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Série Metalmecânica - Metalurgia

TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
Série Metalmecânica - Metalurgia

TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI

Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
Série Metalmecânica - Metalurgia

TRAÇAGEM DE
CALDEIRARIA
© 2018. SENAI – Departamento Nacional

© 2018. SENAI – Departamento Regional da Bahia

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Esta publicação foi elaborada pela Equipe de Inovação e Tecnologias Educacionais do


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por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

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Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Inovação e Tecnologias Educacionais – ITED

FICHA CATALOGRÁFICA

S491t
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Traçagem de caldeiraria / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
Departamento Nacional, Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/
DN, 2018.
134 p.: il. - (Série Metalmecânica - Metalurgia).

ISBN 978-85-2018-033-4

1. Caldeireiro de manutenção. 2. Gestão da qualidade. 3. Gestão


da produção. 4. Desenho técnico. I. Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial. Departamento Regional da Bahia. II. Título. III. Série.

CDU: 669

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Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Relações no ambiente organizacional...................................................................................................17
Figura 2 -  Modelo de estrutura hierárquica.............................................................................................................19
Figura 3 -  Modelo de estrutura hierárquica linear................................................................................................20
Figura 4 -  Modelo de estrutura hierárquica funcional.........................................................................................20
Figura 5 -  Modelo de estrutura hierárquica linha-staff ......................................................................................20
Figura 6 -  Modelo de estrutura hierárquica mista.................................................................................................21
Figura 7 -  Modelo de estrutura hierárquica matricial..........................................................................................21
Figura 8 -  Modelo de estrutura hierárquica em equipes....................................................................................22
Figura 9 -  Processo administrativo..............................................................................................................................24
Figura 10 -  Os seis passos do planejamento...........................................................................................................25
Figura 11 -  Trabalho em equipe...................................................................................................................................29
Figura 12 -  O começo.......................................................................................................................................................35
Figura 13 -  Desenhos artísticos....................................................................................................................................36
Figura 14 -  Profissionais lendo e interpretando desenho técnico...................................................................36
Figura 15 -  Unidades de medida de comprimento...............................................................................................37
Figura 16 -  Exemplos de figuras planas.....................................................................................................................38
Figura 17 -  Exemplos de figuras sólidas....................................................................................................................39
Figura 18 -  Transcrição desenho técnico x objeto.................................................................................................41
Figura 19 -  Exemplo típico de aplicação de tipos de linhas...............................................................................43
Figura 20 -  Forma de escrita de caligrafia técnica.................................................................................................44
Figura 21 -  Representação de cotagem....................................................................................................................45
Figura 22 -  Exemplo de escala natural x redução..................................................................................................46
Figura 23 -  Escala natural x ampliação......................................................................................................................47
Figura 24 -  Funcionários na leitura e interpretação do desenho da peça....................................................49
Figura 25 -  Disposição dos diedros.............................................................................................................................51
Figura 26 -  Projeção de uma vista em um plano...................................................................................................52
Figura 27 -  Vistas com projeções nos planos do 1º diedro.................................................................................53
Figura 28 -  Exemplo de representação isométrica................................................................................................54
Figura 29 -  Esboço de uma perspectiva isométrica..............................................................................................54
Figura 30 -  Exemplo de perspectiva cavaleira a 30º, 45º e 60º.........................................................................55
Figura 31 -  Exemplos de configurações de perspectivas cavaleiras...............................................................55
Figura 32 -  Demonstração do plano secante no corte da peça.......................................................................59
Figura 33 -  Paralelismo definido em um plano de orientação..........................................................................65
Figura 34 -  Perpendicularidade definida em um plano orientação................................................................66
Figura 35 -  Compasso de ponta reta..........................................................................................................................72
Figura 36 -  Punção de bico............................................................................................................................................72
Figura 37 -  Réguas de traçagem..................................................................................................................................73
Figura 38 -  Esquadro flexível.........................................................................................................................................73
Figura 39 -  Grampo tipo C ............................................................................................................................................74
Figura 40 -  Lixamento......................................................................................................................................................77
Figura 41 -  Jateamento...................................................................................................................................................77
Figura 42 -  Hidrojateamento.........................................................................................................................................78
Figura 43 -  Galvanização................................................................................................................................................79
Figura 44 -  Linha horizontal..........................................................................................................................................84
Figura 45 -  Traçagem da linha perpendicular.........................................................................................................85
Figura 46 -  Circunferência dividida em 4 partes....................................................................................................85
Figura 47 -  Marcação dos pontos E e F......................................................................................................................86
Figura 48 -  Circunferência dividida em 12 partes..................................................................................................86
Figura 49 -  Posicionamento do esquadro................................................................................................................87
Figura 50 -  Desenvolvimento da curva de gomo..................................................................................................89
Figura 51 -  Traçagem da reta para desenvolvimento da curva de gomo.....................................................90
Figura 52 -  Divisão da reta para desenvolvimento da curva de gomo..........................................................90
Figura 53 -  Traçagem das linhas verticais para desenvolvimento da curva de gomo.............................90
Figura 54 -  Gabarito de meio gomo da curva.........................................................................................................91
Figura 55 -  Gabarito de meio gomo da curva.........................................................................................................91
Figura 56 -  Curva de gomo pronta.............................................................................................................................91
Figura 57 -  Tronco de cone aberto..............................................................................................................................92
Figura 58 -  Verdadeira grandeza..................................................................................................................................95
Figura 59 -  Ligação dos pontos A e B.........................................................................................................................95
Figura 60 -  Planificação da transição do quadrado para redondo concêntrico ........................................97
Figura 61 -  Quadrado para redondo concêntrico pronto...................................................................................98
Figura 62 -  Desenvolvimento derivação a 90° (boca de lobo)..........................................................................99
Figura 63 -  Traçagem da perpendicular da derivação a 90°........................................................................... 100
Figura 64 -  Chapa cortada........................................................................................................................................... 104
Figura 65 -  Vara de tubo ............................................................................................................................................. 104
Figura 66 -  Tubos cortados em 4 diferentes dimensões ................................................................................. 105
Figura 67 -  Segundo tubo cortado em 4 diferentes dimensões .................................................................. 105
Figura 68 -  Cantoneira L ............................................................................................................................................. 106
Figura 69 -  Corte das cantoneiras com as dimensões solicitadas................................................................ 106
Figura 70 -  Talha manual de corrente tipo alavanca......................................................................................... 110
Figura 71 -  Talha manual de corrente..................................................................................................................... 110
Figura 72 -  Cinta de náilon.......................................................................................................................................... 111
Figura 73 -  Manilha . ..................................................................................................................................................... 111
Figura 74 -  Lupa para inspeção visual ................................................................................................................... 116
Figura 75 -  Chapa com trinca visível....................................................................................................................... 117
Figura 76 -  Chapa com trinca visível apenas com a lupa................................................................................. 117
Figura 77 -  Ensaio de ultrassom................................................................................................................................ 117
Figura 78 -  Lista de verificação inicial..................................................................................................................... 122
Figura 79 -  Lista de verificação final........................................................................................................................ 123

Quadro 1 - Estilos de líder...............................................................................................................................................31


Quadro 2 - Exemplo de instrumentos de desenho técnico e suas aplicações.............................................40
Quadro 3 - Tipos de linhas e suas aplicações em desenhos...............................................................................43
Quadro 4 - Exemplo de escala natural........................................................................................................................46
Quadro 5 - Exemplos de simbologias.........................................................................................................................48
Quadro 6 - Visão de uma peça pelo observador.....................................................................................................51
Quadro 7 - Representação gráfica de projeção . ....................................................................................................52
Quadro 8 - Exemplo de projeções e vistas ortogonais.........................................................................................56
Quadro 9 - Supressão de vistas.....................................................................................................................................57
Quadro 10 - Exemplo de única vista............................................................................................................................58
Quadro 11 - Hachura de ferro fundido.......................................................................................................................59
Quadro 12 - Exemplos de aplicação de hachuras...................................................................................................60
Quadro 13 - Tipos de encurtamentos.........................................................................................................................61
Quadro 14 - Rugosidade na superfície.......................................................................................................................62
Quadro 15 - Aplicação de rugosidade específica...................................................................................................63
Quadro 16 - Representação da rugosidade..............................................................................................................63
Quadro 17 - Indicação de tolerância dimensional.................................................................................................64
Quadro 18 - Exemplo da importância da tolerância geométrica.....................................................................66
Quadro 19 - Tipos de componentes padronizados................................................................................................67
Quadro 20 - Decapagem ................................................................................................................................................76
Quadro 21 - Desenvolvimento e planificação do cilindro a 30°........................................................................88
Quadro 22 - Desenvolvimento do quadrado para redondo . ............................................................................94
Quadro 23 - Desenvolvimento da planificação do quadrado para redondo concêntrico.......................97
Quadro 24 - Planificação da derivação a 90° entre dois tubos com diâmetros iguais com bico........ 100
Quadro 25 - Desenvolvimento, planificação e peça pronta – chapéu chinês........................................... 102

Tabela 1 - Plano de corte da cantoneira................................................................................................................. 106


Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho......................................................................................17


2.1 Organização no trabalho . ........................................................................................................................18
2.1.1 Estruturas hierárquicas............................................................................................................19
2.1.2 Controle de atividades.............................................................................................................22
2.2 Planejamento, organização, direção e controle................................................................................24
2.2.1 Planejamento..............................................................................................................................24
2.2.2 Organização.................................................................................................................................26
2.2.3 Direção . ........................................................................................................................................26
2.2.4 Controle.........................................................................................................................................27
2.3 Comportamento e trabalho em equipe...............................................................................................29
2.4 Relações de trabalho e liderança............................................................................................................30

3 Desenho técnico mecânico.........................................................................................................................................35


3.1 Básico para entender desenho................................................................................................................36
3.1.1 Unidades de medida.................................................................................................................37
3.1.2 Figuras geométricas ...............................................................................................................37
3.1.3 Sólidos geométricos.................................................................................................................38
3.1.4 Características, funções e manejos de materiais e instrumentos.............................39
3.2 Conceitos básicos de desenho técnico................................................................................................41
3.2.1 Normas técnicas.........................................................................................................................41
3.2.2 Tipos de linhas ...........................................................................................................................42
3.2.3 Caligrafia técnica........................................................................................................................44
3.2.4 Cotagem........................................................................................................................................44
3.2.5 Escala..............................................................................................................................................45
3.2.6 Simbologias.................................................................................................................................47
3.3 Leitura e interpretação de desenho técnico .....................................................................................49
3.3.1 Planos de projeções..................................................................................................................51
3.3.2 Perspectivas.................................................................................................................................53
3.3.3 Vistas . ............................................................................................................................................56
3.3.4 Cortes.............................................................................................................................................58
3.4 Acabamento e tolerâncias........................................................................................................................62
3.4.1 Rugosidade superficial.............................................................................................................62
3.4.2 Tolerância dimensional ...........................................................................................................64
3.4.3 Tolerância geométrica..............................................................................................................65
3.5 Componentes padronizados....................................................................................................................67

4 Traçado de caldeiraria ..................................................................................................................................................71


4.1 Ferramentas e acessórios para traçagem............................................................................................72
4.2 Traçagem ........................................................................................................................................................74
4.2.1 Cuidados na traçagem.............................................................................................................74
4.2.2 Indicações da ordem de serviço...........................................................................................75
4.2.3 Recobrimento superficial e acabamento superficial....................................................75

5 Técnicas de traçagem....................................................................................................................................................83
5.1 Técnicas de planificação.............................................................................................................................84
5.1.1 Cilindro de base inclinada 30°...............................................................................................87
5.1.2 Curvas.............................................................................................................................................88
5.1.3 Cones..............................................................................................................................................92
5.1.4 Transições.....................................................................................................................................93
5.1.5 Interseções...................................................................................................................................98
5.1.6 Tampos ...................................................................................................................................... 101
5.2 Otimização do traçado............................................................................................................................ 102
5.3 Traçagem assistida por computador.................................................................................................. 107
5.4 Aspectos de segurança e meio ambiente aplicados à traçagem............................................. 107
5.4.1 Ergonomia................................................................................................................................. 108
5.4.2 Tratamento de resíduos........................................................................................................ 108
5.5 Equipamentos de movimentação de cargas . ................................................................................ 109

6 Qualidade na traçagem............................................................................................................................................. 115


6.1 Inspeção visual do traçado.................................................................................................................... 116
6.2 Controle dimensional.............................................................................................................................. 118
6.3 Normas Codificação e padronização Industrial (ISO, ABNT) aplicáveis à traçagem.......... 120
6.4 Documentações de registro (lista de verificação)......................................................................... 121

Referências......................................................................................................................................................................... 127

Minicurrículo dos autores............................................................................................................................................ 129

Índice................................................................................................................................................................................... 131
Introdução

Prezado aluno,

É com grande satisfação que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) traz o
livro didático de Traçagem de Caldeiraria.
Este livro tem como objetivo levar o aluno a desenvolver as competências necessárias para
realizar a atividade de traçagem de peças de caldeiraria, preservando os requisitos de qualida-
de de acordo com normas, padrões e especificações vigentes.
Discutiremos sobre as estruturas e funcionamento do ambiente de trabalho. Veremos as
relações de trabalho, convivência profissional, comportamento de trabalho em equipe e im-
portância do controle emocional.
Veremos assuntos relacionados ao básico em desenho técnico, para leitura e interpretação
de projetos. Depois, aprofundaremos o assunto de traçagem de caldeiraria ao observarmos os
principais instrumentos, ferramentas e acessórios que são usados nas atividades de traçagem.
Vamos estudar os cuidados que se deve ter na traçagem, a ordem de serviço e acabamentos
superficiais.
Aprenderemos sobre planificação de peças utilizando o método tradicional do uso do com-
passo, esquadro, régua e transferidor de grau. Falaremos sobre os cálculos para encontrar as
dimensões das chapas que vão ser dobradas.
Com o assunto planificação de peças você terá a oportunidade de conhecer sobre os princi-
pais tipos de traçados de caldeiraria: peças cônicas, variantes do quadrado para redondo e re-
tângulo para redondo, as curvas em gomo e bifurcações, além de aprender a fazer as divisões
de circunferências em partes iguais.
Analisaremos sobre qualidade na traçagem, o controle dimensional e as principais normas
e documento de registro na área de traçagem de peças de caldeiraria.
Veremos ainda a otimização do traçado, aspecto de segurança, meio ambiente e, por fim, os
equipamentos de movimentação de carga.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
14

Esta unidade curricular tem a função de despertar suas capacidades técnicas, metodológicas e organi-
zativas. Queremos que você, no final, consiga mobilizar os conhecimentos necessários para ser um profis-
sional qualificado para o mercado de trabalho.
Veja agora quais capacidades iremos estudar:

CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS

a) Posicionar-se com ética em relação a situações e contextos apresentados;


b) Propor alternativas para melhor organizar o ambiente e o desenvolvimento do trabalho;
c) Demonstrar organização nos próprios materiais e no desenvolvimento das atividades;
d) Aplicar os princípios da gestão da qualidade nas suas rotinas de trabalho.

CAPACIDADES TÉCNICAS

a) Analisar, com base nas especificações do projeto, o melhor aproveitamento da chapa, tubo ou
perfil, tendo em vista o atendimento dos princípios da economicidade;
b) Identificar, na ordem de serviço, a descrição das peças a serem traçadas (modelo, referências/
código);
c) Identificar, na ordem de serviço, as determinações quanto aos prazos, normas e procedimentos
a serem atendidos na operação;
d) Identificar, na ordem de serviço, ferramentas, instrumentos e dispositivos de fixação a serem uti-
lizados na traçagem de chapas, tubos e perfis;
e) Identificar, no projeto, a especificação técnica do material indicado para a construção do compo-
nente de caldeiraria;
f) Correlacionar o dimensional e as características de acabamento da peça traçada com as especifi-
cações do projeto, tendo em vista a avaliação qualitativa do processo de traçagem executado e,
se necessário, a realização de ajustes;
g) Interpretar os procedimentos de segurança aplicáveis à traçagem de peças de caldeiraria;
h) Reconhecer as características operacionais e finalidades de cada tipo de ferramenta empregada
na traçagem de componentes e peças de caldeiraria;
i) Reconhecer os diferentes acessórios/dispositivos auxiliares utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria, suas características, finalidades, formas de uso e funcionamento;
j) Reconhecer os diferentes elementos de fixação utilizados na traçagem de peças de caldeiraria;
k) Reconhecer tipos, características e formas de uso das ferramentas, instrumentos e máquinas uti-
lizadas para a aplicação das codificações definidas pela empresa nas peças;
1 INTRODUÇÃO
15

l) Traçar chapas, tubos e perfis.

Lembre-se de que você é o principal responsável por sua formação e isso inclui ações proativas, como:
a) Consultar seu professor-tutor sempre que tiver dúvida;
b) Não deixar as dúvidas para depois;
c) Estabelecer um cronograma de estudo que você cumpra realmente;
d) Reservar um intervalo para quando o estudo se prolongar um pouco mais.

Bons estudos!
Estrutura e funcionamento
do ambiente de trabalho

Neste capítulo, abordaremos as questões referentes às relações de trabalho, por exemplo:


a liderança, que envolve o estilo e o papel de cada líder. Vamos apresentar sugestões sobre a
melhor forma de levar uma situação, problema ou crítica ao seu líder direto.
Também discutiremos sobre comportamento e trabalho em equipe, temas que envolvem
o conceito de homem como ser social, a importância das normas de convivência em grupo, de
maneira a compreender como os ambientes de trabalho influenciam o comportamento dos
indivíduos, além de estudar fatores ligados à satisfação do trabalhador no ambiente laboral.
O tema controle emocional também será abordado por ter bastante relevância no que diz
respeito ao fato de como os fatores internos e externos podem influenciar nosso dia a dia.
Aprenderemos também sobre como perceber e expressar nossos sentimentos pode influen-
ciar nosso comportamento no ambiente corporativo.
Organização, estruturas hierárquicas, controle de atividades, além dos conceitos de plane-
jamento, organização e controle, também são temas que discutiremos aqui a fim de compre-
endermos de forma global como se dá o processo de composição e organização de um am-
biente de trabalho saudável e produtivo.

Figura 1 -  Relações no ambiente organizacional


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
18

A figura anterior ilustra a ideia das relações que se constroem e são vitais para a saúde dos ambientes
organizacionais, pois, para que uma organização se desenvolva, ela depende do envolvimento de todos
os colaboradores em todos os níveis, cada um exercendo seu papel para alcançar os resultados esperados
pela organização.

2.1 ORGANIZAÇÃO NO TRABALHO

A administração é a ciência responsável pelos princípios que regem um sistema organizacional. Nesse
sentido, o termo organização significa tanto o ato de arrumar quanto pode ser usado no sentido de ins-
tituição, empresa. Sendo assim, uma organização pode ser uma empresa, um clube, uma associação, um
órgão público, um partido político, uma igreja, entre outras instituições da sociedade que tenham como
produto a combinação de esforços individuais visando à realização de propósitos coletivos.
Um dos principais teóricos da administração, Jules Henri Fayol, que foi um engenheiro de minas fran-
cês, define o ato de administrar ou organizar a partir de 5 ações e esses elementos são descritos da seguin-
te forma:
a) Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
b) Organizar: construir o organismo social e material da empresa;
c) Comandar: dirigir e orientar o pessoal;
d) Coordenar: ligar, unir e harmonizar todos os atos e esforços coletivos;
e) Controlar: certificar-se de que tudo aconteça de acordo com o planejado.

A partir dos estudos da administração enquanto ciência, é possível verificarmos como as instituições
são organizadas de acordo com suas necessidades. Cada empresa atua juntamente com a força de traba-
lho dos seus colaboradores e o planejamento da equipe de gestão, em prol de um objetivo e para que ele
seja atingido com plenitude. Esses 5 elementos trazidos por Fayol, com o passar do tempo, foram comple-
mentados por outros estudiosos, que perceberam as mudanças vivenciadas pelas instituições.
Hoje, a ideia de organização perpassa por modelos formais e informais que levam em conta o perfil
social dos membros que fazem parte da organização, o perfil de cliente que deseja atender e até mesmo as
características sociais do local onde a instituição está instalada.
Para colocar em prática seus objetivos, as organizações contam com estruturas menores responsáveis
pelo cumprimento dos seus objetivos dentro da própria instituição. Essas estruturas são chamadas de es-
truturas hierárquicas, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
19

2.1.1 ESTRUTURAS hierárquicas

A palavra hierarquia quer dizer, em seu sentido denotativo1, uma organização que se constrói a partir de
uma ordem de prioridade estabelecida através de uma relação de subordinação. São como blocos dentro
de uma estrutura maior, sendo que cada bloco é responsável por uma atividade sob o comando de pessoa
responsável pelo cumprimento das ações. Cada líder de cada bloco está interligado a um líder maior, res-
ponsável pela administração geral.
Esta estrutura varia muito conforme o tipo de organização, em algumas empresas, a estrutura hierárqui-
ca é mais complexa e com muitos blocos; já em outras, esta estrutura pode ser mais simples. Veja a seguir
um modelo simplificado de estrutura hierárquica:

Figura 2 -  Modelo de estrutura hierárquica


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Além dos modelos mais conhecidos baseados em uma hierarquia de cima para baixo, existem, na mo-
derna gestão de pessoas, modelos em que há maior interação entre os blocos e a gestão é considerada
mais participativa. Nesses modelos, as lideranças estão organizadas de forma mais horizontal e não tão
verticalizada como mostrou a figura anterior.
Cada empresa escolhe uma forma de estrutura baseada nas suas necessidades e também da cultura
geralmente ditada pela alta gestão, que é formada pelas lideranças da instituição. São tipos de estrutura:
a) Linear: é uma estrutura mais simples e antiga, parecida com a formação de antigos exércitos;
possui formato de pirâmide.

