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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA - ITEC


FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL – FEC – UFPa

Apostila de Fundações

FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Prof.: Gérson Miranda (gjma@ufpa.br)


Fundações Paulo Albuquerque

1.2. FUNDAÇÕES PROFUNDAS

1.2.1. E STACAS

Elementos bem mais esbeltos que os tubulões, caracterizados pelo grande comprimento e
pequena secção transversal. São implantados no terreno por equipamento situado à superfície.
São em geral utilizados em grupo, solidarizadas por um bloco rígido de concreto armado ( bloco
de caroamento).
P ≤ RL + R P onde R L = Resistência Lateral e R P = Resistência de Ponta

Estacas quanto ao carregamento: Ponta, Atrito, Ação Mista, Estacas de Compactação, Estacas de
Tração e Estacas de Ancoragem

1.2.2.1. MOLDADAS “IN-LOCO”

1.2.2.1.1. E STACA ESCAVADA MECANICAMENTE (S / LAMA )

Figura 1.4 – Caminhão com perfuratriz.


- Acima do N.A.
- Perfuratrizes rotativas
- Profundidades até 30m
- Diâmetros de 0,20 a 1,70m (comum até 0,50m)

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Figura 1.5 – Detalhe do elemento de escavação.

1.2.2.1.2. E STACA ESCAVADA (C/LAMA BENTONÍTICA)

A lama tem a finalidade da dar suporte a escavação. Existem dois tipos: estacões (circulares φ=0,6
a 2,0m – perfuradas ou escavadas) e barretes ou diafragma (retangular ou alongadas, escavadas
com “clam-shells” - Figura 1.6).
Processo executivo:
a) Escavação e preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonítica previamente
preparada;
b) Colocação da armadura dentro da escavação cheia de lama;
c) Lançamento do concreto, de baixo para cima, através de tubo de concretagem (tremonha)
Fatores que afetam a escavação:
i) Condições do subsolo (matacões, solos muito permeáveis, camadas duras etc);
ii) Lençol freático (NA muito alto dificulta a escavação);
iii) Lama bentonítica (qualidade);
iv) Equipamentos e plataforma de trabalho (bom estado de conservação);
v) Armaduras (rígidas)

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Figura 1.6 – Clam-shell

Figura 1.7 - Concretagem de estaca barrete.

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1.2.2.1.3. E STACA RAIZ

São aquelas em que se aplicam injeções de ar comprimido imediatamente após a moldagem do


fuste e no topo do mesmo, concomitantemente a remoção do revestimento. Neste tipo de estaca
não se utiliza concreto e sim argamassa.

Figura 1.8 – Processo executivo de estaca raiz.

Figura 1.9 – Execução de estaca raiz.

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1.2.2.1.4. E STACA STRAUSS

Duas fases: perfuração (sonda ou piteira), colocação do tubo de revestimento recuperável


(simultaneamente) e lançamento do concreto. A concretagem é feita com apiloamento e retirada
da tubulação (guincho manual ou mecânico). Diâmetros de 0,25 a 0,62m.
Vantagens:
- Ausência de trepidação;
- Facilidade de locomoção dentro da obra;
- Possibilidade de verificar corpos estranhos no solo;
- Execução próximo à divisa.

Cuidados:
• Quando não conseguir esgotar água do furo não deve executar;
• Presença de argilas muitos moles e areias submersas;
• Retirada do tubo.

Figura 1.10 – Execução de estaca Strauss.

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Figura 1.11 – Elemento de perfuração da estaca Strauss.

1.2.2.1.5. E STACA A PILOADA

Também conhecida como soquetão ou estaca pilão. Utiliza-se o equipamento do tipo Strauss sem
revestimento. Sua execução consiste na simples queda de um soquete, com massa de 300 a
600kg, abrindo um furo de 0,20 a 0,50m, que posteriormente é preenchido com concreto. É
possível executar em solos de alta porosidade, baixa resistência e acima do NA. Muito utilizada no
interior do Estado de São Paulo, principalmente na região de Bauru. Determinadas áreas da
região de Sorocaba também é possível executar este tipo de fundação. Ex: região leste.

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Figura 1.12 – Execução de estaca apiloada.

Figura 1.13 – Detalhe da perfuração.

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Figura 1.14 – Concretagem da estaca.

1.2.2.1.6. E STACA FRANKI

Sua execução consiste em cravar um tubo de revestimento com ponta fechada por meio de bucha
e recuperado na fase de concretagem. Capacidade de desenvolver elevada carga de trabalho para
pequenos recalques. Pode ser executada abaixo do NA. Diâmetros de 0,35 a 0,60m.

Figura 1.15 – Processo executivo de estaca Franki.

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1.2.2.1.7. E STACA HÉLICE CONTÍNUA (MONITORADA)

Introduzida no Brasil em 1987 e mais amplamente difundida em 1993. Caracterizada pela


escavação do solo através de um trado contínuo, possuidor de hélices em torno de um tubo
central vazado. Após sua introdução no solo até a cota especificada, o trado é extraído
concomitantemente à injeção do concreto (slump ≅ 24cm, pedrisco e areia) através de tubo
vazado.
- Diâmetros de 0,275m a 1,20m;
- Comprimentos de até 33m, em função da torre ;
- Executada abaixo do NA;
- Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em torno de
10min (escavação e concretagem).
- Não ocasiona vibração no terreno

Figura 1.16 – Detalhe dos equipamentos empregados na execução da estaca hélice contínua.

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Figura 1.17 – Execução de estaca hélice contínua.

1.2.2.1.7. E STACA ÔMEGA (MONITORADA)

Introduzida no Brasil em 1997. A cabeça é cravada por rotação, podendo ser empregada à
mesma máquina utilizada nas estacas hélice contínua; durante a descida do elemento perfurante
o solo é deslocado para baixo e para os lado do furo. Após sua introdução no solo até a cota
especificada, o trado é extraído concomitantemente à injeção do concreto (slump ≅ 24cm,
pedrisco e areia) através de tubo vazado.
- Diâmetros de 0,31m a 0,66m;
- Comprimento em função da torre (até 33m);
- Executada abaixo do NA;
- Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em torno de
10min (escavação e concretagem);
- Não ocasiona vibração no terreno;
- Limitada pelo torque da máquina

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Figura 1.18 – Detalhe do elemento de perfuração.

Figura 1.19 – Posicionamento do equipamento para execução da estaca ômega.

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1.2.2.1.8. PRÉ-MOLDADAS

Caracterizam-se por serem cravadas por percussão, prensagem ou vibração e por fazerem parte
do grupo denominado “estacas de deslocamento”. Podem ser constituídas por: madeira, aço,
concreto armado ou protendido, ou pela associação de dois desses elementos (estaca mista).

• Estaca de Madeira
Empregadas desde os primórdios da história. Atualmente diante da dificuldade de obter madeiras
de boa qualidade e do incremento das cargas nas estruturas sua utilização é bem mais
reduzida.São troncos de árvores cravados por percussão. Tem duração praticamente ilimitada
quando mantida permanentemente submersa. Quando há variação do NA apodrece por ação de
fungos. Em São Paulo tem-se o exemplo do reforço de inúmeros casarões no bairro Jardim
Europa, cujas estacas de madeira apodreceram em razão da retificação e aprofundamento da
calha do rio Pinheiros. Diâmetros de 0,20 a 0,40m e Cargas admissíveis de 150 a 500kN.

§ Estaca Metálica
Constituídas por peças de aço laminado ou soldado como perfis de secção I e H, chapas dobradas
de secção circular (tubos), quadrada e retangular bem como trilhos (reaproveitados após remoção
de linhas férreas). Hoje em dia não se discute mais o problema de corrosão de estacas metálicas
quando permanecem inteira ou totalmente enterradas em solo natural, isto porque a quantidade
de oxigênio nos solos naturais é tão pequena que, a reação química tão logo começa já se esgota
completamente este componente responsável pela corrosão.

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Figura 1.20 - Estaca trilho.

Figura 1.21 - Cravação da estaca trilho em divisa.

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Figura 1.22 - Corte da estaca com maçarico.

Figura 1.23 - Detalhe da estaca após corte.

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§ Estaca de Concreto
É um dos melhores que se presta à confecção de estacas em particular das pré-moldadas pelo
controle de qualidade que pode se exercer tanto na confecção quanto na cravação.
Podem ser de concreto armado ou protendido adensado por vibração ou centrifugação. As
secções transversais mais comumente empregadas são: circular (maciça ou vazada), quadrada,
hexagonal e a octogonal. Suas dimensões são limitadas para as quadradas de 0,30 x 0,30m e
para as circulares de 0,40m de diâmetro. Secções maiores são vazadas. Cuidados devem ser
tomados no seu levantamento. A carga máxima estrutural é especificada pelo fabricante.

Figura 1.24 – Cravação de estaca pré-moldada.

Figura 1.25 – Detalhe do bate-estaca.


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Figura 1.26 - Bloco de três estacas.

Figura 1.27 - Preparação do bloco de cororamento.


§ Estaca Mega
Elementos de concreto pré-moldado, com comprimentos da ordem de 0,5m, que são cravados
por prensagem através de macaco hidráulico. São utilizados como reforço de fundações ou
substituição de fundações já existentes, usando como reação à própria estrutura. Sua
desvantagem é o alto custo e o longo tempo para cravação.

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Figura 1.28 – Exemplo de estacas mistas.

1.2.3. T UBULÕES

São elementos de fundação profunda construídos concretando-se um poço (revestido ou não)


aberto no terreno, geralmente dotado de base alargada. Diferenciam-se das estacas porque em
sua etapa final é necessário a descida de um operário para completar a geometria ou fazer a
limpeza. De acordo com a NBR 6122/96 deve-se evitar alturas H superiores a 2m. Deve-se evitar
trabalho simultâneo em bases alargadas de tubulões, cuja distância, seja inferior o diâmetro da
maior base. Quando é necessário executar abaixo do NA utiliza-se o recurso do ar comprimido.
Este tipo de fundação em breve será proibida no Brasil, como já acontece em países
desenvolvidos.
a) A céu aberto
- Revestido
- Não revestido
São em eral utilizados acima do nível d’água.
b) Pneumáticos ou Ar Comprimido
- Revestimento de concreto armado
- Revestimento de aço (Benoto).
São utilizados abaixo do nível d’água.

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Observações:
• Em uma fundação por tubulões, é necessária a descida de um técnico para inspecionar o solo
de apoio da base, medidas de fuste e base, verticalidade, etc..
• Em geral, apenas um tubulão já absorve a carga total de um pilar.

Figura 1.29 – Detalhe da ponta de um tubulão.

Figura 1.30 – Tubulão a ar comprimido.

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Figura 1.31 – Execução de tubulão ar comprimido.

Figura 1.32 – Topo de tubulão concretado.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ÁREA DE GEOTECNIA E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Disciplina: FUNDAÇÕES Código: 101134


Professor: Erinaldo Hilário Cavalcante

Notas de Aula

FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Capítulo 6 – Tipos

Aracaju, maio de 2005


ÍNDICE
1.0 Introdução 127
2.0 Classificação das Fundações Profundas 127
2.1 Fundações Mistas 128
3.0 Escolha do Tipo de Fundação 128
4.0 Classificação das Estacas 128
4.1 De acordo com o Material Empregado 128
4.2 De acordo com o Método de Execução 129
5.0 Comentários Sobre Problemas de Execução de Fundações 130
5.1 Fundações de Pontes e Viadutos 130
6.0 Tipos de Estacas Quanto ao Material 132
6.1 Estacas de Madeira 132
6.2 Estacas Metálicas 134
6.2.1 Principais vantagens das estacas metálicas sobre as demais 134
6.2.2 Principais desvantagens 135
6.2.3 Cravação 136
6.3 Estacas de Concreto 136
6.3.1 Estacas Premoldadas de Concreto 137
6.3.2 Estacas Premoldadas de Concreto Protendido 141
6.3.3 Estacas de Concreto Moldadas no Solo 142
6.3.4 Estacas Escavadas 151
6.3.5 Estacas Tipo Hélice Contínua 160
6.3.6 Estacas Prensadas 168
6.3.7 Estacas de Compactação (Melhoramento de Solos) 170
6.4 Tubulões 174
6.4.1 Tubulão a Céu Aberto 176
6.4.2 Tubulão sob Ar Comprimido 176
6.4.2.1 Fuste escavado mecanicamente 177
6.4.2.2 Fuste escavado manualmente 178
7.0 Questionário 179
8.0 Bibliografia Consultada 180

126
1.0 Definição

Fundações Profundas são aquelas cujo mecanismo de ruptura de base não atinge a
superfície do terreno. A NBR 6122 (1996) considera fundação profunda aquela cuja base está
implantada a mais de duas vezes sua menor dimensão, e a pelo menos 3 m de profundidade,
projetada para transmitir a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), pelo fuste
(resistência de atrito lateral) ou por uma combinação das duas. As fundações profundas
dividem-se em três categorias: estacas, tubulões e caixões.

2.0 Classificação das Fundações Profundas

i) Estaca: elemento estrutural de fundação profunda, esbelto, que colocado no solo por
processo de cravação, prensagem, vibração ou por escavação, ou de forma mista (dois ou
mais processos), têm a finalidade de transmitir cargas ao mesmo, seja pela resistência sob sua
extremidade inferior (ponta), seja pela superfície lateral ao longo do fuste (atrito/adesão lateral).

ii) Tubulão: elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, em que, pelo menos na
sua fase final de execução, há a descida de operário.

iii) Caixão: elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na superfície e


instalado por escavação interna.

As Figuras 6.1 e 6.2 mostram os principais tipos de fundações profundas.

Figura 6.1: (a) estaca metálicas; (b) pré-moldadas de concreto vibrado; (c) pré-moldada de concreto
cnetrifugado; (d) tipo Franki e Strauss; (e) tipo raiz; (f) escavadas; (g) tubulão a céu aberto, sem
revestimento; (h) tubulão, com revestimento de concreto e (i) tubulão, com revestimento de aço.
127
2.1 Fundação Mista

É aquela formada pela conjugação do elemento estrutural de uma fundação superficial e o de


uma fundação profunda. São exemplos desse tipo de fundação as estacas T, as estapatas, o
radier sobre estacas e o radier sobre tubulões.

Figura 6.2 – Estacas mistas: a) estaca associada à sapata (estaca T); b) estaca abaixo de sapata
(estapata); c) radier sobre estacas; d) radier sobre tubulões.

3.0 Escolha do Tipo de Fundação

É bom ressaltar que cada obra tem suas peculiaridades. Portanto, para cada projeto deve ser
feita uma análise de maneira individual. Como orientação geral, a decisão quanto ao tipo de
fundação escolher num projeto deve passar pelo julgamento de dois importantes parâmetros:

i) o menor custo (com qualidade e segurança)


ii) o menor prazo de execução

4.0 Classificação das Estacas


4.1 De acordo com o Material Empregado

As estacas podem ser de:

(i) Madeira.
(ii) Aço.
(iii) Concreto.
(iv) Mistas.

128
4.2 De acordo com o Método de Execução

A execução de estacas é uma atividade especializada da Engenharia, e o projetista precisa


conhecer as firmas executoras e seus serviços disponíveis em cada localidade, para projetar
fundações dentro das linhas de trabalho dessas firmas. As estacas podem ser instaladas no
solo empregando-se os seguintes processos:

Percussão (método mais comum)


Prensagem (comum em reforço de fundações)
ƒ cravação
Aparafusamento (de pouco uso no Brasil)
Não suportada (sem escoramento)
Suportada por lama bentonítica
ƒ escavação
Suportada por encamisamento

ƒ misto Parcialmente escavado (fase inicial) e parcialmente cravado

A Tabela 6.1 apresenta uma classificação dos tipos mais comuns de estacas, abordando os
efeitos do método executivo no grau deslocamento lateral e vertical do solo provocado durante
sua instalação.

Tabela 6.1 – Classificação dos principais tipos de estacas de acordo com o método executivo.

129
Terzaghi & Peck (1967) apresentaram o clássico agrupamento das estacas em três categorias:

i) Estacas de atrito em solos granulares muito permeáveis: indicadas para solos


granulares muito permeáveis, onde a maior parcela da carga transferida ao solo se
dá pelo atrito lateral. Pelo fato de sua instalação ser feita por cravação, muito
próximas umas das outras, reduzindo a porosidade e a compressibilidade do solo,
elas são usualmente chamadas de estacas de compactação.

ii) Estacas de atrito em solos finos de baixa permeabilidade: semelhante ao caso (i), a
transferência de carga se dá pelo atrito lateral, todavia, o seu processo executivo não
provoca a compactação do solo. São chamadas estacas flutuantes.

iii) Estacas de ponta: são aquelas que transferem a carga a uma camada de solo
resistente (camada suporte) situada a uma profundidade considerável abaixo da
base da estrutura. Neste caso, a parcela do atrito ao longo do fuste tende a zero.

5.0 Comentários Sobre Problemas de Execução de Fundações

Algumas vezes o engenheiro de fundações pode se deparar com problemas durante a fase de
execução de estacas ou outro tipo de fundação, em função das condições topográficas locais.
A seguir é destacado um dos problemas que poderão ser encontrados na prática da execução
de estacas:

5.1 Fundações de Pontes e Viadutos

Os viadutos são obras-de-arte construídos em ambiente urbano que não transpõe rios ou
outras massas de água, não apresentam problemas de fundação que diferem de outras obras
em terra, exceto dos esforços que são transmitidos às fundações. As pontes geralmente têm
parte de sua extensão cruzando massas d´água, o que apresenta problemas especiais de
execução de suas fundações.
Um dos primeiros aspectos a considerar na escolha da fundação de uma ponte é a erosão. O
projetista deverá dispor de informações sobre:

i) regime do rio (níveis máximos e mínimos)


ii) velocidades máximas do escoamento
iii) história de comportamento de fundações de outras pontes nas proximidades.

130
Além disso, o engenheiro deve consultar um geólogo de engenharia. Estes aspectos
freqüentemente impõem a elaboração do projeto em fundações profundas, uma vez que a
solução em fundação superficial é afastada por conta da possibilidade do solapamento de sua
base. Outro aspecto importante a considerar é o tipo de acesso à ponte (ver Figura 6.3).
Observe que na Figura 6.3, o primeiro tipo a ponte (a) tem extremos em balanço e o aterro de
acesso tem saia em talude. Ou outro tipo, mostrado no lado direito da figura (b), é o que adota
encontros, nos quais se apóiam as extremidades da ponte. Na ocorrência de argila mole na
região de acessos, as fundações serão naturalmente em estacas, as quais serão sujeitas ao
efeito Tchebotarioff1, que será mais severo no caso de encontros.
Outro destaque deverá ser dado ao método executivo, que poderá restringir as opções de
fundação, em função da disponibilidade de equipamentos e de mão de obra local. Dessa
forma, dispondo-se da locação dos pilares da ponte, passa-se a estudar, juntamente com a
capacidade estrutural dos elementos de fundação para transmitir os esforços da estrutura ao
solo, o processo executivo de tais elementos.
A Figura 4 mostra algumas destas maneiras em função da situação topográfica local. Quando
os pilares estão próximos das margens é possível se utilizar bate-estacas convencionais sobre
plataformas provisórias de madeira (ver Figura 6.4a) ou bate-estacas que atuam suspensos por
lança de guindastes (ver Figura 6.4b). No caso de pilares distantes das margens do rio, a
execução das fundações pode ser executada através de flutuantes (ver Figuras 6.4c,e),
conforme o modelo empregado na construção da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros – SE, ou
plataformas auto-elevatórias (ver Figura 6.4d). Estes modelos de plataformas também podem
ser empregados na execução de tubulões2.

Figura 6.3 – Problemas com fundações em estacas próximas aos aterros de acesso de pontes.

1
Deformação lateral da estaca causada pelo desenvolvimento de elevadas tensões horizontais do maciço.
2
Os tubulões a ar comprimido continuam sendo a solução de fundação de pontes mais empregada no Brasil.
131
Figura 6.4 – Possíveis soluções para execução de fundações de pontes.

Figura 6.4e – Plataforma montada pra execução das fundações (estacões) da ponte Aracaju-Barra dos
Coqueiros – SE.

6.0 Tipos de Estacas Quanto ao Material


6.1 Estacas de Madeira

São confeccionadas com troncos de árvores, retilíneos, preparados nas extremidades (topo e
ponta) para a cravação e limpos na superfície lateral (Figura 6.5). Quando são usadas em
obras permanentes, passam por um processo de tratamento com preservativos. São estacas
empregadas no Brasil praticamente para obras provisórias. São tipos de estacas de uso
atualmente bastante restrito no país, em razão das questões de natureza ambiental. Há um
forte controle do IBAMA quanto à exploração de madeira no país, embora permaneça ainda a
prática ilegal de comercialização de madeira na região Norte.
132
Figura 6.5 – Estacas de madeira (a) sem e (b) com reforço da ponta (ponteira).

Principais vantagens:
i) duração ilimitada quando submersas
ii) facilidade de manuseio, corte, preparação para cravação e após a cravação.

Desvantagem marcante: se submetidas a alternância de secura e umidade, se deterioram


rapidamente. Sobre a deterioração das estacas de madeira, são as seguintes as causas:

i) apodrecimento pela presença de vegetais, cogumelos ou fungos


ii) ataque de térmitas ou cupins (menos freqüentemente)
iii) ataques por brocas marinhas, entre as quais crustáceos e moluscos

A Tabela 6.2, com dados da norma alemã (DIN 4026), apresenta as relações entre o
comprimento e o diâmetro de estacas de madeira. A Tabela 6.3, com dados da mesma norma,
mostra a ordem de grandeza das cargas admissíveis para servir de orientação na elaboração
de projetos, válida para estacas de madeira com comprimento mínimo de 5m, implantada em
areia compacta ou argila rija ao longo de uma espessura suficiente.

Tabela 6.2 – Relação entre o comprimento e o diâmetro das estacas de madeira (DIN 4026).
Diâmetro médio (cm)
Comprimento da estaca, L (m)
(tolerância ± 2cm)
<6 25
≥6 20 + L ; L em metros

133
Tabela 6.3 – Cargas e penetrações de estacas de madeira (DIN 4026).

Penetração na Carga admissível (kN)


camada resistente Diâmetro da ponta (cm)
(m) 15 20 25 30 35
3 100 150 200 300 400
4 150 200 300 400 500
5 - 300 400 500 600

6.2 Estacas Metálicas

As estacas metálicas ou de aço são encontradas em diversas formas, desde perfis laminados
(ou soldados) até tubos. Entre os perfis laminados estão os trilhos ferroviários, que são
reutilizados depois de retirados das ferrovias (trilhos usados). Os perfis podem ser usados
isoladamente ou associados (duplos ou triplos), conforme mostrado na Figura 6.6.
Na Tabela 6.4 são apresentados os valores das cargas de serviço para os perfis laminados
mais empregados.

6.2.1 Principais vantagens das estacas metálicas sobre as demais:


a) seções transversais de várias formas, permitindo adaptações a cada caso;
b) capacidade de carga mais elevada por área de seção transversal;
c) facilidade de transporte e de manipulação (resiste a tração e compressão);
d) facilidade para corte com maçarico e soldagem. Os pedaços são reaproveitados;
e) podem ser utilizados aços resistentes à corrosão, em casos especiais.

Figura 6.6 – Estacas de aço(seções transversais): (a) perfil de chapas soldadas; (b) perfis I laminados,
associados (duplo); (c) perfis tipo cantoneira, idem; (d) tubos; (e) trilhos associados (duplo) e (f) tubos
associados (triplo) .

134
Tabela 6.4 – Estacas de perfis laminados mais comuns.

OBS.: i) σ = tensão de trabalho.


ii) TR XX = Trilho com peso por unidade de comprimento igual a XX kgf/m;

6.2.2 Principais desvantagens:


a) No Brasil, o elevado custo;
b) Os efeitos da corrosão sobre o tempo de vida útil. Sobre este assunto
recomenda-se ler o livro de Velloso e Lopes (2002), páginas 18 a 21.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

a) Estacas metálicas com trecho desenterrado, no ar ou na água, exigem uma proteção


especial. Dessa forma, faz-se a proteção desde a cota de erosão até o bloco de
coroamento, conforme indicado na Figura 6.7;

b) De acordo com a NBR 6122 (1996), no dimensionamento estrutural deverá ser


descontada uma espessura correspondente a 1,5 mm, por face em contato com o solo.
Portanto, esse valor é descontado na área de seção transversal da estaca, excetuando-
se as estacas que dispõem de proteção especial de eficiência comprovada contra a
corrosão.

135
Figura 6.7 – Estacas metálicas: proteção contra corrosão.

6.2.3 Cravação

No caso de estacas para carga admissível de até 1000kN (100tf), quando empregado martelo
de queda livre, a relação entre o peso do martelo e o da estaca deve ser a sempre maior
possível, não se usando relação menor que 0,5 e martelo com peso menor que 10kN (1tf). Por
outro lado, no caso de perfis metálicos, o uso de martelos de peso elevado pode provocar
cravação excessiva (Velloso e Lopes, 2002). Essa questão pode ser adequadamente tratada
através dos estudos envolvendo a dinâmica de estacas.

6.3 Estacas de Concreto

De todos os materiais de construção, o concreto é o que mais se presta à confecção de


estacas, por causa da sua resistência perante os agentes agressivos e pela sua estabilidade
diante de processos alternados de secagem e umedecimento. Além disso, com o concreto é
possível a execução de estacas tanto de pequena quanto de grande capacidade de carga. As
estacas de concreto são divididas em duas categorias:

136
a) Premoldadas
b) Moldadas no Solo (in loco ou in situ)

6.3.1 Estacas Premoldadas de Concreto

As estacas premoldadas são moldadas em canteiro ou em usina e podem ser classificadas,


quanto à forma de confecção em:

i) concreto vibrado
ii) concreto centrifugado
iii) por extrusão

Quanto à armadura as estacas premoldadas podem ser em concreto armado ou em concreto


protendido. Seções transversais e longitudinais típicas de estacas premoldadas são mostradas
na Figura 6.8.

Figura 6.8 – Estacas premoldadas de concreto: seções transversais típicas (a,b,c,d), seção longitudinal
com armadura típica (e) e estaca com furo central e anel de emenda (f).

6.3.1.1 Principais vantagens

i) boa qualidade do concreto (pode-se fazer o controle da concretagem)


ii) os agentes agressivos, encontrados no solo não agem sobre a cura do concreto
iii) segurança na passagem de camadas de solos muito moles

137
6.3.1.2 Principal desvantagem

i) dificuldades de adaptação às variações do terreno, visto que se a profundidade em


que se encontra a camada resistente não for relativamente constante e se a previsão
de comprimento não for feita cuidadosamente, será enfrentado o problema do corte
ou da emenda de estacas, ocasionando prejuízos econômicos para a obra.

6.3.1.3 Manipulação

As estacas premoldadas exigem dimensionamento específico para resistir aos esforços que
poderão sofrer por ação da estrutura (compressão, tração, forças horizontais e momentos), e
aos esforços de manipulação e cravação. Os esforços de manipulação são calculados a partir
dos modos de levantamento (suspensão) para carga, descarga e estocagem e de içamento
para cravação, previstos para a estaca. Portanto, ao se manipular estacas premoldadas são
necessários cuidados especiais. A Figura 6.9 mostra os modos de suspensão e içamento mais
comumente empregados.

Figura 6.9 – Modos de suspensão (pelos quintos) e içamento (pelo terço) de estacas premoldadas.

