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23/10/2019

Barragem de alvenaria

1. Introdução
Barragens e Obras de Terra
2. Barragens
3. Barragem à gravidade (alvenaria – concreto)
4. Esforços atuantes
4.1. Perfis das barragens
Barragem de Alvenaria
4.2. Subpressão
5. Dimensionamento da barragem à gravidade

1. Introdução 2. Barragens

São obras transversais ao fluxo dos rios que represam ou


bloqueiam a passagem da água.

Desempenham funções de:


 Represamento para captação e desvio;
 Elevação do nível da água (PCH´s e navegação);
 Reservatórios regularizadores de vazões;
 Formar reservatórios amortecedores de ondas de cheias.

3. Barragem à gravidade 3. Barragem à gravidade

São aquelas em que o equilíbrio estático da construção,


sob a ação das forças externas (empuxo hidráulico) se realiza por
meio de seu próprio peso, com auxílio eventual da componente
vertical do empuxo que atua sobre os seus paramentos ou faces.

A resultante de todas as forças agentes e resistentes é


transmitida, por meio de sua base, ao solo do leito do rio sobre o
qual se apoia.

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3. Barragem à gravidade 3. Barragem à gravidade


Quadro 1. Dimensões típicas (m).
1. Mureta de proteção; Barragem de alvenaria
2. Crista da barragem; hb hn B b C L
b
1,2 3. Crista do trecho vertedouro;
1 2,0 1,0 1,40 5,3
0,2 2 4. Alvenaria de pedra
2,5 1,5 1,75 0,7 0,0
argamassada; 5,4
3,0 2,0 2,10
0,3 0,3

3
NA máx 5. Superfície da camada de
3,5 2,5 2,45
impedimento (rocha);
0,7

5,5
NA
6. Parede lateral da bacia de 4,0 3,0 2,80 0,9 0,4
C
0,7

4,5 3,5 3,15 6,0


1,2

dissipação; 0,2

4 7. Pedra lançada. 5,0 4,0 3,50 1,2 0,7 6,8

0,3 0,3
NA máx

hb
5

OBS: dimensões em metro.

0,7
NA
0,7
hn

0,7
4

1
5 6

5
7

4
0,4

0,4

0,5
0,5

0,4
0,4

3,5 6,8 0,6 2

3,5 6,8 0,6


B L
2

3. Barragem à gravidade 3. Barragem à gravidade

Concreto

Vertedouro (Barragem Usina Olho d’água)

Vertedouro (Barragem Rosas - Pesqueira)

3. Barragem à gravidade 4. Esforços atuantes


Alvenaria

Barragem Parnamirim

Continuação...

Barragem São Bento do Una

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4. Esforços atuantes 4.1. Perfis da barragens


Pressões hidrostáticas

Figura 1. Pressões hidrostáticas sobre uma parede vertical.

4.1. Perfis da barragens 4.1. Perfis da barragens


A força resultante da Pressão hidrostática (Pa) tende a: A condição ideal segundo Rankine (1872), é cumprida por um triângulo
a) Tombar a parede (1/3*h*E), onde E = força resultante da pressão Pa;
retângulo conforme Figura 1:
b) Deslocar a parede (escorregar).

Fig. 1

Sendo,
γa = peso específico do líquido (água)
γm = peso específico do material da
A força (reação) que deverá impedir estas duas ações na barragem é o peso do barragem
seu próprio material; portanto, seu volume deverá ser suficiente para garantir
Figura 2. Perfil teórico mais econômico de uma
o peso necessário.
barragem à gravidade

4.2. Subpressão 4.2. Subpressão


Pressão de baixo para cima = subpressão.
 Difícil determinação;
 Normas aceitam estimativas em função do tipo de material, condições da
fundação e altura da barragem;
 Distribuição triangular – máxima à montante e zero à jusante (Figura 4);

m = coeficiente de subpressão (0,25 < m 0,50) UNIVERSIDADE DE ÉVORA


Departamento de Engenharia Rural
Núcleo de Hidráulica e Controlo de Canais
ESTRUTURAS HIDRÁULICAS/Barragens (pag. 53)
Manuel Rijo;
Figura 4. Efeito da Subpressão

Triângulo básico considerado nos cálculos (Figura 4) a seguir.

