como o folheto intergeniculado talâmico, a via
direta de projeção central e a área retroquiasmática. Foram descritos os mecanismos
de ação da melatonina, através de receptores de membrana e efeitos intracelulares.
A revisão discute também a participação deste hormônio em processos
fisiopatológicos, distinguindo ações endócrinas e parácrinas.

Palavras chaves: melatonina, glândula pineal


REPM Vol 2(4): 1-10 , 2008

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Introdução Em 1918, foi considerado por um anatomista


sueco, Nils Holmgren, como um órgão fotoreceptor
oucas estruturas de tão diminuto
ou um “terceiro olho” nos anfíbios; e no homem,

P
tamanho foram objeto de tantas
nesta época, porém, um mero vestígio calcificado.
especulações e por tão longo período
Até 1959 poucos foram os trabalhos relacionados
quanto a pineal. A concepção de sua
à pineal. Nesse ano Lerner e cols (4) isolaram da
função pelo homem tem sofrido pineal bovina um hormônio, a melatonina e a partir
numerosas modificações.
daí, outros hormônios foram sendo descritos (5-8).
Renné Decartes a descreveu como a sede da Nos anos 60, foi descrita a capacidade da pineal de
alma e, à medida que a glândula pineal vem sendo
secretar melatonina em resposta a impulsos nervosos
mais intensamente investigada, sobretudo nas
controlados negativamente pela luz ambiental que
últimas três décadas, o seu envolvimento na
atuam sobre a retina (9-11).
modulação de sistemas endócrinos específicos, em
Este conceito tem, desde então, sido pesquisado
particular o sistema gonadal, tem-se tornado mais
e confirmado por centenas de relatos científicos.
claro.
Passou-se então, a pineal, de uma simples estrutura
Este artigo tem por objetivo revisar aspectos remanescente e sem significado biológico, para um
relevantes da glândula pineal no que concerne à
órgão de importante atividade metabólica, um
literatura histórica, desenvolvimento filogenético, transdutor neuroendócrino, cujo principal hormônio,
anatomia, além dos aspectos histológicos e
a melatonina, poderá ter funções importantes em
fisiológicos conhecidos até hoje. Além disso,
uma variedade de células endócrinas e não-
discutiremos as substâncias biológicamente ativas
endócrinas no organismo (12-15).
que têm sido identificadas nessa glândula, com
ênfase particular na melatonina e suas funções Desenvolvimento Filogenético
fisiológicas e comentaremos brevemente sobre a
Do ponto de vista filogenético, constata-se que a
calcificação e da patologia tumoral da pineal com pineal faz parte do plano geral de organização de
suas manifestações clínicas neurológica e
todos os vertebrados (16). É constituída de células
endócrina.
com características anatômicas de função
neurosecretora, contendo material biologicamente
Retrospecto Histórico
ativo. De mesma origem embrionária que os olhos
A glândula pineal foi primeiramente descrita há
laterais nos vertebrados inferiores, como peixes,
mais de 2300 anos por um anatomista da
anfíbios, répteis e algumas aves, as células da pineal
Alexandria, Herophilos (280 AC), o qual atribuiu a formam uma verdadeira estrutura sensitiva a luz,
pineal, a função de válvula controladora do fluxo
apresentando componentes semelhantes aos
de informações através do cérebro.
fotorreceptores da retina de mamíferos (16). Nessas
Subsequentemente, um médico grego, Galen (129 –
classes animais, a pineal é conectada diretamente
200 DC) comparou a pineal às glândulas linfáticas.
ao sistema nervoso central aferente e
Estes dois conceitos perduraram até o século XVII,
eferentemente através do seu pendúculo (17).
quando René Descartes (1596 – 1650), um renomado
Em vertebrados superiores, todo vestígio de
filósofo francês, designou a pineal como a sede da função receptora de luz está ausente e a atividade
alma (1).
secretora emerge como feição dominante. Nos
Gibson, no entanto, foi de encontro a essa mamíferos, as conexões nervosas diretas ao cérebro
idéia e a descreveu como uma glândula semelhante
são perdidas e a pineal passa a ser comandada
à pituitária, tendo a função de separar a linfa do
indiretamente pelo ciclo da luz ambiental
sangue.
(claridade-escuridão). Isso ocorre através de
Coerentes com a idéia de Descartes, muitos
projeções da retina para estruturas diencefálicas,
médicos nos séculos XVII e XVIII, passaram a
que, por sua vez, projetam-se para o sistema
correlacionar a pineal e sua calcificação a doenças
autônomo simpático cervical e em seguida para a
psiquiátricas e a loucura (2). Em 1899, Ogle na pineal (13,16).
Inglaterra e Otto Heubner (3) na Alemanha
Comum a todos os vertebrados, portanto, é o
publicaram, de forma independente, os primeiros
caráter de órgão endócrino, cuja produção hormonal
relatos de caso de puberdade precoce associados a
é controlada pelo ciclo de iluminação ambiental. A
tumores da pineal, que recebeu, então, o tributo
produção de melatonina é exclusivamente noturna, e
de glândula supressora da puberdade devido a
a magnitude e duração de sua concentração no meio
algum hormônio por ela secretado.
extracelular estão na estrita dependência da