Suspensão: As estacas deverão ser suspensas, sempre que for utilizado guindaste, em dois
pontos eqüidistantes das extremidades de L/5. O mesmo procedimento é adotado no caso da
estocagem sobre caibros (Figuras 6.9 e 6.10).
Içamento: O bate-estacas, por meio de cabo de aço adequado, levantará cada estaca para ser
cravada, dando-se uma laçada bem apertada próximo da extremidade que deverá ser superior,
e a uma distância desta igual a 3L/10 (Figura 6.9). Esta operação deverá ser cuidadosa.
138
6.3.1.4 Estocagem

As estacas deverão ser estocadas sobre terreno firme e plano. Sendo o terreno perfeitamente
plano, as estacas poderão ser depositadas diretamente no chão, não sendo recomendado o
empilhamento de umas sobre as outras. Caso a superfície do terreno não esteja perfeitamente
aplainada, as estacas deverão ser estocadas apoiando-se suavemente sobre dois caibros,
conforme indicado na Figura 6.10, em no máximo duas camadas sempre que for utilizado
guindaste.

Figura 6.10 – Modo de estocagem de estacas premoldadas.

6.3.1.5 Dimensões e cargas admissíveis

Há duas categorias: i) estacas premoldadas de concreto armado vibrado executadas nos


próprios canteiros de obra, geralmente com seções de 20cm x 20 cm até 40cm x 40 cm e
comprimentos de 4m a 12m, e ii) as estacas produzidas em usinas (em escala industrial), que
normalmente atingem cargas de trabalho maiores. A Tabela 6.5 apresenta alguns dos tipos
mais comuns de estacas e suas respectivas características.
Na Tabela 6.6 são reproduzidos os valores das cargas admissíveis para estacas premoldadas
de acordo com a norma alemã (DIN 4026).

6.3.1.6 Cravação de Estacas Premoldadas

Durante o processo de implantação da estaca no solo por processo de percussão, são geradas
tensões na estaca devidas ao impacto do martelo. Essas tensões de cravação devem ser
inferiores à tensão característica do concreto, sendo normalmente recomendado como limite
máximo o valor 0,85fck. Ainda assim, para evitar o esmagamento da cabeça da estaca,
recomenda-se trabalhar com pequenas alturas de queda do martelo de cravação, geralmente
não superiores a 1 metro, bem como o uso de elementos amortecedores de impacto
(capacetes).

139
Tabela 6.5 – Tipos mais comuns de estacas premoldadas e suas cargas de trabalho
(Velloso e Lopes, 2002).

Tabela 6.6 – Cargas e embutimentos recomendados para estacas premoldadas (DIN 4026).

O sistema de cravação deve ser dimensionado para conduzir a estaca até à profundidade
prevista, sem causar danos à peça. Assim, o uso de martelos mais pesados com alturas de
quedas menores é mais eficiente do que martelos mais leves, com grande altura de queda.
Não é recomendado o uso de martelos com peso inferior a 15 kN (1,5tf), nem relação peso do
martelo/peso da estaca menor que 0,7, no caso de estacas projetadas para até 1MN de carga
admissível. Em todo caso, uma análise de cravabilidade da estaca, a partir de simulações

140
numéricas empregando-se programas de computador específicos (CAPWAP, por exemplo)
pode indicar o peso do martelo adequado à capacidade da estaca (Danziger, 1991).

6.3.1.7 Emendas de Estacas Premoldadas

De acordo com a NBR 6122 (1996), as estacas premoldadas podem ser emendadas, desde
que as seções onde são feitas as emendas possam resistir a todas as solicitações que nelas
ocorram durante o manuseio e a cravação, sem comprometer a axialidade dos elementos. Na
maioria das estacas, a emenda é feita soldando-se entre si luvas metálicas que são
incorporadas ao concreto. No caso de estacas submetidas apenas à compressão, a emenda
pode ser por anel ou luva de encaixe. A Figura 6.11 mostra detalhes de emendas usuais para
estacas premoldadas.

Figura 6.11 – Emendas de estacas premoldadas: (a) luvas de aço soldadas e (b) comprimidas.

6.3.2 Estacas Premoldadas de Concreto Protendido

São estacas utilizadas para suportar cargas elevadas, com comprimentos longos. Essa
categoria de estacas premoldadas possui as seguintes vantagens:

141
a) Elevada resistência na compressão, tração, flexão composta, etc.
b) Maior capacidade de manipulação, transporte, levantamento e cravação.
c) Pequena fissuração.
d) Emprego vantajoso de protensão excêntrica a fim de aumentar a resistência à
flexão, quando usadas como estacas-prancha em ensecadeiras e obras de
contenção.
e) Emprego efetivo como estacas de defensas para absorver o impacto de navios
em obras portuárias e na proteção de pilares de pontes.

6.3.3 Estacas de Concreto Moldadas no Solo (ou moldadas in loco)

A qualidade da estaca moldada no solo depende fundamentalmente da habilidade, do


equipamento disponível e da competência da equipe executora. A maior vantagem desse tipo
de estaca sobre as premoldadas é a execução da estaca com o comprimento estritamente
necessário, evitando-se o desperdício de material. Quanto à capacidade de carga, as estacas
moldadas no solo podem oferecer valores maiores do que as premoldadas. Existe uma
variedade muito grande de estacas moldadas no solo. Os principais tipos empregados no Brasil
são apresentados nos itens seguintes.

6.3.3.1 Estaca Tipo Broca

Segundo Velloso e Lopes (2002), é considerada a estaca mais rudimentar utilizada no Brasil,
sendo executada geralmente com trado manual, e empregada em obras de pequeno porte.
Seus diâmetros são normalmente entre 20cm e 50cm. Em geral, não são armadas, utilizando-
se apenas ferros de ligação com os blocos. As cargas de trabalho são geralmente baixas. Na
Tabela 6.7 são apresentados os valores típicos das cargas admissíveis desse tipo de estaca e
dos seguintes.

6.3.3.2 Estaca Strauss

É um tipo de estaca bastante popular, existindo inúmeros construtores que o executam


dispondo apenas de um tripé e um pequeno pilão, sem procurar firmas especializadas. As
operações envolvidas na execução de uma estaca Strauss iniciam-se pela descida de um tubo,
cujo diâmetro determina o da estaca, geralmente por escavação do solo no interior do tubo,
fazendo-se uso de uma ferramenta chamada piteira. Após atingir-se a cota desejada, enche-se
o tubo com cerca de 0,75m de concreto úmido, o qual é apiloado à medida que é retirado o
142
tubo, repetindo-se essa operação até que o concreto atinja a cota de arrasamento (ver Figura
6.12). A estaca Strauss não é indicada para casos onde o nível d´água se encontre acima da
cota de apoio da sua base.

Figura 6.12 – Seqüência executiva de estaca tipo Strauss: (a) escavação, (b) limpeza do furo, (c)
concretagem após colocar armadura e (d) estaca pronta (Velloso e Lopes, 2002).

Há uma prática originada no interior do Estado de São Paulo, principalmente em Bauru e São
Carlos, onde se utiliza uma estaca semelhante a Strauss, todavia, sem revestimento.
Denominada “estaca apiloada”, essa variante da Strauss é executada com auxílio de um
soquete que produz uma perfuração no terreno, sem a necessidade de contenção das paredes
do furo.

6.3.3.3 Estaca Tipo Franki

É uma das estacas mais difundidas no Brasil, possuindo, inclusive diversas variantes do
modelo original (Standard). A estaca Franki foi originalmente desenvolvida pelo engenheiro
belga Edgard Frankignoul, por volta de 1910 (Velloso e Lopes, 2002).
A característica mais marcante da estaca tipo Franki é a existência da base alargada, o que
contribui para conferir à estaca geralmente uma grande capacidade de carga. As operações
que envolvem a execução de uma estaca Franki são apresentadas na Figura 6.13, as quais
são descritas a seguir:

143
Figura 6.13 – Seqüência executiva da estaca Franki (Standard).

i) cravação do tubo (1 e 2): após a colocação do tubo, derrama-se nele uma certa
quantidade de mistura de areia seca e brita, socando-se de encontro ao terreno com
um pilão pesando entre 10kN a 40kN, dependendo do diâmetro da estaca. Essa
operação forma com a mistura uma “bucha” estanque, cuja base penetra
ligeiramente no solo, enquanto sua parte superior, fortemente aderida às paredes do
tubo o arrasta por atrito durante o seu afundamento. A bucha impede a entrada de
água e/ou solo no tubo.

144
ii) execução da base alargada (3): ao final da cravação do tubo, inicia-se a fase de
expulsão da bucha e execução da base alargada. Nessa etapa, o tubo é ligeiramente
erguido e mantido fixo aos cabos do bate-estacas, expulsando-se a bucha por meio
de golpes de elevada energia. Logo após a expulsão da bucha, coloca-se concreto
com fator água-cimento 0,18 (1 saco de 50kg de cimento + 90L de areia média
lavada +140L de brita nº 2), o qual é socado pelo pilão formando a base alargada.
iii) colocação da armadura (4): depois de executada a base alargada, coloca-se no tubo
a armadura, caso se tenha prevista a sua utilização. A armadura deverá se situar
entre o tubo e o pilão. No caso de estacas que serão solicitadas à tração, a armadura
deverá ser colocada antes do término da execução da base alargada, para conferir
uma melhor ancoragem na base.
iv) concretagem do fuste (5 e 6): após a etapa anterior, inicia-se a concretagem do
fuste, apiloando-se concreto com fator água/cimento entre 0,35 a 0,45 (comumente
0,36), em camadas sucessivas, com simultâneo levantamento do tubo, tendo–se o
devido cuidado para que a água e o solo nele não penetrem. Um traço básico
sugerido no Manual da ABEF é: 1 saco de 50kg de cimento CP II-E-32 + 90L de
água + 80L de brita nº 1 + 60L de brita nº 2, fator a/c = 0,36. O consumo mínimo de
cimento por m3 de concreto é 300kg.

Controle de execução: além do controle do concreto, também se faz o controle do


encurtamento da armadura. A operação de apiloamento do concreto provoca pequenas
deformações na armadura, reduzindo o seu comprimento. Uma redução brusca e de grande
valor no seu comprimento indica problemas sérios na concretagem, sendo recomendada sua
interrupção.
Métodos alternativos de cravação do tubo: sempre que vibrações ou a compressão do solo
forem indesejáveis (risco de levantamento de estacas próximas), a descida do tubo pode ser
feita escavando-se o terreno previamente, empregando-se para isso trado adequado e
mantendo-se a parede estável com o uso de lama bentonítica, no caso de terrenos arensosos.
Também é possível cravar o tubo com ponta aberta, procedendo-se à limpeza interna com o
uso da ferramenta chamada “piteira”. Esse método só é empregado quando o terreno
apresenta uma camada relativamente impermeável.
Diâmetro do pilão: A Tabela 6.7 apresenta os valores mínimos indicados para execução de
estacas Franki.
Base alargada: Na confecção da base alargada, é necessário que os últimos 0,15 m3 de
concreto sejam introduzidos com uma energia mínima de 2,5 MNm, para as estacas de
diâmetro inferior ou igual a 450 mm e 5 MNm para as estacas de diâmetro superior a 450 mm.

145
Armadura: Usa-se uma armadura mínima necessária, por motivos de ordem construtiva,
mesmo que as solicitações a que a estaca será submetida não exija qualquer armadura. A
armação básica de uma estaca Franki sugerida pela ABEF (2004) é mostrada na Figura 6.13a,
inclusive com detalhes das possíveis emendas.

Figura 6.13a – Detalhes de armadura padrão para estaca Franki (ABEF, 2004).

146
Tabela 6.7 – Características dos pilões usados na execução de estacas Franki (Velloso e Lopes, 2002).
Diâmetro da estaca Peso mínimo do pilão Diâmetro mínimo do pilão
(mm) (kN) (mm)
300 10 180
350 15 220
400 20 250
450 25 280
520 28 310
600 30 380
OBS.:Para estacas com mais de 15m, o peso do pilão deve ser aumentado em função do comprimento da estaca.

Concretagem: A execução do fuste deve ter um consumo mínimo de 350 kg/m3 de concreto,
sendo usados os seguintes procedimentos: i) o concreto é lançado em pequenas quantidades
que são compactadas sucessivamente, à medida que se retira o tubo e ii) o tubo é inteiramente
enchido de concreto plástico, e em seguida, é retirado com utilização de procedimentos que
garantam a integridade do fuste. O controle tecnológico do concreto tanto do fuste quanto da
base pode ser feito através da ruptura de corpos de prova (em geral com 15cm de diâmetro por
30cm de altura) coletados a cada 30m3 de concreto.
Carga estrutural admissível: Na fixação da carga estrutural admissível, não se pode adotar um
fck superior a 20MPa e γc = 1,5. A Tabela 6.8 mostra as principais características das estacas
Franki, segundo o catálogo de Estacas Franki Ltda.

Tabela 6.8 – Características das estacas tipo Franki (adaptado de Velloso e Lopes, 2002).

147
6.3.3.4 Estaca Tipo Franki Tubada

Essa variante da estaca Franki é de grande aplicabilidade em fundações de pontes e obras


marítimas (offshore), sendo, portanto indicada para casos onde a estaca tem uma parte em
água e outra parte em ar. A estaca Franki tubada apresenta a vantagem de não impor às
estruturas de apoio do bate-estaca em obras marítimas (plataformas ou flutuantes) esforços
muito elevados, visto que não há a operação de extração do tubo de cravação da bucha, pois
este passa a fazer parte da estaca. As demais operações são semelhantes às da Franki
Standard, mostradas na Figura 6.13. É usada armadura geralmente no trecho livre da estaca,
no qual o tubo é submetido a um processo intenso de corrosão.

6.3.3.4 Estaca Tipo Franki Mista

Como o próprio nome sugere, a estaca Franki mista é uma associação de fuste premoldado
ancorado em uma base alargada, que é principal característica da estaca Franki. O processo
de execução dessa variante da estaca Franki está representado na Figura 6.14. As estacas
mistas são recomendadas nas seguintes situações: i) estacas com um trecho acima do N.A.
(fundações de pontes, obras marítimas, etc) e ii) ocorrência de águas excepcionalmente
agressivas. Ela apresenta a vantagem de reunir a grande capacidade de carga da estaca
Franki e a boa qualidade do concreto usado no elemento premoldado.
A metodologia de execução da estaca mista começa com a cravação do tubo e da bucha, para
em seguida executar-se o alargamento da base, de forma semelhante ao sistema Standard.
Sobre a base alargada é colocada uma certa quantidade de concreto, para servir de ligação
entre esta e o fuste. Nesse instante, faz-se descer o elemento premoldado contendo na parte
inferior pontas de vergalhão para prover a ancoragem do fuste na base. Em seguida, retira-se o
tubo de cravação e a estaca fica concluída. O espaço vazio que se forma entre o tubo e as
paredes do solo às vezes é preenchido com o próprio solo, às vezes com argamassa de
cimento ou asfáltica.
Um subgrupo deste tipo de estaca é a estaca mista tubada. Neste caso, o elemento
premoldado é substituído por um tubo de aço de parede fina, o qual é preenchido com concreto
antes da retirada do tubo de cravação. Recomenda-se a ancoragem do tubo concretado na
base, através da soldagem de dois ferros em “U” na parte inferior do tubo.
A grande vantagem da estaca mista tubada é a facilidade oferecida pelo tubo de parede fina
para operações de corte e emenda, ajustando o comprimento da estaca a cada situação, sem
qualquer prejuízo econômico à obra, que possa ser causado por desperdício de material.

148
Figura 6.14 – Etapas de execução de uma estaca Franki mista.

6.3.3.5 Estaca Tipo Franki com Fuste Vibrado

A execução dessa variante da estaca Franki obedece à seqüência Standard até a colocação da
armadura. A partir daí, o tubo é completamente preenchido de concreto plástico, com “slump”
entre 8 cm a 12 cm, momento em que é acoplado ao tubo um aparelho vibrador especial, com
vibração unidirecional (vertical), procedendo-se simultaneamente o arrancamento contínuo do
tubo com o esforço do próprio bate-estaca, conforme representado na Figura 6.15.
Este processo diminui significativamente as dificuldades de concretagem do fuste em camadas
de argila mole ou muito mole, evitando-se a “fuga” de concreto e o conseqüente
estrangulamento do fuste.

6.3.3.6 Estaca Franki com Cravação por Martelo Automático e Fuste Vibrado

É uma variante do método precedente, sendo que o tubo é cravado pela ação de um martelo
automático. Além disso, a clássica bucha é substituída por uma chapa de aço, com a qual o
tubo é cravado até a profundidade especificada em projeto. Após essa etapa, coloca-se em
operação o pilão de queda livre que desloca a chapa até então fixada na extremidade inferior
do tubo e se executa a base alargada. Por fim, é colocada a armadura e substitui-se o martelo
pelo vibrador, executando-se o fuste vibrado, conforme mostrado na Figura 6.16.

149
Figura 6.15 – Etapas de execução de uma estaca Franki com fuste vibrado.

Figura 6.16 – Etapas de execução de uma estaca Franki com martelo automático e fuste vibrado.

150
6.3.4 Estacas Escavadas

As estacas escavadas caracterizam-se por serem moldadas no local após a escavação do


terreno e a retirada do material, enchendo-se a perfuração de concreto, tendo ou não o
alargamento na base. A perfuração pode ser feita usando-se sondas específicas para a
retirada de terra, perfuratrizes rotativas ou ainda trados manuais ou mecânicos. São, portanto,
estacas sem deslocamento. Uma configuração típica de equipamento usado na execução de
estacas escavadas é mostrada na Figura 6.17.

Figura 6.17 – Perfuração típica para estaca escavada com uso de lama bentonítica (ABEF, 2004).

151
A situação local é que determinará se a perfuração terá ou não suas paredes suportadas. O
suporte pode ser um revestimento metálico (recuperável ou perdido) ou lama tixotrópica
(bentonítica), conforme esquematizado nas Figura 6.18 (a,b), onde também são mostradas as
principais ferramentas para escavação em solo (Figuras 6.18 c, d, e, f). Admite-se a perfuração
desprovida de suporte apenas nos casos de terrenos coesivos, acima do lençol d´água natural
ou rebaixado. Na Figura 6.19 são mostradas as fases típicas de execução de uma estaca
escavada com lama bentonítica.

Figura 6.18 – Execução de estaca escavada: (a) escavação revestida com camisa metálica; (b)
escavação suportada por lama. Ferramentas para escavação: (c) clamshell esférico; (d) “balde”; (e)
trado helicoidal e (f) chamshell de diafragmadora (Velloso e Lopes, 2002).

O uso de lama bentonítica para suportar paredes de perfuração para execução de estaca
escavada é bastante difundida no Brasil. Essa técnica já tem de mais de 50 anos de utilização
no mundo, possibilitando a execução de estacas nas mais diversas condições de subsolo, com
comprimentos até maiores que 50 m e diâmetros de até 2,5 m (Velloso e Lopes, 2002). Vale
lembrar que estacas escavadas com diâmetros acima de 0,70 m são chamadas de estacões.
Uma foto dessa variante de estaca escavada com 2 m diâmetro (com camisa metálica perdida),
empregada nas fundações da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros é mostrada na Figura 6.20.

152
Figura 6.19 – Execução de estaca escavada empregando-se lama bentonítica como suporte do furo.

Figura 6.20 – Estacas escavadas de grande diâmetro (2m) com uso de camisa de aço, para as
fundações da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros.

153
Principais vantagens das estacas escavadas:

i) pouca perturbação na vizinhança.


ii) cargas admissíveis elevadas.
iii) adaptação fácil às variações de terreno.
iv) conhecimento do terreno atravessado.
Principais desvantagens:

i) requer investimento vultoso em aparelhagem (perfuratriz, guindaste auxiliar, central


de lama, etc).
ii) canteiro de obras mais difícil de manter.
iii) mobilização de grandes volumes de concreto para utilização em curto intervalo de
tempo.

No livro de Velloso e Lopes (2002) são apresentadas comparações entre os processos


executivos com lama e com revestimento recuperável, onde o leitor poderá tirar suas
conclusões a respeito do método mais adequado a cada situação (ver Tabela 11.9, pág. 44 e
45, Velloso e Lopes, 2002). No mesmo trabalho também são apresentadas especificações para
a suspensão da lama bentonítica a ser usada nas especificações.

Concretagem: A concretagem de uma estaca escavada é feita de diversas maneiras, sendo


mais comum o simples lançamento a partir do topo da perfuração. O processo de lançamento
do concreto depende do método de suporte adotado para as paredes do furo.
No caso das estacas escavadas com lama bentonítica, a concretagem é sempre submersa,
utilizando-se, geralmente, o processo da “tremonha”3. O tubo é mergulhado na lama, até o
fundo da escavação. É colocada uma bola plástica dentro desse tubo, que funcionará como
êmbolo, expulsando a lama que está no interior do tubo, impedindo-a de se misturar com o
concreto (ver Figura 6.21). Há tremonhas que são fechadas na sua base por uma tampa
articulada, cuja tampa é aberta quando o tubo está totalmente cheio de concreto, permitindo a
passagem deste para o furo.
O lançamento do concreto deve ser de forma contínua, logo após o término da perfuração,
sendo interrompido apenas o tempo necessário para as manobras do caminhão-betoneira. Em
todo o caso, as interrupções não devem durar mais que 30 minutos, para evitar a formação de
“juntas-frias”, que podem prejudicar a integridade do fuste da estaca.

As prescrições relativas às especificações técnicas para o concreto são fornecidas pela NBR
6122 (1996):

3
Tremonha é um tubo construído por elementos emendados por rosca e tendo um funil na extremidade superior.
154
i) Consumo de cimento não inferior a 400 kg/m3.
ii) Abatimento (slump) igual a (200 ± 20)mm.
iii) Diâmetro máximo do agregado não superior a 10% do diâmetro interno do tubo da
tremonha.
iv) O embutimento da tremonha no concreto durante toda a concretagem não pode ser
inferior a 1,5 m.

Figura 6.21 – Etapas da concretagem com tremonha.

Um exemplo de traço de concreto apresentado por Monteiro (1980), reproduzido por Velloso e
Lopes (2002), é apresentado a seguir, na Tabela 6.9:

Tabela 6.9 – Exemplo de traço de concreto para estaca escavada (Monteiro, 1980).
Material Em peso (kg) Em volume (litros)
Cimento 400 290
Areia 720 570
Brita Nº 1 980 630
Água 240 240
Plastiment VZ (*) 1,2 1,2
(*) Aditivo plastificante.

155
Após a concretagem, o trecho escavado e não concretado deve ser reaterrado para prevenir
desmoronamentos ou quedas de equipamentos ou pessoas. Para isso, é comum a utilização
de solo-cimento, no traço 50 kg de cimento para 1 m3 de solo. Depois do reaterro, a camisa-
guia é retirada e a estaca está concluída.
Carga estrutural admissível: adota-se um fck máximo de 20 MPa, com fator de redução de
resistência igual a γc = 1,9.

6.3.4.1 Estacas Escavadas com Injeção

São assim denominadas a estacas-raiz e as microestacas. A distinção é feita a seguir,


conforme definições da norma brasileira de fundações.

i) Estaca tipo raiz: a injeção é utilizada para moldar o fuste. Imediatamente, após a
moldagem do fuste, é aplicada pressão no topo, com ar comprimido, uma ou mais
vezes durante a retirada do tubo de revestimento. Não se usa tubo de válvulas
múltiplas, mas usam-se pressões baixas (menores que 500 kPa) para garantir a
integridade da estaca;
ii) Microestacas: incluem as pressoancoragens, executadas com tecnologia de tirantes
injetados em múltiplos estágios, utilizando-se, em cada estágio, pressão que garanta
a abertura das manchetes e posterior injeção.

Nos dois modelos, o fuste é constituído de armadura de barras e/ou tubo metálico, sendo os
vazios do furo preenchidos com calda de cimento ou argamassa. As principais vantagens
dessas estacas são:
i) Não produzem choques nem vibrações.
ii) As ferramentas disponíveis permitem sua execução em terrenos com matacões ou
peças de concreto.
iii) Equipamentos de pequeno porte, permitindo operação em locais com pouco espaço.
iv) Podem ser executadas com qualquer inclinação.
v) Podem ser utilizadas em reforço de fundações, podendo ser incorporadas à
estrutura, sob tensão.

a) Estacas-Raízes

Originalmente foram desenvolvidas na Itália, a partir da década de 50, sob a denominação de


“pali-radice”, para a contenção de encostas, quando eram cravadas formando reticulados,

156
tendo sua patente definitivamente registrada em 29 de dezembro de 1952 (Alonso, 1998). No
início de sua comercialização eram utilizados diâmetros iguais a 20 cm, razão pela qual eram
chamadas estacas injetadas de pequeno diâmetro. Com a popularização do seu emprego
como reforço de fundações e depois como fundação, houve uma tendência de se utilizar
diâmetros cada vez maiores, da ordem de 40 cm a 50 cm, deixando obviamente de receber o
nome pequeno diâmetro, sendo adotado pela NBR 6122 (1996) o título “estacas escavadas,
com injeção”. Na Figura 6.22 são mostradas as principais fases de execução de uma estaca
raiz.

Figura 6.22 – Etapas de execução de uma estaca raiz (ABEF, 2004).

Procedimentos executivos: A execução de uma estaca-raiz compreende, em geral, as quatro


fases descritas a seguir:

i) perfuração auxiliada por circulação de água;


ii) instalação da armadura (barra única ou um conjunto, estribadas – “gaiola”);
iii) preenchimento com argamassa (concretagem);
iv) remoção do revestimento e aplicação de golpes de ar comprimido.

157
Para a perfuração, utiliza-se o sistema rotativo, com circulação de água ou lama bentonítica,
que permite a colocação do tubo de revestimento provisório até a ponta da estaca. Para
diminuir o atrito entre o revestimento e o solo, durante a fase de perfuração, é colocada na
parte inferior do tubo uma ferramenta com diâmetro ligeiramente maior que o deste, chamada
sapata de perfuração. Os detritos resultantes da perfuração são levados à superfície pela água
de perfuração, através do interstício anelar formado entre o revestimento e o terreno. Desta
forma, o diâmetro acabado da estaca fica sempre maior que o diâmetro externo do
revestimento, conforme se pode ver na Tabela 6.10.

Tabela 6.10 – Características dos tubos de revestimentos usados em estaca-raiz


(adaptado de Alonso, 1998).
Diâmetro final da estaca (mm) 100 120 150 160 200 250 310 410
Diâmetro externo do tubo (mm) 89 102 127 141 168 220 273 356
Espessura da parede (mm) 8 8 9 9,5 11 13 13 13
Peso por metro linear (mm) 15 19 28 31 43 65 81 107

Após a limpeza do furo, a armadura é introduzida e é instalado logo em seguida o tubo de


injeção (PVC – com 11/2 ” a 11/4 ”), que vai até o final do furo, o qual procede à injeção de baixo
para cima, até que a argamassa extravase pela boca do furo.

Nota: Visando garantir ao consumo mínimo de cimento, a NBR 6122 (1996) prescreve um valor da
ordem de 600 kg/m3, o que equivale a um traço comum de 80 litros de areia para 1 saco de 50 kg de
cimento e 20 a 25 litros de água. Isto pode conferir à argamassa uma resistência característica da
ordem de 20 MPa.

