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Fendmenos de Transporte Pedro José Gabrie! Ferreira Thais Cavalheri FENOMENOS DE TRANSPORTE 28 Edicaio Profa. Dra. Thais Cavalheri dos Santos Prof. Me. Pedro José Gabriel Ferreira Revisada e Comentada por: Profa. Dra. lara Batista de Lima Prof. Dr. Tulio Cearamicoli Vivaldini Agéncia Brasileira do ISBN ISBN 978-85-917144-5-2 | 788591"714 Obra protegida por Direitos Autorais, todos os direitos reservados. Proibida a reprodugéo total ou parcial para qualquer finalidade, sem prévia e expressa autorizagao dos autores, por meio eletrénico ou mecénico, incluindo cépia impressa ou digital e grava¢ao, ou por qualquer outro sistema de armazenamento e transmissao de informacao existente ou que possa existir no futuro, sujeito as penas da lei de Direitos Autorais n? 9.610/98. Fondmenos do Transporte BIOGRAFIA RESUMIDA DOS AUTORES. Thais Cavatherl Cursou 0 Bacharolado em Fisica Médica pela Universidade de Sao Paulo (USP) no perfodo de 2001 a 2005, Em 2005 ingressou no curso de Mestrado em Ciéncias (Fisica) no Programa de Fisica Aplicada 4 Medicina e Biologia da USP, concluindo em 2007. Juntamente com o curso de Mestrado, também cursou a pés-graduagao lato sensu (especializagaio) Master in Business Administration - MBA em Gestdo de Organizagdes Hospitalares e Sistemas de Satide pela Fundagdo Getilio Vargas - FGV. Em 2008 ingressa no curso de Doutorado em Ciéncias (Fisica) junto ao Programa de Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Comissdo Nacional de Energia Nuclear (IPEN-CNEN/SP), programa este vinculado 4 Pés-Graduagéo da USP. Defende sua Tese de Doutorado em 2012. Apds 0 final do doutorado, permanece ainda no IPEN-CNEN/SP como pesquisadora em pés-doutoramento até 2014. Em 2011 6 contratada pela Universidade Paulista (UNIP) junto ao Instituto de Ciéncias Exatas e Tecnologia (ICET) com a titulagéo de Professor Titular. Disciplinas lecionadas: Tépicos de Fisica Geral e Experimental (Teoria e Laboratorio), Tépicos de Matematica Aplicada, Topicos de Informatica, Mecanica da Particula (Teoria e Laboratorio), Eletricidade Basica (Teoria e Laboratério), Complementos de Fisica (Teoria e Laboratério), Fundamentos da Termodinamica, Cinematica dos Sélidos, Dindmica dos Sélidos, Estatica dos Fluidos, Fenémenos de Transporte, Mecanica dos Fluidos (Laboratério). Em 2014 é contratada pela Universidade Sao Judas Tadeu (USJT) junto a Faculdade de Tecnologia e Ciéncias Exatas (FTCE) com a titulagéo de Professor Adjunto. Disciplinas lecionadas: Fisica | — Fisica Mecnica, Laboratorio de Fisica e Quimica, Fisica Il - Oscilagdes e Ondas, Fisica III — Eletricidade e Magnetismo, Laboratério de Fisica @ Eletricidade, Fisica Termodinamica, Ondas e Otica (disciplina hibrida). Desde 2014 até o presente é professora pesquisadora lider do Grupo de Pesquisa em Ensino de Fisica para Engenharias (GruPEFE), certificado pela instituigao UNIP @ registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento e Cientifico e Tecnolégico (CNPq). Em 2016 torna-se coordenadora do Curso de Fisica - Licenciatura, oferecido pela UNIP junto ao ICET, modalidade EAD (Educagao a Distancia). Fenémenos de Transporte Pedro Ferreira Possui graduagao em Engenharia de Controle © Automacao Universidade Paulista (UNIP) obtida em 2004. Apés a graduagao, cursoy durante © periodo de 2006 a 2007 a pds-graduacéo lato sensu (especializacgo) em Formagao de Professores para o Ensino Superior pela UNIP. Em 2009 ingresery no curso de Mestrado em Engenharia da Producao no Programa de pou Graduagio da UNIP, conciuindo em 2011. No periodo de 2004 a 2009 atya, como Engenheito na Companhia Ultragaz S.A. Dentro do mercado ge Engarrafamento de Gés Liquefeito do Petréleo (GLP), as principals atividagee desenvolvidas foram nas teas de produgao; manutengo; projetos gg Engenharia; processos de pintura industrial; Inspegdo e manutengdo de vasos ge Pressao; normatizagao, elaboragéo e acompanhamento de ensaios técriogs Desde 2005 até 0 presente, atua como Professor Adjunto do curso de Engenhais do ICET da UNIP. Juntamente como Professor do ICET, é coordenador do curso de Engenharia Basico desde 2008, Em 2012 tora-se responsével pelos laboratérios do ICET coordenando técnicos, compras, insumos para as engenharias, instalagao e manutengdo dos equipamentos. Desde 2014 até o presente € professor pesquisador do Grupo de Pesquisa em Ensino de Fisica ara Engenharias (GruPEFE), certficado pela instituigaéo UNIP e registrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento © Cientifico e Tecnolégico (CNPa) Disciplinas lecionadas: Mecanica dos Fluidos (Laboratorio), Estatica dos Fluidos, Ginematica dos Sélidos, Dinémica dos Sélidos, Mecdinica da Particula (Teoria ¢ Laboratorio), Tépicos de Fisica Geral e Experimental (Teoria © Laboratéro), Eletricidade Basica (Laboratério), Tépicos de Informatica, Desenho Técnico, Topicos de Matematica Aplicada, Fenémenos de Transporte (Teoria ¢ Laboratério), Instrumentagao Industrial. Fenémenos de Transporte SUMARIO Pagina 1. CINEMATICA DOS FLUIDOS — CONCEITOS. 1.4 Descrigao ~ Movimento de um Fluido..... 1.1.1 Aplicagées de Movimentos de Fluidos na Engenharia 1.2. Regimes de Movimento: 1.2.1 Movimento Permanente (Estacionario) 1.2.2 Movimento Variado (Nao estacionério) 1.3 Regimes de Escoamento — Experimento de Reynolds .. 1.3.1 Escoamento Laminar... 1.3.2 Escoamento Turbulento . 1.4 Tenso de Cisalhamento — Regime de Escoamento 1.5 Namero de Reynolds.. 1.6 Trajetéria e Linha de Corrente... 1.7 Tubo de Corrente ... 1.8 Tipos de Escoamento. 1.8.1 Escoamento Unidimensional 1.8.2 Escoamento Bidimensional........ APENDICE: A. Tipos de Viscosidade. A.1 Viscosidade Dinamica ou Absoluta 2 Viscosidade Cinematica.. 1.9 Exercicios Propostos... ‘TAREFAS. RESPOSTAS DOS EXERCICIOS. 2, EQUAGAO DA CONTINUIDADE 2.1 Vazdo Volumétrice 2.2 Vazéo em Massa.. 2.3 Vazo em Peso. 2.4 Relagdes entre Vazdo Volumétrica, Vazdo em Massa e Vazao em Peso ..... 44 2.5 Equagao da Continuidade para Regime Permanente 2.5.1 Equago da Continuidade para Fluido Incompressivel 2.5.2 Equagao da Continuidade — Entradas e Saidas nao Unicas.. 2.6 Exercicios Propostos.... TAREFAS.. RESPOSTAS DOS EXERCICIOS. 3. EQUACAO DA ENERGIA. 3.1 Equagao da Energia para Regime Permamente - Introducao 3.2. Formas de Energia. 3.2.1 Energia Potencial . 3.2.1.1 Energia Potencial de Posigao.. 3.2.1.2 Energia Potencial de Presséo 3.2.2 Energia Cinética 3.2.3 Energia Mecanica. 3.3 Equagdo de Bernoulli . 3.3.1 Aplicagao da Equagao de Bernoulli .3.1.1 Tubo de Venturi. 1.2 Tubo de Pitot. 3.4 Exercicios Propostos... TAREFAS.... RESPOSTAS DOS EXERCICIOS. 4. EQUAGAO DA ENERGIA - MAQUINAS E FLUIDO REAL 4.1 Equagao da Energia na Presenca de uma Maquina... 4.1.1 Bomba (Hs) .. 4.4.2 Turbina (Hy). 4.2 Poténcia e Rendimento de uma Maquina. 4.2.1 Bomba (Ha) ... 4.2.2 Turbina (Hy)... 4.3 Equagao da Energia para Fluido Real - Perda de Carga .. 4.4 Equagao da Energia para Fluido Real na presenga de uma Maquina .... 4.5 Escoamento nao Uniforme 4.6 Equacao da Energia — Entradas e Saidas nao Unicas 4.7 Exercicios Propostos. TAREFAS.... RESPOSTAS DOS EXERCICIOS.. BIBLIOGRAFIA..... Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 1. CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS 1.1 Descrig¢éo — Movimento de um Fluido Este capitulo compromete-se a apresentar uma introdugdo aos conceitos necessarios para a compreens’o do movimento dos fluidos. Os fluidos encontram-se por toda parte, como a agua e o ar, os quais so essenciais para a vida. Através dos fluidos, os corpos se deslocam e também sofrem consequéncias devido as alteragdes produzidas nos mesmos. Dentro dos variados campos da engenharia, é fundamental a presenga dos fluidos no transporte, conversdo e utilizagdo da energia. Usando as propriedades fisicas dos fluidos em conjunto com as leis fundamentais da fisica, 0 movimento dos fluidos pode ser estudado como o movimento dos corpos sélidos. A complexidade da anélise do movimento seré de acordo com a natureza do escoamento do fluido. O estudo dos Fenémenos de Transporte é de primeira importancia para analisar qualquer sistema no qual o fluido produz trabalho. 1.1.1 Aplicagées de Movimentos de Fluidos na Engenharia ‘Sao listados alguns exemplos de aplicagées rotineiras dos movimentos dos fluidos na engenharia: ventilagaéo em edificios urbanos, industriais e tineis; transferéncia de calor e massa em méaquinas térmicas (caldeiras, motores de combustao interna, fornalhas); redes de distribuigéo de agua e combustiveis; maquinas de converséo de energia (turbinas hidrdulicas, compressores, ventiladores, bombas hidrdulicas); estudos da qualidade da 4gua e do ar; entre outros. 1.2 Regimes de Movimento 1.2.1 Movimento Permanente (Estacionario) Se as propriedades do fluido permanecerem invariéveis em todos os pontos de interesse ao longo do tempo, o movimento desenvolvido pelo fluido seré considerado permanente (ou estacionério). Considera-se como propriedades do fluido a velocidade, a massa especifica, a pressao, entre outras. Logo a seguir, por meio da Figura 1.2.1.1, 6 descrito como exemplo de movimento permanente, © escoamento de um fluido pela tubulago de um tanque, sendo que a quantidade de fluido que entra (em A) é igual a quantidade de fluido que sai (em 6). 5 Fendmenos de Transporte — Nivel Constante do fluido . Lo (B) Figura 1.2.1.1: Escoamento de um fluido pela tubulagao de um tanque. Em um reservatério de grandes dimensdes, o nivel do fluido apresenta uma variacdo irrelevante durante 0 passar do tempo, ou seja, 0 nivel do fluido se mantém aproximadamente constante ao longo do tempo. Sendo assim, o movimento poderd ser considerado permanente. 1.2.2 Movimento Variado (nao estacionario) Quando ha variagao nas propriedades do fluido em alguns pontos de estudo ao longo tempo, 0 movimento desenvolvido pelo fluido ser considerado variado. Um exemplo de movimento variado, ou nao estacionério (nao permanente), 6 0 esvaziamento de um recipiente qualquer através de um orif A medida que o nivel vai baixando como consequéncia da redugao do volume do {luido, a presséo da coluna de fluido diminui, assim como a velocidade do fluido que passa pelo orificio. Em 1883, 0 experimento de Reynolds demonstrou a existéncia de dois regimes de escoamento: o laminar e o turbulento. Por meio de um fluido colorido, © objetivo do experimento foi visualizar 0 padrao de escoamento da agua através de um tudo de vidro. A fim de descrever 0 experimento de Reynolds, considere um reservatério com Agua onde 6 mantido um tubo de vidro cuja extremidade adaptada a um convergente. Esse tubo é mantido dentro do reservatério e ligado 6 Fenémenos de Transporte a um sistema externo 0 qual possui uma valvula reguladora de vazo, a qual permite a varia¢ao da velocidade de descarga. Ao longo do tubo de vidro é injetado © fluido colorido, © qual se deseja observar o comportamento, possibilitando a visualizagao do escoamento (Fig. 1.3.1). E fundamental que 0 movimento permanente seja mantido. Portanto, o reservatério contendo agua possui dimensdes adequadas para que a quantidade de agua retirada durante 0 experimento nao altere de forma significativa o nivel da agua. Durante todo o experimento, as grandezas temperatura e pressao foram controladas. Por meio do controle de vazo do fluido colorido, € possivel determinar dois diferentes regimes de escoamento: o laminar ¢ o turbulento. ‘A Reservatorio do liquido colorido B - Valvula de controle de vazao do corante © —Reservatério de Agua D—Injetor E~ Tubo de vidro F - Valvula de controle de vazio de agua Figura 1.3.1: Desenho esquematico do experimento de Reynolds. 1.3.1 Escoamento Laminar Para pequenas vazées, ou seja, para pequenas velocidades de descarga, 0 fluido colorido da origem a um filete reto e continuo e paralelo ao eixo do tubo, concluindo que as particulas do fiuido se movem sem agitagdes transversais, mantendo-se em laminas concéntricas. Sendo assim, 0 escoamento laminar é definido quando o fluido se move em camadas, ou laminas, com as camadas deslizando sobre as adjacentes, nao havendo mistura macroscépica de camadas de fluido adjacentes. Frente & tendéncia de instabilidade e turbuléncia, tensdes de cisalhamento agem dificultando 0 movimento relative entre as Fenémenos de Transporte camadas adjacentes do fluido. E importante relembrar 0 conceito de tenséo de cisalhamento média. Considere uma superficie de area A submetida & ago de uma forga F (Fig. 1.3.1.1), Decompondo essa forga F em componentes tangencial (F,) e normal (Fi): Figura 1.3.1.1: Superficie de area A submetida & ago de uma forga F Define-se a Tenso de Cisalhamento Média (2) como 0 quociente entre © médulo da componente tangencial da fora (Fi = Fy (Fig.1.3.1.1) e a area sobre a qual esta aplicada: \Fel _ Fi A A Portanto, sendo a Tensao de Cisalhamento (2) uma grandeza definida por forga sobre unidade de drea, as unidades mais utilizadas para essa grandeza, de acordo com o Sistema de Unidades, estéo descritas na Tabela 1.3.1.1 a seguir: Tabela 1.3.1.1: Unidades de Pressdo (P) e Tensdo de Cisalhamento (2) para os Sistemas de Unidades: MKgfS, CGS e MKS (SI). Sistema Unidade de Pe/ou z =a Ea . = ___ CGS dinalom™ MKS (SI) Nim? (Pa) ~ ee a * 1. Nim? = 1 pascal (Pa) Fendmenos de Transporte O escoamento laminar ocorre geralmente a baixas velocidades e em fluidos que apresentam grande viscosidade. Na pratica, 0 regime de escoamento laminar 6 0 menos comum, podendo ser visualizado num filete de Agua de uma torneira levemente aberta. Exemplo: Oleo lubrificante altamente viscoso a baixa velocidade percorrendo um tubo de pequeno diametro e seco transversal constante. Escoamento Laminar Figura 1.3.1.2: Desenho ilustrativo exemplificando um escoamento laminar. 1.3.2 Escoamento Turbulento As vazBes quando crescentes, induzem oscilagdes que se amplificam & medida que 0 aumento vai ocorrendo, resultando no completo desaparecimento do filete do fluido colorido, sendo observada a mistura total do fluido corante dentro do tubo de vidro, indicando uma total diluigao. JA no caso do escoamento lurbulento, as particulas apresentam velocidades transversais, uma vez que o filete do fluido colorido desaparece pela diluigao de suas particulas no volume de agua. Em outras palavras, 0 escoamento turbulento pode ser descrito como um movimento caético das particulas, em escala macroscépica (tridimensional aleatério), sendo que a velocidade das particulas do fluido colorido apresenta componentes transversais ao movimento da corrente. Ainda, como caracteristicas fundamentais desse regime de escoamento, destacam-se: irregularidade, difusividade, flutuag6es tridimensionais e dissipagao de energia. Fenémenos de Transporte A maioria dos escoamentos na natureza ocorre em regime de escoamento turbulento, o qual 6 tipico das obras de engenharia, tais como: adutoras, tubulagées industriais, vertedores de barragens, entre outras. E importante salientar que durante 0 aumento da vazao do fluidg colorido, ha um escoamento de transigéo separando os dois regimes ge escoamento: laminar e turbulento (Fig. 1.3.2.1). Turbulento Figura 1.3.2.1: Regimes de escoamento, Exemplo: Fluido pouco viscoso a alta velocidad le percorrendo um tubo de grande didmetro e segao transversal constante. Escoamento Turbulento a S_M SVE Ss “EV Vn Figura 1.3.2.2: Desenho ilustrativo exemplificando um escoamento turbulento. 