1 Denotativo: sentido literal, conceito do dicionário.


TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
20

DIRETOR

GERÊNCIA A GERÊNCIA B

EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B

Figura 3 -  Modelo de estrutura hierárquica linear


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

b) Funcional: modelo baseado em funções, focada na especialização.

DIRETOR

GERÊNCIA A GERÊNCIA B

EXECUÇÃO A EXECUÇÃO B

Figura 4 -  Modelo de estrutura hierárquica funcional


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Linha-staff: combina os modelos linear e funcional com predominância do modelo linear.

DIRETOR

STAFF GERÊNCIA B

ASSESSORIA EXECUÇÃO B

Figura 5 -  Modelo de estrutura hierárquica linha-staff


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
21

d) Mista: é mais frequente, em que cada departamento da empresa utiliza a estrutura que mais e se
adéque à sua necessidade.

DIRETORIA

GERÊNCIA DE GERÊNCIA GERÊNCIA


PROJETOS FINANCEIRA COMERCIAL

PROJETO A REGIONAL NORTE REGIONAL SUL

PROJETO B

PROJETO C

Figura 6 -  Modelo de estrutura hierárquica mista


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

e) Matricial: estrutura mais desenvolvida com duas dimensões: gerência de funções e gerência de
projetos ou processos.

DIRETOR

Gerente de Gerente de Gerente Gerente de


Produção Vendas Financeiro RH

Gerência do
Produção A Vendas A Finanças A RH A
Produto A

Gerência do
Produção B Vendas B Finanças B RH B
Produto B

Gerência do
Produção C Vendas C Finanças C RH C
Produto C

Figura 7 -  Modelo de estrutura hierárquica matricial


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
22

f) Baseada em equipes: neste modelo são formadas equipes onde torna-se desnecessário um con-
trole rígido sobre cada funcionário. As equipes não se sobrepõem umas às outras. Esse modelo é
também conhecido como estrutura celular.

Qualidade Marketing

Recursos
Presidência Finanças
Humanos

Operações e
Engenharia
Logística

Figura 8 -  Modelo de estrutura hierárquica em equipes


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Cada estrutura tem suas vantagens e desvantagens, cabendo aos administradores ou aos sócios da
organização, definir que estrutura melhor se adapta à sua realidade.
Uma das funções da estrutura hierárquica é facilitar o controle das atividades desenvolvidas na empre-
sa. Com uma estrutura bem organizada, em que todos os envolvidos sabem exatamente qual seu papel
na organização, fica mais fácil reconhecer possíveis falhas, sugerir melhorias e até mesmo estimular as
atividades que estão se desenvolvendo melhor. Veja a seguir.

2.1.2 Controle de atividades

Para que uma organização possa saber se está cumprindo com os objetivos esperados, é necessário ter
controle do que está sendo feito dia a dia, para que possa tomar as devidas providências para sanar um
problema de atraso em uma entrega de produto ou serviço, por exemplo.
Em uma instituição com muitos ou poucos colaboradores, se o controle de atividades é feito de forma
eficaz pelas lideranças, esse controle é capaz de prever possíveis falhas no processo ou problemas que
podem ser solucionados antes de trazer maior impacto negativo.
O processo de controle de uma atividade, de forma geral, pode ser dividido em 6 etapas. São elas:
a) Estabelecimento de objetivos e metas: o que se pretende alcançar;
b) Definição de padrões de desempenho: estabelecer um padrão do que é correto;
c) Avaliação do desempenho atual: obter informações de como o trabalho está sendo executado;
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
23

d) Comparação: comprar o desempenho atual com os padrões estabelecidos;


e) Identificação de erros: verificar erros, problemas e desvios na atividade;
f) Ação corretiva: estabelecer ações e decisões para corrigir o processo que apresente problemas.

Além do controle pela empresa, os próprios colaboradores podem estabelecer critérios de organização
e controle de suas atividades, a fim de manter um padrão de qualidade do seu desempenho. Exercer um
trabalho de forma organizada, além de poupar retrabalhos ocasionados para possíveis correções, transmi-
te uma imagem positiva do colaborador junto à instituição.

SAIBA Muitos aplicativos vêm sendo desenvolvidos para facilitar o controle de atividades, seja
de ordem pessoal ou profissional. Veja dicas sobre eles acessando o Portal da Revista
MAIS Exame, usando o tópico: 10 apps para organizar sua vida.

Além do controle efetivo das atividades desenvolvidas por setor ou colaborador, as organizações preci-
sam estabelecer funções administrativas para gerenciar os negócios de forma eficiente e eficaz, otimizan-
do tempo e recursos e alcançando com sucesso seus objetivos. Essas funções, quando unificadas, formam
o que chamamos de processo administrativo, composto pelas etapas de Planejamento, Organização, Dire-
ção e Controle. Veremos sobre elas a seguir.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
24

2.2 PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE

Ao considerarmos uma organização como um todo integrado, com estruturas administrativas com-
postas de vários elementos, cada um exercendo sua função para o sucesso da instituição, devemos levar
em conta que para que tudo corra bem, 4 funções maiores são colocadas em prática: o planejamento, a
organização, a direção e o controle.
Elas são chamadas de funções administrativas e formam a base de gestão de toda administração e
compõem o chamado ciclo administrativo em que cada função está interligada e interage entre si. Veja a
seguir o modelo de processo administrativo proposto pelo teórico da administração, Idalberto Chiavenato
(2012):

Planejamento

Controle Organização

Direção

Figura 9 -  Processo administrativo


Fonte: CHIAVENATO, 2012.

De acordo com o modelo proposto na figura anterior, as etapas do processo administrativo têm igual
importância e devem estar conectadas de forma interdependente. Dessa maneira, é possível compreender
que na administração de uma organização é preciso que cada etapa do processo aconteça a partir de uma
interação dinâmica e intimamente relacionada para cumprir com os objetivos da organização.
Vamos entender a seguir como se dá cada etapa desse processo.

2.2.1 PLANEJAMENTO

O planejamento é a função administrativa que define os objetivos da instituição e decide como, em


que tempo e com que recursos vai alcançá-los. Para que seja elaborado de forma eficiente e focada nos
resultados, o planejamento é constituído de 6 (seis) etapas:
a) Definir os objetivos;
b) Verificar qual a situação atual da instituição com relação aos objetivos traçados;
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
25

c) Prever condições futuras;


d) Analisar alternativas de ação;
e) Escolher um curso de ação dentre as alternativas propostas;
f) Implementar um plano e avaliar os resultados.

A figura a seguir ilustra, de forma bem didática2, cada passo para que o planejamento seja elaborado de
forma satisfatória:

Definição dos objetivos Para onde queremos ir?

Qual a situação atual? Onde estamos agora?

Quais as premissas
O que temos pela frente?
em relação ao futuro?

Quais as alternativas
Quais os caminhos possíveis?
de ação?

Qual a melhor
Qual o melhor caminho?
alternativa?

Implemente o plano
escolhido e avalie os Como iremos percorrê-lo?
resultados

Figura 10 -  Os seis passos do planejamento


Fonte: CHIAVENATO, 2012.

Para elaborar o planejamento, é fundamental conhecer o contexto em que a empresa está inserida,
qual sua missão e seus objetivos básicos.
a) Institucional: planejamento do tipo estratégico, de longo prazo que envolve toda a organização;

2 Didática: de forma clara e educativa.


TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
26

b) Intermediário: planejamento do tipo tático, de médio prazo que envolve cada unidade ou setor
organizacional separadamente;
c) Operacional: planejamento do tipo operacional, de curto prazo que aborda cada operação de
maneira separada.

O planejamento pode ser pautado em três níveis, como visto anteriormente, sendo que cada nível en-
globa um tipo de planejamento.

2.2.2 organização

A palavra organização, como já explicitado, pode ser usada no estudo da administração com dois sen-
tidos: como sinônimo de uma instituição ou como função administrativa ou ato de organizar. Neste tópico
abordaremos a palavra organização como elemento que compõe o processo administrativo e deve fazer
parte do ciclo de administração de toda instituição.
Nesse sentido, de acordo com Chiavenato (2012, p. 356), organizar significa estruturar e integrar recur-
sos e órgãos e estabelecer relações entre eles e suas atribuições.
É na organização que se definem os níveis estruturais da organização e sua hierarquia. A organização
também é responsável pela divisão de trabalho, cadeia de comando3, atribuições, entre outros elementos
que compõem a administração.
Para fazer cumprir a organização, a administração deve lançar mão de outro elemento do processo
administrativo: a direção. Vejamos.

2.2.3 DIREÇÃO

A direção é a terceira função administrativa e diz respeito ao ato de interpretar as diretrizes da institui-
ção e direcionar todos as pessoas para o cumprimento das metas estabelecidas no planejamento.
Faz parte do processo de direção: a boa comunicação com os colaboradores, além da liderança e da
motivação que são elementos fundamentais para que os envolvidos compreendam seus papéis na organi-
zação e trabalhem para o resultado individual e coletivo.

FIQUE Em uma empresa, tempo é dinheiro! Por isso, quando se trata de negócios, a má ou
morosa4 interpretação de planos pode provocar elevados custos, causando prejuízos
ALERTA à instituição. (Fonte: CHIAVENATO, 2012).

morosa4

3 Cadeia de comando: linha contínua de autoridade que liga todas as pessoas de uma organização e mostra quem é subordinado
a quem.
4 Morosa: lenta.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
27

A moderna gestão de pessoas enfatiza hoje que as pessoas são o principal recurso de uma empresa
e são elas que fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma instituição. Por isso, as empresas
buscam estratégias de direção muito mais focadas nas pessoas do que nos processos. Investimento em ca-
pacitação, foco nas habilidades e conhecimentos, confiança e comprometimento pessoal são habilidades
buscadas cada vez mais nos colaboradores a partir das ações de direção.
Fechando o ciclo, o último elemento do processo administrativo é o controle, o qual veremos a seguir.

2.2.4 controle

Quando falamos em controle, pode nos vir à mente a ideia de freio, manipulação ou autoridade. Toda-
via, no que diz respeito ao ciclo administrativo, o controle pode ser descrito sob três aspectos:
a) Controle como função restritiva: usado para coibir ou restringir atos indesejáveis;
b) Controle como um sistema de regulação: utilizado para manter automaticamente um fluxo de
funcionamento de um processo;
c) Controle como função administrativa: parte do processo administrativo.

No dia a dia de uma empresa podemos nos deparar como o controle sendo aplicado das três maneiras
explicitadas anteriormente. Todavia, nosso foco aqui é compreender o controle como forma de atingir os
resultados estabelecidos no planejamento da instituição de forma a assegurar que os resultados sejam
alcançados com sucesso.
Os setores de auditoria e controle de qualidade vêm ganhando cada vez mais espaços nas organiza-
ções, pois podem contribuir efetivamente para que as metas estabelecidas na instituição sejam cumpridas.
Mesmo esta sendo uma atribuição da administração, cada colaborador, no desenvolvimento de suas fun-
ções, pode contribuir para o controle da instituição executando suas tarefas de forma organizada, cumpri-
dos prazos e fazendo suas entregas com qualidade.
Um outro tipo de controle, mais ligado ao relacionamento interpessoal do colaborador, mas que muito
diz respeito ao sucesso no ambiente de trabalho é o controle emocional. A maioria das pessoas que cum-
pre uma jornada de trabalho regular, baseada em 40 h de trabalho, o caso mais comum no Brasil, passa
mais tempo no ambiente de trabalho do que em sua casa com os familiares. Isso faz com que muitas em-
presas, que já têm a visão de que seu principal recurso está nos colaboradores, promovam um ambiente de
trabalho cada vez mais focado na qualidade, tanto física quanto emocional do colaborador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
28

CASOS E RELATOS

Controle emocional no trabalho


Ter equilíbrio emocional é muito importante para conseguirmos alcançar objetivos, metas e realizar
tudo o que planejamos. O fato é que estamos sempre buscando algo e a maneira como nossa mente
está, com certeza, faz toda a diferença em como vamos lidar com cada situação que aparecer. E é
incrível como uma novidade muda nosso humor, pois se é uma boa nova, então, rapidamente, nós
ficamos felizes. O problema é quando recebemos uma notícia ruim, que por sua vez, nos deixa ins-
táveis para conseguir realizar nossas atividades.
Mas como fazer, então, para manter o controle emocional no trabalho, mesmo diante de momentos
complicados? Para responder a essa pergunta, separamos algumas dicas estratégicas para você.
Procure saber tudo sobre você, pois assim aprenderá mais sobre suas emoções e descobrirá a melhor
forma de administrá-las.
Aprenda a lidar com sentimentos negativos. Quando você começa a se organizar, conduzir e gerir
seus anseios, percebe o que pode te deixar mal e, assim, ajuda a manter maior controle emocional e
evita o aparecimento de qualquer sentimento ruim, como ódio, raiva, rancor, inveja e impaciência.
Respeite os seus limites. Isto quer dizer que você deve saber o que é melhor para si e até onde deve
ir diante de determinada ocasião. Preocupe-se com as suas emoções e o que sentirá perante o ocor-
rido. Para conseguir esse feito, é preciso antes dominar todos os dois ensinamentos anteriores.
Faça exercícios físicos. Durante a prática de atividade física, o nosso organismo libera diversas
substâncias que promovem o bem-estar e satisfação, como a endorfina, uma das responsáveis por
nos manter motivados e dispostos.
Leia. Essa é uma técnica que pode ser utilizada por você, a qualquer momento. Ler pode aprimorar
seus conhecimentos e desenvolver, claro, uma mente mais saudável e evoluída.
Essas técnicas podem te ajudar a fazer dos imprevistos do dia a dia, momentos passageiros e acon-
tecimentos fáceis de lidar.
Fonte: MARQUES, 2016. (Adaptado).

Além da empresa, é papel também do colaborador contribuir com sua saúde emocional e de seus cole-
gas, desenvolvendo ações efetivas e pessoais como a cooperação, a interação e a colaboração. Uma forma
eficaz de trabalhar essas características é através do trabalho em equipe, conforme veremos a seguir.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
29

2.3 COMPORTAMENTO E TRABALHO EM EQUIPE

Estudiosos da administração garantem que o trabalho em equipe apresenta resultados superiores ao


somatório do trabalho individual. Isso leva a crer que trabalhar em equipe, além de promover habilidades
como cooperação e interação entre os indivíduos, contribui para a manutenção de um ambiente de traba-
lho mais saudável e favorece a saúde emocional dos colaboradores, melhorando seu comportamento em
relação aos colegas e à instituição.

Figura 11 -  Trabalho em equipe


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Se o trabalho em equipe é estimulado e bem planejado, nenhum colaborador ficará sobrecarregado e


a instituição terá resultados mais eficazes do que se cada um fizesse sua parte sozinho.
Além de uma entrega mais eficaz, trabalhar em equipe faz com que a troca de experiências e críticas
construtivas promovam o crescimento de todos os membros envolvidos. Nesse sentido, o trabalho em
equipe deve ser estimulado como uma atividade em que o resultado pertence a todos, portanto, tanto os
fracassos como as vitórias são responsabilidades de todos.
Dentre as ações necessárias para um bom desenvolvimento do trabalho em equipe, listamos as seguintes:
a) Cooperar: apoiar decisões da equipe e fazer sua parte no trabalho;
b) Compartilhar de informações: manter as pessoas informadas e atualizadas sobre o processo
do grupo;
c) Expressar expectativas positivas: esperar o melhor das capacidades dos colegas;
d) Estar disposto a aprender: valorizar as experiências do outro;
e) Encorajar os outros: dar crédito aos colegas que tiveram bom desempenho dentro ou fora da
equipe;
f) Construir um espírito de equipe: promover um clima amigável;
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
30

g) Resolver conflitos: tentar resolver os problemas da forma mais rápida possível.

Além do trabalho em equipe, outro fator de impacto na qualidade das instituições são as relações de
trabalho construídas a partir dos estilos de liderança de cada organização.
Vejamos no tópico a seguir.

2.4 RELAÇÕES DE TRABALHO E LIDERANÇA

Liderança é capacidade de influenciar, persuadir e convencer um indivíduo de forma espontânea nas


relações entre líder e liderado. Em uma organização, o líder é aquele que conduz um grupo transforman-
do-o em uma equipe de trabalho focada nos resultados planejados.

Líder é diferente de chefe. O chefe é encarregado por uma determinada


tarefa, exercendo autoridade de mandar e exigir obediência. O líder mo-
CURIOSIDADES tiva e influencia os liderados de forma ética e positiva para que contri-
buam voluntariamente com os resultados esperados. (Fonte: CARRANZA,
2014).

Para que a liderança aconteça de forma efetiva, são necessários os seguintes comportamentos:
a) Comunicar-se de forma aberta e franca;
b) Envolver dos colaboradores;
c) Desenvolver pessoal e profissionalmente os colaboradores;
d) Demonstrar reconhecimento;
e) Ser ético e imparcial;
f) Promover o bem-estar no ambiente de trabalho.

Existem vários estilos de liderança, baseados na forma como decidem ou se comportam frente a seus
liderados. Dentre os estilos de líder, podemos listar os principais conforme o quadro a seguir:
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
31

AUTOCRÁTICO DEMOCRÁTICO LIBERAL

O líder estimula a participação


O líder não permite a
dos funcionários na tomada Os colaboradores têm
participação dos funcionários.
de decisões. Há uma liberdade total na tomada de
Todas as decisões são tomadas
participação ativa do líder nos decisões.
apenas por ele.
processos.

O grupo de funcionários
A participação do líder no
debate entre si as melhores
debate é pequena,
O líder decide o que deverá soluções para os problemas, o
esclarecendo que poderia
ser feito em todas as esferas. que deverá ser feito,
fornecer informações desde
solicitando a opinião do líder
que solicitado.
quando necessário.

Há total falta de participação


O grupo determina a tarefa de
do líder na escolha das
O líder determina a tarefa de cada indivíduo e tem a
equipes de trabalho. A divisão
cada funcionário e quem é liberdade de escolher seus
do trabalho e a escolha do
que vai trabalhar com quem. companheiros de trabalho em
companheiro é feita
determinada tarefa.
totalmente pelo grupo.

O líder não faz nenhuma


O líder procura ser um
tentativa de avaliar ou de
O líder é dominador e é membro normal do grupo,
regular o curso dos
pessoal nos elogios e nas sem encarregar-se muito de
acontecimentos. O líder
críticas ao trabalho de cada tarefas. O líder é objetivo e
somente faz comentários sobre
colaborador. limita-se aos fatos em suas
as atividades dos membros
críticas e elogios.
quando perguntado.

Quadro 1 - Estilos de líder


Fonte: CARRANZA, 2014.

É importante conhecer o estilo de liderança sob o qual você está subordinado, sobretudo, para saber
como melhor se reportar e estabelecer uma relação de confiança e harmonia no ambiente de trabalho.
Caso seja você a exercer a liderança, fique atento aos estilos de líder que melhor se adéquam à sua
equipe e procure desenvolver sua liderança de forma ética e humanizada, mas sem deixar de observar os
objetivos e metas da sua instituição.
Um bom líder é aquele que conduz a sua equipe a atingir os objetivos de forma espontânea e com
qualidade. Acima de tudo, a relação entre líder e liderado pode e deve ser uma relação de parceria, pois o
sucesso de um é o sucesso de ambos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
32

RECAPITULANDO

Neste capítulo aprendemos sobre como se constituem os aspectos organizacionais de uma institu-
ição. Conhecemos as questões relacionadas às relações de trabalho como a liderança, bem como
alguns dos tipos de líder dentro de uma organização: o autocrático, o democrático e o liberal.
Também vimos sobre comportamento e trabalho em equipe, a importância das normas de con-
vivência em grupo, e de que maneira a compreensão dos ambientes de trabalho influenciam o com-
portamento dos indivíduos.
Estudamos também sobre controle emocional e aprendemos sobre como perceber e expressar nos-
sos sentimentos no dia a dia no ambiente corporativo.
Organização, estruturas hierárquicas, controle de atividades, além dos conceitos de planejamento,
organização e controle, também foram temas que discutimos aqui a fim de compreendermos de
forma global como se dá o processo de composição e organização de um ambiente de trabalho
saudável e produtivo.
2 Estrutura e funcionamento do ambiente de trabalho
33
Desenho técnico mecânico

Ao iniciarmos e dominarmos nossos conhecimentos no mundo técnico, enxergamos a vida


como desenhos abstratos. Vemos os desenhos artísticos ou imagens como a expressão de
emoções, retratando o mundo do idealizador ou artista. Já o desenho técnico é uma expressão
gráfica com linguagem universal regido por regras, normas e procedimentos.