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duração do período de escuro da alternância dia- maior parte desse suplemento sangüíneo é dado por
noite. Como corolário dessa flutuação diária, a ramos originados das artérias coroidais posteriores
melatonina circulante tem também seu perfil (16). A pineal difere da quase totalidade do cérebro
plasmático variável de acordo com noites mais pela ausência da barreira hematoencefálica, porém
longas ou curtas, típicas das diversas estações do se assemelha a outras glândulas periventriculares,
ano. como eminência média, órgão subfornical (SFO) e
Essas características de produção e secreção de órgão subcomissural (SCO), por serem derivados das
melatonina determinam, portanto, o papel células ependimal do teto do III ventrículo (2).
fisiológico da glândula pineal: sinalizar para o meio Histologicamente seu parênquima é constituído
interno, pela alternância entre a presença (ou por dois tipos de células: os pinealócitos e as
maior concentração) e ausência (ou menor neuroglias. Os pinealócitos são predominantes,
concentração) diária (amplitude da curva estando organizados em cordões e repousando sobre
circadiana) de seu principal hormônio (melatonina) membrana basal, onde se relacionam com o espaço
na circulação e nos diversos líquidos corpóreos, se é intersticial. Dois hormônios são produzidos pelos
noite ou dia no meio exterior e, ainda, através das pinealócitos, as indolaminas (predominantemente
características do seu perfil plasmático noturno melatonina - MLT) e os peptídeos (como a arginina –
(duração do episódio secretório de melatonina), vasotocina) (1,5,19). Este último hormônio é um
qual é a estação do ano. nonapeptídeo, filogeneticamente primitivo e
Dessa forma, a glândula pineal, relacionado aos hormônios neurohipofisários.
associadamente aos núcleos supraquiasmáticos A inervação simpática é fundamental para a
hipotalâmicos, constitui parte importante do regulação da função da pineal, consistindo de
sistema neuroendócrino responsável, em última fibras noradrenérgicas originadas no gânglio
instância, pela organização temporal dos diversos simpático cervical e finalizadas no espaço
eventos fisiológicos e comportamentais, intersticial da glândula pineal ou nas membranas
necessidade fundamental para a adaptação do plasmáticas dos pinealócitos. O afluxo nervoso
indivíduo e da espécie às flutuações temporais simpático até a pineal é regulado, por sua vez, por
cíclicas do meio ambiente (18). impulsos originados no núcleo supraquiasmático
(NSQ) do hipotálamo antero-basal. Esse núcleo
Estrutura e Regulação recebe estímulos nervosos diretos da retina (trato
A glândula pineal encontra-se no centro do retino-hipotalâmico), que transmite informações
cérebro, atrás do terceiro ventrículo (19) e mede, sobre luz e escuridão indepedente da percepção
no adulto, aproximadamente 8x4 mm e pesa consciente. A partir do NSQ, descendem axônios
aproximadamente 0,1 a 0,18 gramas. que fazem sinapses com neurônios autonômicos da
Origina-se de uma evaginação do diencéfalo, coluna intermedio-lateral da medula torácica
adquire um formato cônico e aloja-se na região superior; daí os axônios pré-ganglionares deixam a
epitalâmica entre as comissuras posterior e medula, fazendo sinapses com os neurônios do
habenular. Um pequeno recesso ependimal do III gânglio cervical superior, de onde emergem os
ventrículo estende-se para a curta haste, o que neurônios pós-ganglionares que finalmente
permite a conexão do corpo da pineal ao teto do terminam na pineal (1). É através desse caminho
diencéfalo. Encontra-se quase toda envolvida pela neural que a luz externa regula a atividade da
pia mater (16). pineal. Normalmente, durante o dia, a luz inibe a
A glândula pineal apresenta uma intensa produção de melatonina. Inversamente, a
irrigação sangüínea, sendo o segundo órgão produção de melatonina é estimulada à noite. A
(perdendo somente para o rim) com maior fluxo de secção da inervação simpática ou o uso de
sangue em relação à massa de tecido. Os bloqueadores α-adrenérgicos inibem a atividade
numerosos capilares entre as células metabólica da célula da pineal (20).
parenquimatosas permitem intensa atividade
metabólica. O endotélio da pineal é fenestrado. A Função Fisiológica da Pineal
irrigação sanguínea é maior durante o período A glândula pineal mamária é um transdutor
noturno, estando provavelmente relacionado ao neuroendócrino. A informação óptica da retina é
aumento do metabolismo indólico nesse período. A transmitida à pineal através do núcleo
remoção do gânglio cervical superior diminui supraquiasmátio do hipotálamo e sistema nervoso
concomitantemente a atividade metabólica da simpático. A entrada neural à glândula é
glândula e 2/3 do seu fluxo sangüíneo normal. A norepinefrina e a saída é melatonina (19).

