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Principais Síndromes Geriátricas:

O que acontece com a nossa saúde quando envelhecemos?

Dra. Elisa Brosina de Leon


Fisioterapeuta
Professora do Curso de Fisioterapia
da UFAM
Envelhecimento populacional

Fonte: IBGE, 2008.


Envelhecimento populacional

60 anos e mais:

60a ✓ 1950- 202 milhões


✓ 2020 -1,1 bilhão
✓ 2100 - 3,1 bilhões
65a

80a 1970 e 2025, espera-se um


crescimento de 223% de
pessoas acima de 60 anos
Envelhecimento populacional

Quantidade de anos a mais de Vida

Qualidade de Vida
Envelhecimento populacional

Quantidade de anos a mais de Vida

Qualidade de Vida

Uma boa qualidade de vida depende de uma


boa funcionalidade (capacidade funcional)
Capacidade funcional
CAPACIDADE FUNCIONAL

LIMIAR DE INCAPACIDADE

FASE ADULTA IDOSO


CRIANÇA

IDADE
Capacidade funcional

Fonte: World report on disability from WHO, 2016


Capacidade funcional

Maior prevalência de incapacidade em mulheres mais velhas pobres


Capacidade funcional
CAPACIDADE FUNCIONAL

Hereditariedade
Sexo feminino
Baixo nível socioeconômico
LIMIAR DE INCAPACIDADE
Má nutrição
Sedentarismo
FASE ADULTA IDOSO
CRIANÇA Anorexia
Sarcopenia
Comorbidades
IDADE
Capacidade funcional

Expectativa Expectativa
de vida de vida
77,7 anos 79,7 anos
Capacidade funcional

80% idosas preferiam


morrer do que enfrentar a
perda de independência
e qualidade de vida.

Don’t mention the F-word. Help the


Expectativa Expectativa Aged, 2005.
de vida de vida
77,7 anos 79,7 anos
Reflexões importantes

• Um idoso com doenças crônicas pode ser considerado saudável, se


comparado com um idoso com as mesmas doenças, porém sem controle
destas, com sequelas e incapacidades associadas.

• O importante é a habilidade para desempenhar as atividades e não


somente as doenças.

• A manutenção da capacidade funcional pode ter implicações para a


qualidade de vida dos idosos, por estar relacionada com a capacidade do
individuo se manter ativo na comunidade, desfrutando a sua
independência e continuando as suas relações e atividades sociais até as
idades mais avançadas.
Manutenção de
autonomia e
funcionalidade
Funcionalidade

SAÚDE DO IDOSO

FUNCIONALIDADE GLOBAL
Atividades de Vida Diária (AVD avançadas, instrumentais e básicas)

AUTONOMIA (DECISÃO) INDEPENDÊNCIA (EXECUÇÃO)

Declínio funcional é a perda da autonomia e/ou da independência, pois restringe a


participação social do indivíduo.
Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF) em Organização Mundial da Saúde, 2003.

Fonte: Moraes, 2012.


Autonomia X Independência

Fonte: Moraes, 2012.


Funcionalidade

SAÚDE DO IDOSO

FUNCIONALIDADE GLOBAL
Atividades de Vida Diária (AVD avançadas, instrumentais e básicas)

AUTONOMIA (DECISÃO) INDEPENDÊNCIA (EXECUÇÃO)

COGNIÇÃO HUMOR / MOBILIDADE COMUNICAÇÃO


COMPORTAMENTO

Por sua vez, a independência e autonomia estão intimamente relacionadas ao


funcionamento integrado e harmonioso dos seguintes domínios funcionais:
cognição, humor/comportamento, mobilidade e comunicação.
Funcionalidade

SAÚDE DO IDOSO

FUNCIONALIDADE GLOBAL
Atividades de Vida Diária (AVD avançadas, instrumentais e básicas)

AUTONOMIA (DECISÃO) INDEPENDÊNCIA (EXECUÇÃO)

COGNIÇÃO HUMOR / MOBILIDADE COMUNICAÇÃO


COMPORTAMENTO

Capacidade Motivação Capacidade de Capacidade de


mental de necessária para deslocamento estabelecer um
compreender as atividades do indivíduo e relacionamento
e resolver os e/ou de manipulação produtivo com o
problemas do participação do meio. meio.
cotidiano. social.
Autonomia X Independência

Fonte: Moraes, 2012.


Autonomia X Independência
GIGANTES DA
GERIATRIA

Fonte: Moraes, 2012.


1. Incapacidade cognitiva

• Comprometimento das funções


encefálicas superiores capaz de
prejudicar a funcionalidade da pessoa
(prejuízo na funcionalidade do indivíduo
ou perda de AVDs).

• Transtorno cognitivo leve não


caracteriza incapacidade cognitiva.

Fonte: Moraes, 2012.


Incapacidade cognitiva

• Comprometimento das funções


encefálicas superiores capaz de
prejudicar a funcionalidade da pessoa
(prejuízo na funcionalidade do indivíduo
ou perda de AVDs).

