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Movimentos

Sociais na
República Velha
Movimentos Messiânicos
 Termo messianismo: utilizado para designar movimentos sociais
compostos por milhares de sertanejos liderados por um religioso;
 Atribuíam ao líderes: poder de cura, milagres, profetização dos
acontecimentos;
 Desenvolveu-se em áreas marcadas pela miséria e pela pobreza;
Organização popular – buscava defender a Igreja e seus princípios;
 principais revoltas messiânicas: Canudos e Contestado

Contexto do surgimento de movimentos


messiânicos no Brasil:

Tensão ente Estado e Igreja no começo da


República: fim do padroado
(Igreja sofre limitações políticas impostas pela
nova ordem  reações populares diante dos
questionamentos e da perda de poder das
autoridades religiosas Cena do filme Canudos
Canudos
• Local: Bahia – antiga fazenda de Monte Belo
• Liderado por Antônio Conselheiro
- Nascido em Quixeramobim (província do Ceará) em
1824;
- Forte educação religiosa;
- Filho de comerciante, estudou português, francês e
latim - assume negócios do pai após sua morte;
- Fuga da esposa com um militar altera rumos de sua
vida: Conselheiro passa a perambular pelo nordeste
em busca dos traidores;
- Preso em 1877 acusado de matar a mulher – solto
por falta de provas;
- 1893: Conselheiro e seguidores fixam-se na região
de Canudos, às margens do rio Vaza barris; Gravura do século
XIX de Conselheiro
O arraial de Canudos
O arraial de Canudos
• 1893: Antônio Conselheiro e seus discípulos fixam-se em
uma antiga, abandonada e estéril fazenda, chamada de
Belo Monte;
• Arraial:
 organização comunitária: habitantes trabalhavam
coletivamente para sobrevivência;
 Em seu auge possuía aproximadamente 25 mil habitantes;
 Região autônoma, com regras próprias de sobrevivência:
não se submetia aos poderosos coronéis, aos governos e
nem à Igreja;
 Conselheiro era contrário à Separação entre Igreja e
Estado (taxado de monarquista);
Episódio determinante: Canudos se insurge contra imposto e frades da Diocese da
Bahia foram enviados ao arraial para tentar acabar com a comunidade – fracassam

Canudos, segunda comunidade mais populosa da Bahia, passa a ser AMEAÇA para
ordem republicana
A guerra de Canudos
Expedições Acontecimentos

1ª Expedição (4 a 21 de novembro de 1896) -Governador da BA ordena expedição para defesa de


Juazeiro;
- Expedição com 100 praças comandada pelo tenente
Manuel Ferreira;
- Derrotada;

2ª Expedição (outubro de 1896 a janeiro de 1897) -Formada por 543 praças, 14 oficiais e 3 médicos;
-O primeiro e segundo combate são na Travessia do
Cambaio, com mais de 400 jagunços mortos;
-Retirada para Canudos, há uma debandada geral;

3ª Expedição (fevereiro a março de 1897) -Expedição Moreira César;


- Chega a Queimadas com 1300 homens;
- Ao adentrar o arraial, Moreira César é morto;
- Expedição dissolvida bate em retirada;

4ª Expedição (junho a outubro de 1897) -Expedição dividida em 2 colunas, uma com 1.933
homens e outra com 2.350;
-Assalto ao arraial com 947 baixas;
- Chegam reforços de 2 brigadas da Bahia;
- Bombardeio de Canudos – morre Conselheiro;
-Canudos é sitiada – no assalto final, 567 baixas, 300
prisioneiros (mulheres, crianças e velhos)
- 5.200 casas são dinamitadas;
1897 : Jornalista Euclides da Cunha
– Republicano, partiu para a Bahia
convicto de que a República iria
derrotar Canudos;
– Adotou nova perspectiva durante o
período que esteve lá → história
assumiu tom de denúncia

Responsabilizou a Igreja, a Repú blica, o


governo estadual baiano e, sobretudo,
o Exército pelo massacre dos
habitantes de Canudos. Projetou sobre
as plantas da caatinga a tragédia de
Canudos inscrita na pró pria natureza,
com visõ es do desfecho da guerra: a
decapitaçã o dos prisioneiros, o
calvá rios dos resistentes, dizimados
pela fome, sede, doenças e pelos
projéteis do Exército.
Seu livro virou monumento; é o
memorial de Canudos.
 