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A pineal contém uma série de substâncias intestino e células sangüíneas, o estudo da via de
biologicamente ativas que são sintetizadas por ela síntese, em diferentes espécies foi realizado em
própria ou simplesmente armazenadas e que irão pineal e retina. A melatonina plasmática reflete a
exercer suas ações primárias à distância após serem melatonina sintetizada na pineal, enquanto a
secretadas. Incluem aminas biogênicas melatonina sintetizada na retina tem uma ação
(norepinefrina, serotonina, histamina, melatonina e local. A síntese de melatonina, tanto na pineal
outras indolaminas relacionadas, dopamina e quanto na retina é passível de controle pela luz (18).
octopamina), peptídeos (LHRH, TRH, somatostatina Nos humanos, a secreção de melatonina
e vasotocina) (5-8,21-24) e ácido gama- aumenta logo após o início da escuridão, com picos
aminobutírico (GABA) (25). De todas essas no meio da noite (entre duas e quatro da manhã), e
substâncias, a mais estudada é a melatonina. cai gradualmente durante a segunda metade da
Terminações simpáticas do gânglio cervical noite. Há modulações diárias e sazonais de uma série
superior liberam norepinefrina de acordo com um de processos fisiológicos que estão relacionados a
ritmo circadiano, o qual está relacionado ao ciclo melatonina. O ritmo circadiano da secreção de
claro-escuro do meio ambiente, aumentando a melatonina é da origem endógena, refletindo os
secreção do neurotransmissor durante a fase sinais que originam no núcleo supraquiasmático (27).
escura. Na biossintese da melatonina, o triptofano As concentrações séricas da melatonina variam
é primeiro convertido pela triptofano hidroxilase a consideravelmente de acordo com a idade (19). Ela é
5-hidroxitriptofano, que é descarboxilada a máxima nos primeiros anos de vida, caindo
serotonina. Esta é acetilada a N-acetilserotonina, a imediatamente precedendo a puberdade e tornando-
qual é O-metilada, resultando na melatonina. As se mínima com a idade avançada. Dessa forma,
enzimas responsáveis por estas duas fases são a postula-se para a melatonina também um
arilalquilamina N-acetiltransferase (NAT) e a importante papel na determinação das modificações
hidroxi-indol-O-metiltransferase (HIOMT). A enzima fisiológicas associadas ao ciclo de vida (crescimento,
NAT apresenta um robusto ritmo diário, atingindo amadurecimento e envelhecimento) (18).
concentrações 100 vezes superiores na fase de A luz tem dois efeitos na melatonina: os ciclos
escuro, quando comparado à fase de claro. O ritmo de luz dia-noite modificam o ritmo de sua secreção e
da segunda enzima é menos evidente, mas HIOMT os pulsos curtos de luz de intensidade e duração
participa da regulação sazonal da produção de suficientes suprimem abruptamente sua produção.
melatonina. Esta variação diária na enzima NAT faz Em indivíduos normais, a exposição à luz inibe a
com que a redução dos níveis de serotonina na fase secreção de melatonina em uma maneira dose-
de escuro seja acompanhada por aumento das dependente (28).
concentrações de N-acetilserotonina e melatonina Há evidências de que a pineal através de suas
(18). secreções possa interagir com a adenohipófise,
A norepinefrina age em receptores a1 e b1 na modulando a liberação de seus hormônios. Alguns
glândula pineal, determinando a ativação da trabalhos iniciais demonstraram que a estimulação
enzima chave aril-alkilamina N-acetiltransferase da atividade da pineal in situ inibe a proliferação da
(ou serotonina acetiltransferase), o que determina célula pituitária normal (29-31). Por outro lado,
a produção circadiana da melatonina (19,26). também tem sido demonstrado que hipofisectomia
As duas principais vias de metabolização da conduz a alterações atróficas na glândula pineal,
melatonina ocorrem no fígado e no cérebro. No sugerindo um efeito feedback regulador da pituitária
fígado ocorre a hidroxilação da melatonina sobre o desenvolvimento e função da pineal (32). A
formando 6-hidroximelatonina, seguida de uma maioria dos trabalhos que correlacionam essas
conjugação com sulfato ou glucoronato, sendo glândulas concerne ao desenvolvimento da função
posteriormente excretada na urina. No tecido sexual (33-40).
cerebral, a melatonina é convertida em N-g-acetil- Além dos efeitos sobre as gônadas, a pineal
2-formilmetoxiquinurenamina que sofre degradação parece interferir sobre a secreção do hormônio de
imediata à N-g-acetil-5-metoxiurenamina. Outras crescimento e as funções da tireóide e adrenal,
vias metabólicas menos importantes são a formação através dos eixos adenohipófise-tireoide/adrenal.
de N-acetilserotonina, e de 2-hidroximelatonina Estes fatos são atribuídos a melatonina.
cíclica, ocorrendo em várias células (18). Atualmente sabe-se que a melatonina é um
A melatonina é sintetizada na glândula pineal e hormônio que possui diferentes funções; atuando
na retina. Apesar de ter sido referida síntese de como um agente endócrino ou parácrino. Como
melatonina em outros locais, como, por exemplo, função mais abrangente, a melatonina ajusta a