• Transtorno cognitivo leve não


caracteriza incapacidade cognitiva.

Fonte: Moraes, 2012.


Incapacidade cognitiva

DEPRESSÃO

✓ Alta prevalência no idoso;


✓ Condição subdiagnosticada e
subtratada;
✓ Causa grande prejuízo à reabilitação do
paciente maior permanência hospitalar;
✓ Acarreta grande sofrimento e
desorganização pessoal, familiar, social e
profissional;
✓ Aumenta morbimortalidade.
Fonte: Google Images..
Incapacidade cognitiva

DEPRESSÃO

Fonte: Moraes, 2012.


Incapacidade cognitiva

Principais gatilhos para a depressão


✓Sexo feminino;
✓Solidão;
✓Estado civil, morar só;
✓Dificuldade financeira;
✓Aposentadoria;
✓Luto;
✓Perdas funcionais;
✓Doenças crônicas;
✓Internação. Fonte imagem: Moraes, 2012.
Incapacidade cognitiva

Principais gatilhos para a depressão


✓Sexo feminino;
✓Solidão;
✓Estado civil, morar só;
✓Dificuldade financeira;
✓Aposentadoria;
✓Luto;
✓Perdas funcionais;
✓Doenças crônicas;
✓Internação.
2. Instabilidade postural

Instabilidade postural Queda

Consequências da queda
• Ferimentos
• TCE
• Fratura
• Hospitalização
• Síndrome Pós-queda
• Institucionalização
• Morte
Fonte: Google Images.
Instabilidade postural

Quão frequentes são as consequências?


Quão frequentes são as consequências?
• 1/3 dos idosos desenvolvem medo de cair (síndrome pós queda) após uma
queda acidental;
• 2/3 daqueles que tem uma queda, cairão novamente nos seis meses
subsequentes;
• Dos que caem: 2,5% demandam hospitalização, e apenas metades desses
sobreviverá após 1 ano.
Pereira, 2006.
Instabilidade postural e quedas

Fonte: Rodolfo Gomes do Nascimento


3. Imobilidade

“Definição: Incapacidade de se
deslocar sem o auxílio de outra
pessoa, com finalidade de atender às
TEMPO DE
necessidades da vida diária. ATIVIDADE
TEMPO DE
Pode o paciente estar restrito a uma REPOUSO
poltrona ou ao leito”.
Imobilidade

Sistema
muscular

Sistema Sistema
tegumentar nervoso

Diminuição do
Sistema
Imobilidade
Sistema desempenho
respiratório ósseo
durante as atividades

Sistema Sistema
cardiovascular urinário

Sistema
digestório
Imobilidade

SÍNDROME DO IMOBILISMO

•Complexo de sinais e sintomas resultantes da


supressão de todos os movimentos articulares
levando a incapacidade de mudança postural

•Diagnosticada quando o paciente apresenta: déficit


cognitivo médio a grave, múltiplas contraturas, e
pelo menos duas ou mais manifestações

•lesão por pressão


•disfagia
•dupla incontinência
•afasia
4. Incontinência esfincteriana

• Perda involuntária de urina (Incontinência urinária) e/ou fezes


(Incontinência fecal).

Incontinência urinária (IU)


• Queixa importante em mulheres acima de 60 anos;
• Potencializada pelas alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento:
✓Diminuição da capacidade vesical total e maior volume residual;
✓Atrofia vaginal e uretral;
✓Maior número de contrações involuntárias;
✓Maior número de micções noturnas.
Incontinência esfincteriana

• Consequências

Aumenta o risco de Risco de desenvolvimento de


quedas/fraturas lesão por pressão/ITU

Isolamento social
Declínio funcional (vergonha/ansiedade/
depressão)

Institucionalização
Incontinência esfincteriana

• Sintoma subestimado (50% os idosos com IU não procuram o médico)


• Vergonha;
• Profissionais não capacitados;
• Normal para a idade;
• Sem tratamento.

• A instituição verificou que durante o processo de triagem realizada no


período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019, ~36,5% das mulheres
(n=194; N=532) relataram queixa de perda de urina e/ou fezes.
• Com IU e sem indicação cirúrgica.
Incontinência esfincteriana
Incontinência esfincteriana

✓“me encontro segura o suficiente pra não ocorrer acidente fora de


hora...” K.R., 67 anos.

✓“hoje recebo alta tendo conhecimento dos meus músculos internos e


sabendo como usá-los para o meu bem-estar e prevenindo problemas
futuros.” G.L., 73 anos.

✓“Obrigada UnATI por este maravilhoso projeto, saibam que vocês me


devolveram a alegria, minha autoestima, agora sim, posso dar
gargalhadas, espirrar, fazer meus exercícios sem ter medo de passar por
constrangimentos.” A.B., 68 anos.
Incontinência esfincteriana

✓“me encontro segura o suficiente pra não ocorrer acidente fora de


hora...” K.R., 67 anos.

