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REVISÃO / REVIEW

Diarréia por parasitas Maria Eugênia Farias Almeida Motta 1

Gisélia Alves Pontes da Silva 2

Parasites induced diarrheas 1Universidade Federal de Minas Gerais


2Departamento Materno Infantil. Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal de Pernambuco. Av. Moraes Rego, s.n. Cidade
Universitária. Recife, Pernambuco, Brasil. CEP 50.670-420.

Abstract Diarrhea is an important cause of mor- Resumo A diarréia é uma causa importante de
bidity and mortality in developing countries. The most morbimortalidade nos países em desenvolvimento. Os
common etiological agents are viruses and bacteria. agentes etiológicos mais comuns são os vírus e as
This article has the objective of analyzing diarrhea as bactérias. Este artigo tem o objetivo de analisar a
a clinical symptom of parasitosis. Protozoa and ocorrência de diarréia como manifestação clínica de
helminthes that may cause diarrhea are discussed, parasitose. Discute-se quais os protozoários e os
current scientific basis clarifying the pathological helmintos que podem causar diarréia, as bases cientí-
and physiological mechanisms causing diarrhea as ficas atuais que explicam os mecanismos fisiopa-
well as supplementary tests and adequate treatment tológicos que desencadeiam a diarréia, bem como os
for each parasite involved are focused. exames complementares e o tratamento adequado
Key words Diarrhea infantile, Parasites para cada parasita implicado.
Palavras-chave Diarréia infantil, Parasitos

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Introdução intestinal detectáveis clinicamente.3


As parasitoses, em geral, são transmitidas por
A diarréia aguda ainda é uma das mais importantes contato direto fecal-oral ou contaminação de alimen-
causas de morbimortalidade na infância em muitos tos e água em ambientes com condições sanitárias
países em desenvolvimento,1 em especial nos lac- inadequadas. A população de baixa renda, que reside
tentes e pré-escolares.2 Nos países industrializados, em ambientes de alta contaminação, com aglome-
ela raramente é fatal, embora exerça algum impacto ração intensa de pessoas, sem acesso à saneamento e
nos setores de saúde e socioeconômico.1 Na maioria coleta do lixo, tem um maior risco de se infectar.
dos casos, independentemente da região geográfica, a Fatores próprios do hospedeiro e dos parasitas
diarréia tem como agentes etiológicos os vírus e as contribuem para a instalação e a gravidade da
bactérias. No entanto, algumas vezes, os parasitas in- doença. Os indivíduos provenientes de áreas não
testinais principalmente os protozoários, também po- endêmicas, que não tiveram contato prévio com o
dem causar o processo diarréico, nas áreas onde as parasita, mesmo com a imunidade adequada, podem
enteroparasitoses são endêmicas. desenvolver a doença imediatamente após a in-
Várias espécies de protozoários intestinais foram fecção, caso das "diarréias do viajante" provocadas
identificadas, com diferentes graus de patogenici- por parasitas como Giardia lamblia e Schistosoma
dade. A virulência varia de elevada, como ocorre mansoni. Por outro lado, pessoas imunocomprometi-
com o Cryptosporidium sp, associado a grande das ou desnutridas costumam apresentar sintomas
número de infecções sintomáticas, a intermediária, mais intensos, como ocorre, por exemplo, com a
causada pela Giardia lamblia, e inexistente observa- doença por Cryptosporidium parvum. São fatores do
da pela ausência de patogenicidade de algumas cepas parasita, como a carga parasitária e a sua patogenici-
da Entamoeba histolytica. dade. Quando a infecção é causada por uma grande
A diarréia associada com helmintos permanece quantidade de parasitas, é maior a possibilidade de
pouco abordada; a maioria dos helmintos tem sido desenvolver sintomas. As cepas de Entamoeba dis-
citada como possíveis causadores de diarréia, espe- par não produzem quaisquer sintomas
cialmente quando a infecção intestinal é intensa. Os mecanismos pelos quais os enteropatógenos
Apenas os vermes que têm um estágio de invasão da produzem diarréia são diversos, mas pode-se dividi-
mucosa durante o seu desenvolvimento ou que esta- los entre os que promovem resposta inflamatória
belecem um contato íntimo permanente com a mu- sem causar dano morfológico e os que alteram a es-
cosa intestinal podem causar diarréia.3 Os mais co- trutura da mucosa intestinal, com ou sem invasão
muns são Trichuris trichiura, Ancylostoma duode- tecidual. 2 A magnitude e o significado funcional
nale, Strongyloides stercoralis e Schistosoma man- dessas respostas locais são, geralmente, relacionadas
soni. ao número de vermes: as infecções causadas por
Comentários específicos serão feitos em relação poucos parasitas são comumente assintomáticas, en-
aos protozoários e aos helmintos que podem com quanto grande carga parasitária causa manifestações
maior probabilidade, causar diarréia, pois alguns co- intestinais que podem incluir a diarréia.3
mo Taenia solium, Taenia saginata, Ascaris lumbri- O tipo de diarréia que se desenvolve parece de-
coides e Enterobius vermicularis, em geral, não pender da localização dos vermes. Respostas infla-
causam diarréia, independentemente da quantidade, matórias que ocorrem no intestino delgado proximal
porque são de localização intraluminal estrita.4,5 causam má absorção e, em conseqüência, diarréia
Quando pacientes com enterobíase queixam-se de osmótica. Quando o cólon é envolvido, distúrbios da
diarréia, deve-se fazer pesquisa para Dientamoeba absorção de água e exsudação de pus e sangue con-
fragilis, protozoário que parasita o cólon, devido à tribuem para o desenvolvimento de disenteria.3
alta razão de coinfecção entre esses dois patógenos.5 Durante infecções parasitárias podem ocorrer
O Enterobius vermicularis causa dano mecânico mudanças na motilidade intestinal, que funcionam
mínimo à mucosa intestinal,5 enquanto a fase intesti- como uma resposta patológica, conduzindo à diar-
nal do Ascaris lumbricoides é assintomática, mesmo réia, e também como uma resposta adaptativa do in-
quando a carga parasitária é elevada. Isto se deve a testino, objetivando alterar o ambiente do parasita e,
que o verme adulto apenas aloja-se na luz intestinal, assim, contribuir para a sua expulsão.6 Estudos têm
sem invadi-la ou aderir-se a ela, consumindo os ali- demonstrado um aumento do trânsito intestinal em
mentos ingeridos pelo indivíduo.5 No entanto, em al- ratos e cachorros infectados com o nematódeo
gumas ocasiões, os antígenos liberados por helmin- Trichinella spirallis, coincidindo com o período em
tos intraluminais podem promover a produção de que os animais estavam com diarréia. 6-8 A diarréia
substâncias capazes de causar alterações da função pode, então, ser conseqüência do rápido trânsito de