Completado o preenchimento com argamassa, rosqueia-se um tampão metálico na parte


superior do revestimento, liga-se a um compressor e aplicam-se golpes de ar comprimido
simultaneamente à retirada do tubo. À medida que os tubos vão sendo extraídos, o nível da
argamassa vai diminuindo, necessitando de complemento sempre antes de um novo golpe de
ar, operação que é repetida várias vezes durante a retirada do revestimento.

b) Microestacas

As primeiras microestacas eram, de fato, tirantes injetados que poderiam trabalhar à


compressão. No Brasil, elas foram introduzidas pelo Prof. A. J. Costa Nunes, pioneiro na

158
execução de tirantes injetados em solo. As etapas de execução de uma microestaca estão
mostradas na Figura 6.23, cuja descrição é feita a seguir:

i) Perfuração auxiliada por circulação de água: processo rotativo com lama bentonítica
ou, no caso de areias fofas e argilas moles, com auxílio de um tubo de revestimento;
ii) Armadura: pode ser constituída por uma gaiola de vergalhões ou por um tubo de aço
dotado de válvulas expansíveis de borracha (tubo manchete), através das quais é
injetada calda de cimento sob pressão. Quando se usa gaiola, as válvulas
manchetes são colocadas em um tubo de injeção, conforme mostrado nas Figuras
6.21 e 6.22;
iii) Injeção: inicialmente, preenche-se com calda de cimento o espaço anelar entre as
paredes do furo e o tubo de injeção, formando a bainha, a qual impede o fluxo da
calda sob pressão à superfície do terreno. Numa segunda etapa, injeta-se calda de
cimento sob pressão (com até 20 kgf/cm2) através das válvulas manchetes, uma de
cada vez. A injeção pode se processar em quantas fases forem necessárias para
que se atinjam as pressões desejadas. Após a série de injeções, procede-se ao
enchimento do tubo de injeção com argamassa ou com a própria calda. Estas etapas
conferem ao fuste uma forma irregular, com sucessivos bulbos fortemente
comprimidos contra o solo, melhorando significativamente a adesão da estaca, de
maneira análoga ao bulbo de um tirante. Isso contribui para uma melhor capacidade
de carga de atrito lateral, quando comparada com outras estacas, inclusive com as
estacas-raiz de mesmo diâmetro.

Figura 6.23 – Etapas de execução de uma microestaca.

159
Figura 6.24 – Seção transversal de uma microestaca com tubo de aço e armadura complementar.

Carga admissível: As estacas escavadas com injeção, quando não penetrarem em rocha,
devem ser dimensionadas levando em conta apenas o atrito lateral, utilizando-se alguns dos
métodos consagrados na técnica. Esse dimensionamento é válido tanto à compressão quanto
á tração (NBR 6122, 1996). A norma brasileira ainda prescreve a obrigatoriedade de se fazer
provas de carga sobre um mínimo de 1% das estacas, sendo o número mínimo de três.
Considera-se adequado aumentar o número mínimo de provas de carga para 5% das estacas
com carga de trabalho entre 600 kN e 1000 kN e em 10% para cargas acima de 1000 kN.

6.3.5 Estacas Tipo Hélice Contínua

É uma estaca de concreto, moldada “in loco”, executada por meio de trado contínuo e injeção
de concreto (sob pressão controlada) através da própria haste central do trado,
simultaneamente à sua retirada do terreno. A estaca hélice contínua foi desenvolvida nos
Estados Unidos, na década de 70, sendo difundida pela Europa e Japão na década de 80,
chegando ao Brasil por volta de 1987 (Velloso e Lopes, 2002; Antunes e Tarozzo, 1998). O
primeiro modelo utilizado no Brasil, foi aqui desenvolvido, era montado sob guindaste de
esteiras com capacidade para torque de 35 kNm e diâmetros de 275 mm, 350 mm e 425 mm.
Com essa máquina se podia executar estacas com até 15m de comprimento.
Na década de 90 o mercado brasileiro experimentou uma invasão de máquinas importadas da
Europa (Itália, principalmente), construídas especialmente para execução desse tipo de estaca.
Essas máquinas têm capacidade para aplicar de 90 kNm a mais de 200 kNm de torque, utiliza
hélices com diâmetros de até 1000 mm e executa estacas com até 24 m de comprimento.

As principais vantagens da estaca hélice contínua são:

160
a) ausência de vibrações
b) elevada produtividade
c) grande capacidade de carga
d) controle automático da execução da estaca

As principais desvantagens atribuídas à estaca hélice contínua são a necessidade de muito


espaço para realizar manobras com a máquina e terreno com área suficientemente plana. Em
função dos custos de mobilização do equipamento, é necessário um número mínimo de
estacas compatível com tais custos.
De acordo com Van Impe (1995), há duas categorias de estacas hélice contínua:

• com escavação do solo


• com deslocamento do solo

6.3.5.1 Estaca Hélice Contínua com Escavação do Solo

A metodologia executiva desse tipo de estaca consiste em perfuração, concretagem simultânea


à extração da hélice do terreno e introdução da armadura, conforme se mostra nas Figuras
6.25 e 6.26.

Figura 6.25 – Processo executivo de uma estaca hélice contínua.

161
Figura 6.26 – Principais etapas de execução de uma estaca hélice contínua (ABEF, 2004).

Equipamento: o equipamento normalmente necessário para cravar a hélice no terreno é


composto de uma torre metálica, de altura apropriada a profundidade da estaca, mesa rotativa
de acionamento hidráulico com torque apropriado ao diâmetro e profundidade da estaca a ser
executada e guincho compatível com os esforços de arrancamento necessários, conforme
mostrada nas Figuras 6.26 e 6.27. As principais características dos equipamentos estão
resumidos na Tabela 6.11.

Hélice: a hélice é composta de chapas metálicas em espiral que se desenvolvem, em hélice,


em torno do tubo central. A extremidade inferior é dotada de garras que permitem cortar o
terreno, e de uma tampa que impede a entrada do solo no tubo central durante a escavação
(ver Figuras 6.26 e 6.27).

162
Perfuração: a perfuração consiste na introdução da hélice no terreno, por rotação, transmitida
por motores hidráulicos acoplados na extremidade superior da hélice, que aplicam o torque
necessário para vencer a resistência do terreno, até que se atinja a profundidade de projeto,
sem que em nenhum momento a hélice seja retirada da perfuração. Nesta fase, a única força
vertical atuante é o peso próprio da hélice com o solo nela contido, conforme Figura 6.26a.

Concretagem: alcançada a profundidade desejada, o concreto é bombeado através do tubo


central, ao mesmo tempo em que a hélice é extraída do terreno, sem girar ou, no caso de
terrenos arenosos, girando-se lentamente no sentido da perfuração. Há um controle rigoroso
da pressão aplicada no concreto para que este preencha todos os espaços deixados pela
extração da hélice (ver Figura 6.26b). A NBR 6122 (1996) prescreve que o concreto utilizado
deve apresentar fck de 20 MPa, ser bombeável e composto de cimento, areia, pedrisco e pedra
1, com consumo mínimo de cimento na faixa de 350kg/m3 a 450 kg/m3, facultando-se o uso de
aditivos. Recomenda-se ainda o abatimento “slump” de 20 a 24 cm.

Colocação da armadura: o processo executivo da estaca hélice contínua impõe que a


colocação da armadura seja feita após o final da concretagem. A armação, em forma de gaiola,
é introduzida na estaca manualmente por operários ou com auxílio de um pequeno pilão ou
ainda, com um vibrador. As gaiolas são constituídas de barras grossas, estribo helicoidal
soldado nas barras longitudinais e a extremidade inferior um pouco afunilada. Nas estacas
submetidas a apenas esforços de compressão a armadura só é colocada nos últimos 2 m do
topo, medidos a partir da cota de arrasamento. No caso de estacas submetidas a esforços
transversais ou de tração, é necessária armadura de maior comprimento. Em todo caso, a
armação deverá ser centrada no furo por meio de espaçadores (cocadas) para garantir o
recobrimento mínimo necessário.

Controle de execução: a execução dessas estacas pode ser monitorada eletronicamente


através de um equipamento de origem francesa, fabricado pela Jean Lutz S.A., denominado
Taracord Ce. O equipamento consiste de um computador e sensores instalados na máquina,
que informa todos os dados de execução da estaca, tais como:

ƒ comprimento da estaca; ƒ velocidade de extração do trado;


ƒ inclinação da torre; ƒ torque;
ƒ volume de concreto; ƒ velocidades de rotação e de penetração
ƒ sobre-consumo de concreto; do trado.
ƒ pressão no concreto;

163
Figura 6.27 – Torre e hélice usados para execução de uma estaca hélice contínua.

Tabela 6.11 – Características mínimas dos equipamentos disponíveis para executar estacas hélice
contínua (Antunes e Tarozzo, 1998).
Torque Diâmetro Profundidade
(kNm) (mm) (m)
25 275; 350; 425 15
80 – 150 ≤ 800 24
≥ 160 ≤ 1000 24

Os parâmetros indicados no mostrador digital são registrados em um elemento de memória e


transferidos a um microcomputador, através de “drive” especial, para aplicação de um
programa que imprime o relatório da estaca. A Figura 6.28 reproduz uma folha de controle
típica de um relatório de execução de estaca hélice contínua.

Orientações de projeto: para a fixação da carga estrutural admissível deve-se adotar fck mínimo
igual a 20 MPa e um fator de redução de resistência γc = 1,8. O espaçamento mínimo entre
estacas paralelas pode ser adotado igual a 2,5 vezes o diâmetro. Na Tabela 6.12 são
apresentados os diâmetros comumente utilizados, as cargas estruturais admissíveis e os
espaçamentos sugeridos, conforme prescreve a NBR 6122 (1996).

164
Orientações de projeto: as estacas hélices contínuas oferecem uma solução técnica e
economicamente viável nos casos de: i) obras em centros urbanos próximos a estruturas
existentes, como escolas, hospitais e edifícios históricos, por não produzir ruídos e vibrações e
por não causar descompressão do terreno; ii) obras industriais e conjuntos habitacionais, onde,
em geral há um grande número de estacas de mesmo diâmetro, pela grande produtividade que
pode alcançar e iii) estrutura de contenção, associado ou não a tirantes protendidos, próximos
a estruturas existentes, desde que os esforços transversais sejam compatíveis com os
comprimentos de armação permitidos.

Figura 6.28 – Folha de controle de execução de uma estaca hélice contínua.

165
Tabela 6.12 – Diâmetro da hélice, carga admissível e espaçamentos sugeridos para estacas hélice
contínua (NBR 6122, 1996).

Anjos_ 2013 (6 MPa)

6.3.5.2 Estaca Hélice com Deslocamento do Solo

Dois tipos de estacas hélice com deslocamento do solo começam a ser introduzidas na prática
de fundações brasileira: são as estacas Ômega e Atlas. Elas diferem da hélice contínua pelo
fato da ferramenta helicoidal (trado helicoidal) ser concebida para impor um afastamento lateral
do solo no instante em que a ferramenta é introduzida ou extraída.

a) Estaca Ômega: essa estaca pode ser executada com diâmetros variando entre 300 mm e
600 mm, e comprimentos de até 35 m. A carga admissível pode atingir até 2000 kN. As etapas
de execução são as seguintes (ver Figura 6.29):
i) penetração por movimento de rotação e, eventualmente, força de compressão do trado. O
tubo central tem a extremidade inferior fechada por uma tampa metálica que será perdida;
ii) depois de atingida a profundidade prevista, coloca-se a armadura no tubo, em todo o
comprimento da estaca;
iii) enchimento do tubo com concreto plástico;
iv) retirada do tubo por movimento rotacional no mesmo sentido da introdução e,
eventualmente, esforço de tração no trado. É feita injeção simultânea de concreto.
O trado é projetado de tal forma que, mesmo quando se atinge a superfície do terreno (na
retirada do tubo), o solo é pressionado para baixo, não se permitindo qualquer saída do solo.
166
Figura 6.29 – Etapas de execução de uma estaca Ômega.

b) Estaca Atlas: esse tipo de estaca pode ser executado com diâmetros variando entre 360 mm
e 600 mm, e comprimentos de até 25 m. A execução é semelhante à da estaca Omega, exceto
na operação da retirada do tubo, que é feita por movimento de rotação em sentido contrário ao
da introdução do mesmo no terreno. As fases de execução de uma estaca Atlas estão
apresentadas na Figura 6.30.

Figura 6.30 – Etapas de execução de uma estaca Atlas.

167
6.3.6 Estacas Prensadas

Mais conhecidas no Brasil como estacas tipo “Mega” – denominação dada pela empresa
Estacas Franki – as estacas prensadas são constituídas de elementos premoldados de
concreto (armado, centrifugado ou protendido), ou por elementos metálicos (perfis laminados,
perfis soldados ou tubos), cravados por prensagem, com auxílio de macaco hidráulico.
As estacas Mega foram idealizadas com a finalidade precípua de utilizá-las como alternativa ao
reforço de fundações, entretanto, têm sido também empregadas como fundações
convencionais, quando se deseja eliminar perturbações nas vizinhanças tais como, vibrações,
choques, ruídos, etc.
Cravação: para a cravação de uma estaca Mega, ou se emprega uma plataforma com
sobrecarga (ver Figura 6.31) ou se utiliza a própria estrutura como reação, conforme mostrado
na Figura 6.32. Na Figura 6.33 são mostrados detalhes da incorporação da estaca cravada
através de furo no bloco.

Figura 6.31 – Plataforma com cargueira e macaco aplicando carga para cravar uma estaca Mega
(ABEF, 2004).

168
Figura 6.32 – Formas possíveis de cravação de uma estaca Mega: (a) sobrecarga e (b) usando
estrutura existente como reação.

Figura 6.33 – Processo de incorporação de uma estaca prensada a um bloco.

Vantagens das estacas prensadas sobre as demais:

i) em toda estaca cravada se realiza uma prova de carga até 1,5 vezes a carga de
trabalho;
ii) execução da estaca prensada em paralelo com outras etapas da obras em
interrupção no cronograma;
iii) quando ela é cravada com reação em plataforma, já existem, hoje, dispositivos
capazes de executá-la em tempo comparável ao exigido para a cravação de estacas
Franki ou premoldadas.
169
8.0 Bibliografia Consultada

1) ABEF (2004), Manual de Especificações de Produtos e Procedimentos ABEF –


Engenharia de Fundações e Geotecnia. Ed. PINI, 3ª Edição revisada, São Paulo.
2) Alonso, U. R. (1983), Exercícios de Fundações, Editor Edgard Blücher Ltda., São Paulo.
3) Antunes, W. R. e Tarozzo, H. (1998), Estacas Tipo Hélice Contínua, Capítulo 9,
Fundações – Teoria e Prática, Ed. PINI, ABMS, São Paulo.
4) Cavalcanti Júnior, D. A. (2004), Comunicação pessoal.
5) Danziger, B.R. (1991), Analise Dinâmica de Cravação de Estacas, Tese de D.Sc., COPPE
– UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
6) Das, B.M. (2000), Fundamentals of Geotechnical Engineering, Brooks/Cole.
7) Fundações: Teoria e Prática (1998), Editora PINI, Patrocínio da Associação Brasileira de
Mecânica dos Solos, 2ª Edição, São Paulo.
8) Monteiro, P.F. (1980), Estacas Escavadas, Relatório interno de Estacas Franki Ltda,
citado por Velloso e Lopes (2002).
9) NBR 6122 (1996), Projeto e Execução de Fundações, ABNT, 33p.
10) Passos, P.G. (2001), “Contribuição ao Estudo do Melhoramento de Depósitos Arenosos
Através da Utilização de Ensaios de Placa”, Dissertação de Mestrado, UFPB, Campina
Grande, PB.
11) Soares, V. B. e Soares, W. C. (2004), Estacas de Compactação – Melhoramento de Solos
arenosos com estacas de compactação – Ed. Paraibana, 176p.
12) Terzaghi, K. & Peck, R.B. (1967), Soil Mechanics in Engineering Practice, 2nd ed.,
John Willey & Sons, Inc., New York.
13) Velloso, D. A, e Lopes, F. R. (2002), Fundações Profundas, Vol. 2, Ed. COPPE/UFRJ.

180
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ÁREA DE GEOTECNIA E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES

Disciplina: FUNDAÇÕES Código: 101134


Professor: Erinaldo Hilário Cavalcante

Notas de Aula

FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Capítulo 7 – Capacidade de Carga e Recalque

Aracaju, maio de 2005


1.0 Introdução 185
2.0 Capacidade de Carga de Estacas 185
2.1 Conceituação Básica da Capacidade de Carga de Estacas Isoladas 186
2.2 O Conceito de Ruptura 186
2.3 Métodos de Previsão de Capacidade de Carga de Estacas 188
2.3.1 Fórmulas Teóricas (Racionais) para Resistência de Ponta 188
2.3.2 Fórmulas Teóricas (Racionais) para a Resistência de Atrito Lateral 194
2.3.3 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam o SPT 200
2.3.3.1 Método de Aoki e Velloso (1975) 200
2.3.3.2 Método de Décourt e Quaresma (1978) 203
2.3.3.3 Método de Velloso (1981) 205
2.3.3.4 Método de Teixeira 206
2.3.3.5 Métodos para Casos Particulares de Estacas 207
2.3.4 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam o CPT 209
2.3.4.1 Método de Philipponat 209
2.3.4.2 Método de Holeyman 210
2.3.4.3 Método de Almeida et al. (1996) - CPTU 211
2.3.5 Realização de Provas de Carga Estáticas 212
2.3.5.1 Prova de carga lenta (SML) 213
2.3.5.2 Prova de carga rápida (QML) 213
2.3.5.3 Montagem de uma Prova de Carga 213
2.3.5.4 Extrapolação e Interpretação de uma Curva Carga - Recalque 214
2.3.6 Recomendações Quanto ao Uso dos Métodos de Previsão de Capacidade de 216
Carga
3.0 Capacidade de Carga de Tubulões 217
3.1 Comportamento dos Tubulões 217
3.2 Tubulões a Céu Aberto 219
3.3 Tubulões a Ar Comprimido 221
4.0 Métodos Dinâmicos de Capacidade de Carga de Estacas 222
4.1 Observação da resposta à cravação do sistema solo–estaca 222
4.2 Sistemas de cravação de estacas 223
4.3 Fórmulas Dinâmicas de Capacidade de Carga 224
4.3.1 Fórmula Geral ou de Hiley 226
4.3.2 Fórmula dos Holandeses 226
4.3.3 Fórmula dos Dinamarqueses 227
4.3.4 Fórmula de Brix 227

183
5.0 Estimativas de Recalques de Fundações Profundas 228
5.1 Transferência de Carga e Recalque da Estaca para o Solo 228
5.2 Métodos para Previsão de Recalques de Estacas 229
5.2.1 Métodos Teóricos (Teoria da Elasticidade) 230
5.2.1.1 Método de Poulos & Davis (1968) 230
5.2.1.2 Método de Vésic (1969, 1975) 232
5.2.2 Métodos Semi-Empíricos 234
5.2.3 Ajuste da Curva Carga-Recalque 235
6.0 Procedimentos Gerais de Projeto 237
6.1 Disposição das estacas em bloco 237
6.2 Arrasamento da estaca 243
7.0 Grupos de Estacas e Tubulões 244
7.1 Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Areias 244
7.2 Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Argila 245
7.3 Recalque de Grupo de Estacas 246
7.3.1 Recalque de Grupo de Estacas Instaladas em Areias 247
8.0 Atrito Negativo 247
8.1 Avaliação do Atrito Negativo em Estacas Isoladas 248
8.2 Atrito Negativo Coeficiente de Segurança 249
8.3 Prevenção do Atrito Negativo 249
8.4 Atrito Negativo em Grupo de Estacas 249
9.0 Exemplos de Aplicação 250
10.0 Bibliografia Consultada 252

“A carga admissível de um estaqueamento (grupo de elementos isolados de fundação em estacas) é fixada por
cada profissional que se julgue especialista neste tipo de fundação. O valor numérico por ele fixado decorre de sua
experiência pessoal com aquele tipo específico de fundação naquela formação geológica, quando executado com o
equipamento daquela firma especializada. Neste contexto fundação é uma arte e as decisões de engenharia
dependerão da sensibilidade e experiência do artista. Neste caso, entende-se por experiência profissional o fato de
ter projetado um estaqueamento para um determinado valor de carga admissível e ter tomado conhecimento
posterior do seu comportamento sob ação deste tipo de carga em prova de carga estática. Se o comportamento foi
satisfatório há tendência em se consolidar o valor adotado e até de aumentá-lo à medida que a experiência se
acumula sempre com bons resultados. Se o comportamento foi deficiente a tendência é contrária. A experiência
confere uma medida à confiabilidade de um determinado tipo de fundação e é um fator subjetivo”.
(Prof. Nelson Aoki, 2000).

184
1.0 Introdução

No projeto de uma fundação profunda o engenheiro deve se preocupar não só com a segurança em
relação à perda de capacidade de carga, mas, e também (embora em menor grau) com a avaliação dos
recalques que podem ocorrer sob as cargas de trabalho. Serão estudados neste capítulo os métodos
estáticos e dinâmicos utilizados para cálculo ou estimativa da capacidade de carga de estacas e
tubulões, para o caso de cargas axiais.

2.0 Capacidade de Carga de Estacas

Em se tratando de capacidade de carga de uma estaca, a primeira coisa a verificar é sua capacidade de
resistir aos esforços atuantes sem sofrer fissuras ou se romper. É sua resistência estrutural. Neste caso,
de acordo com suas dimensões e do material utilizado, cada tipo de estaca tem uma capacidade de
carga estrutural. A Tabela 7.1, extraída do livro de Velloso e Lopes (2002), mostra a capacidade
estrutural e também a tensão máxima (σ) para estacas prémoldadas de concreto.

Tabela 7.1 – Capacidade de carga estrutural de estacas prémoldadas de concreto (Velloso e Lopes,
2002).

Uma vez satisfeita sua capacidade estrutural, um sistema estaca-solo submetido a uma carga vertical
resistirá a essa solicitação parcialmente pela resistência ao cisalhamento gerada ao longo de seu fuste
e parcialmente pelas tensões normais geradas ao nível de sua ponta. Portanto, podemos definir como
capacidade de carga de um sistema estaca-solo (Qr) a carga que provoca a ruptura do conjunto
185
formado pelo solo e a estaca. Essa carga de ruptura pode ser avaliada através dos métodos estáticos,
dinâmicos e das provas de carga. Por sua vez, os métodos estáticos se dividem em:

i) métodos racionais ou teóricos: utilizam soluções teóricas de capacidade de carga e


parâmetros do solo;
ii) métodos semi-empíricos: se baseiam em ensaios in situ de penetração, como por
exemplo, o SPT e o CPT.

Poderia se falar ainda dos métodos empíricos, a partir dos quais se pode também estimar,
grosseiramente, a capacidade de carga de uma estaca ou tubulão com base apenas na descrição das
camadas atravessadas.

2.1 Conceituação Básica da Capacidade de Carga de Estacas Isoladas

Nos métodos estáticos, parte-se do equilíbrio entre a carga aplicada mais o peso próprio da estaca ou
tubulão e a resistência oferecida pelo solo, conforme mostrado na Figura 7.1. O equilíbrio é expresso
com a seguinte equação:

Qr + W = Qp + Ql (1)

em que Qr = capacidade de carga total da estaca.


W = peso próprio da estaca.
Qp = capacidade de carga de ponta (de base).
Ql = capacidade de carga do fuste (atrito/adesão lateral).

Na maioria absoluta dos casos, o peso próprio é desprezível em virtude da sua pouca representação
em relação às cargas atuantes sobre a estaca, de tal forma que a Equação 1 pode ser reescrita
introduzindo-se as resistências unitárias (qp e ql), da seguinte maneira:


Q r = A p qp + U ql dz
0
(2)

ou Qr = A pqp + U ∑ q ∆ll (3)

em que

Ap = área da ponta da estaca (base)


qp = resistência de ponta unitária
U = perímetro da estaca
ql = resistência lateral unitária
∆l = trecho do comprimento da estaca ao qual se refere ql.

186
A Equação 3 deve servir de premissa para todos os métodos de capacidade de carga de estacas e
tubulões. Evidentemente, o tipo de estaca e o perfil do terreno determinarão para cada caso quem
prevalece na capacidade de carga total, se a resistência de ponta ou o atrito lateral ou ambos. Para
efeitos de melhor compreensão, a Figura 7.1 será denominada estaca de referência ou padrão, que é
de deslocamento, de concreto armado e seção circular, com diâmetro B.

Figura 7.1 – Estaca padrão submetida a carga de ruptura de compressão.

2.2 O Conceito de Ruptura

O autor deste trabalho considera de suma importância deixar claro o conceito de ruptura, visto que,
conforme lembrado por Décourt et al. (1998), as teorias de capacidade de carga se referem a ruptura
sem muitas vezes serem discutidas as deformações necessárias para atingi-la.
As verificações experimentais de capacidade de carga são interpretadas em termos de curva carga-
recalque, em que a inexistência de condições claras de ruptura é quase sempre a regra geral. Daí, a
necessidade de se ter uma definição de ruptura. De Beer (1988) apresenta os conceitos de ruptura
física e ruptura convencional, conforme definições que seguem.

Ruptura física (QUU) : é definida como o limite da relação do acréscimo do recalque da ponta da estaca
(∆SB) pelo acréscimo de carga (∆Q), tendendo ao infinito, ou seja:

∆ SB
QUU = Q para ∆Q
≡∞ (4)

187
Décourt (1996) propõe definir a ruptura física a partir do conceito de rigidez. Para o autor, a rigidez de
uma fundação qualquer (R) expressa a relação entre a carga a ela aplicada e o recalque produzido (s).
Portanto, nesta conceituação, a ruptura física acontece quando o valor da rigidez se torna nulo, ou seja:
Q
QUU = limite de Q quando s ⇒ ∞. Portanto, R = s ⇒ 0 (5)

Ruptura convencional (QUC): é definida quando existe uma carga correspondente a uma deformação da
ponta (ou do topo) equivalente a um percentual do diâmetro da estaca, sendo 10% de B, no caso de
estacas de deslocamento e de estacas escavadas em argila, e 30% no caso de estacas escavadas em
solos granulares.

2.3 Métodos de Previsão de Capacidade de Carga de Estacas

2.3.1 Fórmulas Teóricas (Racionais) para Resistência de Ponta

Segundo Velloso e Lopes (2002), as primeiras fórmulas teóricas foram desenvolvidas no início do
século XIX. Serão apresentadas inicialmente as formulações para resistência de ponta, que se baseiam
na Teoria da Plasticidade e, em seguida, são desenvolvidas as teorias usadas para cálculo da
resistência de atrito lateral.

i) Solução de Terzaghi

É a mesma teoria desenvolvida para a capacidade de carga de fundações superficiais. Neste caso, a
ruptura do solo abaixo da ponta da estaca, não pode ocorrer sem deslocamento de solo para baixo e
para cima, conforme mostrado na Figura 7.2.

Figura 7.2 – Configurações da ruptura para fundações profundas: (a) Terzaghi; (b) Meyerhof.

Se ao longo do comprimento L da estaca o solo é bem mais compressível que o existente abaixo da
base, as tensões cisalhantes (τl) provocadas ao longo do fuste pelos deslocamentos são desprezíveis.
188
Assim, a influência do solo que envolve a esta é semelhante à de uma sobrecarga (q = γ.L), e a
resistência de ponta será calculada por uma das fórmulas usadas em fundações superficiais:
B
q p,rup = 1,2cN c + γLN q + 0,6γ Nγ (6)
2
para estacas de base circular e diâmetro B, ou
B
q p,rup = 1,2cNc + γLN q + 0,8γ Nγ (7)
2
para estacas de base quadrada, de lado B.

Em argilas homogêneas, em condição não drenada (φ = 0°), a resistência de ponta se torna


praticamente constante para valores de L/D acima de 4, podendo ser admitida iguala 9Su, portanto,
independente das dimensões da estaca, como sugere Skempton (1951). Na Tabela 7.2 são
apresentados os valores dos fatores de capacidade de carga Nc, Nq e Nγ, para o caso de ruptura geral, e
N´c, N´q e N´γ, para o caso de ruptura localizada.

