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16/05/2020 A quarentena na minha rua - Infográficos - Estadão

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Acervo ● Agência Estado ● BR Político ● Classificados ● E+ ● E-Investidor ● Estradão ● #FERA ● Imóveis ● J

CORONAVÍRUS

A QUARENTENA
NA MINHA RUA
Rua da zona leste exemplifica as mudanças impostas pela pandemia em São Paulo

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Texto: Gonçalo Junior / Fotos: Werther Santana / Vídeo: Bruno Nogueirão


16 de maio de 2020 | 17h00

A rua Grapirá faz a ligação entre os bairros de São Miguel e Itaim Paulista, na zona
leste de São Paulo. Em pouco mais de 1,2 km de extensão, o vidro do carro mostra
casas de classe média, escola municipal, creche, asilo, alguns botecos e um prédio
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casas de classe média, escola municipal, creche, asilo, alguns botecos e um prédio
residencial. Essa rua da Vila Curuçá não tem um marco histórico. É um lugar comum,
como tantos. Por isso mesmo, por ser corriqueira e igual, ela é importante: as
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mudanças que ocorreram aqui por causa da pandemia retratam, na miúda escala local,
a vida na cidade. Bares e lojas fechados, moradores em casa, dúvidas sobre o futuro.
Mas o otimismo também mora ali: vizinhos se ajudam, as famílias se dizem mais
próximas e crianças nascem em suas casas.

Felipe Siqueira Sayuri Tanaributi Rogério de S. Ferreira Denise O. Camargo


VENDEDOR DE COSMÉTICOS INSPETORA ESCOLAR PROTÉTICO CASA REPOUSO
Nº 63 Nº 69 Nº 69-A Nº 79
RUA
CAVO
A

RUA GRAPIRÁ

RU
AG
UA
RAC
ICA
N

Gini Micheletto Melissa Micheletto Luiz Francisco da Silva Germano de Jesus


COSTUREIRA DE MÁSCARA PROFESSORA E ORGANIZADORA GINÁSIO DE ESPORTES BAR
Nº 68 DE AÇÕES SOCIAIS Nº 70 Nº 64
Nº 68

É um lugar de classe média, B e C, com todas as contradições que essa convivência


guarda. Um apartamento de 47 m², com dois dormitórios, custa em média R$ 250 mil.
Quase em frente a esse prédio, um homem de calças largas encardidas, imenso paletó e
camisa puída, deita esparramado no banco da praça. Um corcel vinho cambaleia e
oferece 30 ovos brancos por R$ 12. Os carros rarearam, mas os motoboys com bags
vermelhas passam zunindo não só na hora do almoço. A fuligem preta do trânsito
cedeu e dá para sentir o cheiro de terra molhada pela chuva na praça.

A luta contra a pandemia tem momentos que machucam. Todos sentem, e sentem
juntos. Dados da Secretaria Municipal de Saúde registravam 28 mortes em São Miguel
até o dia 30 de abril, data do último relatório consolidado. No Itaim Paulista, o número
era de 30 óbitos. O medo aumentou com a morte de Miriam Castilho Guimarães, três
semanas atrás. Moradora histórica, ela tinha uma loja de bolos na rua. As estatísticas
têm rosto na Grapirá. .

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A evolução dos casos nos dois bairros divididos pela rua Grapirá  
CASOS CONFIRMADOS MORTES

São Miguel Paulista Itaim Paulista

160

73

28 30
31 4 10 17 30 31 4 10 17 30
MAR ABR ABR ABR ABR MAR ABR ABR ABR ABR

PERSONAGENS

GINI MICHELETTO 
DONA DE CASA E COSTUREIRA DE MÁSCARAS

Nº 68

RUA GRAPIRÁ

O número 68 tem uma casa ampla, confortável, quintal grande. Ali mora a dona Gini
Micheletto, a mais antiga da rua. Após chegarem de Bergamo, no alto da Itália, os pais
dela trabalharam em um cafezal no sul do País e se mudaram para São Paulo em 1930.
Dona Gini nasceu em 1/5/1946, é só fazer as contas para saber a idade dela.

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Dona Gini Micheletto usa a máquina de mais de 50 anos para fazer máscaras. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Adepta da religião japonesa Seicho-no-ie, dona Gini se diz em paz durante a pandemia.
Mas luta para não ficar soterrada pelo noticiário diário. E briga com o marido, José
Pereira, de 77 anos, por causa disso. Ele acompanha todas as notícias. “Ele é um
computador, sabe de tudo”, conta. Dona Gini resolveu tirar o pó de sua Singer
cinquentenária e começou a costurar máscaras para ajudar famílias carentes. Entrou
na luta. O pedal antigo da máquina foi adaptado. Agora basta apertar um botão para a
agulha acelerar, ficou fácil.