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secreções gástrica, pancreática, biliar e intestinal ocorrência de infecção assintomática com E. his-
para o cólon, que prejudica a absorção dos nutrientes tolytica patogênica em áreas endêmicas explica-se
e aumenta a carga osmótica colônica. 7,9 Paralela- pela elevada prevalência de anticorpos séricos anti-
mente, os parasitas presentes no intestino delgado ameba.
também são propelidos para o cólon.7 A propulsão Os trofozoítos amebianos invadem a mucosa
intestinal alterada foi associada com deficiência de colônica e alcançam a submucosa, na qual se multipli-
dissacaridase e inflamação mucosa, mais intensa nos cam e provocam lesões necróticas, formando uma úl-
locais onde a maioria dos parasitas se encontravam.6 cera. Esta pode ser puntiforme ou progredir através da
É provável, ainda, que os parasitas produzam res- lâmina própria para a muscular da mucosa, estenden-
postas inflamatórias na mucosa intestinal, que po- do-se lateralmente sob a mucosa de aparência normal,
dem ser agudas e auto-limitadas ou crônicas. A libe- caracterizando a úlcera em "botão de camisa".
ração local de mediadores da inflamação durante a Os indivíduos, na sua maioria portadores assin-
infecção possivelmente promove a secreção ou inibe tomáticos. Outros podem apresentar sintomas discre-
a absorção intestinal. 2 Está bem estabelecido que tos, caracterizados por diarréia leve, com fezes
hipersensibilidade imediata mediada por IgE ocorre líquidas, acompanhada por náuseas e cólicas es-
em reação a alguns enteropatógenos, o que pode porádicas.
contribuir para a instalação da diarréia e, ao mesmo Entretanto, a manifestação clínica observada com
tempo, para a eliminação de parasitas.10,11 Estudo re- maior freqüência é a colite amebiana aguda. Em ge-
cente sugeriu que os distúrbios de motilidade obser- ral, ocorre início gradual com dor abdominal e diar-
vados em infecções parasitárias não ocorreriam ape- réia com fezes líquidas contendo sangue e muco. Po-
nas pela presença do parasita, mas resultariam do dem estar associados tenesmo, vômitos e flatulência.
processo inflamatório agudo produzido por ele nas Os sintomas duram uma a duas semanas. Poucos têm
células musculares intestinais.12 Tanto a função mo- febre, contrastando com a disenteria bacteriana. Oca-
tora intestinal como a expulsão de parasitas depen- sionalmente, pode haver diarréia profusa conduzin-
dem da presença de linfócitos T; a produção de do à desidratação rápida. A aparência característica
citocinas por linfócitos Th2 predomina nos locais da de úlceras hemorrágicas puntiformes, com mucosa
infecção parasitária, e a interleucina 4 é crítica na res- ao redor relativamente normal à endoscopia do reto
posta imune à infecções helmínticas, podendo criar ou sigmóide pode auxiliar no diagnóstico. Uma com-
um ambiente que é desfavorável ao parasita.13-15 A plicação rara é a evolução para colite fulminante,
atividade motora aumentada aliada à inflamação se- caracterizada por diarréia sanguinolenta intensa e
riam os fatores que contribuiriam para a eliminação febre, com progressão da ulceração superficial do in-
do parasita intestinal.16 testino para necrose transmural.
Portanto, é possível que a presença de diarréia A amebíase é diagnosticada pela presença de tro-
em algumas helmintíases ocorra apenas em conse- fozoítos hematófagos (contêm eritrócitos no seu in-
qüência da tentativa do organismo do hospedeiro em terior) ou cistos, através de exame a fresco das fezes
expulsar o agente infeccioso17 - uma ação benéfica - diarréicas ou após fixação e coloração pelo iodo ou
a partir do processo inflamatório desencadeado pelo tricrômio. O exame direto deve ser feito imediata-
próprio parasita e da atividade motora intestinal mente ou até trinta minutos após a eliminação das
acelerada que dele decorre. O aumento do trânsito fezes, pois os trofozoítos morrem rápidamente no
intestinal observado em animais infectados fornece meio externo. A emissão de cistos pode ser intermi-
evidências de que a resistência natural a um parasita, tente, recomendando-se então, exame de, no míni-
assim como sua localização no intestino, pode ser in- mo, três amostras de fezes. Os cistos de E. histolyti-
fluenciada pela motilidade intestinal.18 ca patogênica e E. dispar - espécie não patogênica -
não podem ser distinguidos microscopicamente. Por
isso, o diagnóstico da colite amebiana deve ser rea-
Amebíase lizado através do achado de trofozoítos hematófagos,
que caracterizam a invasão mucosa. A presença ex-
A ingestão de cistos viáveis de Entamoeba histolyti- clusiva de cistos nas fezes não é diagnóstica, pois o
ca causa a infecção, mas o trofozoíto é a forma que indivíduo pode ser um portador assintomático de cis-
promove a invasão da mucosa intestinal, e assim, a tos.
doença por esse parasita. Adultos e crianças são A cultura para amebas é um método mais sensí-
igualmente susceptíveis à infecção, que atinge dez a vel, permitindo a diferenciação entre as formas
12% da população mundial, mas apenas cerca de patogênica e não patogênica, mas não é facilmente
10% dos infectados apresentam sintomatologia. A disponível.19 Os testes hematológicos e bioquímicos