10 Fenémenos de Transporte 1.4 Tensiio de Cisalhamento - Regime de Escoamento Para fluidos newtonianos"*, a Tenséo de Cisalhamento (a é determinada de acordo com o regime de escoamento: Escoamento Laminar > 7 = 2 dy dv Escoamento Turbulento > Trurp, = (+ P-Vturb.)* ty ly Sendo: p = massa especifica do fluido; v= velocidade média de escoamento do fluido; H= viscosidade dinamica do fluido; Virb. = viscosidade turbulenta do fluido. Em regime turbulento, devido a intensa troca de energia durante o escoamento, 0 resultado so tensdes maiores e maior dissipacao de energia por atrito viscoso. Assim, como resultados desses dois efeitos, a viscosidade do fluido “aparece” aumentada. A equagao do calculo de tensao de cisalhamento para escoamento turbulento (urs) 6 apresentada de maneira simples. “* Fluidos Newtonianos: relagao linear entre o valor da tensao de cisalhamento aplicada e a velocidade de deformagao resultante. A viscosidade é o fator de proporcionalidade constante na equagao. Gases e liquidos finos tendem a serem fluidos newtonianos como: ar, 4gua e dleo sao exemplos de fluidos newtonianos. 1.5 Numero de Reynolds (Re) © numero de Reynolds (Re) indica, numa escala relativa de turbuléncia, qual 6 a natureza do escoamento, se laminar ou turbulento. O quociente entre as forgas de inércia (Fi) e as forcas viscosas (F;,) define o numero de Reynolds (Re). Sendo assim, o Re sera uma grandeza adimensional: ZA R oo =F, No regime de escoamento laminar, 0 deslocamento transversal de massa é desprezivel, apresentando uma predominancia das forgas viscosas (F,. W Fenémenos de Transporte No regime de escoamento turbulento, € predominante 0 deslocamento transversal de massa, sendo as forcas viscosas (F,) despreziveis em relagdo as forgas de inércia (F). A equacdo a seguir 6 denominada némero de Reynolds, mostrando que o regime de escoamento depende de um conjunto de grandezas: prveX Vex Re u y Sendo: p = massa especifica do fluido; v= velocidade média de escoamento do fluido; x =dimensdo caracteristica da geometria onde ocorre o escoamento; = viscosidade dinamica do fluido™; v= viscosidade cinematica do fluido*!), Rea PX UX pe ‘v:D_v-D Bz v Hu v Em segées circulares, x = D diametro interno ou externo. Durante as experiéncias realizadas por Reynolds, ele estabeleceu que, No caso de tubos, os seguintes parametros: Re < 2000 > escoamento laminar; 2000 < Re < 2400 > escoamento de transigao; Re 2 2400 > escoamento turbulento. Frequentemente pode-se considerar 0 escoamento turbulento como Permanente, adotando em cada ponto de interesse a média das velocidades em relago ao tempo (Fig.1.5.1). “Hl No final deste capitulo sdo retomados, Para recordar, os conceitos de viscosidade dindmica (yi) e viscosidade cinematica (v) do fluido. 12 Fenémenos de Transporte \Velocidade Velocidade média * | ma" Varlagio da velocidade durante ‘© escoamento turbulento Tempo Figura 1.5.1: Diagrama da variagao velocidade em fungao do tempo para um escoamento turbulento. 1.6 Trajetéria e Linha de Corrente A trajetéria é 0 conceito da cinematica dado pelo conjunto de posigdes geométricas sucessivas ocupadas por um mével no decorrer do tempo. O caminho do mével também caracteriza esse concelto, bem como a linha tragada pelo mével ao longo do seu deslocamento (Fig.1.6.1).. Posigao do mével em intervalos de tempo sucessivos Figura 1.6.1: Desenho ilustrativo exemplificando a trajetéria de um mével. A linha continua tangente aos vetores velocidade de diferentes particulas que compéem o fluido no mesmo instante 6 chamada linha de corrente 13 Fenémenos de Transporte (Fig.1.6.2). & im N&O € considera instante fixo, De Que duas linhas di Portante salientar que, na definigo de linha de Corren ido uma grandeza variavel, uma acordo com 0 coneeito desorit le corrente nao se interceptam, | Se 0 regime de movimento do fluido for trajetorias 9 as Coincidem geomet a re, vez que a linha é detinije no © anteriormente, pog A + Pode-se oor ir Permanente (estaionéi las que constituem ° fhige 0 linhas de corrente das particul ricamente. Linha de corrente representada Pela linha tracejada 4 Linhas de corrente Linha geométrica fechada Figura 1.7.1: Tubo de corrente for rmado por linhas de corrente apoiadas em uma linha geométrica fechada. 14 Fenémenos de Transporte Se 0 fluido desenvolve um movimento em regime estaciondrio (permanente), nenhuma particula do fluido conseguira escapar através do tubo formado pelas linhas de corrente. Em outras palavras, os tubos de corrente sao impermeaveis 4 passagem de massa. Para que a particula ultrapassasse as barreiras do tubo, 0 vetor velocidade necessariamente deveria ser obliquo em relago ao tubo de corrente; fato este que nao ocorre, pois, por definicao, as linhas de corrente sao tangenciais aos vetores velocidade. A partir da definicao discutida anteriormente, nota-se que as particulas do fluido que entram de um lado do tubo de corrente, obrigatoriamente deverao sair do outro lado, pois nao ha ganho nem perda de particulas através do tubo. 1.8 Tipos de Escoamento Todos os escoamentos que ocorrem na natureza sao tridimensionais (Fig.1.8.1). Em cada segdo transversal de um filamento ou tubo de corrente, as grandezas que interferem no escoamento variam em trés dimensées. x Figura 1.8.1: Desenho esquematico de um escoamento tridimensional. 1.8.1 Escoamento Unidimensional Considera-se 0 escoamento unidimensional de um fluido quando a diregao e a intensidade da velocidade 6 a mesma para todos os pontos, sendo suficiente fornecer 0 seu valor em fungao da coordenada x a fim de obter a sua variagéo durante 0 escoamento (Fig.1.8.1.1). Ou seja, 0 escoamento unidimensional 6 definido quando uma Unica coordenada espacial é suficiente para desorever as propriedades do fluido (velocidade, massa especifica, pressao, entre outras), considerando que as propriedades sejam constantes em cada secao. 