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FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA

SEGUNDA PROVA – SEMIOLOGIA I


Ana Luiza Machado Costa

SÍNDROMES MOTORAS E SENSITIVO-MOTORAS

 DEFINIÇÃO:
 Condição clínica caracterizada por distúrbios da motricidade voluntária (força e
coordenação) resultando em graus variáveis de perda de força e/ou de coordenação
motora e de distrofia. Quando provocadas por neuropatias periféricas caracterizam-se
por transtornos sensitivo-motores
 Obs: Nervos periféricos: trabalham com sensibilidade e motricidade

 ASPECTOS ANATÔMICOS E FUNCIONAIS PATOGENIA:

 Estrutura Anátomo-Funcional:

 Córtex Motor (localizado na área fronto-parietal). Contém:


 Neurônio Motor Superior

 Cápsula Interna

 Trato Córtico Bulbar

 Tronco Cerebral
 Neurônios de segunda ordem (pares cranianos)
 Decussação das pirâmides (cruzamento de mais de 80% das fibras)

Obs: O que está grifado são as regiões afetadas por doenças

 Tratos Córtico-espinhais
 Anterior e Lateral
 Medula. Contém:
 Neurônio Motor Inferior
 Nervos Periféricos
 Sensitivo-motores: Raízes, plexos, troncos , nervos
 Efetores
 Músculos

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 PATOGENIA:

 Os processos causais das síndromes motoras e sensitivo-motoras podem ser de natureza:


 Isquêmica Ex: principalmente a encefálica (AVC por obstrução de vasos)
 Hemorrágica Ex: AVC hemorrágico
 Inflamatória – infecciosa, auto imune, idiopática
 Degenerativa, sendo muitas de natureza idiopática
 Metabólica Ex: diabetes
 Nutricional Ex: Déficit de Vit B1, B6 e B12

 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS

 Alterações da Força:
 Paresias (hemi, para, tetra)
 Distúrbios da Marcha: Indica alteração de força ou coordenação
 Plegias (hemi, para, tetra): manifestam pela paralisia, ou seja, perda de força
 Displegia: quando acomete o MS
 Distúrbios respiratórios
 Paralisia facial
 Paralisia da língua, do palato e dos ombros

 Distúrbios da Fala
 Disartria: dificuldade de articular as palavras
 Anartria: incapacidade de articular as palavras
 Afasia

 Distúrbios do Tônus Muscular


 Espasticidade: musculatura tensa

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 Flacidez: musculatura completamente relaxada

 Alterações dos Reflexos Tendinosos


 Hiporreflexia
 Arreflexia
 Exaltação ou hiperrflexia
 Reflexos Anormais: Babinski

 Alterações dos Reflexos Superficiais


 Abolição dos reflexos cutâneo-abdominais e cutâneo-plantares

 Alterações da Coordenação Motora


 Dismetria: interpretação errônea da distância, desorientação espacial e incapacidade
para alcançar com precisão um ponto determinado
 Dis(a)diadococinesia: dificuldade de realizar movimentos alternados e rápidos, de
modo regular
 Tremor
 Dis(a)sinergia: dificuldade de fazer movimentos repetidos dos quatro lados do corpo
 Disgrafia
 Distúrbios do movimento ocular
 Disbasia (dificuldade de ficar em pé) – Abasia (incapacidade de ficar em pé) (Romberg)
 Distúrbios da Marcha

 Alterações da Sensibilidade
 Dor neuropática
 Hipoestesia: diminuição da sensibilidade
 Tátil, térmica, dolorosa, proprioceptiva
 Parestesias
 Disestesias: dificuldade de perceber a sensibilidade dos estímulos colocados sob a pele
 Alterações do limiar sensitivo

 Disfunção Autonômica
 Hipotensão Ortostática
 Impotência Sexual
 Incontinência Urinária
 Retenção Urinária
 Diarreia
 Constipação Intestinal

 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: O EXAME FÍSICO

 Avaliação Geral Observar:


 Postura – Atitude - Facies
 Fala
 Marcha
 Trofismo Muscular (massa muscular)
 Tônus Muscular (consistência do músculo)

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Paralisia facial periférica

Paralisia facial central (abrange a metade inferior da face)

 Testes da Força:
 Movimentação Ativa: levanta o braço/perna e vê se consegue resistir a gravidade
 Movimentação contra a gravidade

 Manobra de Mingazzini

 Manobra de Raimiste:

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 Manobra de Barré:

 Movimentação contra resistência : opõe o movimento e pede para fazer força


contrária

 Testes da Coordenação Motora:


 Observar a marcha
 Pesquisar o Sinal de Romberg
 Realizar as provas
 Dedos – nariz
 Calcanhar – joelho
 Palma – dorso
 Tipos de marcha:
 Marcha ceifante: típica de paciente com hemiparesia
 Marcha cerebelar: bêbado
 Marcha tabética: sinaliza lesão do cordão posterior da medula. Perda da sensação
de propriocepção
 Marcha de pato: decorre da fraqueza da musculatura pélvica
 Marcha de modelo

