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1.

MODELAÇÃO DE ESTRUTURAS

1.1. Vigas e Pilares

1.1.1. End Length Offsets

 Esta opção é útil para refinar os esforços nas extremidades de barras com secções transversais
significativas que convergem num nó. Enquanto para as vigas poderá ser sempre activada esta
opção, para os pilares só o deverá ser quando existirem vigas com a mesma altura nas quatro faces
dos pilares.

 Para as vigas e em geral, deverá considerar-se:

 A subopção “Automatic from connectivity”; o programa irá considerar as dimensões dos pilares
que suportam as vigas para determinar os “End offsets” (comprimento de sobreposição das vigas
com os pilares nos nós estruturais) e o vão livre das vigas;

 A subopção “Rigid zone factor” igual a 0; o que significa que os troços de sobreposição serão
considerados como flexíveis, com os esforços calculados para o vão total (entre nós) mas
fornecidos apenas ao longo do vão livre;

 A subopção “Auto” para a determinação do peso próprio; o que significa que o programa o
contabilizará apenas ao longo do seu vão livre.

 Para os pilares e em geral, deverá considerar-se:

 A subopção “Define Lengths, End I, End J” com troços de sobreposição nulos;

 A subopção “Rigid zone factor” igual a 0;

 A subopção “Auto” para a determinação do peso próprio; o que significa que o programa o
contabilizará ao longo da sua altura total (entre nós).

1.1.2. Insertion Point

 Esta opção só é eficaz se não for seleccionada a subopção “Do not transform frame stiffness for
offsets…”, isto é, se o programa considerar a nova rigidez dos elementos de barra com
excentricidades posicionais. Caso contrário os seus efeitos são apenas gráficos (maior semelhança
do modelo estrutural com a realidade), sem alterações ao nível dos esforços e deformações da
estrutura.

 Esta opção deve ser usada para a consideração de momentos flectores adicionais na estrutura,
devidos a mudanças significativas de secções transversais nos pilares e devidos a vigas excêntricas
suportadas por pilares de grandes dimensões, isto é, quando as distâncias entre os eixos
longitudinais dos membros que convergem num nó são consideráveis. Para outros casos, a utilização
desta opção não se justifica, pois os seus efeitos sobre a estrutura são desprezáveis, é necessário
despender mais tempo na construção do modelo e pode levar a erros no modelo.

 Para a sua utilização deve-se considerar todas as secções transversais das barras com o “cardinal
point – centroid”, aplicar as excentricidades posicionais a grupos de barras semelhantes e não
seleccionar a subopção “Do not transform frame stiffness for offsets…”

 Note-se que adopção do “cardinal point – top center” para secções transversais de vigas (opção
considerada por defeito pelo ETABS) e da não selecção da subopção “Do not transform frame
stiffness for offsets…”, leva a que o programa considere a viga com uma secção transversal em T ou
em L, o que conduz a momentos flectores bastante reduzidos nas vigas e forças axiais significativas
na viga e na laje que funciona como banzo. Conservativamente, esta situação deverá ser evitada.

2. ANÁLISE DE ESTRUTURAS

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2.1 Análise Estática Equivalente da Acção Sísmica

 Esta análise simplificada deve ser sempre considerada numa primeira fase, para verificação das
dimensões iniciais de pilares e paredes, bem como posteriormente para comparação com os
resultados obtidos pela análise modal através de espectro de resposta. Não obstante, não deverá ser
utilizada nas combinações fundamentais e de serviço para o dimensionamento final da estrutura.

 Deve-se tirar partido da opção “Auto Lateral Load” disponível para o “Load Pattern” do tipo sismo.
Desde que os parâmetros da acção sísmica segundo o EC8-1 sejam introduzidos correctamente, as
forças horizontais por piso consideradas automaticamente pelo programa serão idênticas às que se
obteriam através do cálculo e aplicação manual.

