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ESPECIAL

RESSUSCITAÇÃO
PARA TODOS
BETO SOARES/ESTÚDIO BOOM

20 Emergência OUTUBRO / 2008

20 Emergência OUTUBRO / 2008


ZDiretrizes de RCP aumentam os requisitos de
especialização para profissionais de saúde e
simplificam o ensino para os leigos atenderem
vítimas de parada cardíaca

C om cerca de 17 milhões de óbi-


tos/ano, as doenças cardiovas-
culares causam um terço das
mortes em todo o mundo. No Brasil,
leigo quanto para o profissional de saú-
de”, define o médico Sergio Timerman,
doutor em Cardiologia, membro do
ILCOR e da AHA, diretor-científico da
são cerca de 400 mil vítimas fatais anual- Fundação Interamericana do Coração e
mente, uma das principais causas de mor- diretor do LTSEC-INCOR (Laborató-
talidade da população. Grande parte é vi- rio de Treinamento e Simulação em E-
timada pela parada súbita do coração, mergência Cardiovascular do Instituto
quando a pessoa está caminhando nas do Coração).
ruas, falando ao telefone, assistindo à te- As atuais diretrizes são de 2005, base-
levisão ou simplesmente trabalhando e adas em ampla revisão da literatura já
subitamente colapsa. Especialistas de- publicada sobre ressuscitação. Sua efi-
fendem que a vida de parte destas víti- cácia está amparada no conceito da “cor-
mas poderia ser salva com procedimen- rente da sobrevivência” - os elos que me-
tos de RCP (Ressuscitação Cardiopulmo- lhoram o atendimento às vítimas de pa-
nar) e o uso do desfibrilador, equipamen- rada cardíaca: reconhecer e acionar o ser-
to capaz de reverter a parada cardíaca. viço de emergência, RCP imediata, desfi-
Para popularizar os procedimentos e brilação imediata e Suporte Avançado
fazer de um cidadão comum um socor- de Vida imediato.
rista em potencial, as diretrizes de RCP Vêm dos Estados Unidos, País onde
do ILCOR (International Liaison Com- padrões de desempenho em RCP são
mittee On Resuscitation - Aliança In- alvo de consensos científicos há mais de
ternacional dos Comitês de Ressuscita- 30 anos, alguns números que atestam a
ção) estão cada vez mais simplificadas eficiência das diretrizes, conforme revela
para os leigos. Já para os profissionais o paramédico brasileiro Sergio Jatobá,
da saúde, há uma riqueza de detalhes que instrutor de ACLS (Advanced Cardiologic
requer atenção, maior exigência técni- Life Support - Suporte Avançado de Vida
ca, incremento no ensino e reforço so- em Cardiologia) e membro do Grupo
bre o trabalho em equipe. O ILCOR de Operações Especiais da Palm Beach
reúne entidades de cardiologia, como o County Fire Rescue, na Flórida.
CNR (Conselho Nacional de Ressuscita- Estudo realizado pelo médico Tom P.
ção), do Brasil, e a AHA (American Aufderheide, diretor do Centro de Pes-
Heart Association), dos Estados Unidos, quisas em Ressuscitação do Departa-
líder mundial e principal referência no mento de Medicina de Emergência da
segmento. Universidade de Wisconsin, apontou
Recomendadas a partir de um consen- que, em sete cidades norte-americanas,
so médico-científico sobre as manobras o número de ressuscitações de sucesso
e técnicas mais apropriadas para a res- dobrou após as diretrizes de 2005, sal-
suscitação, desde 2000 as diretrizes são tando de 7,9% para 15,7%. Outra pes-
publicadas em âmbito internacional e quisa, liderada pelo médico Thomas Rea,
permitem melhorar as chances de so- professor de Medicina da Universidade
brevivência das vítimas de parada súbi- de Washington, em Seattle, concluiu que
ta do coração. o tempo médio para o início da RCP
“As diretrizes têm sido extremamente caiu de 28 para apenas 7 segundos, numa
importantes para homogeneizar univer- comparação entre as diretrizes de 2000
salmente os conceitos em Suporte Bási- e de 2005.
co e Suporte Avançado de Vida para que, No entanto, as diretrizes não são de-
com isso, se consiga simplificar o aten- finitivas e estão sempre em evolução em
dimento de emergência, tanto para o face das novas tecnologias e técnicas
para RCP. Ou seja, como se tratam de
Reportagem de Rafael Geyger recomendações, as diretrizes que até
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OUTUBRO / 2008
ESPECIAL
maior de pessoas. Com isso, o leigo que contra o relógio.