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resposta do organismo às condições de escuro, se depositam sobre uma matriz (produzida pelos
permitindo que haja uma adaptação às atividades e pinealócitos) intersticial formando nódulos (34).
desempenhos noturnos de cada animal. Na maioria
dos órgãos e tecidos a chegada da melatonina Tumores da Pineal e Outras Patologias
ocorre pela via circulatória e, portanto reflete a Os tumores da pineal apresentam uma
atividade da glândula pineal. Na retina, a ocorrência extremamente baixa, correspondendo 0.4
melatonina é produzida localmente de forma a 1% de todos os tumores cerebrais. Há um discreto
rítmica, e também tem como função adaptar os predomínio no acometimento de sexo masculino,
animais ao escuro. numa proporção de 2 a 3 homens para 1 mulher; a
idade média de sua apresentação clínica tem sido
Calcificação da Pineal relatada, variando de em torno de 13 a 28 anos (42-
A glândula pineal freqüentemente se torna 44). São classificados, conforme o tipo histológico,
calcificada. Inicia-se precocemente na infância, em 3 tipos principais: tumores das células
tornando-se evidente radiograficamente a partir da germinativas, pinealomas e neurogliomas (ver tabela
segunda década de vida. A presença de pineal 1).
calcificada na primeira década de vida é incomum, Os tumores da célula germinativa (TCG) são
devendo-se suspeitar de processos neoplásicos. Não responsáveis por cerca de 50% de todas as neoplasias
ocorre com a mesma prevalência em todas as originadas na glândula pineal (45). São
populações, sendo rara nos Nigerianos (41). Não histologicamente idênticos aos TCG gonadais, porém
apresenta nenhum efeito conhecido sobre a sua apresentam pior prognóstico. Os germinomas
função, uma vez que as concentrações das enzimas representam um dos tipos de TCG que se
características da pineal (hidroxi-O- desenvolvem a partir de células primordiais. Podem
metiltransferase, monoamino oxidase e histamina ocorrer nas gônadas, na linha média do SNC (pineal
N-metiltransferase) são relativamente mantidas ou região supra-selar), no mediastino e na região
constantes durante toda a vida. É formada de sacrococcígea, recebendo denominações variáveis de
cristais de hidróxi-apatita (fosfato de cálcio), que acordo com sua localização: no testículo
(seminomas), no ovário (disgerminoma) e no SNC
Tabela 1: Classificação dos tumores da pineal (germinomas). No amplo espectro de agressividade
dos TCG, os germinomas são considerados de
A. Tumores de células germinativas intermediário grau de malignidade. Diferente dos
1. Germinoma germinomas da região supra-selar que não
2. Teratoma apresentam predileção sexual, os da pineal ocorrem
com mais freqüência no sexo masculino, sendo mais
B. Tumores do parênquima pineal comum em crianças e adolescentes. Quando
1. Pinealocitos acometem a porção posterior do III ventrículo
tendem a destruir a pineal. Os da região anterior
a. Pineocitoma
tendem a ocupar o assoalho e a invadir as paredes
b. Pineoblastoma do III ventriculo, podendo eventualmente apresentar
c. Ganglioglioma uma infra-expansão e invadir infundíbulo, nervos
ópticos e glândula pituitária. Podem disseminar-se
d. Mistos
via liquido cefalorraquidiano. Apesar de sua
2. Glia característica maligna, os germinomas são sensíveis
a. Astrocitoma a radioterapia ou quimoterapia, apresentando um
índice de cura em torno de 80% (46) . Um outro tipo
b. Ependioma de tumor de células germinativas, os teratomas, são
c. Mistos extremamente raros. São neoplasias de caráter
C. Diversos benigno, parcialmente, encapsulado e sólido,
podendo apresentar grandes dimensões. Devido a sua
1.Meningioma invasão local, podem interferir com o fluxo do
2. Sarcoma líquido cefalorraquidiano, ocasionando hidrocefalia
simétrica.
3. Linfomas
Tumores de um segundo tipo são os derivados
4. Metastáticos das células parenquimais, os verdadeiros
D. Cisto da Pineal pinealomas, constituindo-se em torno de 22% dos

