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TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
Série Metalmecânica - Metalurgia
TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Conselho Nacional
TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
© 2018. SENAI – Departamento Nacional
A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico,
mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autoriza-
ção, por escrito, do SENAI.
FICHA CATALOGRÁFICA
S491t
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Traçagem de caldeiraria / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/
DN, 2018.
134 p.: il. - (Série Metalmecânica - Metalurgia).
ISBN 978-85-2018-033-4
CDU: 669
SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 - Relações no ambiente organizacional...................................................................................................17
Figura 2 - Modelo de estrutura hierárquica.............................................................................................................19
Figura 3 - Modelo de estrutura hierárquica linear................................................................................................20
Figura 4 - Modelo de estrutura hierárquica funcional.........................................................................................20
Figura 5 - Modelo de estrutura hierárquica linha-staff ......................................................................................20
Figura 6 - Modelo de estrutura hierárquica mista.................................................................................................21
Figura 7 - Modelo de estrutura hierárquica matricial..........................................................................................21
Figura 8 - Modelo de estrutura hierárquica em equipes....................................................................................22
Figura 9 - Processo administrativo..............................................................................................................................24
Figura 10 - Os seis passos do planejamento...........................................................................................................25
Figura 11 - Trabalho em equipe...................................................................................................................................29
Figura 12 - O começo.......................................................................................................................................................35
Figura 13 - Desenhos artísticos....................................................................................................................................36
Figura 14 - Profissionais lendo e interpretando desenho técnico...................................................................36
Figura 15 - Unidades de medida de comprimento...............................................................................................37
Figura 16 - Exemplos de figuras planas.....................................................................................................................38
Figura 17 - Exemplos de figuras sólidas....................................................................................................................39
Figura 18 - Transcrição desenho técnico x objeto.................................................................................................41
Figura 19 - Exemplo típico de aplicação de tipos de linhas...............................................................................43
Figura 20 - Forma de escrita de caligrafia técnica.................................................................................................44
Figura 21 - Representação de cotagem....................................................................................................................45
Figura 22 - Exemplo de escala natural x redução..................................................................................................46
Figura 23 - Escala natural x ampliação......................................................................................................................47
Figura 24 - Funcionários na leitura e interpretação do desenho da peça....................................................49
Figura 25 - Disposição dos diedros.............................................................................................................................51
Figura 26 - Projeção de uma vista em um plano...................................................................................................52
Figura 27 - Vistas com projeções nos planos do 1º diedro.................................................................................53
Figura 28 - Exemplo de representação isométrica................................................................................................54
Figura 29 - Esboço de uma perspectiva isométrica..............................................................................................54
Figura 30 - Exemplo de perspectiva cavaleira a 30º, 45º e 60º.........................................................................55
Figura 31 - Exemplos de configurações de perspectivas cavaleiras...............................................................55
Figura 32 - Demonstração do plano secante no corte da peça.......................................................................59
Figura 33 - Paralelismo definido em um plano de orientação..........................................................................65
Figura 34 - Perpendicularidade definida em um plano orientação................................................................66
Figura 35 - Compasso de ponta reta..........................................................................................................................72
Figura 36 - Punção de bico............................................................................................................................................72
Figura 37 - Réguas de traçagem..................................................................................................................................73
Figura 38 - Esquadro flexível.........................................................................................................................................73
Figura 39 - Grampo tipo C ............................................................................................................................................74
Figura 40 - Lixamento......................................................................................................................................................77
Figura 41 - Jateamento...................................................................................................................................................77
Figura 42 - Hidrojateamento.........................................................................................................................................78
Figura 43 - Galvanização................................................................................................................................................79
Figura 44 - Linha horizontal..........................................................................................................................................84
Figura 45 - Traçagem da linha perpendicular.........................................................................................................85
Figura 46 - Circunferência dividida em 4 partes....................................................................................................85
Figura 47 - Marcação dos pontos E e F......................................................................................................................86
Figura 48 - Circunferência dividida em 12 partes..................................................................................................86
Figura 49 - Posicionamento do esquadro................................................................................................................87
Figura 50 - Desenvolvimento da curva de gomo..................................................................................................89
Figura 51 - Traçagem da reta para desenvolvimento da curva de gomo.....................................................90
Figura 52 - Divisão da reta para desenvolvimento da curva de gomo..........................................................90
Figura 53 - Traçagem das linhas verticais para desenvolvimento da curva de gomo.............................90
Figura 54 - Gabarito de meio gomo da curva.........................................................................................................91
Figura 55 - Gabarito de meio gomo da curva.........................................................................................................91
Figura 56 - Curva de gomo pronta.............................................................................................................................91
Figura 57 - Tronco de cone aberto..............................................................................................................................92
Figura 58 - Verdadeira grandeza..................................................................................................................................95
Figura 59 - Ligação dos pontos A e B.........................................................................................................................95
Figura 60 - Planificação da transição do quadrado para redondo concêntrico ........................................97
Figura 61 - Quadrado para redondo concêntrico pronto...................................................................................98
Figura 62 - Desenvolvimento derivação a 90° (boca de lobo)..........................................................................99
Figura 63 - Traçagem da perpendicular da derivação a 90°........................................................................... 100
Figura 64 - Chapa cortada........................................................................................................................................... 104
Figura 65 - Vara de tubo ............................................................................................................................................. 104
Figura 66 - Tubos cortados em 4 diferentes dimensões ................................................................................. 105
Figura 67 - Segundo tubo cortado em 4 diferentes dimensões .................................................................. 105
Figura 68 - Cantoneira L ............................................................................................................................................. 106
Figura 69 - Corte das cantoneiras com as dimensões solicitadas................................................................ 106
Figura 70 - Talha manual de corrente tipo alavanca......................................................................................... 110
Figura 71 - Talha manual de corrente..................................................................................................................... 110
Figura 72 - Cinta de náilon.......................................................................................................................................... 111
Figura 73 - Manilha . ..................................................................................................................................................... 111
Figura 74 - Lupa para inspeção visual ................................................................................................................... 116
Figura 75 - Chapa com trinca visível....................................................................................................................... 117
Figura 76 - Chapa com trinca visível apenas com a lupa................................................................................. 117
Figura 77 - Ensaio de ultrassom................................................................................................................................ 117
Figura 78 - Lista de verificação inicial..................................................................................................................... 122
Figura 79 - Lista de verificação final........................................................................................................................ 123
5 Técnicas de traçagem....................................................................................................................................................83
5.1 Técnicas de planificação.............................................................................................................................84
5.1.1 Cilindro de base inclinada 30°...............................................................................................87
5.1.2 Curvas.............................................................................................................................................88
5.1.3 Cones..............................................................................................................................................92
5.1.4 Transições.....................................................................................................................................93
5.1.5 Interseções...................................................................................................................................98
5.1.6 Tampos ...................................................................................................................................... 101
5.2 Otimização do traçado............................................................................................................................ 102
5.3 Traçagem assistida por computador.................................................................................................. 107
5.4 Aspectos de segurança e meio ambiente aplicados à traçagem............................................. 107
5.4.1 Ergonomia................................................................................................................................. 108
5.4.2 Tratamento de resíduos........................................................................................................ 108
5.5 Equipamentos de movimentação de cargas . ................................................................................ 109
Referências......................................................................................................................................................................... 127
Índice................................................................................................................................................................................... 131
Introdução
Prezado aluno,
É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Traçagem de Caldeiraria.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver as competências necessárias para
realizar a atividade de traçagem de peças de caldeiraria, preservando os requisitos de qualida-
de de acordo com normas, padrões e especificações vigentes.
Discutiremos sobre as estruturas e funcionamento do ambiente de trabalho. Veremos as
relações de trabalho, convivência profissional, comportamento de trabalho em equipe e im-
portância do controle emocional.
Veremos assuntos relacionados ao básico em desenho técnico, para leitura e interpretação
de projetos. Depois, aprofundaremos o assunto de traçagem de caldeiraria ao observarmos os
principais instrumentos, ferramentas e acessórios que são usados nas atividades de traçagem.
Vamos estudar os cuidados que se deve ter na traçagem, a ordem de serviço e acabamentos
superficiais.
Aprenderemos sobre planificação de peças utilizando o método tradicional do uso do com-
passo, esquadro, régua e transferidor de grau. Falaremos sobre os cálculos para encontrar as
dimensões das chapas que vão ser dobradas.
Com o assunto planificação de peças você terá a oportunidade de conhecer sobre os princi-
pais tipos de traçados de caldeiraria: peças cônicas, variantes do quadrado para redondo e re-
tângulo para redondo, as curvas em gomo e bifurcações, além de aprender a fazer as divisões
de circunferências em partes iguais.
Analisaremos sobre qualidade na traçagem, o controle dimensional e as principais normas
e documento de registro na área de traçagem de peças de caldeiraria.
Veremos ainda a otimização do traçado, aspecto de segurança, meio ambiente e, por fim, os
equipamentos de movimentação de carga.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
14
Esta unidade curricular tem a função de despertar suas capacidades técnicas, metodológicas e organi-
zativas. Queremos que você, no final, consiga mobilizar os conhecimentos necessários para ser um profis-
sional qualificado para o mercado de trabalho.
Veja agora quais capacidades iremos estudar:
CAPACIDADES TÉCNICAS
a) Analisar, com base nas especificações do projeto, o melhor aproveitamento da chapa, tubo ou
perfil, tendo em vista o atendimento dos princípios da economicidade;
b) Identificar, na ordem de serviço, a descrição das peças a serem traçadas (modelo, referências/
código);
c) Identificar, na ordem de serviço, as determinações quanto aos prazos, normas e procedimentos
a serem atendidos na operação;
d) Identificar, na ordem de serviço, ferramentas, instrumentos e dispositivos de fixação a serem uti-
lizados na traçagem de chapas, tubos e perfis;
e) Identificar, no projeto, a especificação técnica do material indicado para a construção do compo-
nente de caldeiraria;
f) Correlacionar o dimensional e as características de acabamento da peça traçada com as especifi-
cações do projeto, tendo em vista a avaliação qualitativa do processo de traçagem executado e,
se necessário, a realização de ajustes;
g) Interpretar os procedimentos de segurança aplicáveis à traçagem de peças de caldeiraria;
h) Reconhecer as características operacionais e finalidades de cada tipo de ferramenta empregada
na traçagem de componentes e peças de caldeiraria;
i) Reconhecer os diferentes acessórios/dispositivos auxiliares utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria, suas características, finalidades, formas de uso e funcionamento;
j) Reconhecer os diferentes elementos de fixação utilizados na traçagem de peças de caldeiraria;
k) Reconhecer tipos, características e formas de uso das ferramentas, instrumentos e máquinas uti-
lizadas para a aplicação das codificações definidas pela empresa nas peças;
1 INTRODUÇÃO
15
Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.
Bons estudos!
Estrutura e funcionamento
do ambiente de trabalho
A figura anterior ilustra a ideia das relações que se constroem e são vitais para a saúde dos ambientes
organizacionais, pois, para que uma organização se desenvolva, ela depende do envolvimento de todos
os colaboradores em todos os níveis, cada um exercendo seu papel para alcançar os resultados esperados
pela organização.
A administração é a ciência responsável pelos princípios que regem um sistema organizacional. Nesse
sentido, o termo organização significa tanto o ato de arrumar quanto pode ser usado no sentido de ins-
tituição, empresa. Sendo assim, uma organização pode ser uma empresa, um clube, uma associação, um
órgão público, um partido político, uma igreja, entre outras instituições da sociedade que tenham como
produto a combinação de esforços individuais visando à realização de propósitos coletivos.
Um dos principais teóricos da administração, Jules Henri Fayol, que foi um engenheiro de minas fran-
cês, define o ato de administrar ou organizar a partir de 5 ações e esses elementos são descritos da seguin-
te forma:
a) Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
b) Organizar: construir o organismo social e material da empresa;
c) Comandar: dirigir e orientar o pessoal;
d) Coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
e) Controlar: certificar-se de que tudo aconteça de acordo com o planejado.
A partir dos estudos da administração enquanto ciência, é possível verificarmos como as instituições
são organizadas de acordo com suas necessidades. Cada empresa atua juntamente com a força de traba-
lho dos seus colaboradores e o planejamento da equipe de gestão, em prol de um objetivo e para que ele
seja atingido com plenitude. Esses 5 elementos trazidos por Fayol, com o passar do tempo, foram comple-
mentados por outros estudiosos, que perceberam as mudanças vivenciadas pelas instituições.
Hoje, a ideia de organização perpassa por modelos formais e informais que levam em conta o perfil
social dos membros que fazem parte da organização, o perfil de cliente que deseja atender e até mesmo as
características sociais do local onde a instituição está instalada.
Para colocar em prática seus objetivos, as organizações contam com estruturas menores responsáveis
pelo cumprimento dos seus objetivos dentro da própria instituição. Essas estruturas são chamadas de es-
truturas hierárquicas, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
19
A palavra hierarquia quer dizer, em seu sentido denotativo1, uma organização que se constrói a partir de
uma ordem de prioridade estabelecida através de uma relação de subordinação. São como blocos dentro
de uma estrutura maior, sendo que cada bloco é responsável por uma atividade sob o comando de pessoa
responsável pelo cumprimento das ações. Cada líder de cada bloco está interligado a um líder maior, res-
ponsável pela administração geral.
Esta estrutura varia muito conforme o tipo de organização, em algumas empresas, a estrutura hierárqui-
ca é mais complexa e com muitos blocos; já em outras, esta estrutura pode ser mais simples. Veja a seguir
um modelo simplificado de estrutura hierárquica:
Além dos modelos mais conhecidos baseados em uma hierarquia de cima para baixo, existem, na mo-
derna gestão de pessoas, modelos em que há maior interação entre os blocos e a gestão é considerada
mais participativa. Nesses modelos, as lideranças estão organizadas de forma mais horizontal e não tão
verticalizada como mostrou a figura anterior.
Cada empresa escolhe uma forma de estrutura baseada nas suas necessidades e também da cultura
geralmente ditada pela alta gestão, que é formada pelas lideranças da instituição. São tipos de estrutura:
a) Linear: é uma estrutura mais simples e antiga, parecida com a formação de antigos exércitos;
possui formato de pirâmide.
DIRETOR
GERÊNCIA A GERÊNCIA B
EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B
DIRETOR
GERÊNCIA A GERÊNCIA B
EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B
DIRETOR
STAFF GERÊNCIA B
ASSESSORIA EXECUÇÃO B
d) Mista: é mais frequente, em que cada departamento da empresa utiliza a estrutura que mais e se
adéque à sua necessidade.