VILANY MENDES FÉLIX


não se sente confiante para aplicar in- Se as diretrizes têm enfatizado a pre-
suflações de alta qualidade poderá, atra- valência dos socorristas leigos como for-
vés da RCP Só-compressões, direcionar ma de melhorar o resultado possível dos
os esforços para uma ação menos com- serviços profissionais, ou seja, aumen-
plexa que ajudará a manter, artificial- tando a possibilidade de salvar vidas, a
mente, o fluxo sangüíneo no corpo, ga- tecnologia não fica de lado. O uso do
nhando alguns poucos minutos, mas que DEA (Desfibrilador Externo Automá-
podem fazer a diferença na tentativa de tico), atualmente mais moderno, auto-
salvar a vítima. explicativo e fácil de ser operado, per-
“O argumento que a AHA usa é que mite que até crianças treinadas façam a
talvez os socorristas leigos possam não diferença em um atendimento. Países
fazer adequadamente as insuflações por mais desenvolvidos, inclusive, já avan-
receio de colocar a boca em outra pes- çaram no treinamento de crianças e ado-
soa, ou mesmo por não dispor de bar- lescentes para aplicar RCP e também nas
reira apropriada e isso pode prejudicar, legislações que outorgam a todo cida-
retardando as compressões”, pondera o dão o direito à desfibrilação.
Simplificação das ações permite que a RCP seja fisiologista Waltecir Lopes, instrutor e Enquanto isso, no Brasil, há um gran-
aprendida por um maior número de pessoas
colaborador do LTSEC-INCOR. de atraso, que só não é maior devido a
bem pouco tempo estavam vigentes, Já para os profissionais da saúde (mé- uma morte em especial, flagrada pelas
hoje já não são mais adotadas. Da mes- dicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares) câmeras e transmitida ao vivo pela tele-
ma forma, as atuais práticas podem cair continua prevalecendo as diretrizes de visão: a do atleta Serginho, vítima de pa-
em desuso assim que novas recomen- 2005, embora a AHA tenha incluído em rada cardíaca durante uma partida de
dações venham a ser publicadas. seu parecer consultivo de 2008 aqueles futebol, em 2004. Desde então, leis mu-
“Para seguirmos algum consenso, é profissionais de saúde que não se con- nicipais, estaduais e um projeto de lei
necessário bom senso do profissional, sideram capazes de aplicar insuflações federal surgiram para popularizar o equi-
pois os trabalhos científicos, muitas ve- de alta qualidade. A orientação pode se pamento, mas ainda sem o efeito práti-
zes, não se adaptam à realidade indivi- tornar uma diretriz em dois anos, mas é co esperado.
dual de cada paciente e a diretriz nos fundamental melhorar o ensino e ga- “O Brasil mudou muito nos últimos
orienta no caminho a seguir”, afirma o rantir condições para se praticar a RCP, dez anos em relação ao atendimento da
médico e doutor em Cardiologia, Ma- além de observar as atualizações das téc- emergência cardiovascular, mas muito
noel Fernandes Canesin, diretor do Cen- nicas. ainda precisa ser feito. Não podemos
tro de Treinamento em Emergências da Aos profissionais também compete a simplesmente criar leis de Desfibrilação
UEL (Universidade Estadual de Londri- atenção às especificidades previstas nas Externa Automática quando o foco
na), coordenador do Grupo de Estudos diretrizes, ou seja, avaliar em um aten- principal deve ser treinamento e capaci-
em Ressuscitação e Emergência Car- dimento a idade da vítima, as fases da tação, tanto da população leiga quanto
diovascular da SBC (Sociedade Brasilei- parada cardíaca, suas causas, o tempo de profissionais de saúde. Este trabalho
ra de Cardiologia) e consultor técnico corrido pós-parada, o uso de medica- deve ser focado na corrente de sobrevi-
do Ministério da Saúde. mentos, equipamentos, técnicas e pro- vência, com seus quatro elos, e não sim-
cedimentos que devem ser criteriosa- plesmente no desfibrilador, que sozinho
SÓ-COMPRESSÕES mente considerados em uma corrida não salva vidas”, ensina Canesin.
Prova disto é que, embora a revisão
para as novas diretrizes esteja prevista
para outubro de 2010, uma mudança
importante já foi adotada pelas institui-
ções neste ano. Em 29 de março, a AHA
apresentou ao mundo, através de um
Apelo à ação leiga
parecer consultivo, a divisão das técni- ZProcedimentos simplificados prevêem que socorristas leigos