✓“hoje recebo alta tendo conhecimento dos meus músculos internos e


sabendo como usá-los para o meu bem-estar e prevenindo problemas
futuros.” G.L., 73 anos.

✓“Obrigada UnATI por este maravilhoso projeto, saibam que vocês me


devolveram a alegria, minha autoestima, agora sim, posso dar
gargalhadas, espirrar, fazer meus exercícios sem ter medo de passar por
constrangimentos.” A.B., 68 anos.
Incontinência esfincteriana

✓“me encontro segura o suficiente pra não ocorrer acidente fora de


hora...” K.R., 67 anos.

✓“hoje recebo alta tendo conhecimento dos meus músculos internos e


sabendo como usá-los para o meu bem-estar e prevenindo problemas
futuros.” G.L., 73 anos.

✓“Obrigada UnATI por este maravilhoso projeto, saibam que vocês me


devolveram a alegria, minha autoestima, agora sim, posso dar
gargalhadas, espirrar, fazer meus exercícios sem ter medo de passar por
constrangimentos.” A.B., 68 anos.
5. Incapacidade comunicativa

• A comunicação é a atividade primordial do ser humano (trocas com o


mundo, manifestar desejos, ideias, sentimentos).

HABILIDADES COMUNICATIVAS
Incapacidade comunicativa

•Aproximadamente um quinto da população com mais de 65 anos


apresenta problemas de comunicação.

•Problemas de comunicação podem resultar em perda de independência e


sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes
aspectos dos problemas causados pela idade.

•Causa de perda ou restrição da participação social (funcionalidade),


comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas,
afetando diretamente a independência do indivíduo.
6. Iatrogenia

“Definição: Doença ou complicações iatrogênicas decorrentes da


intervenção do médico e/ou equipe, seja esta intervenção certa ou
errada, mas da qual resultam em consequências prejudiciais para a
saúde do paciente.”

Fonte: Carvalho-Filho e cols, 1996.


Iatrogenia

Exemplos:

✓ efeitos colaterais de medicações;

✓ erro médico;

✓ efeitos secundários a tratamentos;

✓ negligência.
Iatrogenia

PRECONCEITO (NEGLIGÊNCIA)
✓ “Ele é muito velho para ser submetido a isto.”

✓ “UTI não é local de velho.”

✓ “Ele não pode saber ou decidir.”

✓ “Polifarmácia é uma necessidade.”


Iatrogenia

PRECONCEITO (NEGLIGÊNCIA)

✓ “Ele é muito velho para ser submetido a isto.”

✓ “UTI não é local de velho.”

✓ “Ele não pode saber ou decidir.” “É da idade”

✓ “Polifarmácia é uma necessidade.”


7. Insuficiência familiar
•A dimensão sociofamiliar é fundamental na avaliação multidimensional do
idoso.
•A família constitui-se na principal instituição cuidadora dos idosos frágeis,
devendo ser privilegiada nessa sua função (família/sociedade/Estado).

Fonte: IBGE, 2008.


Insuficiência familiar
• A transição demográfica reduziu a capacidade familiar de cuidar de seus idosos:
✓ diminuição do número de filhos;
✓ aumento da participação da mulher no mercado de trabalho;
✓ a valorização do individualismo (rearranjos familiares);
✓ conflitos intergeracionais.

Fonte: IBGE, 2008.


Insuficiência familiar

•Essas mudanças sociodemográficas


e culturais têm repercussões
importantes na capacidade de
acolhimento às pessoas com
incapacidades, que historicamente
dependiam de apoio e cuidado
familiar.

•Essa fragilização do suporte


familiar deu origem a outra grande
síndrome geriátrica, a insuficiência
familiar, cuja abordagem é
extremamente complexa.
Ciclo negativo entre as perdas funcionais e
aumento das incapacidades

Incapacidades

Fonte: Moraes, 2012.


Símbolos de identificação da pessoa idosa

2019
Como mudar essa
imagem na vida real?
Envelhecimento ativo

Processo de otimização
das oportunidades de
saúde e participação, com
o objetivo de melhorar a
qualidade de vida à
medida que as pessoas
ficam mais velhas.
Envelhecimento ativo

A palavra “ativo” refere-se


à participação contínua
nas questões sociais,
econômicas, culturais,
espirituais e civis, e não
somente à capacidade de
estar fisicamente ativo ou
de fazer parte da força de
trabalho
Envelhecimento ativo
Olhar global

Abordagem
PESSOA multidimensional baseada
na pessoa
Principais Síndromes Geriátricas:
O que acontece com a nossa saúde quando
envelhecemos?

Referência para consulta:

Título: Principais síndromes geriátricas


Autores: Edgar Nunes de Moraes, Marília Campos de Abreu Marino,
Rodrigo Ribeiro Santos.
Revista Médica de Minas Gerais 2010; 20(1): 54-66.
Principais Síndromes Geriátricas:
O que acontece com a nossa saúde quando
envelhecemos?

Dra. Elisa Brosina de Leon

elisadleon@ufam.edu.br

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