DIRETORIA
PROJETO B
PROJETO C
e) Matricial: estrutura mais desenvolvida com duas dimensões: gerência de funções e gerência de
projetos ou processos.
DIRETOR
Gerência do
Produção A Vendas A Finanças A RH A
Produto A
Gerência do
Produção B Vendas B Finanças B RH B
Produto B
Gerência do
Produção C Vendas C Finanças C RH C
Produto C
f) Baseada em equipes: neste modelo são formadas equipes onde torna-se desnecessário um con-
trole rígido sobre cada funcionário. As equipes não se sobrepõem umas às outras. Esse modelo é
também conhecido como estrutura celular.
Qualidade Marketing
Recursos
Presidência Finanças
Humanos
Operações e
Engenharia
Logística
Cada estrutura tem suas vantagens e desvantagens, cabendo aos administradores ou aos sócios da
organização, definir que estrutura melhor se adapta à sua realidade.
Uma das funções da estrutura hierárquica é facilitar o controle das atividades desenvolvidas na empre-
sa. Com uma estrutura bem organizada, em que todos os envolvidos sabem exatamente qual seu papel
na organização, fica mais fácil reconhecer possíveis falhas, sugerir melhorias e até mesmo estimular as
atividades que estão se desenvolvendo melhor. Veja a seguir.
Para que uma organização possa saber se está cumprindo com os objetivos esperados, é necessário ter
controle do que está sendo feito dia a dia, para que possa tomar as devidas providências para sanar um
problema de atraso em uma entrega de produto ou serviço, por exemplo.
Em uma instituição com muitos ou poucos colaboradores, se o controle de atividades é feito de forma
eficaz pelas lideranças, esse controle é capaz de prever possíveis falhas no processo ou problemas que
podem ser solucionados antes de trazer maior impacto negativo.
O processo de controle de uma atividade, de forma geral, pode ser dividido em 6 etapas. São elas:
a) Estabelecimento de objetivos e metas: o que se pretende alcançar;
b) Definição de padrões de desempenho: estabelecer um padrão do que é correto;
c) Avaliação do desempenho atual: obter informações de como o trabalho está sendo executado;
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
23
Além do controle pela empresa, os próprios colaboradores podem estabelecer critérios de organização
e controle de suas atividades, a fim de manter um padrão de qualidade do seu desempenho. Exercer um
trabalho de forma organizada, além de poupar retrabalhos ocasionados para possíveis correções, transmi-
te uma imagem positiva do colaborador junto à instituição.
SAIBA Muitos aplicativos vêm sendo desenvolvidos para facilitar o controle de atividades, seja
de ordem pessoal ou profissional. Veja dicas sobre eles acessando o Portal da Revista
MAIS Exame, usando o tópico: 10 apps para organizar sua vida.
Além do controle efetivo das atividades desenvolvidas por setor ou colaborador, as organizações preci-
sam estabelecer funções administrativas para gerenciar os negócios de forma eficiente e eficaz, otimizan-
do tempo e recursos e alcançando com sucesso seus objetivos. Essas funções, quando unificadas, formam
o que chamamos de processo administrativo, composto pelas etapas de Planejamento, Organização, Dire-
ção e Controle. Veremos sobre elas a seguir.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
24
Ao considerarmos uma organização como um todo integrado, com estruturas administrativas com-
postas de vários elementos, cada um exercendo sua função para o sucesso da instituição, devemos levar
em conta que para que tudo corra bem, 4 funções maiores são colocadas em prática: o planejamento, a
organização, a direção e o controle.
Elas são chamadas de funções administrativas e formam a base de gestão de toda administração e
compõem o chamado ciclo administrativo em que cada função está interligada e interage entre si. Veja a
seguir o modelo de processo administrativo proposto pelo teórico da administração, Idalberto Chiavenato
(2012):
Planejamento
Controle Organização
Direção
De acordo com o modelo proposto na figura anterior, as etapas do processo administrativo têm igual
importância e devem estar conectadas de forma interdependente. Dessa maneira, é possível compreender
que na administração de uma organização é preciso que cada etapa do processo aconteça a partir de uma
interação dinâmica e intimamente relacionada para cumprir com os objetivos da organização.
Vamos entender a seguir como se dá cada etapa desse processo.
2.2.1 PLANEJAMENTO
A figura a seguir ilustra, de forma bem didática2, cada passo para que o planejamento seja elaborado de
forma satisfatória:
Quais as premissas
O que temos pela frente?
em relação ao futuro?
Quais as alternativas
Quais os caminhos possíveis?
de ação?
Qual a melhor
Qual o melhor caminho?
alternativa?
Implemente o plano
escolhido e avalie os Como iremos percorrê-lo?
resultados
Para elaborar o planejamento, é fundamental conhecer o contexto em que a empresa está inserida,
qual sua missão e seus objetivos básicos.
a) Institucional: planejamento do tipo estratégico, de longo prazo que envolve toda a organização;
b) Intermediário: planejamento do tipo tático, de médio prazo que envolve cada unidade ou setor
organizacional separadamente;
c) Operacional: planejamento do tipo operacional, de curto prazo que aborda cada operação de
maneira separada.
O planejamento pode ser pautado em três níveis, como visto anteriormente, sendo que cada nível en-
globa um tipo de planejamento.
2.2.2 organização
A palavra organização, como já explicitado, pode ser usada no estudo da administração com dois sen-
tidos: como sinônimo de uma instituição ou como função administrativa ou ato de organizar. Neste tópico
abordaremos a palavra organização como elemento que compõe o processo administrativo e deve fazer
parte do ciclo de administração de toda instituição.
Nesse sentido, de acordo com Chiavenato (2012, p. 356), organizar significa estruturar e integrar recur-
sos e órgãos e estabelecer relações entre eles e suas atribuições.
É na organização que se definem os níveis estruturais da organização e sua hierarquia. A organização
também é responsável pela divisão de trabalho, cadeia de comando3, atribuições, entre outros elementos
que compõem a administração.
Para fazer cumprir a organização, a administração deve lançar mão de outro elemento do processo
administrativo: a direção. Vejamos.
2.2.3 DIREÇÃO
A direção é a terceira função administrativa e diz respeito ao ato de interpretar as diretrizes da institui-
ção e direcionar todos as pessoas para o cumprimento das metas estabelecidas no planejamento.
Faz parte do processo de direção: a boa comunicação com os colaboradores, além da liderança e da
motivação que são elementos fundamentais para que os envolvidos compreendam seus papéis na organi-
zação e trabalhem para o resultado individual e coletivo.
FIQUE Em uma empresa, tempo é dinheiro! Por isso, quando se trata de negócios, a má ou
morosa4 interpretação de planos pode provocar elevados custos, causando prejuízos
ALERTA à instituição. (Fonte: CHIAVENATO, 2012).
morosa4
3 Cadeia de comando: linha contínua de autoridade que liga todas as pessoas de uma organização e mostra quem é subordinado
a quem.
4 Morosa: lenta.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
27
A moderna gestão de pessoas enfatiza hoje que as pessoas são o principal recurso de uma empresa
e são elas que fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma instituição. Por isso, as empresas
buscam estratégias de direção muito mais focadas nas pessoas do que nos processos. Investimento em ca-
pacitação, foco nas habilidades e conhecimentos, confiança e comprometimento pessoal são habilidades
buscadas cada vez mais nos colaboradores a partir das ações de direção.
Fechando o ciclo, o último elemento do processo administrativo é o controle, o qual veremos a seguir.
2.2.4 controle
Quando falamos em controle, pode nos vir à mente a ideia de freio, manipulação ou autoridade. Toda-
via, no que diz respeito ao ciclo administrativo, o controle pode ser descrito sob três aspectos:
a) Controle como função restritiva: usado para coibir ou restringir atos indesejáveis;
b) Controle como um sistema de regulação: utilizado para manter automaticamente um fluxo de
funcionamento de um processo;
c) Controle como função administrativa: parte do processo administrativo.
No dia a dia de uma empresa podemos nos deparar como o controle sendo aplicado das três maneiras
explicitadas anteriormente. Todavia, nosso foco aqui é compreender o controle como forma de atingir os
resultados estabelecidos no planejamento da instituição de forma a assegurar que os resultados sejam
alcançados com sucesso.
Os setores de auditoria e controle de qualidade vêm ganhando cada vez mais espaços nas organiza-
ções, pois podem contribuir efetivamente para que as metas estabelecidas na instituição sejam cumpridas.
Mesmo esta sendo uma atribuição da administração, cada colaborador, no desenvolvimento de suas fun-
ções, pode contribuir para o controle da instituição executando suas tarefas de forma organizada, cumpri-
dos prazos e fazendo suas entregas com qualidade.
Um outro tipo de controle, mais ligado ao relacionamento interpessoal do colaborador, mas que muito
diz respeito ao sucesso no ambiente de trabalho é o controle emocional. A maioria das pessoas que cum-
pre uma jornada de trabalho regular, baseada em 40 h de trabalho, o caso mais comum no Brasil, passa
mais tempo no ambiente de trabalho do que em sua casa com os familiares. Isso faz com que muitas em-
presas, que já têm a visão de que seu principal recurso está nos colaboradores, promovam um ambiente de
trabalho cada vez mais focado na qualidade, tanto física quanto emocional do colaborador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
28
CASOS E RELATOS
Além da empresa, é papel também do colaborador contribuir com sua saúde emocional e de seus cole-
gas, desenvolvendo ações efetivas e pessoais como a cooperação, a interação e a colaboração. Uma forma
eficaz de trabalhar essas características é através do trabalho em equipe, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
29
Além do trabalho em equipe, outro fator de impacto na qualidade das instituições são as relações de
trabalho construídas a partir dos estilos de liderança de cada organização.
Vejamos no tópico a seguir.
Para que a liderança aconteça de forma efetiva, são necessários os seguintes comportamentos:
a) Comunicar-se de forma aberta e franca;
b) Envolver dos colaboradores;
c) Desenvolver pessoal e profissionalmente os colaboradores;
d) Demonstrar reconhecimento;
e) Ser ético e imparcial;
f) Promover o bem-estar no ambiente de trabalho.
Existem vários estilos de liderança, baseados na forma como decidem ou se comportam frente a seus
liderados. Dentre os estilos de líder, podemos listar os principais conforme o quadro a seguir:
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
31
O grupo de funcionários
A participação do líder no
debate entre si as melhores
debate é pequena,
O líder decide o que deverá soluções para os problemas, o
esclarecendo que poderia
ser feito em todas as esferas. que deverá ser feito,
fornecer informações desde
solicitando a opinião do líder
que solicitado.
quando necessário.
É importante conhecer o estilo de liderança sob o qual você está subordinado, sobretudo, para saber
como melhor se reportar e estabelecer uma relação de confiança e harmonia no ambiente de trabalho.
Caso seja você a exercer a liderança, fique atento aos estilos de líder que melhor se adéquam à sua
equipe e procure desenvolver sua liderança de forma ética e humanizada, mas sem deixar de observar os
objetivos e metas da sua instituição.
Um bom líder é aquele que conduz a sua equipe a atingir os objetivos de forma espontânea e com
qualidade. Acima de tudo, a relação entre líder e liderado pode e deve ser uma relação de parceria, pois o
sucesso de um é o sucesso de ambos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
32
RECAPITULANDO
Neste capítulo aprendemos sobre como se constituem os aspectos organizacionais de uma institu-
ição. Conhecemos as questões relacionadas às relações de trabalho como a liderança, bem como
alguns dos tipos de líder dentro de uma organização: o autocrático, o democrático e o liberal.
Também vimos sobre comportamento e trabalho em equipe, a importância das normas de con-
vivência em grupo, e de que maneira a compreensão dos ambientes de trabalho influenciam o com-
portamento dos indivíduos.
Estudamos também sobre controle emocional e aprendemos sobre como perceber e expressar nos-
sos sentimentos no dia a dia no ambiente corporativo.
Organização, estruturas hierárquicas, controle de atividades, além dos conceitos de planejamento,
organização e controle, também foram temas que discutimos aqui a fim de compreendermos de
forma global como se dá o processo de composição e organização de um ambiente de trabalho
saudável e produtivo.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
33
Desenho técnico mecânico
Figura 12 - O começo
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
E será a partir de agora que vamos descobrir os caminhos das técnicas e regras para chegar-
mos no final do capítulo, dominando as competências relacionadas ao desenho técnico.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
36
O desenho é uma forma de expressão que acompanha a humanidade. Sua finalidade é representar,
através de imagens, uma ideia ou reproduzir a realidade. Os desenhos que normalmente temos contato
no dia a dia são os artísticos.
Vamos estudar o desenho voltado para área técnica. Para este tipo de desenho, há regras bem definidas
que farão com que qualquer pessoa consiga ler e interpretar um desenho técnico.
O desenho técnico demonstra e fornece todos os dados da peça graficamente, que serão analisados e
executados na área de produção e/ou fabricação.
Veremos as formas de criação de um desenho, seja manualmente, através de instrumentos ou com uso
do computador (CAD5), tudo com a observância de normas técnicas.
Conheceremos as vistas básicas que são necessárias para fazer a leitura, interpretação e construção de
uma peça “no cotidiano”. Vamos ao estudo!
Antes de iniciarmos o estudo do desenho, precisamos recordar alguns assuntos como as unidades de
medida.
As unidades de medida são modelos preestabelecidos para medir diferentes grandezas, tais como:
comprimento, capacidade, massa, tempo e volume, como exemplo, exemplificaremos a seguir a medida
de comprimento.
Nas medidas de comprimento, no Sistema Internacional, a unidade de comprimento é o metro (m).
Os múltiplos e submúltiplos do “m” são: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decímetro
(dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). Também pode ser representado conforme segue:
km hm dam m dm cm mm
A medida utilizada no nosso curso é o mm (milímetro), sendo assim, toda vez que utilizarmos o dimen-
sional de uma peça, chapa ou tubo, se estiver em centímetro ou metro, sempre deveremos converter para
o milímetro, que é o nosso referencial.
Eventualmente falaremos em m (metro), que é apenas aplicado em grandes dimensões, por exemplo.
Acima da medida de 1 m, abriremos exceção para utilização, apenas na linguagem oral, como em conver-
sas informais, porém quando for indicar no desenho técnico, a medida deverá ser convertida para o mm.