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raramente são úteis. É importante lembrar que a in- produzir vários graus de dano à mucosa e, ao mesmo
vasão por E. histolytica não causa eosinofilia. tempo, propiciar condições na luz intestinal que
A sorologia auxilia no diagnóstico da colite ame- poderiam prejudicar a digestão e a absorção de nutri-
biana, sendo positiva em cerca de 90% dos casos.20 entes.24
As técnicas mais utilizadas são o ensaio imunoen- Os fatores mucosos envolvidos na diarréia por
zimático (ELISA), difusão em ágar-gel e contra- giardíase são as alterações na morfologia mucosa, na
imunoeletroforese. O resultado positivo sugere ame- atividade das dissacaridases e na absorção intestinal.
bíase invasiva em atividade, pois os anticorpos anti- Apesar de ser um parasita predominantemente lumi-
amebianos negativam após seis a 12 meses do início nal, os trofozoítos aderem à mucosa e alteram a sua
da infecção. arquitetura no local da adesão, promovendo atrofia
vilositária de graus variáveis e aprofundamento das
Tratamento criptas, fato observado em modelos animais.25,26 Es-
sa anormalidade morfológica tem como conseqüên-
O tratamento de indivíduos assintomáticos que eli- cias funcionais a redução da atividade da lactase, da
minam cistos é o ponto mais controverso no manejo sacarase e da maltase bem como da absorção de
da amebíase. Se a sorologia for negativa e a infecção água, eletrólitos e glicose.2,26 No entanto, diarréia
puder ser caracterizada como E. dispar, não se deve pode ocorrer na ausência de qualquer alteração mi-
tratar. croscópica da estrutura intestinal; do mesmo modo a
Os casos sintomáticos devem ser tratados com presença de atrofia vilositária parcial moderada ou
metronidazol (35 a 50mg/kg/dia), três vezes ao dia, grave não significa que o indivíduo apresenta diar-
devido à sua alta eficácia e baixa toxicidade. As do- réia.27
ses mais baixas são usadas para os quadros leves, por Os fatores luminais ainda estão pouco elucida-
cinco dias consecutivos, e a dose máxima, reservada dos. A giardíase sintomática tem sido associada com
para a colite amebiana grave, durante dez dias, po- grande número de bactérias aeróbicas e anaeróbicas
dendo ser feita por via intravenosa, se necessário. no intestino delgado proximal. 28,29 O sobrecresci-
Em seguida, deve-se administrar uma droga de ação mento bacteriano pode causar modificação da ar-
luminal para evitar recorrência da infecção. Se não quitetura mucosa semelhante a da giardíase.30
houver boa resposta ao metronidazol, a alternativa é A infecção assintomática é a forma mais comum,
a dehidroemetina (1-1,5mg/kg/dia, máximo de principalmente nas áreas onde o parasita é endêmi-
90mg), duas vezes ao dia, por no máximo cinco dias. co. 27 Não está claro se portadores crônicos têm
episódios diarréicos transitórios não percebidos ou
se a infecção foi adquirida recentemente sem pro-
Giardíase duzir sintomas.30 Isso pode ocorrer devido à fatores
do hospedeiro - mecanismos de defesa imunes e não
A infecção por Giardia lamblia é endêmica em várias imunes - ou à virulência do parasita.27
partes do mundo. Mesmo em países industrializados, A giardíase aguda em geral é auto-limitada (a cu-
como os Estados Unidos, é considerada como a en- ra ocorre em duas a quatro semanas) e caracteriza-se
teroparasitose mais freqüente na infância. Nas áreas por diarréia em mais de 90% dos casos (apresentan-
endêmicas, ocorre principalmente nos primeiros anos do-se como fezes líquidas, com muco e sem sangue),
de vida. É possível que um menor percentual entre acompanhada por perda de peso em 60 a 70% dos in-
adolescentes e adultos decorra da imunidade adquiri- divíduos, náuseas, desconforto e distensão abdomi-
da após exposições precoces e sucessivas, resultando nais, flatulência. Mas pode haver evolução para
em infecções assintomáticas.21-23 A baixa dose infec- esteatorréia.27 Em 30 a 50% dos casos, a diarréia tor-
tante contribui para a rápida disseminação da in- na-se persistente e crônica, com conseqüente parada
fecção nos países pobres, e durante surtos epidêmi- ou retardo do crescimento devido à má absorção in-
cos, nos países desenvolvidos. O cisto viável ingeri- testinal.
do é a forma infectante sendo capaz de sobreviver Fatores imunológicos do hospedeiro podem ter
em ambiente externo adequado por longos períodos. importância na determinação do curso da infecção.
Os trofozoítos, formas que causam a doença, apenas A IgA secretória parece desempenhar papel protetor
aderem ao epitélio do enterócito, não apresentando mais significante, pois os trofozoítos têm localização
capacidade invasora ou destrutiva direta. luminal, apesar de relatar-se a presença de uma pro-
O mecanismo pelo qual a Giardia lamblia causa tease produzida pelo trofozoíto que atua contra a
diarréia e má absorção intestinal permanece contro- IgA. Pacientes com hipogamaglobulinemia e imuno-
verso e é provável que seja multifatorial.23 Ela pode deficiências variadas geralmente apresentam maior