Tabela 7.2 – Fatores de capacidade de carga propostos por Bowles (1968).

ii) Solução de Meyerhof

É análoga à solução de Terzaghi, tendo a seguinte diferença: enquanto na solução de Terzaghi o solo
situado acima do nível da base da fundação é substituído por uma sobrecarga frouxa γL, onde as linhas
de ruptura são interrompidas no plano BD, na solução de Meyerhof essas linhas de ruptura são levadas
ao maciço situado acima de tal plano, conforme mostrado na Figura 7.2b.
Meyerhof (1953) propôs um procedimento relativamente simples para o cálculo da capacidade de carga
de estacas, sendo a resistência de ponta obtida de:

B
q p,rup = cNc + K sγLN q + γ Nγ (8)
2

189
em que KS = coeficiente de empuxo do solo contra o fuste na zona de ruptura próxima à ponta e
Nc Nq e Nγ = fatores de capacidade de carga, que dependem de φ e da relação L/B.

Os valores de KS, empuxo do terreno contra o fuste, na vizinhança da ponta de uma estaca cravada
situam-se em torno de 0,5 (areias fofas) e 1,0 (areias compactas), conforme resultados obtidos de
ensaios de laboratório e de campo (Velloso e Lopes, 2002).
No caso de fundações profundas, o valor da relação L/B é muito grande. Por essa razão, despreza-se a
última parcela da Equação 8, ficando:

q p,rup = cN c + K sγLN q (9)

onde os fatores Nc e Nq são obtidos dos ábacos da Figura 7.3, para o caso de estacas de seção circular
ou quadrada e para valores comuns de φ´.

Capacidade de carga de estacas em solos argilosos: como neste caso, φ = 0, a Equação 9 é reescrita:

q p, rup = 9,5S u + γL (10)

onde Nc está entre 9 e 10, e de acordo com a Teoria da Plasticidade, Nq = 1 e KS é aproximadamente


igual à unidade. Exige-se que a ponta da estaca penetre na camada argilosa pelo menos 2B. Para
penetrações menores, valor de Nc diminui quase linearmente até 2/3 do seu valor quando a base se
apóia no topo da camada argilosa.

Figura 7.3 – Fatores de capacidade de carga propostos por Meyerhof (1953).


190
Capacidade de carga de estacas em solos granulares: como neste caso, c = 0, a Equação 9 fica:

q p, rup = K s γLN q (11)

É necessário que a ponta da estaca penetre pelo menos 2B na camada de base. Para penetrações
menores que 2B, serão utilizados os valores de Nq e Nγ que correspondam à penetração real,
introduzindo-os na Equação 8, com c = 0.

Capacidade de carga de estacas em solos estratificados: para uma estaca instalada em perfil de solo
estratificado, pode-se considerar a resistência por atrito lateral total como sendo a soma das
resistências individuais de cada camada atravessada. Já a resistência de ponta é, inevitavelmente,
determinada pela camada na qual está fincada a ponta da estaca, conforme as Equações 10 e 11.

iii) Solução de Berezantzev

A solução de Berezantzev contempla a capacidade de ponta de estacas em solos arenosos. De acordo


com essa solução, a parcela correspondente à dimensão da estaca (B) não é desprezada, obtendo-se a
seguinte expressão:

q p, rup = Ak γB + B k α T γL (12)

em que os valores do coeficiente αT são obtidos da relação L/B e do ângulo φ, conforme mostrado na
Tabela 7.3. Os valores de AK e BK são também funções de φ, sendo obtidos das curvas da Figura 7.4.
De acordo com essa formulação, a tensão horizontal contra o fuste da estaca cravada não cresce linear
e indefinidamente com a profundidade, contrário ao que intuitivamente se poderia pensar.

Tabela 7.3 – Valores de αT para aplicação do método de Berezantzev et al (1961), citados por Velloso e
Lopes (2002).

191
Figura 7.4 – Fatores de capacidade de carga propostos por Berezantzev et al. (1961).

iv) Solução de Vésic

Nas formulações das soluções clássicas, a resistência de ponta de uma estaca é função apenas da
resistência do solo. Cabe ressaltar, todavia, que a rigidez do solo desempenha um papel fundamental,
visto que o mecanismo de ruptura é função dessa rigidez. Daí, a introdução de soluções baseadas na
teoria de expansão de cavidades em um meio elasto-plástico, conforme esquematizado na Figura 7.5.
Na proposta de Vésic (1972), a resistência de ponta de uma fundação profunda pode ser obtida da
seguinte equação:

q p, rup = cN c + σ 0 N σ (13)

1 + 2K o
em que σ o = 3
σ´v (13A)

K0 = coeficiente de empuxo no estado de repouso.


σ´v = tensão vertical efetiva no nível da ponta da estaca.
Nc, Nσ = fatores de capacidade de carga (Tabela 7.4), relacionados pela expressão:

N c = (N σ − 1) cot φ (13B)

192
Para entrada na Tabela 7.4, é necessário, além do ângulo φ, do Índice de Rigidez (Ir), que pode ser
calculado com a seguinte equação:

E G
Ir = = (13C)
2(1 + ν )(c + σ ´tgφ ) c + σ ´tgφ

Nc são os valores superiores, enquanto Nσ são os números inferiores em cada linha corresponde a cada
valor de φ mostrados na Tabela 7.4.
Da Equação 13 se observa que Vésic expressa a resistência de ponta em função da tensão normal
média (σ´v) atuando no nível da ponta da estaca.

Figura 7.5 – (a) Analogia entre a ruptura de ponta de uma estaca e a expansão de uma cavidade esférica; (b)
mecanismo de expansão de uma cavidade esférica (Velloso e Lopes, 2002, apud Vésic, 1972).

Tabela 7.4 – Fatores de capacidade de carga Nc e Nσ propostos por Vésic.

193
2.3.2 Fórmulas Teóricas (Racionais) para a Resistência de Atrito Lateral

A segunda parcela da capacidade de carga de uma estaca é a resistência de atrito lateral, conforme foi
mostrado nas Equações 2 e 3. O tratamento teórico aplicado ao atrito lateral unitário (ql) é análogo ao
usado para analisar a resistência ao deslizamento de um sólido em contato com o solo. Dessa forma,
seu valor é, usualmente, considerado como a soma de duas parcelas:

ql ,rup = ca + σ ´h tgδ = c a + K s ⋅ σ ´v tgδ = c a + K s ⋅ γ ´⋅L ⋅ tgδ (14)

em que ca é a aderência entre a estaca e o solo, σ´h é a tensão horizontal média atuando na superfície
lateral da estaca na ruptura e δ é o ângulo de atrito entre a estaca e o solo. Os valores de ca e δ podem,
em determinados casos, serem determinados através de ensaios de laboratório, executando-se ensaios
de resistência ao cisalhamento na interface entre o material da estaca e o solo, porém, esse processo
está sujeito a limitações (p. ex., o nível de tensão horizontal na superfície de contato). Por isso, ql,rup é
comum e preferencialmente estimado com base em dados empíricos oriundos de observações de
campo. Outro aspecto importante lembrado por Velloso e Lopes (2002) é fato comprovado: “medições
em estacas instrumentadas cravadas em solos granulares parecem mostrar que o atrito lateral não
cresce com a profundidade abaixo de certa profundidade, denominada crítica, assumindo daí para
baixo um valor constante”.

a) Fórmula de Terzaghi:

Terzaghi (1943) apresenta a parcela de resistência correspondendo ao efeito de profundidade da


seguinte forma: γ 1 LN q , onde γ1 seria o peso específico majorado, obtido com o seguinte raciocínio: na

ruptura, a área anelar BD, da Figura 7.2a, tende a subir, o que faz surgir uma força resistente dada por:

 2 πB 2 
(
L n − 1
4
) γ + πB τ l + n πB τ  (15)
 
em que nB é o diâmetro externo da área anelar e τ a resistência ao cisalhamento do solo. Por unidade
de área, tem-se:

 πB 2 
(
L n 2 −1
4
)
γ + πBτ l + nπBτ 
 
q1 = = γ 1L (16)
πB
( )
2
n −1
2

4
onde
τ l + nτ
γ1 =γ +4 (17)
(
B n 2 −1 )
adotando-se para n o valor que torna mínima a capacidade de carga da estaca.
194
A maior limitação do uso da Equação 17 (e também 18) refere-se às incertezas sobre o valor de τ, pois
as tensões de cisalhamento ao longo da superfície DE, na Figura 7.2a, são muito dependentes da
compressibilidade do solo. Sendo o solo pouco compressível (areias compactas), as tensões
cisalhantes na região DE são muito significativas. Em contrapartida, no caso de solos fofos (areia fofa
muito compressível), essas tensões cisalhantes ao longo de DE são inexpressivas, visto que o
movimento necessário a uma penetração da fundação para baixo pode ser produzido por uma
compressão lateral da areia localizada abaixo de BD e a tendência para levantar areia acima da base
da estaca é, certamente, insignificante. Portanto, quando se escolhe um valor de τ para a Equação 17,
deve-se supor uma mobilização incompleta da resistência ao cisalhamento do solo ao longo da
superfície cilíndrica DE. Em todo caso, a compressibilidade do solo deve ser levada em consideração
pelo fato dela influenciar decisivamente na capacidade de carga da fundação.

b) Fórmula de Meyerhof:

Tendo como base a Equação 14, Meyerhof propõe as seguintes expressões para cálculo do atrito
lateral unitário de estacas:

__
K S γL
σh = (18)
2 cos δ
__
para solos granulares (ca = 0), sendo δ o ângulo de atrito solo-estaca e K S o coeficiente de empuxo

médio ao longo de todo o fuste.


O atrito lateral unitário da estaca, obtido em consonância com a Equação 18, será dado por:
___
K S γL
q l , rup = tgδ (19)
2
__
O valor médio de KS ( K S ) pode ser determinado a partir de ensaios de penetração estática, analisando-

se os valores da resistência lateral; KS seria obtido no trecho inferior (2B a 4B) da haste de ensaio e
__
K S obtida a partir da média dos KS obtidos em diferentes profundidades. Na Tabela 7.5, de Broms
(1966), são apresentados valores de KS para fins de estimativas do atrito lateral unitário. Para δ sugere-
se os seguintes valores (Velloso e Lopes, 2002 apud Aas, 1966):

Tabela 5 – Valores de KS (Broms, 1966).


Estacas de aço: δ = 20°
Tipo de Estaca Areia fofa Areia compacta

Estacas de concreto: δ = 4
Metálica (aço) 0,5 1,0
Concreto 1,0 2,0

Estacas de madeira: δ = 3 Madeira 1,5 3,0

195
Observações:
i) se a ponta da estaca estiver apoiada numa profundidade L´, abaixo do lençol freático, a capacidade
de carga total da estaca (Qr) deverá ser reduzida pela aplicação do seguinte coeficiente multiplicador:

 1 − γ ´  L´
1 −   (20)
 γ L
em que γ´é o peso específico do solo submerso.

ii) para solos argilosos (φ = 0), Meyerhof propõe a seguinte expressão para a aderência lateral:

q l , rup = c a (21)

em que ca é a coesão do solo, que depende do processo executivo da estaca e da sensibilidade da


argila. Para uma estaca cravada em uma argila pouco sensível, pode-se adotar ca = Su (resistência ao
cisalhamento não drenada), com limite superior aproximado da ordem de 100 kPa. O fato da resistência
lateral crescer e atingir um valor máximo da resistência não drenada da argila, levou os pesquisadores a
comparar estas duas resistências por uma expressão do tipo:

ql ,rup = αS u (22)

em que α é um coeficiente que pode variar de 0,2 a 1,25, de acordo com o tipo de estaca e o tipo solo,
conforme mostrado na Figura 7.6.

Figura 7.6 – Valores do coeficiente de adesão α para atrito lateral de estacas.

c) Fórmula Geral para Solos Arenosos:

Foi visto que ql,rup depende de duas parcelas: i) aderência (ca), a qual independe da tensão normal
efetiva (σ´h) que atua contra o fuste e ii) a parcela de atrito, que aí sim, é proporcional a essa tensão. A
experiência adquirida com estacas de rugosidade normal permite adotar tg δ = tg φ´, sendo φ´ o ângulo
de atrito interno do solo amolgado em termos de tensões efetivas. Como a tensão normal atuando
contra o fuste é normalmente relacionada à tensão vertical efetiva na profundidade correspondente,

196
através de um coeficiente de empuxo KS, pode-se reescrever a Equação 14, para solos granulares (ca =
0) da seguinte forma:

ql, rup = K sσ v, tgφ , (23)

Segundo Velloso e Lopes (2002), o coeficiente KS é afetado pelo comprimento e forma da estaca,
principalmente se for cônica. Em estacas escavadas e jateadas, KS é igual ou menor que K0 (coeficiente
de empuxo no repouso). Em estacas cravadas com pequeno deslocamento, ele é um pouco maior,
porém, raramente excedendo 1,5, mesmo em areias compactas. Para estacas cravadas curtas e de
grande deslocamento, instaladas em areia, KS pode se aproximar do coeficiente de empuxo passivo,
dado por Kp = tg2 (45° + φ/2).

d) Métodos para Solos Argilosos:

d.1) Método α: nos solos argilosos, a resistência lateral tem sido relacionada á resistência ao
cisalhamento (coesão) não drenada, conforme visto na Equação 22. Os valores de α: são apresentados
na Figura 7.7, cujas curvas levam em consideração a natureza da camada sobrejacente e a resistência
não-drenada da argila antes da instalação da estaca.

d.2) Método β: De acordo com discussões apresentadas em Velloso e Lopes (2002), Burland (1973)
sugeriu que o atrito estaca-solo não fosse associado à resistência ao cisalhamento não-drenada, mas
sim às condições de tensões efetivas, de cuja proposta são tiradas as seguintes considerações:

i) Antes do carregamento, os excessos de poropressão gerados na instalação da estaca estão


completamente dissipados;
ii) Uma vez que a zona de maior distorção em torno do fuste é delgada, o carregamento ocorre
em condições drenadas;
iii) Em decorrência do amolgamento causado durante a instalação, o solo não terá coesão
efetiva, razão pela qual o atrito lateral em qualquer ponto será dado por:

ql, rup = σ ,h tgδ (24)

onde σ´h é a tensão horizontal efetiva que atua na estaca e δ o ângulo de atrito efetivo entre a argila e o
fuste da estaca.

iv) Admite-se que a tensão horizontal efetiva é proporcional à tensão vertical efetiva inicial, σ´v:

σ , h = Kσ vo
,
(25)

197
Figura 7.7 – Curvas para obtenção do coeficiente α (Velloso e Lopes, 2002, apud Tomlinson, 1994).

Com relação à Equação 25, há que se ter bastante cuidado para não confundir K com o coeficiente de
empuxo do solo no repouso, K0, visto que o valor de K é muito dependente do processo de instalação
da estaca no solo, que pode ser muito diferente da situação original. Com a Equação 25, pode-se
reescrever a Equação 24 da seguinte forma:

ql, rup = Kσ v, 0 tgδ (26)

Da Equação 26, o produto Ktgδ pode ser substituído pelo símbolo β, resultando em:

ql, rup
β= = Ktgδ
σ v, 0 (26A)

Valores médios de β podem ser obtidos empiricamente, a partir de provas de carga, desde que se tenha
deixado passar algum tempo entre a instalação da estaca e a realização do ensaio, e que o ensaio seja
realizado de forma lenta.

198
Valores de β para argilas moles normalmente adensadas:

β = 1 − sen φ a, tgφ a,


  (26B)

onde φ´a é o ângulo de atrito do solo amolgado e drenado, que estima-se se situar entre 20° e 30°.

Valores de β para argilas rijas:


A resistência lateral de argilas rijas é muito difícil de se avaliar. Para uma estaca ideal, cuja instalação
não provoque grandes perturbações no terreno, é razoável admitir-se que a resistência lateral total seja
dada por:
L
Ql, rup = πB ∑σ 0
,
v 0 K 0 tgδ ∆L (27)

onde B e L são o diâmetro e o comprimento da estaca, respectivamente.


O valor médio de ql,rup da resistência unitária da estaca seria dado por:

Ql ,rup
1 L ,
ql ,rup = = ∑ σ K tgδ∆L (27A)
πBL L 0 v 0 0

Método λ: Nesta abordagem, expressa-se a resistência lateral em função da tensão vertical efetiva e da
resistência não-drenada da argila. Por isso, o método recebe também a denominação de “enfoque
misto”. Neste caso, a resistência lateral pode ser calculada por:

ql, rup = λ  σ v, 0 + 2 S u 
  (28)

em que λ é um coeficiente que depende do comprimento da estaca, o qual varia de 0,1 para estacas
com mais de 50m de comprimento a 0,3 para estacas menores de 10m.

Evolução da Resistência com o Tempo após a Cravação da Estaca

Pesquisas têm revelado que após a cravação de uma estaca em um depósito de argila mole há um
aumento considerável da resistência lateral com o decorrer do tempo. Esse aumento na resistência está
associado à migração de água dos poros, causada pelo excesso de poropressão gerado durante a
cravação da estaca.
Vários pesquisadores têm confirmado essa ocorrência (Velloso e Lopes, 2002), dos quais pode-se
destacar Soderberg (1962), o qual propõe uma equação para previsão do tempo (t) necessário para o
desenvolvimento da máxima capacidade de carga da estaca a partir da cravação. Conforme visto na
Equação 29, esse tempo é proporcional ao quadrado do diâmetro ou raio da estaca (r). Neste caso, o
ganho de resistência com o tempo seria controlado pelo fator tempo (Th), definido por:

199
Fellenius modificado _ By Anjos 2010**
Tipo de solo FUSTE BASE
Areia  ' ( º ) Nt
fofa 0,28 0,28 20 3
média 0,50 0,50 21 4
compacta 0,80 0,80 22 4
Siltosa 0,44 23 5
Silto‐argilosa 0,41 24 6
0,42
Argilo‐siltosa 0,41 25 7
Argilosa 0,43 26 8
Silte 27 9
mole 0,25 0,25 28 10
médio 0,30 0,30 29 11
rijo 0,35 0,35 30 13
Arenoso 0,36 31 15
Areno argiloso 0,34 32 17
0,33
Argilo arenoso 0,32 33 20
Argiloso 0,29 34 23
Argila 35 27
muito mole 0,15 0,15 36 31
mole 0,22 0,22 37 35
média 0,25 0,25 38 40
rija 0,42 0,42 39 46
Arenosa 0,33 40 53
Areno siltosa 0,30
0,30
Silto arenosa 0,30
Siltosa 0,27
6.3 Exemplos Numéricos

1. Sendo dado o perfil geotécnico abaixo, dimensionar pelo método racional a capacidade
de carga de uma estaca pré-moldada cuja CAF se encontra em 20m de profundidade.

Parâmetros estimados (tabela)

K =1

K =1,5

K=2,0

Dados da estaca: B=0,35 m


Circular φe = 42 cm , φi = 26 cm
Área ponta = 0,138 m² (seção plana)
Área lateral = 1,319 m²/mL
Cravada – pilão queda livre

Na CAF : σ’vo = 2 x 1,9 + 3 x 2,0 + 5 x 1,8 + 1 x 0,8 + 5 x 0,8 + 4 x 1,0


σ’vo = 27,6 tf/m²

Qp = qp – Ap
Como a CAF é em areia - qp = N*q x σ’vo (p/ φ’ = 38°)

Teoria Nq Nq x σ’vo (tf/m²) Qp (tf)


Berezantsev, 1961 160 4416 609
Meyerhof, 1953 600 16560 2285
Terzaghi, 1943 90 2484 343
Qp médio 1100

Apostila Grad. Fundações (1996) – Renato P. Cunha / Universidade de Brasília – rpcunha@unb.br 193
Exercícios – Fundações Profundas

1) Uma estaca cilíndrica de 400 mm de diâmetro é cravada até a profundidade 10 m emu


ma argila normalmente consolidada.

Os parâmetros do solo são: su = 20kPa , φ ' cs = 28° ,and γ sat = 18kN / m³ ; N.A na superfície.
Estime a capacidade de carga admissível para um fator de segurança igual a 3. Esta estaca
atua fundamentalmente como “estaca de fuste” ou “base” ?.

RESOLUÇÃO:

su = 20kPa  25kPa
su = 20kPa  35kPa
β= (1 − sin φ 'cs )( OCR ) tan φ '
0,5

Para OCR =1 (solo N.Al) e φ ' cs = φ ' , têm-se

β= (1 − sin 28° )(1) tan 28°= 0, 28


0,5

Cálculos em Termos: Total ou Efetivo

TSA – Termos totais : Qa

L = 10 m,
π D² π × 0, 4²
Perimeter =πD =π × 0, 4 =1, 26m ; Ab = = =0,126m²
4 4
Q f =α u su (π D ) L =×
1 20 × 1, 26 × 10 =252 kN

Qb =9 su Ab =9 × 20 × 0,126 =22, 7 kN

Qult = Q f + Qb = 252 + 22, 7 = 274, 7 kN


Qf 252
= = 0,92  0,8
Qult 274, 7
Qult 274, 7
=
Qa = = 91, 6 kN
FS 3
Passo 2:

ESA – Termos efetivos : Qa

Q f = βσ 'z (π DL )

L 10
σ 'z = (18 9,8)
γ ' =− =
41 kPa
2 2

Q f= 0, 28 × 41×1, 26 ×10= 144, 6 kN

Qb = N q (σ 'z )b Ab = N qγ ' LAb = N q × (18 − 9,8 )10 × 0,126 = 10,3.N q

Use a Equação de Janbu na determinação de N q

( tan φ ' ) exp ( 2ψ tan φ 'cs )


2
=
Nq cs + 1 + tan 2 φ 'cs p

para φ ' cs = 28° e assumindo ψ p = π / 3 (argila mole), temos: Ângulo de plastificação:


60° (argilas mole) a
(  2π
) 
2
=
Nq tan 28° + 1 + tan 2 ( 28° ) exp  tan=
28°  8, 4 105° (areias compactas)
 3 
Qb = 10,3 × 8, 4 = 86,5 kN

Qult = Q f + Qb = 144, 6 + 86,5 = 231,1 kN


Anjos_ 2010 (* estudo de P.C intrumentadas)

Qult 231,1
=
Qa = = 77 kN
3 3

A capacidade de carga via termos efetivos é menor. Desta forma, use a capacidade via
termos efetivos: Qa = 77 kN .
Fator Nq 

10000
Anjos
Fellenius
Budhu
1000
Nq

100

10

1
15 20 25 30 35 40 45 50

( ° )
 
 

2007 

 
71,28 % 

 
82,9 %
 
 

 
Cht
Th = (29)
r2
onde Ch é coeficiente de adensamento horizontal do solo.

Vésic (1977) observou experimentalmente que estacas cravadas de até 35cm de diâmetro atingem a
capacidade de carga máxima ao final de um mês, ao passo que estacas com 60cm de diâmetro podem
levar até um ano para atingir essa capacidade de carga (Velloso e Lopes, 2002).
No caso de estacas cravadas em argilas rijas, pode haver diminuição das poropressões na argila ao
redor do fuste, como conseqüência da cravação. Neste caso, haveria uma migração da água dos poros,
contrária à referida anteriormente, provocando uma espécie de amolecimento da argila numa região
anelar no entrono do fuste, tendo como conseqüência uma redução da capacidade de carga da estaca
com o decorrer do tempo, a partir da cravação.

2.3.3 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam o SPT

Os métodos teóricos e experimentais e os ensaios de laboratório são imprescindíveis para estabelecer


a influência relativa de todos os parâmetros envolvidos nos cálculos de capacidade de carga. Todavia, a
utilização dos métodos teóricos na prática da engenharia de fundações é, extremamente restrita, uma
vez que a maioria dos parâmetros do solo necessários a essas análises é, muitas vezes, de difícil
determinação.
Em contrapartida, correlações entre tensões correspondentes a estados-limites de ruptura e dados de
resistências à penetração obtidos de ensaios “in situ”, são simples e fáceis de serem estabelecidas. As
fórmulas semi-empíricas são oriundas de ajustes estatísticos feitos com equações de correlação que
têm embutido em sua essência os princípios definidos nos métodos teóricos e/ou experimentais.
No Brasil, dos métodos utilizados para o dimensionamento de fundações em estacas, dois são
reconhecidamente os mais empregados: o método de Aoki e Velloso (1975) e o de Décourt e Quaresma
(1978). Há ainda métodos desenvolvidos para tipos específicos de estacas, a exemplo do de Velloso
(1981) e o de Cabral (1986), este último empregado exclusivamente para estaca-raiz.

2.3.3.1 Método de Aoki e Velloso (1975)

Esse método foi desenvolvido a partir de um estudo comparativo entre resultados de provas de carga
em estacas e de SPT, mas pode ser utilizado também com dados do ensaio de penetração do cone
(CPT). A expressão da capacidade de carga foi concebida relacionando-se a resistência de ponta e o
atrito lateral da estaca à resistência de ponta (qc) do CPT. Para levar em conta as diferenças de
comportamento entre a estaca (protótipo) e o cone (modelo), os autores propuseram a introdução dos
coeficientes F1 e F2, ou seja:

200
qc
qp = (30) qc = k.N (32)
F1
para a resistência de ponta da estaca, e
q
ql = c (31) qc = αk.N (33)
F2
para a resistência lateral da estaca.
Introduzindo-se correlações entre o SPT e o CPT
(cone holandês, mecânico), e o coeficiente α
Logo, a capacidade de carga total da estaca
estabelecido por Begemann (1965) para
será:
correlacionar o atrito lateral do cone com
kN αkN
ponteira Begemann com a tensão de ponta, qc, Qr = A p + U∑ ∆l (34)
F1 F2
tem-se:

Os valores de k e de α são apresentados na Tabela 7.6, enquanto os valores de F1 e F2 constam na


Tabela 7.7.
Para o cálculo de qp, o valor de N será o
Tabela 7.6 – Valores de k e α (Aoki e Velloso, 1975).
encontrado na cota de apoio da estaca,
Tipo de solo k (kgf/cm2) α (%)
enquanto que para o atrito lateral, o valor de
Areia 10,0 1,4
Areia siltosa 8,0 2,0 N corresponde à camada de espessura ∆l.