A filha de imigrantes chegou a produzir 170 máscaras por dia, seu recorde. Desde o
início da pandemia já foram umas duas mil peças. “Eu sou uma pessoa positiva. Procuro
manter a mente alegre. A família está reunida em casa, essa é a parte boa. Tenho um
netinho, o Lorenzo, que ainda chama com a mãozinha e leva a gente aonde ele quer.”

Gini Michelleto chega a costurar 170


máscaras por dia para doações.

MELISSA MICHELETTO 
PROFESSORA E EMPREENDEDORA SOCIAL

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Nº 68

RUA GRAPIRÁ

A filha, Melissa Micheletto, mora no mesmo endereço, na casa da frente. São mais
quatro cômodos para ela, o marido e dois filhos. Essa professora de educação infantil
da rede municipal e que hoje atua na Diretoria Regional de Ensino mora ali desde que
nasceu. Mesmo depois do casamento, ela permaneceu ali para cuidar dos pais, mas
confessa que a comodidade influenciou. Na pandemia, faz teletrabalho e precisa ir à
diretoria de ensino uma vez por semana. Sua casa se tornou o centro de uma rede de
solidariedade que começou a se formar em 2004.

A professora Michele Micheletto recolhe mantimentos para comunidades carentes. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

A professora usa suas redes sociais para recolher donativos e montar cestas básicas no
movimento chamado “Ação entre Amigos”. Hoje, ela atende cinco comunidades
localizadas no próprio bairro, onde a capacidade de mobilização é mais difícil. “No
Córrego do Tijuco Preto moram 200 famílias e 79 não têm arroz para cozinhar. Na
Tibúrcio de Souza, a favela da Coca-cola tem 1000 famílias. Em muitas delas, o
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Tibúrcio de Souza, a favela da Coca cola tem 1000 famílias. Em muitas delas, o
banheiro já é o próprio córrego. O fundão dos bairros está esquecido nessa pandemia,
e antes dela”, alerta.
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Ela estima que precisaria de mil cestas todos os meses para dar conta de todos. Mas a
conta não fecha. Hoje, tem a parceria do coletivo “Voz Periférica” e o grupo de pagode
Samba Jorge, que contribuíram com alimentos arrecadados na ação Parada Solidária.
“Num movimento simples, a gente começou a angariar dinheiro e donativos. Tomou
proporção grande e já distribuímos sete toneladas de alimentos.”

A professora Melissa Micheletto


conseguiu arrecadar sete toneladas de
alimento durante a pandemia.

ROGÉRIO DE SOUZA FERREIRA 


PROTÉTICO, OFICINA DE MOLDAGEM

Nº 69-A

RUA GRAPIRÁ

Rogério de Souza Ferreira é vizinho de frente da família Micheletto. Ele é um técnico


em próteses dentárias, ou seja, faz modelos ortodônticos em gesso para
odontologistas. A partir dos modelos feitos por Rogério, o dentista analisa o tipo de
trabalho que terá de fazer naquela boca: extração, obturação ou uso de aparelhos. É
um trabalho manual, feito em um cômodo que virou oficina no fundo do terreno.

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Rogério teve queda na renda, mas celebrou o resultado negativo do exame de sua mulher. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Antes da pandemia, Rogério fazia entre 100 e 120 modelos por semana. Hoje, são só
30. O negócio era bom. Com um saco de gesso de R$ 50, moldava 200 peças com
margem de lucro de quase 70%.

“Minha renda caiu quase 90%. Agora, faço bicos de entrega e minha mulher está
sustentando a casa. Ele trabalha na linha de frente do combate à pandemia”, conta.

Na quinta-feira, Rogério teve uma notícia boa. Sua mulher, Denise, que estava com
suspeita de covid, teve resultado negativo. Ela não pegou o vírus. Por isso, os dois
filhos, Guilherme, de 12, e Marielle, de 7, vão poder voltar após um período na casa dos
avós. O casal não vai mais precisar ficar em cômodos separados.

Rogério fazia 100 moldes dentários


por semana. Depois da pandemia, o
número caiu para 30.

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LUIZ FRANCISCO DA SILVA 


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MICROEMPRESÁRIO, CENTRO ESPORTIVO ARENA CURUÇÁ

Nº 70

RUA GRAPIRÁ

Cem metros adiante, do outro lado da calçada, o muro preto com o escudo da
Federação Paulista de Futebol anuncia a escolinha de futebol Vila Curuçá Futsal. É uma
das primeiras escolinhas da cidade, com história de 27 anos. O espaço possui um
quadra de futsal e outra de futebol society com um cadastro de 160 alunos. A senha
para falar com o proprietário é perguntar pelo “Sal Grosso”,  apelido do empresário Luiz
Francisco da Silva.