Figuras geométricas são formas geométricas criadas a partir da elaboração de pontos e linhas, que
transformam em superfícies planas e bidimensionais. Normalmente possuem duas dimensões, largura e
5 CAD: Computer Aided Design, traduzindo para português: Desenho Assistido por Computador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
38
comprimento, determinando, assim, sua área. Veja na ilustração a seguir algumas figuras geométricas mais
utilizadas.
As diversas figuras geométricas têm diferentes formas que a visão humana enxerga na natureza. Quase
tudo que a humanidade cria possui uma forma geométrica, como podemos ver no nosso cotidiano, em
casa, no trabalho, na rua, tem as formas geométricas, o que aprendemos é apenas desenvolver a técnica
para percebermos estas diferenças de cada elemento.
São formas geométricas tridimensionais, ou seja, com três dimensões, por este fato só é possível definir
no espaço que também tem os três lados. Abaixo ilustraremos alguns exemplos, tais como: cubos, pirâmi-
des, prismas, cilindros, esferas e outros. Normalmente, os sólidos geométricos costumam ser divididos em
três grandes grupos:
a) Poliedros: um corpo com mais de um lado, exemplo: pirâmide, cubo, prisma, dodecaedro, ico-
saedro e octaedro;
b) Corpos redondos: esfera, cilindro e cone;
c) Outros: quando se tem a combinação dos dois, um poliedro com um corpo redondo no mesmo
sólido.
3 Desenho técnico mecânico
39
Os sólidos geométricos, assim como as figuras geométricas, são encontrados nas diferentes formas ao
nosso redor. Por exemplo, em: caixa de fósforo, calçados, caixa d’água, poste de iluminação pública, lata de
leite, chapa de aço, tubo, etc., todos são considerados sólidos geométricos.
Os instrumentos de desenho técnico, apesar de terem o mesmo objetivo, que é demonstrar grafica-
mente uma peça, têm suas características distintas. Essa diferença se deve à necessidade de representar
detalhes das peças de formas diferentes, como: raios, círculos, retas paralelas, etc.
A seguir serão apresentados alguns instrumentos utilizados no desenho técnico com suas respectivas
aplicações. Veja no quadro seguinte as formas de utilização dos instrumentos:
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
40
Prancheta Régua T
Compasso Escalímetro
É fundamental a conservação e preservação no uso dos instrumentos, evitar quedas e choques, mantê-
-los sempre limpos antes e depois do seu uso e guardá-los sempre em seus respectivos estojos.
3 Desenho técnico mecânico
41
O desenho técnico deverá ter suas especificações básicas, normatizadas e elaboradas com ferramen-
tas que permitam a padronização nas representações. A comunicação escrita no desenho deve garantir a
transmissão das informações na mais simples linguagem, sem deixar dupla interpretação.
Como pudemos observar na figura anterior, o desenho tem muitos detalhes que auxiliam na constru-
ção da peça, para que a peça seja produzida na sua integridade.
São documentos que regulamentam e fornecem regras que devem ser seguidas e permitem a unifor-
mização de determinadas atividades, tais como: composição de um material ou produto, regras de um
processo ou serviço, etc. São elaboradas e controladas por um órgão oficial, onde são estabelecidas regras
e diretrizes.
No Brasil, estas regras são elaboradas e fiscalizadas pela ABNT, no entanto, há uma organização interna-
cional que controla a ABNT e outras entidades, que é a ISO (Organização Internacional para Padronização).
Veja a seguir algumas normas da ABNT/NBR e seus parâmetros:
a) NBR 6158 – Sistemas de tolerâncias e ajustes;
b) NBR 8402 – Caligrafia técnica;
c) NBR 8403 – Aplicação das linhas em desenhos, tipos, larguras;
Além das normas da ABNT citadas anteriormente, o catálogo ABNT disponibiliza várias outras NBR que
regulamentam desenhos técnicos utilizados na engenharia, é só consultar na internet as normas técnicas.
Elas nunca deverão ser copiadas, apenas consultadas, pois sofrem revisões constantes e sem aviso prévio.
Na rotina do caldeireiro de manutenção, o uso das normas técnicas da ABNT é para orientação na leitura
e interpretação do desenho técnico, onde será familiarizado com o leiaute dos formatos e disposição das
vistas e cortes, a interpretação das tolerâncias, os símbolos, assuntos que veremos adiante.
As linhas empregadas em desenho técnico têm suas particularidades, desde o escalonamento6 até a sua
representação com suas aplicações distintas, conforme mostrado no quadro a seguir:
A1 contornos visíveis
A Contínua larga
A2 arestas visíveis
B1 linhas de interseção
imaginárias
B2 linhas de cotas
B3 linhas auxiliares
B Contínua estreita B4 linhas de chamada
B5 hachuras
B6 contornos de seções reba-
tidas na própria vista
B7 linhas de centros curtas
C1 limites de vistas ou cortes
parciais ou interrompidas se
C Contínua estreita à mão livre
o limite não coincidir com
linhas traço e ponto
D1 esta linha destina-se a
D Contínua estreita em zigue-zague desenhos confeccionados
por máquinas
E1 contornos não visíveis
E Tracejada larga
E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F Tracejada estreita
F2 arestas não visíveis
G1 linhas de centro
G Traço e ponto estreitos G2 linhas de simetria
G3 trajetórias
Traço e ponto estreito, larga nas extremi-
H1 planos e cortes
H dades e na mudança de direção
6 Escalonamento: distribuição uniforme de forma organizada, para mais ou para menos.
J1 indicação das linhas ou
J Traço e ponto largo superfícies com indicação
especial
K1 contornos de peças
C Contínua estreita à mão livre
o limite não coincidir com
linhas traço e ponto
3 Desenho técnico mecânico
D1 esta linha destina-se a 43
Os diferentes tipos de linhas no desenho técnico, com suas definições de contornos, detalhes não visí-
veis, linhas imaginárias, etc., favorecem a leitura do desenho nas suas diferentes informações e orientações.
É de fundamental importância a leitura e a interpretação da imagem, pois o conhecimento na identifi-
cação das linhas poderá evitar erros na leitura do desenho técnico.
Consiste em uma técnica ou habilidade da escrita legível e uniforme, seguindo a norma técnica NBR
8402, onde orienta a formação clara das letras, algarismos, símbolos e outros sinais gráficos de acordo com
os padrões, eliminando qualquer dúvida na interpretação. Veja a forma correta de representação desses
símbolos:
A B C D E F GH IJK LM N O P
QRSTUVWXYZ
a b c d e f g h i jk l m n o p
q r s t u vw x y z
[(!?:;”-=+x:%&)]
0 1 2 345 6 7 89 IV X
Figura 20 - Forma de escrita de caligrafia técnica
Fonte: ABNT/NBR 8402, 1994.
Na caligrafia técnica, um dos pontos mais importantes é que a escrita não deixe dúvidas na interpre-
tação, mesmo que seja em um croqui7. É necessário que as letras estejam no padrão da norma ABNT/
NBR8402, isso vai garantir que qualquer pessoa leia com clareza o desenho técnico.
3.2.4 COTAGEM
É a representação gráfica no desenho das características do objeto, através de linhas, símbolos, no-
tas e do valor numérico das unidades de medida. Cotado conforme as orientações da norma ABNT/NBR
10126/1987. Veja o desenho a seguir.
7 Croqui: desenho elaborado à mão livre, sem levar em consideração a escala e outras regras de desenho técnico.
3 Desenho técnico mecânico
45
Linha auxiliar ou 30 15 20
de chamada
10
50
30
As setas indicam o
limite da linha 80 50
de cota
25
20
55
0
R1
Existem outras formas de cotar, porém, a forma usual utilizada em caldeiraria é esta que vimos aqui.
Caso necessite, consulte a ABNT/NBR 10126/1987.
3.2.5 ESCALA
A escala é uma representação gráfica de objetos no desenho técnico que mantém as proporções do
objeto nas suas medidas lineares. No desenho técnico, a escala tem a relação das dimensões do objeto do
seu tamanho real com o tamanho do objeto desenhado no papel.
a) Escala natural: quando um desenho está em sua escala natural, os numerais são sempre iguais
e são representados pela numeração ESCALA. 1:1, que significa: o tamanho do desenho técnico é
igual ao tamanho da peça. Conhecida como escala 1 por 1.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
46
NATURAL
1:1
b) Escala de redução: quando, por exemplo, aparecer a numeração ESC. 1:2, significa que a medi-
da do desenho é duas vezes menor que as medidas correspondentes da peça no seu tamanho
natural. 35
35
44 44
Esc. 1:1 Esc. 1:2
c) Escala de ampliação: quando um objeto é muito pequeno e é necessário analisar todos os seus
detalhes, torna-se importante fazer um desenho técnico em escala de ampliação. Quando, por
exemplo, aparecer a numeração ESCALA 5:1, o numeral à esquerda dos dois pontos é maior, isso
significa que as dimensões do desenho são cinco vezes maiores ao seu tamanho natural.
3 Desenho técnico mecânico
47
60o
7
13
60o
Esc. 1:1
Natural
13
Esc. 5:1
Ampliação
FIQUE As únicas cotas que não sofrem redução ou ampliação são as cotas dos ângulos.
ALERTA
Ao utilizarmos o recurso da escala no desenho técnico, nós podemos representar qualquer tamanho de
um objeto no papel/formato, independentemente de seu tamanho real, utilizando escalas de ampliação,
natural ou de redução.
A escala utilizada na elaboração do desenho técnico deverá ser indicada na legenda do mesmo. Quan-
do houver a necessidade de ampliação/redução, de um detalhe de uma peça, haverá uma indicação de
escala só para este detalhe.
3.2.6 SIMBOLOGIAS
No desenho técnico temos a representação gráfica e outras informações que são indicadas por símbo-
los, que auxiliam na leitura e interpretação desse desenho, de forma clara e objetiva.
Para isso, usamos as simbologias que complementam as informações do desenho técnico, tais como:
a) Símbolos de diedros para identificar suas projeções;
b) Símbolos de tolerâncias geométricas;
c) Hachuras que representam graficamente o material que a peça foi construída;
d) Símbolos indicativos das cotas cotadas: quadrado, diâmetro, raio esférico, diâmetro esférico e
bitola.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
48
Tolerância de forma
Paralelismo Perpendicularidade Inclinação
Tolerância de orientação
A A 0,01 A
ø0,02 M
Elementos de referência Aplicação
Os símbolos fazem parte do desenho técnico e são de fundamental importância na representação grá-
fica da imagem, pois com eles o desenho é complementado, facilitando a leitura e a construção da peça
sem gerar dúvidas e equívocos.
Durante todo nosso estudo você será apresentado a simbologias novas. Mesmo depois de formado,
já trabalhando, irá se deparar com outras sinalizações que são representadas por símbolos. Esteja atento!
3 Desenho técnico mecânico
49
Ao iniciar qualquer trabalho de fabricação em uma área Industrial, temos várias alternativas de cons-
truirmos uma peça. Pode ser conforme um desenho técnico original (recomendado), ou conforme um
croqui elaborado manualmente (à mão livre).
Uma prática muito utilizada é a construção através de uma amostra. Peças prontas
FIQUE são usadas como base de nova fabricação. Não recomendamos esta prática, pois há
ALERTA riscos de medidas não serem reais, seja por um defeito que não está visível, ou pela
leitura incorreta da medida feita pelo profissional que vai efetuar a fabricação.
O desenho vem com todas as definições da futura peça, como: perfis, dimensional, tolerâncias, símbo-
los, etc.
Ao ler e interpretar um desenho técnico, inicie pelo mais simples, como:
a) Qual aplicação e importância da peça?
b) As notas gerais, como: unidade de medida predominante, documentos de referências, localiza-
ção, etc.
c) Quais os detalhes gráficos e a simbologia?
d) Quais os dados internos e externos da peça apresentados através cortes e detalhes?
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
50
Cada desenho abre um mundo novo de possibilidade de análise e forma de execução da tarefa.
CASOS E RELATOS
Veremos, a partir de agora, os itens necessários para que você faça uma leitura sem dificuldades.
3 Desenho técnico mecânico
51
Plano de projeção é a superfície onde se projeta um objeto, que pode ser considerado um modelo. Um
exemplo de plano de projeção é um quadro na sala de aula, pois o mesmo projeta informações para os
alunos.
Na ilustração seguinte, temos um observador analisando um objeto. Ele está verificando a vista frontal
(de frente), vista superior (de cima) e a vista lateral (de lado), conforme a perspectiva no quadro “d”.
de cima
de frente
de lado
c) Vista de lado d) Perspectiva da peça
Quadro 6 - Visão de uma peça pelo observador
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Nos desenhos técnicos são usados dois planos básicos, onde representamos as projeções dos modelos,
sendo um Plano Vertical (PV) e um Plano Horizontal (PH), como indicado no desenho a seguir, que se cru-
zam perpendicularmente. Estes dois planos dividem o espaço em quatro quadrantes, que são chamadas
de diedros. Analise a figura a seguir.
PV
2o diedro 1o diedro
LT PH
3o diedro 4o diedro
Como pudemos observar, cada diedro tem a região limitada por dois semiplanos perpendiculares entre
si. Os diedros são numerados no sentido anti-horário, isto é, no sentido contrário ao do movimento dos
ponteiros do relógio.
No Brasil, a ABNT recomenda a representação das projeções do desenho técnico no 1º diedro, porém
existem países como os Estados Unidos e o Canadá que adotaram nos seus desenhos técnicos o 3º diedro.
Veja a representação dos símbolos que indicam os dois planos:
Projeção
Plano de projeção
Modelo
Vista frontal
Linha projetante
Observador
Figura 26 - Projeção de uma vista em um plano
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
3 Desenho técnico mecânico
53
Como pudemos ver, o que o observador visualiza é projetado fielmente para o plano de projeção no
seu tamanho real.
Plano lateral
Plano vertical
Superior
Lateral Frontal
Plano horizontal
No 1º diedro o objeto está entre o observador e o plano de projeção, conforme a figura “Vistas com pro-
jeções nos planos do 1º diedro”. No quadro “Exemplo de projeções e vistas ortogonais”, podemos verificar
três vistas ortográficas de um mesmo objeto nos três planos.
São estas três vistas que garantem a clareza da representação do objeto, dispostas no Plano Vertical
(PV), Plano Horizontal (PH) e Plano Lateral (PL). Essas vistas serão planificadas com os devidos rebatimentos
para o plano vertical.