Areia silto-argilosa 7,0 2,4 O método de Aoki e Velloso (1975) foi


Areia argilo-siltosa 5,0 2,8 adaptado, posteriormente, para aplicação em
Areia argilosa 6,0 3,0 estaca tipo raiz, hélice e ômega. Nestes
Silte arenoso 5,5 2,2 casos, sugere-se valores de F1 = 2,0 e F2 =
Silte areno-argiloso 4,5 2,8 4,0.
Silte 4,0 3,0 Outras contribuições foram incorporadas ao
Silte argilo-arenoso 2,5 3,0
método original de Aoki e Velloso (1975),
Silte argiloso 2,3 3,4
sendo a última atribuída a Monteiro (1997),
Argila arenosa 3,5 2,4
inclusive adicionando outros tipos de estacas,
Argila areno-siltosa 3,0 2,8
conforme apresentado nas Tabelas 7.8 e 7.9.
Argila silto-arenosa 3,3 3,0
Argila siltosa 2,2 4,0 Recomendações para aplicação do método
Argila 2,0 6,0 de Aoki e Velloso, modificado por Monteiro:

i) valor de N é limitado a 40;


Tabela 7.7 – Valores de F1 e F2 (Aoki e Velloso, 1975;
ii) para o cálculo da resistência de ponta,
Velloso et al., 1978).
ql,rup, deverão ser considerados valores ao
Tipo de estaca F1 F2
longo de espessuras iguais a 7e 3,5 vezes o
Franki 2,50 5,0
diâmetro da ponta, para cima e para baixo da
Metálica 1,75 3,5
profundidade da base (ver Figura 7.8). De
Premoldada de concreto 1,75 3,5
acordo com a Figura 7.8, o valor de qp,rup a
Escavada 3,00 6,0
ser adotado será dado pela Equação 35:

201
Tabela 7.8 – Valores de k e α (Monteiro, 1997). Tabela 7.9 – Valores de F1 e F2 (Monteiro
1997).
Tipo de solo k (kgf/cm2) α (%) Tipo de estaca F1 F2
Franki fuste apiloado 2,30 3,0
Areia 7,3 1,4
Franki fuste vibrado 2,30 3,2
Areia siltosa 6,8 2,0
Metálica 1,75 3,5
Areia silto-argilosa 6,3 2,4
Premoldada de concreto* 2,50 3,5
Areia argilo-siltosa 5,7 2,8
Premoldada de concreto** 1,20 2,3
Areia argilosa 5,4 3,0 Escavada com lama 3,50 4,5
Silte arenoso 5,0 2,2 Raiz 2,20 2,4
Silte areno-argiloso 4,5 2,8 Strauss 4,20 3,9
Silte 4,8 3,0 Hélice Contínua 3,00 3,8

Silte argilo-arenoso 4,0 3,0 * cravada a percussão


** cravada por prensagem
Silte argiloso 3,2 3,4
Argila arenosa 4,4 2,4
Argila areno-siltosa 3,0 2,8
Argila silto-arenosa 3,3 3,0
Argila siltosa 2,6 4,0
Argila 2,5 6,0

Figura 7.8 – Proposta para determinação da resistência de ponta de estacas (Monteiro, 1997).

q ps + q pi
q p , rup = (35)
2

No caso de estacas Franki, a área da ponta é calculada com o volume da base alargada (Vb), admitida
superfície de forma esférica:
2
 3V  3
Ap = π  b  (36)
 4π 

202
2.3.3.2 Método de Décourt e Quaresma (1978)

Esses autores apresentaram uma proposta para estimativa da capacidade de carga de estaca com
base nos valores do N do SPT. O método foi originalmente desenvolvido para estacas de
deslocamento, mas, a exemplo do método de Aoki e Velloso, tem passado por modificações para
contemplar outros tipos de estacas. O método de Décourt e Quaresma tanto usa dados do SPT quanto
do SPT-T. Desse último, se pode obter o Neq (N equivalente), que segundo Décourt (1991), é o valor do
Torque, em kgf.m, divido por 1,2, conforme a Equação 37. O Neq assim calculado corresponde a um
valor do N do SPT obtido sob um nível de eficiência da ordem de 72%. Entenda-se como eficiência (η),
o valor da energia efetivamente usada para cravar o amostrador no solo dividida pela energia potencial
do martelo (de 65 kgf) no instante em que o mesmo é erguido até uma altura igual a 0,75 m.

T
Neq = (37)
1,2

a) Resistência de ponta

A resistência de ponta da estaca é obtida da equação 38:


__
q p,rup = C. N (38)

onde C é apenas função do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 7.10, e só para estaca cravada.

Tabela 7.10 – Valores de C para o método de Décourt e Quaresma (1978).


Estaca cravada
Tipo de solo
tf/m2 kN/m2
Argilas 12 120
Siltes argilosos 20 200
Siltes arenosos 25 250
Areias 40 400

__
O valor N a ser usado na Equação 38 corresponde à média de três valores de N: o do nível da ponta
da estaca, o imediatamente abaixo e o imediatamente acima desta.

b) Atrito lateral

São considerados os valores do N ao longo do fuste, sem levar em conta aqueles utilizados no cálculo
da resistência de ponta, os menores que 3 e os superiores a 50. Dessa forma, obtém-se a média e, com
auxílio da Equação 39, estima-se o valor do atrito médio, em kN/m2, ao longo do fuste da estaca.
_ 
N  (39)
q = 10 + 1
l, rup 3 
 

203
2.3.3.2.1 Método de Décourt e Quaresma para outras tipos de Estacas

Para contemplar outros tipos de estacas, diferentes da estaca padrão, definida como uma estaca
cravada no solo (de deslocamento) e cilíndrica, no ano de 1996 Décourt sugeriu incluir na equação de
capacidade de carga coeficientes de ponderação para a ponta (α) e para o atrito lateral (β), obtendo
assim a seguinte equação:

Q = αq A + β q A (40)
r p p l l
ou ainda,

_ 
_  Nl 
Q = αC Np A + 10 β  + 1 (41)
r p 3 
 
__ __
em que N p é a resistência à penetração na região da ponta da estaca e N L corresponde à média de N
ao longo do fuste, ressaltando que no caso do valor de N ser menor que 3, o valor adotado deve ser
igual a 3, usando-se o mesmo critério para N ≥ 15 (adota-se N = 15) para estacas escavadas. Os
coeficientes α e β são sugeridos na Tabela 7.11. Cabe lembrar que a ruptura aqui definida, quando a
mesma não é indicada, corresponde à carga que provoca um recalque no topo da estaca de 10% do
seu diâmetro.
O coeficiente de segurança da norma brasileira é global e igual a 2,0. Entretanto, no método de Décourt
e Quaresma são propostos valores de FS parciais para a resistência de ponta (FSp = 4) e para o atrito
lateral (FSl = 1,3). Assim a carga admissível da estaca (Qadm) será o menor dos dois valores calculados
conforme exposto a seguir:

Q p , rup Ql , rup Qr
Qadm = + e Qadm = (42)
4,0 1,3 2,0

Tabela 7.11 – Valores de α e β propostos por Décourt e Quaresma (1978).


Tipo de estaca
Tipo de solo Escavadas em Escavada Hélice contínua Estaca-raiz Injetada sob
geral (bentonita) altas pressões
α 0,85 0,85 0,30* 0,85* 1,00*
Argilas
β 0,80 0,90* 1,00* 1,50* 3,00*

Solos α 0,60 0,60 0,30* 0,60* 1,00*


intermediarios β 0,65 0,75* 1,00* 1,50* 3,00*

α 0,50 0,50 0,30* 0,50* 1,00*


Areias
β 0,50 0,60* 1,00* 1,50* 3,00*
* valores apenas orientativos, diante do reduzido número de dados disponíveis.

204
2.3.3.3 Método de Velloso (1981)

Pedro Paulo da Costa Velloso (Velloso, 1981) apresentou um critério para o cálculo da capacidade de
carga de estacas e de grupos de estacas, com base no CPT. Para uma estaca, de comprimento L, fuste
de diâmetro B e ponta Bp, a capacidade de carga pode ser obtida da seguinte equação:

Qr = Q p,rup + Ql,rup = Qr = Apαβq p,rup + Uαλ ∑q l,rup ∆li (43)

onde Ap = área da ponta da estaca


α = fator da execução da estaca (α = 1, estaca escavada, α = 0,5 para estacas cravadas)
λ = fator de carregamento (λ = 1 para estacas comprimidas e, λ = 0,7 para estacas tracionadas)
β = fator de dimensão da base
Bp
β = 1,016 − 0,016 (44)
b
β = 0 para estacas tracionadas e Bp = B.

em que b = diâmetro da ponta do CPT (= 3,6cm para o cone padrão)


ql,rup = atrito lateral médio em cada camada de solo atravessada pela estaca
qp,rup = resistência de ponta da estaca.

Observações:

a) Dispondo-se apenas de resultados de sondagem com SPT, para o método de Velloso (1981), pode-
se adotar:

q p, rup = aN b (45)

ql, rup = a,N b´ (46)

onde N é a resistência à penetração do SPT e os parâmetros a´, b´, a e b, são obtidos de correlações
entre o SPT e o CPT, cujos valores são fornecidos na Tabela 7.12.

Tabela 7.12 – Valores aproximados dos fatores a, b, a´, b´ (Velloso, 1981).


Ponta Atrito lateral
TIPO DE SOLO a b a´ b´
(kPa) (kPa) (kPa) (kPa)
Areias sedimentares submersas 600 1 5,0 1
Argilas sedimentares submersas 250 1 6,3 1
Solos residuais de gnaisse areno- 500 1 8,5 1
siltoso submerso
Solos residuais de gnaisse silto- 400 1 8,0 1
arenoso submerso

205
2.3.3.4 Método de Teixeira

Este método de previsão de capacidade de carga de estacas foi apresentado no 3º Seminário de


Engenharia de Fundações Especiais e Geotecnia (SEFE III), realizado em São Paulo (Teixeira, 1996).
Pelo método de Teixeira, a capacidade de carga à compressão de uma estaca pode ser obtida a partir
da equação geral (Equação 47), introduzindo-se os parâmetros α e β, apresentados na Tabela 7.13.

__ __
Qr = α N b Ab + Uβ N L L (47)
__
em que N b = valor médio do NSPT medido no intervalo de 4B acima da base da estaca e 1B abaixo da
base da estaca
__
N L = valor médio do NSPT medido ao longo do fuste da estaca
Ab = área da base da estaca (ponta)
L, B = comprimento, diâmetro da estaca, respectivamente.

O parâmetro α é função da natureza do solo, enquanto β é função do tipo de estaca, conforme Tabela
7.13. Vale lembrar que os dados da tabela são válidos para valores de 4 < NSPT < 40. Os dados da
Tabela 7.13 não se aplicam ao cálculo de estacas premoldadas de concreto, cravadas em argilas moles
sensíveis. Também, para as estacas dos tipos I,II e IV, o coeficiente de segurança deve ser o da norma,
ou seja, 2, enquanto que para as estacas escavadas, do tipo III, recomenda-se para a ponta FS = 4,0, e
para o atrito lateral, FS =1,5.

Tabela 7.13 – Valores dos fatores α e β, propostos por Teixeira (1996).


Tipo de estaca
Observação Solo
I II III IV
Argila siltosa 11 10 10 10
Silte argiloso 16 12 11 11
Argila arenosa 21 16 13 14
Valores de α (tf/m2)
Silte arenoso 26 21 16 16
válidos para NSPT na
Areia argilosa 30 24 20 19
faixa de 4 a 40
Areia siltosa 36 30 24 22
Areia 40 34 27 26
Areia com pedregulhos 44 38 31 29
Valores de β (tf/m2) em função do tipo de estaca 0,4 0,5 0,4 0,6
I = estaca premoldada de concreto e perfis metálicos II = estaca tipo Franki
III = escavadas a céu aberto IV = estacas raízes

206
2.3.3.5 Métodos para Casos Particulares de Estacas

São mencionados neste item alguns métodos de autores brasileiros apresentados para tipos exclusivos
de estacas.

a) Para Estacas Escavadas

Trata-se de um método proposto por Alonso (1983) para estimativa do comprimento de estacas
escavadas. Nesta proposta, se U é o perímetro da estaca, se os valores do NSPT são determinados a
cada metro (é o comum) e se Ql,rup é a parcela de resistência lateral da estaca, tem-se:
ξQl , rup
∑N = U
(48)

ou

U∑ N
Ql , rup = (49)
ξ
onde o somatório é realizado ao longo do fuste da estaca. O valor mais provável de ξ é igual a 3.
Coeficiente de segurança: para estaca escavada, a norma brasileira estabelece FS igual a 2,0, em
relação à soma das cargas de ponta e lateral. Além disso, deve ser atendido o seguinte critério:

Qtrab ≤ 0,8.Ql,rup (50)

b) Para Estacas Tipo Raiz

Foi apresentado um método por Cabral (1986), no qual a capacidade de carga de uma estaca tipo raiz,
com um diâmetro final B ≤ 45cm, injetada com uma pressão p ≤ 4 kg/cm2, pode ser estimada com:

Q r = U ∑ β 0 β 1 N∆L + β 0 β 2 N p A p (51)

onde ∆L = espessura de solo caracterizado por NSPT


Np = NSPT no nível da ponta da estaca
β0 = fator que depende do B da estaca (em cm) e da pressão de injeção (em kgf/cm2), conforme
apresentado na Tabela 14. β0 também pode ser calculado:

β 0 = 1 + 0,11 p − 0,01B (51A)

β1, β2 = fatores dependentes do tipo de solo, conforme Tabela 7.15.

207
Tabela 7.14 – Fator β0 Tabela 7.15 – Fatores β1 e β2 (Cabral, 1986).

c) Para Estaca Hélice Contínua

Alguns métodos apresentados em itens anteriores incorporam coeficientes para contemplar a


capacidade de estacas hélice contínua, a exemplo do método de Aoki e Velloso (1975) e Décourt e
Quaresma (1978). O primeiro, apresenta previsões seguras para cargas de até 250 tf, enquanto o
segundo pode prever seguramente a capacidade de carga desse tipo estaca com cargas maiores.

c1) Método de Antunes e Cabral (1996)

O método de Antunes e Cabral (1996) também permite obter previsões bastante seguras de capacidade
de carga de uma estaca hélice contínua, com valores até maiores que 250 tf, de acordo com a seguinte
equação:

Q r = U ∑ β 1, N∆L + β 2, N p A p (52)

onde β´1, β´2 = fatores dependentes do tipo de solo (Tabela 7.16).

c2) Método de Alonso (1996)

Este autor propõe o uso do SPT-T (SPT com a medição do Torque) para estimativa da capacidade de
carga de estacas hélice contínua a partir da fórmula geral da capacidade de carga. A resistência de
atrito lateral é obtida por:

ql,rup =0,65f ≤ 200 kPa (53)

com f= 100T (54)


0,41h − 0,032
onde T = torque (kgf.m)
h = comprimento cravado do amostrador.

208
A resistência de ponta é obtida por:

T(1) + T(2)
qp = β " min min (55)
2
em que

T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 8B acima da ponta
min
da estaca.

T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 3B abaixo da ponta
min
da estaca.
O valor do parâmetro β” depende do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 16.

Tabela 7.16 – Fatores β´1, β´2 e β” para estaca hélice contínua.

β´1 β´2 β”
Tipo de solo
(%) (kPa/kgf.m)
Areia 4,0 a 5,0 2,0 a 2,5 200
Silte 2,5 a 3,5 1,0 a 2,0 150
Argila 2,0 a 3,5 1,0 a 1,5 100

Fuste Base
Areia 4,5 a 5 200 a 250
2.3.4 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam
Silte o CPT
2,5 a 3,5 100 a 200 kPa
Argila 2,5 a 3,5 100 a 150
2.3.4.1 Método de Philipponnat

É um método francês, baseado no CPT, que passou a ser difundido em nosso país a partir da tradução
do trabalho original feita por Godoy e Azevedo Júnior (1986). Deste método, a resistência de ponta
pode ser obtida da seguinte expressão:

qp = αp qc (56)

sendo αp um coeficiente que depende do tipo de solo (Tabela 7.17). O valo de qc a ser introduzido na
Equação 56, deverá ser a média obtida numa faixa de profundidade correspondente a 3B acima e 3B
abaixo da ponta da estaca.
O atrito lateral unitário, ql, é calculado da seguinte equação:

α qc
ql = F (57)
αs

Os valores dos coeficientes αF e αS são fornecidos nas Tabelas 17 e 18, respectivamente. Observa-se
que o valor de αF depende apenas do tipo de estaca.

209
3) Para a sondagem descrita pelo perfil geotécnico SP-1 abaixo, determinar a Cota de Assentamento
da Fundação – CAF de uma estaca pré-moldada de concreto do tipo SCAC de 42 cm de diâmetro, a
ser cravada neste depósito. Esta estaca possui carga estrutural de 90 tf conforme o fabricante, e
deverá ter sua CAF determinada com base na carga geotécnica de ruptura (carga última).

Perfil geotécnico definido pelo SPT:

Calcule a capacidade de carga (usando a planilha) e escolha a capacidade de carga


admissível como o valor médio entre os métodos de cálculo da mesma.
ECOS do MUNDO REAL !
 

Na composição de estacas metálicas de seção variável ‐ Utiliza‐se perfis de 
mesma altura nominal com diferentes espessuras de alma e abas 

Baseado no conceito de carga axial decrescente com a profundidade das estacas 
 
CAPACIDADE DE CARGA GEOTÉCNICA

A carga admissível estrutural, também denominada carga característica, apresentada na Tabela


2, é a máxima carga que a estaca poderá resistir, visto que corresponde a resistência estrutural
do aço que compõe a estaca. Entretanto há necessidade de se dotar uma estaca de um
comprimento tal que permita que essa carga possa ser atingida sob o ponto de vista do contato
estaca-solo. Esse procedimento constitui o que se denomina “previsão da capacidade de carga”.
A Figura 1 mostra duas situações de estacas do mesmo tipo, instaladas num mesmo solo. O caso
(a) corresponde a estacas com mesmo perímetro U e mesma área de ponta A, porém com
comprimentos diferentes, de tal sorte que a estaca com maior comprimento apresentará maior
capacidade de carga. Analogamente, o caso (b) apresenta duas estacas como mesmo
comprimento, mas com perímetro U e área de ponta A diferentes. Nesse caso a estaca de maior
perímetro e área apresentará maior capacidade de carga. Portanto, o projeto de um
estaqueamento consiste em otimizar perímetros e áreas de ponta em função das características
de resistência do solo e das limitações dos equipamentos de cravação. É evidente que, nessa
otimização, e sempre que for possível, devem-se utilizar estacas e equipamentos que permitam
instalá-las em um comprimento tal que a carga admissível estrutural possa ser atingida, pois
essa é a máxima carga que a estaca pode suportar. Mas nem sempre isso é possível e, via de
regra, a carga admissível da estaca será inferior àquela mostrada na Tabela 2. É por essa razão
que não existem cargas admissíveis de estacas metálicas (ou de outro tipo) tabeladas.

Figura 1: Capacidade de carga de estacas do mesmo tipo em um mesmo solo

P1 P2 > P1 P1 P2 > P1

l l
2

1
l> l

A1 A2=A1 A1 A2>A1
1

U1 U2=U1 U1 U2>U1

Caso (a): mesmos U e A Caso (b): mesmo comprimento


diferentes comprimentos diferentes U e A

No Brasil a estimativa da capacidade de carga geotécnica é feita pelos métodos semi-empíricos,


cuja origem se deu em 1975, quando foi apresentado o primeiro método brasileiro proposto por
Aoki e Velloso. A partir daí vários outros autores, seguindo a mesma linha de raciocínio,
apresentaram outros métodos, existindo hoje uma experiência bastante razoável dos
profissionais que militam na área de fundações.

31
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Todos os métodos semi-empíricos partem da Figura 2 em que a carga de ruptura geotécnica PR
do solo, que dá suporte a uma estaca isolada, é admitida igual à soma de duas parcelas:

Figura 2: Transferência de carga de uma estaca isolada

Adesão Capacidade de Carga Geotécnica


Solo-estaca PR = PL+PP
(r l)

Solo 1 Carga axial


no elemento
estrutural
da estaca
(PP = PR-PL)
D
l rl Solo 2
l

Carga
transferida
para o
solo por
Solo 3 atrito
lateral
(U l . r l(

PL PP

PR = PL + PP carga na ruptura do solo que dá suporte à estaca, sendo:


PL = U. l.rl parcela de carga por atrito lateral ao longo do fuste da estaca
PP = Ap.rp parcela de carga devido à ponta da estaca
U perímetro desenvolvido da seção transversal da estaca
l trecho de solo onde se admite rl constante
Ap área da ponta da estaca que contribui para a capacidade de carga. Seu valor
máximo será: bf x d.

A diferença entre os diversos métodos de capacidade de carga está na avaliação dos valores de rl
e rp, já que as demais grandezas envolvidas são geométricas.

32
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
ESTACAS METÁLICAS DE SEÇÃO TRANSVERSAL
DECRESCENTE COM A PROFUNDIDADE

Até 2006, as estacas metálicas só eram projetadas utilizando perfis de seção constante.
Observe-se entretanto que, conforme se pode ver na Figura 2, a carga axial que deverá ser
resistida por uma estaca metálica decresce com a profundidade, desde o valor máximo (PR), no
topo, até o valor mínimo na ponta (PP). Como esses valores de carga são decorrentes dos
valores de “ruptura” do solo, a carga (admissível ou característica) a ser resistida pela estaca
equivale à metade desse valor, ou seja, P = PR/2 no topo. Assim, pode-se concluir que a seção
transversal de uma estaca metálica não necessita ser constante ao longo de todo o seu
comprimento, já que a carga que nela irá atuar decresce com a profundidade. Ou seja, a seção
de uma estaca poderá variar (decrescer) com a profundidade, desde que atenda à carga axial
(com os respectivos coeficientes de ponderação) mostrada na Figura 2.
Esse é um conceito novo, que introduzido em 2006 pelo corpo técnico da Gerdau Açominas e
denominado “Estacas Metálicas de Seção Transversal Decrescente com a Profundidade”, e tem
como vantagem principal a redução do peso das estacas metálicas. Isto é, com a variação
decrescente da seção transversal das estacas, podem-se obter idênticas capacidades de carga
com uma economia substancial no peso das mesmas.
O conceito é muito simples e se baseia na utilização de Perfis de um mesmo grupo para compor
as estacas com seção transversal decrescente. Entendam-se como Perfis de um mesmo grupo
aqueles cujas bitolas são de mesma altura nominal, com variações na espessura de alma e abas
(variação de massa e no perímetro total). Sendo do mesmo grupo, as emendas dos Perfis de
diferentes dimensões serão executadas com facilidade, idênticas às de estacas com Perfis de
mesma seção.
Os Perfis Gerdau Açominas, disponíveis em ampla variedade de bitolas para um mesmo grupo,
oferecem extraordinária flexibilidade para o uso deste novo conceito de estaca. Usando como
exemplo as bitolas do grupo com 310 mm de altura (4 bitolas do tipo HP), o perímetro varia entre
a de menor e a de maior peso de 0,5% a 2%, enquanto as reduções de massa vão de 13% a
58%. Dependendo obviamente do projeto, da condição da obra, e da combinação dos
diferentes Perfis que comporão as estacas, pode-se economizar genericamente falando para
estacas “longas”, entre 15% e 25% no peso total das estacas metálicas de uma obra utilizando
seção transversal decrescente.
Recomenda-se analisar a aplicação deste novo conceito em toda e qualquer obra que requeira o
uso de fundações profundas, com estacas compostas, no mínimo, por duas seções de Perfis.
Como para qualquer outra solução, o tipo de solo precisa ser considerado, mas, nos estudos já
realizados, a aplicação de estacas metálicas de seção transversal decrescente, tem se mostrado
altamente eficiente, principalmente para solos naturais de diferentes tipos.
No Brasil, várias obras já foram realizadas utilizando esse novo conceito. Na Figura 3, mostra-se
uma dessas composições, projetada para obra executada no Estado de São Paulo, na cidade de
Santos. Nessa obra foram utilizadas estacas metálicas compostas com Perfis Gerdau Açominas
de 310 mm de altura, cujas seções tinham peso variando entre 125 kg/m e 79 kg/m. Para
comprovar a eficiência dessas estacas vem sendo realizadas, regularmente, provas de carga
estáticas cujo resumo se apresenta no item 10.
A prova de carga da Figura 3 é a de número 27 da tabela 2.

35
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 3: Composição de Perfis Gerdau Açominas
(conceito de estaca de seção decrescente com a profundidade)
10
12
13 NA
11
16 Areia fina, pouco siltosa, medianamente
18
HP 310 x 125

compacta a compacta, cinza escura


26
10,50 m

20
17
6
11,00
3
1
1/20
3
1/35 Argila marinha, pouco arenosa,
1
1 muito mole, preta
2
HP 310 x 110

2
12,00 m

1
1/25 21,90
7 Areia fina, silto argilosa,
6
8
pouco compacta, cinza escura
24,64
5 Argila marinha, pouco siltosa, mole, preta
4
4 27,00
6
5 Areia silto argilosa, pouco medianamente
HP 310 x 93

11 compacta, cinza escura


12,00 m

10
10 32,80
5
6
4
5
4 Argila marinha, silto arenosa
6
com mica, mole a média, preta
5
4
HP 310 x 79

5
12,00 m

9
10 43,80
24
31
23 Areia média, pouco siltosa
33 com mica, compacta, cinza escura
26
(ver nota) 33
49,88
16
15
15
16 Silte areno argiloso com mica,
26
23 compacto, cinza escuro
23
23
22
24
27

Nota: Figura sem escala cuja finalidade é ressaltar o conceito de


Estaca Metálica de Seção Transversal Decrescente com a Profundidade.

36
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
DETALHES DA EMENDA DAS ESTACAS

As emendas dos Perfis são feitas através de talas, confeccionadas a partir do próprio perfil. Os
comprimentos do cordão de solda e sua espessura devem ser tais que garantam, na seção
soldada, a mesma resistência do perfil. A prática normal é se usar talas extraídas da aba para
serem soldadas também nas abas, e talas da alma para serem soldadas na alma.
As talas são previamente soldadas no elemento superior (quando o mesmo ainda não foi içado,
ou seja, solda feita com o perfil no chão). Após esse procedimento, esse elemento dotado das
talas é içado e posicionado sobre o topo do perfil já cravado. A seguir encaixa-se o topo do perfil
no capacete e alinha-se o elemento superior com o inferior. Após essa operação apóia-se o pilão
sobre o capacete, verifica-se o alinhamento, ou o prumo, no caso de estacas verticais e ajustam-
se as talas, se necessário, com auxílio de martelo ou marreta. Logo em seguida, realiza-se a
solda conforme detalhe típico mostrado na Figura 4.
Figura 4: Emenda típica de Perfis trabalhando como estacas comprimidas

bf d
VISTA GERAL

Solda (eletrodo 7018)

Solda
Solda de
topo
(sem chanfro)

l (ver nota)

1 Tala
proveniente
da alma

d
2 Tala
bf proveniente
2
da aba

2 2

2

1
d´ d
2 (ver nota) l

SEÇÃO TRANSVERSAL SEÇÃO LONGITUDINAL

Nota: Para estacas tracionadas deve ser feita uma verificação do comprimento das talas
soldadas de modo que as mesmas resistam aos esforços de tração.

39
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
LIGAÇÃO DOS PERFIS AO BLOCO DE COROAMENTO

A ligação da estaca metálica ao bloco de coroamento deve ser feita de modo a que as cargas
resistidas pelo bloco sejam transmitidas adequadamente e com garantia de continuidade às
estacas.