A fama de Sal Grosso vai além da rua. Por causa da atuação como líder comunitário e a
participação importante como um dos criadores da Escola da Família, ele recebeu o
título de Cidadão Paulistano da Câmara dos Vereadores. O diploma fica em destaque
no escritório. Ele foi conselheiro participativo municipal por quatro anos, dois
mandatos seguidos, até o ano passado.

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Luiz Francisco, o Sal Grosso, teve de fechar temporariamente a escolinha de 27 anos. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Sal Grosso já se apresentou no Programa do Ratinho, do SBT, cantando músicas –


algumas de sua autoria – sobre traições e decepções amorosas. Conta, cheio de
orgulho e eloquência, que foi entrevistado por Silvio Santos. O próprio. Fez um curso
de apresentador na emissora também – ele exibe uma carteirinha do SBT. Por causa da
experiência na TV, Sal Grosso já teve programas em várias rádios comunitárias e criou
seu próprio estúdio na sua casa. Assim que acabar a pandemia, pretende retomar as
gravações da novela Cisne Encantado, que será exibida na página do Facebook da TV
Curuçá. Quem quiser acompanhar sua performance como cantor é só acessar a página
do canal comunitário. “Espero você para fazer uma reportagem sobre a primeira novela
de uma rede social”, convida. Combinado.

De volta ao número 70. Como a quadra está fechada para os cursos e aluguéis avulsos,
a única fonte de renda do Sal Grosso vem do Colégio Andrade Dorrigon que aluga o
espaço para aulas de educação física. Claro, as aulas foram interrompidas, mas o
colégio continua pagando o aluguel. O fechamento da escola trouxe dificuldades
econômicas. Ele está sofrendo para pagar a prestação da Spin prata ano 2014 que
comprou do Banco Pan. Nesta semana, conseguiu regularizar dois meses de atraso,
mas reclama dos R$ 105 reais de juros.  

A escolinha de futebol, uma das


primeiras da cidade com 27 anos de
história, está fechada desde março.
São 160 alunos matriculados.

GERMANO DE JESUS 
MICROEMPRESÁRIO, BAR

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Nº 64

RUA GUARACICA

A rua Grapirá se divide numa pequena praça. É ali que o homem de calças largas e
encardidas continua deitado no chão duro. Ele espera o marmitex sempre doado pelos
moradores da rua na hora do almoço. Na rua Guaracica, fica o bar de Germano de
Jesus, o Jamaica. Na porta de ferro, uma pintura de Bob Marley chama a atenção desde
23 de janeiro de 2015, quando o local foi aberto. É uma porta estreita, que se abre em
um balcão quadriculado e várias prateleiras de bebidas em uma parede azul. O local é
bem cuidado, organizado e dá vontade de pedir uma cerveja. Nos fins de semana,
Jamaica vendia três caixas, sem contar as latinhas. Mais 10 porções de mocotó, cada
uma por R$ 14, dez de caldo, R$ 6, sarapatel, R$ 12. O faturamento girava em torno de
R$ 9 mil por mês.

Germano de Jesus, o Jamaica, quer renegociar o aluguel atrasado do bar. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

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Com o bar fechado, as contas se acumulam. Já são dois aluguéis atrasados, R$ 650 por  
mês, R$ 300 de luz, R$ 100 de água e R$ 120 de TV. “A situação está difícil. Não tenho
outra renda. Minha redenção é esse boteco. Minhas filhas me ajudam, mas somos
quatro pessoas adultas em casa. Quando o cara da Eletropaulo chegar para cortar a luz,
eu converso com ele. Vou negociar e conversar com a proprietária do imóvel. Vou
pagar de acordo com a melhoria das coisas. Não é assim que o governo faz? Temos de
fazer assim também”. Germano, também conhecido como Jamaica, já tentou reabrir o
bar duas vezes, mas acabou denunciado e advertido pela polícia. Na terceira, terá a
licença de funcionamento cassada.

O carro-chefe do Jamaica's bar é a


cerveja de garrafa e o caldo de mocotó.
Germano de Jesus faturava R$ 9 mil,
mas agora está renegociando as
dívidas.

Uma rua na quarentena

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DENISE OLIVEIRA CAMARGO 
ADMINISTRADORA, CASA DE REPOUSO  

Nº 79

RUA GRAPIRÁ

A casa de repouso Dona Lar Mariana teve sua rotina totalmente modificada. As visitas
foram suspensas e acontecem apenas em casos extraordinários de saúde. São 15
idosos que intensificaram os cuidados de higienização. Como a maioria sofre da doença
de Alzheimer, os funcionários precisam diariamente informar o que está acontecendo
e porque não estão recebendo visitas. “Estamos tomando todos os cuidados”, diz a
administradora Denise Camargo.