“A urbs monstruosa, de barro, definia bem a civitas sinistra do
erro. O novo povoado surgia, dentro de algumas semanas já feito
ruínas. Nascia velho. Visto de longe, desdobrado pelo cômodos,
atulhando as canhadas, cobrindo área enorme, truncado nas
quebradas, revolto nos pendores - tinha o aspecto perfeito de uma
cidade cujo solo houvesse sido sacudido e brutalmente dobrado
por um terremoto.
Não se distinguiam as ruas. Substituía-as dédalo desesperador
de becos estreitíssimos, mal separando o baralhamento caótico dos
casebres feitos ao acaso, testadas volvidas para todos os pontos,
cumeeiras orientando-se para todos os rumos, como se tudo aquilo
fosse construído, febrilmente, numa noite, por uma multidão de
loucos ...”
CUNHA, E. Os Sertões. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003
Canudos…
“Canudos incomodou o governo da Repú blica e os grandes proprietá rios
de terras da regiã o por uma razã o principal: era uma nova maneira de
viver no sertã o, à parte do sistema de poder constituído. É certo que o
arraial nã o chegou a representar uma experiência de vida igualitá ria – o
desenho urbano da comunidade, bem como a distribuiçã o de tarefas e as
relaçõ es sociais entre seus membros, indicava que as hierarquias nã o
foram eliminadas. Mas é certo também que se tratava de uma
experiência social e política distinta daquela do governo central
republicano: o trabalho no arraial baseava-se no princípio de posse e
uso coletivo da terra, e na distribuiçã o do que nela se produzia. Todos
que chegavam lá recebiam gratuitamente uma porçã o de terra onde
viver e trabalhar. Havia plantaçõ es diversas, criaçã o de gado e animais
de montaria, e fabricava-se couro curtido. O resultado da produçã o era
dividido entre o trabalhador e a comunidade, a autoridade religiosa do
Conselheiro nã o dependia do reconhecimento da Igreja Cató lica, e
Canudos nã o estava submetido nem aos proprietá rios de terras nem aos
chefes políticos da regiã o – representava um elemento perturbador num
mundo dominado pelo latifú ndio.”
Guerra do Contestado
Contexto

 Início do século XIX: SC E PR


disputavam a delimitação de
fronteiras;

 Construção da ferrovia que liga


SP ao RS;

1908: Brazil Railway Company


recebe concessão do governo
federal para exploração da
madeira ao longo da estrada de
ferro;
A liderança: José Maria

Quem era?
-Monge;
- Conselheiro e com fama de
curar doenças;
- Desertor do exército e
monarquista;

Suas ideias

Ideias do monge causam


-Profetizava “monarquia celeste”, dirigida por preocupação!!
Messias redentor dos pobres; Fazendeiros locais
- atraiu camponeses para Taquaruçu; expulsam monges e seus
-Não permitia propriedade de terras nem seguidores;
cobrança de impostos em sua propriedade; Seguem para a região do
Resultaram CONTESTADO.
No Contestado, chegada de monges e seguidores foi entendida como “Invasão
catarinense”  Recebida com balas

Batalha Sangrenta
 José Maria é morto;
 Tropas estaduais DERROTADAS
 Ganha força crença na ressurreição de monge
(SEBASTIANISMO)
 Guerra Santa: seguidores de José Maria invadem e
saqueiam cidades;

Epidemias de tifo e fome dizimam


rebeldes.
1916 – com maciça intervenção do
exército, é o fim do
“reduto monarquista no sul”
Área do Contestado é dividida entre
PR e SC.
Cangaço
Movimento social no interior do
Nordeste, entre o final do século
XIX e início do século XX