1º Caso - Estacas Comprimidas

O detalhe, muito difundido entre os calculistas de concreto armado, mostrado na Figura 5, que
consiste em soldar uma chapa no topo da estaca não deve ser adotado pois o mesmo tem como
principal inconveniente o fato do corte do perfil metálico, na cota de arrasamento (após a
cravação) onde será soldada a chapa, ser feito com maçarico e em posição muito desfavorável
para o operador, trabalhando dentro da cava para a confecção do bloco e, na maioria das vezes
próximo do nível da água. Nestas condições adversas de corte, resultará uma superfície sem
garantia de perpendicularidade ao eixo da estaca, além de se apresentar irregular e, via de
regra, não plana. Por essa razão o contato da chapa com a área plena do perfil metálico fica
prejudicado. Para agravar a situação, normalmente a chapa é maior do que a projeção da seção
transversal do perfil, necessitando que a solda desta ao perfil seja realizada por baixo da mesma
e, portanto, sem qualquer controle da qualidade dessa solda.
Figura 5: Solução desaconselhada para a ligação da estaca
metálica ao bloco de coroamento
_ 3 cm
>

Ferragem em forma de
soldada à chapa metálica

Chapa metálica
10 cm
5 cm

Perfil metálico Concreto magro

A ligação mais eficiente e recomendada pela NBR 6122/1996, consiste em se embutir 20 cm da


estaca no bloco de coroamento, acima da armadura principal do bloco, conforme se mostra na
Figura 6. Também se pode utilizar uma solução alternativa, conforme mostrado na Figura 7, em
que se soldam barras ao perfil abaixo da cota de arrasamento e se envolve essa região com
concreto armado. Geralmente esse comprimento é da ordem de 50 cm.
Figura 6: Solução da ligação estaca-bloco recomendada pela
NBR 6122/1996 (item 7.8.2.3.2)
_ 3 cm
>

Fretagem através
de espiral
20 cm

1
2 ~
= 30 cm
1 2
5 cm
5 cm

Perfil metálico Concreto magro

43
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 7: Solução alternativa da ligação estaca-bloco

_ 3 cm
>

Ferragem de transferência de carga


ao perfil metálico por solda de barras

Barras
soldadas
ao Perfil
10 cm
5 cm

Concreto magro Concreto


A A envolvendo
o Perfil

CORTE A - A

2º Caso - Estacas Tracionadas

No caso das estacas trabalharem à tração, a ligação com o bloco é feita através de armadura,
convenientemente calculada, soldada ao perfil, analogamente ao mostrado na Figura 9, e que
deverá penetrar no bloco o comprimento necessário para transmitir-lhe a carga de tração, por
aderência, calculada segundo a Norma NBR 6118/2003.

Nota: Maiores detalhes sobre os blocos de coroamento no item 11.

44
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
CONTROLES DA CAPACIDADE DE CARGA

9.1 - Durante o Processo de Cravação

As estacas metálicas podem ser cravadas com a utilização de martelos de queda livre, martelos
hidráulicos, martelos a diesel, martelos pneumáticos e martelos vibratórios. A escolha de um ou
outro martelo depende, principalmente, das características do solo, do comprimento da estaca
e do nível de barulho e vibração. Da boa escolha do martelo resultará um melhor desempenho
do processo de cravação, em particular quanto às vibrações e ao barulho que, hoje em dia em
centros urbanos, acabam sendo a condicionante para a escolha do tipo de estaca e, quando
cravada, do tipo de martelo.
Qualquer que seja o martelo empregado, o controle da cravação é feito, tradicionalmente pela
nega, pelo repique e, em obras mais importantes, pelo ensaio de carregamento dinâmico
(NBR 13208/1994 da ABNT).
Para garantir que o perfil seja cravado na posição de projeto deve-se providenciar um gabarito
de madeira “enterrado” conforme se mostra na Figura 8.

Figura 8: Gabarito para a cravação da estaca

Piquete de madeira Perfil metálico


ou vergalhão

A bf A
Terreno natural
20 cm

d
PLANTA CORTE A - A

Nega
A nega é uma medida tradicional, embora, hoje em dia, seja mais usada para o controle da
uniformidade do estaqueamento quando se procura manter, durante a cravação, negas
aproximadamente iguais para as estacas com cargas iguais. A nega corresponde à penetração
permanente da estaca, quando sobre a mesma se aplica um golpe do pilão. Em geral é obtida
como um décimo da penetração total para dez golpes.
Apesar das críticas às fórmulas das negas (entre elas o fato de que foram desenvolvidas a partir
da Teoria de Choque de Corpos Rígidos, o que está muito longe de representar uma estaca
longa, pois sob a ação do golpe do pilão a ponta da mesma não se desloca ao mesmo tempo que
o topo), ela ainda faz parte do “receituário” dos encarregados dos bate-estacas.
A nega também pode ser medida decorrido um determinado tempo após a cravação da estaca.
É a denominada “nega de recravação ou de recuperação”, e compará-la com a medida ao final
da cravação para verificar se o solo apresenta o fenômeno da cicatrização (diminuição da nega
com o tempo) ou relaxação (aumento da nega com o tempo).

47
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Repique
Ao contrário da nega, o repique já está incluído dentro do contexto da Teoria de Propagação de
Onda e, portanto, apresenta resultados com muito menos dispersão do que a nega. O repique
representa a parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca, decorrente da
aplicação de um golpe do pilão. Seu registro pode ser feito através do registro gráfico em folha
de papel fixada à estaca e movendo-se um lápis, apoiado num referencial, no instante do golpe,
conforme se mostra na Foto 5. O valor obtido, corresponde à solução da Equação da Onda, em
termos de deslocamento máximo e sem a escala de tempo. A interpretação do sinal obtido
permite estimar a carga mobilizada durante o golpe do pilão. Analogamente à nega esse sinal
pode ser obtido após decorrido um certo tempo após a cravação para verificar os fenômenos da
“cicatrização” (aumento da capacidade de carga com o tempo) ou “relaxação” (diminuição da
capacidade de carga com o tempo) da estaca.

Foto 5: Registro do repique

48
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Ensaio de Carregamento Dinâmico (Norma NBR 13208/1994 da ABNT)

Este ensaio, calcado na Equação da Onda, é mais completo que o repique. Consiste em se
acoplar à estaca um par de transdutores de deformação específica e um par de acelerômetros,
posicionados em planos ortogonais, para poder corrigir eventuais efeitos devido à flexão da
estaca em função da não coincidência do golpe do pilão com o eixo da estaca (Foto 6). Esses
transdutores são ligados “on line” a um analisador PDA (Pile Driving Analyser) mostrado na
Foto 7.

Foto 6: Transdutores de aceleração e deformação específica

Foto 7: Equipamentos PDA para processamento dos sinais dos


transdutores acoplados à estaca

O PDA processa os dados recebidos dos transdutores e processa-os obtendo sinais de


velocidade (integração da aceleração) e de força (lei de Hooke aplicado ao sinal de deformação
específica). A interpretação desses sinais fornece a estimativa da carga mobilizada durante cada
golpe do pilão. Cabe lembrar que a carga mobilizada pelos golpes do pilão nem sempre
corresponde à capacidade de carga geotécnica da estaca, pois a mesma depende da energia
aplicada à estaca pelos golpes do pilão. Somente no caso em que essa energia seja suficiente
para mobilizar toda a resistência do solo à volta da estaca é que esse valor medido pelo ensaio
de carregamento dinâmico poderá se aproximar da capacidade de carga da estaca. Entretanto
este valor somente poderá ser medido pelas tradicionais provas de carga estáticas, conforme se
exporá a seguir.

49
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
9.2 - Provas de Carga Estática (Norma NBR 12131/2006 da ABNT)

As provas de carga estática consistem em se aplicar à estaca uma carga e medir os recalques
correspondentes. Para tanto se emprega um macaco hidráulico que reage contra um sistema de
vigas metálicas, que por sua vez se ancora em tirantes ou em estacas de tração. A utilização de
estacas metálicas facilita a execução de provas de carga estática, pois se podem utilizar estacas
do próprio bloco como elementos de tração, conforme se mostra na Foto 8.
Foto 8: Prova de Carga Estática

(a) ensaio

Carga (KN) ou tf

Carga
Recalque (mm)

Descarga

(b) curva típica carga-recalque

A prova de carga estática é o método mais confiável e indiscutível de se avaliar a capacidade de


carga de uma estaca isolada. Os ensaios de carregamento dinâmico, embora sejam atrativos do
ponto de vista de custo, sempre necessitarão de correlações. É por esta razão que alguns
projetistas de fundações questionam os resultados dos ensaios PDA e sugerem que os mesmos
sejam aferidos, pelo menos, por uma prova de carga estática.

50
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
9.3 PROVAS DE CARGA INSTRUMENTADAS

9.3 - Provas de Carga Instrumentadas

Quando se pretende verificar a transferência de carga estaca-solo utilizam-se “strain gages”


solidarizados à estaca, e em pontos estratégicos conforme se mostra na Figura 9, onde se queria
verificar a transferência de carga nas camadas de areia e na ponta da estaca.
Os “strain gages” baseiam-se no princípio da variação da resistência elétrica de fios que
experimentam variação de comprimento, utilizando-se a “ponte de Wheastone”. A aquisição de
dados e a interpretação dos mesmos são mostradas na Figura 10. Com base nesses valores
medidos é possível se determinar, para cada profundidade instrumentada, a carga atuante na
estaca para cada nível de carregamento. O resultado da prova carga instrumentada da Figura 9
é mostrada na figura 11. Com base nessa figura percebe-se que após a descarga da estaca ainda
restou uma carga residual na mesma, ou seja, a estaca “ficou presa”, não conseguindo voltar
totalmente. Mas um fato importante (posteriormente constatado em outras instrumentações),
é que a carga de ponta das estacas metálicas, quando apoiadas em solo pouco portante (como é
o presente caso) é muito próxima de zero, mostrando que não se pode considerar, para esse tipo
de estaca, o padrão amplamente divulgado em nosso meio geotécnico de que a área da ponta
que contribui para a capacidade de carga corresponde àquela obtida com o retângulo
envolvente à seção transversal do perfil metálico.
Figura 9: Posição dos “strains-gages” na prova de carga nº 31
SPT DESCRIÇÃO
cotas
99,00 0,0 COTA DE GRAVAÇÃO = 99,00
9 (-1,45) SONDAGENS
34
32
1º ELEMENTO

19 AREIA FINA SILTOSA, MEDIANAMENTE

W310x97
19 COMPACTA A COMPACTA, CINZA W310x97
Área Aço (cm2) = 123,6
13
Área circunscrita (cm2) = 939,4
10 Perímetro colado (cm) = 179
14 90,45
5 AREIA FINA SILTOSA, COM NÓDULOS
4 89,25 DE ARGILA FOFA A PCO COMPACTA, CINZA
2
2
2 -13,0 (COTA 86,00)
2 ARGILA MARINHA, PCO ARENOSA
3 MUITO MOLE, CINZA ESCURA
HP310x93
2
2º ELEMENTO

Área Aço (cm2) =


HP310x93

119,6
47 82,25 Área circunscrita (cm2) = 933,24
34 Perímetro colado (cm) = 178
58 AREIA FINA SILTOSA, MUITO COMPACTA
44 A COMPACTA, CINZA 1º Nível de Strain Gages (-20,5m)
17 78,05 COTA 78,50
2
3
3
4 -25,0 (COTA 74,00)
3
ARGILA MARINHA, PCO ARENOSA
3
COM NÓDULOS DE AREIA, MOLE, CINZA ESCURA
3
3º ELEMENTO

3
HP310x79

Hp310x79
3 Área Aço (cm2) = 100
4 Área circunscrita (cm2) = 914,94
5 Perímetro colado (cm) = 177,0
5
5 AREIA FINA SILTOSA, COM MICA, 2º Nível de Strain Gages (-34,0m)
6 POUCO COMPACTA, CINZA ESCURA COTA 65,00
5
5 -37,0 (COTA 62,00)
6
5
6 ARGILA MARINHA POUCO ARENOSA,
4º ELEMENTO

5 MOLE CINZA ESCURA


Hp310x79
6
Área Aço (cm2) = 100
5
HP310x79

Área circunscrita (cm2) = 914,94


6 Perímetro colado (cm) = 177,0
5
12 AREIA FINA SILTOSA, COM MICA, POUCO
16 3º Nível de Strain Gages (-48,0m)
19 COTA 51,0
9 AREIA FINA MÉDIA SILTOSA, COM MICA, POUCO -49,0 (COTA 50,00)
15 ARGILOSA C/ PEDREGULHOS FINOS,
16 MEDIANAMENTE COMPACTA, CINZA
29

51
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 10: Sistema de aquisição de dados durante a instrumentação das estacas

CAIXA SELETORA

CABOS

PAINEL DIGITAL

STRAIN
GAGES

DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA = ___

Lei de Hooke = . ___ = .

52
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 11: Provas de Carga - Distribuição da Carga com a Profundidade

Obra/Local: Rua Tocantins - Santos - SP


Data: 08/12/2006

Cargas (tf)

0 50 100 150 200 250 300 350 400


0

-5

-10

-15
Carga de Ruptura

-20

Profundidade (m)
-25

-30

-35

-40

-45

-50

82 tf 164 tf 267 tf 349 tf 0 tf

53
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCOS DE COROAMENTO

Neste capítulo apresenta-se a disposição típica das armaduras para a solução recomendada
pela NBR 6122/1996 para o embutimento do perfil no bloco, conforme se mostra na Figura 6,
por ser esta a opção de embutimento da estaca metálica no bloco por nós recomendada. Esta
opção pressupõe que o bloco seja calculado como rígido. O cálculo da armadura não faz parte
deste trabalho, pois depende das cargas aplicadas pelos pilares ao bloco, das dimensões dos
pilares, do tipo de concreto, da rigidez do bloco, etc.
Quando não for possível utilizar bloco rígido, deve-se envolver o trecho embutido da estaca
metálica no bloco, por uma espiral de aço para garantir que não haja ruptura por
puncionamento.
A NBR 6122/1996 não estipula espaçamento entre estacas. Entretanto, no item 7.7.2 dessa
Norma exige-se que a carga admissível de um grupo de estacas não seja superior ao de uma
sapata de mesmo contorno que o do grupo, e assente a uma profundidade acima da ponta das
estacas igual a 1/3 do comprimento de penetração na camada suporte. Para efeitos práticos,
não se deve usar espaçamento inferior a 100 cm entre eixo de estacas. Este espaçamento pode
ser usado para os perfis metálicos d< 40 cm. Para os demais perfis pode-se adotar 150 cm como
espaçamento mínimo.
Serão apresentadas apenas as disposições típicas da armadura dos blocos com
1, 2, 3 e 4 estacas, já que os blocos com 5 ou mais estacas seguem o padrão do bloco
de 4 estacas.

BLOCO COM 1 ESTACA

N1 (estribos
> bf + 50 cm verticais) N2 (estribos
verticais)
h > 80 cm

N3 (estribos
horizontais)
> d + 50 cm

30 cm

Concreto magro

SEÇÃO
FORMA (PLANTA)

N2 (estribos verticais)

N1
(estribos
> d + 50 cm

verticais)

N3
(estribos
horizontais
externos a
N1 e N2)

Nota: Fretagem do topo da estaca


em espiral, conforme figura 6.
ARMAÇÃO (PLANTA)

65
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 2 ESTACAS

> b + 25 cm > bf + 25 cm
2 e 2
> d + 50 cm

N2 (estribos verticais)
FORMA (PLANTA)
N3
(estribos
horizontais)

N1
(estribos
verticais)

ARMAÇÃO (PLANTA)
N1 (estribos verticais) N2 (estribos
verticais)

N3
(estribos
h>2
e

horizontais)

30 cm

N2
(estribos N2 (estribos N1 (estribos
Concreto magro verticais)
verticais) verticais)

CORTE LONGITUDINAL
N3
(estribos
horizontais)

30 cm

Nota: Fretagem do topo da estaca CORTE TRANSVERSAL


em espiral, conforme figura 6.

66
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 3 ESTACAS

> d + 25 cm
2

e 3
3
e 3
2 e 3
6

> d + 25 cm Centro
de carga
2 45º

e
bf + 25 cm bf + 25 cm
2 2
N2

FORMA

N2 3 x N3
(costelas
h>2
e

horizontais)

30 cm

N3 (costelas N1 N1 Concreto magro


horizontais
nas três faces)

CORTE
N1
N1

N2

N1

N2
ARMADURA INFERIOR

ARMADURA SUPERIOR

N1
N2

Nota: Fretagem do topo da estaca


em espiral, conforme figura 6.
N3 (COSTELAS) NAS TRÊS FACES

67
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 4 ESTACAS

> bf + 25 cm > bf + 25 cm
2 2
e

> d + 25 cm
2

e
N1 + N1A

> d + 25 cm N3
2
N2 (estribos
+ horizontais)
N2A VER NOTA
FORMA (PLANTA)

N1A ou N2A

N1 ou N2
N1A

N2A N3
N2 (estribos
h> 2
e

horizontais)

30 cm

N1 Concreto magro

Nota: 1) Os estribos horizontais poderão N3 (COSTELAS) NAS QUATRO FACES


se substituídos por “costelas”
2) Fretagem do topo da estaca
em espiral, conforme figura 6.

68
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1,5 *CARGA
Esbeltez Local
Retângulo ADMISSÍVEL
CARGA ADMISSÍVEL ESTRUTURAL mm desc. no de acordo com a NBR ESTRUTURAL
Envolvente
Perímetro 8800 (Q . A's . fy)/1,66

Espessura Área Eixo X - X Eixo Y - Y Área


BITOLA Massa Perímetro Área Plena Aba Alma Coef. fy (Mpa) fy (tf/cm2) BITOLA
Bruta Reduzida
Linear Red.
DESIGNAÇÃO d bf tw tf h d' As U Ix Wx Iy Wy A's A bf/2.tf d'/tw Q 345 3,5 DESIGNAÇÃO
2 2
mm x kg/m kg/m mm mm mm mm mm mm cm2 cm cm4 cm3 cm4 cm3 cm cm f  < 1,00 kN tf mm x kg/m

W 150 x 22,5 22,5 152 152 5,8 6,6 139 119 29,0 88 1.229 162 387 51 15,7 231 11,52 20,48 1,00 326 33 W 150 x 22,5
W 150 x 29,8 29,8 157 153 6,6 9,3 138 118 38,5 90 1.739 221 556 73 25,0 240 8,23 17,94 1,00 518 53 W 150 x 29,8
W 150 x 37,1 37,1 162 154 8,1 11,6 139 119 47,8 91 2.244 277 707 92 34,2 249 6,64 14,67 1,00 709 72 W 150 x 37,1
W 200 x 35,9 35,9 201 165 6,2 10,2 181 161 45,7 103 3.437 342 764 93 30,2 332 8,09 25,90 1,00 626 64 W 200 x 35,9
W 200 x 41,7 41,7 205 166 7,2 11,8 181 157 53,5 104 4.114 401 901 109 37,9 340 7,03 21,86 1,00 784 80 W 200 x 41,7
W 200 x 46,1 46,1 203 203 7,2 11,0 181 161 58,6 119 4.543 448 1.535 151 40,8 412 9,23 22,36 1,00 844 86 W 200 x 46,1
W 200 x 52,0 52,0 206 204 7,9 12,6 181 157 66,9 119 5.298 514 1.784 175 49,1 420 8,10 19,85 1,00 1.015 104 W 200 x 52,0
HP 200 x 53,0 53,0 204 207 11,3 11,3 181 161 68,1 120 4.977 488 1.673 162 50,2 422 9,16 14,28 1,00 1.039 106 HP 200 x 53,0
W 200 x 59,0 59,0 210 205 9,1 14,2 182 158 76,0 120 6.140 585 2.041 199 58,0 431 7,22 17,32 1,00 1.200 122 W 200 x 59,0
W 200 x 71,0 71,0 216 206 10,2 17,4 181 161 91,0 122 7.660 709 2.537 246 72,8 445 5,92 15,80 1,00 1.506 154 W 200 x 71,0
W 200 x 86,0 86,0 222 209 13,0 20,6 181 157 110,9 123 9.498 856 3.139 300 92,4 464 5,07 12,06 1,00 1.912 195 W 200 x 86,0
HP 250 x 62,0 62,0 246 256 10,5 10,7 225 201 79,6 147 8.728 710 2.995 234 57,5 630 11,96 19,10 1,00 1.190 121 HP 250 x 62,0
W 250 x 73,0 73,0 253 254 8,6 14,2 225 201 92,7 148 11.257 890 3.880 306 70,4 643 8,94 23,33 1,00 1.458 149 W 250 x 73,0

PERFIS H
W 250 x 80,0 80,0 256 255 9,4 15,6 225 201 101,9 149 12.550 980 4.313 338 79,5 653 8,17 21,36 1,00 1.646 168 W 250 x 80,0
HP 250 x 85,0 85,0 254 260 14,4 14,4 225 201 108,5 150 12.280 967 4.225 325 86,1 660 9,03 13,97 1,00 1.782 182 HP 250 x 85,0
W 250 x 89,0 89,0 260 256 10,7 17,3 225 201 113,9 150 14.237 1095 4.841 378 91,4 666 7,40 18,82 1,00 1.892 193 W 250 x 89,0
W 250 x 101,0 101,0 264 257 11,9 19,6 225 201 128,7 151 16.352 1239 5.549 432 106,1 678 6,56 16,87 1,00 2.195 224 W 250 x 101,0
W 250 x 115,0 115,0 269 259 13,5 22,1 225 201 146,1 153 18.920 1407 6.405 495 123,2 697 5,86 14,87 1,00 2.550 260 W 250 x 115,0
HP 310 x 79,0 79,0 299 306 11,0 11,0 277 245 100,0 177 16.316 1091 5.258 344 73,4 915 13,91 22,27 0,99 1.500 153 HP 310 x 79,0
HP 310 x 93,0 93,0 303 308 13,1 13,1 277 245 119,2 178 19.682 1299 6.387 415 92,4 933 11,76 18,69 1,00 1.912 195 HP 310 x 93,0
W 310 x 97,0 97,0 308 305 9,9 15,4 277 245 123,6 179 22.284 1447 7.286 478 96,8 939 9,90 24,77 1,00 2.003 204 W 310 x 97,0
W 310 x 107,0 107,0 311 306 10,9 17,0 277 245 136,4 180 24.839 1597 8.123 531 109,5 952 9,00 22,48 1,00 2.266 231 W 310 x 107,0
HP 310 x 110,0 110,0 308 310 15,4 15,5 277 245 141,0 180 23.703 1539 7.707 497 114,0 955 10,00 15,91 1,00 2.360 241 HP 310 x 110,0
W 310 x 117,0 117,0 314 307 11,9 18,7 277 245 149,9 180 27.563 1756 9.024 588 122,9 964 8,21 20,55 1,00 2.543 259 W 310 x 117,0
HP 310 x 125,0 125,0 312 312 17,4 17,4 277 245 159,0 181 27.076 1736 8.823 566 131,9 973 8,97 14,09 1,00 2.730 278 HP 310 x 125,0
W 360 x 91,0 91,0 353 254 9,5 16,4 320 288 115,9 168 26.755 1516 4.483 353 90,8 897 7,74 30,34 1,00 1.879 192 W 360 x 91,0
W 360 x 101,0 101,0 357 255 10,5 18,3 320 286 129,5 168 30.279 1696 5.063 397 104,2 910 6,97 27,28 1,00 2.157 220 W 360 x 101,0
W 360 x 110,0 110,0 360 256 11,4 19,9 320 288 140,6 169 33.155 1842 5.570 435 115,2 922 6,43 25,28 1,00 2.384 243 W 360 x 110,0
W 360 x 122,0 122,0 363 257 13,0 21,7 320 288 155,3 170 36.599 2016 6.147 478 129,8 933 5,92 22,12 1,00 2.686 274 W 360 x 122,0
W 150 x 13,0 13,0 148 100 4,3 4,9 138 118 16,6 67 635 86 82 16 6,5 148 10,20 27,49 1,00 136 14 W 150 x 13,0
W 150 x 18,0 18,0 153 102 5,8 7,1 139 119 23,4 69 939 123 126 25 13,1 156 7,18 20,48 1,00 271 28 W 150 x 18,0
W 150 x 24,0 24,0 160 102 6,6 10,3 139 115 31,5 69 1.384 173 183 36 21,0 163 4,95 17,48 1,00 435 44 W 150 x 24,0
W 200 x 15,0 15,0 200 100 4,3 5,2 190 170 19,4 77 1.305 130 87 17 7,8 200 9,62 39,44 0,95 154 16 W 200 x 15,0
W 200 x 19,3 19,3 203 102 5,8 6,5 190 170 25,1 79 1.686 166 116 23 13,4 207 7,85 29,31 1,00 277 28 W 200 x 19,3
W 200 x 22,5 22,5 206 102 6,2 8,0 190 170 29,0 79 2.029 197 142 28 17,1 210 6,38 27,42 1,00 354 36 W 200 x 22,5
W 200 x 26,6 26,6 207 133 5,8 8,4 190 170 34,2 92 2.611 252 330 50 20,5 275 7,92 29,34 1,00 424 43 W 200 x 26,6
W 200 x 31,3 31,3 210 134 6,4 10,2 190 170 40,3 93 3.168 302 410 61 26,4 281 6,57 26,50 1,00 547 56 W 200 x 31,3
W 250 x 17,9 17,9 251 101 4,8 5,3 240 220 23,1 88 2.291 183 91 18 9,9 254 9,53 45,92 0,90 185 19 W 250 x 17,9
W 250 x 22,3 22,3 254 102 5,8 6,9 240 220 28,9 89 2.939 231 123 24 15,6 259 7,39 37,97 0,96 309 31 W 250 x 22,3
W 250 x 25,3 25,3 257 102 6,1 8,4 240 220 32,6 89 3.473 270 149 29 19,3 262 6,07 36,10 0,98 389 40 W 250 x 25,3
W 250 x 28,4 28,4 260 102 6,4 10,0 240 220 36,6 90 4.046 311 178 35 23,1 265 5,10 34,38 1,00 479 49 W 250 x 28,4

PERFIS I
W 250 x 32,7 32,7 258 146 6,1 9,1 240 220 42,1 107 4.937 383 473 65 26,0 377 8,02 36,03 0,98 528 54 W 250 x 32,7
W 250 x 38,5 38,5 262 147 6,6 11,2 240 220 49,6 108 6.057 462 594 81 33,4 385 6,56 33,27 1,00 691 70 W 250 x 38,5
W 250 x 44,8 44,8 266 148 7,6 13,0 240 220 57,6 109 7.158 538 704 95 41,2 394 5,69 28,95 1,00 853 87 W 250 x 44,8
W 310 x 21,0 21,0 303 101 5,1 5,7 292 272 27,2 98 3.776 249 98 19 12,5 306 8,86 53,25 0,84 218 22 W 310 x 21,0
W 310 x 23,8 23,8 305 101 5,6 6,7 292 272 30,7 99 4.346 285 116 23 15,9 308 7,54 48,50 0,87 289 29 W 310 x 23,8
W 310 x 28,3 28,3 309 102 6,0 8,9 291 271 36,5 100 5.500 356 158 31 21,5 315 5,73 45,20 0,91 404 41 W 310 x 28,3
W 310 x 32,7 32,7 313 102 6,6 10,8 291 271 42,1 100 6.570 420 192 38 27,1 319 4,72 41,12 0,94 525 54 W 310 x 32,7
W 310 x 38,7 38,7 310 165 5,8 9,7 291 271 49,7 125 8.581 554 727 88 31,0 512 8,51 46,66 0,93 594 61 W 310 x 38,7
W 310 x 44,5 44,5 313 166 6,6 11,2 291 271 57,2 126 9.997 639 855 103 38,3 520 7,41 41,00 0,95 757 77 W 310 x 44,5
W 310 x 52,0 52,0 317 167 7,6 13,2 291 271 67,0 127 11.909 751 1.026 123 48,0 529 6,33 35,61 1,00 993 101 W 310 x 52,0
W 360 x 32,9 32,9 349 127 5,8 8,5 332 308 42,1 117 8.358 479 291 46 24,5 443 7,47 53,10 0,87 441 45 W 360 x 32,9
W 360 x 39,0 39,0 353 128 6,5 10,7 332 308 50,2 118 10.331 585 375 59 32,4 452 5,98 47,32 0,91 607 62 W 360 x 39,0
W 360 x 44,0 44,0 352 171 6,9 9,8 332 308 57,7 135 12.258 696 818 96 37,4 602 8,72 44,70 0,93 716 73 W 360 x 44,0
W 360 x 51,0 51,0 355 171 7,2 11,6 332 308 64,8 136 14.222 801 968 113 44,4 607 7,37 42,75 0,94 865 88 W 360 x 51,0
W 360 x 57,8 57,8 358 172 7,9 13,1 332 308 72,5 137 16.143 902 1.113 129 52,0 616 6,56 38,96 0,96 1.036 106 W 360 x 57,8
W 360 x 64,0 64,0 347 203 7,7 13,5 320 288 81,6 146 17.890 1031 1.885 186 59,7 704 7,52 37,40 0,98 1.208 123 W 360 x 64,0
W 360 x 72,0 72,0 350 204 8,6 15,1 320 288 91,3 147 20.169 1152 2.140 210 69,2 714 6,75 33,47 1,00 1.433 146 W 360 x 72,0
W 360 x 79,0 79,0 354 205 9,4 16,8 320 288 101,2 148 22.713 1283 2.416 236 79,0 726 6,10 30,68 1,00 1.635 167 W 360 x 79,0
W 410 x 38,8 38,8 399 140 6,4 8,8 381 357 50,3 132 12.777 640 404 58 30,4 559 7,95 55,84 0,85 534 54 W 410 x 38,8
W 410 x 46,1 46,1 403 140 7,0 11,2 381 357 59,2 133 15.690 779 514 73 39,3 564 6,25 50,94 0,88 716 73 W 410 x 46,1
W 410 x 53,0 53,0 403 177 7,5 10,9 381 357 68,4 148 18.734 930 1.009 114 46,2 713 8,12 47,63 0,91 867 88 W 410 x 53,0
W 410 x 60,0 60,0 407 178 7,7 12,8 381 357 76,2 149 21.707 1067 1.205 135 53,8 724 6,95 46,42 0,92 1.023 104 W 410 x 60,0
W 410 x 67,0 67,0 410 179 8,8 14,4 381 357 86,3 150 24.678 1204 1.379 154 63,9 734 6,22 40,59 0,95 1.255 128 W 410 x 67,0
W 410 x 75,0 75,0 413 180 9,7 16,0 381 357 95,8 151 27.616 1337 1.559 173 73,2 743 5,63 36,80 0,97 1.475 150 W 410 x 75,0
W 410 x 85,0 85,0 417 181 10,9 18,2 381 357 108,6 152 31.658 1518 1.804 199 85,9 755 4,97 32,72 1,00 1.778 181 W 410 x 85,0
W 460 x 52,0 52,0 450 152 7,6 10,8 428 404 66,6 147 21.370 950 634 83 44,5 684 7,04 53,21 0,86 791 81 W 460 x 52,0
W 460 x 60,0 60,0 455 153 8,0 13,3 428 404 76,2 149 25.652 1128 796 104 53,9 696 5,75 50,55 0,88 985 100 W 460 x 60,0
W 460 x 68,0 68,0 459 154 9,1 15,4 428 404 87,6 150 29.851 1301 941 122 65,2 707 5,00 44,42 0,92 1.238 126 W 460 x 68,0