SAIBA Para saber mais sobre projeções, acesse a norma ABNT/NBR 10067.
MAIS
3.3.2 PERSPECTIVAS
As peças podem ser criadas de várias formas, com resultados diferentes, desde que equiparem ou apro-
ximem a visão humana, podendo ser utilizadas de diversas formas. A seguir veremos as perspectivas mais
utilizadas, que são: a isométrica, a cavaleira e as diferenças básicas entre elas.
PERSPECTIVA ISOMÉTRICA
A perspectiva isométrica mantém os comprimentos proporcionais nos três eixos. Os eixos oblíquos x e
z são posicionados com ângulo de 30º, a partir da linha de referência, partido do mesmo ponto de origem
e formando ângulos de 120º entre as projeções dos eixos x, y e z, conforme imagem a seguir:
Linhas
perpendiculares 90o
120o
Linhas
oblíquas 30o 120o
120o
30o 30o
Existem diferentes tipos de perspectiva e cada uma delas mostra o objeto de um jeito. A perspectiva
isométrica é a que dá a ideia mais clara do objeto.
No nosso curso, na disciplina de traçagem veremos a transformação das figuras geométricas planifica-
das em corpos sólidos, que serão as perspectivas na forma física.
PERSPECTIVA CAVALEIRA
A perspectiva cavaleira tem um plano de projeção fixa e paralela ao plano de projeção (plano do papel).
O que varia é a direção da projeção, podendo ser ângulos de 30º, 45º ou 60º, conforme mostrados nas
imagens a seguir.
30o 45o
60o
A figura seguinte mostra exemplos de construções típicas de perspectivas cavaleiras nas suas variadas formas.
As perspectivas, normalmente, mantêm as proporções relativas de um objeto iguais nos três eixos. São
utilizadas em desenhos técnicos para que os objetos sejam visualizados conforme a visualização humana8.
3.3.3 VISTAS
Vistas ortogonais são as projeções de um objeto ou modelo, rebatidas nos planos a partir da visão do
observador posicionado perpendicularmente aos planos de projeção, podendo ser seis vistas:
a) Frontal (elevação);
b) Superior (planta);
c) Lateral esquerda (perfil esquerdo);
d) Lateral direito (perfil direito);
e) Posterior;
f) Inferior.
Vamos nos limitar apenas às vistas essenciais, pois são as mais usuais na área de caldeiraria. São elas:
frontal (elevação), superior (planta), lateral esquerda (perfil esquerdo), conforme figura a seguir.
Vista Frontal
Vista Lateral
(Elevação)
Esquerda
PV PL
PH Vista Superior
(planta)
Como já foi estudado, na projeção de vistas, observamos que são seis vistas, onde vimos apenas as três
que são: vista frontal, vista superior e vista lateral (esquerda ou direta). Porém, nem sempre são necessárias,
pois ao desenhar um objeto é necessário apenas fazer vistas suficientes à compreensão de sua forma.
A seguir veremos alguns exemplos de como essas vistas podem ser representadas.
SUPRESSÃO DE VISTAS
A supressão de vistas é um recurso que pode ser utilizado quando o objeto possui geometrias simples,
que podem ser representadas por um número reduzido de vistas. Neste caso, ao desenvolver o desenho, o
profissional aplica apenas as vistas que trazem detalhes que possam expressar todas as características do
objeto, sendo as demais vistas suprimidas ou não apresentadas.
30
50 30
50
50 30 50
Em alguns casos, o profissional poderá receber o desenho com uma única vista para fazer a peça. Neste
caso, o desenhista deve passar o maior número de informação possíveis, utilizando a vista única.
Observe que no quadro a seguir, na primeira imagem, temos o objeto em perspectiva. Neste caso, não
serão necessárias as três vistas: vista frontal, vista superior e vista lateral esquerda.
Observe que na segunda imagem será utilizada uma única vista do objeto. A vista utilizada será a fron-
tal, com todas as cotas necessárias, exceto a espessura da peça que se encontra indicada com a palavra
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
58
espessura, abreviada como “esp”, com o respectivo valor numérico dentro do desenho sem prejudicar a
interpretação.
Todas as cotas foram representadas na vista frontal com: 60 milímetros de comprimento, 35 milímetros
de altura, 15 milímetros de largura indicado por ESP. O tamanho do rasgo passante é de 10 e 15 milímetros.
As cotas que definem as partes inclinadas da peça são: 16, 48 e 8 milímetros.
16
48
35
15
ESP. 15
8
10
60
Vimos o quanto é importante a supressão de vistas evitando o excesso de elaboração de vistas no de-
senho técnico, assim como, a redução de folhas de papel na área industrial, sem levar em consideração a
simplicidade para o entendimento dos profissionais envolvidos na área de caldeiraria.
3.3.4 CORTES
Os cortes são artifícios de desenho técnico utilizados para representar detalhes internos de um objeto.
As representações em corte são normalizadas pela ABNT NBR 10067. Os cortes servem para mostrar a es-
trutura interna do objeto e o seu funcionamento através de planos de cortes, denominados como planos
secantes. Veja o exemplo a seguir.
3 Desenho técnico mecânico
59
CORTE A-A
A A
Todas as vezes que efetuamos um corte em uma peça no desenho técnico, teremos que evidenciar
o tipo de material através de símbolos que chamamos de hachuras. Estes símbolos representam a cons-
tituição da peça, conforme a NBR 12298. Na imagem a seguir demonstraremos um tipo de hachura que
representa ferro fundido.
ferro fundido
Quadro 11 - Hachura de ferro fundido
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
60
1 2 3
a) Corte em uma
5 4
peça única b) Corte em conjunto c) Corte em peça bipartida
As figuras no quadro anterior mostram aplicações de diferentes maneiras de aplicação das hachuras
para peças de ferro fundido.
A figura “a” é uma peça única e o tipo e posição das hachuras são uniformes. Já a figura “b” mostra um
conjunto móvel unido por um pino, onde o material de ferro fundido é o mesmo, porém com configura-
ções diferentes onde o sentido das hachuras é invertido. Repare que neste caso o pino de união não sofre
cortes, por ser um elemento de máquina.
Ao analisar a figura “c”, temos uma união de peças diferentes, onde há apenas a inversão do sentido das
hachuras. Essa inversão configura a diferença das peças.
ENCURTAMENTO
O encurtamento é utilizado em peças simples, sem muitos detalhes e longas (exemplo: tubos e chapas)
ou peças que contêm partes longas e de forma constante.
Neste caso, o desenho não terá dimensões exageradas em um sentido e reduzidas em outro, nem será
necessário o emprego de escala de redução, pois haverá interrupções imaginárias da peça nos dois extre-
mos e remoção da parte interrompida, aproximando-se às extremidades uma das outras. O tamanho real
será fornecido na cota.
3 Desenho técnico mecânico
61
Barra e chapa
Eixo
Peça desenvolvida
30
17
360
Como a constituição das peças é diferente, a representação gráfica é diferente. São tubos, chapas e
barras maciças.
As figuras do quadro anterior são os encurtamentos mais comuns que o caldeireiro de manutenção terá
no seu cotidiano, que serão aplicados nos desenhos de encurtamento de chapas, tubos e de barras, tanto
paralelas como cônicas, e no dobramento de chapas e tubos.
a) Peça desenvolvida: quando há necessidade de desenhar o contorno desenvolvido de uma peça
e há dobramento após o corte;
b) Peça encurtada: em peça longa onde há necessidade de representar apenas partes com deta-
lhes;
c) Peça cônica encurtada: quando a conicidade é constante, não há detalhes e o que interessa é a
conicidade e o comprimento total;
d) Peça inclinada encurtada: quando o ângulo é constante, não há detalhes e o que interessa é o
ângulo e comprimento final.
O que estudamos aqui se aplica para todos os materiais metálicos de aço-carbono, aço inox e aços-liga.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
62
Os assuntos de acabamento e tolerâncias são interligados, pois para garantirmos uma tolerância preci-
sa, teremos que ter um acabamento de qualidade.
Quando aplicamos na mecânica os ajustes com precisão, para auxiliar na montagem e funcionamento
do equipamento, há regras para serem observadas e seguidas com rigor.
Em casos que a importância do grau de acabamento seja necessária apenas para fins estéticos, essa
tolerância pode ser sem controle rigoroso.
Quando observamos qualquer superfície, por mais que aparente perfeição, se nós submetermos ao
microscópio ou uma lente de ampliação, veremos que há irregularidades que ocasionam desde aumento
de atrito9 quando as superfícies estão em contato, até aceleração de oxidação, devido ao acúmulo de umi-
dade nas reentrâncias10.
Esse fenômeno é chamado de rugosidade, que se caracteriza como um conjunto de irregularidades
que compõem uma superfície, causadas desde a fabricação de uma peça/objeto. Pode ser originado na
laminação de uma chapa, usinagem ou outro processo de fabricação qualquer que interfira na qualidade
da superfície da peça.
A seguir você verá um caso típico de uma superfície metálica, submetida a um microscópio, com am-
pliação da imagem.
LISO
0,4 90º 0,8
MSS-SP 6
ESPIRAL CONCÊNTRICA
0,4 0,8
90º
MSS-SP 6
ESPIRAL CONCÊNTRICA
1,6 3,2
0,8 1,2
0,4 0,6
STANDARD DN<12 STANDARD DN>14
Para avaliar o acabamento das peças é preciso observar no desenho o parâmetro em que elas devem
ser avaliadas. Existem diversos parâmetros para que a rugosidade seja observada. Dentre eles, um dos mais
utilizados é o RA, que é a média aritmética das variações encontradas em uma superfície, comparada como
uma superfície ideal.
Na superfície que será avaliada utilizamos um equipamento chamado de rugosímetro, que é um instru-
mento industrial usado para medir a rugosidade, conforme foi visto no módulo de metrologia.
A norma da ABNT-NBR 8404 fixa os símbolos para a identificação do estado de superfície nos desenhos
técnicos. Faz-se necessário utilizar símbolos de acabamento nos desenhos técnicos, para que, ao se fabri-
car uma peça, seja bem definido onde deve haver um maior controle da qualidade da superfície, evitando
custos desnecessários na confecção da peça e garantia da funcionalidade. Veja o quadro a seguir.
Símbolo Significado
Símbolo básico: só pode ser usado quando seu
significado for complementado por uma indicação.
Ao construirmos uma peça, nem sempre conseguiremos garantir rigorosamente a repetição de medi-
das exatas devido ao processo de fabricação, erros de leituras, imprecisão dos instrumentos de medição ou
a erros humanos ou inabilidade com os instrumentos.
No entanto, devemos garantir a intercambiabilidade11 para que possa ser substituída entre si em uma
eventual troca da peça ou em uma linha de produção. Para isso, são necessários os desvios, dentro dos
quais a peça possa funcionar corretamente. Por isso, os desvios das tolerâncias são necessários dentro de
certos limites, para mais ou para menos, desde que não venha prejudicar o funcionamento da peça e a
qualidade.
Conforme veremos nos exemplos do quadro seguinte, normalmente os desenhos técnicos vêm com as
tolerâncias de afastamento indicadas pelo numeral. Porém, o campo de tolerância pode ser representado
também por letras, quando utilizado no sistema ISO, onde a letras maiúsculas para furo e letras minúsculas
para os eixos que não aplicaremos neste curso.
ø 12±0,5
ø20 ++ 0,28
0,15
a) Afastamento b) Afastamento
Na figura “a” o afastamento superior é +0,5 mm, afastamento inferior -0,5 mm, com a dimensão máxima =
12,00 mm + 0,5 mm = 12,5 mm e a dimensão mínima = 12,00 mm – 0,5 mm = 11,5 mm.
Conclui-se que a peça deve estar dentro dos limites da dimensão mínima e da dimensão máxima com
11,5 mm e 12,5 mm, cuja tolerância será: 12,5 mm – 11,5 mm = 1,0 mm.
11 Intercambiabilidade: termo usado para substituição de peças originais por outra, sem causar alterações no seu desempenho.
3 Desenho técnico mecânico
65
Na figura “b” o afastamento inferior é +0,15 mm e o afastamento superior +0,28 mm, com a dimensão máxi-
ma = 20,00 mm + 0,28 mm = 20,28 mm e a dimensão mínima = 20,00 mm + 0,15 mm = 20,15 mm.
Conclui-se que a peça deve estar dentro dos limites da dimensão mínima e da dimensão máxima, com
20,15 mm e 20,28 mm, cuja tolerância será 20,28 mm – 20,15 mm = 0,13 mm.
Na tolerância geométrica existem os tipos de tolerância de forma, orientação, posição e batimento, con-
tudo, nosso foco será a tolerância de orientação que aborda: paralelismo, perpendicularidade e inclinação,
conforme a ABNT/NBR 6409. Por se tratar de um estudo para caldeireiro de manutenção, nos limitaremos
apenas ao paralelismo e à perpendicularidade, conforme é apresentado a seguir.
0,1
0,1 A
A A
A zona de tolerância é limitada por duas linhas paralelas, separadas entre si a uma distância “t” igual a 0,1
mm e que são paralelas a uma linha de referência “A”.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
66
0,1
0,2 A
Superfície do referencial A
25 ± 0,1 24,9
ø20 ± 0,1
ø20,06
Note que a peça da figura “b”, mesmo atendendo as tolerâncias dimensionais efetivas indicadas na figu-
ra “a”, ficou com uma deformação geométrica. Este erro chamamos de erro de perpendicularidade, ou seja,
o eixo da peça não formou um ângulo reto ou de 90º com a face do pino. Para evitar este tipo de ocorrência
é necessário acrescentar as tolerâncias de orientação.
3 Desenho técnico mecânico
67
Nos projetos que são elaborados pela engenharia existem componentes que não são fabricados com o
detalhamento elaborado no desenho técnico, porém são desenhados atendendo as normas regulamenta-
doras, por exemplo: ABNT, DIN e outras.
Eles são adquiridos e inseridos nos desenhos de maneira a satisfazer as necessidades do projeto.
Existe uma grande quantidade de componentes padronizados para diversas aplicações, que não deve-
rão ser fabricados junto ao projeto de uma máquina ou equipamento, aplicações como: parafusos, porcas,
arruelas, pinos, alavancas, manípulos, etc., são adquiridos no mercado e inseridos no projeto.