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predisposição e manifestações clínicas prolongadas, também tem sido usado atualmente; a dose de
com baixa resposta terapêutica. Possivelmente, a res- 400mg/dia, três ou cinco dias consecutivos, tem
posta imune celular atua na produção de IgA se- eficácia melhor (81 a 95%) do que as doses únicas
cretória anti-giardíase através dos linfócitos T auxi- de 400, 600 ou 800mg; ele é comparável ao metro-
liares (CD4). nidazol (97 a 100%).
O método tradicional de diagnóstico é a pesquisa
de cistos e trofozoítos nas fezes. As fezes, após a co-
leta, devem ser examinadas imediatamente a fresco, Criptosporidíase
coradas pelo iodo.27 Quando se utiliza um método de
preservação como formalina ou álcool polivinil, as O Cryptosporidium parvum é uma importante causa
fezes são coradas pelo tricrômio ou pela hematoxili- de doença diarréica aguda em indivíduos imunocom-
na e os cistos podem ser detectados. 27 O exame se- petentes, embora seja comum em pacientes com Sín-
riado das fezes é necessário e aumenta a sensibili- drome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e ou-
dade do método. Uma única amostra de fezes pode tras doenças imunodepressoras, conduzindo-os a diar-
detectar cerca de 70% dos casos, aumentando para réia crônica.
85% quando três amostras distintas são analisa- O uso rotineiro de cloro na água de beber é rela-
das. 31 A excreção de cistos é variável a cada dia, tivamente ineficaz para matar os oocistos, forma in-
sendo por isso importante que fezes coletadas em fectante desse protozoário. 38 Foi detectada uma
dias diferentes sejam examinadas. 31 Para detectar soroprevalência de 95% aos dois anos de vida no
trofozoítas, é preciso examinar fezes aquosas logo Nordeste do Brasil.39 Bezerros são fonte de infecção
após a sua eliminação.27 Trofozoítas também foram humana e, por isso, o consumo de leite de vaca não
encontrados no fluído duodenal em 44% dos casos pasteurizado pode causar infecção.40
estudados por Goka et al.; 31 esse exame pode ser No hospedeiro imunocompetente, a replicação
feito através do Enterotest, por tubagem duodenal ou do parasita ocorre principalmente na borda apical do
nos pacientes que irão submeter-se à endoscopia di- enterócito, no jejuno baixo e íleo, local de aderência
gestiva alta.27 Biópsias de tecido do intestino delga- do Cryptosporidium parvum, podendo-se observar
do proximal também podem ser obtidas por via en- atrofia vilositária variável (leve a grave) no ponto de
doscópica. 32 Os métodos invasivos serão usados contato.2,41 Quando grande quantidade desse proto-
quando houver forte suspeita diagnóstica, e os exa- zoário está presente nos intestinos delgado e grosso,
mes parasitológicos de fezes forem constantemente é possível causar redução na superfície intestinal
negativos.27 disponível para a absorção;42 mas não existe evidên-
É possível a detecção dos antígenos da Giardia cia direta que comprove essa hipótese. Também pode
lamblia em espécimes fecais, utilizando-se o ensaio ocorrer invasão da mucosa intestinal.
imunoenzimático (ELISA).33,34 Esse método apre- A diarréia poderia ser devido à má absorção por
senta maior sensibilidade e especificidade que o exa- atrofia das vilosidades, com conseqüente redução da
me das fezes à procura de cistos ou trofozoítos.27 área de absorção e da atividade das dissacaridases.41
Detecção de anticorpos anti-Giardia no soro tem A gravidade e a duração do quadro clínico são
pouca contribuição para o diagnóstico.35 IgM identi- influenciadas pelo estado imune do hospedeiro. 38
fica infecção aguda mesmo nas áreas endêmicas. 36 Após período de incubação de aproximadamente
Os títulos são aumentados apenas em indivíduos uma semana, o indivíduo começa a apresentar diar-
com infecção contínua, com redução rápida após réia aquosa, de odor fétido, sem muco ou
eliminação da infecção,37 mas a sensibilidade e a es- sangue.43,44
pecificidade diminuem na criança com diarréia per- No hospedeiro imunocompetente, causa uma diar-
sistente.27 IgG é encontrada em indivíduos infecta- réia profusa e aquosa, às vezes com muco, que é au-
dos; no entanto, em áreas endêmicas, ela não dis- to-limitada, durando de dez a 14 dias, mas pode per-
tingue entre infecção atual e passada, provavelmente manecer por mais de um mês. 41,45 Há queixas fre-
devido à exposição contínua.27 qüentes de dor abdominal tipo cólica, flatulência,
O tratamento de eleição é feito com os derivados náuseas e vômitos, acompanhados por sintomas
nitroimidazólicos - metronidazol ou tinidazol - que gerais como anorexia, mialgia, cefaléia, astenia e in-
têm eficácia elevada. O metronidazol é feito na dose disposição; a febre, se presente, é baixa. A alimen-
de 15-20 mg/kg/dia, duas vezes ao dia, por sete ou tação pode exacerbar a diarréia e a dor abdominal.
dez dias consecutivos. O tinidazol tem a vantagem Raramente é grave e prolongada, associando-se,
de ser usado em dose única (50mg/kg), mas seus nesses casos, com perda de peso importante. Em ge-
efeitos colaterais são mais intensos. O albendazol ral, ocorre recuperação espontânea45 e parece desen-