15 Fenémenos de Transporte fl» y cunmuuuuul?” x WLLL Cllyyyy, “tiny, Figura 1.8.1.1: Exemplo de escoamento unidimensional, sendo que a Velocidade SO varia em relagao a diregdo x. 1.8.2 Escoamento Bidimensional © escoamento bidimensional ocorre quando as particulas que Constituem 0 fluido se movem em planos paralelos, sendo suas traletérias idénticas em cada plano, nao havendo escoamento na diregao normal aos planos Sendo assim, as grandezas do escoamento variam em duas dimensdes, A Tespeito da velocidade, a variagéo dessa grandeza sera fungdo das duas Coordenadas xe y, sendo que o diagrama da velocidade se repetiré em planos paralelos (Fig.1.8.2.1). y Ln z a. “dlddinyys Figura 1.8.2.1: Exemplo de escoamento bidimensional, sendo que a velocidade serd fungdo das duas coordenadas xe y. alise Muitas vezes, em problemas encontrados na engenharia, uma ieee . unidimensional é adequada para fornecer solugées aproximadas, atendendo a precisao exigida na pratica. Fendémenos de Transporte APENDICE A. Tipos de Viscosidade De uma maneira simples, pode-se definir viscosidade como sendo a propriedade que indica a maior ou menor dificuldade de um fluido escoar. No estudo da viscosidade, ela pode ser definida por dois diferentes tipos: a viscosidade dindmica ou absoluta e a viscosidade cinematica. Al Viscosidade Dinamica ou Absoluta Durante a anélise do Experimento das Duas Placas (Apostila: Estatica dos Fluidos - item 2.1), foi considerado 0 Principio da Aderéncia, o qual descreve que os pontos do fluido em contato com uma superficie sélida aderem aos pontos da mesma, com os quais se encontram em contato. Devido & aplicagéo de uma forga tangencial F; constante sobre a placa superior (Fig.1.1.1), as particulas do fluido que se encontram junto a esta placa (representadas pelos pontos Ae B), terdo velocidade diferente de zero e, as particulas do fluido que estao junto a placa inferior (representadas pelos pontos Ce D), terdo velocidade nula. Desta maneira, entre as particulas de cima e as debaixo existira a forga de atrito que, por se tratar de uma forga tangencial, dard origem a tensdes de cisalhamento, com sentido contrario ao do movimento devido & ago contraria da forga de atrito (Fig.1.1.1). Placa Superior Placa Inferior Flxa (a) Figura 1 (a) Fluido entre duas placas e, (b) Fluido deformado continuamente devido & aplicagéo de uma F; aplicada sobre a placa superior. Tensdes de Cisalhamento (2) devido a forga de atrito entre as particulas do fluido. Por meio da Figura 1.1.2 a seguir, observa-se que para um deslocamento dy havera uma correspondente variagao dv na velocidade: 17 Fenémenos de Transporte Placa Superior Placa Inferior Fixa Figura 1.1.2: Gradiente da velocidade: variacao da velocidade a posicao dy. (dv) de acordo com A Lei de Newton para a viscosidade considera uma relagao de Proporcao entre a tenséio de cisalhamento (2) e o gradiente da velocidade (avidy, Sendo 0 coeficiente de proporcionalidade 4 denominado viscosidade dindmica ou absoluta. A viscosidade dindmica (y) 6 uma grandeza que depende do tluido ¢ das condig6es sob as quais esta submetido, como pressao © temperatura Apés um determinado intervalo de tempo em que a forga tangencial F, esta aplicada sobre a placa superior, esta passaré a desenvolver um movimento uniforme com velocidade Vp. Considerando ¢ uma distancia pequena, pode-se admitir a simpliticagdo pratica descrita na Figura 1.1.8 a seguir: Placa Inferior Fixa Figura 1.1.3: Simplificagao pratica para a determinacao da viscosidade dinamica (4). 18 e, ac dinar acor Tab Uni¢ Hh Fenémenos de Transporte Considerando a semelhanga entre os tridngulos da Figura 1.1.3: A ABC=A ABC ., Mo. dv _Av ay 0 56 de forma geral: —— = —— € “dy Ay Portanto, a Lei de Newton para viscosidade: dv Av Por meio da andlise dimensional da Lei de Newton para a viscosidade e, adotando o sistema do tipo FLT, obtém-se as unidades da viscosidade dinamica: Tt ooh ay P wy, _Forea_F _p 2 av te Area a7 dy| L Assim, as unidades mais utilizadas para Viscosidade Dinamica (4) de acordo com o Sistema de Unidades, estao descritas na Tabela 2.9.1.1 a seguir: Tabela 1.1.1: Unidades de Viscosidade Dindmica (u) para os Sistemas de Unidades: MKgfS, CGS e MKS (SI). Sistema Unidade de es MKgfS: kgf.s/m ~_0GS dina.s/om® (poise) MKS (SI) Nsinv * 1 centipoise (cP) = 0,01 poise. 19 Fenémenos de Transporte A.2 Viscosidade Cinematica A Viscosidade Cinemdtica (v) 6 determinada pela razéo entre a viscosidade dindmica (xi) e a massa especifica (p) do fluido em estudo. v= vik Por meio da anélise dimensional e, adotando o sistema do tipo FLT, obtém-se as unidades da viscosidade cinematica: [l= Fe?r m _ FiL/T) _ 472 ery 2B = [p]= FL“T’ => pj=2r" S > y-Fet Pp Fe‘4T? ‘Assim, as unidades mais utilizadas para Viscosidade Cinematica (v) de acordo com o Sistema de Unidades utilizado, estéo descritas na Tabela 1.2.1 a seguir: Tabela 1.2.1: Unidades de Viscosidade Cinematica (v) para os Sistemas de Unidades: MKgfS, CGS e MKS (SI). Sistema Unidade de v MKgi mis Cas ‘om’/s (stoke_St) MKS (SI) mis ee * 1 centistoke (cSt) = 0,01 St. © nome viscosidade cinematica se deve ao fato da grandeza em questéio ndo envolver nenhuma forca, somente comprimento e tempo, que s40 grandezas fundamentais da cinematica, 20 Fenémenos de Transporte 1.9 Exercicios Propostos 01. Na figura a seguir sao representadas duas placas planas paralelas. A placa superior é mével e entre elas tem-se dleo (espessura de 2 mm) com viscosidade absoluta de 9,8 cP. A placa superior move-se com velocidade de 2 m/s, com perfil de velocidade linear. Determine a tensao de cisalhamento (kgf/m?) e a forga (kgf) que impulsiona a placa de area 3 m?. PLACA MOVEL [Ne TADCS 02. Na figura a seguir sao representadas duas placas planas paralelas, sendo uma mével e outra fixa. Entre as duas placas tem-se um fluido (espessura de 0,5 cm) com viscosidade absoluta de 0,008 Pa.s, que sofre tenséo de cisalhamento de 0,08 kgf/m?. Determinar a velocidade com que a placa se movimenta (no SI), sabendo que o perfil de velocidade é linear. WNe MNT ger ae 03. Um émbolo de massa 5 kg move-se devido a agao da gravidade, como demonstrado a seguir no interior de um cilindro. O diémetro do émbolo é de 300 mm e 0 espago entre o émbolo e 0 cilindro é preenchido com dleo de espessura 0,2 mm, de viscosidade absoluta a1 Fondmonos de Transport velocidade é linear, determine 0,8 N.s/m?, Sabendo que 0 perfil de 40 m/s*). velocidade de descida do embolo (g= 400 mm 04. Determinar o torque resistente e a tensao de cisalhamento originado pelo lubrificante em contato com o eixo representado a seguir, com rotagéo de 2800 rpm. Dados: Viscosidade absoluta do 6leo 0,25 x 10° Pas. awa | |g 2:08 [0 300 Dimensdes em mm 05. Uma placa retangular com dimensdes 1,0 m por 0,8 me massa d& 4 kg, desliza sobre um plano inclinado com velocidade constante de 1 mis. Entre a placa e 0 plano inclinado existe uma pelicula de oleo de 4 mm de espessura. Determine a viscosidade absoluta do leo e4 forga de cisalhamento. Dado: g = 10 m/s’, 22 Fenémenos de Transporte 06. Uma placa quadrada com lado 0,8 m, desce com velocidade constante entre os planos indicados. O éleo utilizado entre as placas possui viscosidade absoluta de 0,01 Pa.s. Determine a velocidade de descida da placa de massa 2 kg, sabendo que e a espessura do filme de dleo é de 3 mm. 07. O eixo, representado a seguir, rotaciona dentro de uma luva com frequéncia de 1300 rpm. Entre a luva e o eixo existe uma camada de 6leo com viscosidade cinematica de 0,003 m?/s e massa especifica de 850 kg/m?. Nessas condigées, determinar o torque gerado, sabendo que o diametro da luva é de 70,2 mm. 23 cs 3 Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA-1 RA: | Data: | Campus: Turma: A seguir so representadas duas placas planas paralelas. Uma das placas € mével (placa superior) e entre elas tem-se leo com viscosidade absoluta de 0,001 kgf.s/m2. A placa ‘superior move-se com velocidade de 4 m/s, ‘com perfil de velocidade linear. Determine a tensao de cisalhamento (kgfim*) ¢ forga (em kaf) que impulsiona a placa. RNa We PLACA FIXA PLACA MOVEL Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA - 2 Nome: RA: ] Professor: Data: Campus Turma: A seguir sao representadas duas placas planas paralelas, sendo uma mével e outra fixa, Entre as duas placas tem-se um fluido (espessura de 0,6 cm) com viscosidade absoluta de 0,09 P, que sofre tensao de cisalhamento de 0,06 kgf/m?, Determinar a velocidade com que a placa se movimenta e a forga propulsora (Sl), sabendo que o perfil de velocidade é linear. PLACA MOVEL [eer ee PLACA FIXA PLACA MOVEL Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA -3 Nome: RA: Professor: Data: ‘Campus: Turma: Um émbolo de massa 3 kg move-se devido a gravidade, como demonstrado a seguir no interior de um cilindro. O diametro do émbolo é de 180 mm e 0 espago entre o émbolo e 0 cilindro é preenchido com dleo de espessura 0,2 mm, de viscosidade absoluta 0,8 N.s/m?. Sabendo que o perfil de velocidade é linear, determine a velocidade de descida do embolo (g=10 m/s*). Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA -4 Nome: RA: Professor: Data: ‘Campus: Turma: Determinar 0 torque resistente e a tensdo de cisalhamento originado pelo lubrificante em contato com o eixo que rotacional a 1500 rpm, representado a seguir. Dados: Viscosidade absoluta do dleo 0,25 x 10? Pa.s. cua Ww —>| E KK 00, Dimensées em mm 31 Fenémenos de Transporte CAPITULO 14 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA - 5 Nome: RA: Professor: Data: Campus: Turma: © eixo representado a seguir rotaciona dentro de uma luva com velocidade de 1000 rpm. Entre a luva e o elxo existe uma camada de éleo com viscosidade cinematica de 0,003 m/s e massa especifica de 850 kg/m?. Nessas condigdes, determinar o torque gerado, sabendo que 0 diametro da luva é de 80,2 mm. ZZ, LLL Dimensées em mm 33 Fenémenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA-6 Nome: RA: Professor: Data: ‘Campus: Turma: Um eixo é inserido, sem girar, dentro de uma luva com velocidade de 0,55 m/s. A lubrificagaéo do sistema é feita com dleo de viscosidade cinematica 0,001 m/s e massa especifica de 835 kg/m*. Determinar a forga necessaria para mover o eixo, considerando o perfil de velocidade linear e diametro da luva de 55,2 mm. ZZ Dimensées em mm Fendmenos de Transporte CAPITULO 1 - CINEMATICA DOS FLUIDOS - CONCEITOS TAREFA-7 Nome: RA: Professor: Data: Campus: Turmar O sistema ilustrado a seguir 6 utilizado para suspender o émbolo de massa 30 kg dentro do cilindro. O émbolo sobe com velocidade de 2 mis, considerando que nao ha escorregamento entre 0 cabo e 0 eixo de suspensao. Determinar 0 torque necessdrio (N.m) no motor, assim como a rotagao do eixo (tpm) para realizar a operagao. Dados: Viscosidade absoluta dleo lubrificante 0,0025 Pa.s e espessura de dleo no mancal e cilindro 0,1mm. 60cm eee }}F nn Mancal Fenémenos de Transporte RESPOSTAS DOS EXERCICIOS Exercicios Propostos 01. 1 kgtim? e 3 kgf 02. 0,5 m/s 03. 3,32 cm/s 04, 25,91 N.m @ 1832,6 Nim? 05. 0,017 N.s/m? e 13,7 N 06. 3,31 m/s 07. 467,6 Nm Tarefas 01.2 kg/m? e 3 kgf 02. 0,4 m/s 3,6 N 03. 6,64 cm/s 04, 98,7 N.m e 1571 Nim? 05. 322,14 Nm 06.278. N 07. 51,24 N.m e 127, 32 rpm Fenémenos de Transporte CAPITULO 2 2. EQUAGAO DA CONTINUIDADE 2.4 Vazao Volumétrica ‘A Vazao Volumétrica, ou Vazéio em Volume ou também Fluxo Volumétrico (@) 6 a grandeza definida como o volume de fluido escoando por uma determinada segao por unidade de tempo. A unidade de @ designa-se pela unidade de volume por unidade de tempo. Assim, algumas unidades que correspondem a definigéio: m’/s; L/s; m°/h; L/min. Sendo: @= vazio em volume; jolume do fluido escoando por uma sega t= intervalo de tempo. A velocidade do fluido (v) pode ser relacionada com a vazéo volumétrica (Q) do mesmo. Considere 0 fluido em movimento. Num determinado intervalo de tempo t, 0 fluido desloca-se através da segdo de area A, a uma distancia s. Consequentemente: s Sabendo que: V = 1 Tal consideragao (Q = v.A) s6 pode ser apontada como valida caso a velocidade seja uniforme na segao, porém, na maioria dos casos, 0 escoamento n&o comporta-se de forma unidimensional. Nao obstante, nao se descarta a igualdade determinada anteriormente, considerando a velocidade média na secdo. 4 Fenémenos de Transporte A Figura 2.1.1: llustragao representativa do perfil da velocidade do fluido enquanto escoa por uma secao A. Conforme a Fig.2.1.1 nota-se que a velocidade (v) é diferente em cada ponto da segiio. Adotando uma pequena Area de seco (dA) a qual abrange um Ponto em que a velocidade é v, pode-se definir vazdo (Q) como: dQ=v-dA > Q=fv-dA A Neste contexto, a velocidade média na se¢ao (Vm) 6 considerada como uma velocidade uniforme que, se colocada no lugar da velocidade real (Vv = Via), exibiria a mesma vazo na segdo estudada Figura 2.1.2: Esquema representative da velocidade média (Vm) do fluido ™ segao A. 42 Fendmenos de Transporte als Q=[V-dA > Q=vm-A = Vm=—4:fv-dA A A Vn = BIO Para relembrar, algumas unidades que correspondem a definigao de velocidade: cm/s; m/s; m/min. 2.2 Vazéo em Massa Vazéo em Massa ou Fluxo de Massa (Qn) 6 a massa do fluido que atravessa uma seco de escoamento em um determinado intervalo de tempo. Assim, algumas unidades da grandeza: gis; gimin; kg/s; kg/min; kg/h; utm/s; utm/min; utm/h. Importante lembrar que utm = unidade técnica de massa. 2.3 Vazao em Peso Vazéo em Peso ou Fluxo de Peso (@) 6 0 peso do fluido que atravessa uma segao de escoamento em um determinado intervalo de tempo. Desta forma, algumas unidades que correspondem A definigdo de Qo: dina/s; dina/min; dina/h; N/s; Nimin; N/h; kgf/s; kgt/min; kghvh. E importante lembrar que G 6 igual 4 forga peso de uma determinada quantidade de fluido. Para resgatar 0 conceito, por meio da 2* Lei de Newton, a qual relaciona as grandezas fisicas forga (F), massa (m) e aceleracao (a), pode-se determinar a forga peso (G): F=m.a > G=m-g sendo: g = aceleragao da gravidade. 43 Fendmenos de Transporte 2.4 Relagées entre Vazaio Volumétrica, Vazao em Massa e Vazig em Peg 0 Lembrando que a Massa Especifica (9) de uma substan, entre a massa (m) de uma quantidade da substancia € 0 correspon do fluido ( ») ocupado por essa quantidade: 6 aa, ent von m — > m=p-V Pp Pp Ainda, retomando as definigdes de Vazao em Massa (Q,) Vaz Volumétrica (Q), tem-se: 0 Qn = > oe * Qm=p-Q Como discutido anteriormente, a Vazdo Volumétrica (@) pode om definida como: Q=vm:A => -. Qn=p:Vm-A Resgatando que 0 Peso Especifico (7) de uma substancia € a razio entre a forga peso (@) de uma quantidade da substdncia e o correspondents volume do fluido ( ») ocupado por essa quantidade: eens Recuperando as definigdes de Vazdo em Peso (Qa) e Vazio Volumétrica (@), tem-se: Recapitulando que a Vaz&o Volumétrica (@) pode ser escrita como: Q=vm-A => 2. QQ=y¥iVm-A ito 2 Considerando os conceitos discutidos anteriormente a respelt@ Vazaio em Peso (Qa): 44 Fenémenos de Transporte Exemplo 1: De acordo com o perfil da velocidade (figura a seguir), determine a velocidade média (Vm) de escoamento do fluido. Considere um escoamento bidimensional, ou seja, suponha que no exista variagao da velocidade na direcao normal ao plano da ilustragao. Vo -——> ‘ h WLLL tL re x Resolucao: Observando a figura, nota-se que a velocidade varia de forma linear na diregao y. Dessa maneira, tem-se: v=Cy-y+Co Sendo C; e Cz constantes determinadas pelas condiges de contorno: y=0 > v=0 >~. G)=0 y=h > vV=vo > W=G:h=>.. c=" y va y+Q > v=4,'¥o Dentro do conceito de Vazao Volumétrica, descreveu-se a velocidade média (Vm), a qual 6 dada por: h A= _[(L.v9) (b- dy) A oO a Bl- beh Fenémenos de Transporte Exemplo 2: Um fluido escoa numa tubulagéo de raio R em regime laminar e Permanente. A velocidade v em qualquer ponto do fluido é dada pela equagao a seguir, sendo ra distancia radial a partir do eixo central