cas de RCP em duas metodologias: RCP devam aplicar pelo menos compressões de alta qualidade
Convencional e RCP Só-compressões.
A novidade está nesta última, que per- “Se você testemunhar um adulto su- do instrutor do NSC (National Safety
mite ao socorrista leigo optar por apli- bitamente colapsar, ligue imediatamen- Council), Randal Fonseca, ajudar nos es-
car compressões torácicas fortes e rápi- te para o serviço de emergências e apli- forços para salvar a vida de uma vítima
das, minimizando interrupções ao não que compressões torácicas rápidas e for- de parada cardíaca pode ser uma ação
aplicar as insuflações, enquanto aguar- tes. Assuma que a vítima precisa de RCP para qualquer pessoa com um mínimo
da a chegada do serviço de Emergên- e inicie as compressões no peito. Quan- de treinamento. As diretrizes de RCP
cias Médicas. tas? Não importa, continue aplicando até vêm simplificando ao máximo a possi-
Com a simplificação das ações, a RCP que receba ajuda médica profissional.” bilidade de leigos aprenderem como
pode ser aprendida por um número Como se pode perceber nas palavras aplicar SBV (Suporte Básico de Vida).
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Mesmo se a pessoa não possuir treina- minar a ventilação da RCP significaria
mento algum, ela pode ajudar caso li- tratar toda e qualquer parada cardíaca
gue imediatamente para o serviço de e- como igual, com a mesma origem ou
mergência, que irá orientá-la sobre co- causa”, lembra, citando casos em que o
mo proceder. socorrista se depara com vítimas de afo-
A tendência é que esta simplificação gamento, obstrução de vias aéreas, trau-
confirme em 2010 o histórico das últi- ma e insuficiência cardíaca não-testemu-
mas diretrizes publicadas. Em 2000, o nhada. Já em bebês e crianças, a hipóxia
consenso já orientava o leigo a deixar (asfixia) é o tipo mais comum de parada
de verificar a presença de pulso na víti- do coração - condição que também ne-
ma. Cinco anos depois, caía também a cessita das insuflações.
verificação dos sinais de circulação, em Segundo o cardiologista Sergio Ti-
razão da falta de evidências quanto à merman, membro do ILCOR e da AHA
precisão desta ação, que retardaria o iní- e diretor do LTSEC-INCOR, a ênfase
cio das compressões torácicas. às compressões torácicas de alta quali-
Por último, em março deste ano, veio dade e com menos interrupções vai ser
o parecer consultivo da AHA: após o extremamente disseminada nas diretri-
fim da verificação do pulso e da circula- zes de 2010. “Comprima forte, rápido e
ção, ele indicou acabar também com a com qualidade. Essa é a tendência”, a-
avaliação da respiração pelo leigo, eli- ponta.
minando a sua responsabilidade em re- Entretanto, em uma RCP de alta qua-
alizar insuflações. Assim, a RCP para o lidade, não basta aplicar qualquer com-
leigo tende a ser restrita às compressões pressão. Todos os socorristas, profissio-
torácicas, embora a diretriz atual, de nais de saúde e leigos, devem aplicar
2005, ainda indique as insuflações. compressões torácicas de cerca de 4 a 5
Para Francisco Borges, técnico em cm em adultos e freqüência adequadas
Enfermagem e instrutor de RCP, o pro- (cerca de 30 a cada 18 segundos ou 100
fissional deve estar atento a possíveis in- por minuto), permitir o retorno torácico
terpretações equivocadas sobre o pare- após cada compressão e minimizar as
cer da AHA. Não se trata, ressalta, do interrupções.
fim da ventilação na ressuscitação. “Eli- As técnicas simplificadas também au-
xiliam a eliminar atitudes erradas e peri-
gosas, como colocar a vítima em um veí-
culo e correr para um hospital. Neste
caso, o resultado será desastroso, com o
atraso no atendimento e a conseqüente
redução nas chances de salvar a vítima,
já que não há como aplicar RCP dentro
de um automóvel, por exemplo.
Neste sentido, outra inclinação para
2010, segundo Sergio Timerman, está
relacionada ao público geral: espera-se
uma maior sensibilização da população,
principalmente no ensino de pessoas
que tenham familiares com pré-dispo-
sição a problemas cardíacos. “O con-
senso irá buscar como massificar esse
conceito, como conseguir fazer com que
estas pessoas atuem e o façam de ma-
neira rápida e eficaz”, adianta.
DIVULGAÇÃO