Também poderá haver necessidades específicas de fabricação, onde o projetista fará o desenho técnico com
aplicação das devidas especificações, atendendo as normas regulamentadoras, tais como: ABNT, DIN e outras.
A grande vantagem de uso de componentes padronizados é que traz maior produtividade ao projeto
pelo fato de serem encontrados facilmente no mercado, por isso chamamos de material de prateleiras.
Trata-se de materiais de boa qualidade, o que aumenta a garantia e permite sua intercambiabilidade.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
68
RECAPITULANDO
Chegamos ao final de mais um capítulo. Estudamos sobre desenho técnico e a sua importância na
área de caldeiraria de manutenção. Relembramos sobre a conversão de unidade e aprendemos que,
normalmente, a unidade utilizada é o milímetro. Conhecemos sobre as figuras e os sólidos geo-
métricos com suas mais variadas formas. Falamos sobre a utilização dos instrumentos de desenho.
Percebemos como é importante o papel da normalização técnica e caligrafia técnica, que nos leva à
organização, clareza e uniformização dos dados e documentos.
Relembramos a forma de cotagem, o uso das escalas aplicando-o nas peças, que a depender do seu
tamanho ou sua complexidade serão ampliadas ou reduzidas. Vimos os diversos tipos e uso de sím-
bolos aplicáveis à necessidade. Iniciamos na elaboração propriamente dita na leitura e interpretação
dos desenhos técnicos com suas projeções em um único plano, deixando de ter só a visão em 3D.
Pudemos perceber que nem sempre se faz necessário todas as vistas de uma peça, pois podem ser
representadas em uma única vista com as informações necessárias ao seu entendimento. Estuda-
mos também que toda superfície, por mais perfeita que pareça, tem suas irregularidades.
A importância das tolerâncias dimensionais e geométricas com seus símbolos de orientação garante
uma montagem perfeita e de qualidade nos padrões preestabelecidos, garantindo sua intercambia-
bilidade. A compreensão dos conceitos do desenho técnico é essencial para o entendimento das
próximas disciplinas do curso e continuação da sua formação profissional.
E, por fim, vimos alguns dos componentes padronizados, que são encontrados facilmente no mercado.
3 Desenho técnico mecânico
69
Traçado de caldeiraria
Neste capítulo você irá conhecer as principais finalidades de cada ferramenta, instrumen-
tos, máquinas de caldeiraria e materiais de consumo utilizados no processo de traçagem de
caldeiraria, além do desenho, desenvolvimento e planificação de várias peças de caldeiraria.
Em relação às ferramentas, vamos conhecer os tipos, as aplicações, os tipos de materiais de
construção que são fabricados e os cuidados no manuseio.
Já em relação às máquinas, iremos ver os tipos mais usados, para que servem, como se
opera, os seus acessórios e suas aplicações. Vamos observar também que algumas destas má-
quinas estão presentes em quase todas os processos operacionais de fabricação de peças de
caldeiraria, principalmente quando se trata de elementos de formato cilíndrico e quadrado.
Vale ressaltar que essas máquinas têm grande importância, pois são utilizadas nos segmen-
tos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
Todo profissional que atua nesta área precisa ter bastante conhecimento sobre estes equi-
pamentos, para ter um bom desempenho profissional.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
72
Vamos conhecer agora um pouco sobre as ferramentas e acessórios utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria.
a) Compasso: uma das ferramentas essenciais no desenvolvimento do traçado é o compasso, pois
ele é o responsável em traçar as circunferências, os arcos e transferir medidas.
b) Punção de bico: é uma ferramenta que serve para marcar pontos sobre uma linha traçada,
de modo a deixá-la mais visível. Como os pontos não se apagam, as marcações ficam visíveis
mesmo que as linhas se apaguem, algo que não acontece se o traçado apresentar só o risco.
Existem dois tipos de punção de bico: punção de marcar, que possui o ângulo do bico de 30 a 60°;
e punção de centrar, que possui o ângulo de 90º a 120°.
c) Réguas de traçagem: são utilizadas para traçar as linhas, sejam elas retas ou perpendiculares.
d) Esquadros de aço flexível: são usados nos serviços em que é preciso traçar uma perpendicular
e/ou verificar a perpendicularidade da peça.
FIQUE O esquadro é um instrumento para traçar e verificar ângulo. Não deve ser usado
ALERTA como chave de fenda, talhadeira, riscador, martelo ou espátula.
e) Grampos tipo C: é uma ferramenta usada para trabalhos que necessitem a fixação rápida de
peças nas mais variadas aplicações. Estas fixações podem ser de peças na bancada ou em uma
estrutura metálica. Além disso, o uso dos grampos deve obedecer à capacidade de abertura dos
mesmos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
74
Ao encerrar este tópico sobre as ferramentas, foi mais um passo muito importante para atuar nas ati-
vidades que exigem este conhecimento sobre ferramentas e acessórios com competência e habilidade.
4.2 TRAÇAGEM
Dá-se o nome de traçagem ao conjunto de tarefas destinadas à criação de elementos básicos de cal-
deiraria, peças para tubulação que podem ser feitas em chapas, perfis e tubos, e equipamentos estáticos,
como tampos e cascos para vaso de pressão.
Para a realização do processo de traçagem de qualquer tipo de peça, seja na chapa, no tubo ou em per-
fis, o ponto de partida para a realização desta tarefa sempre parte de um desenho.
Nesse sentido, podemos dizer que em todo segmento industrial, seja químico, petroquímico, petróleo
e gás, metalurgia, siderurgia, agroindústria, usina de açúcar e álcool, naval, etc., há sempre o processo de
traçagem, corte e conformação de tubo, perfis e chapas, para a fabricação de peças, desde um simples dis-
co de chapa para tamponar um orifício, a outras peças mais complexas para equipamentos como reatores,
torres de fracionamento, trocadores de calor, caldeiras, fornos, etc.
Contudo, alguns cuidados precisam ser tomados na traçagem. E é sobre isso que trataremos a seguir.
Antes de iniciar a traçagem, é importante observar qual é a solicitação do projeto, quanto às formas
geométricas, às tolerâncias, aos tipos de materiais, entre outras informações das peças a serem traçadas. A
este processo damos o nome de Minuta do Traçado.
4 Traçado de caldeiraria
75
São dados necessários que o profissional precisa obter, pois vai ter acesso a documentos que trazem no
seu bojo essas informações.
Ordem de serviço: documento que descreve o que será realizado em uma determinada tarefa, podendo
constar desde os dados do cliente, a data que foi emitida, o local onde foi realizada ou será feita a interven-
ção, os detalhes do que será feito, podendo contar também os recursos que serão utilizados nesta tarefa.
Na OS, encontramos informações como:
a) N° da ordem de serviço: para o controle da área de programação planejamento, finanças e orça-
mento;
b) Nome do profissional responsável pela execução do serviço;
c) Descrição do serviço a ser executado; a prioridade de execução;
d) Nome da empresa solicitante;
e) Nome da empresa executante;
f) Cuidados com a segurança em relação ao serviço;
g) Prazo de execução do serviço;
h) Relação de materiais, máquinas, ferramentas, instrumentos. Se a ordem de serviço for interna para
execução de manutenção ou modificação de um equipamento com a colocação de novas peças,
nesta ordem deve também constar o TAG12 do equipamento que vai ser instalado a nova peça.
O desenho técnico e a ordem de serviço são indispensáveis no processo de traçagem, mas as informa-
ções nelas encontradas só ajudarão se soubermos ler e interpretar o desenho, conhecermos as unidades
de medida e os elementos nelas descriminados.
Antes de entendermos o que é recobrimento superficial, é necessário que entendamos o que é um pré-
-tratamento de superfície.
O pré-tratamento é quando fazemos a limpeza de uma peça antes de levar para a metalização ou pin-
tura. O objetivo da limpeza em uma superfície metálica é preparar para o acabamento, que pode ser uma
metalização ou pintura.
A retirada e remoção das impurezas das peças é feita para promover aderência adequada do revesti-
mento. Nas superfícies das peças metálicas, os tipos mais comuns de impureza encontrados são: a oleosa,
proveniente do processo de laminação das chapas; as impurezas semissólidas, que é a mais difícil de remo-
ver; e as que causam sérios problemas de aderência quando do acabamento.
A remoção destas impurezas se dá através de procedimento químico e mecânico.
No procedimento químico são utilizados detergentes químicos que visam a remoção de filmes e sujei-
ras aderidas na superfície. Os procedimentos mais comuns usados são a decapagem química por imersão
e o desengraxamento através da utilização de solventes.
Pré-decapagem Pós-decapagem
Quadro 20 - Decapagem
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Para cada tipo de material há uma forma diferente de remoção das impurezas, por exemplo, aplicação
dos solventes para remoção das impurezas.
Já nos tratamentos mecânicos de superfície metálica, os procedimentos podem ser feitos através de
lixamento, jateamento, hidrojateamento, vibração e tambonamento.
No caso de traçado de peças, vamos falar a seguir sobre os três primeiros procedimentos que são os
mais comuns e utilizados na área de caldeiraria.
a) Lixamento: este tratamento de superfície envolve uso de ferramentas manuais como escova de
aço, espátula flexível e acessórios como folha de lixa e máquina, como lixadeira elétrica ou pneu-
mática.
4 Traçado de caldeiraria
77
Figura 40 - Lixamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
O lixamento manual é feito para correção de um defeito superficial, através do uso de lixas de granula-
ções adequadas. Este método não é adequado para remoção de óxido que esteja aderido à superfície em
local de difícil acesso para lixamento.
Já o lixamento através de uma lixadeira elétrica ou pneumática é utilizado quando o defeito da superfí-
cie é maior e mais profundo. Possui uma boa eficiência e é menos trabalhoso do que o lixamento manual.
No tratamento da superfície com as lixas, devemos começar com as lixas de granulações mais grossas e
depois iremos reduzindo para lixas de granulações mais finas. Essa sequência é para retirar os riscos deixa-
dos pelas lixas de granulações mais grossas.
b) Jateamento: esta é outra forma de limpeza da superfície. Este procedimento é com uso de abra-
sivo e os principais usados no jateamento são: a escória de fundição, a granalha de aço e a bauxita
sinterizada.
Figura 41 - Jateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
78
c) Hidrojateamento: nos anos 90 surgiu mais este método de limpeza de superfície, que utiliza a
água com alta pressão para a remoção das impurezas da superfície, através de equipamento hi-
dráulico móvel, com bomba de alta pressão, acionada por motor elétrico ou diesel.
Figura 42 - Hidrojateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Este método, em relação aos demais, tem a vantagem de não gerar pó ou faíscas, não gerar impacto
ambiental, não alterar a rugosidade superficial da peça. Porém, em muitas vezes, isso pode ser considera-
do como uma desvantagem, porque o aumento da rugosidade superficial proporciona um aumento do
contato entre o metal e a tinta aplicada, contribuindo para o aumento da aderência. Este procedimento de
limpeza, portanto, é mais adequado para superfícies já pintadas anteriormente, onde já existe o perfil de
rugosidade.
SAIBA Para saber mais sobre o manuseio e operação de máquinas, consulte a norma regula-
MAIS mentadora nº 12 (NR 12), sobre Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
Ainda falando sobre acabamentos, podemos dizer que o principal meio de proteção e acabamento de
superfície é realizado através da metalização e pintura. Os materiais de caldeiraria que passam pelo proces-
so de metalização são os perfis metálicos, chapas planas e tubos.
No caso específico do traçador de caldeiraria, os materiais utilizados para fabricar as peças passaram ou
passarão pelo processo de galvanização, também conhecido por zincagem, para proteger suas superfícies.
4 Traçado de caldeiraria
79
Figura 43 - Galvanização
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Neste processo de recobrimento metálico por galvanização, o banho de zinco adere ao aço, fazendo
uma camada que protege a peça da corrosão.
CASOS E RELATOS
Então, ainda durante a inspeção, foi constatado na verificação de uma das latas de tinta, utilizada
por Renato, que as mesmas estavam com seu prazo de validade vencido e que as tintas usadas para
pintura do costado e do teto não poderiam ser a mesma para a pintura do piso do tanque.
Para evitar que esse caso ocorresse novamente, foi recomendado que as tintas que sobrassem de
qualquer obra de manutenção teriam que ser devolvidas imediatamente ao almoxarifado, para o
mesmo ter o controle quanto ao prazo de validade, como também que os pintores da Losango Pin-
turas S/A passassem por um curso de qualificação profissional.
Outro processo de acabamento muito utilizado é a pintura, que consiste em uma técnica de proteção
anticorrosiva, no qual se utiliza diferentes tipos de tintas.
4 Traçado de caldeiraria
81
RECAPITULANDO
Neste capítulo você irá estudar sobre os traçados de caldeiraria. As peças fabricadas através
do traçado de caldeiraria ainda ocupam grande espaço no mercado. Apesar das conexões de
aço forjado estarem disponíveis comercialmente, elas não são encontradas em todas as di-
mensões.
No traçado podemos obter peças de dimensões maiores ou menores do que normalmente
são oferecidas comercialmente. Como exemplo, podemos citar a possibilidade de fabricarmos
peças com materiais mais leves, com formato, diâmetro, altura, largura e comprimento dife-
renciados dos existentes no mercado, com o objetivo de atender à demanda e à necessidade
dos segmentos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
84
Vamos dar mais um importante passo para que você se torne um excelente profissional com conheci-
mentos em Traçados de Caldeiraria. Você aprenderá como se faz para planificar peças utilizando o método
tradicional com o uso do compasso, do esquadro, da régua e do transferidor de grau para fazer os traçados,
mas antes aprenda como fazer as divisões de circunferências em 4 e em 12 partes iguais.
Primeiro trace uma reta. No exemplo será usado 100 mm de comprimento do ponto A ao ponto B.
A B
E agora, como construir a perpendicular13 em relação a esta linha? Vamos lá! Siga o passo a passo e não
terá dificuldade na hora da traçagem.
a) Após traçar a linha horizontal, abra o compasso com uma abertura maior do que a metade do
comprimento da linha (Por exemplo, já que a metade da linha horizontal é de 50 mm, abra o
compasso até 70 mm. Com a ponta seca do compasso no ponto A, trace dois arcos, um acima e
um abaixo da linha).
b) Em seguida, troque a posição da ponta seca para o ponto B e traçe outros dois arcos, também
acima e abaixo da linha, marcando os pontos C e D. Por fim, pegue o esquadro e faça outra linha
passando pelos pontos C e D, conforme a figura a seguir.