 Pesquisa dos Reflexos:


 Profundos
 Estilorradial
 Flexores dos dedos

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 Tricipital
 Bicipital
 Adutores da coxa
 Patelar
 Aquileu
 Mentoniano
 Orbiculares
 Superficiais
 Cutâneo Abdominais
 Cutâneo Plantar: Babinski

Babinski. Obs: em criança até 8 meses isso


pode acontecer

 Exames dos Pares Cranianos:


 Motricidade Ocular
 Mímica Facial
 Movimentos da língua
 Movimentos do Palato: manda falar “A” e vê se a úvula movimenta corretamente
 Movimentos dos Ombros

Paralisia do oculomotor

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 Testes das Sensibilidades
 Tátil: testa com algodão
 Térmica: testa com coisa fria e quente
 Dolorosa: testa com algo pontiagudo
 Proprioceptiva:
Sinal de Romberg:
 Manda ficar em pé, com os pés próximos, braços pendentes e olhos fechados
 Positivo: a pessoa cai para o lado lesado
 Nas lesões cerebelares é negativo ou cai sem ter uma orientação (qualquer
lado)

 DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO (PROVA):

 Síndrome do Neurônio Motor Superior (S. Piramidal):


 Resulta da interrupção da via córtico-espinhal. É típica das lesões encefálicas
 Manifestações deficitárias: Indivíduos com membros paralisados, geralmente com
uma hemiparesia
o Nervo motor superior é desligado
o Fase aguda
o Perda dos movimentos voluntários
o Reflexos superficiais reduzidos ou abolidos (cutâneo-abdominal)
o Hiporreflexia tendinosa (porque desligou o central mas o periférico ainda não
foi inativado) e flacidez discreta, na fase aguda (6 semanas)
o Atrofia muscular tardia (desuso)
 Manifestações de Liberação:
o Fase crônica
o Sincinesia: manda levantar o lado lesado e responde o lado sadio
o Reflexos tendinosos exaltados e/ou sinreflexia (porque como lesou o
neurônio motor superior, o inferior está sem comando), na fase crônica
o Sinal de Babinski
o Espasticidade

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Lesão de toda a medula Lesão hemimedular

Siringomielia: começa do centro medular para a periferia

 Síndrome do Neurônio Motor Inferior:


 Não tem a diferença entre a fase aguda e crônica
 Pega ordem do neurônio motor superior e passa para os neurônios periféricos
 Se está lesado, os estímulos não chegam nos órgãos efetores. Então, há perda
completa dos movimentos.
 Resulta da interrupção dos estímulos motores aos efetores. É típica das lesões
medulares e das lesões graves dos nervos periféricos
 Perda dos movimentos voluntários e automáticos => paralisia
 Arreflexia ou hiporreflexia
 Atrofia e hipotonia precoces, porque o músculo não recebe nenhum estímulo
 Flacidez

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 Fasciculações
 Pode ser acompanhada de (porque as vias sensitivas também passam pela
medula):
o Distúrbios esfincterianos
o Transtornos das sensibilidades tátil, térmica e dolorosa
o Manifestações unilaterais, envolvendo a força ou a sensibilidade

 Síndrome Cerebelar:
 Resultam de lesões hemisféricas ou do verme
 Ataxia (dismetria, dis ou adiadococi-nesia, tremor, dis ou assinergia, disgra-fia,
distúrbios do movimento ocular, disbasia => marcha ebriosa)
 Hipotonia muscular
 Desequilíbrio
 Romberg negativo
 Nistagmo (pode estar ausente)

 Síndrome Cordonal Posterior (exemplo: sífilis)


 Resulta da lesão dos cordões posteriores da medula
 Disbasia talonante => marcha de base larga (marcha talonante)
 Ataxia
 Hipotonia com arreflexia profunda
 Romberg positivo
 Redução da sensibilidade profunda

 Neuropatia Periférica
 Causada pelo comprometimento de raízes nervosas, troncos, plexos ou nervos por
doenças degenerativas, metabólicas ou por trauma
 Um nervo é formado por várias raízes e uma única raiz pode participar da formação de
vários nervos
 Cursa com dor neuropática, alterações do limiar sensitivo (dor acontece antes das
manifestações motoras), disestesias, parestesias, hipoestesia e redução progressiva da
força
 Hiporreflexia tendinosa, distúrbios respiratórios, ataxia e disfunção autonômica
também podem ocorrer
 Radiculopatias
 Trajeto definido ao longo do território inervado pela raiz
 Acometimento parcial de um segmento corporal
 Manifestações sensitivas predominantes, com distúrbios motores parciais e tardios
 Ex.: lombociatalgia, cervicobraquialgia (característica de raiz nervosa do plexo
cervical)
 Ex.: quando comprime L5 se move ao longo da parte posterior da coxa, parte
anterior da perna e chega no hálux.
 Quando acomete raiz a dor anda em várias posições no membro
 Plexopatias
 Área mais extensa de um segmento corporal, representativa de mais de um nervo
periférico
 Transtornos motores e sensitivos associados, dependendo da natureza da lesão