Timerman diz que as futuras diretri-


zes também devem enfatizar a avaliação
da vítima, já que, nas 24 ou até 48 horas
antes da emergência ocorrer, alguns si-
nais apontariam que o quadro tende a
evoluir para um colapso. “Seriam sinais
que a própria vítima poderia reconhe-
cer”, explica. Conforme Timerman, a
questão em debate é: o quão súbita é a
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ESPECIAL
morte súbita.

TREINAMENTO
As freqüentes simplificações nas di-
retrizes têm por objetivo facilitar o trei-
namento e incentivar a ação de socor-
ristas leigos. Segundo o paramédico Ser-
gio Jatobá, do Grupo de Operações Es-
peciais da Palm Beach County Fire
Rescue, foi constatado nos Estados
Unidos que, com as diretrizes de 2000,
passado apenas um mês do treinamen-
to, somente 11% dos leigos treinados
em RCP diziam-se confiantes para pres-
tar ajuda durante uma situação de emer-
gência. de. A partir de 2010, a meta é treinar vo é orientar o público leigo a reconhe-
Diante deste quadro, além das mudan- anualmente 20 milhões de pessoas. cer os sinais de uma parada cardíaca e,
ças trazidas pelas diretrizes de 2005, ór- Já no Brasil, embora ainda não haja através das técnicas de RCP, manter a
gãos como a AHA, NSC (National Sa- níveis de treinamento tão altos, iniciati- vida da vítima até o socorro chegar.
fety Council) e ARC (American Red vas de entidades e a preocupação de O projeto, que em 2008 já foi realiza-
Cross) vêm divulgando e incentivando empresas vêm fazendo crescer o núme- do também em Salvador/BA, com qua-
a importância do treinamento de leigos. ro de leigos treinados. No final de 2007, se mil pessoas capacitadas, deve ter um
Em dezembro de 2007, o congresso por exemplo, a UAM (Universidade A- segundo módulo novamente no arqui-
norte-americano aprovou a criação da nhembi Morumbi) deu início ao proje- pélago e na capital baiana, com um nú-
Semana da Conscientização de RCP e to Viva Coração, capacitando 900 mora- mero maior de leigos treinados. Além
Desfibrilação. “A conscientização ocor- dores de Fernando de Noronha em pro- disso, há a intenção de trazer a propos-
re na primeira semana de junho e, como cedimentos de primeiros socorros e ta para dentro da própria Universidade,
resultado, os cursos de ressuscitação têm RCP. Um terço da população foi treina- treinando funcionários e alunos ainda
se tornado altamente populares”, conta do para socorrer turistas e habitantes em neste ano.
Jatobá. casos de parada cardíaca. Além disso, a Em termos de empresas, uma inicia-
Com uma rede de mais de 280 mil ins- Universidade doou 15 DEAs que foram tiva destacada é a da Companhia do Me-
trutores e 3.500 centros de treinamen- distribuídos por pontos estratégicos, tropolitano de São Paulo. Desde 2006,
to, a AHA reestruturou mais de 90 pro- como o porto, o aeroporto e as praias o Metrô conta com um sistema de aten-
gramas de treinamento. Em 2007, por do arquipélago. dimento a emergências cardíacas em to-
exemplo, aproximadamente 11 milhões Segundo a enfermeira Ana Paula da sua estrutura. O serviço completou
de pessoas, entre profissionais e leigos, Quilici, especialista em Enfermagem em dois anos em agosto (veja Box Emergên-
foram treinadas em RCP e ECC (Emer- Cardiologia e coordenadora do Centro cias no Metrô, página 23), com 1.759
gency Cardiac Care - Cuidados Cardíacos de Simulação e Treinamento da Escola empregados operativos treinados e 62
de Emergência) nos EUA pela entida- de Ciências da Saúde da UAM, o objeti- DEAs instalados, um em cada uma das
55 estações e outros equipamentos dis-
WALTECIR LOPES

tribuídos em áreas internas da empresa,


pátios e prédios administrativos. Tam-
bém foram formados três instrutores,
responsáveis pela atualização sistemáti-
ca que atinge a todos os empregados já
treinados no prazo máximo de um ano.
Segundo o médico Maurício Monteiro
Alves, coordenador de Saúde e Quali-
dade de Vida do Metrô, o sucesso do
sistema se deve à agilidade de comuni-
cação dentro das estações, por onde cir-
culam mais de 3 milhões de usuários por
dia. Também há, salienta, o conhecimen-
to por parte do usuário sobre a estrutu-

No Brasil, embora os níveis de treinamento não sejam


tão altos, iniciativas de entidades e empresas vêm
fazendo crescer o número de leigos treinados

