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Perfil biográfico - Tico-Tico

Carioca do Santo Cristo, bairro localizado na região central do Rio de


Janeiro, Jorge Pereira Simas, mais conhecido como Tico-Tico, nasceu no
dia 29 de setembro de 1920, numa família cuja presença musical era
constante. Primo de Jorginho do Pandeiro, Dino Sete Cordas e do
cavaquinista Lino, Tico-Tico se dedicou a prática do cavaquinho desde a
infância, e iniciou sua carreira como músico profissional ainda jovem na
rádio Tupi.

Na PRG-3 Rádio Tupi, integrou o regional de Rogério Guimarães, onde


pôde trabalhar com diversos artistas ao longo de sua carreira, nomes
como: Aracy de Almeida, Aurora Miranda, Ary Barroso, Júlio Lousada,
Pixinguinha, dentre outros. Além de fazer parte da programação da rádio
como solista de cavaquinho.

No ano de 1945 foi gravada a valsa "Borboleta Azul" de autoria do


violonista Rogério Guimarães, com o acompanhamento de Artur Duarte
(violão), e com solos de Tico-Tico (cavaquinho) e Rogério Guimarães
(violão).

De uma musicalidade fantástica, uma das características mais marcantes


de Tico-Tico era de tocar qualquer música em qualquer tonalidade.
Habilidade esta que o tornou conhecido por "derrubar" os
acompanhadores nas rodas, tocando Choros tradicionais em tons pouco
habituais.

Outra qualidade era a de criar introduções para cantores nos programas


da rádio. Segundo alguns ouvintes da época, Tico-Tico criava suas próprias
introduções e dificilmente as repetia. “O Rei das introduções”, como
afirma o músico Caçula.

Além de ótimo instrumentista, foi compositor inspirado e gravou em 1959,


fazendo parte do conjunto "Os Últimos Boêmios", a valsa "Renira" de sua
autoria em homenagem a sua esposa. Nessa gravação o conjunto "Os
Últimos Boêmios" tinha a seguinte formação: Homero Gelmini (violino),
Tico-Tico (cavaquinho), Laerte Gomes (clarinete), Mathias Rosa
(Acordeom), Themístocles Araújo e Arlindo Ferreira (violões).
Destacou-se como cavaquinista da rádio Tupi e um bom exemplo desse
reconhecimento pode ser percebido numa nota publicada no Jornal
"Correio da Manhã" de 9 de outubro de 1955 intitulada "Ary Barroso: Seus
Gostos", onde o compositor de Aquarela do Brasil divide com o público
sua preferência musical. Figurando entre os citados estão: Radamés
Gnattali (Piano), Jacob (bandolim), Luiz Americano (saxofone), Rogério
Guimarães (violão), Tico-Tico (cavaquinho).

1961 foi o ano que gravou pela Copacabana discos um 78 RPM como
artista principal, tendo de um lado o Choro "Ataca Pelé" e de outro o
Samba "A Moçada no Samba", sendo essas duas de sua autoria. Com esse
feito obteve grande sucesso sendo bastante executado nas emissoras
cariocas da época.

Em 1963 gravou seu primeiro LP intitulado "Tico-Tico no galho seco",


também pela Copacabana discos, contendo 12 faixas sendo a maioria das
músicas de sua autoria.

Vale lembrar que o cavaquinho usado por Tico-Tico, tanto para solo
quanto para acompanhamento, era afinado em quintas justas, na mesma
disposição do bandolim (sol-ré-lá-mi). Jorginho do pandeiro nos conta que
ele e seus irmãos, Dino e Lino se juntaram e compraram um bandolim de
presente para Tico-Tico. A partir daí ele começa a tocar e gravar com o
bandolim também, já que domina a afinação do instrumento.

Porém, o próprio Jorginho do pandeiro afirma que seu primo Tico-Tico


também tocava cavaquinho na afinação tradicional (ré-sol-si-ré). Podemos
notar esse fato na série de gravações que Jacob do bandolim fez na Rádio
Ministério da educação em 1959, onde o acompanhamento é feito por
Tico-Tico (cavaquinho), Carlinhos Leite e César Farias (violões) e Francisco
das Dores (pandeiro).

Outro fato interessante era que Tico-Tico gostava de cavaquinhos com o


corpo e a caixa acústica um pouco maiores, para obter um som mais
encorpado e com maior volume sonoro. Sendo posteriormente batizado
como cavaquinho modelo Tico-Tico pela tradicional fábrica e loja de
instrumentos "Ao bandolim de ouro", em homenagem ao reconhecido
músico.
Torcedor fanático do Fluminense Futebol Clube, nosso homenageado nos
deixou algumas histórias hilárias vividas por conta do amor que sentia
pelo Tricolor carioca. Uma delas virou notícia no jornal Correio da Manhã
de 5 de janeiro de 1958. A publicação foi a seguinte:

Um dos incentivadores de Tico-Tico foi o flautista Altamiro Carrilho.


Tocaram juntos na época do Regional de Rogério Guimarães e
posteriormente na Bandinha de Altamiro, grupo que Tico-Tico participou
tocando banjo.

Ao longo de sua vida, Jorge Pereira Simas residiu em diversos bairros do


Rio de Janeiro, passando por Santo Cristo, Irajá, Penha e Guadalupe. Mas
foi na Penha onde deixou seu nome marcado. Era vizinho de uns dos mais
famosos redutos do Choro, o bar Sovaco de Cobra, onde Tico-Tico era
encontrado com frequência tocando seu bandolim em rodas de Choro
lendárias.

Texto e Pesquisa: Pedro Cantalice

Agradecimentos: A toda família Simas em especial a Alessandra Simas e


Mauro Simas (netos de Tico-tico)

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