PERFIS I
W 460 x 74,0 74,0 457 190 9,0 14,5 428 404 94,9 164 33.415 1462 1.661 175 70,3 868 6,55 44,89 0,92 1.342 137 W 460 x 74,0
W 460 x 82,0 82,0 460 191 9,9 16,0 428 404 104,7 164 37.157 1616 1.862 195 80,1 879 5,97 40,81 0,95 1.567 160 W 460 x 82,0
W 460 x 89,0 89,0 463 192 10,5 17,7 428 404 114,1 165 41.105 1776 2.093 218 89,3 889 5,42 38,44 0,96 1.778 181 W 460 x 89,0
W 460 x 97,0 97,0 466 193 11,4 19,0 428 404 123,4 166 44.658 1917 2.283 237 98,5 899 5,08 35,44 1,00 2.038 208 W 460 x 97,0
W 460 x 106,0 106,0 469 194 12,6 20,6 428 404 135,1 167 48.978 2089 2.515 259 110,0 910 4,71 32,05 1,00 2.278 232 W 460 x 106,0
W 530 x 66,0 66,0 525 165 8,9 11,4 502 478 83,6 167 34.971 1332 857 104 58,5 866 7,24 53,73 0,84 1.017 104 W 530 x 66,0
W 530 x 72,0 72,0 524 207 9,0 10,9 502 478 91,6 184 39.969 1526 1.615 156 64,0 1085 9,50 53,13 0,86 1.134 116 W 530 x 72,0
W 530 x 74,0 74,0 529 166 9,7 13,6 502 478 95,1 168 40.969 1549 1.041 125 69,8 878 6,10 49,26 0,87 1.261 129 W 530 x 74,0
W 530 x 82,0 82,0 528 209 9,5 13,3 501 477 104,5 185 47.569 1802 2.028 194 76,7 1104 7,86 50,25 0,88 1.398 143 W 530 x 82,0
W 530 x 85,0 85,0 535 166 10,3 16,5 502 478 107,7 169 48.453 1811 1.263 152 82,3 888 5,03 46,41 0,90 1.529 156 W 530 x 85,0
W 530 x 92,0 92,0 533 209 10,2 15,6 502 478 117,6 186 55.157 2070 2.379 228 89,7 1114 6,70 46,84 0,90 1.679 171 W 530 x 92,0
W 530 x 101,0 101,0 537 210 10,9 17,4 502 470 130,0 186 62.198 2317 2.693 256 102,0 1128 6,03 43,14 0,93 1.963 200 W 530 x 101,0
W 530 x 109,0 109,0 539 211 11,6 18,8 501 469 139,7 187 67.226 2494 2.952 280 111,6 1137 5,61 40,47 0,95 2.187 223 W 530 x 109,0
W 610 x 101,0 101,0 603 228 10,5 14,9 573 541 130,3 207 77.003 2554 2.951 259 99,3 1375 7,65 51,54 0,87 1.796 183 W 610 x 101,0
W 610 x 113,0 113,0 608 228 11,2 17,3 573 541 145,3 208 88.196 2901 3.426 301 114,1 1386 6,59 48,34 0,90 2.115 216 W 610 x 113,0
W 610 x 125,0 125,0 612 229 11,9 19,6 573 541 160,1 209 99.184 3241 3.933 344 128,8 1401 5,84 45,45 0,91 2.439 249 W 610 x 125,0
W 610 x 140,0 140,0 617 230 13,1 22,2 573 541 179,3 210 112.619 3651 4.515 393 147,8 1419 5,18 41,27 0,94 2.879 294 W 610 x 140,0
W 610 x 155,0 155,0 611 324 12,7 19,0 573 541 198,1 247 129.583 4242 10.783 666 161,1 1980 8,53 42,60 0,94 3.137 320 W 610 x 155,0
W 610 x 174,0 174,0 616 325 14,0 21,6 573 541 222,8 248 147.754 4797 12.374 761 185,6 2002 7,52 38,63 0,96 3.704 378 W 610 x 174,0

tf
* Carga Admissível Estrutural de acordo com os itens 7.8.2.3.1 e 7.8.2.3.2 da NBR 6122/1996. R
A carga admissível a adotar para a estaca deverá atender também a carga admissível geotécnica d´
(  ao valor da tabela), obtida após a análise dos parâmetros geotécnicos onde a estaca será cravada.
d X

tw h

tf

bf
MÉTODOS DINÂMICOS

Arapari (a-ra-pa-ri): sm
(tupi ymbyrá parí); Botânica: Árvore leguminosa-
cesalpiniácea (Macrobium acaciæfolium). Arapari-vermelho: árvore
da família das Leguminosas.
4.0 Métodos Dinâmicos de Capacidade de Carga de Estacas

São assim denominados, aqueles métodos de previsão de capacidade de carga baseados em


observações da resposta da estaca à cravação. Existem duas categorias de métodos dinâmicos:

i) As Fórmulas Dinâmicas
ii) Soluções Numéricas Baseadas na Equação da Onda (propagação de ondas de tensão em
barras).

4.1 Observação da resposta à cravação do sistema solo–estaca

Essa observação pode ser feita de várias maneiras, a depender da disponibilidade de equipamentos. A
forma mais comumente empregada consiste em riscar uma linha horizontal na estaca com uma régua
apoiada em dois pontos da torre do bate-estacas. Após a aplicação de 10 golpes do martelo, risca-se
novamente outra linha horizontal, mede-se a distância entre as duas linhas, obtendo-se assim a
penetração média por golpe, que é denominada de nega, conforme mostrado na Figura 7.17a. Outra
forma não menos comum consiste em prender ao fuste da estaca uma folha de papel, sendo que no
momento da cravação é apoiado um lápis perpendicularmente à estaca e, com auxílio de uma régua
apoiada em pontos fora da estaca, este é movido na direção horizontal (Figura 7.17b). O movimento
vertical da estaca fica registrado na folha que se encontrava presa ao fuste da estaca. Com essa
monitoração se pode determinar o quanto a estaca penetrou no solo e qual foi a parcela de deformação
elástica recuperada. Portanto, a nega se constitui também num controle de qualidade do
estaqueamento da obra.

(a) (b)
Figura 7.17 – Sistemas comuns de medição da nega em estacas.

222
3) ESTACAS PRÉ-MOLDADAS (CONCRETO E AÇO)
3.1. Equipamento de Cravação

PILÃO OU MARTELO (AÇO)

CEPO (MADEIRA)

CAPACETE (AÇO)

COXIM (MADEIRA)

ESTACA
3.3. Controle através da Nega
 Movimento da Estaca:
 Após o choque do pilão com a estaca, parte da energia
disponível é transferida à estaca (EMX), fazendo com
que haja um deslocamento descendente máximo
(DMX).
 Segue-se um movimento ascendente da estaca,
denominado de repique elástico (K), até a completa
estabilização do seu movimento.
 A penetração permanente da estaca é denominada de
nega (S).

PILÃO

A
S
DMX
K A
A

B
B
t = 0- t = 0+ t >> 0
 A resistência mobilizada pela estaca é inversamente
proporcional à nega, e diretamente proporcional ao
repique elástico.

H H

CAMADA CAMADA RMX


RMX
FRACA RESISTENTE

K
S

 Características da Nega:
 Normalmente é medida para 10 golpes do pilão com
1 m de altura de queda.
 Seu valor depende da energia de cravação.
 Pode variar ao longo do tempo, especialmente em
terrenos argilosos (efeito “set-up”).
3.4. Controle através do Repique Elástico
 Medição do Repique:

PAPEL

LÁPIS

Jonhnny Evandru
 Sinal Típico:

Repique Elástico
(K = C2 + C3)

Posição Final

Posição Inicial Nega


(S)

 Exemplo:
 Parcelas do Repique Elástico

TOPO DA K = C2 + C3
ESTACA

PONTA DA
ESTACA C3

Desl. Desl.

C2+C3 C3

S S

tempo tempo

TOPO DA ESTACA PONTA DA ESTACA

Onde: C2 = compressão elástica da estaca


C3 = compressão elástica do solo sob a ponta
 Compressão Elástica da Estaca (C2)
 É o repique elástico do elemento estrutural.
 É diretamente proporcional à resistência mobilizada
pela estaca.
 Apresenta um crescimento com o aumento da energia
de cravação, até o limite da resistência do sistema solo-
estaca.
 Pode ser calculado a partir do repique medido e do
quake estimado.

C 2  K med  C 3

 Quake (C3)
 É o repique elástico do solo sob a ponta da estaca.
 É de difícil medição.
 Tabela de Valores Típicos (Souza Filho e Abreu,
1990):

TIPO QUAKE – C2 (mm)


C3 (mm)
DE FAIXA DE VALOR
SOLO VALORES SUGERIDO
Areia 0 – 2,5 1,25
Areia Siltosa 2,5 – 5,0 3,75
Silte Arenoso 2,5 – 5,0 3,75
Argila Siltosa 5,0 – 7,5 6,25
Silte Argiloso 5,0 – 7,5 6,25
Argila 7,5 – 10,0 8,75
 Modelo de Cálculo
 Lei de Hooke
 Estaca de ponta (Rl ≈ 0)

PILÃO

ESFORÇO MOLA
Wh H NORMAL ELÁSTICA

R R
C2

Le
+
ESTACA
DE PONTA

R = Rp R

R  C2 
    E  E
A  Le 

Logo:
C2  E  A R C2  E  A
R e Vadm  
Le FS 2  Le
Onde: E = módulo dinâmico de elasticidade
A = área da seção transversal da estaca
Vadm = carga admissível de projeto da estaca
Obs.: Estaca Flutuante (Rp ≈ 0):

C2  E  A R C2  E  A
R e Vadm  
0,5  Le FS Le

 Fórmula de Chellis-Velloso (1987)


 Lei de Hooke.
 Estaca com resistência de ponta e por atrito lateral.

C2  E  A R C2  E  A
R e Vadm  
0,7  Le FS 1,4  Le

Ou:

1,4  Vadm  Le
C2 
EA
Logo:

 1,4  Vadm  Le 
K adm  C 2  C 3     C3
 EA 

 Critério de Controle:
 Se Kmed  Kadm  a cravação deve ser paralisada.

 Se Kmed < Kadm  a cravação deve continuar.


Obs.: Módulo Dinâmico de Elasticidade:

TIPO DE MÓDULO DE
ESTACA ELASTICIDADE (MPa)
Pré-moldada de Concreto 25.000
Vibrado
Pré-moldada de Concreto 28.000
Centrifugado
Metálica 210.000

 Influência da Energia de Cravação


 Energia de cravação crescente (por exemplo, aumento
da altura de queda do pilão):

Hn
H2
H1

...
RMX1 RMX2 RMXn

Kn

K1
K2 ... Sn
S1 S2
 O repique elástico cresce à medida que a estaca vai
mobilizando resistência. Quando a máxima resistência
é mobilizada (capacidade de carga da estaca), o repique
se mantém praticamente constante.
 A nega cresce de modo mais ou menos proporcional
até um certo nível de energia. No trecho próximo à
ruptura da estaca, o seu crescimento passa a ser
assintótico.
 A ruptura da estaca é normalmente atingida para
valores de (DMX / D) superiores a 5 %.

RUPTURA DA
ESTACA
ENERGIA DE
CRAVAÇÃO

REPIQUE
ELÁSTICO

DESLOCAMENTO NEGA
DA ESTACA
 Exemplo:
 Estaca pré-moldada de concreto vibrado de seção
quadrada e lado 250 mm, com 7,5 m de comprimento.

EDF. RESIDENCIAL - BOM PASTOR - RECIFE/ PE

RESISTÊNCIA MOBILIZADA (kN)


0.00 200.00 400.00 600.00 800.00

0.00

2.00
K / D, S / D, DMX / D (%)

4.00

6.00

DESLOCAMENTO

REPIQUE
8.00
NEGA
DMX

10.00
 

M.S ((12ª posição) de 1023 combinações / (individ
dualmente, foi o 1ª possição). 
3.2. Diagrama de Cravação
 Consiste em se anotar o número de golpes necessários à
cravação de 50 ou 100 cm da estaca no terreno.

PILÃO

H
N E
SPT CRAV

0,5 a 1 m

ESTACA

Prof. Prof.

ECRAV  n  Wh  H
Onde: n = No. de golpes necessários à cravação da estaca
Wh = Peso do pilão
H = Altura de queda do pilão
 Objetivos Principais:
 Verificar a representatividade das sondagens realizadas
a priori.
 Ex: estacas metálicas de perfil laminado CS-250x84
com 20 m de comprimento.
ESTACA METÁLICA - PERFIL LAMINADO

N-SPT N50
0.00 20.00 40.00 60.00 0.00 20.00 40.00

0.00

SONDAGEM ESTACA

SP-02 P2-E11
P2-E10
-4.00

-8.00
COTA (m)

-12.00

-16.00

-20.00
 Pode indicar a ocorrência de quebra de estacas.
 Ex: estaca pré-moldada de concreto de seção quadrada
e 300 mm de lado com 20 m de comprimento.

PASSARELA 2 - MEMORIAL ARCOVERDE

N-SPT N-50
0.00 20.00 40.00 0.00 100.00 200.00

0.00 0.00

4.00 4.00
PROFUNDIDADE (m)

8.00 8.00

12.00 12.00

16.00 16.00

20.00 20.00
CAPÍTULO 3

DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO COMO MÉTODO DE


VERIFICAÇÃO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA DO TERRENO

3.1 INTRODUÇÃO

Chama-se diagrama de cravação à representação do registro do número de golpes do


martelo, Nestaca, necessários para cravar um dado comprimento de estaca. Esse número
de golpes tem uma relação direta com a nega: dividindo-se o comprimento escolhido
pelo número de golpes do martelo tem-se a nega (média naquele comprimento). A
Figura 3.1 abaixo ilustra o registro e o diagrama de cravação.

Nestaca
0 20 40 60 80
0,0
0,5

1,0
1,5
Profundidade (m)

2,0

2,5

3,0
3,5

4,0
4,5
5,0

Figura 3.1 – Planilha preenchida no campo e representação gráfica do


diagrama de cravação

47
Neste capítulo é feita uma avaliação da possibilidade de que o diagrama de cravação
sirva para a verificação do perfil de resistência do terreno, normalmente caracterizado
pelo ensaio SPT. Ainda, caso se consiga estabelecer esta relação entre diagrama de
cravação e perfil de SPT, será possível, para um dado terreno, prever a cravabilidade
de uma estaca com um dado martelo.

3.2 O DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO E A PRÁTICA BRASILEIRA E


INTERNACIONAL

O manual da ABEF (1999) define como diagrama de cravação o documento de


registro do número de golpes necessários para a penetração, em geral de 0,50 m ou
1,00 m de estaca, para uma determinada altura de queda do martelo. No Brasil, o mais
comum é a elaboração do diagrama de cravação com intervalos de medição de 0,50
m, embora em alguns casos ainda se pratique a elaboração deste com intervalos de
1,00 m. A norma francesa prescreve que o diagrama deve ser feito em intervalos de
medição de 30 cm. Nos Estados Unidos, o intervalo é de 30 cm (1 pé) e o número de
golpes para cravar este comprimento de estaca é conhecido como “blows per foot”
(BPF).

A norma brasileira NBR 6122 (1996) recomenda que em um estaqueamento deve-se


elaborar o diagrama de cravação em pelo menos 10% das estacas, sendo
obrigatoriamente incluídas aquelas mais próximas aos furos de sondagem.

É importante ressaltar que a eficácia do diagrama de cravação como instrumento de


controle do estaqueamento é possível desde que, durante a fase de cravação da estaca,
a altura de queda do martelo seja mantida, para que não haja variação da energia
aplicada à estaca. Às vezes, na passagem por camadas de argila mole, se utilizam
alturas de queda menores; nesse caso, a altura utilizada deve ser anotada. Tomando
estes cuidados, é possível comparar o diagrama de cravação de uma estaca com a
sondagem SPT executada próxima à estaca.

48
3.3 DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO COM DIFERENTES INTERVALOS DE
MEDIÇÃO E EFEITO DE GRUPO

O diagrama de cravação elaborado em intervalos menores permite observar com mais


detalhes a variação das camadas do subsolo. Como exemplo, são apresentados na
Figura 3.2, parte de três diagramas de cravação referentes a uma mesma estaca, sendo
eles elaborados cm diferentes intervalos de medição, respectivamente, de 0,25 m, 0,50
m e 1,00 m.

Figura 3.2a – Diagrama de cravação com intervalo de 0,25 m

Estes diagramas de cravação são referentes à estaca E230 da obra da MAP


Desenvolvimento Imobiliário Ltda, cujos boletins de sondagens, cravação e provas de
carga dinâmicas compõem o banco de dados desta dissertação.

49
Figura 3.2b – Diagrama de cravação com intervalo de 0,50 m

Figura 3.2c – Diagrama de cravação com intervalo de 1,00 m

50
Já existem disponíveis no mercado sistemas mais sofisticados de monitoração eletrônica, que permitem
obter registros de deslocamentos e de forças do topo da estaca durante o tempo de cravação. Para
isso, são empregados sensores colados e/ou aparafusados numa seção do fuste da estaca, geralmente
em pares diametralmente opostos: dois acelerômetros e dois medidores de deformação. Da integração
da aceleração se obtêm as velocidades e os deslocamentos, enquanto que do sinal de deformação
obtém-se o registro de tensões (ou de forças), conforme Figura 7.18.

Acelerômetro

Medidor de deformação (defôrmetro)

Figura 7.18 – Sistemas de monitoração eletrônica de estacas (acelerômetros e defôrmetros), tipo PDI.

4.2 Sistemas de cravação de estacas

A cravação à percussão de estacas é feita através de bate-estacas, que utilizam basicamente dois
sistemas de martelo (ou pilão):

i) martelo de queda livre


ii) martelo automático

No sistema de queda livre, o martelo é erguido com auxílio de um guincho, e após alcançar a altura (h)
de queda desejada é liberada sua queda, no momento em que o tambor do guincho é desligado do
motor por um sistema de embreagem (ver Figura 7.19a).
No sistema automático, o martelo é levantado sob efeito de vapor, ar comprimido ou gases de explosão
de óleo diesel. Neste caso, o guincho é usado apenas para apoiar o martelo sobre a cabeça da estaca,
conforme se observa nas Figuras 7.19b,d.
Para proteger a estaca e o martelo durante o processo de cravação são usados ambos os seguintes
elementos (ver Figura 7.19c):
223
a) capacete: serve para guiar a estaca e acomodar os amortecedores;
b) cêpo: apoiado em cima do capacete, tem a função de proteger o martelo de tensões elevadas;
c) coxim ou almofada: fica entre o capacete e a estaca, e tem a função de proteger a cabeça da
estaca de tensões excessivas.

Figura 7.19 – Sistemas de cravação à percussão de fundações – bate-estacas.

4.3 Fórmulas Dinâmicas de Capacidade de Carga

O processo de cravação de uma estaca é antes de qualquer coisa, um evento de natureza dinâmica.
Dessa forma, além da resistência estática do solo, existe a mobilização da resistência dinâmica de
origem viscosa, e, eventualmente o surgimento de forças inerciais. Não se deve confundir a capacidade
de carga de uma estaca obtida por um método de natureza estática com o valor obtido através de um
método dinâmico. Nas fórmulas estáticas, a carga de trabalho é obtida dividindo a carga de ruptura por
um coeficiente de segurança (em geral, 2), enquanto que nas fórmulas dinâmicas a carga de trabalho
obtém-se dividindo a resistência à cravação por um coeficiente que fará o devido desconto da
resistência dinâmica. Pelo fato das fórmulas dinâmicas serem originárias de diferentes hipóteses, os
resultados podem divergir muito dependendo da fórmula empregada.

224
Para reduzir as incertezas nos resultados da aplicação das fórmulas dinâmicas, recomenda-se, para
controle da qualidade do estaqueamento os seguintes procedimentos:

i) cravar uma estaca próxima a uma sondagem, até a profundidade prevista por método
estático para tal sondagem, observando a nega e/ou o repique;
ii) executar prova de carga e obter o coeficiente F para a fórmula dinâmica escolhida;
iii) empregar a fórmula escolhida, considerando o coeficiente F obtido, em todo o
estaqueamento, para controle da qualidade.

Todas as fórmulas dinâmicas foram estabelecidas a partir do princípio da conservação da energia,


igualando-se a energia potencial do martelo (W.h) ao trabalho realizado na cravação da estaca (R.s),
descontando-se eventuais perdas. Ou seja:

W.h = R.s + X (79)

em que,

W = peso do martelo (pilão)


h = altura de queda do martelo
R = resistência do solo à penetração da estaca
s = nega ou penetração
X = perdas

As perdas de energia decorrem principalmente dos seguintes fatores:

i) atrito do martelo nas guias e dos cabos nas roldanas


ii) levantamento do martelo após o choque (repique do martelo)
iii) deformação elástica do cepo e do coxim (C1) e da estaca (C2), conforme Figura 7.20.
iv) deformação elástica do solo (C3), medido na ponta da estaca (ver Figura 7.20).

Figura 7.20 – Controle de estacas pela nega elástica.

225
Janbu (1953)

Onde:

- capacidade de carga na ruptura;

WH - energia de cravação;

- nega (penetração/golpe)

Onde:

L – comprimento da estaca;

A – área da seção transversal;

E – módulo de elasticidade do material;

W – peso do pilão do bate-estaca.


O coeficiente de eficiência, ɳ, depende do equipamento de cravação, do
procedimento adotado para a cravação, do tipo de estaca e das condições do solo.
Os valores de ɳ podem ser escolhido da seguinte forma:

ɳ = 0,70 para boas condições de cravação

ɳ = 0,55 para condições regulares de cravação

ɳ = 0,40 para condições difíceis ou insatisfatórias

A fórmula de Hiley (1925)

Onde:

ɳ - coeficiente de eficiência;

k – coeficiente do pilão do bate-estaca;

c – soma da compressão elástica temporária da estaca (cp), do capacete da


estaca (cc) e do solo (cq).

Os valores de k, ɳ, cc, cp e cq podem ser obtidos das tabelas e Figuras a seguir,


embora seja melhor medir cp e cq diretamente in situ.

Deve-se observar que ɳ depende do coeficiente de restituição [e] dado a seguir:


Comparação de fórmulas

Uma pesquisa detalhada da validez das fórmulas de Cravação de estacas em solos

granulares (Flaate, 1964) sugere que há pouca diferença entre a fórmula de Hiley e

a de Janbu. A fim de obter um coeficiente mínimo de segurança de 1,75 para

qualquer tipo de estaca, Flaate demonstrou que é necessário adotar F = 2,7 com a

fórmula de Hiley e F = 3,0 com o procedimento de Janbu. A fórmula de Janbu dá

uma correlação um pouco melhor entre a capacidade de carga durante o ensaio e a

capacidade de carga calculada, e também a média aritmética mais baixa do

coeficiente de segurança.
4.3.3 Fórmula dos Dinamarqueses

Qult =
ηWh (82)
1 (2ηWhL)
s+
2 AE
em que

L = comprimento da estaca
A = área de seção transversal da estaca
E = módulo de elasticidade do material da estaca.
Recomenda-se usar na fórmula dos dinamarqueses η = 0,7 para martelos de queda livre e η = 0,9 para
martelos diesel, com coeficiente de segurança FS = 2. Como orientação para controle da cravação,
sugere-se as relações contidas na Tabela 7.21.

Tabela 7.21 – Orientações de cravação e aplicação da fórmula dos dinamarqueses


(Velloso e Lopes, 2002).
Estaca (ηh)máx (W/P)minimo
Premoldada de concreto 1m 0,50
Metálica 2m 1,50
Madeira 4m 0,75

4.3.4 Fórmula de Brix

Qult = W 2Ph (83)


s(W + P)2

Na fórmula de Brix, adota-se FS = 5, ou seja, a carga última representa 5 vezes a carga admissível da
estaca.

A fórmula de Brix deu origem a uma expressão análoga para controle de cravação de estacas tipo
Franki. Neste caso, o peso da estaca (P) é substituído pelo peso do tubo e são introduzidos dois
coeficientes empíricos para levar em conta a rugosidade do fuste (0,75) e a menor área da base durante
a cravação (0,85). A fórmula de Brix para estaca Franki fica com a seguinte forma:

  
4W 2Ph  

 A 
Qult = 0,75  ⋅ 0,3 + 0,6 b  (84)
 s(W + P)2  

 A f 
   

em que
Ab = área do círculo máximo da esfera com volume igual ao da base (Vb)
Af = área da seção transversal da estaca, conforme orientações contidas na Tabela 7.22.
227
Sobrecravação de estacas

Há casos em que é necessário cravar estacas através de areia e pedregulhos

compactados, como por exemplo, seja para penetrar uma camada de argila

subjacente, ou pela possibilidade da erosão subsuperficial em leitos de rios. Devem

ser evitados danos na estaca devido à sobrecravação , tanto ao penetrar uma

camada dura subjacente como na cravação na camada de apoio, para desenvolver

a capacidade de carga total.neste sentido, deve-se recordar que deve ser

necessário uma penetração de até cinco diâmetro da estaca em material granular

compacto para desenvolver a capacidade de carga de ponta total da estaca.