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ra existente, o que facilita o acionamento cardíaca podem ser evitadas com a pre- que aumentou as chances de sobrevi-
do socorro. “As pessoas são treinadas, sença e uso de DEAs. vência para percentuais que variam en-
o treinamento é mantido vivo e já há Conforme o paramédico Sergio Ja- tre 49% e 74%.
uma cultura de prestar socorro dentro tobá, empresas norte-americanas estão No Brasil, o ensino de Suporte Bási-
da estação. Há também a comunicação investindo mais do que nunca em pro- co de Vida tende a crescer também no
interna e a disponibilidade do aparelho, gramas de RCP e DEA para seus funcio- ambiente de trabalho. Só o CBMDF
que está num local estratégico e chega nários. Ele diz que, antes das diretrizes (Corpo de Bombeiros Militar do Distri-
rápido a qualquer ponto da estação”, en- de 2005, as chances de sobrevivência to Federal), por exemplo, treinou 10 mil
fatiza. eram de apenas 6%. Com a implemen- pessoas em SBV em 2007, incluindo ma-
Para Daniela Morais, enfermeira do tação de treinamentos de RCP/DEA nobras de RCP e uso do DEA, em em-
Samu Belo Horizonte/MG, mestre em para leigos e a instalação de DEAs no presas, órgãos públicos, shoppings, ho-
Enfermagem em Parada Cardiorrespira- ambiente de trabalho, uma grande di- téis e academias, informa a major médi-
tória no APH e doutoranda da UFMG minuição no tempo de resposta em pa- ca pediatra Vilany Mendes Félix, do Ba-
(Universidade Federal de Minas Gerais), radas cardíacas vem sendo atingida, o talhão de Emergências Médicas do
treinamentos e atualizações devem ser
incentivados. “Apesar de outros fatores
contribuírem para o insucesso da RCP,
como as co-morbidades pré-existentes
na vítima, o treinamento de leigos em
Suporte Básico de Vida e o uso do DEA
com certeza aumentam as chances de
sobrevida de uma pessoa em parada car-
díaca, fato que já foi comprovado em
diversos estudos publicados”, afirma.
A opinião tem a concordância de Ran-
dal Fonseca, que reitera que o leigo deve
ser qualificado, pois boa vontade só ser-
ve quando há treinamento. “O aluno
tem que ficar durante uma hora, uma
hora e quarenta de joelhos, praticando
a RCP. Senão, quando alguém precisar
da RCP, a qualidade obtida não será a
desejável. Os treinamentos e a determi-
nação de lapidar, polir e qualificar o lei-
go são os objetivos para mudar o cená-
rio”, diz.

EMPRESAS
Empresas que querem qualificar seus
funcionários em RCP devem buscar
cursos e instrutores certificados, que ba-
seiem seus treinamentos nas diretrizes
internacionais publicadas. Vale lembrar
que, para o treinamento, não basta con-
tar com o médico da empresa. O instru-
tor deve ser um profissional (médico ou
não) capacitado em SBV e com o curso
de instrutor, com técnicas de instrução
e participação sem as quais o ensino fica
extremamente comprometido, avalia o
doutor em Cardiologia Manoel Canesin.
Segundo estudo da OSHA (Occupa-
tional Safety & Health Administration),
a Agência de Segurança e Saúde Ocupa-
cional dos Estados Unidos, paradas car-
díacas são responsáveis por 13% de to-
das as mortes de funcionários no am-
biente de trabalho. Além disso, é esti-
mado que 25% das mortes por parada
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ESPECIAL
CBMDF e coordenadora do Pólo Cen- diferença entre a vida e a morte”, afirma.
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tro-Oeste do PALS (Pediatric Advanced Waltecir acredita que o ensino de RCP


Life Support - Suporte Avançado de Vida para crianças deve trabalhar a questão
em Pediatria). psicológica, funcionando em caráter
educativo, com objetivos sociais, lúdicos,
CRIANÇAS afetivos, cognitivos e psicomotores. “O
Atualmente, as diretrizes prevêem que, ensino da RCP para crianças e adoles-
com treinamento, até mesmo crianças centes transcende o que os especialistas
podem realizar procedimentos de res- em emergência imaginam, pois é uma
suscitação e operar o DEA com suces- das raras atividades que, além de ensi-
so. Para o cardiologista Manoel Canesin, nar a salvar, também ensina virtudes pa-
qualquer criança acima de 8 anos, com ra uma vida toda. Quem aprende a sal-
capacidade física, deve ser capaz de re- var, dificilmente vai matar”, reitera.
conhecer uma parada cardíaca e saber Opinião semelhante tem a médica
realizar uma RCP. pediatra Vilany Mendes Félix. Ela diz
O fisiologista Waltecir Lopes, instru- que o ensino de SBV e RCP para crian-
tor e colaborador do LTSEC-INCOR, ças auxilia também na prevenção de aci-
reforça esta questão e cita um estudo dentes domésticos e na redução do nú-
que aponta que 84% das paradas cardía- mero de trotes, através da postura de
cas ocorrem em casa ou em local públi- conscientização.
co, onde há crianças e adolescentes que “O Batalhão dá treinamentos, princi-
podem intervir ou acionar o serviço palmente em escolas, tanto para as pro-
médico. No entanto, Waltecir explica fessoras como para as crianças a partir
que esta é uma postura que não pode do quinto, sexto ano. É muito impor-
ser exigida de uma criança. tante que a criança saiba fazer RCP e
“Se ela conseguir acionar o número saiba quem chamar em uma emergên-
de emergência ou até mesmo intervir em cia e quando chamar. Você está forman-
um engasgo de um amiguinho ou adul- do uma pessoa para o futuro”, opina.
to, isso vai ser uma conseqüência. Não A AHA indica o ensino de RCP nas
temos como cobrar e não devemos es- escolas secundárias desde 1980 e, a par-
perar isso de uma criança ou adolescen- tir das diretrizes de 2000, o treinamento
te. Se profissionais em algum momento em colégios vem sendo firmemente re-
de suas carreiras já sentiram essa dificul- comendado. Nos Estados Unidos, a en-
dade, o que dirá uma criança, apesar de tidade mantém o projeto “Heartsaver
já termos relatos de crianças terem fei- CPR in Schools”, que pretende atingir uma
to certos procedimentos que fizeram a população altamente comunicativa.