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tumores da pineal (43,45). Podem ser de dois gonadotrofinas. Outro mecanismo envolvido nesse
tipos: pinealoblastomas e pinealocitomas. Os processo é a liberação de gonadotrofina coriônica
pinealoblastomas são tumores neuroepiteliais (HCG) pelo germinoma da pineal (coriocarcinoma da
primitivos altamente malignos. Ocorrem pineal) (47-49,51-53). A HCG estimula a produção de
predominantemente em crianças e, com menor testosterona pelas células de leydig testicular,
freqüências, nos adultos jovens. Apresentam levando ao desenvolvimento das características
grande poder invasivo local extendendo-se para o III sexuais secundárias. Isto não ocorre no sexo
ventrículo e espaço sub-aracnoideo, e metastatisam feminino, primeiro pela raridade do tumor nesse
através do líquido encéfalo-raquidiano. Os sexo, e segundo e mais importante, para
pinealocitomas são tumores mais diferenciados, desencadear a liberação de estrógeno pelos ovários
podendo ocorrer em qualquer idade e apresentando são necessários tanto o hormônio luteinizante como
menor incidência de metástase pelo líquido céfalo- o folículo estimulante. Daí de a puberdade precoce
raquidiano (42). ser de ocorrência quase que exclusivamente no sexo
Os gliomas apresentam uma incidência menor masculino.
que 30% dos casos. A maioria é invasivo, porém 1/3 O hipogonadismo é uma outra situação
são císticos e nesse caso podem ser curados endócrina que raramente é devido ao tumor da
cirurgicamente. Outros tumores mais raros na pineal (54). Em crianças impúberes o hipogonadismo
pineal incluem meningiomas, sarcomas, está associado a retardo puberal. Em adultos
hemangioblastoma, linfomas, etc. manifesta-se pela regressão das características
O quadro clínico dos tumores da pineal sexuais secundárias, levando nas mulheres, a
relaciona-se com os seguintes aspectos: tamanho e diminuição do volume mamário e a amenorréia, e
a localização do tumor, levando a distúrbios neuro- nos homens, impotência, infertilidade e diminuição
oftalmológicos [cefaléia, distúrbios visuais, dos pelos androgênicos. Sua patogênese é pouca
papiledema, náusea e vômitos devidos à compreendida, mas provavelmente se deve ao efeito
hidrocefalia e aumento da pressão do líquido de massa do tumor destruindo ou comprimindo
encéfalo-raquidiano, presentes em 90% dos casos; regiões do hipotálamo responsáveis pelo controle da
sinais oculomotores, como nistagmo, síndrome de função gonadotrófica adenohipófisária.
Parinaud e ausência do reflexo foto-reator da Corroborando com esse mecanismo, esses pacientes
pupila (50%)] (44); manifestações endócrinas, poderão apresentar, em concomitância, outras
podendo ocasionar diabetes insípido e alterações da manifestações hipotalâmicos, como diabetes
puberdade e gonadal. insípido, distúrbio da sede, polifagia, obesidade,
O diabetes insípido, embora ocorra em menos sonolência e alteração do comportamento (55).
de 5% dos casos é um dos distúrbios endócrinos
mais comumente associado a neoplasias da pineal Melatonina e Câncer
(47). Geralmente está associado com germinoma As primeiras correlações entre a pineal e o
(48). Deve-se provavelmente à extensão do tumor combate ao câncer datam do final do século XIX
para o hipotálamo e a neurohipófise através de sua (56), quando alguns médicos já ofereciam extratos
expansão através do assoalho do III ventrículo ou de pineal a seus pacientes oncológicos. Em estudo
por implante de metástase na região hipotalâmica pioneiro realizado em 1981 (57), foi injetado o DMBA
(49). Frequentemente associa-se a distúrbios da (7,12-dimetil-benzo-antraceno), substância que
campimetria visual e ao hipopituitarismo (50). estimula o aparecimento de câncer de mama, em um
Cerca de 1/3 dos meninos com tumores da grupo de ratas divididas em um grupo que receberia
pineal que não atingiram a idade puberal a melatonina (MEL) e outro não. Ao fim de noventa
apresentam puberdade precoce (1). Esses tumores dias, 50% das ratas que não receberam MEL
são responsáveis por 10 a 15% de todos os casos de apresentaram tumores, ao passo que nenhuma rata
puberdade precoce no sexo masculino. São que recebeu o hormônio desenvolveu tumores.
neoplasias raras entre as meninas não tendo sido Cessada a administração de MEL ao grupo tratado,
associado com puberdade precoce nesse sexo. 20% dos animais apresentaram tumores. Foi
Evidências neuro-anatômicas apontam que a observada a redução de 31% da MEL na urina de
puberdade precoce se deva a um efeito de massa mulheres com câncer de mama (58), além da
tumoral. Com a expansão da neoplasia, há redução do pico noturno do hormônio em pacientes
compressão ou destruição de áreas diencefálicas com esta doença. Novos estudos demonstraram
que inibem o centro sexual da eminência media, atividade antimitótica da MEL in vitro. Observou-se
levando a um aumento na secreção de crescimento de tumores e tendência à