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volver-se imunidade permanente, pois não têm sido posteriormente, independentemente do seu estado
registrados casos de infecções recorrentes. imunológico.58 Em duas crianças com câncer e diar-
No paciente imunocomprometido, é comum réia associada ao Cryptosporidium, o uso de azitro-
manifestar-se como uma doença grave, prolongada, micina promoveu a melhora imediata do sintoma.59
com perda de dois a três litros de fezes aquosas, 45 Nos pacientes com SIDA, a paramomicina parece
má absorção, desidratação e desnutrição signifi- promover melhores resultados.60
cantes, que pode culminar com o óbito quando não
se consegue o controle das perdas fecais. Os sin-
tomas dependem da variação no estado imunológico, Himenolepíase
do estado nutricional e da terapia realizada. Também
é possível ocorrer a cura espontânea.46,47 É uma helmintíase intestinal causada por cestóides
O diagnóstico é confirmado pela identificação de das espécies Hymenolepis nana e Hymenolepis
oocistos nas fezes, sendo necessário três ou mais diminuta. A sua transmissão dá-se pela ingestão de
amostras fecais porque a excreção de oocistos é va- ovos embrionados. Os ovos liberam larvas que
riável ao longo de um dia e entre os dias.48 A aspi- aderem à parede do intestino delgado, onde maturam
ração do fluído duodenal ou escovação do intestino até verme adulto.
delgado podem ser realizados se o paciente subme- Quase todos os indivíduos infectados são assin-
ter-se a uma endoscopia digestiva alta, especial- tomáticos, no entanto, infestações graves podem
mente quando a biópsia intestinal é contra-indicada. causar inflamação intestinal e pequenas ulcerações
O método mais efetivo e usado para identificar os devido à invasão das vilosidades da mucosa.3 Clini-
oocistos nas amostras de fezes é a coloração álcool camente, o paciente apresenta diarréia, às vezes com
ácido resistente, que dá cor vermelha aos oocistos49- muco, dor abdominal em cólica, meteorismo,
51 Outras técnicas de coloração incluem Giemsa, anorexia, perda de peso e cefaléia.
PAS e tricrômio, que colorem os oocistos ou agem O diagnóstico é feito com a identificação de ovos
como coloração negativa 52,53 Vários métodos re- nas fezes de indivíduos infectados. Vários exames
centes têm sido propostos, porém a coloração de fi- de fezes podem ser necessários para detectar a in-
xação ácida permanece a técnica de escolha. 54 fecção, pois a eliminação de ovos às vezes é irregu-
Sangue e leucócitos são encontrados raramente na lar. O ELISA tem sido usado na detecção de anticor-
diarréia por Cryptosporidium parvum. pos no soro de indivíduos infectados, mas tem baixa
Os testes sorológicos são mais usados em estu- especificidade devido aos resultados falso positivos
dos epidemiológicos e têm pouca aplicação diagnós- em indivíduos com cisticercose, não sendo recomen-
tica. Os anticorpos podem ser detectados por imuno- dado para uso rotineiro na clínica.
fluorescência indireta e ELISA. Níveis elevados de O praziquantel 20 a 25mg/kg dose única é a dro-
IgM e/ou IgG são detectados duas semanas após o ga de escolha para o tratamento, com eficácia em
início dos sintomas, persistindo por períodos prolon- torno de 90% após duas semanas e em torno de 97%
gados, mas IgM sugere possível reexposição nas após quatro semanas. A niclosamida (200mg/dia),
áreas endêmicas. A imunofluorescência com anticor- por seis dias seguidos é uma opção terapêutica, com
po monoclonal é disponível comercialmente e tem índices de cura de cerca de 60 a 80%.
altas sensibilidade e especificidade, permitindo a de-
tecção de portadores assintomáticos e de fontes am-
bientais de contaminação55 Existem métodos mais Tricuríase
recentes usando técnicas moleculares. A reação em
cadeia polimerase é capaz de detectar até um único É causada pelo Trichuris trichiura, parasita comum
parasita, e é muito específica.56 em regiões quentes e úmidas, onde as chuvas ocor-
A espiramicina na dose de 40-50mg/kg/dia, de rem durante todo o ano. A transmissão ocorre a par-
seis em seis horas, por dez dias consecutivos é uma tir da ingestão de ovos embrionados.
droga efetiva para pacientes imunocompetentes,57 As larvas amadurecem no intestino delgado e
mas parece ter pouco ou nenhum efeito nos imunode- migram para o cólon proximal. Nas infecções
primidos. No entanto foi demonstrado, em crianças graves, os vermes podem ser encontrados do íleo ter-
portadoras assintomáticas de Cryptosporidium, com o minal ao reto, tornando a mucosa edematosa, friável
sistema imune competente ou suprimido, que o uso e com facilidade de sangramentos. As alterações da
de espiramicina na dose de 100mg/kg/dia, durante mucosa são encontradas apenas no local de aderên-
14 dias, impediu o aparecimento de sintomas; as não cia do parasita e consistem de petéquias ou hemorra-
tratadas desenvolveram sintomas gastrintestinais gia subepitelial, destruição celular e infiltração su-