Figura 12 -  O começo
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

E será a partir de agora que vamos descobrir os caminhos das técnicas e regras para chegar-
mos no final do capítulo, dominando as competências relacionadas ao desenho técnico.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
36

3.1 BÁSICO para entender desenho

O desenho é uma forma de expressão que acompanha a humanidade. Sua finalidade é representar,
através de imagens, uma ideia ou reproduzir a realidade. Os desenhos que normalmente temos contato
no dia a dia são os artísticos.

Figura 13 -  Desenhos artísticos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Vamos estudar o desenho voltado para área técnica. Para este tipo de desenho, há regras bem definidas
que farão com que qualquer pessoa consiga ler e interpretar um desenho técnico.

O desenho artístico não requer obediência, não se prende a regras e


procedimentos. Você pode soltar sua imaginação e colocá-la em forma
CURIOSIDADES de arte, por meio de uma imagem sem se prender às normas técnicas. Já
no desenho técnico, além da necessidade de seguir as normas, é neces-
sário o treinamento da linguagem universal.

O desenho técnico demonstra e fornece todos os dados da peça graficamente, que serão analisados e
executados na área de produção e/ou fabricação.

Figura 14 -  Profissionais lendo e interpretando desenho técnico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
3 Desenho técnico mecânico
37

Veremos as formas de criação de um desenho, seja manualmente, através de instrumentos ou com uso
do computador (CAD5), tudo com a observância de normas técnicas.
Conheceremos as vistas básicas que são necessárias para fazer a leitura, interpretação e construção de
uma peça “no cotidiano”. Vamos ao estudo!

3.1.1 UNIDADES DE MEDIDA

Antes de iniciarmos o estudo do desenho, precisamos recordar alguns assuntos como as unidades de
medida.
As unidades de medida são modelos preestabelecidos para medir diferentes grandezas, tais como:
comprimento, capacidade, massa, tempo e volume, como exemplo, exemplificaremos a seguir a medida
de comprimento.
Nas medidas  de comprimento, no Sistema Internacional, a  unidade  de comprimento é o metro (m).
Os múltiplos e submúltiplos do “m” são: quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decímetro
(dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). Também pode ser representado conforme segue:

×10 ×10 ×10 ×10 ×10 ×10

km hm dam m dm cm mm

÷10 ÷10 ÷10 ÷10 ÷10 ÷10

Figura 15 -  Unidades de medida de comprimento


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A medida utilizada no nosso curso é o mm (milímetro), sendo assim, toda vez que utilizarmos o dimen-
sional de uma peça, chapa ou tubo, se estiver em centímetro ou metro, sempre deveremos converter para
o milímetro, que é o nosso referencial.
Eventualmente falaremos em m (metro), que é apenas aplicado em grandes dimensões, por exemplo.
Acima da medida de 1 m, abriremos exceção para utilização, apenas na linguagem oral, como em conver-
sas informais, porém quando for indicar no desenho técnico, a medida deverá ser convertida para o mm.

3.1.2 FIGURAS GEOMÉTRICAS

Figuras geométricas são formas geométricas criadas a partir da elaboração de pontos e linhas, que
transformam em superfícies planas e bidimensionais. Normalmente possuem duas dimensões, largura e

5 CAD: Computer Aided Design, traduzindo para português: Desenho Assistido por Computador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
38

comprimento, determinando, assim, sua área. Veja na ilustração a seguir algumas figuras geométricas mais
utilizadas.

Triângulo Quadrado Retângulo Círculo

Losango Paralelogramo Trapézio Oval

Figura 16 -  Exemplos de figuras planas


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As diversas figuras geométricas têm diferentes formas que a visão humana enxerga na natureza. Quase
tudo que a humanidade cria possui uma forma geométrica, como podemos ver no nosso cotidiano, em
casa, no trabalho, na rua, tem as formas geométricas, o que aprendemos é apenas desenvolver a técnica
para percebermos estas diferenças de cada elemento.

3.1.3 SÓLIDOS GEOMÉTRICOS

São formas geométricas tridimensionais, ou seja, com três dimensões, por este fato só é possível definir
no espaço que também tem os três lados. Abaixo ilustraremos alguns exemplos, tais como: cubos, pirâmi-
des, prismas, cilindros, esferas e outros. Normalmente, os sólidos geométricos costumam ser divididos em
três grandes grupos:
a) Poliedros: um corpo com mais de um lado, exemplo: pirâmide, cubo, prisma, dodecaedro, ico-
saedro e octaedro;
b) Corpos redondos: esfera, cilindro e cone;
c) Outros: quando se tem a combinação dos dois, um poliedro com um corpo redondo no mesmo
sólido.
3 Desenho técnico mecânico
39

Pirâmide Esfera Cilindro

Cone Cubo Dodecaedro

Prisma Icosaedro Octaedro

Figura 17 -  Exemplos de figuras sólidas


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Os sólidos geométricos, assim como as figuras geométricas, são encontrados nas diferentes formas ao
nosso redor. Por exemplo, em: caixa de fósforo, calçados, caixa d’água, poste de iluminação pública, lata de
leite, chapa de aço, tubo, etc., todos são considerados sólidos geométricos.

3.1.4 CARACTERÍSTICAS, FUNÇÕES E MANEJOS DE MATERIAIS E INSTRUMENTOS

Os instrumentos de desenho técnico, apesar de terem o mesmo objetivo, que é demonstrar grafica-
mente uma peça, têm suas características distintas. Essa diferença se deve à necessidade de representar
detalhes das peças de formas diferentes, como: raios, círculos, retas paralelas, etc.
A seguir serão apresentados alguns instrumentos utilizados no desenho técnico com suas respectivas
aplicações. Veja no quadro seguinte as formas de utilização dos instrumentos:
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
40

Prancheta Régua T

Par de esquadros Transferidor

Compasso Escalímetro

Quadro 2 - Exemplo de instrumentos de desenho técnico e suas aplicações


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

É fundamental a conservação e preservação no uso dos instrumentos, evitar quedas e choques, mantê-
-los sempre limpos antes e depois do seu uso e guardá-los sempre em seus respectivos estojos.
3 Desenho técnico mecânico
41

3.2 Conceitos básicos de desenho técnico

O desenho técnico deverá ter suas especificações básicas, normatizadas e elaboradas com ferramen-
tas que permitam a padronização nas representações. A comunicação escrita no desenho deve garantir a
transmissão das informações na mais simples linguagem, sem deixar dupla interpretação.

Figura 18 -  Transcrição desenho técnico x objeto


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Como pudemos observar na figura anterior, o desenho tem muitos detalhes que auxiliam na constru-
ção da peça, para que a peça seja produzida na sua integridade.

3.2.1 NORMAS TÉCNICAS

São documentos que regulamentam e fornecem regras que devem ser seguidas e permitem a unifor-
mização de determinadas atividades, tais como: composição de um material ou produto, regras de um
processo ou serviço, etc. São elaboradas e controladas por um órgão oficial, onde são estabelecidas regras
e diretrizes.
No Brasil, estas regras são elaboradas e fiscalizadas pela ABNT, no entanto, há uma organização interna-
cional que controla a ABNT e outras entidades, que é a ISO (Organização Internacional para Padronização).
Veja a seguir algumas normas da ABNT/NBR e seus parâmetros:
a) NBR 6158 – Sistemas de tolerâncias e ajustes;
b) NBR 8402 – Caligrafia técnica;
c) NBR 8403 – Aplicação das linhas em desenhos, tipos, larguras;

d) NBR 10125 – Cotagem em desenho técnico;

e) NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico.


TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
42

Além das normas da ABNT citadas anteriormente, o catálogo ABNT disponibiliza várias outras NBR que
regulamentam desenhos técnicos utilizados na engenharia, é só consultar na internet as normas técnicas.
Elas nunca deverão ser copiadas, apenas consultadas, pois sofrem revisões constantes e sem aviso prévio.
Na rotina do caldeireiro de manutenção, o uso das normas técnicas da ABNT é para orientação na leitura
e interpretação do desenho técnico, onde será familiarizado com o leiaute dos formatos e disposição das
vistas e cortes, a interpretação das tolerâncias, os símbolos, assuntos que veremos adiante.

3.2.2 TIPOS DE LINHAS

As linhas empregadas em desenho técnico têm suas particularidades, desde o escalonamento6 até a sua
representação com suas aplicações distintas, conforme mostrado no quadro a seguir:

LINHA DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO GERAL

A1 contornos visíveis
A Contínua larga
A2 arestas visíveis
B1 linhas de interseção
imaginárias
B2 linhas de cotas
B3 linhas auxiliares
B Contínua estreita B4 linhas de chamada
B5 hachuras
B6 contornos de seções reba-
tidas na própria vista
B7 linhas de centros curtas
C1 limites de vistas ou cortes
parciais ou interrompidas se
C Contínua estreita à mão livre
o limite não coincidir com
linhas traço e ponto
D1 esta linha destina-se a
D Contínua estreita em zigue-zague desenhos confeccionados
por máquinas
E1 contornos não visíveis
E Tracejada larga
E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F Tracejada estreita
F2 arestas não visíveis
G1 linhas de centro
G Traço e ponto estreitos G2 linhas de simetria
G3 trajetórias
Traço e ponto estreito, larga nas extremi-
H1 planos e cortes
H dades e na mudança de direção
6 Escalonamento: distribuição uniforme de forma organizada, para mais ou para menos.
J1 indicação das linhas ou
J Traço e ponto largo superfícies com indicação
especial
K1 contornos de peças
C Contínua estreita à mão livre
o limite não coincidir com
linhas traço e ponto
3 Desenho técnico mecânico
D1 esta linha destina-se a 43

D Contínua estreita em zigue-zague desenhos confeccionados


por máquinas
E1 contornos não visíveis
E Tracejada larga
E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F
LINHA Tracejada estreita
DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO
F2 arestas nãoGERAL
visíveis
G1
A1 linhas de centro
contornos visíveis
A Contínua larga
G Traço e ponto estreitos G2
A2 linhas
arestasde simetria
visíveis
G3 trajetórias
B1 linhas de interseção
Traço e ponto estreito, larga nas extremi- imaginárias
H1 planos e cortes
H dades e na mudança de direção B2 linhas de cotas
J1
B3indicação das linhas ou
linhas auxiliares
J
B Traço e ponto
Contínua largo
estreita superfícies
B4 linhas decom indicação
chamada
especial
B5 hachuras
K1
B6 contornos
contornos de
de peças
seções reba-
adjacentes
tidas na própria vista
K2
B7 posição
linhas delimite de peças
centros curtas
móveis
C1 limites de vistas ou cortes
K3 linhasou
parciais deinterrompidas
centro de se
K
C Traço e dois
Contínua pontos
estreita estreitos
à mão livre
gravidade
o limite não coincidir com
K4 cantos
linhas antes
traço da confor-
e ponto
D1 esta linha destina-se a
mação
D Contínua estreita em zigue-zague desenhos
K5 confeccionados
detalhes situados antes do
por máquinas
plano de corte
E1 contornos não visíveis
E Tracejada
Quadro 3 - larga
Tipos de linhas e suas aplicações em desenhos
Fonte: ABNT/NBR 8403, 1984. E2 arestas não visíveis
F1 contornos não visíveis
F Tracejada estreita
F2 arestas não visíveis
Agora, vejamos como aplicaremos os conhecimentos adquiridosG1 nolinhas
quadro anterior. Veja no desenho
de centro
técnico, a seguir,
G um exemplo típico dee ponto
Traço bom estreitos
emprego das diferentesG2representações
linhas de simetria dos tipos de linhas.
G3 trajetórias
Para fazer a leitura, basta associar a indicação nos balões às aplicações indicadas no quadro anterior.
Traço e ponto estreito, larga nas extremi-
Você consegue perceber como fica clara a leitura e interpretação doH1 desenho técnico?
planos e cortes
H dades e na mudança de direção
J1 indicação das linhas ou
J Traço e ponto largo Y superfícies com indicação
B2
G2 especial
K1 contornos de peças
G1
B2 G2 G3 F1
adjacentes
B4
A1
B3 Y K2 posição limite de peças
B5 móveis
B6
K3 linhas de centro de
K B7 Traço e dois pontos estreitos
D1 B1
gravidade
J1

K4 cantos antesG1da confor-


Y-Y
mação
K5 detalhes situados antes do
K1
D1 plano de corte

Figura 19 -  Exemplo típico de aplicação de tipos de linhas


Fonte: ABNT/NBR 8403, 1984.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
44

Os diferentes tipos de linhas no desenho técnico, com suas definições de contornos, detalhes não visí-
veis, linhas imaginárias, etc., favorecem a leitura do desenho nas suas diferentes informações e orientações.
É de fundamental importância a leitura e a interpretação da imagem, pois o conhecimento na identifi-
cação das linhas poderá evitar erros na leitura do desenho técnico.

3.2.3 CALIGRAFIA TÉCNICA

Consiste em uma técnica ou habilidade da escrita legível e uniforme, seguindo a norma técnica NBR
8402, onde orienta a formação clara das letras, algarismos, símbolos e outros sinais gráficos de acordo com
os padrões, eliminando qualquer dúvida na interpretação. Veja a forma correta de representação desses
símbolos:

A B C D E F GH IJK LM N O P
QRSTUVWXYZ
a b c d e f g h i jk l m n o p
q r s t u vw x y z
[(!?:;”-=+x:%&)]
0 1 2 345 6 7 89 IV X
Figura 20 -  Forma de escrita de caligrafia técnica
Fonte: ABNT/NBR 8402, 1994.

Na caligrafia técnica, um dos pontos mais importantes é que a escrita não deixe dúvidas na interpre-
tação, mesmo que seja em um croqui7. É necessário que as letras estejam no padrão da norma ABNT/
NBR8402, isso vai garantir que qualquer pessoa leia com clareza o desenho técnico.

3.2.4 COTAGEM

É a representação gráfica no desenho das características do objeto, através de linhas, símbolos, no-
tas e do valor numérico das unidades de medida. Cotado conforme as orientações da norma ABNT/NBR
10126/1987. Veja o desenho a seguir.

7 Croqui: desenho elaborado à mão livre, sem levar em consideração a escala e outras regras de desenho técnico.
3 Desenho técnico mecânico
45

Linha auxiliar ou 30 15 20
de chamada

10
50
30
As setas indicam o
limite da linha 80 50
de cota

25

20
55
0
R1

O valor da cota indica o


tamanho real do objeto
Linha de cota

Figura 21 -  Representação de cotagem


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Os elementos de contagem no desenho técnico são compostos por:


a) Valor da cota: é o valor numérico dimensional da peça;
b) Linha de cota: é uma linha contínua estreita limitada por setas ou traços inclinados nas extremi-
dades;
c) Linha auxiliar ou de chamada: são linhas que limitam a linha de cota, não tocam no desenho e
passam da linha de cota;
d) Limite da linha de cota: são limitadas por marcadores, podendo ser setas ou traços inclinados.

Existem outras formas de cotar, porém, a forma usual utilizada em caldeiraria é esta que vimos aqui.
Caso necessite, consulte a ABNT/NBR 10126/1987.

3.2.5 ESCALA

A escala é uma representação gráfica de objetos no desenho técnico que mantém as proporções do
objeto nas suas medidas lineares. No desenho técnico, a escala tem a relação das dimensões do objeto do
seu tamanho real com o tamanho do objeto desenhado no papel.
a) Escala natural: quando um desenho está em sua escala natural, os numerais são sempre iguais
e são representados pela numeração ESCALA. 1:1, que significa: o tamanho do desenho técnico é
igual ao tamanho da peça. Conhecida como escala 1 por 1.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
46

ESCALA OBJETO DESENHO

NATURAL
1:1

Quadro 4 - Exemplo de escala natural


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

b) Escala de redução: quando, por exemplo, aparecer a numeração ESC. 1:2, significa que a medi-
da do desenho é duas vezes menor que as medidas correspondentes da peça no seu tamanho
natural. 35

35

44 44
Esc. 1:1 Esc. 1:2

Figura 22 -  Exemplo de escala natural x redução


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Escala de ampliação: quando um objeto é muito pequeno e é necessário analisar todos os seus
detalhes, torna-se importante fazer um desenho técnico em escala de ampliação. Quando, por
exemplo, aparecer a numeração ESCALA 5:1, o numeral à esquerda dos dois pontos é maior, isso
significa que as dimensões do desenho são cinco vezes maiores ao seu tamanho natural.
3 Desenho técnico mecânico
47

60o

7
13
60o
Esc. 1:1
Natural
13
Esc. 5:1
Ampliação

Figura 23 -  Escala natural x ampliação


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

FIQUE As únicas cotas que não sofrem redução ou ampliação são as cotas dos ângulos.
ALERTA

Ao utilizarmos o recurso da escala no desenho técnico, nós podemos representar qualquer tamanho de
um objeto no papel/formato, independentemente de seu tamanho real, utilizando escalas de ampliação,
natural ou de redução.
A escala utilizada na elaboração do desenho técnico deverá ser indicada na legenda do mesmo. Quan-
do houver a necessidade de ampliação/redução, de um detalhe de uma peça, haverá uma indicação de
escala só para este detalhe.

3.2.6 SIMBOLOGIAS

No desenho técnico temos a representação gráfica e outras informações que são indicadas por símbo-
los, que auxiliam na leitura e interpretação desse desenho, de forma clara e objetiva.
Para isso, usamos as simbologias que complementam as informações do desenho técnico, tais como:
a) Símbolos de diedros para identificar suas projeções;
b) Símbolos de tolerâncias geométricas;
c) Hachuras que representam graficamente o material que a peça foi construída;
d) Símbolos indicativos das cotas cotadas: quadrado, diâmetro, raio esférico, diâmetro esférico e
bitola.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
48

No quadro a seguir veremos alguns desses símbolos.

Tolerância de forma
Paralelismo Perpendicularidade Inclinação

Tolerância de orientação

A A 0,01 A
ø0,02 M
Elementos de referência Aplicação

Identificação do material com hachura


Símbolo 1º diedro

Quadro 5 - Exemplos de simbologias


Fonte: ABNT NBR 14699, 2001.; NBR 10067, 1995; NBR 12298, 1995.

Os símbolos fazem parte do desenho técnico e são de fundamental importância na representação grá-
fica da imagem, pois com eles o desenho é complementado, facilitando a leitura e a construção da peça
sem gerar dúvidas e equívocos.
Durante todo nosso estudo você será apresentado a simbologias novas. Mesmo depois de formado,
já trabalhando, irá se deparar com outras sinalizações que são representadas por símbolos. Esteja atento!
3 Desenho técnico mecânico
49

3.3 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DESENHO TÉCNICO

Ao iniciar qualquer trabalho de fabricação em uma área Industrial, temos várias alternativas de cons-
truirmos uma peça. Pode ser conforme um desenho técnico original (recomendado), ou conforme um
croqui elaborado manualmente (à mão livre).

Uma prática muito utilizada é a construção através de uma amostra. Peças prontas
FIQUE são usadas como base de nova fabricação. Não recomendamos esta prática, pois há
ALERTA riscos de medidas não serem reais, seja por um defeito que não está visível, ou pela
leitura incorreta da medida feita pelo profissional que vai efetuar a fabricação.

A leitura e a interpretação são as formas mais seguras de se visualizar a imagem de um determinado


objeto graficamente, mas que ainda não foi fabricado, transformando de uma imagem “simples” em um
objeto real.

Figura 24 -  Funcionários na leitura e interpretação do desenho da peça


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O desenho vem com todas as definições da futura peça, como: perfis, dimensional, tolerâncias, símbo-
los, etc.
Ao ler e interpretar um desenho técnico, inicie pelo mais simples, como:
a) Qual aplicação e importância da peça?
b) As notas gerais, como: unidade de medida predominante, documentos de referências, localiza-
ção, etc.
c) Quais os detalhes gráficos e a simbologia?
d) Quais os dados internos e externos da peça apresentados através cortes e detalhes?
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
50

Cada desenho abre um mundo novo de possibilidade de análise e forma de execução da tarefa.

CASOS E RELATOS

Uma manutenção com sucesso


Na unidade de Sistema de Captação de água salgada para dessalinização em uma unidade de
produção de petróleo, a produção estava ocorrendo conforme o estabelecido, quando houve um
grande ruído na área de produção.
Após os devidos procedimentos de segurança e evacuação dos colaboradores, os especialistas lo-
calizaram o problema.
Foi constatado que a tubulação havia furado em função da baixa espessura do tubo e devido a pas-
sagem turbulenta da água. Logo, o sistema foi paralisado e as equipes de planejamento, projeto e
de caldeiraria entraram em ação.
Primeiro o desenhista se dirigiu até o local do ocorrido, para avaliar com mais detalhes e fazer o
levantamento de dados para elaborar o desenho técnico, especificando os materiais necessários à
fabricação do trecho que furou, e os materiais padronizados, tais como: parafusos estojo com porcas
e as juntas de vedação, que foram entregues ao supervisor de caldeiraria para providenciar o mate-
rial relacionado no desenho técnico.
Com a chegada de todo o material, foi aberta a OS (Ordem de Serviço), onde junto com sua equipe
composta de caldeireiros e soldador deram início aos serviços.
O caldeireiro, após ler e interpretar o desenho, constatou que o problema era muito maior do que o
especificado no desenho técnico. O caldeireiro chamou imediatamente o desenhista para fazer os
ajustes no documento.
Após o desenho ser revisado, o caldeireiro traçou o tubo para, em seguida, cortar, biselar, montar e
pontear nos flanges. Depois, o profissional passou para o soldador concluir a união das peças. Em
seguida, o controle de qualidade verificou a qualidade do trabalho.
Após a conclusão com sucesso do serviço, o novo trecho foi entregue à operação e a unidade voltou
a funcionar na sua regularidade.