do tubo. Determine: a vazdo em massa da tubulagao e a velocidade média no escoamento laminar. rma (EG ~ 46 Fenémenos de Transporte Resolugao: Qm = P:Vm:A al+ ‘fued A Qn Pm: A= 9: A: [Uda Om =p: [vo dA Considerando 0 elemento de area da segao do tubo: dA = 2ardr Qm =p: io . } - (4) + (2ar)dr Om = 24: 9-vaal |1-(f) | en Resolvendo a integral: if -(f) | Fenémenos de Transporte 2.5 Equagiio da Continuidade para Regime Permanente A Equagio da Continuidade também 6 conhecida como Egy Conservagao de Massa, enunciando que a massa de um sistema a Conservada, isto 6, permanecer constante. Ne Para determinar a Equacdo da Continuidade (ou Equas Conservagiio de Massa) para Regime Permanente, cor ° um fluido por um tubo de corrente: Ay A ~(_- v Figura 2.5.1: Exemplo de escoamento bidimensional, sendo Que a Velocidads sera fungao das duas coordenadas xe y. C20 a nsidere o €Scoamenty a Nota: Para alguns autores, sera chamado de Volume de Controle (VC), por onde 0 fluido escoa. Sendo: A; = drea da segao de entrada do sistema; drea da segao de saida do sistema; azo em massa na se¢ao de entrada do sistem: Qmz = vaz%0 em massa na segao de saida do sistema; m = massa do fluido; v = velocidade média do fluido. Para que 0 regime de escoamento seja considerado permanente & necessdrio que néo haja variacao das propriedades, em nenhum ponto do fluid, em fungao do tempo. Por exemplo, se fosse observado uma variagao na vazio em massa na segdo de entrada do sistema em relagao a vazéio em massa "4 segéo de saida do sistema (Qm1# Qm2), portanto, em algum ponto interno do tubo de corrente houve actimulo ou redugdo de massa. Dessa forma, a ma especifica nesse ponto variou com o tempo, mostrando uma contrariedade hipétese de regime permanente. Portanto, em regime permanente, deve-se considerar: 48 Fenémenos de Transporte [Gna = Gna] ou p10; = pe Qs ou [oo Rvi= Pe | Sendo: p; = massa especifica do fluido na entrada do sistema; Pe = massa especifica do fluido na saida do sistema; Q; = vazao volumétrica na segao de entrada do sistema; Q2 = vazao volumétrica na segao de saida do sistema; v1 = velocidade média do fluido na entrada do sistema; V2 = velocidade média do fluido na saida do sistema. Desta maneira, a Equacao da Continuidade para um fluido qualquer em Regime Permanente pode ser resumida como: Qm= p:Q= p- A.v=constante Exemplo: O ar escoa em um tubo convergente, conforme a ilustracdo a seguir. A Area da maior segao do tubo 6 20 om*e a da menor é 10 cm®. A massa especifica do ar na segdo 1 6 0,12 utm/m®, enquanto que na segao 2 é 0,09 utm/m’. Sendo a velocidade na secao 1 igual a 10 mV/s, determinar a velocidade na segdo 2 e a vazéio em massa. a) (2) De acordo com o enunciado: Ay = 20 cm’; Az = 10 cm; p; = 0,12 utmim®; pe = 0,09 utm/m®; vy = 10 m/s; Ve = ?; Qn = ?. 49 Fenémenos de Transporte Om = m2 Equagao da Continuidade: py -Q; = po - Qo PI Ay V4 = po - Ag - v2 fa oe iD 2«f.o,. vg =——-—.10 => 12 ay “1 > "2 =O 09°10 Qin = Py Ay- V4 = pz - Ag -Vo Qm = 0,12 (utm/m*) x0,002 (m?)x10 (m/s) Qm = 0,0024 utm/s 2.5.1 Equagao da Continuidade para Fluido Incompressivel Se 0 fluido for incompressivel, a massa especitica do volume (b) na entrada (p:) deverd ser igual a massa especifica na saida (pz) do sistema (p; = pp = A) . Sendo assim, caractetiza-se a Equacdo da Continuidade para fluidos incompressiveis: P1-%=p2-Q, => p-Q=p-Q =[4=@] A vista disso, a vazao em volume (Q) de um fiuido incompressivel 6 a mesma em qualquer secéo de escoamento. Como andlise da Equagao da Continuidade para fluidos incompressiveis, nota-se que as areas e as velocidades médias so grandezas inversamente proporcionais: 50 Fendmenos de Transporte V2> Vy [ Se: Ay> A:> Ay< Ap Vo< Vy 10 om®; vy = 1 ms; vz ae [v2=2 mis] = Vg =2 m/s Toyo > bea2 ms] As velocidades variam na razao inversa dos quadrados dos diametros, para fluides incompressiveis. 2.5.2 Equacao da Continuidade - Entradas e Saidas néo Unicas No caso de diversas entradas e saidas de fluido do sistema, a Equagao a Continuidede pode ser generalizada pela igualdade dos somatérios das vazbes de entrada e de saida, ou seja: E@m = YQm_ igualdade valida para fluidos quaisquer. Entrada Saida Amesma anilise pode ser considerada para fluido incompressivel: Ye= ye Entrada Saida Exemplo: Considere um fluido incompressivel escoando pelas tubulacées, conforme ilustrado a seguir. Determine a vazo volumétrica e a velocidade média em cada tubo se: 0 tubo 1 tem um diémetro de 50 mm e velocidade média de 2 mis; 0 tubo 2 tem diémetro de 40 mm e escoa 30% do total da vazao volumétrica © 0 tubo 3 tem um didmetro de 60 mm. 51 Fendmenos de Transport ® Resolucao: 2 amon) 2 Qe =0,3-Q, =0,3-0,00392 => |Qy = 0.001178 ms s| = +0) => Gy =Q~O Qs = 0,00392-0,001178 => JQ = 0,00275 m/s] Q2 = Ag V2 => vg = 7-92, = 0.001178 Vp = 0,936 mm/s} ("2 ) [= (0,04)? 4 Qs = Ay vg => vg, %__.. 0,00275 afr =onre mis ‘3 (ee) (= tae) 4 | | | | | bs Fenémenos de Transporte 2.6 Exercicios Propostos 01. Em um experimento que permite a medida da velocidade de um fluido em um conduto, utilizando o tubo de Pitot, um aluno deseja determinar as vazdes em volume, em massa e em peso da Agua no SI. Para isso, ele utilizar 0 reservat6rio de acrilico representado a seguir na saida da tubulagdo e um cronémetro. Sabendo-se que a Agua chega a marca indicada em 1 minuto, determine as vazées citadas. h = 62,5 cm L=40cm L=40om 02. De acordo com o peril da velocidade (figura a seguir), demonstre a equagao e determine a velocidade média (Vm) em m/s de escoamento do fluido. Considere um escoamento bidimensional, ou seja, suponha que no exista variagdo da velocidade na direg&o normal ao plano da ilustracao. Dados: vo = 85 om/s Yo y => h h LL dy’ x b 53 Fendémenos de Transporte 03. Um fluido escoa numa tubulagao de raio A em regime laminar e A velocidade v em qualquer ponto do fluido é dada pela equacdo a segy * @ distancia radial a partir do eixo central do tubo. Demost tre aS equags. Nez80 em massa do volume de controle (VC) @ da velocidage mad Sssoamento laminar; e determine seus valores numéricos. Dados: A=0040.% = 1000 kg/m?, Viner = 1,5 m/s. mm p 04, Um gas escoa em regime tubulaco indicada a se, Nim? e 12 Nim®, segdes. Permanente com uma vazdo de 15 kg/s na uir. Nas segdes (1) @ (2) 0 fiuido tem peso especifico 4 respectivamente. Determine a velocidade média nas duas Fenémenos de Transporte 05, Agua escoa em regime permanente em um conduto retangular e de area constante, com fluxo de massa 60 kg/s. Determine a velocidade do fluido, sabendo que 0 fluido 6 incompressivel e suas propriedades se mantém uniformes durante 0 escoamento. 