Choque mais acessível


ZEspecialistas alertam que o desfibrilador não deve apenas
estar presente, mas ser efetivamente utilizado para salvar vidas
Desde a morte do jogador de futebol gresso Nacional. Apresentado em 2003
Serginho, em 2004, durante partida no Senado, o projeto de lei ingressou na
transmitida ao vivo pela televisão, o des- Câmara dos Deputados sob o n.º 4050/
fibrilador se tornou mais conhecido e 2004 e aguarda inclusão na pauta para ir
acessível à população. Nos últimos qua- a plenário. Em caso de aprovação, ele
tro anos, alguns estados e municípios seguirá para análise do Senado, de onde,
brasileiros estabeleceram legislações se modificado, voltará à Câmara.
próprias que prevêem a instalação de Segundo o paramédico Sergio Jatobá,
DEAs em locais públicos, onde haja cir- nos Estados Unidos também existem
culação maior ou igual a 1.500 pessoas legislações regionais para a instalação de
e a obrigatoriedade de pessoas treinadas DEAs em áreas públicas, que prevêem
para operá-los. multas pesadas para quem ignorar esta
Já em âmbito federal, proposta seme- obrigação. Além disso, a AHA, junta-
lhante tramita morosamente no Con- mente com outras instituições médicas

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ESPECIAL
pendentemente se freqüenta ou não lo-
cais onde há aglomeração. O coração

RAFAEL GEYGER
não escolhe local onde parar. Ele pára
em qualquer lugar. Então, em todo lu-
gar deve haver um DEA à disposição
da população”, reforça.

EQUIPAMENTO
Para Manoel Canesin, o maior proble-
ma na hora de usar o desfibrilador é a
chegada tardia no local e a falta de com-
pressão torácica correta previamente ao
seu uso. Isto porque o DEA só é imedi-
atamente utilizado nos primeiros 5 mi-
nutos da parada cardíaca, ou seja, en-
quanto houver um ritmo chocável.
Mesmo quando há demora na chega-
da do DEA, uma RCP de alta qualidade
pode manter a parada em uma fase que
se beneficia do choque. Segundo Cane-
sin, o primeiro ritmo a aparecer em adul-
e agências não-governamentais, vem é importante ter cursos como SBV e o tos na maioria das vezes é a taquicardia
pressionando os governos federal e lo- ACLS”, indica. ventricular sem pulso que rapidamente
cais para instituir o desfibrilador nacio- Conforme Randal, para corrigir a de- se degenera para fibrilação ventricular
nalmente. ficiência na legislação, o texto correto e, com o passar de 4 a 6 minutos, se nada
“Existe uma intensa difusão do DEA seria próximo do modelo norte-ameri- for feito, evolui para assistolia, um rit-
pelos EUA, mas dentro da cultura nor- cano, que diz que todo o cidadão tem mo já não-chocável.
te-americana somente um número é direito a ser desfibrilado. “Se você tem Com a evolução da tecnologia, os
aceito quando se fala de segurança: o DEA, ou fabricará, ou pegará empres- DEAs se tornaram aparelhos inteligen-
100%. Portanto, muito trabalho ainda tado, não interessa. O que interessa é tes que possibilitam ao socorrista uma
está sendo realizado”, diz, citando que, que a vítima tem o direito de ser des- série de indicações quanto ao seu de-
em áreas urbanas, o DEA é encontrado fibrilada. A qualidade do atendimento sempenho na ressuscitação e também
em aeroportos, parques públicos, pré- se torna, então, objeto de avaliação - o referentes a ações que devem ser adota-
dios, condomínios e até nas praias (em que não se dá no Brasil. Assim, todos das. Ele indica, por exemplo, a profun-
torres de salva-vidas). nós teríamos o direito e o dever de ga- didade e a freqüência das compressões,
Para o instrutor do NSC, Randal Fon- rantir desfibrilação. E não interessará se o tempo de compressão e desfibrilação
seca, o problema das leis brasileiras é a passam 1.500 ou 5 pessoas naquele re- e ainda emite mensagens de áudio que
sua ineficiência. Segundo ele, as legisla- cinto. Toda pessoa é importante, inde- regulam a continuidade das compressões
ções existentes servem mais como ins- e corrigem sua velocidade e força, esti-
trumento de proteção de mercado ao mulando a seqüência da RCP.
DIVULGAÇÃO

