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UNIVALI

Escola de Artes, Comunicação e


Hospitalidade

Curso Arquitetura e Urbanismo

Disciplina: 1609 – CONSERVAÇÃO E


REST. DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
CULTURAL

Período: 5° - Ano/2020
Professora: Alessandra Devitte
CARTAS
PATRIMONIAIS
O QUE SÃO?
As cartas patrimoniais são documentos que fornecem
fundamentação teórica-crítica para que os bens culturais sejam
preservados como documentos fidedignos, e, assim, atuarem com o
efetivo suporte do conhecimento e da memória coletiva e, também
estabelecem bases deontológicas para os vários profissionais que
trabalham no campo da preservação

(KÜHL, 2010: 288).


As cartas são os resultados de
discussões de um determinado
momento (é necessário
entender quais foram as razões
para essas discussões) e tem uma
finalidade, por isso, não podem ser
usadas conjuntas, em razão que
cada carta possui uma função
especifica; e devem ser lidas na
sua integridade, uma vez que sua
leitura seja feita em partes, podem
levar a interpretações errôneas e
equivocadas

(KÜHL, 2010:289).
código de
Esses documentos passaram,
dentre outras
recomendações, a indicar posturas
#objetivo orientar a conduta dos profissionais atuantes na área da
conservação-restauração, além de proporcionar a
ampliação das noções de patrimônio e bem cultural para
os países signatários.
Escritas por vários grupos de classe, de As Cartas Patrimoniais, como instrumento teórico,
perspectivas ideológicas diversas ou não têm a função de legislar
representantes de entidades governamentais. sobre o Patrimônio, mas fornecer embasamento
filosófico para que os órgãos competentes possam
Estes documentos, muitos dos quais firmados legislar.
internacionalmente, representam tentativas que
vão além do estabelecimento de normas e Diferentes abordagens que a questão da
procedimentos, criando e circunscrevendo preservação mereceu ao longo do tempo,
conceitos às vezes globais, outras vezes locais. registrando o processo segundo o qual muitos
conceitos e posturas se formaram, consolidaram e
Sintetizam os pontos a respeito dos quais foi continuam orientando estas ações, até os nossos
possível obter consenso. dias.
As cartas são textos sucintos e precisos, com caráter indicativo, ou, no
máximo prescritivo (e jamais normativo) e, importante salientar, não são
receituário que devem ter uma simples aplicação direta, contudo suas análises
devem ser fundamentadas para que tenha o entendimento de suas
formulações.
Carta de Atenas - Sociedade das Nações - Outubro de 1931.
Carta de Atenas - CIAM - Novembro de 1933
Recomendação de Nova Delhi - Novembro de 1956
Recomendação Paris - Dezembro de 1962

AS Carta de Veneza - Maio de 1964


Recomendação de Paris - Novembro de 1964 

PRINCIPAIS
Normas de Quito - Novembro e Dezembro de 1967.
Recomendação de Paris - Novembro de 1968
Compromisso Brasília - Abril de 1970

CARTAS Compromisso Salvador - Outubro de 1971


Carta do Restauro - Abril de 1972

PATRIMONIAIS
Declaração de Estocolmo - Junho de 1972
Recomendação Paris - Novembro de 1972 
Resolução de São Domingos - Dezembro de 1974
Declaração de Amsterdã - Outubro de 1975

(estão disponíveis no site www.iphan.gov.br) Manifesto Amsterdã - Outubro de 1975 


Carta do Turismo Cultural - Novembro de 1976
Recomendações de Nairóbi - Novembro de 1976
Carta de Machu Picchu - Dezembro de 1977
Carta de Burra - 1979 e revisão editada em 2013
Carta de Florença - Maio de 1981
Declaração de Nairóbi - Maio de 1982
Declaração Tlaxcala - Outubro de 1982
Declaração do México - 1985
Carta de Washington - 1986 
Carta Petrópolis - 1987 
Carta de Washington - 1987
Carta de Cabo Frio - Outubro de 1989

AS Declaração de São Paulo - 1989 


Recomendação de Paris - Novembro de 1989 
Carta de Lausanne - 1990

PRINCIPAIS Carta do Rio - Junho de 1992 


Conferência de Nara - Novembro de 1994

CARTAS
Carta Brasília - 1995 
Recomendação Europa - Setembro de 1995
Declaração de Sofia - Outubro de 1996 

PATRIMONIAIS Declaração de São Paulo II - Julho de 1996 


Carta de Fortaleza - Novembro de 1997 
Carta de Mar del Plata - Junho de 1997 
Cartagena de Índias, Colômbia - Maio de 1999 
(estão disponíveis no site www.iphan.gov.br) Carta de Cracóvia – 2000 (não está disponível no site do IPHAN).
Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático – 2001 (não
está disponível no site do IPHAN).
Recomendação de Paris - Outubro de 2003
Carta de de Nova Olinda - Dezembro de 2009
Carta de Brasília - Julho de 2010
Carta dos Jardins Históricos Brasileiros, dita Carta de Juiz de Fora - Outubro
de 2010
CARTA DE
ATENAS
1931

Primeiro documento de recomendações internacionais


de conservação, manutenção e utilização do bem
cultural.
Propõe-se, através da Carta de Atenas (1931), a
valorização histórica e artística, a não re-
funcionalização e o respeito ao monumento.
Dá-se estatuto à lógica de utilização de gabarito, como
ferramenta para a distinção de uma valorização visual
do patrimônio em questão.
Cartaz do CIAM Fonte: ONU, 2008
Foi esse Movimento Moderno, ocorrido no período entre as duas Guerras
Mundiais, que potencializou o determinismo e confiança dos arquitetos da
época, fazendo com que estes buscassem e procurassem novas tecnologias
além de confrontar as necessidades da população em geral.
Necessidade de concepção e fortalecimento de organizações nacionais e
internacionais, de modo operativo e consultivo, voltadas à preservação e
restauro do patrimônio.
Estado como responsável pela salvaguarda do monumento, aconselhando-o a
elaborar legislação que garanta seu direito legal.