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perficial com eosinófilos, linfócitos e células plas- larvas filarióides, ou por via oral, após ingestão
máticas. Trichuras trichiura provoca reação de dessas larvas. Durante a fase intestinal da infecção,
hiper-sensibilidade imediata na mucosa colônica, os parasitas adultos aderem à mucosa duodenal,
que pode estar envolvida na patogênese da síndrome onde causam danos mecânicos e químicos. Os danos
disentérica por esse parasita.61 mecânicos resultam do envolvimento da mucosa
Dependendo da carga de parasitas, a infecção pela cápsula bucal do parasita, que, para a sua nu-
pode ser assintomática ou associada com diarréia, trição, suga sangue da mucosa originando daí peque-
em geral crônica, disenteria ou retardo de crescimen- nas úlceras, edema e infiltrado leucocitário, e au-
to.62 Se a infecção é exclusivamente luminar, não há mento do peristaltismo. Os danos químicos ocorrem
sintomas. Se a carga de parasitas é pequena, o indi- devido à ação de várias enzimas hidrolíticas de-
víduo pode apresentar desconforto e distensão ab- rivadas do parasita.
dominal, náusea, flatulência e diarréia. 62 Quando a Por causa das lesões mecânicas, surge diarréia,
carga de parasitas é moderada, desenvolve-se um em geral leve, 3 raramente com sangue, dores abdo-
quadro de colite crônica com dor abdominal baixa, minais, às vezes no epigástrio, anorexia, naúseas e
diarréia, distensão abdominal, anorexia e perda de vômitos, anemia, com melena presente nos casos
peso. A disenteria é comum e clássica nas crianças graves.62
com intensa carga parasitária.3 A diarréia é profusa, O diagnóstico de certeza é feito através do exa-
sanguinolenta, com muco e pus, acompanhada por me das fezes, por exame direto ou amostras fecais
anorexia, perda de peso, dor epigástrica, cólicas, preservadas em solução salina, a partir da demons-
vômitos, flatulência, tenesmo, urgência e prolapso tração de ovos de ancilostomídeos. 62 Métodos de
retal, característico dessa síndrome; as crianças são concentração como flutuação em sulfato de zinco ou
freqüentemente stunted e de baixo peso, anêmicas e a técnica de éter-formalina são úteis, especialmente
malnutridas.62 A lesão na mucosa colônica provoca nas infecções da luz intestinal. 62 A contagem de
uma reação inflamatória semelhante àquela vista na ovos pode ser feita pelo método de Kato-Katz.
colite ulcerativa idiopática; por isso deve-se incluir a O tratamento medicamentoso de escolha per-
tricuríase no diagnóstico diferencial de colite, mes- manece sendo o mebendazol, na dose de 100mg,
mo nas áreas onde essa parasitose não é endêmica.3 duas vezes por dia, três dias consecutivos, que pro-
O diagnóstico é feito por intermédio do exame move efeito ovicida completo. O albendazol é a dro-
das fezes, direto ou de amostras conservadas em ga alternativa de primeira escolha, na dose única de
solução salina, a partir do achado de parasitas adul- 400mg, ou por três dias consecutivos, com eficácia
tos ou ovos. 62 A retossigmoidoscopia ou colonos- variável de 63-100%. O levamisol (2,5mg/kg) em
copia podem demonstrar uma mucosa friável, dose única, é eficaz para reduzir o número de ovos,
hiperemiada, percebendo-se usualmente os locais de assim como o pamoato de pirantel (10 ou 11mg/kg,
aderência ou o próprio parasita adulto pendendo na máximo de 1g) em dose única ou por três dias segui-
luz intestinal.62 No enema opaco os vermes podem dos, ambos com efeitos colaterais leves.
ser vistos como translucências lineares ou espirais.
É uma das helmintíases que tem pior resposta à
terapêutica. O pamoato de oxipirantel (20mg/kg/ Estrongiloidíase
dia), duas vezes por dia, dois dias seguidos, é re-
comendado como droga de escolha, com taxas de cu- O Strongyloides stercoralis é o helminto que pode
ra de 70 a 90%. O mebendazol (100mg) duas vezes utilizar o maior número de recursos para que sua
por dia, três dias seguidos, tem efeito ovicida incom- transmissão se efetive. A infecção ocorre a partir da
pleto, mas é eficaz contra os parasitas adultos. O al- penetração de larvas filarióides através da pele; por-
bendazol é menos efetivo que o mebendazol para tanto, a contaminação peridomiciliar, propiciada
eliminar essa parasitose; dose única (400mg) tem pelas condições de moradia e sanitárias inadequadas,
efeito ovicida incompleto e baixas razões de cura. favorece a disseminação do parasita. A transmissão
por via oral, a partir da ingestão de larvas, é mais
rara. Após o ciclo pulmonar, o verme chega ao duo-
Ancilostomíase deno e jejuno sob a forma adulta.
Nos indivíduos imunocompetentes, a estrongiloi-
É causada por duas espécies de nematódeos: o Ancy- díase pura, não complicada é, em geral, uma in-
lostoma duodenale e o Necator americanus. A in- fecção assintomática e não causa diarréia. 3 No en-
fecção ocorre por via percutânea, durante contato tanto, existe a possibilidade de hiperinfecção, que
com solo contendo material fecal contaminado com ocorre quando o indivíduo é infectado por um