incentivarem o equipamento e não a des- A partir das diretrizes de 2005, reco-


fibrilação. “Se você tiver uma parada car- menda-se que o suporte avançado tam-
díaca em um local que conta com o DEA, bém seja levado até onde o DEA está
a lei não diz que ele tem que ser usado, dando choque na vítima. “Não se remo-
diz que ele tem que estar lá e que tem ve a vítima para buscar o DEA ou para
que haver pessoas treinadas”, justifica. ir até o médico. Agora é o DEA e o mé-
O doutor em Cardiologia Manoel dico que chegam até a vítima”, resume
Canesin concorda. Para ele, que é coor- Randal.
denador do Grupo de Estudos em Res- Uma tendência de mudança para 2010
suscitação e Emergência Cardiovascular é sobre o momento da desfibrilação, si-
da SBC, houve preocupação com o equi- naliza o médico Sergio Timerman, dou-
pamento e pouco se fez em termos de tor em Cardiologia e membro da AHA
treinamento, sensibilização da popula- e do ILCOR. “A desfibrilação é impor-
ção e implantação da corrente da sobre- tante, mas ela tem um momento exato
vivência. “Coloca-se um desfibrilador e para ser utilizada na parada cardíaca”,
ele fica parado lá. Você tem que simular ressalta. De acordo com Timerman, es-
o psicomotor e o cognitivo, ou vai che- tão sendo avaliados trabalhos científicos
gar na hora e o indivíduo vai ficar apa- que apontam o instante correto de utili-
vorado e sem saber o que fazer. Por isso Canesim: pouco se fez em termos de treinamento zação do desfibrilador.
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Procedimentos avançados
tencial situação de emergência, diminu-
indo possíveis erros médicos. “Para a
compreensão de todo o contexto do Su-
porte Avançado de Vida, o profissional
ZProfissionais de saúde devem estar em treinamento constante de saúde deverá possuir extenso conhe-
cimento em ciências médicas como far-
para aplicar as diretrizes de acordo com a situação da vítima macologia, farmacodinâmica, patofi-
siologia, anatomia, etc.”, sinaliza.
Para os profissionais da saúde, as dire- diretrizes serão encontrados somente Segundo Ana Paula Quilici, especia-
trizes não são um protocolo de atendi- quando profissionais avançados estão lista em Enfermagem em Cardiologia,
mento, ou seja, não engessam sua atua- atuando. “É necessário que esses pro- os profissionais devem receber treina-
ção. Como são orientações importantes, fissionais de saúde sejam altamente trei- mento visando à atuação em equipe nu-
elas funcionam como um caminho a ser nados e possam optar por alternativas ma emergência. “Todos têm que ser trei-
seguido, mas devem ser consideradas terapêuticas pertinentes ao paciente. A- nados em cima de uma mesma lingua-
também as características individuais de final, cada paciente possuirá particulari- gem, logicamente que com seus papéis
cada vítima e de cada região. dades que requerem decisões e aborda- muito bem definidos, mas o treinamen-
“É válido dizer que, para o profissio- gens diferentes”, ressalta. to deve propiciar simulações em equi-
nal, devido à própria natureza maleável Ciente do seu papel, o profissional de- pe”, recomenda.
das ciências médicas, as diretrizes de a- ve buscar capacitação contínua, alerta o A opinião é reforçada por Canesin,
tendimento são infinitamente mais flexí- doutor em Cardiologia Manoel Canesin, que lembra que o trabalho em equipe
veis do que para os leigos, e abrem mui- coordenador do Grupo de Estudos em foi bastante destacado nas diretrizes de
tas portas para interpretações diferen- Ressuscitação e Emergência Cardiovas- 2005. “Pouco adianta um profissional
ciadas. Afinal, cada paciente e cada situ- cular da SBC. A opção recomendada são ter conhecimento das diretrizes se a sua
ação em medicina é única”, alerta Sergio cursos como SBV, ACLS e PALS que equipe não possui este conhecimento.
Jatobá, paramédico brasileiro que atua oportunizam abordagem cognitiva, psi- Muitas vezes também as pessoas não sa-
nos Estados Unidos. comotora e afetiva. bem trabalhar em grupo, dividindo ta-
Jatobá explica que, desde 2005, o foco Para Sergio Jatobá, o acesso ao trei- refas com harmonia no momento de e-
das instituições de pesquisa tem sido a namento cria uma massa de profissio- mergência, ou seja, todos trabalham
criação de diretrizes e não de protoco- nais de saúde altamente treinados, que muito bem sozinhos, mas quando ficam
los de atendimento. Estes ‘desvios’ das falam a mesma língua durante uma po- juntos o atendimento vira uma catástro-