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metastatização após a pinealectomia (59). Em 1987 iniciação, promoção e progressão; e o estresse


o primeiro ensaio clínico para avaliação da resposta oxidativo participa de todas elas. A ação
do hormônio em humanos foi realizado por Lissoni antioxidante da MEL diminui a formação de radicais
et al., que utilizaram a MEL no tratamento de 20 livres, reduzindo as lesões ao DNA. Com a evolução
pacientes com tumores avançados, com resposta da idade, os níveis de MEL diminuem, o que pode
positiva em 6 pacientes. O período entre o final da contribuir para a maior taxa de doenças oncológicas
década de 90 e o início dos anos 2.000 foi marcado em pacientes mais velhos. Outro efeito benéfico da
pela tentativa de decifrar o mecanismo de ação MEL é a redução da caquexia que acompanha a
através do qual a MEL atuaria sobre a oncogênese, maioria das doenças oncológicas avançadas,
Os efeitos oncostáticos e oncoprotetores da prevenindo a perda de peso e diminuindo a astenia e
MEL podem estar relacionados às suas propriedades os sintomas depressivos (63).
bioquímicas e/ou metabólicas e uma série de Estes efeitos foram mediados, ao menos em
estudos foram realizados a fim de desvendar seu parte, por uma redução na secreção do TNF, cujos
mecanismo de ação. Um mecanismo proposto para níveis foram maiores nos pacientes com doenças
a ação oncostática da MEL é a inibição do GnRH malignas do que nos controles. A MEL interage com
(hormônio liberador de gonadotrofinas), inibindo os medicamentos utilizados na terapêutica
assim a liberação dos hormônios LH (luteinizante) e oncológica. Já foi demonstrado que a MEL aumenta a
FSH (folículoestimulante) e, por conseqüência, sensibilidade das células ao tamoxifeno (64) e essa
reduzindo a produção ovariana de estradiol. Dessa associação pode ser considerada em terapias
forma se reduz a resposta mitogênica do câncer de refratárias a essa substância. A associação da MEL
mama ao estradiol, o que pode explicar os efeitos com a interleucina-2 (IL2) mostrou bons resultados,
protetores da MEL neste tipo de câncer. A MEL como o maior índice de citólise mediada por IL-2
induz um atraso na transição G1/S em linhagens (64). A linfocitose é um importante indicador de bom
MCF-7 do câncer de mama humano e em células do prognóstico do tratamento com IL- 2. Apesar dos
carcinoma JAr in vitro (60). . efeitos oncostáticos e oncoprotetores da MEL serem
Outra hipótese se relaciona à ação da MEL inquestionáveis, os seus mecanismos de ação ainda
sobre resposta imunológica inespecífica. não estão bem esclarecidos. Há evidências de que
Receptores de MEL já foram encontrados em ela atue diferentemente em tipos distintos de câncer
linfócitos T-helper e monócitos (61). Através da e, apesar da existência de teorias consistentes, há
ligação da MEL aos primeiros, há estímulo para a necessidade de novos estudos para a comprovação
produção de interleucina-4, que aumenta a dos mecanismos mais importantes em cada caso
