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INTRODUÇÃO:
I – Definições de Ética Cristã
A Ética Cristã nunca esteve destinada a existir em um vácuo e de forma isolada de outras
ideias relevantes de certo e errado. Independentemente de sua ênfase específica, ela tem sido
historicamente forçada a interagir com versões concorrentes da moralidade.
Scott B. Rae
Enquanto a Ética considera o que é moralmente certo ou errado, a Ética Cristã considera o que
é moralmente certo e errado para os cristãos.
Norman L. Geisler
1
OLIVEIRA, Fabiano de Almeida. Reflexões Críticas sobre Weltanschauung: uma análise do processo de
formação e compartilhamento de cosmovisões numa perspectiva Teo-referente. São Paulo, 2002. XIII.1, p. 49.
ORGANIZAÇÃO PALAVRA DA VIDA - NE
INSTITUTO BÍBLICO PALAVRA DA VIDA - IBPV
DISCIPLINA: Ética Cristã
Profº Alexandre Mendonça
EPISTEMOLOGIA
Epistemologia é a área da Filosofia que lida com as teorias do conhecimento, ou sobre como
sabemos e conhecemos assuntos e formamos nossas pressuposições.
De acordo com uma epistemologia bíblica, Deus criou o homem com uma estrutura capaz de
conhecer a realidade criada. Contudo, uma vez que o Senhor conhece e interpreta todas as coisas em
sua plenitude, o homem só conhecerá a realidade plenamente quando tiver conhecimento de Deus.
Isto não quer dizer que os incrédulos não possam conhecer aquilo com o qual estão em contato. Quer
dizer que o pecado afetou a capacidade cognitiva do homem e, por isso, ele precisa ser regenerado
para que possa conhecer o verdadeiro sentido da realidade criada.
Deus é onipotente e onisciente. Ele conhece todas as coisas Hebreus 4.12-13; 1 João 3.20; e
todo conhecimento se origina d’Ele. Portanto, temer ao Senhor é o princípio do saber Provérbios 1.7).
Ele é a origem da Verdade e a suprema autoridade do Conhecimento.
Sendo assim, Ele possui o direito de nos dizer no que devemos acreditar. Quando os
incrédulos tentam alcançar o conhecimento sem o temor do Senhor, o seu conhecimento é distorcido
Romanos 1.21-25; 1Coríntios 1.18-2.5. Desta forma, a sua cosmovisão se torna inconsistente.
ÉTICA CRISTÃ
No campo da ética, esta se constitui como sendo a “área do conhecimento que estuda os
valores, ou o certo e errado, bem e mal.” Assim como a metafísica e a epistemologia, a ética cristã
também é diferenciada.
Sendo assim a Ética Cristã é o resultado da ação de Deus que ao regenerar seus filhos,
sendo Ele o padrão de perfeita bondade e justiça, (Salmos 145.17; Gênesis 18.25), orienta-os nos
valores aos quais estes devem se apegar, levando-os a agir de modo a fazer o certo e rejeitar o
errado segundo o padrão de Deus e da fé cristã.
Quando o homem não reconhece a Deus, ele não somente contraria os valores de Deus, mas
busca evadir-se de sua responsabilidade Romanos 1.26-32.
Embora não possamos considerar o Novo Testamento como um tratado formal de Ético, a
maioria dos seus livros lida com questões tanto éticas quanto morais, especialmente no que diz
respeito as credenciais e afirmações de Cristo, focando principalmente na ressurreição e nos
fundamentos sobre os quais o cristianismo está alicerçado.
Para Paulo a existência de Deus é manifesta por meio da criação. Contudo, toda a humanidade
se recusa a crer n’Ele, embora o criador tenha colocado a eternidade no coração do homem, e os
aspectos morais da lei de Deus tenham sido plantados no interior de cada indivíduo. Todo homem, gote
ou não, tem em sí o referêncial de um criador, ainda que não o Seu conhecimento.
Os homens suprimem a verdade e caem na idolatria Romanos 1.18-25. O fato de ser judeu ou
gentio não diferencia as pessoas diante de Deus, pois todos nascem com a natureza do pecado e
estão separados de Deus Romanos 3.23.
2
BOA, Keneth D.; BOWMAN JR., Robert M. Faith Has Its Reasons: integrative approaches to defending the
Christian faith. Colorado Springs: Navpress, 2001. Cap. 2
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O apóstolo João apresenta Cristo como o preexistente, o Logos Divino, João 1.1,14; 1 João
1.1. A apresentação do Logos como um ser pessoal que encarnou em figura humana chocava gregos e
escandalizava os judeus, provocando uma mudança radical na maneira de se enxergar Deus e o Seu
relacionamento com a humanidade. Assim como esta impressão era causada nos opositores do
cristianismo, imagine o quanto isto impactava a forma de pensar e agir dos cristãos.