Figura 5. Coroamento das barragens

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Seção típica recomendada: barragens de gravidade 5. Dimensionamento

Considerações
Condições estáticas em função:
 da altura máxima;
 do nível d’água;
 peso específico do material; UNIVERSIDADE DE ÉVORA
Departamento de Engenharia Rural
Núcleo de Hidráulica e Controlo de Canais

 coeficiente de subpressão (0,25<m<0,50). ESTRUTURAS HIDRÁULICAS/Barragens (pag. 53)


Manuel Rijo;

Método de Contessini:
 Dimensionar o triângulo básico de qualquer tipo de barragem a
Fonte: Eletrobrás (1999) gravidade resultando em seções econômicas.

Diagrama geral de forças atuantes e resistentes Seção de barragem de gravidade

http://www.defesacivil.sc.gov.br/index.php/midia/
galeria-de-fotos/category/44-barragem-taio.html

5. Dimensionamento

Exemplo 1:
Seja uma barragem de H = 50 m,
de gravidade com peso específico
de 2,4 tf/m³ sobre a rocha.
Considerando-se um coeficiente de
subpressão m=0,375, verificar se a
barragem satisfaz as três
condições básicas de estabilidade.
Adotar θm = 3,43° e θj 34,22°; ou:
M=0,03:1 e J=0.68:1.

Figura 6. Exercício.

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5. Dimensionamento 5. Dimensionamento
Passo 1: Cálculo das forças atuantes e resistentes. Passo 1: Cálculo das forças atuantes e resistentes.
 Como não há esforços longitudinais considera-se uma seção transversal da Forças Resistentes: forças devido ao peso do material (G) e a
barragem de comprimento igual a 1 m;
componente vertical do empuxo (Fe).
Forças Atuantes: FH = empuxo horizontal; FSp = força de subpressão.
50  34
G1  γ mat  A triangulo L  2,4  1  2040 tf
H 50 2
FH  γ água  A triangulo L  γ água  H   L  1 50  1  1250 tf
2 2 50  3
G2  γ mat  A triangulo L  2,4  1  180 tf
2
b 37
FSp   água  m  Atriangulo L   água  m  H   L  1 0,375  50  1  346,9tf  2  5,7   2,5 
2 2 G3  γ mat  A trapézio  L  2,4    1  23,1tf
 2 
Pontos de aplicação das forças referentes ao ponto B (pé do paramento de jusante): 50  3
Fe  γ água  A triângulo L  1 1  75tf
FH  a6 = 1/3*H = 1/3*50 =16,67 m; FSp  a5 = 2/3*b = 2/3*37 = 24,68 m 2

5. Dimensionamento 5. Dimensionamento
Passo 1: Cálculo das forças atuantes e resistentes. Passo 2: Verificação da estabilidade ao TOMBAMENTO.
Pontos de aplicação das forças referentes ao ponto B (pé do
Condição a satisfazer: ∑Mr > ∑Ma (Mr = momento resistente; Ma = momento atuante).
paramento de jusante):
1  Mr  G1  a1  G 2  a 2  G3  a 3  Fe  a 4
2
a1   34  22,67 m a 2  34    3   35 m
3 3 
Mr  2040  22,67  180  35  23,1 32,55  75  36  55998 ,7tf  m

a3  34  x3  2 
a 4  34    3   36 m
3 
Ma  FH  a 6  FSp  a5

 2,5  3,7   2  1 Ma  1250 16,67  346,9  24,68  29398 ,9tf  m


A1 d1  A2  d2     2,5    2,5  2    2,5  
x3  x3  
2   3  2
 1,45m
A1  A2  2,5  3,7   Mr 55998 ,7
   2,5  2  FStomb   1,5 FStomb   1,9  1,5
 2   Ma 29398 ,9
a3  34  1,45  32,55m OBS: dG3 também pode ser calculado
por meio de figuras conhecidas
OK! Seguro ao tombamento...
OBS: usar fator de segurança de acordo com a situação.