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número excessivo de larvas filarióides, cuja insta- dias seguidos.


lação é facilitada por situações de imunodepressão.
Quando a infecção é disseminada e ocorre dano em
todo o trato gastrintestinal, a diarréia resultante terá Esquistossomose mansônica
componentes osmótico, exsudativo, motor e bacteri-
ano, sendo, portanto, multifatorial.3 No intestino del- O Schistosoma mansoni é um trematódeo que causa
gado, os parasitas adultos podem causar três tipos de infecção a partir do contato com água fresca contami-
lesões: enterite catarral (secreção mucóide abun- nada por cercárias, acometendo viajantes ou indiví-
dante recobrindo a mucosa), enterite edematosa (es- duos sem exposição prévia ao parasita. Nas áreas
pessamento da parede intestinal e achatamento das endêmicas, a exposição ocorre em indivíduos jovens.
dobras mucosas devido à edema da submucosa) e en- A doença é relacionada à intensidade da infecção: in-
terite ulcerativa (rigidez da parede intestinal por ede- divíduos expostos a altas cargas de vermes estão
ma e fibrose secundários à inflamação prolongada mais propensos a desenvolver a doença e são respon-
com a mucosa podendo apresentar atrofia, erosões e sáveis pela maior contaminação do ambiente com
ulcerações).63 ovos e, assim, com a manutenção da endemicidade.
A maioria das infecções em áreas endêmicas são Os ovos produzidos por vermes adultos pre-
assintomáticas.62,64 Sintomas agudos provavelmente sentes no plexo mesentérico e a migração das larvas
refletem a intensidade da infecção.60 Podem ocorrer são as principais causas da doença em humanos.3 O
episódios curtos de diarréia intercalados com consti- embrião vivo dentro do ovo secreta material anti-
pação intestinal.60 A diarréia usualmente consiste de gênico continuamente por duas a quatro semanas, in-
fezes semiformadas, sem sangue. 65 Presença de duzindo à sensibilização do hospedeiro, e recruta
sangue oculto nas fezes é ocasional, ocorrendo em células inflamatórias, formando o granuloma esquis-
indivíduos com infecção crônica. Diarréia grave, tossomótico. A secreção antigênica cessa apenas
acompanhada por dor abdominal tipo cólica, é inco- quando o embrião dentro do ovo morre.
mum.66 Síndrome de má absorção é associada com A maioria das infecções são assintomáticas. Nos
parasitismo intestinal maciço.67,68 Na hiperinfecção, indivíduos provenientes de áreas não endêmicas, a
a diarréia é profusa e pode ser aquosa, com muco ou esquistossomose aguda cursa com sinais e sin-
com sangue. Nesses casos, a diarréia deve-se às tomas 3,72 e dura em média de um a dois meses. Os
erosões, ulcerações e edema causados pela grande sintomas, em geral, instalam-se abruptamente, com
quantidade de parasitas na mucosa dos intestinos febre, astenia, anorexia, sudorese, dor abdominal em
delgado e grosso.69 Essas alterações mucosas predis- cólicas e diarréia com sangue.3 Pode haver hepatoes-
põem o paciente à infecções por bactérias, 3 e após plenomegalia discreta, com dor à palpação do fíga-
períodos variados de diarréia, à instalação de íleo do, e aumento de gânglios periféricos.3 No reto e no
paralítico. sigmóide observam-se edema intenso, eritema, áreas
O diagnóstico etiológico da infecção é feito com hemorrágicas e pequenas úlceras.3 No íleo e até no
o exame parasitológico de fezes, usando-se o méto- duodeno e no jejuno, que nunca são afetados em ou-
do de Baermann, que é mais sensível que a micros- tros estágios da doença, lesões semelhantes também
copia direta.70 A larva rabditóide é a forma identifi- podem ser encontradas.3
cada mais comumente, mas larvas filarióides, para- Na esquistossomose crônica, a sintomatologia é