06. No conduto representado a seguir, escoa polpa de suco com velocidade média na se¢ao (1) de 2 m/s. Determine as vazdes em volume (V/s), em massa (kg/s), em peso (N/s) € a velocidade média (m/s) na segao (2). D=0,05m Dados: p = 1020 kg/m? e g = 10mis?. Fendmenos do Transporte 07. No conduto represontado a soguir, gas oscoa om rogime permany vazio de 10 kg/s, Nas segdes (1) © (2) 0 poso ospocttico 6 do & Nimo Fespectivamento. Determino a volocidado média nas sogdes (1) © (2), ete oo O12 Nima Dados: A; = 0,5 m?e A= 0,3 m?. 08. Em um proceso industrial, dois tluidos incompressivels (1 @ 2) sho Misturados de forma a se obter uma mistura homogénea na saida do reservar (3). Pelo conduto (1) 6 injetado um tluido com vaziio de 30 V/s e massa especttica de 1100 kg/m 6, pelo conduto (2), um fluido com vazao de 15 Vs e masca espectiica 900 kg/m, Determine a massa espectica da mistura homogénea o asia velocidade (conduto 3). Fluido 2 A3= 50 cm? 56 Fenémenos de Transporte 09. Um propulsor a jato queima 1,5 kg/s de combustivel quando voa a velocidado de 230 m/s. Determinar a velocidade dos gases provenientes da combustéo, sabendo que A; = 0,4 m2, Ay = 0,3 m2, massa especifica do ar = 1,2 kgim? © massa especifica dos gases da combustao = 0,5 kg/m’, combustivel al GASES (3) AR (1) yo a 10. Um propulsor a jato queima 2,0 kg/s de combustivel. Sabe-se que, nestas condigdes, a velocidade de saida dos gases provenientes da queima de combustivel é de 770 m/s. Determinar a velocidade do avido, sabendo que A; = 0,4 m2, As = 0,3 m2, massa especifica do ar = 1,2 kg/m e massa especifica dos gases da combustdo = 0,5 kg/m®, combustivel al GASES (3) AR (1) 57 Fendémenos de Transporte 11. Uma tubulagao 6 utilizada para transferir tinta para WSs setores dy, fabrica. Esta tubulagao possui diametro D = 1.5 m @ @ capaz de enche, % Bae Watotios 1, 2 © 3 em respectivamente 200 s, 700 s e 1000 & Sabendo ay eles so de formato cilindrico, determinar a velocidade e vazao da tubulagao de distribuigao. “9 Que tinta'ng Fenémenos de Transporte CAPITULO 2- EQUAGAO DA CONTINUIDADE TAREFA-1 [ Nome: RA: Professor: Data: (Campus: Turma: Em um experimento que permite a medida da velocidade de um fluido ‘em um conduto, utilizando 0 tubo de Pitot, um aluno deseja determinar as vazdes em volume, em massa e em peso da agua no Sl. Para isso, ele utilizar © reservatrio de acrilico representado a seguir na saida da tudulag3o @ uM cronémetro. Sabendo-se que a agua chega a marca indicada em 0,5 minuto, determine as vazdes citadas. ‘4 h=30 L=15 Dimensdes em Polegadas 59 Fendmenos de Transporte CAPITULO 2 - EQUACAO DA CONTINUIDADE TAREFA -2 Nome: RA: professor: Data: Campus: Turma: Um gas escoa em regime permanente com uma vazdo de 10 kg/s na tubulacao indicada a seguir. Nas segdes (1) e (2) 0 fluido tem peso especifico de 6 Nim? e 10 N/m’, respectivamente. Determine a velocidade média nas duas segdes. Fenémenos de Transporte CAPITULO 2 - EQUACAO DA CONTINUIDADE TAREFA—3 Nome: Professor: [ campus: Agua escoa em regime permanente em um conduto retangular, de area constante, com fluxo de massa de 100 Ib/s. Determine a velocidade do fluido em mis, sabendo que 0 fluido ¢ incompressivel e suas propriedades se mantém uniformes durante o escoamento. Fenémenos de Transporte CAPITULO 2 - EQUACAO DA CONTINUIDADE TAREFA-4 ‘Nome: Professor: Campus: No conduto representado a seguir esco Dal Turma: | a leo lubrificante com velocidade média na segao (1) de 1 m/s. Determine as vaz6es em volume (V/s), em massa (kg/S), em peso (N/s) € a velocidade média (m/s) na segdo (2). 2 r=3cm | 5 | r=8cm Dados: p = 880 kg/m? ¢ g = 10m/s2. Fenémenos de Transporte CAPITULO 2 - EQUAGAO DA CONTINUIDADE TAREFA-5 Wome: RA: Professor: Data: ‘Campus: Turma: No conduto representado a seguir, gas escoa em regime permanente com vazao de 5 kg/s. Nas segées (1) e (2) 0 peso especifico é de 4 N/m? e 8 Nims, respectivamente. Determine a velocidade média nas segdes (1) ¢ (2). 1 2 I | Dados: R; = 50 cm e R= 25 cm. Fendmenos de Transporte capiTuLo 2 - EQUAGAO DA CONTINUIDADE TAREFA-6 Ri Data: Turma: Em um processo industrial dois fluidos incompressiveis (7 © 2) sao misturados de forma a se obter uma mistura homogénea na saida do reservat6rio (3). Pelo conduto (1) é injetado um fluido com vazao de 40 l/s e massa especifica de 1000 kg/m? e pelo conduto (2) um fluido com vazao de 15 Vs e massa specifica 800 kgim?. Determine a massa especifica da mistura homogénea © a sua velocidade (conduto 3). 4 Fenémenos de Transporte CAPITULO 2 = EQUAGAO BA CONTINUIDADE TAREFA=7 Um propulsor a jato queima 3,0 ko/s de combustivel quando voa a velosidade de 200 mvs. Detenminar a yelocidade dos gases proyenientes da gombustdo, sabendo que Ay = 0.6 mt, As = 025 m*, massa especitica do ar = 12 kg/m e massa especttica dos gases da combustio = 0,5 kg/m. combustivel al GASES (3) Fenémenos de Transporte capitulo 2- EQUAGAO DA CONTINUIDADE TAREFA-8 Ri Data’ Turma: Nome: professor: Campus Um propulsor a jato queima 1,2 kg/s de combustivel. Sabe-se que nestas condigdes, a velocidade de saida dos gases provenientes da queima de combustivel 6 de 900 m/s. Determinar a velocidade do aviao, sabendo que Ay = 0,4m?, As = 0,3 m?, massa especifica do ar = 1,2 kg/m* e a massa especifica dos gases da combustio = 0,5 kg/m, combustivel al GASES (3) AR(1) 73 Fenémenos de Transporte jryLo 2~ EQUAGAO DA CONTINUIDADE cap! AREFA-9 RA: Data’ Turma: Uma tubulagao é utilizada para transferir tinta para trés setores de uma a Esta tubulagao possui diametro D = 1,0 m 6 capaz de encher os {abies ios 1, 2 € 8 em respectivamente 100 s, 500 s e 1200 s. Sabendo que raoruon ‘a base quadrada, determinar a velocidade e vazdo da tinta na ees tubulagao de cistribuigao. Fenémenos de Transporte RESPOSTAS DOS EXERCICIOS Exeroicios Propostos 01.0,0017 m%s, 1,67 kg/s € 16,67 Nis 02. 42,5 cm/s 03. 30 kg/s € 0,75 m/s 04. 47,8 mis e 15,9 mis 05. 1,5 m/s 06. 2,08 kg/s, 20,80 Ns, 2,08 V's e 1 mis 07. 33,33 mis e 27,78 m/s 08, 1033 kg/m? e 9 mis 09. 746 m/s 10.236 mis 11.0,81 m/s e 0,46 m/s Tarefas 01. 0,0037 m%s, 3,69 kg/s e 36,9 N/s 02. 84,88 m/s e 50,93 m/s 03. 0,5 mis. 04. 2,5 kg/s, 25 N/s, 0,003 m*/s e 0,14 m/s 05. 16 mis @ 32,5 ms 06. 945,45 kg/m? e 15,71 m/s 07.1176 m/s 08. 278,75 m/s. 09. 2,2 m/s © 2,8 m/s 7 Fenémenos de Transporte CAPITULO 3 3, EQUACAO DA ENERGIA 3.1 Equagao da Energia para Regime Permanente - Introdugao Conforme estudado anteriormente, a Equagao da Continuidade, também conhecida como Equagao da Conservagao de Massa, enuncia que a massa de um sistema deve ser conservada, isto 6, permanecer constante. Da mesma forma, 6 possivel admitir ua Equago da Energia para Regime Permanente admitindo que a cenergia no pode ser criada, nem destruida, apenas transformada. 3.2 Formas de Energia 3.2.1 Energia Potencial Quanto & Energia Potencial, o sistema ou volume de controle pode apresentar dois diferentes estados de energia potencial, de acordo com a grandeza referencial. Os estados de Energia Potencial podem ser divididos em: Energia Potencial de Posic¢ao e Energia Potencial de Press4o. 3.2.1.1 Energia Potencial de Posicaéo Considerando um sistema ou volume de controle, a Energia Potencial de Posigo (Ep) esté associada a posigao relativa do sistema no campo gravitacional a0 plano horizontal adotado como referéncia. Essa energia é caleulada de acordo com o trabalho realizado (W) pela forga peso do volume de controle. Avalie 0 exemplo a seguir, no qual o centro de gravidade do sistema encontra-se a uma distancia z em relagdo ao plano horizontal de referéncia: 79 Fenémenos de Transporte Plano Horizontal de Referéncia Figura 3.2.1.1.1: Esquema representativo para o célculo da Energia Potencial de Posigao do sistema a uma distancia z em relacao ao plano horizontal de referéncia. Admitindo que 0 Trabalho da Forca Peso (W) = Forca Peso (G = m.g) x Deslocamento (z); e, para forcas conservativas (que 6 0 caso da forca gravitacional), 0 Trabalho realizado pela Forga Peso do sistema (W) é igual a Energia Potencial de Posicao (Ep): W=G-z2=m-g-z > Ep=W -. Ep=m-g-z 3.2.1.2 Energia Potencial de Pressao Considerando um sistema ou volume de controle, a Energia Potencial de Pressio (Epp) esta associada as forgas de pressao atuantes no escoamento do fluido, sendo