Veremos, a partir de agora, os itens necessários para que você faça uma leitura sem dificuldades.
3 Desenho técnico mecânico
51

3.3.1 PLANOS DE PROJEÇÕES

Plano de projeção é a superfície onde se projeta um objeto, que pode ser considerado um modelo. Um
exemplo de plano de projeção é um quadro na sala de aula, pois o mesmo projeta informações para os
alunos.
Na ilustração seguinte, temos um observador analisando um objeto. Ele está verificando a vista frontal
(de frente), vista superior (de cima) e a vista lateral (de lado), conforme a perspectiva no quadro “d”.

a) Vista de frente b) Vista de cima

de cima

de frente
de lado
c) Vista de lado d) Perspectiva da peça
Quadro 6 - Visão de uma peça pelo observador
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Nos desenhos técnicos são usados dois planos básicos, onde representamos as projeções dos modelos,
sendo um Plano Vertical (PV) e um Plano Horizontal (PH), como indicado no desenho a seguir, que se cru-
zam perpendicularmente. Estes dois planos dividem o espaço em quatro quadrantes, que são chamadas
de diedros. Analise a figura a seguir.

PV

2o diedro 1o diedro

LT PH

3o diedro 4o diedro

Figura 25 -  Disposição dos diedros


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
52

Como pudemos observar, cada diedro tem a região limitada por dois semiplanos perpendiculares entre
si. Os diedros são numerados no sentido anti-horário, isto é, no sentido contrário ao do movimento dos
ponteiros do relógio.
No Brasil, a ABNT recomenda a representação das projeções do desenho técnico no 1º diedro, porém
existem países como os Estados Unidos e o Canadá que adotaram nos seus desenhos técnicos o 3º diedro.
Veja a representação dos símbolos que indicam os dois planos:

Símbolo do 1º Diedro Símbolo do 3º Diedro

Quadro 7 - Representação gráfica de projeção


Fonte: ABNT NBR 10067, 1995.

Projeções ortográficas é a maneira de representarmos graficamente os objetos conhecidos na forma


tridimensional em superfícies planas no seu tamanho real. Para entendermos como isso funciona, temos
que conhecer o modelo (objeto), o observador e o plano a projetar o objeto.
Os símbolos gráficos de projeções, ou seja, os símbolos que orientam em qual diedro o desenho técnico
foi elaborado, são localizados no canto inferior direito da folha de papel dos desenhos técnicos, dentro da
legenda.
Conforme vimos na figura anterior, plano de projeção ortogonal é o plano sobre o qual a figura se pro-
jeta, que pode ser o plano horizontal, plano vertical e o plano lateral.
Veja na próxima ilustração um exemplo no plano vertical:

Projeção
Plano de projeção

Modelo

Vista frontal

Linha projetante

Observador
Figura 26 -  Projeção de uma vista em um plano
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
3 Desenho técnico mecânico
53

Como pudemos ver, o que o observador visualiza é projetado fielmente para o plano de projeção no
seu tamanho real.

PROJEÇÃO NO PRIMEIRO DIEDRO

Plano lateral
Plano vertical

Superior

Lateral Frontal

Plano horizontal

Figura 27 -  Vistas com projeções nos planos do 1º diedro


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

No 1º diedro o objeto está entre o observador e o plano de projeção, conforme a figura “Vistas com pro-
jeções nos planos do 1º diedro”. No quadro “Exemplo de projeções e vistas ortogonais”, podemos verificar
três vistas ortográficas de um mesmo objeto nos três planos.
São estas três vistas que garantem a clareza da representação do objeto, dispostas no Plano Vertical
(PV), Plano Horizontal (PH) e Plano Lateral (PL). Essas vistas serão planificadas com os devidos rebatimentos
para o plano vertical.

SAIBA Para saber mais sobre projeções, acesse a norma ABNT/NBR 10067.
MAIS

Em nossos estudos, para facilitar o entendimento, apresentamos apenas projeções ortogonais no 1º


diedro, que são as mais utilizadas no Brasil.

3.3.2 PERSPECTIVAS

A perspectiva é uma forma de representar graficamente peças, objetos, máquinas e equipamentos


como enxergamos, ou seja, utilizando as formas tridimensionais. Veja a seguir o exemplo de uma repre-
sentação em perspectiva, onde estamos enxergando um conjunto de tubulação composto de: válvula,
tubos, flanges e parafusos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
54

Figura 28 -  Exemplo de representação isométrica


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

As peças podem ser criadas de várias formas, com resultados diferentes, desde que equiparem ou apro-
ximem a visão humana, podendo ser utilizadas de diversas formas. A seguir veremos as perspectivas mais
utilizadas, que são: a isométrica, a cavaleira e as diferenças básicas entre elas.

PERSPECTIVA ISOMÉTRICA

A perspectiva isométrica mantém os comprimentos proporcionais nos três eixos. Os eixos oblíquos x e
z são posicionados com ângulo de 30º, a partir da linha de referência, partido do mesmo ponto de origem
e formando ângulos de 120º entre as projeções dos eixos x, y e z, conforme imagem a seguir:

Linhas
perpendiculares 90o
120o

Linhas
oblíquas 30o 120o
120o

30o 30o

Linha horizontal de referência

Figura 29 -  Esboço de uma perspectiva isométrica


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
3 Desenho técnico mecânico
55

Existem diferentes tipos de perspectiva e cada uma delas mostra o objeto de um jeito. A perspectiva
isométrica é a que dá a ideia mais clara do objeto.
No nosso curso, na disciplina de traçagem veremos a transformação das figuras geométricas planifica-
das em corpos sólidos, que serão as perspectivas na forma física.

PERSPECTIVA CAVALEIRA

A perspectiva cavaleira tem um plano de projeção fixa e paralela ao plano de projeção (plano do papel).
O que varia é a direção da projeção, podendo ser ângulos de 30º, 45º ou 60º, conforme mostrados nas
imagens a seguir.

30o 45o

60o

Figura 30 -  Exemplo de perspectiva cavaleira a 30º, 45º e 60º


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A figura seguinte mostra exemplos de construções típicas de perspectivas cavaleiras nas suas variadas formas.

Figura 31 -  Exemplos de configurações de perspectivas cavaleiras


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
56

As perspectivas, normalmente, mantêm as proporções relativas de um objeto iguais nos três eixos. São
utilizadas em desenhos técnicos para que os objetos sejam visualizados conforme a visualização humana8.

3.3.3 VISTAS

Vistas ortogonais são as projeções de um objeto ou modelo, rebatidas nos planos a partir da visão do
observador posicionado perpendicularmente aos planos de projeção, podendo ser seis vistas:
a) Frontal (elevação);
b) Superior (planta);
c) Lateral esquerda (perfil esquerdo);
d) Lateral direito (perfil direito);
e) Posterior;
f) Inferior.

Vamos nos limitar apenas às vistas essenciais, pois são as mais usuais na área de caldeiraria. São elas:
frontal (elevação), superior (planta), lateral esquerda (perfil esquerdo), conforme figura a seguir.

Vista Frontal
Vista Lateral
(Elevação)
Esquerda
PV PL

PH Vista Superior
(planta)

Espaço Vistas ortográficas

Quadro 8 - Exemplo de projeções e vistas ortogonais


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Como já foi estudado, na projeção de vistas, observamos que são seis vistas, onde vimos apenas as três
que são: vista frontal, vista superior e vista lateral (esquerda ou direta). Porém, nem sempre são necessárias,
pois ao desenhar um objeto é necessário apenas fazer vistas suficientes à compreensão de sua forma.

8 Visualização humana: o ângulo em que uma pessoa observaria o objeto.


3 Desenho técnico mecânico
57

A seguir veremos alguns exemplos de como essas vistas podem ser representadas.

SUPRESSÃO DE VISTAS

A supressão de vistas é um recurso que pode ser utilizado quando o objeto possui geometrias simples,
que podem ser representadas por um número reduzido de vistas. Neste caso, ao desenvolver o desenho, o
profissional aplica apenas as vistas que trazem detalhes que possam expressar todas as características do
objeto, sendo as demais vistas suprimidas ou não apresentadas.
30

50 30

50

a) Perspectiva e as vistas essenciais (frontal, superior e lateral esquerda)


ø30

50 30 50

b) Vistas frontal e lateral esquerda c) Vista única - frontal

Quadro 9 - Supressão de vistas


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Em alguns casos, o profissional poderá receber o desenho com uma única vista para fazer a peça. Neste
caso, o desenhista deve passar o maior número de informação possíveis, utilizando a vista única.
Observe que no quadro a seguir, na primeira imagem, temos o objeto em perspectiva. Neste caso, não
serão necessárias as três vistas: vista frontal, vista superior e vista lateral esquerda.
Observe que na segunda imagem será utilizada uma única vista do objeto. A vista utilizada será a fron-
tal, com todas as cotas necessárias, exceto a espessura da peça que se encontra indicada com a palavra
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
58

espessura, abreviada como “esp”, com o respectivo valor numérico dentro do desenho sem prejudicar a
interpretação.
Todas as cotas foram representadas na vista frontal com: 60 milímetros de comprimento, 35 milímetros
de altura, 15 milímetros de largura indicado por ESP. O tamanho do rasgo passante é de 10 e 15 milímetros.
As cotas que definem as partes inclinadas da peça são: 16, 48 e 8 milímetros.

16

48

35
15
ESP. 15

8
10
60

Isométrico do objeto Vista única do objeto

Quadro 10 - Exemplo de única vista


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Vimos o quanto é importante a supressão de vistas evitando o excesso de elaboração de vistas no de-
senho técnico, assim como, a redução de folhas de papel na área industrial, sem levar em consideração a
simplicidade para o entendimento dos profissionais envolvidos na área de caldeiraria.

3.3.4 CORTES

Os cortes são artifícios de desenho técnico utilizados para representar detalhes internos de um objeto.
As representações em corte são normalizadas pela ABNT NBR 10067. Os cortes servem para mostrar a es-
trutura interna do objeto e o seu funcionamento através de planos de cortes, denominados como planos
secantes. Veja o exemplo a seguir.
3 Desenho técnico mecânico
59

CORTE A-A

A A

Figura 32 -  Demonstração do plano secante no corte da peça


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Todas as vezes que efetuamos um corte em uma peça no desenho técnico, teremos que evidenciar
o tipo de material através de símbolos que chamamos de hachuras. Estes símbolos representam a cons-
tituição da peça, conforme a NBR 12298. Na imagem a seguir demonstraremos um tipo de hachura que
representa ferro fundido.

ferro fundido
Quadro 11 - Hachura de ferro fundido
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
60

A seguir veremos algumas aplicações do uso prático e hachuras.

1 2 3

a) Corte em uma
5 4
peça única b) Corte em conjunto c) Corte em peça bipartida

Quadro 12 - Exemplos de aplicação de hachuras


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

As figuras no quadro anterior mostram aplicações de diferentes maneiras de aplicação das hachuras
para peças de ferro fundido.
A figura “a” é uma peça única e o tipo e posição das hachuras são uniformes. Já a figura “b” mostra um
conjunto móvel unido por um pino, onde o material de ferro fundido é o mesmo, porém com configura-
ções diferentes onde o sentido das hachuras é invertido. Repare que neste caso o pino de união não sofre
cortes, por ser um elemento de máquina.
Ao analisar a figura “c”, temos uma união de peças diferentes, onde há apenas a inversão do sentido das
hachuras. Essa inversão configura a diferença das peças.

ENCURTAMENTO

O encurtamento é utilizado em peças simples, sem muitos detalhes e longas (exemplo: tubos e chapas)
ou peças que contêm partes longas e de forma constante.
Neste caso, o desenho não terá dimensões exageradas em um sentido e reduzidas em outro, nem será
necessário o emprego de escala de redução, pois haverá interrupções imaginárias da peça nos dois extre-
mos e remoção da parte interrompida, aproximando-se às extremidades uma das outras. O tamanho real
será fornecido na cota.
3 Desenho técnico mecânico
61

Veja a seguir alguns tipos de encurtamentos.

Barra e chapa
Eixo
Peça desenvolvida

30
17

360

Peça cilíndrica cônica Tubo


Chapa inclinada

Quadro 13 - Tipos de encurtamentos


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Como a constituição das peças é diferente, a representação gráfica é diferente. São tubos, chapas e
barras maciças.
As figuras do quadro anterior são os encurtamentos mais comuns que o caldeireiro de manutenção terá
no seu cotidiano, que serão aplicados nos desenhos de encurtamento de chapas, tubos e de barras, tanto
paralelas como cônicas, e no dobramento de chapas e tubos.
a) Peça desenvolvida: quando há necessidade de desenhar o contorno desenvolvido de uma peça
e há dobramento após o corte;
b) Peça encurtada: em peça longa onde há necessidade de representar apenas partes com deta-
lhes;
c) Peça cônica encurtada: quando a conicidade é constante, não há detalhes e o que interessa é a
conicidade e o comprimento total;
d) Peça inclinada encurtada: quando o ângulo é constante, não há detalhes e o que interessa é o
ângulo e comprimento final.
O que estudamos aqui se aplica para todos os materiais metálicos de aço-carbono, aço inox e aços-liga.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
62

3.4 ACABAMENTO E TOLERÂNCIAS

Os assuntos de acabamento e tolerâncias são interligados, pois para garantirmos uma tolerância preci-
sa, teremos que ter um acabamento de qualidade.
Quando aplicamos na mecânica os ajustes com precisão, para auxiliar na montagem e funcionamento
do equipamento, há regras para serem observadas e seguidas com rigor.
Em casos que a importância do grau de acabamento seja necessária apenas para fins estéticos, essa
tolerância pode ser sem controle rigoroso.

3.4.1 RUGOSIDADE SUPERFICIAL

Quando observamos qualquer superfície, por mais que aparente perfeição, se nós submetermos ao
microscópio ou uma lente de ampliação, veremos que há irregularidades que ocasionam desde aumento
de atrito9 quando as superfícies estão em contato, até aceleração de oxidação, devido ao acúmulo de umi-
dade nas reentrâncias10.
Esse fenômeno é chamado de rugosidade, que se caracteriza como um conjunto de irregularidades
que compõem uma superfície, causadas desde a fabricação de uma peça/objeto. Pode ser originado na
laminação de uma chapa, usinagem ou outro processo de fabricação qualquer que interfira na qualidade
da superfície da peça.
A seguir você verá um caso típico de uma superfície metálica, submetida a um microscópio, com am-
pliação da imagem.

Quadro 14 - Rugosidade na superfície


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A rugosidade tem um papel fundamental na mecânica, influencia na resistência ao desgaste, na qua-


lidade do deslizamento, resistência à corrosão, vedação e também na aparência. Porém, no nosso curso
a rugosidade influenciará na elaboração do bisel, onde a solda será depositada, conforme observado na
figura “b” abaixo ou quando há necessidade de provocar ranhuras nas faces dos flanges para auxiliar na
vedação com as juntas, conforme exemplos na figura “a”.
9 Atrito: é o contato de dois corpos em movimento provocado por uma força externa.
10 Reentrâncias: são depressões ou deformações em forma de curvaturas ou ângulos para dentro da superfície.
3 Desenho técnico mecânico
63

Tipos de ranhuras na face da flange Acabamento no bisel para solda

LISO
0,4 90º 0,8

MSS-SP 6
ESPIRAL CONCÊNTRICA

0,4 0,8
90º

MSS-SP 6
ESPIRAL CONCÊNTRICA

1,6 3,2
0,8 1,2

0,4 0,6
STANDARD DN<12 STANDARD DN>14

Quadro 15 - Aplicação de rugosidade específica


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para avaliar o acabamento das peças é preciso observar no desenho o parâmetro em que elas devem
ser avaliadas. Existem diversos parâmetros para que a rugosidade seja observada. Dentre eles, um dos mais
utilizados é o RA, que é a média aritmética das variações encontradas em uma superfície, comparada como
uma superfície ideal.
Na superfície que será avaliada utilizamos um equipamento chamado de rugosímetro, que é um instru-
mento industrial usado para medir a rugosidade, conforme foi visto no módulo de metrologia.
A norma da ABNT-NBR 8404 fixa os símbolos para a identificação do estado de superfície nos desenhos
técnicos. Faz-se necessário utilizar símbolos de acabamento nos desenhos técnicos, para que, ao se fabri-
car uma peça, seja bem definido onde deve haver um maior controle da qualidade da superfície, evitando
custos desnecessários na confecção da peça e garantia da funcionalidade. Veja o quadro a seguir.

Símbolo Significado
Símbolo básico: só pode ser usado quando seu
significado for complementado por uma indicação.

Caracteriza uma superfície usinada, sem mais detalhes

Caracteriza uma superfície na qual a remoção de


material não é permitida e indica que a superfície
deve permanecer no estado resultante de um
processo de fabricação anterior, mesmo se ela tiver
sido obtida por usinagem.

Quadro 16 - Representação da rugosidade


Fonte: ABNT/NBR 8404, 1984.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
64

O quadro anterior demonstra as formas de representação da rugosidade em um desenho técnico.

3.4.2 TOLERâNCIA DIMENSIONAL

Ao construirmos uma peça, nem sempre conseguiremos garantir rigorosamente a repetição de medi-
das exatas devido ao processo de fabricação, erros de leituras, imprecisão dos instrumentos de medição ou
a erros humanos ou inabilidade com os instrumentos.
No entanto, devemos garantir a intercambiabilidade11 para que possa ser substituída entre si em uma
eventual troca da peça ou em uma linha de produção. Para isso, são necessários os desvios, dentro dos
quais a peça possa funcionar corretamente. Por isso, os desvios das tolerâncias são necessários dentro de
certos limites, para mais ou para menos, desde que não venha prejudicar o funcionamento da peça e a
qualidade.
Conforme veremos nos exemplos do quadro seguinte, normalmente os desenhos técnicos vêm com as
tolerâncias de afastamento indicadas pelo numeral. Porém, o campo de tolerância pode ser representado
também por letras, quando utilizado no sistema ISO, onde a letras maiúsculas para furo e letras minúsculas
para os eixos que não aplicaremos neste curso.
ø 12±0,5

ø20 ++ 0,28
0,15

a) Afastamento b) Afastamento

Quadro 17 - Indicação de tolerância dimensional


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Vamos interpretar a seguir os desenhos anteriores:

Na figura “a” o afastamento superior é +0,5 mm, afastamento inferior -0,5 mm, com a dimensão máxima =
12,00 mm + 0,5 mm = 12,5 mm e a dimensão mínima = 12,00 mm – 0,5 mm = 11,5 mm.

Conclui-se que a peça deve estar dentro dos limites da dimensão mínima e da dimensão máxima com
11,5 mm e 12,5 mm, cuja tolerância será: 12,5 mm – 11,5 mm = 1,0 mm.

11 Intercambiabilidade: termo usado para substituição de peças originais por outra, sem causar alterações no seu desempenho.
3 Desenho técnico mecânico
65

Na figura “b” o afastamento inferior é +0,15 mm e o afastamento superior +0,28 mm, com a dimensão máxi-
ma = 20,00 mm + 0,28 mm = 20,28 mm e a dimensão mínima = 20,00 mm + 0,15 mm = 20,15 mm.

Conclui-se que a peça deve estar dentro dos limites da dimensão mínima e da dimensão máxima, com
20,15 mm e 20,28 mm, cuja tolerância será 20,28 mm – 20,15 mm = 0,13 mm.

3.4.3 TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA

Na tolerância geométrica existem os tipos de tolerância de forma, orientação, posição e batimento, con-
tudo, nosso foco será a tolerância de orientação que aborda: paralelismo, perpendicularidade e inclinação,
conforme a ABNT/NBR 6409. Por se tratar de um estudo para caldeireiro de manutenção, nos limitaremos
apenas ao paralelismo e à perpendicularidade, conforme é apresentado a seguir.

0,1
0,1 A

A A

Figura 33 -  Paralelismo definido em um plano de orientação


Fonte: ABNT/NBR 6409, 1997.

Vejamos como faremos a leitura e interpretação da simbologia de paralelismo da figura anterior.

A zona de tolerância é limitada por duas linhas paralelas, separadas entre si a uma distância “t” igual a 0,1
mm e que são paralelas a uma linha de referência “A”.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
66

0,1
0,2 A

Superfície do referencial A

Figura 34 -  Perpendicularidade definida em um plano orientação


Fonte: ABNT/NBR 6409, 1997.

Com base na figura anteriormente demonstrada, veremos um exemplo de leitura e interpretação da


simbologia de perpendicularidade.
O eixo da peça deve estar contido entre duas linhas paralelas distanciadas entre si 0,1 mm. Estas linhas
são perpendiculares à superfície de referência.
O desenho apresentado no quadro a seguir mostra que mesmo a peça estando dentro da medida e
atendendo as tolerâncias dimensionais, não há uma garantia de funcionalidade se suas tolerâncias geo-
métricas não estiverem corretas.