OUTUBRO / 2008 Emergência 29


ESPECIAL
deve-se considerar a possibilidade de ad-
ANHEMBI-MORUMBI

ministrar um antiarrítmico, como a a-


miodarona. Caso a amiodarona não es-
teja disponível, pode-se considerar a
possibilidade de administrar lidocaína.
Contudo, novos estudos científicos
estão sendo avaliados e podem motivar
modificações nas diretrizes em 2010.
Segundo Timerman, uma das tendênci-
as indica mudanças quanto ao melhor
momento de administrar a amiodarona:
se logo em seguida ao vasoconstritor ou
juntamente com ele.
“Outro item interessante que está se
falando muito é o chamado coquetel da
parada cardíaca. Essa é uma tendência
interessante: ao invés de utilizar dois va-
soconstritores, seria a utilização da adre-
Todos os profissionais devem receber treinamento nalina (epinefrina) com a vasopressina
MESMA visando a atuação em equipe numa emergência, diminuindo e adicionando ou não o vasodilatador”,
LINGUAGEM possíveis erros no atendimento indica, adiantando também que outro
parâmetro analisado é a possibilidade de
fe”, salienta. a compressão torácica e a desfibrilação”, utilização de medicamento beta-blo-
Um exemplo de atendimento em equi- avalia o doutor em Cardiologia Sergio queador na parada cardíaca.
pe é quando estiverem atuando dois Timerman, diretor do LTSEC-INCOR. No Brasil, somente o médico é que
socorristas profissionais com um via “O uso de drogas - epinefrina e amio- pode administrar medicamentos. Atual-
aérea avançada em posição. Eles não de- darona, principalmente - se faz no mo- mente, seguindo as orientações de 2005,
vem aplicar ciclos de compressão com mento do suporte avançado, quando várias drogas podem estar à disposição
pausas para ventilação. Um socorrista existe o médico presente. Neste momen- e serem usadas de acordo com a deci-
deve realizar compressões ininterrupta- to, a fibrilação ventricular é refratária e são clínica do médico no momento da
mente (sendo denominado “compres- estas drogas demonstraram ser capazes RCP. Conforme Sergio Jatobá, são mais
sor”), enquanto o outro aplica ventila- de estender o tempo de vida destes pa- de 20 drogas listadas segundo os procedi-
ções de resgate, em uma freqüência de cientes e ajudar na sobrevida”, explica mentos de ACLS, variando conforme o
8 a 10 ventilações por minuto (1 venti- Manoel Canesin. protocolo de atendimento estabelecido.
lação a cada 6 a 8 segundos). Quando Quando a verificação do ritmo de- Tanto para os procedimentos de Su-
dois ou mais profissionais de saúde es- monstra a presença de fibrilação porte Avançado quanto de Suporte Bá-
tão presentes durante a RCP, os socor- ventricular persistente (após o segundo sico de Vida, as orientações estão em
ristas devem revezar-se no papel de ou terceiro choques, associados à RCP constante evolução. Por isto, é impor-
compressor a cada 2 minutos. e à administração de um vasopressor), tante que profissionais estejam atentos,
Para atuar na organização de um a- atualizando seus conhecimentos através
PAULA BARCELLOS

tendimento à vítima de parada cardíaca, de reciclagens. A construção das dire-


Daniela Morais, enfermeira do Samu trizes de 2010, por exemplo, já inicia nos
Belo Horizonte, cita o papel fundamen- próximos meses. Para o primeiro semes-
tal do profissional de enfermagem na tre de 2009, está previsto o início de um
tentativa de manter um nível de tranqüi- fórum aberto aos profissionais de saú-
lidade e sincronismo para que a terapêu- “Se você testemunhar um adulto su- de que não participam da definição das
tica adotada seja implementada com efi- bitamente colapsar, ligue imediatamen- diretrizes, para que opinem sobre os
cácia. te para o serviço de emergências e apli- novos consensos.
que compressões torácicas rápidas e for- Segundo o doutor em Cardiologia
DROGAS tes. Assuma que a vítima precisa de RCP Sergio Timerman, a sugestão é acom-
Entre as possibilidades do atendimen- e inicie as compressões no peito. Quan- panhar estes movimentos pelos sites
to avançado está o uso de medicamen- www.americanheart.org ou www.erc.
tos que podem auxiliar a reversão da fi- edu. Também estão disponíveis na In-
brilação e também aumentar a sobrevida ternet as principais modificações intro-
do paciente. “A droga é uma ferramen- duzidas nas Diretrizes 2005 para RCP
ta importante para otimizar a perfusão (em português): http://www.american-
coronariana e, com isso, aumentar a pos- heart.org/downloadable/heart/11410-
sibilidade de você fazer com que a pes- 72864029CurrentsPortugueseWinter2005-
soa retorne à circulação espontânea após Timerman: deve-se acompanhar as futuras mudanças 2006.pdf
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