Perpendicular
C
A B
0
Ponto médio
90o 90o
A B
90o 90o
Pronto! A circunferência está pronta e dividida em quatro partes iguais. Agora você verá como dividir
uma circunferência em 12 partes iguais.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
86
Os passos para a divisão de uma circunferência em 12 partes iguais são fáceis. Veja:
a) Primeiro, trace a linha horizontal e a perpendicular com o diâmetro da circunferência desejada,
conforme processo anterior;
b) Abra o compasso com a metade do diâmetro desejado. Esse tamanho é chamado de raio da circun-
ferência;
c) Coloque a ponta seca do compasso no centro e dê um giro de 360°. Com a mesma abertura do
raio, coloque a ponta seca no ponto A e marque os pontos E e F.
C
E
A B
F
D
Figura 47 - Marcação dos pontos E e F
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
d) Colocando a ponta seca nos outros pontos (B/C/D), repita o mesmo processo. No final as marcas
ficarão conforme a figura a seguir.
C
E G
J I
A B
K L
F H
D
Figura 48 - Circunferência dividida em 12 partes
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Técnicas de traçagem
87
Pronto! A circunferência está dividida em 12 partes iguais. Você precisa ter o domínio desta técnica. Este
conhecimento será utilizado para desenvolver a maioria dos traçados.
Agora, vamos fazer o traçado do cilindro de base inclinada com o diâmetro de 80 mm, altura de 120 mm
e ângulo de 30°.
É o mesmo processo da divisão da circunferência em 12 partes, basta apenas marcar os pontos na se-
micircunferência.
a) Depois de dividir a metade da circunferência em seis partes, puxe linhas retas horizontais de pelo
menos 125 mm, de cada ponto da divisão e identifique com números de 1 a 7;
b) Depois, posicione o esquadro a 30° na peça, trace a linha inclinada com ângulo de 30°;
120mm
7
6
5 30o
4
5 C1
3
2
1
C2
c) Trace uma linha horizontal com a medida do perímetro (3,1416 x 80) e divida em 12 partes iguais,
conforme figura a seguir;
d) Nestas divisões, levante linhas verticais com a altura da peça (120 mm). Depois, transfira as medi-
das encontradas no cilindro para a peça ao lado.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
88
Cilindro Planificado
7º 6º
6º
7
6
30º 5º 5º
4º 4º
5 3º 3º
2º 2º
1º 1º
4
3
C1
2
1 A 1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1 B
DM x 3,1416
C2
SAIBA Para saber sobre as regras de arredondamento, pesquise através do site do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Resolução nº 886, de 26 de outubro de
MAIS 1966 – Normas de Apresentação Tabular.
Vamos desenvolver mais um traçado muito importante. Por isso, falaremos sobre outro tipo de curva
com raios maiores, chamadas curvas de gomo.
5.1.2 curvas
As curvas são conexões utilizadas para mudança de direção em uma tubulação. Normalmente as curvas
de gomos são usadas quando o traçado das linhas não comporta uma conexão forjada. Ela é confecciona-
da nas dimensões desejadas e todo o seu traçado é feito no papelão, que chamamos de gabarito.
Depois do gabarito pronto, é colocado na parte externa do tubo para marcação e corte no ângulo de-
sejado.
5 Técnicas de traçagem
89
São peças confeccionadas em tubos, utilizadas em tubulação para mudança de direção. A curva de
gomo a 90° se diferencia do cotovelo por ter uma curva mais suave, resultando em um raio maior.
Acompanhe os passos a serem seguidos para traçar a planificação dos elementos que compõem a curva
de gomos a 90° com um gomo de 45° e dois semigomos de 22°30’. Esta planificação será realizada em um
gabarito de papelão, para posteriormente, transferir para o tubo.
a) 1º - trace uma semicircunferência com Ø 60 mm no lado esquerdo e divida em 6 partes iguais;
b) 2° - prolongue a linha CD de Ø 60 mm por mais 30 mm (raio da circunferência), ficando um com-
primento final de 90 mm;
c) 3° - trace o ângulo de 45° com uso do transferidor (coloque a linha de referência do transferidor
na linha de centro da circunferência, no ponto O);
d) 4° - trace uma linha inclinada com o ângulo encontrado;
e) 5° - trace linhas horizontais ligando as divisões da circunferência até a linha inclinada e marque
os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7;
C
7
6
5
A 4
3
2
1
D
30mm
45o
0
Figura 50 - Desenvolvimento da curva de gomo
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
90
193mm
45o
45o
1 2 3 4 5 6 6 5 4 3 2 1
i) 9° - ligue à mão livre ou com uma régua flexível as extremidades das linhas, de tal forma que fique
conforme o desenho a seguir;
5 Técnicas de traçagem
91
45o
1 2 3 4 5 6 6 5 4 3 2 1
j) 10º - faça mais um gabarito igual ao anterior e divida ao meio, conforme desenho a seguir. Fican-
do com dois gabaritos, um inteiro (45°) e o outro pela metade (22°30’);
22°30'
k) 11º - agora, após a conformação, a curva de gomos ficará conforme a figura Curva de gomo pronta.
A C
D
22,5 o
45
º
22,5
B
o
As curvas de gomos a 90° podem ser produzidas com uma quantidade maior de elementos. Quanto
mais elementos, a curva será mais suave. Por exemplo: para fazer uma curva com quatro pedaços, construa
quatro semigomos de 22°30’.
Quando for solicitado para fazer uma curva de gomos, observe a quantidade de gomos e a quantidade
de solda que são solicitadas para traçar o ângulo corretamente.
5.1.3 Cones
Os cones são sólidos geométricos que possuem uma base circular. As linhas laterais se encontram em
único ponto chamado vértice.
14 13
16 15 12
ø50 17 11
10
E
9
8
H 7
50
S 6
5
G
4
C D 3
ø100 F 2
1
A B 1
9
2 8
3 7
4 5 6
d) Ligue com uma reta os pontos AC e outra reta os pontos BD, prolongando-as até se encontrarem.
Este ponto de encontro identifique como ponto S, que é vértice do cone;
e) Com a abertura do compasso igual a uma das divisões do arco AB (exemplo de 1 a 2), e com a
ponta seca do compasso em B, faça um semiarco do lado direito;
f) Com a ponta seca do compasso em S, e abertura do mesmo até o ponto B, a partir do semiarco
feito na etapa anterior, traça-se uma semicircunferência no sentido anti-horário, formando o arco
FE (arco maior);
g) Traçar uma reta ligando o ponto F ao ponto S;
h) Com a ponta seca em S e abertura do compasso de SD, traça-se outro arco, no sentido anti-
-horário, partindo da reta FS, identificado com ponto G (arco menor);
i) A seguir, abre-se o compasso com a abertura igual a uma das divisões do arco AB (exemplo de 1
até 2) e marca-se o dobro (16 partes) destas divisões no arco FE (arco maior), identificando como
pontos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17);
j) Traçar uma reta ligando o ponto 17 (E) ao ponto S. No encontro desta reta com o arco com aber-
tura SG, identifique como ponto H.
5.1.4 TRANSIÇÕES
Quando se fala em tubo, vem em nosso pensamento algo cilíndrico, não é? Entretanto, essa afirmação
não está 100% correta, visto que muitas tubulações podem ser construídas nas formas quadradas ou re-
tangulares.
Primeiro, vamos aprender como desenvolver um tipo de transição chamado de quadrado para redondo
concêntrico.
Inicialmente, iremos fazer um gabarito na cartolina ou papelão. Para a primeira transição, utilizaremos
as seguintes dimensões: 140 x 140 mm para o quadrado e Ø 80 mm e 100 mm de altura para o redondo.
a) 1°: traçar um quadrado de 140 x 140 mm;
b) 2°: identificar os vértices do quadrado como (A, B, C e D);
c) 3°: dividir o quadrado ao meio, tanto no sentido vertical como no sentido horizontal, achando
assim o centro do quadrado, identificando como ponto (E);
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
94
d) 4°: a partir do centro deste quadrado, traçar uma circunferência com diâmetro 80 mm. Obs.: só
para lembrar, a abertura do compasso para traçar a circunferência é a metade do diâmetro, ou
seja, o raio é 40 mm;
e) 5°: dividir esta circunferência em 12 partes iguais. Fazemos isso com a mesma abertura do com-
passo para o traçado da circunferência (R = 40 mm), figura B no quadro “Desenvolvimento do
quadrado para redondo”, a seguir. Obs.: Lembre-se de que você já fez a divisão em 12 partes
iguais;
f) 6°: traçar as linhas da divisão da circunferência até os cantos do quadrado (pontos A, B, C e D);
g) 7°: depois numeramos as linhas dos quadrantes14 de baixo de: 1, 2, 3 e 4; e o outro quadrante da
circunferência de: 4, 3, 2 e 1, conforme figura C a seguir;
A B C
C M D
140
C 140 D 140 80
G
140 F
80 1 1
140 2
140
2
3 3
4 4
A 140 E B A B
FIQUE Para saber o valor da corda (abertura do compasso) para qualquer divisão da circun-
ALERTA ferência, dividimos o perímetro pela quantidade de divisões que necessitamos.
Ainda não acabou! O nosso próximo passo será construir a verdadeira grandeza15 do quadrado para
redondo, fazendo assim o seu segundo gabarito.
h) 8°: vamos construir uma linha (horizontal) e uma perpendicular (vertical), com a altura e o lado da
peça (quadrado) no caso (100 x 140 mm);
i) Identificamos as linhas: horizontal como B e vertical como A;
j) 9°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (1, 4), coloque a ponta seca do compasso no
canto do quadrado (A), abra as pernas até o ponto 1 ou 4 da circunferência;
Com a medida encontrada, coloque a ponta seca do compasso em (A) e marque na linha (B) a medida
encontrada. Esta será a verdadeira grandeza.
k) 10°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (2, 3), coloque a ponta seca do compasso no
canto do quadrado até o ponto 2 ou 3 da circunferência. Com a medida encontrada, coloque a
ponta seca do compasso em (A) e marque na linha (B) da verdadeira grandeza.
-- Depois ligue esta marcação até a ponta da linha vertical (A);
l) 11°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (d), coloque a ponta seca do compasso no
ponto (G) e a ponta de marcação no ponto (F). Com a medida encontrada, coloque a ponta seca
do compasso em (0) e marque na linha (B) e depois ligue até a linha (A);
A Verdadeira grandeza
100
B
0 (d) (2,3) (1,4)
Figura 58 - Verdadeira grandeza
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
m) 12°: traçar uma linha horizontal na chapa com a medida do quadrado (140 mm). Na verdadeira
grandeza, da figura do 11° passo, pegue com o compasso à distância de A até o ponto (1,4). Colo-
que a ponta seca do compasso em (A), trace um semiarco passando no meio do outro semiarco,
feito anteriormente, do lado esquerdo. Faça o mesmo semiarco em (B), do lado direito;
n) 13°: ligar o ponto 1 aos pontos A e B.
A B
A 140 B A B A B
140 140
FIGURA 2 A/B FIGURA 3 A/B FIGURA 4 A/B
d) 4°: ligue os pontos (1, 2, 3 e 4) do lado A e faça o mesmo com os pontos (1, 2, 3 e 4) do lado B.
e) 5°: agora, ligue os pontos (2, 3 e 4) até A. Faça a mesma sequência do lado B.
4 4
3 3
2 2
1
A 140 B
Figura 60 - Planificação da transição do quadrado para redondo concêntrico
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
g) 7°: com a abertura do compasso na medida da metade do quadrado, como no nosso exemplo 70
mm, e volte à planificação.
-- Fixe a ponta seca do compasso em A e trace um semiarco passando pelo outro semiarco feito
no passo anterior e marcando o ponto de interseção entre eles. Identifique como sendo (a1),
depois faça o mesmo em (B) e identifique como (b1).
h) 8º: com o esquadro ou régua, faça uma linha ligando A até a1. Depois, faça o mesmo de B até b1.
-- Para fechar a metade do quadrado para redondo, pegue uma régua ou esquadro e trace uma
linha do ponto (a1) até o ponto 4. Faça a mesma sequência de b1 a 4 do lado direito.
4 4
3 3
2 2
1
a1 b1
A 140 B
Concluímos. Está pronta a metade do quadrado para redondo! Para traçar a outra metade, você vai
seguir o mesmo passo a passo explicado até aqui. Depois, basta fixar as partes.
5.1.5 interseções
A derivação faz parte das interseções, usada para unir tubos que seguem direções diferentes. É muito
utilizada nas tubulações industrias, principalmente quando há pouco espaço para utilizar uma conexão
forjada. As derivações podem ser fabricadas em chapas ou tubos.
Vamos agora acompanhar o passo a passo para o desenvolvimento e a planificação da derivação de 90°
no gabarito, através dos desenhos e das descrições. A derivação a 90° também é conhecida como “Boca de
lobo”, é a união entre dois tubos com diâmetros iguais com bico entroncado16 até o eixo do tubo17.
Vamos trabalhar com a derivação com o diâmetro de 60 mm. Altura de 80 mm. No desenvolvimento da
derivação, haverá a necessidade de traçar duas circunferências de diâmetros iguais.
16 Entroncado: encaixado.
17 Eixo do tubo: linha imaginária que passa no meio do tubo na direção do seu comprimento.
5 Técnicas de traçagem
99
5
4 5
4
3 3
2 2 B
A
1 1
2
C 2
3 3
4 4
5
5
d) 4°: para fazer a planificação, calculamos o perímetro. Some o diâmetro externo do tubo, mais a
espessura do papelão e o resultado multiplique por Pi. Veja:
P = (D + esp) x Pi, onde:
P é igual ao perímetro;
D é igual ao diâmetro externo do tubo;
esp. é a espessura do papelão;
Pi é a constante 3,1416;
D = 60 mm;
Esp = 1,58 mm.
P = (60 + 1,58) x 3,1416 = 193,46 mm, arredonde para um número inteiro 193 mm.
Identifique a linha central com o número 1. Ficarão oito partes para direita e oito para esquerda.
f) 6º: partindo da extremidade da esquerda, traçar linhas verticais para cima nestas 16 divisões,
identificando as divisões como ponto 1, 2, 3, 4, 5. Depois em ordem decrescente 4, 3, 2, 1; repete
a sequência de 1 até 5; e em ordem decrescente até o ponto 1.
Obs.: Feito isso, vamos trabalhar com as medidas das circunferências A e B. Veja a figura do 3° passo,
para facilitar a visualização da planificação.