30 ± 0,1 30,1 ø9,882


ø1017

25 ± 0,1 24,9
ø20 ± 0,1

ø20,06

a) Desenho técnico do pino b) Desenho técnico do pino fabricado


Quadro 18 - Exemplo da importância da tolerância geométrica
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Note que a peça da figura “b”, mesmo atendendo as tolerâncias dimensionais efetivas indicadas na figu-
ra “a”, ficou com uma deformação geométrica. Este erro chamamos de erro de perpendicularidade, ou seja,
o eixo da peça não formou um ângulo reto ou de 90º com a face do pino. Para evitar este tipo de ocorrência
é necessário acrescentar as tolerâncias de orientação.
3 Desenho técnico mecânico
67

3.5 COMPONENTES PADRONIZADOS

Nos projetos que são elaborados pela engenharia existem componentes que não são fabricados com o
detalhamento elaborado no desenho técnico, porém são desenhados atendendo as normas regulamenta-
doras, por exemplo: ABNT, DIN e outras.
Eles são adquiridos e inseridos nos desenhos de maneira a satisfazer as necessidades do projeto.
Existe uma grande quantidade de componentes padronizados para diversas aplicações, que não deve-
rão ser fabricados junto ao projeto de uma máquina ou equipamento, aplicações como: parafusos, porcas,
arruelas, pinos, alavancas, manípulos, etc., são adquiridos no mercado e inseridos no projeto.
Também poderá haver necessidades específicas de fabricação, onde o projetista fará o desenho técnico com
aplicação das devidas especificações, atendendo as normas regulamentadoras, tais como: ABNT, DIN e outras.

Parafusos, porcas e arruelas Rolamentos Engrenagens

Correntes Pinos Volante e manípulo

Molas Polia Conexões para tubulação

Quadro 19 - Tipos de componentes padronizados


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

A grande vantagem de uso de componentes padronizados é que traz maior produtividade ao projeto
pelo fato de serem encontrados facilmente no mercado, por isso chamamos de material de prateleiras.
Trata-se de materiais de boa qualidade, o que aumenta a garantia e permite sua intercambiabilidade.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
68

RECAPITULANDO

Chegamos ao final de mais um capítulo. Estudamos sobre desenho técnico e a sua importância na
área de caldeiraria de manutenção. Relembramos sobre a conversão de unidade e aprendemos que,
normalmente, a unidade utilizada é o milímetro. Conhecemos sobre as figuras e os sólidos geo-
métricos com suas mais variadas formas. Falamos sobre a utilização dos instrumentos de desenho.
Percebemos como é importante o papel da normalização técnica e caligrafia técnica, que nos leva à
organização, clareza e uniformização dos dados e documentos.
Relembramos a forma de cotagem, o uso das escalas aplicando-o nas peças, que a depender do seu
tamanho ou sua complexidade serão ampliadas ou reduzidas. Vimos os diversos tipos e uso de sím-
bolos aplicáveis à necessidade. Iniciamos na elaboração propriamente dita na leitura e interpretação
dos desenhos técnicos com suas projeções em um único plano, deixando de ter só a visão em 3D.
Pudemos perceber que nem sempre se faz necessário todas as vistas de uma peça, pois podem ser
representadas em uma única vista com as informações necessárias ao seu entendimento. Estuda-
mos também que toda superfície, por mais perfeita que pareça, tem suas irregularidades.
A importância das tolerâncias dimensionais e geométricas com seus símbolos de orientação garante
uma montagem perfeita e de qualidade nos padrões preestabelecidos, garantindo sua intercambia-
bilidade. A compreensão dos conceitos do desenho técnico é essencial para o entendimento das
próximas disciplinas do curso e continuação da sua formação profissional.
E, por fim, vimos alguns dos componentes padronizados, que são encontrados facilmente no mercado.
3 Desenho técnico mecânico
69
Traçado de caldeiraria

Neste capítulo você irá conhecer as principais finalidades de cada ferramenta, instrumen-
tos, máquinas de caldeiraria e materiais de consumo utilizados no processo de traçagem de
caldeiraria, além do desenho, desenvolvimento e planificação de várias peças de caldeiraria.
Em relação às ferramentas, vamos conhecer os tipos, as aplicações, os tipos de materiais de
construção que são fabricados e os cuidados no manuseio.
Já em relação às máquinas, iremos ver os tipos mais usados, para que servem, como se
opera, os seus acessórios e suas aplicações. Vamos observar também que algumas destas má-
quinas estão presentes em quase todas os processos operacionais de fabricação de peças de
caldeiraria, principalmente quando se trata de elementos de formato cilíndrico e quadrado.
Vale ressaltar que essas máquinas têm grande importância, pois são utilizadas nos segmen-
tos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
Todo profissional que atua nesta área precisa ter bastante conhecimento sobre estes equi-
pamentos, para ter um bom desempenho profissional.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
72

4.1 FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS PARA TRAÇAGEM

Vamos conhecer agora um pouco sobre as ferramentas e acessórios utilizados na traçagem de peças de
caldeiraria.
a) Compasso: uma das ferramentas essenciais no desenvolvimento do traçado é o compasso, pois
ele é o responsável em traçar as circunferências, os arcos e transferir medidas.

Figura 35 -  Compasso de ponta reta


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

b) Punção de bico: é uma ferramenta que serve para marcar pontos sobre uma linha traçada,
de modo a deixá-la mais visível. Como os pontos não se apagam, as marcações ficam visíveis
mesmo que as linhas se apaguem, algo que não acontece se o traçado apresentar só o risco.
Existem dois tipos de punção de bico: punção de marcar, que possui o ângulo do bico de 30 a 60°;
e punção de centrar, que possui o ângulo de 90º a 120°.

Figura 36 -  Punção de bico


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
4 Traçado de caldeiraria
73

c) Réguas de traçagem: são utilizadas para traçar as linhas, sejam elas retas ou perpendiculares.

Figura 37 -  Réguas de traçagem


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

d) Esquadros de aço flexível: são usados nos serviços em que é preciso traçar uma perpendicular
e/ou verificar a perpendicularidade da peça.

Figura 38 -  Esquadro flexível


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O cabo de alumínio do esquadro vem projetado para o uso a 90° e 45°.

FIQUE O esquadro é um instrumento para traçar e verificar ângulo. Não deve ser usado
ALERTA como chave de fenda, talhadeira, riscador, martelo ou espátula.

e) Grampos tipo C: é uma ferramenta usada para trabalhos que necessitem a fixação rápida de
peças nas mais variadas aplicações. Estas fixações podem ser de peças na bancada ou em uma
estrutura metálica. Além disso, o uso dos grampos deve obedecer à capacidade de abertura dos
mesmos.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
74

Figura 39 -  Grampo tipo C


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Ao encerrar este tópico sobre as ferramentas, foi mais um passo muito importante para atuar nas ati-
vidades que exigem este conhecimento sobre ferramentas e acessórios com competência e habilidade.

4.2 TRAÇAGEM

Dá-se o nome de traçagem ao conjunto de tarefas destinadas à criação de elementos básicos de cal-
deiraria, peças para tubulação que podem ser feitas em chapas, perfis e tubos, e equipamentos estáticos,
como tampos e cascos para vaso de pressão.
Para a realização do processo de traçagem de qualquer tipo de peça, seja na chapa, no tubo ou em per-
fis, o ponto de partida para a realização desta tarefa sempre parte de um desenho.
Nesse sentido, podemos dizer que em todo segmento industrial, seja químico, petroquímico, petróleo
e gás, metalurgia, siderurgia, agroindústria, usina de açúcar e álcool, naval, etc., há sempre o processo de
traçagem, corte e conformação de tubo, perfis e chapas, para a fabricação de peças, desde um simples dis-
co de chapa para tamponar um orifício, a outras peças mais complexas para equipamentos como reatores,
torres de fracionamento, trocadores de calor, caldeiras, fornos, etc.
Contudo, alguns cuidados precisam ser tomados na traçagem. E é sobre isso que trataremos a seguir.

4.2.1 CUIDADOS NA TRAÇAGEM

Antes de iniciar a traçagem, é importante observar qual é a solicitação do projeto, quanto às formas
geométricas, às tolerâncias, aos tipos de materiais, entre outras informações das peças a serem traçadas. A
este processo damos o nome de Minuta do Traçado.
4 Traçado de caldeiraria
75

São dados necessários que o profissional precisa obter, pois vai ter acesso a documentos que trazem no
seu bojo essas informações.

4.2.2 INDICAÇÕES DA ORDEM DE SERVIÇO

Ordem de serviço: documento que descreve o que será realizado em uma determinada tarefa, podendo
constar desde os dados do cliente, a data que foi emitida, o local onde foi realizada ou será feita a interven-
ção, os detalhes do que será feito, podendo contar também os recursos que serão utilizados nesta tarefa.
Na OS, encontramos informações como:
a) N° da ordem de serviço: para o controle da área de programação planejamento, finanças e orça-
mento;
b) Nome do profissional responsável pela execução do serviço;
c) Descrição do serviço a ser executado; a prioridade de execução;
d) Nome da empresa solicitante;
e) Nome da empresa executante;
f) Cuidados com a segurança em relação ao serviço;
g) Prazo de execução do serviço;
h) Relação de materiais, máquinas, ferramentas, instrumentos. Se a ordem de serviço for interna para
execução de manutenção ou modificação de um equipamento com a colocação de novas peças,
nesta ordem deve também constar o TAG12 do equipamento que vai ser instalado a nova peça.

O desenho técnico e a ordem de serviço são indispensáveis no processo de traçagem, mas as informa-
ções nelas encontradas só ajudarão se soubermos ler e interpretar o desenho, conhecermos as unidades
de medida e os elementos nelas descriminados.

4.2.3 RECOBRIMENTO SUPERFICIAL E ACABAMENTO SUPERFICIAL

Antes de entendermos o que é recobrimento superficial, é necessário que entendamos o que é um pré-
-tratamento de superfície.
O pré-tratamento é quando fazemos a limpeza de uma peça antes de levar para a metalização ou pin-
tura. O objetivo da limpeza em uma superfície metálica é preparar para o acabamento, que pode ser uma
metalização ou pintura.
A retirada e remoção das impurezas das peças é feita para promover aderência adequada do revesti-
mento. Nas superfícies das peças metálicas, os tipos mais comuns de impureza encontrados são: a oleosa,

12 TAG: é o registro de identificação do equipamento.


TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
76

proveniente do processo de laminação das chapas; as impurezas semissólidas, que é a mais difícil de remo-
ver; e as que causam sérios problemas de aderência quando do acabamento.
A remoção destas impurezas se dá através de procedimento químico e mecânico.
No procedimento químico são utilizados detergentes químicos que visam a remoção de filmes e sujei-
ras aderidas na superfície. Os procedimentos mais comuns usados são a decapagem química por imersão
e o desengraxamento através da utilização de solventes.

Pré-decapagem Pós-decapagem

Quadro 20 - Decapagem
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para cada tipo de material há uma forma diferente de remoção das impurezas, por exemplo, aplicação
dos solventes para remoção das impurezas.

Você sabia que a aplicação de solventes se dá através de imersão das


peças no solvente? A aplicação também pode ser por jateamento das
CURIOSIDADES peças com o solvente pelo vapor de solvente ou pela combinação de
vapor e imersão do material químico.

Já nos tratamentos mecânicos de superfície metálica, os procedimentos podem ser feitos através de
lixamento, jateamento, hidrojateamento, vibração e tambonamento.
No caso de traçado de peças, vamos falar a seguir sobre os três primeiros procedimentos que são os
mais comuns e utilizados na área de caldeiraria.
a) Lixamento: este tratamento de superfície envolve uso de ferramentas manuais como escova de
aço, espátula flexível e acessórios como folha de lixa e máquina, como lixadeira elétrica ou pneu-
mática.
4 Traçado de caldeiraria
77

Figura 40 -  Lixamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O lixamento manual é feito para correção de um defeito superficial, através do uso de lixas de granula-
ções adequadas. Este método não é adequado para remoção de óxido que esteja aderido à superfície em
local de difícil acesso para lixamento.
Já o lixamento através de uma lixadeira elétrica ou pneumática é utilizado quando o defeito da superfí-
cie é maior e mais profundo. Possui uma boa eficiência e é menos trabalhoso do que o lixamento manual.
No tratamento da superfície com as lixas, devemos começar com as lixas de granulações mais grossas e
depois iremos reduzindo para lixas de granulações mais finas. Essa sequência é para retirar os riscos deixa-
dos pelas lixas de granulações mais grossas.
b) Jateamento: esta é outra forma de limpeza da superfície. Este procedimento é com uso de abra-
sivo e os principais usados no jateamento são: a escória de fundição, a granalha de aço e a bauxita
sinterizada.

Figura 41 -  Jateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
78

c) Hidrojateamento: nos anos 90 surgiu mais este método de limpeza de superfície, que utiliza a
água com alta pressão para a remoção das impurezas da superfície, através de equipamento hi-
dráulico móvel, com bomba de alta pressão, acionada por motor elétrico ou diesel.

Figura 42 -  Hidrojateamento
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Este método, em relação aos demais, tem a vantagem de não gerar pó ou faíscas, não gerar impacto
ambiental, não alterar a rugosidade superficial da peça. Porém, em muitas vezes, isso pode ser considera-
do como uma desvantagem, porque o aumento da rugosidade superficial proporciona um aumento do
contato entre o metal e a tinta aplicada, contribuindo para o aumento da aderência. Este procedimento de
limpeza, portanto, é mais adequado para superfícies já pintadas anteriormente, onde já existe o perfil de
rugosidade.

SAIBA Para saber mais sobre o manuseio e operação de máquinas, consulte a norma regula-
MAIS mentadora nº 12 (NR 12), sobre Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.

Ainda falando sobre acabamentos, podemos dizer que o principal meio de proteção e acabamento de
superfície é realizado através da metalização e pintura. Os materiais de caldeiraria que passam pelo proces-
so de metalização são os perfis metálicos, chapas planas e tubos.
No caso específico do traçador de caldeiraria, os materiais utilizados para fabricar as peças passaram ou
passarão pelo processo de galvanização, também conhecido por zincagem, para proteger suas superfícies.
4 Traçado de caldeiraria
79

Figura 43 -  Galvanização
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Neste processo de recobrimento metálico por galvanização, o banho de zinco adere ao aço, fazendo
uma camada que protege a peça da corrosão.

CASOS E RELATOS

A qualificação profissional gera conhecimento


Na parada de manutenção na indústria de produtos químicos Maraú do Norte S/A, houve a necessi-
dade de realizar um tratamento de superfície e pinturas nas estruturas metálicas nos tetos, costado
e piso dos tanques do dique 3 da unidade industrial.
O pintor Renato Teles, contratado recentemente pela empresa Losango Pinturas S/A, resolveu
aproveitar as latas de tinta que tinham sobrado de outro serviço. Estas tintas estavam armazenadas
no depósito já havia bastante tempo e o seu prazo de validade já estava vencido.
Renato, então, pegou as latas de tintas, colocou no carrinho plataforma e seguiu para o local de tra-
balho para realizar a pintura das estruturas metálicas e dos tanques.
Dois meses depois da pintura, foi solicitada uma inspeção para verificar o motivo pelo qual as tintas
estavam soltando tão facilmente da superfície pintada.
Para a surpresa do pessoal que estava envolvido na inspeção da pintura, nenhuma das superfícies
estava pintada conforme prevê a norma.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
80

Então, ainda durante a inspeção, foi constatado na verificação de uma das latas de tinta, utilizada
por Renato, que as mesmas estavam com seu prazo de validade vencido e que as tintas usadas para
pintura do costado e do teto não poderiam ser a mesma para a pintura do piso do tanque.
Para evitar que esse caso ocorresse novamente, foi recomendado que as tintas que sobrassem de
qualquer obra de manutenção teriam que ser devolvidas imediatamente ao almoxarifado, para o
mesmo ter o controle quanto ao prazo de validade, como também que os pintores da Losango Pin-
turas S/A passassem por um curso de qualificação profissional.

Outro processo de acabamento muito utilizado é a pintura, que consiste em uma técnica de proteção
anticorrosiva, no qual se utiliza diferentes tipos de tintas.
4 Traçado de caldeiraria
81

RECAPITULANDO

Vocês tiveram a oportunidade de conhecer as ferramentas utilizadas no processo de traçagem de


caldeiraria, os seus tipos e sua utilização.
Além disso, aprendeu sobre o conceito de traçagem, os cuidados que são necessários durante o
processo de traçagem. Vimos também o que é uma ordem de serviço, os itens que podem compor
essa ordem e a que é direcionado.
Aprendemos sobre recobrimento de materiais metálicos e acabamento superficial de peças através
da pintura, que é procedimento de proteção das peças contra a corrosão.
Com o conhecimento adquirido, vimos a importância do tratamento e acabamento de superfície
para a conservação das peças metálicas de caldeiraria que em muitas das vezes fica exposto em um
ambiente sem cobertura e passível de corrosão.
No próximo capítulo aprenderemos as técnicas de desenvolver e planificar peça metálica ou não
metálica de caldeiraria e tubulação.
Técnicas de traçagem

Neste capítulo você irá estudar sobre os traçados de caldeiraria. As peças fabricadas através
do traçado de caldeiraria ainda ocupam grande espaço no mercado. Apesar das conexões de
aço forjado estarem disponíveis comercialmente, elas não são encontradas em todas as di-
mensões.
No traçado podemos obter peças de dimensões maiores ou menores do que normalmente
são oferecidas comercialmente. Como exemplo, podemos citar a possibilidade de fabricarmos
peças com materiais mais leves, com formato, diâmetro, altura, largura e comprimento dife-
renciados dos existentes no mercado, com o objetivo de atender à demanda e à necessidade
dos segmentos da indústria química, petroquímica, siderurgia, metalurgia, petróleo e gás, etc.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
84

5.1 TÉCNICAS DE PLANIFICAÇÃO

Vamos dar mais um importante passo para que você se torne um excelente profissional com conheci-
mentos em Traçados de Caldeiraria. Você aprenderá como se faz para planificar peças utilizando o método
tradicional com o uso do compasso, do esquadro, da régua e do transferidor de grau para fazer os traçados,
mas antes aprenda como fazer as divisões de circunferências em 4 e em 12 partes iguais.

Divisão da circunferência em quatro partes iguais

Primeiro trace uma reta. No exemplo será usado 100 mm de comprimento do ponto A ao ponto B.

A B

Figura 44 -  Linha horizontal


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

E agora, como construir a perpendicular13 em relação a esta linha? Vamos lá! Siga o passo a passo e não
terá dificuldade na hora da traçagem.
a) Após traçar a linha horizontal, abra o compasso com uma abertura maior do que a metade do
comprimento da linha (Por exemplo, já que a metade da linha horizontal é de 50 mm, abra o
compasso até 70 mm. Com a ponta seca do compasso no ponto A, trace dois arcos, um acima e
um abaixo da linha).
b) Em seguida, troque a posição da ponta seca para o ponto B e traçe outros dois arcos, também
acima e abaixo da linha, marcando os pontos C e D. Por fim, pegue o esquadro e faça outra linha
passando pelos pontos C e D, conforme a figura a seguir.

13 Perpendicular: linha que forma o ângulo de 90° com a linha de referência.


5 Técnicas de traçagem
85

Perpendicular
C

A B
0

Ponto médio

Figura 45 -  Traçagem da linha perpendicular


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) A partir da linha horizontal e da perpendicular prontas, é só fixar a ponta seca do compasso no


ponto médio da reta, abrir o compasso até a ponta de marcação, tocar o ponto A ou B e girar a
ponta de marcação do compasso em 360°.

90o 90o

A B

90o 90o

Figura 46 -  Circunferência dividida em 4 partes


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Pronto! A circunferência está pronta e dividida em quatro partes iguais. Agora você verá como dividir
uma circunferência em 12 partes iguais.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
86

Divisão da circunferência em 12 partes iguais

Os passos para a divisão de uma circunferência em 12 partes iguais são fáceis. Veja:
a) Primeiro, trace a linha horizontal e a perpendicular com o diâmetro da circunferência desejada,
conforme processo anterior;
b) Abra o compasso com a metade do diâmetro desejado. Esse tamanho é chamado de raio da circun-
ferência;
c) Coloque a ponta seca do compasso no centro e dê um giro de 360°. Com a mesma abertura do
raio, coloque a ponta seca no ponto A e marque os pontos E e F.

C
E

A B

F
D
Figura 47 -  Marcação dos pontos E e F
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

d) Colocando a ponta seca nos outros pontos (B/C/D), repita o mesmo processo. No final as marcas
ficarão conforme a figura a seguir.

C
E G

J I

A B

K L

F H
D
Figura 48 -  Circunferência dividida em 12 partes
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Técnicas de traçagem
87

Pronto! A circunferência está dividida em 12 partes iguais. Você precisa ter o domínio desta técnica. Este
conhecimento será utilizado para desenvolver a maioria dos traçados.