 As excentricidades acidentais de torção da acção sísmica podem ser activadas no programa, na


definição da “Auto Lateral Load” da acção sísmica. Para tal há que definir o valor percentual das
excentricidades (em relação ao lado da estrutura perpendicular à direcção da acção sísmica) e
seleccionar simultaneamente a acção sísmica segundo uma direcção horizontal (X ou Y), bem como
essa direcção associada a ± a excentricidade (3 selecções no total). Note-se que as excentricidades
com base num valor percentual só são consideradas pelo programa, se tiverem os pisos tiverem sido
considerados como diafragmas (rígidos, para simplificação do modelo e resultados variados).

 Para o período fundamental e para resultados mais precisos, deve-se escolher a opção “Program
calculated”, o que significa que o programa irá considerar o período obtido na análise modal com mais
peso na resposta da estrutura na direcção considerada.

 O efeito P-Δ pode ser activado para esta análise.

 Após verificar os resultados para os ULS, há que verificar os resultados para os SLS. Para o efeito, há
que copiar o modelo e reduzir a rigidez ao esforço transverso e de flexão das secções de pilares, vigas
e lajes para metade, conforme requerido pelo EC8-1. Em SLS, quer as deformações devidas à acção
sísmica quer o efeito P-Δ devem ser multiplicadas pelo coeficiente de comportamento. Pode-se
considerar que no início da acção sísmica, as secções dos elementos estruturais estão menos
fissuradas, pelo que vão estar sujeitas a maiores esforços devidos a forças sísmicas mais elevadas
(maior rigidez da estrutura, menor período de vibração). Por outro lado, no final da acção sísmica a
fissuração terá aumentado e as forças sísmicas diminuído (menor rigidez, maior período de vibração),
o que leva a um aumento significativo dos deslocamentos horizontais da estrutura e a um aumento dos
esforços de 2ª ordem (que a não ser que a estrutura seja muito deformável, não deverá levar a
esforços nos pilares e paredes maiores que os obtidos para a fase inicial do sismo). A fase inicial do
sismo (primeiro modelo) deverá ser considerada em relação aos ULS enquanto a fase final do sismo
(segundo modelo) deverá ser considerada em relação aos SLS.

2.2 Análise Modal Através de Espectro de Resposta

 Esta análise deve ser a utilizada para o dimensionamento das estruturas, considerando sempre as
excentricidades acidentais de torção, os efeitos de 2ª ordem e a redução da rigidez em 50% de pilares,
paredes, vigas e lajes.

 No que for aplicável, a abordagem anterior descrita para a análise estática equivalente deve ser
seguida (ver subsecção anterior).

 Deve-se considerar a acção sísmica como actuando independentemente segundo X e segundo Y, isto
é, deve-se constituir dois casos distintos de análise sísmica. Para cada caso deverá considerar-se o
espectro de resposta aplicado na totalidade segundo a direcção horizontal principal e aplicado a 30%
na outra direcção horizontal. O anterior deve ser considerado através do “Scale factor” que deve
também ser multiplicado por 9.81 m/s 2, já que o espectro é adimensional se dividir ag por g na sua
definição.

 O efeito P-Δ deve ser considerado na análise modal utilizada na análise por espectro de resposta.

 Para a combinação direccional das componentes do sismo, deverá escolher-se a opção “Absolute”

2.3 Efeitos de 2ª Ordem (P-Δ)

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 Um grande número de regulamentos de estruturas requer que os efeitos de 2ª ordem sejam
considerados. Estes efeitos são esforços e deformações adicionais devidos à actuação das cargas
gravíticas (P) na posição final da estrutura, ao invés da actuação na posição indeformada da estrutura
(efeitos de 1ª ordem). Os efeitos baseiam-se na translação lateral global da estrutura ( Δ) e a
deformação local dos membros estruturais (δ), conforme ilustrado na figura seguinte.