Marca-se a primazia atribuída à definição dos contornos urbanos pelos


princípios do urbanismo, como parâmetro da necessidade de construções
funcionalistas, amplas e ensolaradas.
Caracteriza-se como referência para as fundamentações ideológicas,
principalmente na América Latina, e, profundamente, no Brasil, ditando os
projetos de urbanismo de muitas gerações (FONSECA, 2005 e CAVALCANTE,
2000).
Discurso generalista - pretendia-se a aplicabilidade em qualquer situação.
Cenário que suscita a contestação de novos arquitetos, nos outros encontros
do CIAM – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna.
CARTA DE VENEZA
1964

Lançada em 1964, a Carta de Veneza instituiu a noção de “bem


cultural” tal como a conhecemos hoje.
Esse documento alertou para a necessidade de educar e informar
as pessoas acerca dos bens culturais.
O documento alerta para a utilidade do bem: para ser passível de
preservação, o bem cultural deveria ser reconhecido como
pertencente à identidade cultural de um povo.
A Carta também estabelece parâmetros legais para a preservação
dos monumentos.
Foi resultante do II Congresso Internacional de Arquitetos e
Técnicos dos Monumentos Históricos, ICOMOS.
Aborda os princípios que devem presidir à conservação e à
restauração dos monumentos, elaborados e formulados num
plano internacional, avançando e aprofundando os conceitos
enunciados singelamente na Carta de Atenas, com o fim de dotá-
la de uma maior abrangência. A carta instituiu a noção de “bem
cultural” tal como conhecemos hoje.
RECOMENDAÇÃO DE
PARIS
1962

É relativa à proteção da beleza e do caráter das paisagens e


sítios, introduz o conceito de proteção legal das paisagens
extensas por “zonas”.

"Quando, numa zona protegida por lei, o caráter estético é de


interesse primordial, a proteção legal “por zonas” deveria
abranger o controle dos loteamentos e a observação de algumas
prescrições gerais de caráter estético referentes à utilização dos
materiais e sua cor, às normas relativas à altura, às precauções a
serem tomadas para dissimular as escavações resultantes da
construção de barragens, ou da exploração de pedreiras, à
regulamentação de derrubada das árvores, etc." (12ª SESSÃO...,
1962)
CARTA DO RESTAURO CARTA DE BURRA
1972 1980

Esta carta é uma referência para as questões mais Resultante do Conselho Internacional de Monumentos e
específicas do campo da conservação/restauração. Sítios, realizado na Austrália. Traz as definições de
Restauração.
Trouxe instruções para a salvaguarda e a restauração dos
objetos arqueológicos, para os critérios das restaurações
arquitetônicas, para a execução de restaurações pictóricas CARTA DE PETRÓPOLIS
e escultóricas e para a tutela dos centros históricos.
1987
Nas instruções para a tutela dos centros históricos, cabe
Fruto do 1º Seminário Brasileiro para Preservação e
ressaltar a orientação de que é de fundamental
Revitalização de Centros Históricos, o documento ressalta a
importância o respeito às peculiaridades tipológicas e
necessidade da ação integrada dos órgãos federais,
construtivas dos edifícios, nos quais são proibidas
estaduais e municipais, bem como da participação da
quaisquer intervenções que alterem suas características
comunidade na manutenção dos bens patrimoniais. Destaca
originais, como o vazado da estrutura ou a introdução de
a diversificação dos instrumentos de proteção – inventário,
funções que deformem excessivamente o equilíbrio
tombamento, normas urbanísticas, isenções e incentivos
tipológico-estrutural do prédio.
fiscais – como forma de legalizar a proteção.
CARTA DE WASHINGTON
1987
Esse documento completa a Carta de Veneza de 1964,
tratando da salvaguarda das cidades históricas. Em seu
enunciado afirma que, para ser eficaz, a salvaguarda deve
ser parte integrante de uma política coerente de
desenvolvimento econômico e social, as quais priorizem
valores como a forma e o aspecto dos edifícios. Ressalta
que: “qualquer ataque a estes valores comprometeria a
autenticidade da cidade histórica”.

CARTA DE BRASÍLIA
1995
Esse documento regional do Cone Sul sobre autenticidade,
afirma que: “em edifícios e conjuntos de valor cultural, as
fachadas, a mera cenografia, os fragmentos, as colagens, as
moldagens são desaconselhados porque levam à perda da
autenticidade intrínseca do bem”.
01
Leia a Carta de Atenas e a Carta de Veneza

E AGORA? 02
Faça uma síntese acerca dos conteúdos e poste
no mural do ambiente Blackboard.

03
Navegue pelo site www.iphan.org.br e
complemente com leituras de outras cartas
disponíveis.
FONTE DAS INFORMAÇÕES:
www.iphan.org.br
Kühl, B. (2010). Notas sobre a Carta de Veneza . Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 18(2),
287-320. https://doi.org/10.1590/S0101-47142010000200008

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