5.1.1 CILINDRO DE BASE INCLINADA 30°

Agora, vamos fazer o traçado do cilindro de base inclinada com o diâmetro de 80 mm, altura de 120 mm
e ângulo de 30°.
É o mesmo processo da divisão da circunferência em 12 partes, basta apenas marcar os pontos na se-
micircunferência.
a) Depois de dividir a metade da circunferência em seis partes, puxe linhas retas horizontais de pelo
menos 125 mm, de cada ponto da divisão e identifique com números de 1 a 7;
b) Depois, posicione o esquadro a 30° na peça, trace a linha inclinada com ângulo de 30°;

120mm
7
6
5 30o

4
5 C1
3
2
1

C2

Figura 49 -  Posicionamento do esquadro


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

c) Trace uma linha horizontal com a medida do perímetro (3,1416 x 80) e divida em 12 partes iguais,
conforme figura a seguir;
d) Nestas divisões, levante linhas verticais com a altura da peça (120 mm). Depois, transfira as medi-
das encontradas no cilindro para a peça ao lado.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
88

Cilindro Planificado
7º 6º

7
6
30º 5º 5º
4º 4º

5 3º 3º
2º 2º
1º 1º
4

3
C1
2
1 A 1 2 3 4 5 6 7 6 5 4 3 2 1 B
DM x 3,1416

C2

Cilindro após conformação

Quadro 21 - Desenvolvimento e planificação do cilindro a 30°


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Concluímos o desenvolvimento do cilindro. Esperamos ter ajudado no aprendizado de mais um traçado.

SAIBA Para saber sobre as regras de arredondamento, pesquise através do site do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a Resolução nº 886, de 26 de outubro de
MAIS 1966 – Normas de Apresentação Tabular.

Vamos desenvolver mais um traçado muito importante. Por isso, falaremos sobre outro tipo de curva
com raios maiores, chamadas curvas de gomo.

5.1.2 curvas

As curvas são conexões utilizadas para mudança de direção em uma tubulação. Normalmente as curvas
de gomos são usadas quando o traçado das linhas não comporta uma conexão forjada. Ela é confecciona-
da nas dimensões desejadas e todo o seu traçado é feito no papelão, que chamamos de gabarito.
Depois do gabarito pronto, é colocado na parte externa do tubo para marcação e corte no ângulo de-
sejado.
5 Técnicas de traçagem
89

CURVA DE GOMO A 90° COM 2 SOLDAS EM TUBOS (UTILIZANDO GABARITO)

São peças confeccionadas em tubos, utilizadas em tubulação para mudança de direção. A curva de
gomo a 90° se diferencia do cotovelo por ter uma curva mais suave, resultando em um raio maior.
Acompanhe os passos a serem seguidos para traçar a planificação dos elementos que compõem a curva
de gomos a 90° com um gomo de 45° e dois semigomos de 22°30’. Esta planificação será realizada em um
gabarito de papelão, para posteriormente, transferir para o tubo.
a) 1º - trace uma semicircunferência com Ø 60 mm no lado esquerdo e divida em 6 partes iguais;
b) 2° - prolongue a linha CD de Ø 60 mm por mais 30 mm (raio da circunferência), ficando um com-
primento final de 90 mm;
c) 3° - trace o ângulo de 45° com uso do transferidor (coloque a linha de referência do transferidor
na linha de centro da circunferência, no ponto O);
d) 4° - trace uma linha inclinada com o ângulo encontrado;
e) 5° - trace linhas horizontais ligando as divisões da circunferência até a linha inclinada e marque
os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7;

C
7
6
5
A 4
3
2
1
D

30mm
45o

0
Figura 50 -  Desenvolvimento da curva de gomo
Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
90

f) 6º - calcule o perímetro da circunferência utilizando o cálculo: comprimento = (Ø externo do tubo


+ espessura do papelão) x 3,1416. Portanto, se o diâmetro do tubo é de 60 mm e a espessura do
papelão é 1/16’’ (1,58 mm), sua soma dará 61,58 mm. Multiplicando este valor por π, temos: 61,58
x 3,1416 = 193,46 mm. Arredonde o número para 193 mm;

193mm

Figura 51 -  Traçagem da reta para desenvolvimento da curva de gomo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

g) 7° - divida o comprimento de 193 mm em 12 partes iguais e numere, sendo a divisão do centro


identificada com o número 7 e as demais 6, 5, 4, 3, 2, 1;

45o

Figura 52 -  Divisão da reta para desenvolvimento da curva de gomo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

h) 8º - transfira a medida encontrada da linha CD da figura “Desenvolvimento da curva de gomo”


para os pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7;

45o

1 2 3 4 5 6 6 5 4 3 2 1

Figura 53 -  Traçagem das linhas verticais para desenvolvimento da curva de gomo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

i) 9° - ligue à mão livre ou com uma régua flexível as extremidades das linhas, de tal forma que fique
conforme o desenho a seguir;
5 Técnicas de traçagem
91

45o

1 2 3 4 5 6 6 5 4 3 2 1

Figura 54 -  Gabarito de meio gomo da curva


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

j) 10º - faça mais um gabarito igual ao anterior e divida ao meio, conforme desenho a seguir. Fican-
do com dois gabaritos, um inteiro (45°) e o outro pela metade (22°30’);

22°30'

Figura 55 -  Gabarito de meio gomo da curva


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

k) 11º - agora, após a conformação, a curva de gomos ficará conforme a figura Curva de gomo pronta.

A C

D
22,5 o
45
º
22,5

B
o

Figura 56 -  Curva de gomo pronta


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
92

As curvas de gomos a 90° podem ser produzidas com uma quantidade maior de elementos. Quanto
mais elementos, a curva será mais suave. Por exemplo: para fazer uma curva com quatro pedaços, construa
quatro semigomos de 22°30’.

Em um cotovelo a 90º com duas peças soldadas, a altura mínima de cada


CURIOSIDADES cilindro é igual ao diâmetro da tubulação.

Quando for solicitado para fazer uma curva de gomos, observe a quantidade de gomos e a quantidade
de solda que são solicitadas para traçar o ângulo corretamente.

5.1.3 Cones

Os cones são sólidos geométricos que possuem uma base circular. As linhas laterais se encontram em
único ponto chamado vértice.

14 13
16 15 12
ø50 17 11
10
E
9
8
H 7
50

S 6
5
G
4
C D 3
ø100 F 2
1
A B 1
9

2 8
3 7
4 5 6

Figura 57 -  Tronco de cone aberto


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para obter a planificação do tronco de cone:


a) Trace uma reta com o diâmetro maior do cone desejado (100 mm) e identifique como A e B;
b) Com a abertura do compasso igual ao raio, trace uma semicircunferência na parte inferior da reta
e divida em 8 partes iguais, numerando com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9;
c) Trace uma outra reta, com o comprimento de 50 mm, que corresponde ao diâmetro menor do
cone, a uma distância de 50 mm (altura do cone) da reta AB. Identifique esta reta como CD;
5 Técnicas de traçagem
93

d) Ligue com uma reta os pontos AC e outra reta os pontos BD, prolongando-as até se encontrarem.
Este ponto de encontro identifique como ponto S, que é vértice do cone;
e) Com a abertura do compasso igual a uma das divisões do arco AB (exemplo de 1 a 2), e com a
ponta seca do compasso em B, faça um semiarco do lado direito;
f) Com a ponta seca do compasso em S, e abertura do mesmo até o ponto B, a partir do semiarco
feito na etapa anterior, traça-se uma semicircunferência no sentido anti-horário, formando o arco
FE (arco maior);
g) Traçar uma reta ligando o ponto F ao ponto S;
h) Com a ponta seca em S e abertura do compasso de SD, traça-se outro arco, no sentido anti-
-horário, partindo da reta FS, identificado com ponto G (arco menor);
i) A seguir, abre-se o compasso com a abertura igual a uma das divisões do arco AB (exemplo de 1
até 2) e marca-se o dobro (16 partes) destas divisões no arco FE (arco maior), identificando como
pontos (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17);
j) Traçar uma reta ligando o ponto 17 (E) ao ponto S. No encontro desta reta com o arco com aber-
tura SG, identifique como ponto H.

Assim, temos a chapa planificada, para posterior calandragem e solda.

5.1.4 TRANSIÇÕES

Quando se fala em tubo, vem em nosso pensamento algo cilíndrico, não é? Entretanto, essa afirmação
não está 100% correta, visto que muitas tubulações podem ser construídas nas formas quadradas ou re-
tangulares.
Primeiro, vamos aprender como desenvolver um tipo de transição chamado de quadrado para redondo
concêntrico.

Quadrado para redondo concêntrico

Inicialmente, iremos fazer um gabarito na cartolina ou papelão. Para a primeira transição, utilizaremos
as seguintes dimensões: 140 x 140 mm para o quadrado e Ø 80 mm e 100 mm de altura para o redondo.
a) 1°: traçar um quadrado de 140 x 140 mm;
b) 2°: identificar os vértices do quadrado como (A, B, C e D);
c) 3°: dividir o quadrado ao meio, tanto no sentido vertical como no sentido horizontal, achando
assim o centro do quadrado, identificando como ponto (E);
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
94

d) 4°: a partir do centro deste quadrado, traçar uma circunferência com diâmetro 80 mm. Obs.: só
para lembrar, a abertura do compasso para traçar a circunferência é a metade do diâmetro, ou
seja, o raio é 40 mm;
e) 5°: dividir esta circunferência em 12 partes iguais. Fazemos isso com a mesma abertura do com-
passo para o traçado da circunferência (R = 40 mm), figura B no quadro “Desenvolvimento do
quadrado para redondo”, a seguir. Obs.: Lembre-se de que você já fez a divisão em 12 partes
iguais;
f) 6°: traçar as linhas da divisão da circunferência até os cantos do quadrado (pontos A, B, C e D);
g) 7°: depois numeramos as linhas dos quadrantes14 de baixo de: 1, 2, 3 e 4; e o outro quadrante da
circunferência de: 4, 3, 2 e 1, conforme figura C a seguir;

A B C
C M D

140
C 140 D 140 80
G
140 F
80 1 1
140 2
140
2
3 3
4 4
A 140 E B A B

Quadro 22 - Desenvolvimento do quadrado para redondo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

FIQUE Para saber o valor da corda (abertura do compasso) para qualquer divisão da circun-
ALERTA ferência, dividimos o perímetro pela quantidade de divisões que necessitamos.

Ainda não acabou! O nosso próximo passo será construir a verdadeira grandeza15 do quadrado para
redondo, fazendo assim o seu segundo gabarito.
h) 8°: vamos construir uma linha (horizontal) e uma perpendicular (vertical), com a altura e o lado da
peça (quadrado) no caso (100 x 140 mm);
i) Identificamos as linhas: horizontal como B e vertical como A;
j) 9°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (1, 4), coloque a ponta seca do compasso no
canto do quadrado (A), abra as pernas até o ponto 1 ou 4 da circunferência;

14 Quadrante: área do círculo ou quadrilátero dividida em 4 partes iguais.


15 Verdadeira grandeza: é o tamanho da peça no desenho exatamente igual ao real.
5 Técnicas de traçagem
95

Com a medida encontrada, coloque a ponta seca do compasso em (A) e marque na linha (B) a medida
encontrada. Esta será a verdadeira grandeza.
k) 10°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (2, 3), coloque a ponta seca do compasso no
canto do quadrado até o ponto 2 ou 3 da circunferência. Com a medida encontrada, coloque a
ponta seca do compasso em (A) e marque na linha (B) da verdadeira grandeza.
-- Depois ligue esta marcação até a ponta da linha vertical (A);

l) 11°: para encontrar a verdadeira grandeza do ponto (d), coloque a ponta seca do compasso no
ponto (G) e a ponta de marcação no ponto (F). Com a medida encontrada, coloque a ponta seca
do compasso em (0) e marque na linha (B) e depois ligue até a linha (A);

A Verdadeira grandeza

100

B
0 (d) (2,3) (1,4)
Figura 58 -  Verdadeira grandeza
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

m) 12°: traçar uma linha horizontal na chapa com a medida do quadrado (140 mm). Na verdadeira
grandeza, da figura do 11° passo, pegue com o compasso à distância de A até o ponto (1,4). Colo-
que a ponta seca do compasso em (A), trace um semiarco passando no meio do outro semiarco,
feito anteriormente, do lado esquerdo. Faça o mesmo semiarco em (B), do lado direito;
n) 13°: ligar o ponto 1 aos pontos A e B.

A B

Figura 59 -  Ligação dos pontos A e B


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
96

Vamos dar continuidade à planificação. Siga atento a cada passo:


a) 1°: vamos achar os pontos (2A, 2B).
-- Na circunferência da figura do 7° passo, com o compasso, meça a dimensão entre os pontos 1
a 2 da circunferência. Na figura, coloque a ponta seca do compasso em 1 e trace um semiarco
para direita e outro para esquerda;
-- Na verdadeira grandeza, da figura do 11° passo, pegue com o compasso a distância de A até o
ponto (2,3). Coloque a ponta seca do compasso em (A), trace um semiarco passando no meio
do outro semiarco, feito anteriormente, do lado esquerdo. Faça o mesmo semiarco em (B), do
lado direito;
-- Nos pontos de interseção, marque cada um como (2A, 2B).

b) 2°: agora encontre o ponto (3A,3B).


-- Na circunferência do 7° passo, com o compasso, meça a dimensão entre os pontos 2 a 3 da cir-
cunferência. Coloque a ponta seca do compasso em 2A e 2B e trace um semiarco para direita
e outro para esquerda;
-- Na verdadeira grandeza, da figura do 11° passo, pegue com o compasso a distância de A até o
ponto (2,3). Na figura, coloque a ponta seca do compasso em 2 do lado A e trace um semiarco
para esquerda. Com a mesma abertura do compasso, coloque a ponta seca em 2 do lado B e
trace um semiarco para direita;
-- Nos pontos de interseção, marque como (3A, 3B).

c) 3°: agora ache o ponto (4A, 4B).


-- Na circunferência da figura do 7° passo, com o compasso, pegue a dimensão entre os pontos 3
a 4 da circunferência. Na figura, coloque a ponta seca do compasso em 3A e trace um semiarco
para esquerda. Com a mesma abertura do compasso, coloque a ponta seca em 3B e trace um
semiarco para direita;
-- Na verdadeira grandeza, da figura do 11° passo, pegue com o compasso a distância de A até
o ponto (1,4). Volte à figura ao lado e coloque a ponta seca do compasso em (A), trace um
semiarco passando no meio do outro semiarco, feito anteriormente, do lado esquerdo. Faça o
mesmo semiarco em (B), do lado direito;
-- Nos pontos de interseção, marque como (4A, 4B).
5 Técnicas de traçagem
97

Interseção dos Semiarcos


4 4
3 3 3 2
2 2 2 3
1
1 2 2
1

A 140 B A B A B
140 140
FIGURA 2 A/B FIGURA 3 A/B FIGURA 4 A/B

Quadro 23 - Desenvolvimento da planificação do quadrado para redondo concêntrico


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

d) 4°: ligue os pontos (1, 2, 3 e 4) do lado A e faça o mesmo com os pontos (1, 2, 3 e 4) do lado B.
e) 5°: agora, ligue os pontos (2, 3 e 4) até A. Faça a mesma sequência do lado B.

4 4
3 3
2 2
1

A 140 B
Figura 60 -  Planificação da transição do quadrado para redondo concêntrico
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Agora acharemos o deslocamento da peça para concluir a traçagem de um lado da transição.


f) 6°: para achar o deslocamento da peça, utilize novamente a figura do 11° passo e a de verdadeira
grandeza.
-- Para isso, abra o compasso e meça a dimensão entre A e (d). Com essa abertura, volte à plani-
ficação, fixe a ponta seca do compasso em (4) do lado (A) e trace um semiarco;
-- Depois, colocando a ponta seca do compasso em 4, do lado (B).
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
98

g) 7°: com a abertura do compasso na medida da metade do quadrado, como no nosso exemplo 70
mm, e volte à planificação.
-- Fixe a ponta seca do compasso em A e trace um semiarco passando pelo outro semiarco feito
no passo anterior e marcando o ponto de interseção entre eles. Identifique como sendo (a1),
depois faça o mesmo em (B) e identifique como (b1).
h) 8º: com o esquadro ou régua, faça uma linha ligando A até a1. Depois, faça o mesmo de B até b1.
-- Para fechar a metade do quadrado para redondo, pegue uma régua ou esquadro e trace uma
linha do ponto (a1) até o ponto 4. Faça a mesma sequência de b1 a 4 do lado direito.

4 4
3 3
2 2
1

a1 b1

A 140 B

Figura 61 -  Quadrado para redondo concêntrico pronto


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Concluímos. Está pronta a metade do quadrado para redondo! Para traçar a outra metade, você vai
seguir o mesmo passo a passo explicado até aqui. Depois, basta fixar as partes.

5.1.5 interseções

A derivação faz parte das interseções, usada para unir tubos que seguem direções diferentes. É muito
utilizada nas tubulações industrias, principalmente quando há pouco espaço para utilizar uma conexão
forjada. As derivações podem ser fabricadas em chapas ou tubos.
Vamos agora acompanhar o passo a passo para o desenvolvimento e a planificação da derivação de 90°
no gabarito, através dos desenhos e das descrições. A derivação a 90° também é conhecida como “Boca de
lobo”, é a união entre dois tubos com diâmetros iguais com bico entroncado16 até o eixo do tubo17.
Vamos trabalhar com a derivação com o diâmetro de 60 mm. Altura de 80 mm. No desenvolvimento da
derivação, haverá a necessidade de traçar duas circunferências de diâmetros iguais.
16 Entroncado: encaixado.
17 Eixo do tubo: linha imaginária que passa no meio do tubo na direção do seu comprimento.
5 Técnicas de traçagem
99

a) 1°: trace a primeira circunferência e identifique como (A).


-- Afastado 100 mm de centro a centro de (A), faça a segunda circunferência identifique como
(B).
b) 2°: dividir as duas semicircunferências, (A) do lado esquerdo e (B) do lado direito em oito partes
iguais.
-- Ligue as divisões da semicircunferência (A) para a semicircunferência (B), identificando como
pontos 1, 2, 3, 4 e 5 a partir da linha de centro.
c) 3°: afastado 20 mm da borda da semicircunferência (A), trace uma linha vertical partindo do pon-
to1 para o ponto 5 da parte superior e inferior. Identifique esta linha com a letra C.

5
4 5
4
3 3
2 2 B
A
1 1

2
C 2

3 3
4 4
5
5

Figura 62 -  Desenvolvimento derivação a 90° (boca de lobo)


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

d) 4°: para fazer a planificação, calculamos o perímetro. Some o diâmetro externo do tubo, mais a
espessura do papelão e o resultado multiplique por Pi. Veja:
P = (D + esp) x Pi, onde:
P é igual ao perímetro;
D é igual ao diâmetro externo do tubo;
esp. é a espessura do papelão;
Pi é a constante 3,1416;
D = 60 mm;
Esp = 1,58 mm.
P = (60 + 1,58) x 3,1416 = 193,46 mm, arredonde para um número inteiro 193 mm.

e) 5°: divida essa linha em 16 partes iguais.


Ou seja: 193 = 12 mm
16
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
100

Identifique a linha central com o número 1. Ficarão oito partes para direita e oito para esquerda.
f) 6º: partindo da extremidade da esquerda, traçar linhas verticais para cima nestas 16 divisões,
identificando as divisões como ponto 1, 2, 3, 4, 5. Depois em ordem decrescente 4, 3, 2, 1; repete
a sequência de 1 até 5; e em ordem decrescente até o ponto 1.
Obs.: Feito isso, vamos trabalhar com as medidas das circunferências A e B. Veja a figura do 3° passo,
para facilitar a visualização da planificação.

1 2 3 4 5 4 3 2 1 2 3 4 5 4 3 2 1

Figura 63 -  Traçagem da perpendicular da derivação a 90°


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

7°: com o compasso, pegue a medida entre o ponto 1 da circunferência B e a ponta de marcação em 1
da linha C do 3°passo, e transfira para todos os pontos 1 da figura a seguir, do lado esquerdo. Faça o mesmo
procedimento para os outros pontos 2, 3, 4 e 5.
8°: ligue à mão livre ou com uma régua flexível os pontos. Temos o gabarito pronto. Agora é transferir
o perfil do gabarito para o tubo.

1 2 3 4 5 4 3 2 1 2 3 4 5 4 3 2 1

Quadro 24 - Planificação da derivação a 90° entre dois tubos com diâmetros iguais com bico
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

É preciso ter muito cuidado em executar o passo a passo para traçar uma derivação em boca de lobo.
Atente-se com as distâncias entre os pontos destacados na circunferência até a linha central C.
Você viu a forma de planificação para criar derivações a 90º em tubulações com mesmo diâmetro.
5 Técnicas de traçagem
101

5.1.6 TAMPOS

Os tampos servem para fazer o fechamento de uma tubulação por razões de segurança, para evitar
vazamentos de fluidos, a entrada de elementos estranhos, tais como: sujeira e até animais, além do lado
estético.