Denise Camargo redobrou os cuidados com higienização e isolamento na casa de repouso. WERTHER SANTANA /ESTADÃO

Daniele Lima não é moradora da Grapirá, mas trabalha também numa das casas como
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empregada doméstica. Faz um ano que deixou a cidade de Solânea, na Paraíba, para
“tentar uma vida melhor em São Paulo”. Ela diz que sua rotina mudou bastante com a  
chegada do coronavírus. Suas aulas no curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
foram interrompidas. Ela tem 19 anos e está cursando o 1.º ano do Ensino Médio. Gosta
de literatura e, juntando versos seus com os de outros autores, escreveu um cordel
sobre a fome, problema que ganha dimensão ainda mais perversa no contexto da
pandemia.

“Procurei entender a origem da fome. Qual é o endereço dela, se ela está na favela ou
nas brechas do sertão. Achei seus ingredientes na origem da receita, no egoísmo do
homem e na partilha que é mal feita. Mexendo no caldeirão, eu vi a corrupção
temperando a tal da fome. Se ela é feita de tudo o que é do mal, é consertando a origem
que a gente muda o final. Se juntar todo o dinheiro dessa tão corrupção, mata a fome
em todo o canto e ainda sobra um tanto para saúde e educação.”

A paraibana Daniele Lima fez um


cordel sobre a fome, outro drama
decorrente da pandemia

SAYURI TAMARIBUTI
FUNCIONÁRIA PÚBLICA

Nº 69

RUA GRAPIRÁ

Na mesma calçada, a inspetora escolar Sayuri Tamaributi sai de casa o mínimo possível.
Ela é hipertensa e, portanto, pertence ao grupo de risco da doença. “Saio para o
mercado e a farmácia”, diz a funcionária de uma escola municipal há 11 anos. Quando
precisa sair Sayuri deixa a filha de seis anos com os parentes que também vivem na
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precisa sair, Sayuri deixa a filha de seis anos com os parentes que também vivem na
mesma rua Grapirá.
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No grupo de risco da covid-19, Sayuri Tamaributi sai de casa o mínimo possível. WERTHER SANTANA/ESTADÃO

“Quando eu era criança, nós brincávamos na rua até a noite cair. Hoje é bem diferente.
Acho que os pais evitam deixar os filhos saírem por causa do risco de violência. Com a
quarentena, ficou tudo ainda mais sossegado”, afirma.

Com hipertensão, Sayuri segue à risca


as recomendações de isolamento
social.

FELIPE SIQUEIRA 
VENDEDOR DE COSMÉTICOS
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Nº 63

RUA GRAPIRÁ

Uma casa ficou para trás nesse ziguezague. No número 63, mora Felipe Siqueira
Tamaributi, vendedor de cosméticos para salões de cabeleireiros. Felipe tem um
emprego registrado no regime de Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), mas
depende das comissões, que são 80% de sua remuneração. “Tivemos férias no primeiro
mês da pandemia, mas agora os rendimentos caíram muito”, lamenta. O trabalho no
regime home office e o fechamento dos salões de cabeleireiros em São Paulo, Felipe
aproveita parte do tempo para recuperar a forma física. Corre entre 7 km e 12 km
diariamente. Faz exercícios físicos em casa.

Felipe Siqueira alia a venda de cosméticos com os cuidados com o filho recém-nascido. BRUNO NOGUEIRÃO /ESTADÃO

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No dia 23 de abril, nasceu seu segundo filho, Akira. Ele sentiu o impacto da quarentena
até na maternidade. “As visitas são restritas, com trocas a cada 12 horas. Na primeira
gravidez, a criança ficava no berçário. Agora é exclusivamente no quarto”, diz o
vendedor de 33 anos que estendeu os cuidados do hospital para a residência. Para os
familiares, Akira é mostrado de longe pelo vidro da sala. Mesmo com as restrições, está
otimista. “Em qualquer dificuldade, sempre tento fazer dar certo. O Akira e a Alice,
minha outra filha, terão um futuro melhor depois de tudo o que passamos nesta rua e
ainda passaremos com a pandemia”, acredita o vendedor.

Felipe Siqueira está otimista quanto ao


futuro. Seu segundo filho, Akira,
nasceu em abril. “As pessoas serão
melhores umas com as outras”.

EXPEDIENTE

 Editor executivo multimídia: Fabio Sales / Editora de infografia multimídia: Regina Elisabeth Silva /
Editores assistentes multimídia: Adriano Araujo, Carlos Marin, Glauco Lara e William Mariotto / Designer
multimídia: Danilo Freire / Infografista multimídia: Mauro Girão / Editor: Robson Morelli  

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