1 2 3 4 5 4 3 2 1 2 3 4 5 4 3 2 1
7°: com o compasso, pegue a medida entre o ponto 1 da circunferência B e a ponta de marcação em 1
da linha C do 3°passo, e transfira para todos os pontos 1 da figura a seguir, do lado esquerdo. Faça o mesmo
procedimento para os outros pontos 2, 3, 4 e 5.
8°: ligue à mão livre ou com uma régua flexível os pontos. Temos o gabarito pronto. Agora é transferir
o perfil do gabarito para o tubo.
1 2 3 4 5 4 3 2 1 2 3 4 5 4 3 2 1
Quadro 24 - Planificação da derivação a 90° entre dois tubos com diâmetros iguais com bico
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
É preciso ter muito cuidado em executar o passo a passo para traçar uma derivação em boca de lobo.
Atente-se com as distâncias entre os pontos destacados na circunferência até a linha central C.
Você viu a forma de planificação para criar derivações a 90º em tubulações com mesmo diâmetro.
5 Técnicas de traçagem
101
5.1.6 TAMPOS
Os tampos servem para fazer o fechamento de uma tubulação por razões de segurança, para evitar
vazamentos de fluidos, a entrada de elementos estranhos, tais como: sujeira e até animais, além do lado
estético.
CHAPéU CHINÊS
O chapéu chinês é um acessório fabricado em chapas de aço ou alumínio. Ele é utilizado nos terminais
de chaminés, nos tubos na posição vertical, nas tubulações de combate a incêndio, no teto de tanques,
para um melhor direcionamento da água em caso de incêndio.
Vamos desenvolver um chapéu chinês, definindo os dados para a fabricação desse chapéu. Diâmetro
de 120 mm e altura de 80 mm.
a) 1°: trace uma linha horizontal com o diâmetro da peça 120 mm, identificando como ponto A e B;
b) 2°: divida a linha, identificando-a como ponto (0). Em seguida, trace uma linha vertical na parte
inferior com 80 mm, identificando como ponto C;
c) 3°: coloque a ponta seca do compasso no ponto C, a ponta de marcação em A e trace uma cir-
cunferência;
d) 4°: como o diâmetro do chapéu chinês que estamos fazendo é de 120 mm, vamos calcular a divi-
são deste diâmetro em 20 partes.
Para achar a medida da abertura do compasso para a divisão da circunferência em 20 partes, multipli-
que por Pi (p).
Onde:
Parte = π x diâmetro;
P = 3,1416 x 120 = 376,99 mm.
Dividindo por 20 = 18,85 mm, aproxima para 19 mm.
Depois de retirar a “sobra”, verifique se as medidas estão conforme o desenho e se a chapa já está libe-
rada para a conformação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
102
20
A B 1
19 2
20 1
A B 18 3
C
19 2
18 3 17 4
C
17 4 5
16
16 5
15 6
15 6 7
7 14
14
13 8 13 8
12
11 10 9 12
11 10 9
A81mm
B
ø225
m
Finalizamos mais uma etapa de conhecimento sobre traçado de peças de caldeiraria. Veremos agora as
técnicas para otimizar um traçado.
Toda chapa possui uma largura e comprimento nominal18 padronizado. Daí a importância de que a
leitura e interpretação de desenho sejam feitas corretamente. Com isso, haverá uma melhor otimização
das chapas.
Na seleção das chapas para realizar a confecção de uma peça, o profissional responsável pela tarefa
deve conhecer quais são as dimensões utilizadas para fazer a peça e quais as dimensões que resultarão na
sobra da chapa. As sobras de uma chapa, dependendo da dimensão, será uma peça no futuro. Para isso,
é recomendável organizar o que não foi aproveitado, deixando visível para ser utilizado o quanto antes.
Outro ponto a ser observado, antes de realizar o corte, é a possibilidade de traçar na mesma chapa
peças com características similares. Com mínimo de riscos podemos obter os cortes de peças. Com a utili-
zação deste tipo de plano haverá uma grande economia de chapa.
Quando se tem uma quantidade de peças a ser fabricada, devemos analisar as geometrias, visando um
melhor plano de corte. As sobras podem ser reduzidas substancialmente se consultar os novos pedidos
que entraram na área de produção. Além de estar se antecipando aos prazos, está otimizando a utilização
dos materiais, reduzindo custo com aquisição.
Existem muitas empresas que possuem softwares para otimização dos materiais e dos profissionais en-
volvidos no corte. Para aquelas empresas que não tem essa tecnologia, o controle deverá ser feito manual-
mente. Os profissionais nestes casos precisarão fazer os cálculos para obter a quantidade exata de material
para realizar o corte/fabricação da peça.
Independentemente do tipo de tecnologia utilizada, a melhor maneira de fazer uma otimização de
material é ter um controle do estoque e das sobras existentes na empresa. O ganho obtido com o planeja-
mento de um plano de corte faz com que a sobras sejam reduzidas, com isso, a otimização surtirá o efeito
desejado. O objetivo sempre será o aproveitamento do material que se tornaria sucata. Essas informações
são importantes para diminuir o grau de desperdício.
Todos os profissionais devem estar envolvidos na melhoria dos processos de utilização do material.
Isto deve ocorrer desde o momento do envio do pedido de fabricação de uma peça nova, passando pelo
momento que chegam à área de gestão, até a finalização na área de produção.
Aproveitamento de chapas
Nos planos de corte de chapas para fabricação das peças, o traçador de caldeiraria precisa primeira-
mente observar a geometria da peça para aproveitar da melhor forma possível o material, principalmente
quando se tratar de uma chapa ainda inteira.
O plano de corte deve sempre realizar a marcação da peça na chapa, partindo de uma das suas extremi-
dades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material.
Por exemplo: para a fabricação de uma base para fixação de uma bomba com a dimensão de 140 x 240
mm, se tivermos uma chapa com dimensão de 150 x 260 mm:
a) Passo 1: mede-se primeiro a dimensão maior (260 mm);
b) Passo 2: mede-se a dimensão menor (140 mm);
c) Passo 3: a medição deve partir sempre da extremidade para o centro, de outra forma não será
possível o melhor aproveitamento da chapa e a redução do perímetro de corte.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
104
m 260mm
mm
m
0m
0m
15
150
14
260mm 240mm
Para evitar o desperdício, ao receber o projeto para a fabricação de qualquer peça, é fundamental que o
traçador planeje o corte e realize todos os cálculos antes de executar a operação de corte. A falta de critério
no momento de cortar uma chapa pode gerar um custo muito elevado para a empresa.
Aproveitamento de tubos
Os tubos são vendidos comercialmente com comprimento de 6 metros, salvo nos casos de encomenda,
que podem ser encontrados com 12 metros.
FIQUE Todos os perfis são vendidos em metros, porém, no plano de corte todas as medidas
ALERTA devem estar em milímetros.
6000mm
O plano de corte para o aproveitamento máximo do material seria de acordo com figura a seguir. Com
uma sobra de aproximadamente 90 mm, considerando que em cada corte haverá a perda de 2 mm.
Veja a figura com o plano de corte do primeiro tubo:
Veja o segundo tubo com a mesma dimensão, mas com uma sobra de aproximadamente 88 mm. Teria
o seguinte plano de corte:
Conforme estes dois planos de corte, se considerássemos um tubo com 12000 mm, sobrariam aproxi-
madamente 178 mm, que corresponde a uma sobra de 1,5% do comprimento total.
Aproveitamento de perfis
Os perfis são vendidos comercialmente com o comprimento de 6 metros. Conforme citado anterior-
mente, o plano de corte deve priorizar sempre a marcação para o corte dos perfis, partindo de uma das
suas extremidades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material para fabri-
cação das peças.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
106
2” x 2” x 6000mm
Figura 68 - Cantoneira L
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Vamos cortar as peças com as dimensões de 580 mm, 465 mm, 420 mm. As quantidades de cada peça
estão na tabela a seguir:
Peça 1
580 mm 580 mm 580 mm 580 mm
Peça 2
465 mm 465 mm 465 mm 465 mm
Peça 3
420 mm 420 mm 420 mm 420 mm
A cantoneira foi cortada baseada no plano de aproveitar a maior quantidade do material. O plano de
corte contemplou o corte de todas as peças requeridas, tendo uma sobra de 140 mm.
580mm 580mm 580mm 580mm 465mm 465mm 465mm 465mm 420mm 420mm 420mm 420mm
Sobra
Percebeu como um bom planejamento de corte reduz ao mínimo a sobra de material? Precisamos fazer
essa prática a todo instante, os recursos materiais e financeiros não são somente uma preocupação da
gestão da empresa. É um esforço de todos envolvidos no processo de fabricação.
Com o surgimento dos microcomputadores, uma empresa que trabalha com projeto e fabricação de
peças de caldeiraria pode utilizar um software de traçagem assistido por computador. Este programa de
computador é utilizado na tarefa de planificar peças de caldeiraria e de tubulações. A traçagem assistida
por computador realiza a programação de peças de forma rápida e precisa.
O desenvolvimento da superfície de uma peça a ser construída é de suma importância na indústria de
caldeiraria. As peças utilizadas neste ramo são de pequeno, médio e grande porte, e possuem as mais varia-
das formas e dimensões. Como exemplo, temos tubulações e derivações para indústrias química, petroquí-
mica e de petróleo, estruturas metálicas para sustentação de equipamentos e cobertura de área, equipa-
mentos de processos estático como trocador de calor, torres de destilação, reatores, caldeiras, fornos, etc.
Dessa forma, é importante que a tarefa a desenvolver seja realizada de modo rápido e preciso. Atenden-
do essa demanda, há softwares no mercado para desenvolver a traçagem visando a confecção de peças
de caldeiraria. Estes softwares são utilizados para dinamizar o trabalho. Em muitas empresas que não têm
esses recursos, o trabalho é feito de modo manual.
Através de um comando numérico, as máquinas de corte como oxicorte, corte plasma, corte laser, jato
d´água, funcionam permitindo a possibilidade de fabricação de peças mais rápidas do que do processo
convencional.
Quando se fala em área de fabricação de peças de caldeiraria, temos que nos preocupar com os aspec-
tos de segurança, que envolve os riscos na execução das operações e das questões ambientais, pois neste
processo pode gerar resíduos de diferentes tipos de materiais.
Por envolver materiais metálicos e não metálicos, os procedimentos de segurança devem iniciar desde
a seleção do material para a execução da traçagem e continua durante e depois do corte.
Além de manipular peças com grandes dimensões e peso, temos também que ter cuidado com a ergo-
nomia. Em relação às questões ambientais, devemos ter cuidado com a destinação correta dos resíduos
gerados durante o corte das chapas, dos tubos e dos perfis durante o processo de fabricação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
108
5.4.1 Ergonomia
Diante da realidade atual, onde novas tecnologias são aplicadas para aumentar a produção, o profissio-
nal envolvido nas tarefas de traçagem das peças de caldeiraria devem aplicar métodos, processo e lógica
mais adequada durante a execução das tarefas.
Nos trabalhos realizados na área de produção de peças de caldeiraria, quando se tratar de chapas, tu-
bos e perfis de grandes dimensões, os profissionais envolvidos na tarefa devem utilizar os equipamentos
de movimentação de cargas adequados para cada atividade. Quando envolver movimentação de cargas
horizontais, sempre se deve fazer uso de paleteira19, empilhadeira ou outro equipamento adequado.
Nas tarefas realizadas no dia a dia na área de produção de qualquer meio produtivo sobrará resíduos e
na fabricação de peças de caldeiraria não é diferente.
Se os profissionais envolvidos não tiverem uma atenção especial e uma gestão adequada para o tra-
tamento de resíduos, no futuro vai gerar um grande passivo ambiental. Você observou durante a leitura
deste livro a preocupação com o princípio da economicidade e aproveitamento de materiais.
As práticas que devem nortear a gestão de resíduos, nas empresas que trabalham na fabricação de pe-
ças de caldeiraria, começam desde o processo de traçagem, passam pelo processo de corte de material, até
finalmente soldar/parafusar os componentes. Os resíduos que são gerados durante este processo devem
ser descartados sempre dentro de contêineres ou recipientes de coleta seletiva. Porém, deve-se entender
que é preciso encontrar soluções para diminuir a quantidade desses resíduos.
Durante a geração de resíduo, a sua coleta e o transporte devem ser realizados de forma eficiente e
compatíveis com a classificação e quantidade.
CASOS E RELATOS
Descobrindo o erro
A empresa metalúrgica Irmãos Alves Fabricação e Manutenção S/A estava passando por muita di-
ficuldade em equilibrar suas contas pela falta de clientes.
Um dos sócios teve a ideia de investir na divulgação da empresa. Passou a sair para visitar as em-
presas das regiões próximas para oferecer os serviços da metalúrgica. No início, a estratégia passou
a dar resultados, a Irmãos Alves passou a ser muito procurada. Mas eles não conseguiam fechar
contratos ou segurar os clientes por muito tempo. E o mais engraçado era que todos os clientes elo-
giavam a qualidade do serviço. Então, o que estava dando errado?
Os sócios resolveram fazer um curso de especialização e durante os estudos puderam perceber onde
estavam falhando. Era uma coisa muito simples, a sujeira no ambiente de trabalho e nas proximi-
dades da metalúrgica. A presença do lixo dava um aspecto de descuido e era contrário aos princípios
da maioria dos clientes.
A Irmãos Alves resolveu fazer mais um investimento, contratou uma equipe para fazer uma grande
limpeza dentro da empresa e nas proximidades. Mas não fizeram essa ação isolada, aproveitaram
o momento para fazer propaganda da metalúrgica. Para fazer a mudança causando um impacto,
escolheram a data de 5 de junho, que é o dia Mundial do Meio Ambiente, para fazer o evento inicial.
Contrataram alguns especialistas na área ambiental para dar palestras gratuitas sobre conservação
ambiental, descarte de resíduos e coleta seletiva. Compraram recipientes para fazer a coleta seletiva
dentro da empresa e na área próxima. Desenvolveram uma página no seu site da internet para tirar
dúvidas quanto ao descarte de resíduos e reciclagem. E investiu em treinamento para os funcionári-
os sobre conservação ambiental.
Após dois meses depois da primeira ação não houve mais perda de clientes, muito pelo contrário,
conseguiram fechar novos contratos. A comunidade local estava satisfeita com o trabalho da em-
presa que fundou uma espécie de museu aberto ao público. Esse local passou a ser usado para tratar
de assuntos relacionados à conservação do meio ambiente através de oficinas, teatrinhos para as
crianças e palestras em geral.