sitas adultos fêmeas e ovos podem ser encontrados. variável. Muitos pacientes permanecem assintomáti-
A imunofluorescência indireta detecta anticorpos cos, embora os sintomas possam aparecer a qualquer
séricos IgG para antígenos de superfície de larvas fi- época. Um dos mais comuns é a diarréia, periódica,
larióides, mas o ELISA tem sensibilidade maior, às vezes com muco e sangue e tenesmo, alternando
(cerca de 90%).71 com constipação intestinal.
O tiabendazol é a droga de escolha para o trata- O diagnóstico definitivo depende da demons-
mento, 71 podendo ser usado na dose única de tração de ovos de parasitas nas fezes. Às vezes, são
(50mg/kg) (máximo de 3g) ou 25mg/kg, duas vezes necessários vários exames para conseguir detectá-
por dia, dois dias consecutivos, devendo ser repetido los.73 A contagem de ovos é útil para avaliar a inten-
após sete dias. Apesar de eficaz, essa droga tem ele- sidade da infecção e deve ser verificado também a
vado percentual de efeitos colaterais, o que pode im- viabilidade dos ovos - vivos imaturos (postura com
possibilitar o cumprimento da prescrição. O fra- menos de seis dias), vivos maduros (postura em seis
cionamento em dois dias pode reduzir o aparecimen- a 18 dias) e mortos.73 Caso não se evidenciem ovos
to de reações adversas. Como alternativa, pode-se nas fezes, a biópsia retal pode ser solicitada, per-
usar o albendazol, na dose de 400mg/dia, por três mitindo o achado dos ovos e do granuloma. Os testes

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Diarréia por parasitas

sorológicos também auxiliam no diagnóstico dos in- tária de seus pacientes.


divíduos com suspeita da doença, provenientes de Uma vez que a doença parasitária tenha se insta-
áreas não endêmicas. lada, o tratamento deve ser realizado, como forma de
O praziquantel, na dose de 40mg/kg em dose prevenir eventuais alterações nutricionais se-
única, é citado por alguns autores como a droga prin- cundárias à espoliação de nutrientes. Quanto à pre-
cipal no tratamento da esquistossomose, 74 com venção secundária, o uso periódico e coletivo de an-
maior eficácia e rapidez de ação do que a oxam- ti-pararasitários ainda permanece controverso. Uma
niquina (dose única de 20mg/kg), observando-se cu- análise criteriosa da situação é fundamental. Se os
ra parasitológica em torno de 80%. indivíduos são apenas portadores do parasita, sem
Sendo a transmissão das parasitoses vinculada di- apresentar sintomas, a melhor opção é não instituir
retamente à precária condição ambiental do indivíduo, terapêutica indiscriminada, principalmente porque a
a prevenção primária das infecções está associada à carga parasitária da maioria dos infectados assin-
implementação de programas de saneamento básico tomáticos é pequena para causar morbidade, e o
e à orientação adequada das medidas higiênicas pe- tratamento traria pouco benefício. 75 Individual-
los profissionais de saúde. Se a primeira medida foge mente, se os sintomas são leves, mas repetitivos, po-
a qualquer apelo ou vontade do médico, ainda que dendo alterar futuramente, o estado nutricional ou
inúmeras pesquisas clínicas apontem a sua necessi- comprova-se infecção crônica associada com com-
dade imperiosa para a melhoria da saúde da popu- prometimento pôndero-estatural atual, na ausência
lação, a outra é um dever do qual ele não se pode de outro fator causal, o tratamento da parasitose deve
omitir na sua prática diária, devendo estar disponível ser realizado.75
e apto para contribuir com o nível de educação sani-

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Recebido em 18 de fevereiro de 2002


Versão final reapresentada em 17 de julho de 2002
Aprovado em 25 de julho de 2002

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