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 Ex.: síndrome de Pancoast-Tobias, síndrome do sulco costoescalênico, trauma com
estiramento de ms (pode romper o plexo braquial que gera paralisia em todo o
membro superior)
 Ex.: o plexo sacral é lesado por trauma direto na medula
 É mais grave a lesão do plexo do que a de raiz porque o déficit motor e sensitivo
vem mais rápido
 Mononeuropatias / Lesões Tronculares
 Comprometimento específico do território de um nervo
 Distúrbios sensitivos e motores simultâneos
 Ex.: paralisia diafragmática, paralisia radial, paralisia ulnar
 Polineuropatias
 Uma das manifestações mais comuns
 Atinge todos os nervos de uma região
 O déficit sensitivo-motor é regional
 Tendem a acometer extremidades
 Manifestações em “bota” (todo o pé) ou “luva” (toda a mão: ulnar, radial e
mediano)
 Distúrbios sensitivos predominantes, distúrbios motores tardios
 Ex.: polineuropatia diabética

 ETIOLOGIA:

 Lesões Encefálicas/Cerebelares: lesão do neurônio motor superior


Principais causas:
 Acidente Vascular Encefálico (principal causa)
 Hipertensão Intracraniana (tumores, hemorragias, hidrocefalia, malformações
vasculares)
 Infecções
 Doenças degenerativas (esclerose múltipla)
 Síndromes desmielinizantes
 Ação de drogas ou agentes tóxicos
 Traumatismo cranioencefálico

 Lesões Medulares: síndrome do neurônio motor inferior


 Síndromes de Compressão
 Hérnias de disco intervertebral
 Síndromes desmielinizantes e degenerativas (ELA, esclerose múltipla)
 Infecções (sífilis, poliomielite)
 Tumores
 Lesões isquêmicas
 Trauma raquimedular

 NEUROPATIAS PERIFÉRICAS:

 Neuropatias Imunomediadas: doenças auto-imune mediadas por alterações no


sistema auto imune

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 Síndrome de Guillain-Barré: é ascendente. Começa no pé e vai até o tórax (não
respira)
 Neuropatia Desmielinizante Inflamatória Crônica
 Neuropatia Motora Multifocal
 Neuropatias Vasculíticas
 Neuropatias Associadas a Gamopatias Monoclonais

 Neuropatias Metabólicas
 Neuropatia Diabética
 Sensoriomotora / Autonômica
 Acometimento uni ou multi-segmentar
 Neuropatia Hepática
 Neuropatia Urêmica
 Mixedema
 Porfiria

 Neuropatias Tóxicas: induzem degeneração nervosa


 Neuropatia Alcoólico-Nutricional
 Neuropatia por Neurotoxinas
 Metais pesados, hidrocarbonetos, venenos industriais
 Neuropatias por Drogas
 Amiodarona, Sulfas, Isoniazida (trata tuberculose), Metroni-dazol,
Hidralazina, Antivirais, Antiblásticos, Cloranfenicol

 Neuropatia Infecciosa
 Doença de Lyme (Borreliose)
 Hanseníase: atinge principalmente nervos do membro inferior e membro
superior
 Neuropatia da AIDS
 Pelo HIV, por CMV, outras
 Outras Infecções Virais
 Herpes Zoster

 Neuropatias Compressivas
 Síndromes “do Túnel”
 do carpo, do tarso, cubital
 Sindrome de Pancoast-Tobias
 Hérnias de Disco Intervertebral
 Síndrome do Sulco Costoescalênico
 Outras

 Outras Neuropatias
 Neuropatias Hereditárias
 Paralisia de Bell
 Nevralgia do Trigêmio

 Doença Muscular

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 Síndromes degenerativas e distróficas, doenças infecciosas, rabdomiólise,
doenças inflamatórias

 EXAMES COMPLEMENTARES:

 Tomografia Computadorizada do Crânio


 Indicada para investigar lesões do neurônio motor superior
 Ressonância Magnética da Coluna Vertebral (serve para melhorar as imagens da
tomografia)
 Indicada para investigar lesões do neurônio motor inferior e lesões radiculares
 Angiografia (localiza o ponto de sangramento e vê se é possível tratamento)
 Indicada para investigar lesões hemor-rágicas. Geralmente realizada após a TC

Obs: TC de coluna não serve. Deve-se fazer ressonância magnética.

 Exame do Líquor
 Indicado para investigação de síndromes desmielinizantes
 Provas Sorológicas (sífilis, AIDS)
 Indicadas para detecção de doenças infecciosas
 Eletroneuromiografia
 Estimula territórios nervosos com agulha e capta a atividade de nervos, vendo se
está normal e registrando
 Indicada para diagnóstico das neuropatias periféricas, especialmente as
polineuropatias

AVC

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AVC antigo (abre uma lacuna no tecido cerebral)

AVC hemorrágico

Ressonância magnética da medula:

Hérnia de disco Osteófito comprimindo a medula

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Tumor na vértebra comprimindo a medula Tumor na região medular

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