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SAT - Seguro de acidente do trabalho – inconstitucionalidade

A lei no 8.212/91 estabeleceu alíquotas diferenciadas de 1% a 3%, levando em


consideração o grau de risco de acidentes de trabalho da atividade
preponderante das empresas.

Referida lei foi regulamentada pelo decreto no 2.173/97 que estabeleceu o


conceito de atividade preponderante, bem como o de grau de risco.

Por essas definições serem elementos essenciais na incidência da alíquota


sobre a base de cálculo feriu-se, o princípio da legalidade, que é claro ao
estabelecer que todos os elementos para exigências de um tributo devem estar
dispostos em lei.

Assim sendo, é legítimo o questionamento judicial visando o não recolhimento


dessa contribuição denominada SAT nos moldes do referido decreto.

Fonte: http://www.gmsadvogados.com.br/gms/sat.htm

Seguro acidente do trabalho - SAT

INTRODUÇÃO

1 - Com a redução do processo inflacionário e com o aumento da


competitividade, torna-se imperioso que os contribuintes reanalisem as
operações praticadas, visando uma economia em seus custos, bem como uma
redução da carga tributária. Com base na doutrina e na jurisprudência dos
tribunais, apresentamos este trabalho sobre o tema em questão, tendo por
finalidade, apenas demonstrar a ilegalidade da cobrança do SAT, nos moldes
estabelecidos em decretos baixados pelo poder executivo.

BREVE HISTÓRICO

2 - A Contribuição ao SAT - um tributo antigo, instituído na época de Getúlio


Vargas, assumiu maior relevância jurídica a partir da Lei 5.316, de 14.09.67,
com inúmeras alterações, sendo a mais relevantes aquelas promovidas pela
Lei 6.367/76, Decreto 79.037/76, Lei 7.787/89 - tem sido recolhida aos cofres
do INSS desde 1991, com base na Lei 8.212 e Decreto 662/92, modificada pela
Medida Provisória 1.523/97.

3 – O SAT tem sua base constitucional estampada no inciso XXVIII do artigo


7º, inciso I do artigo 195 e inciso I do artigo 201, todos da Carta de 1988,
garantindo ao empregado um seguro contra acidente do trabalho, às expensas
do empregador, mediante pagamento de um adicional sobre folha de salários,
com administração atribuída à Previdência Social.
4 - A base infra-constitucional da exação é a Lei 8.212/91, que primordialmente
define as alíquotas do SAT, de acordo com uma pré - determinada graduação
de riscos. Tanto a Lei 8.212/91 como a MP delegam a ato normativo infralegal
(regulamento) a definição de dados necessários à configuração da hipótese de
incidência da contribuição social. A Lei 8.212/91 determinou o recolhimento
com base em alíquotas fixadas em razão do grau de risco da atividade
preponderante do contribuinte. De 1%, para risco leve, de 2%, para risco
médio, e de 3% de risco grave. No entanto, não definiu o que seria risco leve,
médio ou grave.

5 - Tais lacunas foram preenchidas pelo Decreto 612/92 que determinou o grau
de periculosidade de cada atividade e considerou preponderante a atividade
econômica que ocupa o maio número de empregados da empresa. O Decreto
n° 612, de 21.7.19892, que regulamentou a Lei n° 8.212, de 24.7.1991
determinava, como responsabilidade da empresa, o enquadramento de seus
estabelecimentos nos correspondentes graus de risco, segundo a atividade
preponderante de cada um deles, ficando o Instituto Nacional do Seguro Social
- INSS com a faculdade de rever essa classificação.

6 - Assim, de acordo com o Decreto n° 612/92, o contribuinte, com vários


estabelecimentos matriz e filiais, deveria buscar o enquadramento, para efeito
de recolhimento ao SAT. Cada estabelecimento da mesma empresa poderia
ser considerado de forma individualizada e, portanto, classificado de forma
diferenciada para efeitos de Seguro Acidente do Trabalho - SAT, observada a
natureza das atividades e peculiaridades.

7 - Ocorre que, a Lei 8.212/91 recebeu nova redação por força da Medida
Provisória 1.523-9/1997. A MP manteve as alíquotas anteriores e determinou
que o recolhimento da Contribuição ao SAT seria feito ".... em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos de trabalho,
conforme dispuser o regulamento..."

8 - Com a entrada em vigor do Decreto n° 2.173, de 5.3.1997, o parágrafo


primeiro do artigo 26 foi alterado. Tal dispositivo, com a alteração, passou a
considerar como atividade preponderante aquela que, na empresa, ocupa o
maior número de segurados empregados, trabalhadores avulsos ou médicos -
residentes. O SAT deveria ser recolhido pela graduação de risco da empresa
como um todo, não obstante a mesma possuir diversos estabelecimentos, com
diferentes atividades e, portanto, com efetiva e real graduação de riscos não
uniformes.

9 - O Decreto nº 2.173, de março de 1997, que aprovou o Regulamento de


Custeio da Seguridade Social, obriga as empresas pagarem a alíquota de 3%
(risco grave) sem que se leve em consideração o percentual de empregados
que realmente exercem funções de risco. É o caso, por exemplo, de empresas
que têm escritórios onde está lotado o pessoal de função eminentemente
administrativa. Mesmo assim, pagam a alíquota máxima. Há o " nivelamento
pelo alto" que acaba elevando os custos das empresas.
10 - Assim, a partir desse último Decreto, deixou de existir a possibilidade de
enquadramento de cada estabelecimento com grau de risco e taxa do Seguro
Acidente do Trabalho compatíveis. Os estabelecimentos ficaram obrigados a
enquadrar-se de acordo com a atividade preponderante da empresa como um
todo. Logo, o enquadramento passou a ser por empresa e não mais por
estabelecimento. Além de alterar a forma de enquadramento do Seguro
Acidente do Trabalho, o Decreto n° 2.173/97 trouxe, anexo, uma nova relação
de atividades preponderantes e correspondentes graus de risco, conforme a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE. Essa nova relação
aumentou ou reduziu alguns graus de risco de determinadas atividades
econômicas, sendo certo afirmar que a aplicação desses novos graus de risco
vigoram a partir de julho de 1997.

11 - Embora o Decreto n° 2.173/97 já esteja em vigor, essa alteração na


sistemática do Seguro Acidente do Trabalho afronta princípios constitucionais e
tributários. O próprio Decreto dispõe, expressamente, que o Seguro Acidente
do Trabalho relaciona-se com a atividade exercida pelo segurado empregado,
devendo existir, portanto, uma proporcionalidade entre a atividade e o custo do
respectivo benefício, o que aliás é implícito na natureza do Seguro Acidente de
Trabalho, como decorrência do artigo 150, inciso II, da Constituição Federal.
Desta forma, considerando que na mesma empresa podem existir empregados
que exercem atividades de diferentes graus de risco (área administrativa e
produtiva), as taxas do Seguro Acidente do Trabalho também devem ser
diferenciadas.

12 - A própria Lei n° 8.212, de 24.7.1991, estabeleceu as alíquotas a serem


utilizadas para o recolhimento do Seguro Acidente do Trabalho de acordo com
o grau de risco da atividade exercida pelas empresas. Com isso, tem-se que o
Decreto n° 2.173/97 não se harmoniza com a legislação ordinária e nem
mesmo com as decisões de nossos Tribunais, uma vez que define a
preponderância pelo número de empregados e não mais pelo grau de risco da
atividade.

Fonte: http://jusvi.com/artigos/1201

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