O período pós-apostólico foi marcado por uma série de ataques a fé. Havia heresias dentro da
igreja e o ataque de pessoas de fora da igreja. Os apologistas deste tempo defenderam o cristianismo
contra estes ataques.
Estes homens semeavam o Evangelho como uma base ética superior ao paganismo e
intercediam junto às autoridades politicamente. Os apologistas do segundo século, especialmente
Justino Mártir (c. 100-165), apresentavam o cristianismo como um sistema filosófico superior aos
sistemas gregos. Cristo era apresentado como o ‘Logos’ Divino e Platão como uma espécie de
plagiador do conhecimento empírico de Deus.
Dava-se muita ênfase ao cristianismo como sistema moral, contrário ao politeísmo e diferente
da filosofia pagã tão criticada pelos judeus.
Os apologistas do terceiro século desenvolveram argumentos mais elaborados que os
anteriores, mas, especialmente os alexandrinos, acabaram por fazer desenvolver ainda mais sínteses
entre a filosofia platônica e a fé cristã. Este período foi também de defesa da historicidade de Jesus e
dos seus milagres, especialmente por parte do grande intelectual da época, Orígenes de Alexandria (c.
185-254).
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Ética em Agostinho
Por volta do século VII a fé cristã já estava estabelecida no ocidente. A preocupação dos
apologistas da Idade Média, então, passou a ser a conversão dos judeus, a ameaça do Islã e a base
racional da fé. Anselmo, bispo de Cantuária (1033-1109 d.C.) foi um dos mais criativos filósofos
cristãos da história.
Assim como Agostinho ele afirmava a antecedência da fé à razão na ordem do entendimento
verdadeiro. Com este princípio em mente, Anselmo desenvolveu um argumento tanto apologético
quanto ético que visava confrontar os incrédulos com a verdade: o argumento ontológico (parte da
metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos entes. A ontologia trata do ser enquanto
ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos).
A outra grande contribuição de Anselmo para a ética foi a sua teoria da expiação, onde ele
defendia a ideia de Deus se tornou homem porque somente um ser infinito poderia prover uma
satisfação infinita pelo pecado do homem.
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Uma vez que a Palavra vem de Deus, ela não pode ser entendida pelos testes da razão
humana, corrompida pelo pecado. A fé não precisa de qualquer justificativa racional, pois ela mesma é
o conhecimento racionalmente justificado, baseado na revelação de Deus nas Escrituras.
Embora a afirmação acima pareça radical, não há como não concluir que, “...de alguma
maneira, todo o conhecimento depende da verdade religiosa 4.” Todos os sistemas trabalham do
mesmo modo. Qualquer sistema que proponha alguma coisa como auto-existente, possui o seu deus.
Essa proposição nada mais é do que um compromisso religioso, o qual funciona como o princípio
controlador de tudo o que vem a seguir no sistema. O temor de algum “deus” é o princípio de cada
sistema de conhecimento proposto.5
Entendido este princípio religioso fundamental em todos os sistemas, fica claro que toda
verdade tem que começar em Deus, pois Ele é o único auto-existente e tudo o mais depende d’Ele
para sua origem e existência contínua. Nada existe separado da vontade de Deus. Nada existe fora
dos pontos decisivos centrais da história bíblica: a criação, a queda e a redenção.
2. Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre
todos os animais que se movem pela terra. – subordinação do mundo natural: fazer colheitas, construir
pontes, projetar computadores, compor músicas.
3. O mandato cultural faz parte do propósito original de Deus para o homem. O propósito de que
este crie culturas e construa civilizações – nada mais!
Nosso trabalho não é uma atividade qualquer, que usamos somente para botar comida na
mesa. É a grande obra para qual nós fomos criados.
O modo como servimos ao Deus Criador pode ser demonstrado ao utilizarmos, com
criatividade, os talentos e dons que Ele nos deu. O propósito original de Deus, quanto ao mandato
cultural, continua sendo o mesmo até hoje. O plano não foi cancelado pela queda. A queda não nos fez
menos humanos. Não nos transformou em animais. Até os não regenerados cumprem o mandato
cultural.
Uma cosmovisão genuinamente cristã reconhece que Deus criou todas as coisas com um
propósito e que nós temos um papel a cumprir neste propósito, fazendo uso dos nossos dons e
talentos, a fim de cumprir o mandato cultural de Deus.
3
PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 48.
4
PEARCEY, Nancy. Verdade Absoluta. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 49.
5
Ibid., p. 49.