“Banditismo social”;
Ação armada violenta
de grupos armados de
sertanejos, os
“cangaceiros”;
Para as autoridades:
foras da lei
Para a população: heróis
“O bandido social é, em geral, membro de uma
sociedade rural e, por razões várias, encarado
como proscrito ou criminoso pelo Estado e
-Percorrem o sertão; pelos grandes proprietários. Apesar disso,
-Assaltam viajantes nas continua a fazer parte da sociedade
cidades; camponesa de que é originário e é
-Pilham cidades, invadem considerado herói por sua gente, seja ele um
propriedades; justiceiro, um vingador, ou alguém que rouba
dos ricos”
(Carlos Alberto Dórias, SAGA. A GRANDE HISTÓRIA DO BRASIL)
Cangaço é entendido como reação aos coronéis e autoridades, vistos como
responsáveis pela miséria e abandono dos sertanejos
Padre Cícero e o milagre de
Juazeiro do Norte

1872: padre Cícero Romão Batista


(conhecido como “padim Ciço”,
estabeleceu-se em Juazeiro do Norte
– sonho santo;

•A partir de 1889 começou a ganhar


fama de santo, após uma beata, ao
comungar, afirmar ter sentido a hóstia
transformar-se no sangue de Cristo;

•Prestígio religioso acompanhado do


prestígio político;

•1911: torna-se o primeiro prefeito de


Juazeiro, onde era adorado;
Revolta da Chibata (1910)
Revoltosos
Castigos físicos ainda eram queriam
FIM DOS CASTIGOS
comuns na Marinha brasileira,
CORPORAIS NA
mesmo com o fim da
MARINHA
escravidão.

Estopim: Marinheiro
Marcelino Menezes é
condenado à 250 chibatas;
 tomaram o comando das
embarcações, liderados pelo
“Almirante Negro” João
Cândido;
notícia se espalha, muitos
moradores deixam a cidade
mas outros apoiam os
rebeldes;
Após primeiro tiro de
canhão, Hermes da Fonseca
volta imediatamente para
Catete
“Não queremos a volta da chibata.
Isso pedimos ao presidente da
República, ao ministro da Marinha.
Queremos resposta já e já. Caso não
tenhamos, bombardearemos cidade e
navios que não se revoltarem.
Assinado: guarnições Minas, São
Paulo e Bahia”.

Primeira mensagem dos revoltosos, captada


pela Rádio Babilônia, e ouvida pelo presidente
Hermes da Fonseca no gabinete
Após 4 dias de revoltas, presidente Há muito tempo nas águas
Hermes da Fonseca decreta o FIM Da Guanabara
O dragão no mar reapareceu
dos castigos corporais.
Na figura de um bravo
Revoltosos:
Feiticeiro
-17 marujos foram levados para a
A quem a história
Ilha das Cobras Não esqueceu
- Restante partiu em navio para
Conhecido como
Amazônia Navegante negro
Tinha a dignidade de um
Mestre-sala
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos
jamais
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos
jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
O Mestre Sala dos mares de Aldir Blanc e João Bosco
Revolta da Vacina (1904)
Contexto
Intenso processo de reforma urbana ocorrido no Rio de Janeiro no começo do
século XX;
Intenso crescimento do número de cortiços, onde se amontoavam os mais pobres
que chegavam à cidade;
Construções insalubres eram propícias à disseminação de doenças;

“As autoridades consideravam


os cortiços antros de doenças e
de pouca-vergonha. Para a
mentalidade da época, que aliás
não mudou muito, as moradias
pobres abrigavam as classes
perigosas, sujas, de onde saíam
as epidemias e toda sorte de
ruindade”
Sidney Chalhoub, autor de “Cidade Febril”
Inspiração: Paris do Barão de Haussman
Georges Eugène Haussmann, o barão de Haussmann, empreendeu uma série de
reformas enquanto ocupou a prefeitura de Paris por 17 anos.