CHAPéU CHINÊS

O chapéu chinês é um acessório fabricado em chapas de aço ou alumínio. Ele é utilizado nos terminais
de chaminés, nos tubos na posição vertical, nas tubulações de combate a incêndio, no teto de tanques,
para um melhor direcionamento da água em caso de incêndio.
Vamos desenvolver um chapéu chinês, definindo os dados para a fabricação desse chapéu. Diâmetro
de 120 mm e altura de 80 mm.
a) 1°: trace uma linha horizontal com o diâmetro da peça 120 mm, identificando como ponto A e B;
b) 2°: divida a linha, identificando-a como ponto (0). Em seguida, trace uma linha vertical na parte
inferior com 80 mm, identificando como ponto C;
c) 3°: coloque a ponta seca do compasso no ponto C, a ponta de marcação em A e trace uma cir-
cunferência;
d) 4°: como o diâmetro do chapéu chinês que estamos fazendo é de 120 mm, vamos calcular a divi-
são deste diâmetro em 20 partes.

Para achar a medida da abertura do compasso para a divisão da circunferência em 20 partes, multipli-
que por Pi (p).
Onde:
Parte = π x diâmetro;
P = 3,1416 x 120 = 376,99 mm.
Dividindo por 20 = 18,85 mm, aproxima para 19 mm.

Marque na circunferência 20 espaços, a partir de B, com 19 mm e numere de 1 a 20, conforme figura a


seguir.
e) 5°: trace retas partindo dos pontos de 1 a 20 até o ponto C.
f) 6°: realize o processo de corte do material que não faz parte do chapéu chinês.

Depois de retirar a “sobra”, verifique se as medidas estão conforme o desenho e se a chapa já está libe-
rada para a conformação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
102

20
A B 1
19 2
20 1
A B 18 3
C
19 2
18 3 17 4
C
17 4 5
16
16 5
15 6
15 6 7
7 14
14
13 8 13 8
12
11 10 9 12
11 10 9

A81mm

B
ø225
m

Quadro 25 - Desenvolvimento, planificação e peça pronta – chapéu chinês


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Finalizamos mais uma etapa de conhecimento sobre traçado de peças de caldeiraria. Veremos agora as
técnicas para otimizar um traçado.

5.2 Otimização do traçado

Toda chapa possui uma largura e comprimento nominal18 padronizado.  Daí a importância de que a
leitura e interpretação de desenho sejam feitas corretamente. Com isso, haverá uma melhor otimização
das chapas.
Na seleção das chapas para realizar a confecção de uma peça, o profissional responsável pela tarefa
deve conhecer quais são as dimensões utilizadas para fazer a peça e quais as dimensões que resultarão na
sobra da chapa. As sobras de uma chapa, dependendo da dimensão, será uma peça no futuro. Para isso,
é recomendável organizar o que não foi aproveitado, deixando visível para ser utilizado o quanto antes.
Outro ponto a ser observado, antes de realizar o corte, é a possibilidade de traçar na mesma chapa
peças com características similares. Com mínimo de riscos podemos obter os cortes de peças. Com a utili-
zação deste tipo de plano haverá uma grande economia de chapa. 

18 Comprimento nominal: medida teórica de uma peça fabricada conforme a norma.


5 Técnicas de traçagem
103

Quando se tem uma quantidade de peças a ser fabricada, devemos analisar as geometrias, visando um
melhor plano de corte. As sobras podem ser reduzidas substancialmente se consultar os novos pedidos
que entraram na área de produção. Além de estar se antecipando aos prazos, está otimizando a utilização
dos materiais, reduzindo custo com aquisição.
Existem muitas empresas que possuem softwares para otimização dos materiais e dos profissionais en-
volvidos no corte. Para aquelas empresas que não tem essa tecnologia, o controle deverá ser feito manual-
mente. Os profissionais nestes casos precisarão fazer os cálculos para obter a quantidade exata de material
para realizar o corte/fabricação da peça.
Independentemente do tipo de tecnologia utilizada, a melhor maneira de fazer uma otimização de
material é ter um controle do estoque e das sobras existentes na empresa. O ganho obtido com o planeja-
mento de um plano de corte faz com que a sobras sejam reduzidas, com isso, a otimização surtirá o efeito
desejado. O objetivo sempre será o aproveitamento do material que se tornaria sucata. Essas informações
são importantes para diminuir o grau de desperdício.
Todos os profissionais devem estar envolvidos na melhoria dos processos de utilização do material.
Isto deve ocorrer desde o momento do envio do pedido de fabricação de uma peça nova, passando pelo
momento que chegam à área de gestão, até a finalização na área de produção.

Aproveitamento de chapas

Nos planos de corte de chapas para fabricação das peças, o traçador de caldeiraria precisa primeira-
mente observar a geometria da peça para aproveitar da melhor forma possível o material, principalmente
quando se tratar de uma chapa ainda inteira.
O plano de corte deve sempre realizar a marcação da peça na chapa, partindo de uma das suas extremi-
dades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material.
Por exemplo: para a fabricação de uma base para fixação de uma bomba com a dimensão de 140 x 240
mm, se tivermos uma chapa com dimensão de 150 x 260 mm:
a) Passo 1: mede-se primeiro a dimensão maior (260 mm);
b) Passo 2: mede-se a dimensão menor (140 mm);
c) Passo 3: a medição deve partir sempre da extremidade para o centro, de outra forma não será
possível o melhor aproveitamento da chapa e a redução do perímetro de corte.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
104

Veja o exemplo de como podemos fazer esta medição:

m 260mm

mm
m
0m

0m
15

150
14
260mm 240mm

Figura 64 -  Chapa cortada


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Para evitar o desperdício, ao receber o projeto para a fabricação de qualquer peça, é fundamental que o
traçador planeje o corte e realize todos os cálculos antes de executar a operação de corte. A falta de critério
no momento de cortar uma chapa pode gerar um custo muito elevado para a empresa.

Aproveitamento de tubos

Os tubos são vendidos comercialmente com comprimento de 6 metros, salvo nos casos de encomenda,
que podem ser encontrados com 12 metros.

FIQUE Todos os perfis são vendidos em metros, porém, no plano de corte todas as medidas
ALERTA devem estar em milímetros.

O aproveitamento dos tubos na fabricação de peças segue o mesmo princípio do aproveitamento de


chapas.
Vamos ver como podemos fazer isso?
Ao realizar um plano de corte de um tubo, vamos priorizar os cortes das peças com dimensões maiores.
Nosso exemplo será criar um plano de corte para a fabricação de oito peças, com as seguintes medidas:
(1098 mm, 998 mm, 1008 mm, 2798 mm, 1198 mm, 798 mm, 1958 mm e 1950 mm).
Temos a disponibilidade de dois (2) tubos com a dimensão de 6000 mm.

6000mm

Figura 65 -  Vara de tubo


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Técnicas de traçagem
105

O plano de corte para o aproveitamento máximo do material seria de acordo com figura a seguir. Com
uma sobra de aproximadamente 90 mm, considerando que em cada corte haverá a perda de 2 mm.
Veja a figura com o plano de corte do primeiro tubo:

Peça 1 Peça 2 Peça 3 Peça 4


2798mm 1098mm 1008mm 998mm

2798mm 1098mm 1008mm 998mm


Sobra

Figura 66 -  Tubos cortados em 4 diferentes dimensões


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Veja o segundo tubo com a mesma dimensão, mas com uma sobra de aproximadamente 88 mm. Teria
o seguinte plano de corte:

Peça 5 Peça 6 Peça 7 Peça 8


1958mm 1950mm 1198mm 798mm

1958mm 1950mm 1198mm 798mm


Sobra

Figura 67 -  Segundo tubo cortado em 4 diferentes dimensões


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Conforme estes dois planos de corte, se considerássemos um tubo com 12000 mm, sobrariam aproxi-
madamente 178 mm, que corresponde a uma sobra de 1,5% do comprimento total.

Aproveitamento de perfis

Os perfis são vendidos comercialmente com o comprimento de 6 metros. Conforme citado anterior-
mente, o plano de corte deve priorizar sempre a marcação para o corte dos perfis, partindo de uma das
suas extremidades para o centro, aproveitando assim a maior quantidade possível do material para fabri-
cação das peças.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
106

2” x 2” x 6000mm
Figura 68 -  Cantoneira L
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Vamos cortar as peças com as dimensões de 580 mm, 465 mm, 420 mm. As quantidades de cada peça
estão na tabela a seguir:

Peça 1
580 mm 580 mm 580 mm 580 mm
Peça 2
465 mm 465 mm 465 mm 465 mm
Peça 3
420 mm 420 mm 420 mm 420 mm

Tabela 1 - Plano de corte da cantoneira


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A cantoneira foi cortada baseada no plano de aproveitar a maior quantidade do material. O plano de
corte contemplou o corte de todas as peças requeridas, tendo uma sobra de 140 mm.

580mm 580mm 580mm 580mm 465mm 465mm 465mm 465mm 420mm 420mm 420mm 420mm

Sobra

Figura 69 -  Corte das cantoneiras com as dimensões solicitadas


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
5 Técnicas de traçagem
107

Percebeu como um bom planejamento de corte reduz ao mínimo a sobra de material? Precisamos fazer
essa prática a todo instante, os recursos materiais e financeiros não são somente uma preocupação da
gestão da empresa. É um esforço de todos envolvidos no processo de fabricação.

5.3 Traçagem assistida por computador

Com o surgimento dos microcomputadores, uma empresa que trabalha com projeto e fabricação de
peças de caldeiraria pode utilizar um software de traçagem assistido por computador. Este programa de
computador é utilizado na tarefa de planificar peças de caldeiraria e de tubulações. A traçagem assistida
por computador realiza a programação de peças de forma rápida e precisa.
O desenvolvimento da superfície de uma peça a ser construída é de suma importância na indústria de
caldeiraria. As peças utilizadas neste ramo são de pequeno, médio e grande porte, e possuem as mais varia-
das formas e dimensões. Como exemplo, temos tubulações e derivações para indústrias química, petroquí-
mica e de petróleo, estruturas metálicas para sustentação de equipamentos e cobertura de área, equipa-
mentos de processos estático como trocador de calor, torres de destilação, reatores, caldeiras, fornos, etc.
Dessa forma, é importante que a tarefa a desenvolver seja realizada de modo rápido e preciso. Atenden-
do essa demanda, há softwares no mercado para desenvolver a traçagem visando a confecção de peças
de caldeiraria. Estes softwares são utilizados para dinamizar o trabalho. Em muitas empresas que não têm
esses recursos, o trabalho é feito de modo manual.
Através de um comando numérico, as máquinas de corte como oxicorte, corte plasma, corte laser, jato
d´água, funcionam permitindo a possibilidade de fabricação de peças mais rápidas do que do processo
convencional.

5.4 Aspectos de segurança e meio ambiente aplicados à traçagem

Quando se fala em área de fabricação de peças de caldeiraria, temos que nos preocupar com os aspec-
tos de segurança, que envolve os riscos na execução das operações e das questões ambientais, pois neste
processo pode gerar resíduos de diferentes tipos de materiais.
Por envolver materiais metálicos e não metálicos, os procedimentos de segurança devem iniciar desde
a seleção do material para a execução da traçagem e continua durante e depois do corte.
Além de manipular peças com grandes dimensões e peso, temos também que ter cuidado com a ergo-
nomia. Em relação às questões ambientais, devemos ter cuidado com a destinação correta dos resíduos
gerados durante o corte das chapas, dos tubos e dos perfis durante o processo de fabricação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
108

5.4.1 Ergonomia

Diante da realidade atual, onde novas tecnologias são aplicadas para aumentar a produção, o profissio-
nal envolvido nas tarefas de traçagem das peças de caldeiraria devem aplicar métodos, processo e lógica
mais adequada durante a execução das tarefas.
Nos trabalhos realizados na área de produção de peças de caldeiraria, quando se tratar de chapas, tu-
bos e perfis de grandes dimensões, os profissionais envolvidos na tarefa devem utilizar os equipamentos
de movimentação de cargas adequados para cada atividade. Quando envolver movimentação de cargas
horizontais, sempre se deve fazer uso de paleteira19, empilhadeira ou outro equipamento adequado.

5.4.2 Tratamento de resíduos

Nas tarefas realizadas no dia a dia na área de produção de qualquer meio produtivo sobrará resíduos e
na fabricação de peças de caldeiraria não é diferente.
Se os profissionais envolvidos não tiverem uma atenção especial e uma gestão adequada para o tra-
tamento de resíduos, no futuro vai gerar um grande passivo ambiental. Você observou durante a leitura
deste livro a preocupação com o princípio da economicidade e aproveitamento de materiais.
As práticas que devem nortear a gestão de resíduos, nas empresas que trabalham na fabricação de pe-
ças de caldeiraria, começam desde o processo de traçagem, passam pelo processo de corte de material, até
finalmente soldar/parafusar os componentes. Os resíduos que são gerados durante este processo devem
ser descartados sempre dentro de contêineres ou recipientes de coleta seletiva. Porém, deve-se entender
que é preciso encontrar soluções para diminuir a quantidade desses resíduos.
Durante a geração de resíduo, a sua coleta e o transporte devem ser realizados de forma eficiente e
compatíveis com a classificação e quantidade.

CASOS E RELATOS

Descobrindo o erro
A empresa metalúrgica Irmãos Alves Fabricação e Manutenção S/A estava passando por muita di-
ficuldade em equilibrar suas contas pela falta de clientes.
Um dos sócios teve a ideia de investir na divulgação da empresa. Passou a sair para visitar as em-
presas das regiões próximas para oferecer os serviços da metalúrgica. No início, a estratégia passou
a dar resultados, a Irmãos Alves passou a ser muito procurada. Mas eles não conseguiam fechar
contratos ou segurar os clientes por muito tempo. E o mais engraçado era que todos os clientes elo-
giavam a qualidade do serviço. Então, o que estava dando errado?

19 Paleteira: equipamento hidráulico destinado à elevação de cargas sobre paletes.


5 Técnicas de traçagem
109

Os sócios resolveram fazer um curso de especialização e durante os estudos puderam perceber onde
estavam falhando. Era uma coisa muito simples, a sujeira no ambiente de trabalho e nas proximi-
dades da metalúrgica. A presença do lixo dava um aspecto de descuido e era contrário aos princípios
da maioria dos clientes.
A Irmãos Alves resolveu fazer mais um investimento, contratou uma equipe para fazer uma grande
limpeza dentro da empresa e nas proximidades. Mas não fizeram essa ação isolada, aproveitaram
o momento para fazer propaganda da metalúrgica. Para fazer a mudança causando um impacto,
escolheram a data de 5 de junho, que é o dia Mundial do Meio Ambiente, para fazer o evento inicial.
Contrataram alguns especialistas na área ambiental para dar palestras gratuitas sobre conservação
ambiental, descarte de resíduos e coleta seletiva. Compraram recipientes para fazer a coleta seletiva
dentro da empresa e na área próxima. Desenvolveram uma página no seu site da internet para tirar
dúvidas quanto ao descarte de resíduos e reciclagem. E investiu em treinamento para os funcionári-
os sobre conservação ambiental.
Após dois meses depois da primeira ação não houve mais perda de clientes, muito pelo contrário,
conseguiram fechar novos contratos. A comunidade local estava satisfeita com o trabalho da em-
presa que fundou uma espécie de museu aberto ao público. Esse local passou a ser usado para tratar
de assuntos relacionados à conservação do meio ambiente através de oficinas, teatrinhos para as
crianças e palestras em geral.

A classificação só é possível quando a empresa tem implantada a coleta seletiva. Um exemplo da impor-
tância da coleta seletiva são as sobras de materiais, como aço inox, que tem valor agregado maior do que
os materiais de aço-carbono na hora da venda.

5.5 EQUIPAMENTOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS

Estocagem de matéria-prima, o processo de fabricação, transporte e montagem dos produtos de cal-


deiraria e estruturas metálicas envolvem sempre uma grande movimentação de carga. Essa movimenta-
ção é um fator impactante no processo, pelo tempo de deslocamento e segurança desta operação, pelo
tamanho e peso dos produtos e pelos seus formatos irregulares.
Então para transportar essas cargas de modo mais racional e econômico, a indústria conta com uma
série de equipamentos e máquinas, além de acessórios e utensílios que auxiliam na movimentação destas
cargas. A partir deste momento abordaremos mais sobre esses equipamentos que podem ser manuais e
elétricos:
a) Talha Manual de corrente tipo alavanca: são equipamentos para movimentação e içamento20
de cargas, com capacidade e curso limitado em função da operação a executar. Suas cargas va-
riam de 300 kg a 3 toneladas. O acionamento é através de uma alavanca e podem ser acionados
tanto na posição vertical como horizontal.
20 Içamento: suspensão de cargas.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
110

Figura 70 -  Talha manual de corrente tipo alavanca


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

b) Talha manual de corrente: seu acionamento é manual e através de corrente. Esses equipamen-
tos são fixados em estruturas, içando na posição vertical ou colocado em tróleis21, fazendo movi-
mento de translação. Normalmente a carga é içada por correntes, que em função das necessida-
des, variam de tipos e de sistemas de transmissão.

Figura 71 -  Talha manual de corrente


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

c) Acessórios de movimentação de cargas: em todo transporte de carga é importante que o ope-


rador verifique se o acessório utilizado é adequado ao tipo de carga e se o engate está perfeito,
antes da elevação total da mesma.
21 Tróleis: carrinhos que se deslocam sobre trilhos, onde se coloca o sistema mecânico de elevação de carga.
5 Técnicas de traçagem
111

-- Cintas de náilon: adaptam-se facilmente a diversos tipos de cargas.

-- Capacidade de cargas: é variável conforme largura, tipo de costura, olhal e forma de utili-
zação;
-- Irregularidades: cortes, desgastes, deterioração e mau uso, quando detectados devem ser
substituídas;
-- Armazenamento: a cinta deve ser mantida limpa, isenta de óleos, graxa, produtos químicos
ou água salgada, em local apropriado sem exposição à luz solar;
-- Evitar uso de cintas em arestas metálicas, pois estas podem danificar a cinta e diminuir sua
vida útil.

Figura 72 -  Cinta de náilon


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

d) Manilhas: é um acessório formado por duas partes: coroa e pino (corpo desmontável, usada
normalmente para fixação de cargas).

Figura 73 -  Manilha
Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Nunca esqueça de verificar se todos os elementos que estão sendo utilizados para a movimentação de
carga estão em perfeitas condições para uso. Inspecione detalhadamente e, se houver sinal de desgaste ou
dano, providencie a substituição. Nunca faça improvisos, cada componente foi projetado para uma aplica-
ção. Muito cuidado, o que está em primeiro lugar é a saúde e segurança do trabalhador.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
112

RECAPITULANDO

Você chegou ao final deste capítulo. É hora de fazer a nossa recapitulação. Vimos o necessário para
desenvolver os principais traçados de caldeiraria em tubos e chapas e como utilizar os gabaritos
para transferir as medidas. Foram passadas as técnicas para construção de linhas perpendiculares
e divisão da circunferência em 12 partes, servindo como base para a construção dos traçados dos
cotovelos, curvas de gomos, tronco de cone, derivações do tipo boca de lobo. Foram trabalhadas
as técnicas para a elaboração das transições de quadrado para redondo e retângulo para redondo
concêntrico, além dos tampos do tipo chapéu chinês e do fechamento da ponta da tubulação meio
esférica.
Foi possível abordar sobre as formas de otimização do traçado para o melhor aproveitamento da
matéria-prima através de exemplos sobre o planejamento do corte que será realizado.
Os conhecimentos adquiridos sobre os equipamentos de movimentação de cargas e seus acessórios
que será de grande valia no momento de movimentar os materiais para fabricação de peças de cal-
deiraria. As formas de movimentação das cargas influenciam na segurança e saúde do trabalhador.
No próximo capítulo será abordado outro tema muito importante no processo de aprendizagem de
traçagem de peças de caldeiraria, que é a qualidade na traçagem.
5 Técnicas de traçagem
113
Qualidade na traçagem

Você já pensou sobre quando um produto não sai conforme as especificações de projeto?
E quando precisa retornar para corrigir o defeito e o local de fabricação fica a quilômetros de
distância? Imagine o transtorno. Nesta situação verifica-se a necessidade da qualidade.
Você conhece quais as ferramentas da qualidade mais eficazes para se obter peças de di-
mensões diferentes do que normalmente é oferecida comercialmente, sem perder a sua qua-
lidade?
Neste capítulo você conhecerá, como também as principais finalidades da qualidade da
traçagem no processo de fabricação de elementos de caldeiraria.
Temos que conhecer e executar os processos de traçagem para que possamos realizar os
serviços solicitados com qualidade.
Para desenvolver operações ligadas aos diferentes métodos e processos de traçagem, te-
mos que ter o conhecimento necessário para fabricar as peças com qualidade, utilizando as
ferramentas, instrumentos e os equipamentos de acordo com o desenvolvimento da tarefa,
obedecendo os critérios de uso.
Sabendo que após realizar o traçado de caldeiraria, o caldeireiro, durante o processo de
corte, deixa as peças com sobremetal. Isto significa que as dimensões utilizadas para o corte
ficam um pouco maior do que o traçado, devido à possibilidade dos equipamentos/ferramen-
tas utilizados para fazer este corte, tipo lâmina da tesoura com o fio de corte danificado, régua
da guilhotina desalinhada ou bico do aparelho de oxicorte inadequado ou danificado, fazendo
com que, mesmo com toda a habilidade que o profissional possua, os defeitos citados anterior-
mente irão influenciar no corte.
Com este sobremetal deixado, diminui a possibilidade de retirar material onde não é ne-
cessário, podendo ocasionar a perda da peça. Além disso, existe também em alguns casos, a
necessidade de deixar as peças um pouco maiores para realizar o ajuste no local da montagem
(campo).
Ter o conhecimento sobre qualidade por si só não é garantia de se obter um produto dentro
das especificações desejadas. Precisamos de outros mecanismos para garantir que esta quali-
dade se efetive, por isso, vamos conhecer alguns mecanismos que darão suporte para que esta
qualidade se concretize.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
116

6.1 INSPEÇÃO VISUAL DO TRAÇADO

A primeira inspeção a ser realizada sempre é a visual. Por se tratar de um método mais simples de ins-
peção, não requerendo instrumento sofisticado, dependendo exclusivamente da avaliação do profissional
que está executando a tarefa.
As três etapas da inspeção visual são:
a) Detecção: que é a procura para verificar se existe defeito na peça. Essa etapa pode ser dividida
em dois momentos:
-- Inspeção por acuidade visual: as inspeções visam garantir, de forma eficaz, que as dimen-
sões da peça que acabou de ser fabricada estejam conforme projeto, para que a mesma não
seja liberada da área de fabricação com algum defeito que poderá causar um problema grave
mais adiante, tempo perdido na montagem, onde não poderá ser montada ou precisará fazer
adaptações no campo para realizar a montagem. Adaptações estas que poderão colocar em
risco a planta e os colaboradores;
-- Inspeção por lupa: a lupa é um instrumento óptico munido de uma lente com capacidade
de ampliar imagens. É utilizada para observar com mais detalhe defeitos em superfícies que
não seria possível localizar utilizando só a visão humana.