A classificação só é possível quando a empresa tem implantada a coleta seletiva. Um exemplo da impor-
tância da coleta seletiva são as sobras de materiais, como aço inox, que tem valor agregado maior do que
os materiais de aço-carbono na hora da venda.
b) Talha manual de corrente: seu acionamento é manual e através de corrente. Esses equipamen-
tos são fixados em estruturas, içando na posição vertical ou colocado em tróleis21, fazendo movi-
mento de translação. Normalmente a carga é içada por correntes, que em função das necessida-
des, variam de tipos e de sistemas de transmissão.
-- Capacidade de cargas: é variável conforme largura, tipo de costura, olhal e forma de utili-
zação;
-- Irregularidades: cortes, desgastes, deterioração e mau uso, quando detectados devem ser
substituídas;
-- Armazenamento: a cinta deve ser mantida limpa, isenta de óleos, graxa, produtos químicos
ou água salgada, em local apropriado sem exposição à luz solar;
-- Evitar uso de cintas em arestas metálicas, pois estas podem danificar a cinta e diminuir sua
vida útil.
d) Manilhas: é um acessório formado por duas partes: coroa e pino (corpo desmontável, usada
normalmente para fixação de cargas).
Figura 73 - Manilha
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
Nunca esqueça de verificar se todos os elementos que estão sendo utilizados para a movimentação de
carga estão em perfeitas condições para uso. Inspecione detalhadamente e, se houver sinal de desgaste ou
dano, providencie a substituição. Nunca faça improvisos, cada componente foi projetado para uma aplica-
ção. Muito cuidado, o que está em primeiro lugar é a saúde e segurança do trabalhador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
112
RECAPITULANDO
Você chegou ao final deste capítulo. É hora de fazer a nossa recapitulação. Vimos o necessário para
desenvolver os principais traçados de caldeiraria em tubos e chapas e como utilizar os gabaritos
para transferir as medidas. Foram passadas as técnicas para construção de linhas perpendiculares
e divisão da circunferência em 12 partes, servindo como base para a construção dos traçados dos
cotovelos, curvas de gomos, tronco de cone, derivações do tipo boca de lobo. Foram trabalhadas
as técnicas para a elaboração das transições de quadrado para redondo e retângulo para redondo
concêntrico, além dos tampos do tipo chapéu chinês e do fechamento da ponta da tubulação meio
esférica.
Foi possível abordar sobre as formas de otimização do traçado para o melhor aproveitamento da
matéria-prima através de exemplos sobre o planejamento do corte que será realizado.
Os conhecimentos adquiridos sobre os equipamentos de movimentação de cargas e seus acessórios
que será de grande valia no momento de movimentar os materiais para fabricação de peças de cal-
deiraria. As formas de movimentação das cargas influenciam na segurança e saúde do trabalhador.
No próximo capítulo será abordado outro tema muito importante no processo de aprendizagem de
traçagem de peças de caldeiraria, que é a qualidade na traçagem.
5 Técnicas de traçagem
113
Qualidade na traçagem
Você já pensou sobre quando um produto não sai conforme as especificações de projeto?
E quando precisa retornar para corrigir o defeito e o local de fabricação fica a quilômetros de
distância? Imagine o transtorno. Nesta situação verifica-se a necessidade da qualidade.
Você conhece quais as ferramentas da qualidade mais eficazes para se obter peças de di-
mensões diferentes do que normalmente é oferecida comercialmente, sem perder a sua qua-
lidade?
Neste capítulo você conhecerá, como também as principais finalidades da qualidade da
traçagem no processo de fabricação de elementos de caldeiraria.
Temos que conhecer e executar os processos de traçagem para que possamos realizar os
serviços solicitados com qualidade.
Para desenvolver operações ligadas aos diferentes métodos e processos de traçagem, te-
mos que ter o conhecimento necessário para fabricar as peças com qualidade, utilizando as
ferramentas, instrumentos e os equipamentos de acordo com o desenvolvimento da tarefa,
obedecendo os critérios de uso.
Sabendo que após realizar o traçado de caldeiraria, o caldeireiro, durante o processo de
corte, deixa as peças com sobremetal. Isto significa que as dimensões utilizadas para o corte
ficam um pouco maior do que o traçado, devido à possibilidade dos equipamentos/ferramen-
tas utilizados para fazer este corte, tipo lâmina da tesoura com o fio de corte danificado, régua
da guilhotina desalinhada ou bico do aparelho de oxicorte inadequado ou danificado, fazendo
com que, mesmo com toda a habilidade que o profissional possua, os defeitos citados anterior-
mente irão influenciar no corte.
Com este sobremetal deixado, diminui a possibilidade de retirar material onde não é ne-
cessário, podendo ocasionar a perda da peça. Além disso, existe também em alguns casos, a
necessidade de deixar as peças um pouco maiores para realizar o ajuste no local da montagem
(campo).
Ter o conhecimento sobre qualidade por si só não é garantia de se obter um produto dentro
das especificações desejadas. Precisamos de outros mecanismos para garantir que esta quali-
dade se efetive, por isso, vamos conhecer alguns mecanismos que darão suporte para que esta
qualidade se concretize.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
116
A primeira inspeção a ser realizada sempre é a visual. Por se tratar de um método mais simples de ins-
peção, não requerendo instrumento sofisticado, dependendo exclusivamente da avaliação do profissional
que está executando a tarefa.
As três etapas da inspeção visual são:
a) Detecção: que é a procura para verificar se existe defeito na peça. Essa etapa pode ser dividida
em dois momentos:
-- Inspeção por acuidade visual: as inspeções visam garantir, de forma eficaz, que as dimen-
sões da peça que acabou de ser fabricada estejam conforme projeto, para que a mesma não
seja liberada da área de fabricação com algum defeito que poderá causar um problema grave
mais adiante, tempo perdido na montagem, onde não poderá ser montada ou precisará fazer
adaptações no campo para realizar a montagem. Adaptações estas que poderão colocar em
risco a planta e os colaboradores;
-- Inspeção por lupa: a lupa é um instrumento óptico munido de uma lente com capacidade
de ampliar imagens. É utilizada para observar com mais detalhe defeitos em superfícies que
não seria possível localizar utilizando só a visão humana.
A imagem a seguir ilustra uma chapa com uma trinca externa, detectada através da inspeção visual,
antes de iniciar o traçado da(s) peça(s). Como foi detectada a trinca, essa chapa vai passar por um ensaio
não destrutivo para verificar se a falha é pontual ou em toda a sua superfície.
6 Qualidade na traçagem
117
Após a inspeção visual, caso haja necessidade, são realizados ensaios com aparelhos específicos para
detectar possíveis defeitos que não foram percebidos através da lupa.
A depender da solicitação requerida para a peça e para qual tipo de equipamento foi fabricada a mes-
ma, antes de ser montada, deverá ser submetida a um ensaio não destrutivo.
O ensaio pode ser de líquido penetrante, ultrassom ou outro, visando evidenciar que a mesma suporta
os esforços a que será submetida.
Encerramos uma etapa sobre os conhecimentos de inspeção visual do traçado e trataremos agora so-
bre o controle dimensional, assunto muito importante quando se trata de processo de fabricação e quali-
dade nos traçados.
Seguindo estes passos de um traçado bem definido, com o dimensional conforme o projeto, a possibi-
lidade de termos peças de boa qualidade é elevada.
CASOS E RELATOS
Controle de qualidade
Eduardo é traçador de caldeiraria há cinco anos e estava atuando como inspetor dimensional na em-
presa. Ele estava muito satisfeito com a sua área de atuação e buscava cada vez mais conhecimentos
sobre assuntos relacionados ao processo de fabricação de caldeiraria.
Certo dia, Eduardo, com seus equipamentos de proteção individual, recebeu a ordem de serviço.
Juntamente com outro colega, ele ficou responsável pela inspeção dimensional de alguns suportes
de tubulação. As peças foram fabricadas pelo grupo de trabalho da equipe da noite.
Eduardo e seu colega iniciaram a inspeção. Logo, perceberam que um dos lados de alguns suportes
da tubulação não estavam com a largura correta conforme pedia o desenho de projeto.
Eduardo, no seu relatório, apontou a não conformidade e sugeriu que antes da saída da área de fabri-
cação, para o departamento de qualidade, todas as peças passassem pela lista de verificação. Este pro-
cedimento evitaria grandes retrabalhos e preveniria possíveis problemas que pudessem passar desper-
cebidos.
Vimos a importância de seguir o passo a passo para ter um produto de caldeiraria com a qualidade de-
sejada e sua aceitação no mercado produtivo.
Antes da aplicação de revestimento, pintura ou qualquer outro tipo de tratamento, serão checadas se
todas as medidas da peça estão de acordo com as previstas no projeto.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
120
Duas normas da ABNT também se relacionam com a certificação dos profissionais envolvidos na tarefa
de caldeiraria, que são caldeireiro montador que segue a norma NBR 15151 e o caldeireiro de manutenção
a norma NBR 15153.
22 Rastreabilidade: capacidade de recuperar um histórico, aplicar ou localizar um material ou um determinado produto através
de identificação registrada.
6 Qualidade na traçagem
121
Com os conhecimentos adquiridos sobre normas, vamos para mais um conhecimento muito importan-
te na formação profissional, que trata sobre os documentos das ferramentas da qualidade.
As ferramentas da qualidade são métodos conhecidos por adequar, monitorar e controlar processos,
resultando na qualidade de um determinado processo. Esse conjunto de ferramentas possibilita, também,
a melhoria contínua, garantindo ao produto os requisitos de qualidade adequada.
Existem diversas ferramentas da qualidade, no entanto, iremos conhecer uma delas, que é a lista de
verificação.
O que é uma lista de verificação?
A lista de verificação é uma ferramenta da qualidade. Ela identifica o que pode ser controlado e define
os itens que devem ser verificados.
Antes da liberação para execução do serviço de traçagem, os profissionais envolvidos nesta tarefa de-
vem realizar uma verificação dos recursos necessários quanto a materiais, ferramentas, instrumentos e
equipamentos que serão utilizados no seu local de trabalho.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
122
A lista de verificação é um documento com o qual os profissionais podem contar para realizar esse le-
vantamento.
A figura seguinte ilustra um exemplo de uma lista de verificação (checklist), com algumas etapas para
realização de um projeto de fabricação de uma peça de caldeiraria. Desde da requisição do material ao
suprimento, até a entrega na área de fabricação.
Lista de Verificação
OBRA: DATA:
CÓDIGO 20/02/17
INSPEÇÃO: ( ) INICIAL ( ) PERIÓDICO
ATIVIDADE:
LOCAL DA INSPEÇÃO:
PARTICIPANTES:
EMPRESA:
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA:
Prazo
ATIVIDADES Reinspeção
Correção
ITEM C NC NA DATA C NC
Traçagem de peças de caldeiraria
Lista de Verificação
Prazo
ATIVIDADES Reinspeção
Correção
ITEM C NC NA DATA C NC
Traçagem de peças de caldeiraria
9 Profissional de apoio x
Como você pôde ter observado na lista de verificação, foram listados vários itens de controle, como a
importância da checagem da dimensão da peça, se a mesma está conforme a solicitação de projeto, se há
empeno que vai influenciar no momento da conformação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
124
RECAPITULANDO
Acabamos mais um capítulo do livro sobre a qualidade da traçagem, onde vimos o processo de
inspeção visual, com a utilização da lupa, a detecção de uma falha externa na superfície de uma
chapa.
Vimos a importância da utilização das ferramentas da qualidade e todo o processo que o profissional
de traçagem executa para a confecção de uma peça.
E, também, o controle sobre ferramentas, máquinas e instrumentos visando colocar um profissional
diferenciado no mercado de trabalho, os procedimentos que devemos utilizar quando trabalhamos
com material diferente do aço-carbono, bem como a lista de verificação, que é um checklist de todo
o processo de produção, desde o projeto até a conclusão do produto final.
Com isso, acabamos de obter mais uma gama de conhecimentos. Esperamos ter contribuindo para
a mudança na sua carreira profissional. Continue estudando!
6 Qualidade na traçagem
125
REFERÊNCIAS
ARAUJO, C. Etevaldo. Curso técnico de caldeiraria. 2. ed. São Paulo: Hemus, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8403:1984. São Paulo: ABNT,
1984.
_______. ABNT NBR 8402:1994. São Paulo: ABNT, 1994.
_______. ABNT NBR 14699:2001. São Paulo: ABNT, 2001.
_______. ABNT NBR 10067:1995. São Paulo: ABNT, 1995.
_______. ABNT NBR 12298:1995. São Paulo: ABNT, 1995.
_______. ABNT NBR 8404:1984. São Paulo: ABNT, 1984.
_______. ABNT NBR 6409:1997. São Paulo: ABNT, 1997.
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Acesso em: 14 jun. 2018.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES
GREGÓRIO DE SOUZA
Gregório de Souza é Pós-graduando em Educação de Jovens e Adultos na Faculdade Afonso Cláu-
dio. Graduado em pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Cursou Nível Técnico
de Eletromecânica na Escola Técnica de Eletromecânica da Bahia em Salvador - Bahia. Atua na
área Metalmecânica há 26 anos. Tem experiência na área de Tubulações, Caldeiraria e Estrutura
Metálica. Atuou no setor de manutenção industrial na CEMAN – Central de Manutenção de Ca-
maçari. Foi examinador do CEQUAL – Bahia na parceria SENAI DR BA e ABRAMAN - Associação
Brasileira de Manutenção.
A
atrito 62
C
CAD 37
cadeia de comando 26
comprimento nominal 102
croqui 44, 49
D
denotativo 19
didática 25
E
eixo do tubo 98
entroncado 98
escalonamento 42
I
içamento 110
intercambiabilidade 64, 67, 68
M
morosa 26
P
paleteira 108
perpendicular 84, 85, 86, 94, 95
Q
quadrante 94
R
rastreabilidade 120
reentrâncias 62
T
TAG 75
tróleis 110
V
verdadeira grandeza 94, 95, 96, 97
visualização humana 56
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP
Daiane Amancio
Gregório de Souza
Hildebrando Santos Pinto
Elaboração
Marcelle Minho
Coordenação Educacional
Mariane Oliveira
Estagiária
i-Comunicação
Projeto Gráfico