calculada de acordo com o trabalho potencial (W) dessas forgas. ‘Supondo uniformidade de press4o (p) em todos os pontos da se¢40 longitudinal de interesse e, considerando um tubo de corrente, a forga (F) aplicada ‘aesse tubo pelo fluido externo, numa se¢4o transversal definida de area A sera F Pp A => F=p-A Além disso, por efeito da forca F, 0 fluido se deslocaré de um espav? ds, num intervalo de tempo dt e, como consequéncia, realizara um trabalho (Ww): 80 = Fendémenos de Transporte Figura 9.2.1.2.1: Desenho esquematico para o célculo do Trabalho realizado (W) pela forga F aplicada ao tubo de corrente pelo fluido externo em um determinado intervalo de tempo dt. dW=F-ds => dW=p-A-ds .. dW=p-daV De acordo com a afirmagao feita no inicio do item 3.2.1.2, num certo intervalo de tempo df, a Energia Potencial de Pressdo (dEpa) é igual ao th IF realizado pela forga (F) aplicada pelo fluido extemno ao tubo de corrente (dW): dW=dEpa = dW=p-dV -. dEpg=p-dV dEpa=p-dV = Epp=|p-dV v 3.2.2 Energia Cinética A respeito da Energia Cinética do fluido, admite-se ser 0 estado de energia definido pelo movimento do fluid. Com o propésito de calcular a Energia Cinética (Ec) de um sistema, considere o volume de controle de massa m que se movimenta com velocidade v: 3.2.3 Energia Mecanica Pressupondo que as formas de energia envolvidas no volume de Controle de interesse so devidas somente a efeitos mecanicos, desconsiderando 81 Fenémenos de Transporte qualquer forma de energia devido a efeitos térmicos, a Energia Mecanica Toy, do fluido que compe o sistema observado seré definida como: al (&) E=Ep+Epr+Ec m-v? 2 E=m.g-z+[p-dV+ v de posigao | | de pressao Figura 3.2.3.1: Diagrama da Energia Mecanica Total 3.3 Equacao de Bernoulli A conservagdo da energia mecdnica, aplicada ao escoamento de um fluido, leva a um resultado importante, obtido por Daniel Bernoulli (1738), 0 ual ser demonstrado a seguir. Para que a Equacao de Bernoulli seja apresentada, algumas hipoteses simplificadoras serdo consideradas: 1) regime permanente (estacionario); Il) fluido incompressfvel; Il) sem trocas de calor; IV) propriedades uniformes nas segées; V) fluido ideal, ou seja, sem perdas por atrito no escoamento do fluido; Vi) auséncia de maquina no trecho de escoamento em estudo. . E importante entender que maquina é qualquer equipamento mecanica capaz de variar a energia do fluido, na forma de trabalho. As bomibas sao toe o méquinas que fornecem energia ao fluido, enquanto que as turbinas $0 do tp? que retiram energia do fluido. 82 Fenémenos de Transporte Considere um tubo de corrente, 0 qual pode ser um tubo real, de um snide escoando sob 0 efelto da gravidade (Fig.3.3.1). Plano Horizontal de Referéncia Figura 3.3.1: Tubo de corrente de um fluido sob o efeito da gravidade. Em um determinado intervalo de tempo df, uma massa dm do fluido passa pela segdo reta A esquerda de area A; Uma vez que 0 escoamento é estacionario, o tubo de corrente nao se altera nesse intervalo de tempo. Sendo o fluido incompressivel, nesse intervalo de tempo, a mesma massa dm passa pela segao transversal a direita, de area Az. Portanto, 0 resultado liquido do processo 6a transferéncia de um elemento de massa dm de fluido do ponto 1 para o ponto 2. Nessa transferéncia, 0 elemento de massa apresenta energia mecdnica no ponto 1 e Zigual a: dE) = dEpq) + dEpayy + dE cq dE (2) = dE pay + dE pray + dEci2) GE) = dm-g-2,+ py, dV; +4-am-v2 dE) = dm- g- 22 + P2-AV2 +f-am- v2 Conforme considerado anteriormente, seja o regime permanente, 6 Necessério que no trecho de escoamento do fluido nao haja variacao de energia. Sendo assim: 83 Fenémenos de Transporte dE (y = GE) im dm Sabendo que: p = a = ve" 1 2 P2 1 dm-g-z,+Pt. Vs am. v2 =dm-g-Z2 +—*-dm+—. dm. y2 one am+5 4 p2 2 im v3 Sendo o fluido incompressivel: 1 = P2 Pt y2og.z4 ot gutta 9 2 2 Dividindo a equagao anterior por g @ retomando 0 conceito de peso espectfico 7 = p- g., obtém-se a Equacao de Bernoulli: Pit 2 Po, 1 12 zt+o+ vp azote t5- tt tag 12% 7 “2g 2 A partir desse ponto, os termos que constituem a Equagao de Bernoulli, sero definidos como: > z = energia potencial de posi¢ao por unidade de peso (carga potencial ou carga de posigao); > P ~energia potencial de pressao por unidade de peso (carga de presto); 7 2 > 2g = energia cinética por unidade de peso (carga de velocidade ou carga cinética). Aa, 2 P2,1 2 zt tte = 2p + 4 —. v2 > Hy = Hei y 2g) ty "og "2 ini sendo Ha energia total por unidade de peso (carga total) na segéo de estudo- Fenémenos de Transporte De acordo coma analise dimensional das grandezas fisicas envolvidas nas equagées das cargas descritas ant: c eriormente, as unidades de energia por unidade de peso (unidades de carga) serio: m, cm, mm entre outras, qualquer segao. Para que tal incompressivel, ndo apresentar atrit regime permanente, nao haver maqui fenémeno Ocorra, 0 fluido deveré ser fos durante 0 escoamento, obedecer a um linas & nem trocas de calor, Exemplo: A entrada da tubulago, segundo a figura a seguir, possui uma seggo rela de 0,74 m? © a velocidade da agua de entrada é igual a.0.40 mis. Na eaida da tubulagao, a uma distancia D = 180 m abaixo da entrada, a seo reta é menor que a da entrada e a velocidade de saida da agua 6 de 9.5 mls. Qual é a diterenga de pressao entre a entrada © a saida da tubulagao? Considere g = 9,8 mis? @ puzo = 1000 kg/m®. Desconsidere qualquer perda de carga entre a entrada e saida da tubulagao (fluido considerado ideal). Reservatorio Gerador Resolugao: : fiiina’ 4 i ai Bernoulli, sendo que todo indice Considere a Equacao de Bemouli, 7 Es corresponderd a situagéo de entrada e os indices 2 corresponderao a de safda: 1 2 27,4 P2,4y 44+ Wy =z t TT tog M2 Reestruturando a equagao anterior: 85 Fenémenos de Transporte Pr_Pe_ 1 y2_ 1 12 24-29 + - =o Vg - 41 2 Y 7 2g 2 1 2p-g-(24~ 22) , 2-(Pi~ Pa) _ P: (V3 ~ v2 2p-9 2p-9 2p-g -(v2 -v2)-2 -g:(z4- (p1 — pp) = 22 1 2e (21-22) 1000 - (9,5? - 0,47) -2- 1000 -9,8.1 (Py ~ pa) = 1000-95" -047)—2: 1000 9.8. 180 (om) =-17e108 Pa = 3.3.1 Aplicagao da Equacao de Bernoulli 3.3.1.1 Tubo de Venturi © Tubo de Venturi, ou também, Medidor de Venturi, é usado pare medir a velocidade e, consequentemente a vazio dos fluidos em tubulagées. 2 acordo com a Figura 3.3.1.1.1, 0 medidor de Venturi é ligado entre dois pontos do tubo. A segao reta A; na entrada e na saida do medidor é igual 4 segao rela d2 tubulagao a qual se pretende medir a vazo. O fluido, de peso especitico 1, ent? No medidor com velocidade v;, passando com velocidade vz por um estreitamento (‘garganta”) de segao reta Az Um manémetro conecta a parte mais larga ® medidor & parte mais estreita. A variagéo da velocidade do fluido devido # esireitamento no medidor é acompanhada por uma variagao de pressao do this (4p), a qual produz uma diferenga fh na altura do fluido manométrico nos e lados do manémetro. A diferenga 4p = p2 — p, corresponde a pressé estreitamento do medidor menos a pressao na tubulagdo. 86 Fendmenos de Transporte Medidor Venturi feta go Saida do™, medidor Bedidor 2 anomS 1,1, esq! tubo de Ventun « com um manémetro conectando a parte mais larga i parte mais estreita do medidor. Aplicando a equagso de Bernoulli e também a equagao da Continuidade nos pontos 7 @ 2, tem-se: HW=Hz, > 44 Pad ve an Brw y 2g senda: 2) = ze? B= 3 277 FRR wy 2g Y Por meio da equagéo da Continuidade: Qs Mate = MR”, g

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