atividade de outras células da resposta imune. Há (65).
estímulo à produção de células "Natural Killer". A
MEL inibe a destruição plaquetária mediada por Conclusão
macrófagos, e por isso, é capaz de evitar a Têm-se evidências científicas suficientes, nos
trombocitopenia induzida pelo tratamento com presentes dias, para afirmar que há muito a glândula
interleucina-2. A produção do fator de necrose pineal deixou de ser uma mera área calcificada do
tumoral (TNF) é inibida pela MEL, provavelmente cérebro nos adultos. A melatonina, principal
por sua atividade antioxidante, o que representa hormônio dessa glândula atua na regulação de
uma proteção em relação ao desenvolvimento do fenômenos rítmicos diários e sazonais em conjunto
choque endotóxico que pode ser induzido por com circuitos neurais que interligam a retina a
aquela substância. Outros efeitos metabólicos da pineal.
MEL já foram sugeridos em situações mais Seu crescimento tumoral, embora raro, pode
específicas, como a inibição in vivo da captação de ocasionar distúrbios não só relacionados ao efeito de
ácido linoléico – e conseqüente redução de sua massa, mas alterações endócrinas tão importantes
conversão intracelular em um produto mitogênico - quanto diabetes insípido e alterações da puberdade
em células do hepatoma 7288CTC57. O complexo e gonadais.
processo de carcinogênese ocasionalmente envolve Parece seguro, portanto, sugerir que
o estresse oxidativo (62). Estudos comprovaram a observações futuras possam demonstrar que a pineal
atividade antioxidante da MEL (62). O esquema e seus hormônios relacionem-se ao funcionamento
mais simples de carcinogênese envolve três etapas: de diversos sistemas fisiológicos.

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Abstract
This review discusses the importance of melatonin in the pineal gland in the regulation of rhythmic phenomena daily
and seasonal and co-transmitters action of noradrenaline and ATP, through a sympathetic innervation, promote the
synthesis of melatonin and the neural circuits involved in that control. Aiming to review from the historical point to
the current knowledge of the pineal gland, was performed search of sixty-five articles in national and international
medical literature. The pineal also presents participation in pathophysiological processes, particularly tumors,
expressing themselves with headache, visual disturbances and oculomotor, papilledema, vomiting, diabetes insipidus
and changes of puberty. It also emphasized the relevance of suprachiasmatic and paraventricular hypothalamic
nucleus, as well as other structures and neural pathways as the thalamic intergeniculate leaflet, via direct projection
and the central retrochiasmatic area. We described the mechanisms of action of melatonin through membrane
receptors, and intracellular effects. The review also discusses the participation of this hormone into
pathophysiological processes, distinguishing actions endocrine and parácrinas.

Keywords: melatonin, pineal gland

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