 Em geral, é adequado considerar o efeito P-Δ através de uma análise não-linear estática inicial, com
apenas as cargas gravíticas actuando sobre a estrutura, de modo a obter a condição deformada e
correspondente matriz de rigidez. Posteriormente, utiliza-se a condição deformada da análise P-Δ inicial
como ponto de partida de todas as outras análises lineares estáticas típicas, análises modais e
análises com base em espectros de resposta. Todos os resultados das análises anteriores são
passíveis de serem adicionados, pois são lineares e baseiam-se na mesma matriz de rigidez. O
procedimento a considerar é o seguinte:

 Definir uma análise não-linear estática, dar-lhe o nome P-Delta, escolher partir da condição
indeformada da estrutura, seleccionar a opção “P-Delta effects” para a não-linearidade geométrica e
considerar a actuação das cargas gravíticas, isto é, as cargas permanentes e uma fracção das
sobrecargas;

 Em todas as análises lineares estáticas, modais e espectrais, utilizar a condição resultante da


análise P-Delta inicial como ponto de partida.

 O programa assume que os efeitos de 2ª ordem devidos a Δ estão considerados nos resultados da
análise global e considera os efeitos de 2ª ordem devidos a δ no dimensionamento dos elementos
estruturais, através de factores de amplificação dos momentos de acordo com o regulamento estrutural
escolhido para o dimensionamento.

 No caso da acção horizontal que governa o dimensionamento estrutural ser o sismo, considera-se para
as cargas gravíticas da análise P-Δ inicial, um factor unitário para as cargas permanentes e os factores
ψ2 para as sobrecargas. Tal corresponde à combinação sísmica em estado limite último e à
combinação quase permanente das cargas gravíticas em estado limite de utilização.

 No caso da acção horizontal que governa o dimensionamento estrutural ser o vento, considera-se para
as cargas gravíticas da análise P-Δ inicial, um factor de 1,35 para as cargas permanentes e 1,5 vezes
os factores ψ2 para as sobrecargas. Tal corresponde à combinação fundamental em estado limite
último com o vento como acção variável base. Embora tal seja conservativo para a combinação quase
permanente das acções gravíticas em estado limite de utilização, os efeitos de 2ª ordem resultantes
apenas das cargas gravíticas são pequenos, pelo que esta abordagem é aceitável. Contudo e para a
combinação frequente com o vento como variável base, esta abordagem poderá ser demasiado
conservativa, havendo que avaliar se os resultados ainda assim são aceitáveis ou se há a necessidade
de reanalisar a estrutura com a análise P-Δ inicial para o estado limite de utilização.

 Apesar dos efeitos de 2ª ordem não terem de ser considerados quando são pequenos, isto é, quando a
estrutura tem uma rigidez adequada, por simplicidade estes devem ser sempre considerados.

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 As estruturas devem ser sempre analisadas numa primeira fase com base nos esforços de 1ª ordem e
posteriormente, com base nos esforços de 2ª ordem através da inclusão da análise P-Δ inicial. Tal
permite avaliar o impacto dos efeitos de 2ª ordem sobre a estrutura.

2.4 Procedimentos de Análise para Elementos Estruturais

2.4.1 Pilares

 Deverá ser realizada uma análise global satisfatória da estrutura e em seguida:

 Identificar grupos de pilares aos quais poderá ser atribuída a mesma armadura;
 Obter os esforços de 1ª ordem para o pilar mais carregado de cada grupo;
 Adicionar aos momentos flectores de 1ª ordem os momentos flectores devidos às imperfeições
geométricas;
 Determinar a esbelteza do pilar e compará-la com a esbelteza limite (segundo os dois planos de
encurvadura);
 Caso a esbelteza do pilar exceda a esbelteza limite, calcular o momento flector local de 2ª ordem
através do método da curvatura nominal e adicioná-lo ao momento flector de 1ª ordem com o
momento flector devido às imperfeições geométricas – momentos flectores finais (segundo os dois
planos de encurvadura);
 Dimensionar as armaduras longitudinais com base nos esforços finais para cada grupo de pilares.

 O procedimento anterior é aplicado pelo SAP2000/ETABS, havendo apenas que escolher o


Eurocódigo 2 como o código base do dimensionamento e confirmar/alterar os vários parâmetros
envolvidos. Em alternativa, pode ser utilizada a folha de cálculo desenvolvida para a análise e
dimensionamento de pilares. Esta folha de cálculo deve ser sempre utilizada para validar os
resultados do programa de cálculo, no mínimo para algumas secções mais importantes de pilares.

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