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Esse menino era fruto de uma relação que fracassou, seus pais estavam
separados há 2 anos, e desde então relatavam não saber o que fazer com seu
filho, pois ambo os pais possuíam suas profissões, e eram mais velhos, na
casa dos 45 anos. A mãe muito angustiada, pois não queria ter tido esse filho,
e o pai tentando sustentar nas suas palavras o seu desejo em ter tido, porém
se atrapalhava, com a demanda que esse exercia.
O que aprendemos dessas três fontes pode ser assim
resumido: primeiro, a identificação constitui a forma original de laço
emocional com um objeto; segundo, de maneira regressiva, ela se torna
sucedâneo para uma vinculação de objeto libidinal, por assim dizer, por
meio de introjeção do objeto no ego; e, terceiro, pode surgir com
qualquer nova percepção de uma qualidade comum partilhada com
alguma outra pessoa que não é objeto de instinto sexual. Quanto mais
importante essa qualidade comum é, mais bem-sucedida pode tornar-se
essa identificação parcial, podendo representar assim o início de um
novo laço.
Certa vez, estava em uma escola e ouvi de um profissional, “ Essa
criança é insuportável, e ainda por cima sorri o tempo inteiro” ou ainda,: “Se ele
não tomar alguma medicação, não terá a vaga para o próximo ano” . Meu
escrito tem o objetivo de levantar hipóteses, e questionamentos, a respeito de
como estamos em relação a escuta, escuta essa partindo de uma ética, onde
tanto me remete ao fazer psicanalítico, como também de poder fazer o papel
de terceiro, de simbólico
Pensar nos dias de hoje, nos limites que a clínica com crianças nos
impõe, faz com que nos deparemos com o laço social, e especificamente com
os professores e a escola, onde desempenham papéis importantes e
significativos, na estruturação desse sujeito. A procura por um atendimento
psicológico e psicanalítico com crianças, muitas vezes, se inicia através de um
pedido ou solicitação da escola, pois é nesse contexto que geralmente
aparecem percalços da estruturação subjetiva da criança.
Lanjoquiere (2002), interroga quais as razões que levam um adulto (seja ele
professor, ou pai), a ocupar um caráter educativo. Ele coloca, que além dos motivos
individuais, esta escolha diz respeito a amortizar a dívida simbólica, adquirida na sua
própria infância, com os adultos importantes, “ O que a educação tenta repor, é
sentido como falta” (p,140). Uma falta em ser para o outro. Assim poderia se pensar
que aquele que educa o faz em nome de uma dívida com seu próprio pai (enquanto
representante do simbólico).