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Convenção pela qual alguém (o obrigado à preferência) assume a obrigação de, no caso de
decidir a vir contratar, escolher outrem (o preferente) como contraente, desde que este lhe ofereça
as mesmas condições negociadas com terceiro. Corresponde, tal como o contrato promessa, a um
contrato preliminar/preparatório.
Legal: a preferência resulta da lei (cedida a certos titulares de direitos reais ou pessoais de
gozo; ex.: arrendatário tem direito de preferência na venda do imóvel arrendado;
comproprietário, etc.) – preferências legais. Neste caso a preferência tem sempre eficácia
real, permitindo aos que dela disfrutam exercer o seu direito de preferência, mesmo perante
o terceiro adquirente. Quanto a tudo o resto, rege-se por este esquema (pelas regras gerais
do PP).
Convencional: as partes celebraram o PP de livre vontade.
3.º Há preferibilidade?
4.º Características
Monovinculante/Unilateral: apenas o obrigado está vinculado, apenas o obrigado à
preferência assume uma obrigação, ficando a outra parte (o titular da preferência) livre de
exercer ou não o seu direito.
Condicionante: contrato está sujeito à condição suspensiva de aquele que promete a
preferência se decidir a vender.
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Na hipótese de preferências recíprocas, estas recaem necessariamente sobre objetos diferentes, pelo que teremos dois
pactos de preferência. Se constarem do mesmo documento e for exigida forma especial devem ambos assinar. Mas, a
falta de assinatura de um, não afeta a constituição da obrigação do outro.
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PP relativo a um bem móvel ou móvel sujeito a registo: o contrato definitivo goza de
liberdade de forma (219.º(+205.º/2)), então não se aplica o 410.º/2. Assim, aplica-se o
princípio da liberdade de forma.
Regra geral, o pacto de preferência atribui apenas ao seu beneficiário um direito de crédito
contra a outra parte – interpartes - relatividade. Inoponível a terceiros.
A lei admite, porém, que ao PP seja atribuída eficácia real, desde que respeitando a bens
imóveis ou móveis sujeitos a registo, as partes explicitamente o estipulem, celebrem o pacto
de preferência por escritura pública ou documento particular autenticado ou quando não
seja exigida forma para esse contrato prometido por documento particular com assinatura
do obrigado, referindo a entidade emitente data e número do seu documento de
identificação e procedam à respetiva inscrição no registo (artigo 421º; 413º). O titular da
preferência não possui apenas um direito de crédito à preferência, mas também um direito
real de aquisição que pode opor erga omnes, mesmo a posteriores adquirentes da
propriedade.
Possibilidade de preferências legais – vide supra, 2º passo.
Atribuindo-se eficácia real ao pacto de preferência coloca-se o problema do seu eventual
conflito com os direitos legais de preferência. Resposta: artigo 422º - o direito
convencional de preferência não prevalece contra os direitos legais de preferência. Não
faria sentido que as partes através de convenção tivessem a possibilidade de afetar diretos
legalmente atribuídos.
A lei regula o regime da obrigação de preferência nos artigos 416º a 418º CC, igualmente
aplicável aos direitos legais de preferência (1091º/4; 1409º/2 e 1535º/2).
1ª hipótese: o obrigado nunca decide celebrar contrato definitivo com nenhum terceiro. Nesse
caso, o obrigado à preferência não tem de comunicar nada ao preferente. O preferente não tem o
direito a contratar - (caso prático acaba aqui).
Lei não exige uma forma específica para a comunicação – 219º. MENEZES CORDEIRO:
a remissão do 415.º não diz apenas respeito à forma do PP, mas também à forma da
comunicação para preferência. Assim, em caso de imóveis, a comunicação tem de ser
feita mediante documento assinado, facilitando a prova do cumprimento da obrigação.
MENEZES LEITÃO: A determinação do cumprimento da obrigação e do eventual
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para exercer numa futura ocasião. No segundo caso é informado que o preço foi obtido através de negociação com
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terceiro e que o não exercício da preferência precludirá definitivamente qualquer possibilidade de a exercer no futuro.
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Oliveira Ascensão mostra-se contra: a imposição da revelação do nome do terceiro impediria o obrigado à
preferência de celebrar um contrato para pessoa a nomear. Menezes Leitão argumenta dizendo que a reserva de
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Prazo da comunicação para preferência:
não existe nenhum prazo para a comunicabilidade (contudo, é preciso atender ao prazo
lógico: têm de ser possível ao preferente responder em 8 dias).