Velha Paris: Pós reformas:


-Ruas tortuosas e estreitas; -Nova estética nas fachadas
-Graves problemas de dos prédios, que estavam
higiene e locomoção; alinhados em amplas
-Dificuldade de acomodar avenidas largas
população cada vez mais arborizadas;
numerosa; -Prédios públicos recém
-Ruas insalubres, sistema construídos;
de esgoto obsoleto - Transporte reorganizado e
ampliado;
-Iluminação à gás triplicou;

Haussman acreditava firmemente na ciência: para ele, a ciência era superior


à arte e devia vir acompanhada da utilidade. Em seu projeto, os
engenheiros tinham mais espaço que os arquitetos.
A inspiração...

Objetivo de Haussman de tornar a França moderna e arejada foi exportado


para o mundo inteiro.
Início do século XX – Brasil estava na efervescência da Belle Époque e o estilo
de vida parisiense era uma meta a ser seguida;
Rodrigues Alves estimulou o prefeito Pereira Passos a realizar as mudanças,
que ficaram conhecidas como “Bota Baixo”
Reurbanização da cidade, com intuito de fazer
réplica das cidades europeias (como Paris do
século XIX);
 alargar ruas e avenidas;
 remodelar o centro;
 demolir velhos casarões (onde habitava a
população mais pobre da cidade);

Discurso oficial:
• construções antigas,
habitadas por pobres,
eram vistas como
causadoras de todos os
males sanitários das
cidades;
• era necessário “civilizar”
o RJ, embelezá-lo;
 
Resultado:
 Pessoas mais pobres se deslocaram para áreas periféricas da cidade, como os
subúrbios da Estrada de Ferro Central do Brasil ou para os morros, formando
favelas com entulhos das demolições;
 Região sul da cidade: formação de bairros ricos, com casarões erguidos em
meio a grandes jardins;

Morro da Providência no início de sua ocupação (fim do século XIX) e nos dias atuais.
- Rodrigues Alves decreta estado de sítio e revoga obrigatoriedade
da Vacina;
- alguns dos manifestantes foram presos e deportados para o Acre;

Análises da Revolta da Vacina: Por que a população se revoltou com a vacinação


obrigatória?
- Confronto cultural sobre as "artes de curar": a população
pobre do rio utilizava outros métodos de cura, inclusive ligado
à tradições africanas dos ex-escravos. A imposição de uma
nova forma de cura causa esse grande conflito.
- Desconhecimento da população sobre a prática da
vacinação: o boato de que seria aplicado o causador da doença
no organismo causava terror entre as pessoas, que receavam
ficar doentes.
- “Moral e bons costumes”: parte da população acreditava ser
desrespeitoso que os agentes de vacinação aplicassem as
vacinas em ombros e nádegas
Movimento operário e a Greve Geral de
1917
Contexto:
 Crescimento das cidades e da industrialização possibilitou o
desenvolvimento de uma classe operária numerosa (principalmente no RJ e SP)
1872: SP tinha 800 mil habitantes e 23 mil habitantes na capital;
1900: 2 milhões e 200 mil e 580 mil na capital;
 Descontentamento com salários e com a situação econômica do país –
proletariado urbano se organiza em associações e sindicatos;

 Influência Anarquista
metade do século XIX - anarquismo
Repressão: Lei Adolfo Gordo
teve presença fundamental no
Lei de 1907 que visava a repressão aos
movimento operário internacional;
movimentos operário de São Paulo
defende a supressão de qualquer
Previa a expulsão do país para
forma de governo, a liberdade geral e
estrangeiros considerados indesejáveis
à rejeição à partidos;
para a manutenção da ordem;
 anarco-sindicalismo;
 
Greve Geral de 1917
 Primeira manifestação operária de âmbito
nacional, orientados por organizações sindicais
e partidos operários;
Paralisação geral da indústria e comércio em
julho de 1917, atingiu principalmente São
Paulo e Rio de Janeiro;
 Pontos defendidos pelos grevistas:
aumento dos salários, proibição do
trabalho a menores de 14 anos, respeito
ao direito de associação, abolição do
trabalho noturno de mulheres e menores
de 18 anos , jornada de trabalho de 8
horas e libertação de todas as pessoas
detidas por motivo de greve;

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