5. Dimensionamento 5. Dimensionamento
Passo 3: Cálculo da EXCENTRICIDADE da Resultante (ex). Passo 3: Cálculo da EXCENTRICIDADE da Resultante (ex).
Condição a satisfazer: Posição da resultante de todas as forças Condição a satisfazer: Posição da resultante de todas as forças
atuantes cair dentro do terço médio da base. atuantes cair dentro do terço médio da base.

xb 
M

Mr  Ma X  xb  ex
FV G1  G2  G3  Fe  FS
55998 ,7  29398 ,9 26599 ,8 X  13,49m  5,01m  18,5m
xb    13,49 m Assim:
2040  180  23,1  75  346 ,9 1971,2  Distância do ponto B até a resultante  X = x + ex = 18,5 m ;
b  Então: 37m/3 = 12,33m para cada terço.
ex   xb
2 Portanto, dentro do terço médio da base:
37
ex   13,49  5,01m Condições satisfeitas  Há estabilidade ao tombamento.
2

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Excentricidade (ex) Excentricidade (ex)


ex
xb

Se a resultante das forcas verticais Se a resultante das forcas verticais


estiver dentro do núcleo central, não estiver fora do núcleo central,
haverá tração no solo sob a sapata. haverá tração no solo sob a sapata.
Sendo assim: Sendo assim:
b b
ex  ex 
Bureau Of Reclamation - Design Of Small Dams, p.332 (1987) 6 6

5. Dimensionamento (deslizamento) 5. Dimensionamento


Passo 4: Verificação da Estabilidade ao DESLIZAMENTO.
Cálculo da Segurança ao Deslizamento (FSdesl).

   FV   G1  G2  G3  FE  FS  ≥1,2
FSdesl   1,5 FSdesl   1,5
FH FH

0,75  2040  180  23,1  75  346 ,9


FSdesl   1,2
1250
Livro Engenharia Hidráulica (p. 185)
Houghtalen; Hwang; Akan;

Avaliação:
Condição satisfeita!  Há estabilidade ao deslizamento.

5. Dimensionamento 5. Dimensionamento
Passo 5: Verificação da Estabilidade ao ESMAGAMENTO. Passo 5: Verificação da Estabilidade ao ESMAGAMENTO.
Condição a satisfazer: σadm > σmáx & σmín. Condição a satisfazer: σadm > σmáx & σmín.
(tensões máximas e mínimas menores que a tensão admissível do material Cálculo das tensões máximas e mínimas (σmáx & σmín).
que suporta a carga (Quadro 3).
Quadro 3. resistência no suporte da estrutura. FV  6  ex  1971,2  6  5,01 
  1    1  
Tensão admissível bL  b  L  37  1  37  1 
FV  6  ex  Material do suporte
 adm   1   (σadm=kgf/cm²)

bL  bL  Concreto 90 a 120  30,1 


  53,3  1  0,81  96,5 m²  9,65
 máx  53,3  1  tf kgf
Rocha granítica 42 a 70 cm²
 37 
Rocha calcária 28 a 56
Arenito 28 a 42  30,1 
  53,3  1  0,81  10,1 m²  1,01
L  comprimento médio longitudinal tf kgf
entre duas juntas da barragem. Pedregulho 2,8 a 5,6
 míx  53,3  1  cm²
 37 
Areia 1,4 a 4,2
OBS: adotar L = 1 m.
Argila dura 1,5 a 3,5
Assim: tensões abaixo do admissível (42 a 70 kgf/cm²).
Argila mole 0,8 a 1,0 Condição satisfeita!  Há estabilidade ao esmagamento.

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5. Dimensionamento Exercício

OBS: Sempre que a tensão mínima for Negativa é sinal que está ocorrendo
tração na base, neste caso a verificação deve ser feita excluindo a tração. Seja uma barragem de H=42m,
de gravidade com peso
específico do material de
Assim:
2,40tf/m³ sobre a rocha.
Considerando-se um coeficiente

2  FV de subpressão m=0,3; verificar

 máx  se a barragem satisfaz as


condições básicas de
3  xb estabilidade.

Até a próxima aula!!!

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