MENEZES CORDEIRO, em termos dubitativos, apresenta a possibilidade de se aplicar
analogicamente o prazo de 8 dias do 416.º/2.
O titular tem de exercer o seu direito no prazo de 8 dias, salvo se o pacto de preferência o
vincular a um prazo mais curto, ou se o obrigado lhe assinalar um prazo mais longo.
O prazo nunca pode ser diminuído pelo obrigado à preferência por via unilateral; só pode
ser diminuído se as partes acordarem na diminuição.
nomeação, como cláusula do contrato, teria que ser, , mencionada na comunicação para preferência (art.º 416º/1), não
se encontrando razão para, nos mesmos termos, não se mencionar a identificação do adquirente, quando ele seja
determinado.
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mesmo que esse contrato implique a não celebração em definitivo do contrato preferível 4. Salvo
ainda duas hipóteses em que a lei considerou poderem ainda justificar a manutenção da
preferência, que são os casos da união de contratos (artigo 417º) e dos contratos mistos (artigo
418º). (VER SE FOR APLICÁVEL AO CASO)
União de contratos – 417º: situação de união entre diversos contratos de compra e venda,
pela estipulação de um preço comum para várias coisas vendidas simultaneamente. Pode
ser:
1. União externa - há apenas uma estipulação comum do preço, sem qualquer
dependência entre os vários contratos, pelo que nada impede ao titular de exercer a
preferência pelo preço que for atribuído proporcionalmente à coisa.
2. União interna: existe dependência entre os diversos contratos, pelo que exercício da
preferência pelo titular afetaria toda a união de contratos, o que justifica que se
permita ao obrigado exigir que a preferência se faça sobre todas as coisas vendidas.
Exige-se, porém, para tal que a quebra da união interna acarrete prejuízos
objetivamente apreciáveis para uma das partes.
Contrato Misto – 418º: relação com os contratos complementares, em que ao contrato típico
se acrescenta uma prestação acessória (ex.: compra a venda com uma obrigação acessória
de prestação de serviços pelo comprador), o art.º 418º permite o exercício da preferência,
determinando que essa prestação acessória deve ser compensada em dinheiro. Caso não
seja avaliável em dinheiro, é excluída a preferência, a menos que seja lícito presumir, que
mesmo sem a prestação estipulada o contrato não deixasse de ser celebrado. A lei considera
que a estipulação de prestações acessórias não avaliáveis em dinheiro torna o contrato
celebrado distinto do contrato em relação ao qual se concedeu a preferência, daí que seja
excluída a preferência, salvo se essa prestação não tiver grande importância para a decisão
de contratar do obrigado.
Há ainda um caso em que à estipulação da prestação acessória não se reconhece qualquer
efeito, que é a hipótese de ela ter sido convencionada para afastar a preferência. Neste caso
o preferente pode sempre exercer a preferência nunca tendo de compensar essa prestação
mesmo que ela seja avaliável em dinheiro (artigo 418º/2).
9º Distinguir a eficácia
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Assim, por exemplo, se alguém se compromete a dar preferência no arrendamento de uma casa e posteriormente
decide vendê-la a terceiro, não incorre incumprimento da obrigação de preferência.
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1. mecanismo de reação reconhecido ao titular do direito de preferência com eficácia real
perante a violação da obrigação de dar preferência.
2. consiste numa ação judicial (direito a um pronunciamento estatal que solucione o litígio,
lide – conflito de interesses, pretensão; ou conflito) proposta pelo preferente legal, ou pelo
preferente convencional com eficácia real, com vista a requerer para si a coisa transmitida a
terceiro relativamente à qual tinha direito de preferência.
Por exemplo: A. tinha direito de preferência com eficácia real na venda de casa de B. Porém, B.
vendeu a casa C. sem cumprir a obrigação de dar preferência a A. Este pode fazer sua a casa
alienada a C., por meio da ação de preferência.
1. Legitimidade passiva (aquele que vem a ser chamado no âmbito de determinada ação):
para a ação de preferência/deve ou não o obrigado à preferência ser chamado à ação? E o
terceiro?
2. Depósito do preço – 1410º: preço propriamente dito ou também as outras despesas que,
por lei, devam ficar a cargo do comprador como os impostos de transmissão ou os
emolumentos notariais e registais. A solução correta deve ser a de apenas é exigido o
depósito do preço devido, ainda que o preferente deva reembolsar o terceiro as despesas
por ele suportadas, sob pena de enriquecimento sem causa (art.º 473º).
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Querela doutrinária:
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