Figura 74 -  Lupa para inspeção visual


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

b) Identificação: identificação de qual é o tipo de defeito;


c) Avaliação: que é avaliar se a peça pode ser aproveitada, segundo o critério de aceitação estabe-
lecido. Se o defeito ultrapassar o critério de aceitação estabelecido, deverá ser verificada se a peça
pode ser reparada. Caso não possa ser reparada, ela será rejeitada.

A imagem a seguir ilustra uma chapa com uma trinca externa, detectada através da inspeção visual,
antes de iniciar o traçado da(s) peça(s). Como foi detectada a trinca, essa chapa vai passar por um ensaio
não destrutivo para verificar se a falha é pontual ou em toda a sua superfície.
6 Qualidade na traçagem
117

Figura 75 -  Chapa com trinca visível


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Após a inspeção visual, caso haja necessidade, são realizados ensaios com aparelhos específicos para
detectar possíveis defeitos que não foram percebidos através da lupa.

Figura 76 -  Chapa com trinca visível apenas com a lupa


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

A depender da solicitação requerida para a peça e para qual tipo de equipamento foi fabricada a mes-
ma, antes de ser montada, deverá ser submetida a um ensaio não destrutivo.

Figura 77 -  Ensaio de ultrassom


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
118

O ensaio pode ser de líquido penetrante, ultrassom ou outro, visando evidenciar que a mesma suporta
os esforços a que será submetida.

END significa que ensaios não destrutivos são realizados em peças


componentes acabados ou semiacabados, para verificar a existência de
CURIOSIDADES defeitos com a vantagem de que, no final do teste, volta para o local de
trabalho sem sofrer nenhuma mudança na sua característica.

Encerramos uma etapa sobre os conhecimentos de inspeção visual do traçado e trataremos agora so-
bre o controle dimensional, assunto muito importante quando se trata de processo de fabricação e quali-
dade nos traçados.

6.2 Controle dimensional

Controle dimensional é um método capaz de verificar, de maneira eficiente, se as características dimen-


sionais das peças que estão sendo fabricadas estão de acordo com as especificações de projeto.
O profissional que atua no ramo de caldeiraria deve possuir conhecimento teórico e prático sobre di-
mensional, porque a atividade envolve o dimensionamento de estrutura metálica, tubulações e chapas de
caldeiraria que serão fabricadas para diversas finalidades.
A inspeção dimensional serve para verificar se as dimensões das peças estão conforme projeto, seguin-
do essas etapas na preparação dos materiais e ferramentas:
a) 1º Passo: selecionar e verificar a disponibilidade dos materiais e das ferramentas a serem utiliza-
das no processo de fabricação das peças. Antes de iniciar as atividades, realizar a sua inspeção e
colocar em local adequado as ferramentas e instrumentos;
b) 2° Passo: fazer uma inspeção nos equipamentos que vão ser utilizados durante o processo de
fabricação das peças, verificando se estão em boas condições de uso;
c) 3° Passo: no material a ser trabalhado, fazer marcação das posições dos cortes, utilizando mar-
cador industrial ou punção de bico, o que for mais adequado. E quando do uso de tinta, deve-se
utilizar uma de boa qualidade para facilitar a marcação da peça durante a traçagem, ficando o
traçado bem nítido. Evitar fazer riscos desnecessários nas peças durante a traçagem, para não
ocorrer equívocos durante o corte;
d) 4° Passo: inspecionar visualmente os instrumentos utilizados na traçagem quanto à limpeza,
lubrificação e guarda em local apropriado, sempre separados das ferramentas;
e) 5° Passo: ter o cuidado de não misturar as ferramentas utilizadas na traçagem de materiais de
aço inox com as ferramentas utilizadas na traçagem com materiais de aço-carbono, para evitar a
contaminação com o resíduo que fica nas ferramentas.
6 Qualidade na traçagem
119

Seguindo estes passos de um traçado bem definido, com o dimensional conforme o projeto, a possibi-
lidade de termos peças de boa qualidade é elevada.

CASOS E RELATOS

Controle de qualidade
Eduardo é traçador de caldeiraria há cinco anos e estava atuando como inspetor dimensional na em-
presa. Ele estava muito satisfeito com a sua área de atuação e buscava cada vez mais conhecimentos
sobre assuntos relacionados ao processo de fabricação de caldeiraria.
Certo dia, Eduardo, com seus equipamentos de proteção individual, recebeu a ordem de serviço.
Juntamente com outro colega, ele ficou responsável pela inspeção dimensional de alguns suportes
de tubulação. As peças foram fabricadas pelo grupo de trabalho da equipe da noite.
Eduardo e seu colega iniciaram a inspeção. Logo, perceberam que um dos lados de alguns suportes
da tubulação não estavam com a largura correta conforme pedia o desenho de projeto.
Eduardo, no seu relatório, apontou a não conformidade e sugeriu que antes da saída da área de fabri-
cação, para o departamento de qualidade, todas as peças passassem pela lista de verificação. Este pro-
cedimento evitaria grandes retrabalhos e preveniria possíveis problemas que pudessem passar desper-
cebidos.

Vimos a importância de seguir o passo a passo para ter um produto de caldeiraria com a qualidade de-
sejada e sua aceitação no mercado produtivo.
Antes da aplicação de revestimento, pintura ou qualquer outro tipo de tratamento, serão checadas se
todas as medidas da peça estão de acordo com as previstas no projeto.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
120

6.3 Normas Codificação e Padronização industrial (ISO, ABNT) aplicáveis à traçagem

As empresas precisam transmitir confiabilidade de que possuem capacidade de fornecer produtos em


conformidade com os requisitos exigidos pelo cliente. Para que isto venha acontecer, a empresa deve
implantar uma filosofia de busca de melhoria contínua, com vista de um atendimento ao cliente cada vez
melhor.
Deve-se evitar reclamação dos clientes e, se houver, que seja prontamente resolvida. Evitando, assim,
que as reclamações se tornem rotina. Ou seja, é necessário criar procedimentos visando evitar erros.
Baseado nesta premissa, o processo de fabricação deve possuir um sistema de rastreabilidade22 eficaz,
que garanta a qualidade do produto, assegurando a qualidade da matéria-prima e do processo, disponibi-
lizando, caso seja necessário, estas informações.
A empresa deve também ter uma equipe de atendimento para informar sobre o andamento do serviço
e o prazo de entrega do produto.
Toda essa gestão da qualidade se faz necessária, porque muitas das vezes são solicitadas confecções de
peças que serão utilizadas em equipamentos que operam com produtos perigosos e com alta pressão e
temperatura. Esta rastreabilidade é importante para ter a visão e o controle do processo e, com isso, garan-
tir que o produto é confiável no aspecto de segurança e de proteção ao meio ambiente.
Nesse processo de fabricação é importante que o técnico siga uma padronização priorizando a qualida-
de, visto que as peças produzidas podem atender ao mercado nacional ou internacional.
Assim, existem normas para que essas questões sejam cumpridas, como as normas ISO e ABNT. As nor-
mas ISO são regras que certificam produtos e serviços de acordo com as especificações da Organização
Internacional de Padronização.
a) Norma ISO: essas normas são utilizadas por empresas que desejam utilizar sistemas de gestão e
certificadas por meio desse organismo internacional, pelos motivos de que diversos produtos de
caldeiraria poderão ser fabricados para outros países. Se a empresa não tiver a certificação, fica
impedida de vender seus produtos no mercado externo. Por isso, a importância de manter ins-
trumentos calibrados, seguir as normas de segurança na execução de operação de traçar, marcar,
furar, cortar, planificar e desbastar peças;
b) Norma ABNT: é o órgão responsável pela normalização técnica no Brasil. Trabalha junto com
empresas, consumidores e outros diversos grupos na elaboração, aprovação e divulgação de nor-
mas. As empresas que trabalham com processo de fabricação de caldeiraria que ainda não pos-
suem certificação implantam algumas normas com intuito de obter esta certificação.

Duas normas da ABNT também se relacionam com a certificação dos profissionais envolvidos na tarefa
de caldeiraria, que são caldeireiro montador que segue a norma NBR 15151 e o caldeireiro de manutenção
a norma NBR 15153.

22 Rastreabilidade: capacidade de recuperar um histórico, aplicar ou localizar um material ou um determinado produto através
de identificação registrada.
6 Qualidade na traçagem
121

Consulte as normas API (Instituto Americano de Petróleo), onde encontrará os proce-


SAIBA dimentos na fabricação de peças de tanques para armazenamento de produto de pe-
tróleo; ASME, que é uma padronização da Sociedade dos Engenheiros Mecânicos dos
MAIS Estados Unidos (American Society of Mechanical Engineers - ASME) que regulamenta o
projeto e construção de caldeiras e vasos de pressão.

Com os conhecimentos adquiridos sobre normas, vamos para mais um conhecimento muito importan-
te na formação profissional, que trata sobre os documentos das ferramentas da qualidade.

6.4 Documentações de registro (lista de verificação)

As ferramentas da qualidade são métodos conhecidos por adequar, monitorar e controlar processos,
resultando na qualidade de um determinado processo. Esse conjunto de ferramentas possibilita, também,
a melhoria contínua, garantindo ao produto os requisitos de qualidade adequada.
Existem diversas ferramentas da qualidade, no entanto, iremos conhecer uma delas, que é a lista de
verificação.
O que é uma lista de verificação?
A lista de verificação é uma ferramenta da qualidade. Ela identifica o que pode ser controlado e define
os itens que devem ser verificados.
Antes da liberação para execução do serviço de traçagem, os profissionais envolvidos nesta tarefa de-
vem realizar uma verificação dos recursos necessários quanto a materiais, ferramentas, instrumentos e
equipamentos que serão utilizados no seu local de trabalho.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
122

A lista de verificação é um documento com o qual os profissionais podem contar para realizar esse le-
vantamento.
A figura seguinte ilustra um exemplo de uma lista de verificação (checklist), com algumas etapas para
realização de um projeto de fabricação de uma peça de caldeiraria. Desde da requisição do material ao
suprimento, até a entrega na área de fabricação.

Lista de Verificação

OBRA: DATA:
CÓDIGO 20/02/17
INSPEÇÃO: ( ) INICIAL ( ) PERIÓDICO
ATIVIDADE:
LOCAL DA INSPEÇÃO:
PARTICIPANTES:
EMPRESA:
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA:

C= CONFORME NC= NÃO CONFORME NA= NÃO SE APLICA

Prazo
ATIVIDADES Reinspeção
Correção
ITEM C NC NA DATA C NC
Traçagem de peças de caldeiraria

O desenho de projeto está acessível


1 aos profissionais envolvidos na tarefa
x 20/02/2017

Calcular a quantidade de material


2 para realizar a tarefa
x 20/02/2017

Entrega no almoxarifado da requisição


3 para separação do material
x 20/02/2017

Envio do material para oficina de


4 traçagem
x 20/02/2017

Figura 78 -  Lista de verificação inicial


Fonte: SENAI DR BA, 2018.
6 Qualidade na traçagem
123

Dando continuidade à lista de verificação, vamos à etapa da traçagem da peça de caldeiraria.

Lista de Verificação

OBRA: CÓDIGO DATA:


INSPEÇÃO: ( ) INICIAL ( ) PERIÓDICO
ATIVIDADE:
LOCAL DA INSPEÇÃO:
PARTICIPANTES:
EMPRESA:
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA:

C= CONFORME NC= NÃO CONFORME NA= NÃO SE APLICA

Prazo
ATIVIDADES Reinspeção
Correção
ITEM C NC NA DATA C NC
Traçagem de peças de caldeiraria

1 Chapa com superfície lisa x


2 Dimensões conforme padrão 2 x 1 m x
3 Apresenta amasso ou empeno x
4 Material conforme solicitado no projeto x
5 Ferramentas de marcação afiadas x
Máquinas adequadas para realização
6 x
do corte
7 Desenho com traços bem visível x
8 Equipamento de movimentação de
cargas adequado x

9 Profissional de apoio x

Figura 79 -  Lista de verificação final


Fonte: SENAI DR BA, 2018.

Como você pôde ter observado na lista de verificação, foram listados vários itens de controle, como a
importância da checagem da dimensão da peça, se a mesma está conforme a solicitação de projeto, se há
empeno que vai influenciar no momento da conformação.
TRAÇAGEM DE CALDEIRARIA
124

RECAPITULANDO

Acabamos mais um capítulo do livro sobre a qualidade da traçagem, onde vimos o processo de
inspeção visual, com a utilização da lupa, a detecção de uma falha externa na superfície de uma
chapa.
Vimos a importância da utilização das ferramentas da qualidade e todo o processo que o profissional
de traçagem executa para a confecção de uma peça.
E, também, o controle sobre ferramentas, máquinas e instrumentos visando colocar um profissional
diferenciado no mercado de trabalho, os procedimentos que devemos utilizar quando trabalhamos
com material diferente do aço-carbono, bem como a lista de verificação, que é um checklist de todo
o processo de produção, desde o projeto até a conclusão do produto final.
Com isso, acabamos de obter mais uma gama de conhecimentos. Esperamos ter contribuindo para
a mudança na sua carreira profissional. Continue estudando!
6 Qualidade na traçagem
125
REFERÊNCIAS

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_______. ABNT NBR 10067:1995. São Paulo: ABNT, 1995.
_______. ABNT NBR 12298:1995. São Paulo: ABNT, 1995.
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FREIRE, J. M. Fundamentos de tecnologia mecânica: instrumento e ferramentas manuais.
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______. Guilhotina elétrica. Figura 19. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.
com/pt/image-photo/metalworking-shop-guillotine-shears-grinding-lathes-692456887>.
Acesso em: 13 jun. 2018.
______. Oxicorte. Figura 20. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/
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SHUTTERSTOCK. Máquina de corte plasma. Figura 21. 2018. Disponível em: <https://
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Acesso em: 13 jun. 2018.
______. Esmerilhadeira. Figura 22. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/
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______. Disco de desbaste. Figura 26. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.
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______. Fixação do disco na esmerilhadeira. Figura 28. 2018. Disponível em:
<https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/worker-captures-circular-saw-blade-
on-238352077>. Acesso em: 14 jun. 2018.
______. Escova rotativa. Figura 30. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/
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2018.
______. Lixamento. Figura 33. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/
image-photo/close-photo-worker-hand-using-sandpaper-646338175>. Acesso em: 14 jun.
2018.
______. Jateamento. Figura 34. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/
image-photo/surface-preparation-by-sand-blasting-427667125>. Acesso em: 14 jun. 2018.
______. Hidrojateamento. Figura 35. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.
com/pt/image-photo/worker-cleaning-machine-equipment-by-using-377391160>. Acesso
em: 14 jun. 2018.
______. Galvanização. Figura 36. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/
image-photo/galvanizing-metal-706730731>. Acesso em: 14 jun. 2018.
______. Pintura com utilização de pistola. Figura 37. 2018. Disponível em:
<https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/primer-painting-by-spray-gun-
protectection-427727971>. Acesso em: 14 jun. 2018.
______. Lupa para inspeção visual. Figura 76. 2018. Disponível em: <https://www.
shutterstock.com/pt/image-vector/realistic-vector-magnifying-glass-33210949>. Acesso
em: 14 jun. 2018.
______. Ensaio de ultrassom. Figura 79. 2018. Disponível em: <https://www.shutterstock.
com/pt/image-photo/ultrasonic-test-detect-imperfection-defect-steel-616141199>.
Acesso em: 14 jun. 2018.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

DAIANE AMANCIO MENDES


Daiane Amancio Mendes é licenciada em Letras Vernáculas pela Universidade do Estado da Bahia,
especialista em Docência do Ensino Superior pela FTC Comércio, cursa especialização em Revisão
de Texto pela Faculdade Unyleya – DF e é Mestranda em Educação e Contemporaneidade pela
Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atuou por dez anos na educação básica e hoje é revisora
ortográfica no SENAI DR BA, onde atua no desenvolvimento de material didático e instrucional
para educação profissional técnica.

GREGÓRIO DE SOUZA
Gregório de Souza é Pós-graduando em Educação de Jovens e Adultos na Faculdade Afonso Cláu-
dio. Graduado em pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Cursou Nível Técnico
de Eletromecânica na Escola Técnica de Eletromecânica da Bahia em Salvador - Bahia. Atua na
área Metalmecânica há 26 anos. Tem experiência na área de Tubulações, Caldeiraria e Estrutura
Metálica. Atuou no setor de manutenção industrial na CEMAN – Central de Manutenção de Ca-
maçari. Foi examinador do CEQUAL – Bahia na parceria SENAI DR BA e ABRAMAN - Associação
Brasileira de Manutenção.

HILDEBRANDO SANTOS PINTO


Hildebrando Santos Pinto é tecnólogo em Manutenção Mecânica pelo CENTEC (Centro de Edu-
cação Tecnológico da Bahia), licenciado em Física pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB,
Licenciatura Plena, Programa Especial de Formação Pedagógica para Formadores da Educação
Profissional pela UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina). Atuou na área industrial em
fabricação mecânica durante 18 anos; na área de projetos mecânicos e estrutural durante 7 anos;
na área de educação há 19 anos. Atualmente trabalha na área petrolífera há 12 anos e no SENAI
ITED na elaboração e revisão de material didático para cursos a distância.
Índice

A
atrito 62

C
CAD 37
cadeia de comando 26
comprimento nominal 102
croqui 44, 49

D
denotativo 19
didática 25

E
eixo do tubo 98
entroncado 98
escalonamento 42

I
içamento 110
intercambiabilidade 64, 67, 68

M
morosa 26

P
paleteira 108
perpendicular 84, 85, 86, 94, 95

Q
quadrante 94

R
rastreabilidade 120
reentrâncias 62

T
TAG 75
tróleis 110

V
verdadeira grandeza 94, 95, 96, 97
visualização humana 56
SENAI – Departamento Nacional
Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo

Luiz Eduardo Leão


Gerente de Tecnologias Educacionais

Fabíola de Luca Coimbra Bomtempo


Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Catarina Gama Catão


Apoio Técnico

SENAI – Departamento Regional da bahia

Ricardo Santos Lima


Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Didáticos

Daiane Amancio
Gregório de Souza
Hildebrando Santos Pinto
Elaboração

Solano Cristóvão da Silveira


Washington Souza Pereira
Revisão Técnica

Solano Cristovão da Silveira


Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Luiz Lima da Costa


Igor Nogueira Oliveira Dantas
Coordenação de Produção

Paula Fernanda Lopes Guimarães


Coordenação de Projeto
Lorena Bárbara da Rocha Ribeiro
Monique Ramos Quintanilha
Thaís Araújo Soares
Design Educacional

Mariane Oliveira
Estagiária

Regiani Coser Cravo


Revisão Ortográfica e Gramatical

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Daniel Soares Araújo
Fábio Ramon Rego da Silva
Thalita Rafaela Gomes da Hora
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Vinicius Vidal da Cruz
Ilustrações e Tratamento de Imagens

Nelson Antônio Correia Filho


Fotografia

Alex Ricardo de Lima Romano


Antônio Ivo Ferreira Lima
Leonardo Silveira
Vinicius Vidal da Cruz
Diagramação, Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Renata Oliveira de Souza CRB - 5 / 1716


Normalização - Ficha Catalográfica

Regiani Coser Cravo


Revisão de Padronização e da Diagramação

Carlos Tadeu Coelho Benevides


Edgar Steglich Olzewski Junior
Ideval Alves Filho
Lucas Landriny Costa Filgueira
Rafael George Gomes dos Santos
Solano Cristovão da Silveira
Comitê Técnico de Avaliação

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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