A fórmula de Hiley pode ser usada para determinar a carga de ruptura Qu e a tensão

máxima de cravação, Pd, dada por:

Janbu (1953) sugeriu que a energia de cravação (WH)c, necessária para evitar
danos é limitada por:

Onde:

L - comprimento da estaca

S – nega

A – área da seção transversal da estaca

σo – metade da resistência à compressão.

 
Exemplo

Uma estaca de concreto armado de 400 x 400 mm com 20 m de comprimento é


cravada através de materiais fofos e depois em pedregulhos compactado até uma
nega final de 3 mm/golpe, utilizando-se um martelo de efeito simples de 30 kN com
percurso de 1,5 m. Determinar a resistência de cravação da estaca, quando for
cravada com a utilização de um capacete com coxim plástico, com 50 mm de
acolchoamento. O peso do capacete e do coxim é de 4 kN.

Peso da estaca = 74 kN ; Peso do capacete e do coxim = 4 kN

Peso total, P = 78 kN ; Peso do martelo = 30 kN

Portanto, P/W = 78;30 = 2,6

Hiley:

e = 0,4 (tabela 6.2), donde ɳ = 0,39 (Fig.6.8)

H = altura efetiva de queda do martelo

=0,9 x 1,5 m (tabela 6.1) (coeficiente K)

=1,35 m = 1350 m
mm

Supondo-se para a resistência de cravação um valor de Q’u = 1250 kN, então:

Tensão total durante a cravação = 1250 / 0,4 x 0,4 = 7813 kN/m2 [=7,8 MN/m²]

cc = 5,8 mm (Fig. 6.9, 2/3 A + B);

cp = 11,0 mm (Fig. 6.10);

cq = 2,8 mm (Fig. 6.13)

c(total) = cc + cp + cq = 19,6 mm

Qu = W. H. ɳ / s + c/2 = 30 x 1350 x 0,39 / 3 x ½ x 19,6 = 1234 kN

Este resultado é quase igual ao valor suposto de 1250 KN. Portanto, o cálculo não

precisa ser repetido.


Utilizando a fórmula de Janbu

ɳWHL / A.E.s² = 0, 70 x 30 x 1, 5 x 20 / 0,16 x 14 000 000 x 0, 003² = 0,3

ku = 7,1

Portanto,

Qu = ɳwH / s.ku

= 0,70 x 30 x 1,5 / 0,003 x 7,1 = 1479 kN

Pode-se ver que neste caso, a fórmula de Janbu prevê uma capacidade de

carga da estaca maior que a da fórmula de Hiley.

As cargas admissíveis correspondentes são:

 Pela fórmula de Hiley: 1234 / 2,7 = 457 kN

 Pela fórmula de Janbu: 1479 / 3 = 493 kN


Qrup = Q p + Ql = 2200 + 190 = 2390 kN = 239 tf

Qrup 2390
Qadm = = = 1195 kN (≅ 120 tf)
2 2

Como este valor (120 tf) é superior ao indicado na literatura, para este tipo de estaca (850 kN), por
medida de segurança adota-se o valor recomendado na bibliografia como a carga de trabalho, em
EXERCÍCIO_ Métodos Dinâmicos
detrimento do valor calculado. Ou seja, a carga de projeto dessa estaca será 85 tf.

2) Calcular a nega para 10 golpes de um pilão com 30 kN de peso, caindo de uma altura constante de
0,90 m sobre uma estaca de concreto armado, vazada, com 42 cm de diâmetro externo, 26 cm de
diâmetro interno, 15 m de comprimento e carga admissível igual a 100tf.

Dados da estaca
Dext = 0,42 m
Dint = 0,26 m
L = 15 m
Qtrab = 100 tf = 1000 kN

Pilão: h = 90 cm = 900 mm (total de 10 golpes)


W = 30 kN

Solução:

Fórmula de Brix

W 2 .P.h
Nega ⇒ s = .....C/... .FS = 5
Qult (W + P)2

Peso da estaca ⇒ P =
π
4
( )
0,42 2 − 0,26 2 (25)(15) = 32 kN

Carga de ruptura ⇒ Q ult = 5 ⋅ Q adm = 5 ⋅ 1000 = 5000 kN

s=
(30 )2 (32)(900 ) = 13,49 mm
(5000 )(30 + 32)2
1,35cm 13,5cm
Portanto, a nega prevista será ⇒ s = = .
golpe 10 golpes

Obs.: Para controle do estaqueamento, no campo é feita a medição da nega para comparação com o
valor previsto. Caso o valor medido seja menor ou igual ao previsto, a estaca atende aos critérios
estabelecidos em projeto e poderá ser encerrada a cravação. Caso contrário, a estaca continuará sendo
cravada até que o valor previsto da nega seja alcançado.

251
3.6. Prova de Carga Dinâmica (PDA)
 Equipamento:

 São implantados dois pares de acelerômetros e


transdutores de deformação, que são monitorados
continuamente durante todo o golpe do pilão.
 A partir destes dados, são feitas análises através
modelos numéricos baseados na equação da onda
(CASE, CAPWAP).
 O ensaio deve ser feito com energia de cravação
crescente.
 Informações Obtidas:
 Estimativa da resistência mobilizada pela estaca.
 Eficiência do sistema de cravação.
 Tensões máximas de cravação (compressão e tração).
 Integridade da estaca.
 Deslocamentos máximos da estaca (DMX, K).
 Tensões residuais.
 Ex: estaca pré-moldada de concreto centrifugado de
330 mm de diâmetro e 12 m de comprimento
(Gonçalves et al., 2000):

PALESTRA - PDA
Já existem disponíveis no mercado sistemas mais sofisticados de monitoração eletrônica, que permitem
obter registros de deslocamentos e de forças do topo da estaca durante o tempo de cravação. Para
isso, são empregados sensores colados e/ou aparafusados numa seção do fuste da estaca, geralmente
em pares diametralmente opostos: dois acelerômetros e dois medidores de deformação. Da integração
da aceleração se obtêm as velocidades e os deslocamentos, enquanto que do sinal de deformação
obtém-se o registro de tensões (ou de forças), conforme Figura 7.18.

Acelerômetro

Medidor de deformação (defôrmetro)

Figura 7.18 – Sistemas de monitoração eletrônica de estacas (acelerômetros e defôrmetros), tipo PDI.

4.2 Sistemas de cravação de estacas

A cravação à percussão de estacas é feita através de bate-estacas, que utilizam basicamente dois
sistemas de martelo (ou pilão):

i) martelo de queda livre


ii) martelo automático

No sistema de queda livre, o martelo é erguido com auxílio de um guincho, e após alcançar a altura (h)
de queda desejada é liberada sua queda, no momento em que o tambor do guincho é desligado do
motor por um sistema de embreagem (ver Figura 7.19a).
No sistema automático, o martelo é levantado sob efeito de vapor, ar comprimido ou gases de explosão
de óleo diesel. Neste caso, o guincho é usado apenas para apoiar o martelo sobre a cabeça da estaca,
conforme se observa nas Figuras 7.19b,d.
Para proteger a estaca e o martelo durante o processo de cravação são usados ambos os seguintes
elementos (ver Figura 7.19c):
223
A resistência de ponta é obtida por:

T(1) + T(2)
qp = β " min min (55)
2
em que

T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 8B acima da ponta
min
da estaca.

T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 3B abaixo da ponta
min
da estaca.
O valor do parâmetro β” depende do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 16.

Tabela 7.16 – Fatores β´1, β´2 e β” para estaca hélice contínua.

β´1 β´2 β”
Tipo de solo
(%) (kPa/kgf.m)
Areia 4,0 a 5,0 2,0 a 2,5 200
Silte 2,5 a 3,5 1,0 a 2,0 150
Argila 2,0 a 3,5 1,0 a 1,5 100

2.3.4 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam o CPT

2.3.4.1 Método de Philipponnat

É um método francês, baseado no CPT, que passou a ser difundido em nosso país a partir da tradução
do trabalho original feita por Godoy e Azevedo Júnior (1986). Deste método, a resistência de ponta
pode ser obtida da seguinte expressão:

qp = αp qc (56)

sendo αp um coeficiente que depende do tipo de solo (Tabela 7.17). O valo de qc a ser introduzido na
Equação 56, deverá ser a média obtida numa faixa de profundidade correspondente a 3B acima e 3B
abaixo da ponta da estaca.
O atrito lateral unitário, ql, é calculado da seguinte equação:

α qc
ql = F (57)
αs

Os valores dos coeficientes αF e αS são fornecidos nas Tabelas 17 e 18, respectivamente. Observa-se
que o valor de αF depende apenas do tipo de estaca.

209
Tabela 7.17 – Valores dos coeficientes αP e αS em função do tipo de solo (Décourt et al. 1998).
Tipo de solo αp αS
qc < 8MPa 0,40 100
Areia 8MPa < qc < 12MPa 0,40 150
qc >12MPa 0,40 200
Silte 0,45 60
Argila 0,50 50

Tabela 7.18 – Valores dos coeficientes αF e qS,máx em função do tipo de estaca (Décourt et al. 1998).
ql, máx
Interface solo-estaca Tipo de estaca αF
(kPa)
Concreto Premoldada, Franki, Injetada 1,5 120
Escavada: D ≤ 1,5m 0,85 100
Concreto
Escavada: D > 1,5m ; Barrete 0,75 80
Metálica Perfil: H ou I (perímetro externo) 1,10 120

2.3.4.2 Método de Holeyman

Do método de Holeyman et al. (1997), a parcela da carga de ponta de uma estaca pode ser obtida de:

Q p, rup = β qp A p = βα b Fb q (pm ) A p (58)

onde β = fator de forma da base da estaca (para estacas de base nem quadrada nem circular), função
da largura B e do comprimento L:

β = 1+ 0,3B/L (58A)
1,3
αb = fator empírico para levar em conta o processo executivo da estaca e a natureza do solo
Fb = fator de escala, função das características de resistência ao cisalhamento do solo.
qp(m) = resistência de ponta homogeneizada, calculada pelo método de De Beer.

O cálculo da parcela de atrito lateral pode ser feito por um dos três métodos disponíveis (Velloso e
Lopes, 2002), sendo o mais empregado o que se apresenta a seguir:

U U
Q l,rup = ξ f ∆ Q c = ∑ ξ f  ∆ Q lc  (58)
u l u i i

210
em que U = perímetro da estaca
u = perímetro da seção transversal da haste do cone
ξf = fator empírico para levar em conta os efeito do processo de execução (αs), o material e
rugosidade do fuste (βS) e efeitos de escala da estrutura do solo (εS), conforme Tabela 7.19.
(∆Qlc)i = acréscimo da resistência lateral do cone na i-ésima camada.

Tabela 7.19 – Valores do fator ξf em função do tipo de estaca e do solo (Velloso e Lopes, 2002).
Tipo de estaca ξf
Em areias 0,60 a 1,60
De grande deslocamento
Em argilas 0,45 a 1,25
De pequeno deslocamento 0,60 a 0,85
Escavadas 0,40 a 0,60

2.3.4.3 Método de Almeida et al. (1996) – CPTU (Piezocone)

O ensaio de cone padrão (CPT) tem passado por diversos aperfeiçoamentos, sendo os mais recentes
relativos à medição da poropressão na ponta do cone, recebendo, por isso, o nome de Piezocone ou
CPTU (ver Figura 7.9). No Brasil, foi desenvolvido um método de previsão de capacidade de carga com
base no Piezocone, para estacas instaladas em argilas (Almeida et al., 1996). Por esse método, as
resistências de ponta e de atrito lateral podem ser obtidas das seguintes expressões:

q − σ v0
qp, rup = c (60)
k2

e
q − σ v0
ql,rup = c (61)
k1

 
 q c − σ v0 
onde k1 = 12 + 14,9 log  
(62)
σ,

 
 v0 

N kt
e k2 = (63)
9
em que Nkt é um fator de cálculo da resistência não drenada (SU) no ensaio CPTU. No cálculo do Nkt
emprega-se a resistência de ponta corrigida, qT, ao invés do qc do CPT (Lunne et al, 1985), conforme
mostrado na Equação 64.

211
q − σ v0
N kt = t (64)
Su

Figura 7.9 – Principais posições onde o elemento poroso é instalado no CPTU.

2.3.5 Execução de Provas de Carga Estáticas

Na realização de provas de carga sobre estaca ou tubulão busca-se um dos seguintes objetivos:

a) aferir o comportamento previsto em projeto tanto da capacidade de carga quanto do recalque;


b) definir com segurança a carga de trabalho em casos nos quais não se pode fazer uma previsão.

A grande quantidade de métodos de previsão de capacidade de carga e recalques disponíveis no meio


técnico de fundações, alguns muito confiáveis, permite dizer que as provas de carga são executadas
mais por força do motivo citado no item a. Sobre esse assunto, a norma de fundações brasileira prevê a
redução no valor do coeficiente de segurança de obras controladas por provas de carga, desde que os
testes tenham sido feitos num número representativo de estacas, que seria da ordem de 1% de todo o
estaqueamento, preferencialmente começando as provas de carga pelas primeiras estacas da obra.
Como os custos envolvidos na execução de uma prova de carga estática são relativamente altos, a
prática mostra a execução de 1 a 2 provas de carga por obra, podendo ser até maior esse número, a
depender do seu porte. Como alternativa, se pode complementar a verificação com a realização de
provas de carga dinâmica, que são custo unitário relativamente menor.
As provas de carga estáticas são normalizadas pela NBR 12131 (1989). O teste é feito geralmente sob
carga controlada, aplicada em incrementos de igual valor, com as leituras dos recalques sendo feitas
em intervalos de tempo pré-determinados. Quanto à velocidade do carregamento, a prova de carga
estática pode ser classificada como lenta – SLOW MANTAINED LOAD (SML) ou rápida – QUICK
MANTAINED LOAD (QML).
212
2.3.5.1 Prova de carga lenta (SML)

O ensaio lento é o que melhor reproduz o carregamento imposto à estaca pela estrutura futura nos
casos mais correntes (edifícios, silos, pontes, etc.). Como a estabilização dos recalques só se
completaria a tempos muito longos, a norma fixa um critério convencional, no qual se considera que o
recalque estabilizou quando o seu valor lido entre dois tempos sucessivos não ultrapassa 5% do
recalque total do estágio de carga. As leituras são feitas em tempos dobrados (1min, 2min, 4min, 8min,
15min, 30min, etc.), sendo que mesmo que a estabilização aconteça nas primeiras leituras, o tempo
mínimo para aplicação de um novo estágio é 30 minutos. O carregamento incremental é aplicado até
que se atinja o dobro da carga de trabalho da estaca. A norma ainda recomenda que último estágio de
carga seja mantido por pelo menos 12 horas antes do descarregamento, que deverá ser efetuado em 4
a 5 estágios iguais.
A prova de carga lenta é preferida quando se deseja obter informações mais detalhadas sobre os
recalques da estaca. Por outro lado, quando a principal informação a ser obtida do teste é o valor da
carga de ruptura ou dispõe-se de pouco tempo para execução do teste, pode-se optar pela realização
da prova de carga tipo rápida.

2.3.5.2 Prova de carga rápida (QML)

Neste caso, cada estágio de carga é mantido por apenas 5 minutos, fazendo-se as leituras no início e
no final do estágio. O carregamento total, geralmente em 10 estágios, prossegue até o dobro da carga
de trabalho prevista para a estaca. Neste caso, o descarregamento é efetuado logo após o último
estágio de carga.

2.3.5.3 Montagem de uma Prova de Carga

Nas provas de carga a compressão, o carregamento é feito por um macaco hidráulico munido de
bomba, reagindo contra um sistema de reação, conforme o modelo disposto na Figura 7.10. Para medir
a carga efetivamente aplicada ao topo da estaca é comum a utilização de uma célula elétrica de carga,
enquanto para medição dos recalques são empregados extensômetros (relógios comparadores) fixados
em vigas de referência. O sistema de reação optado é função, dentre outras coisas, da carga máxima a
aplicar, podendo ser desde plataformas com peso (cargueiras), a vigas presas a estacas vizinhas à que
será testada. Neste último caso, há que se ter o cuidado de não danificar estruturalmente a estaca
usada como reação, caso ela faça parte do estaqueamento definitivo da obra.
Quando se deseja conhecer o modo de transferência de carga da estaca para o solo, deve-se
instrumentar o fuste desta com um ou mais dos seguintes sistemas:

⇒ defôrmetros colados na face da estaca ou em barras de armaduras (definitivos)


⇒ defôrmetros de contato, removíveis, instalados na estaca através de parafusos
⇒ células de carga integrada ao fuste
213
Figura 7.10 – Sistemas de medição para realização de uma prova de carga de compressão em estaca.

2.3.5.4 Extrapolação e Interpretação de uma Curva Carga - Recalque

a) Extrapolação

Conforme bem lembrado por Velloso e Lopes (2002), a interpretação de uma prova de carga pode gerar
controvérsias pelas diferentes visões que se pode ter de ruptura. Esses autores foram muito oportunos
ao citarem Davison (1970): “ Provas de carga não fornecem respostas, apenas dados a interpretar”.
Quando uma prova de carga não é levada à ruptura ou um nível de recalque que não caracterize a
ruptura, pode-se tentar uma extrapolação da curva carga-recalque. Para isso, existem vários métodos
disponíveis na literatura, sendo o mais usual no meio técnico brasileiro o critério de Van der Veen
(1953). A extrapolação de van deer Veen (Figura 7.11a) baseia-se numa equação matemática
(exponencial), que é ajustada ao trecho que se dispõe da curva carga-recalque:

Q = Qrup 1 − e −αw  (65)


 

Figura 7.11 – Extrapolação da curva carga-recalque pelo método de van der Veen (1953).

214
A carga de ruptura é obtida experimentando-se diferentes valores para estaca carga até que se obtenha
uma reta no gráfico –ln(1-Q/Qrup) versus w (recalque), conforme mostrado na Figura 7.11b .
Na aplicação do método de van der Veen, Aoki (1976) verificou que a reta obtida não passava pela
origem dos eixos, apresentando um intercepto. Por isso, Aoki propôs a inclusão do intercepto daquela
reta (β), alterando a expressão de van der Veen com a seguinte forma:

Q = Qrup 1 − e β −αw  (66)


 
A experiência adquirida por Velloso e Lopes (2002), com extrapolações usando o método de van der
Veen, ao longo de décadas, indica que esse método é confiável se o recalque máximo atingido na prova
for, ao menos, 1% do diâmetro da estaca.

c) Interpretação

Sendo completa a curva carga-recalque obtida da prova de carga, ela precisa ser devidamente
interpretada para se definir o valor da carga de ruptura. Por mais que a curva apresente uma carga de
ruptura visual, essa definição pode ser enganadora, visto que a escala em que a curva é apresentada
pode conduzir a diferentes interpretações. Existem alguns critérios para definição da carga de ruptura
de uma estaca ou tubulão, os quais podem ser organizados em 4 categorias:

i) baseados em um valor absoluto do recalque ou recalque como um percentual do diâmetro


ii) baseados na aplicação de uma regra geométrica à curva (ver Figura 7.12a)
iii) critérios baseados na busca de uma assíntota vertical (ver Figura 7.12b) e,
iv) baseados na caracterização da ruptura pelo encurtamento elástico da estaca somado a um
percentual do diâmetro da base (ver Figuras 7.12c).

Figura 7.12 – Interpretações da curva carga: a) regra geométrica; b) pesquisa de uma assíntota vertical
(Velloso e Lopes, 2002).

215
Figura 7.12c – Interpretação da curva carga – recalque a partir do critério de ruptura convencional
(Velloso e Lopes, 2002).

A norma brasileira se enquadra na categoria “iv”, que define a ruptura pelo valor do recalque
correspondente ao encurtamento elástico da estaca somado a um deslocamento de ponta igual a B/30:
O critério da norma brasileira pode ser visualizado na Figura 7.12c (que é uma modificação do da norma
canadense), apenas substituindo-se a parcela 4mm + B/120 pelo valor do deslocamento de ponta citado
acima (B/30).

2.3.6 Recomendações Quanto ao Uso dos Métodos de Previsão de Capacidade de Carga

Foram apresentados os principais métodos de previsão de capacidade de carga de estaca isolada. No


Brasil, a prática corrente de Engenharia de Fundações demonstra que os métodos semi-empíricos são,
de fato, os mais utilizados, principalmente aqueles que usam dados do SPT, destacando-se os métodos
de Aoki e Velloso (1975; 1978) e Décourt e Quaresma (1978). Todos os métodos apresentados foram
originários de correlações empíricas, o que exige muita cautela de quem escolher usar um deles. A
extrapolação de experiência de uma região para outra requer a comprovação da validação do método,
confrontando-o com resultados obtidos, e devidamente interpretados, de provas de carga.

216
Evolução da Resistência com o Tempo após a Cravação da Estaca

Pesquisas têm revelado que após a cravação de uma estaca em um


depósito de argila mole há um aumento considerável da resistência
lateral com o decorrer do tempo [EFEITO SET UP].

O aumento na resistência está associado à migração de água dos poros


(excesso de poropressão) durante a cravação da estaca.

 
 
Vários pesquisadores têm confirmado essa ocorrência (Velloso e Lopes,
2002), dos quais pode-se destacar Soderberg (1962), o qual propõe
uma equação para previsão do tempo (t) necessário para o
desenvolvimento da máxima capacidade de carga da estaca a partir da
cravação.
 

 
V
VESIC_1977: 

Transfferência d
de carga (EEstaca Me
etálica) em
m profunddidade 

Solo: SSilte/Argilaa siltosa // Rocha (B
Basalto) 

10 kips = 44,8
  kN

 
EFEITO SET-UP (Fator TEMPO)

 
Gary Axelsson_1998 
Estaca Quadrada Cravada‐ B= 235 mm ‐ L = 12,8 m 
Peso do Martelo 40 kN; Altura de Queda= 20 cm 

 
 
EFEITO SET‐UP ?????  !!!! 

Efeito o quê ??????? Onde ? 
ESTUDO _ DO _ EFEITO _ SET-UP

2007 

71,29
 

 
 

 
 

 
No caso de estacas cravadas em argilas rijas, pode haver diminuição
das poropressões na argila ao redor do fuste, como conseqüência da
cravação. Neste caso, haveria uma migração da água dos poros, contrária
à referida anteriormente, provocando uma espécie de amolecimento da
argila numa região anelar no entrono do fuste, tendo como conseqüência
uma redução da capacidade de carga da estaca com o decorrer do tempo,
a partir da cravação.

Lembra-se que o comportamento de areias compactas, quando cisalhadas,


dilatam (fenômeno da dilatância) e desta forma são propensas ao
fenômeno da RELAXAÇÃO.

Relação entre os fenômenos desencadeados no solo pela cravação e as resistências de


estacas aos últimos golpes na cravação (associados à resistência dinâmica) e aos primeiros
golpes de recravação (associados à resistência estática)_ Yang 1970.
MECANISMO DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA EM
PROFUNDIDADE (Anjos, 2006) *GeoFine*

 
FUNDAÇÕES ESCAVADAS - PROVAS DE CARGA INSTRUMENTADAS

L = 7m ; Df = 0,76 m [CH-ML – Argila Siltosa]


TUBULÃO

Reese & ONeill – 1976

Beaumont Clay – Texas – USA

L = 7m ; Df = 0,76 m ; Db = 2,28 m [CH-ML – Argila Siltosa]

550
Wtub= 137 kN 500

450
Carga no topo da fundação (kN)

400

350

300

250

200

150

100

50

-50
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento do topo da fundação (mm)

Fuste Base Total

ENSAIO RÁPIDO [QML]


Ainda avaliaram:

L = 7m ; Df = 0,76 m [CH-ML – Argila Siltosa] - Qb=0

L = 14m ; Df = 0,76 m [CH-ML – Argila Siltosa]


RESULTADOS DE PROVAS DE CARGA INTRUMENTADAS DE ESTACAS DE CONCRETO ARMADO 

ESTACAS CRAVADAS 

 
 

 
 

 
Gary Axelsson_1998 
Estaca Quadrada Cravada‐ B= 235 mm ‐ L = 19,1 m 
Peso do Martelo 40 kN; Altura de Queda= 20 cm 

 
Efeito da Carga Residual – Estaca Cravada 

 
 

 
Carga residual: Nenhum efeito sobre Qt Diferente para Qb (<) e Ql(>>>) 
PROVA DE CARGA – Estaca Escavada – El Mossallamy, 1999 

 
 

 
 
PROVA DE CARGA – Estaca Escavada – Fellenius, 2007 

 
QUESTIONAMENTOS: 

E SE FOSSE USADO ALGUM MÉTODO DE EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA 
CARGA‐DESLOCAMENTO, ESSE(S) MÉTODOS OBTERIAM SUCESSO ? 

A REALIZAÇÃO DAS PROVAS DE CARGA DEU‐SE 6 DIAS APÓS A 
CRAVAÇÃO DAS MESMAS. E SE FOSSE 60 DIAS APÓS....                     
OS RESULTADOS OBTIDOS SERIAM OUTROS ? (EFEITO SET‐UP ?) 

OS RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA EM PROFUNDIDADE 
LEVAM EM CONTA O EFEITO DAS CARGAS RESIDUAIS ? 

FOI AVALIADA E LEVADA EM CONSIDERAÇÃO A INFLUÊNCIA DA 
DISTÂNCIA DAS ESTACAS DE REAÇÃO SOBRE A RESPOSTA DO 
SISTEMA ESTACA‐SOLO ENSAIADOS ? 

PODE‐SE AFIRMAR QUE, A PARTIR DOS RESULTADOS OBTIDOS, HÁ 
RUPTURA DO SISTEMA FUNDAÇÃO‐SOLO ? (Qb e Ql rompem ?) 
 

SE OS RESULTADOS FOSSEM OBTIDOS USANDO ENSAIOS RÁPIDOS 
OU LENTOS, OS RESULTADOS DE CAPACIDADE DE CARGA SERIAM 
OS MESMOS ? E COM RELAÇÃO AO RECALQUE ? 
 

 
TUBULÕES – APÓS ESCAVAÇÃO (Embre – DF)
Cap.10 – Fundações em Tubulões
2

Figura 2

Fases de execução de tubulão a céu aberto

1. Escavação Manual ou mecânica do fuste;


2. Alargamento da base e limpeza;
3. Colocação da armadura e concretagem;
4. Tubulão pronto.

Prof. José Mário Doleys Soares


Cap.10 – Fundações em Tubulões
3

Tubulão a Céu Aberto

Prof. José Mário Doleys Soares


3.0 Capacidade de Carga de Tubulões

3.1 Comportamento dos Tubulões

Embora seja considerada uma fundação profunda, por causa da sua profundidade de embutimento ser
relativamente grande, o tubulão também pode ser enquadrado no grupo das fundações diretas, visto
que praticamente toda a carga é transmitida pela base (Cintra et al, 2002).
Os tubulões a céu aberto são usados praticamente para qualquer faixa de carga, sendo seu limite de
carga limitado pelo diâmetro da base. Uma vantagem importante: durante sua execução não há
incidência de vibrações no terreno e em áreas adjacentes. De uma maneira geral, a base deve ter o
diâmetro limitado a 4 metros. É oportuno ressaltar que, menos o volume do bloco, o volume de dois
tubulões (cujo fuste seja ≥ 0,70m) é menor que o de apenas um, para a mesma carga. Daí, às vezes,
parece ilusório acreditar que o uso de um tubulão com base muito grande é melhor do que dois tubulões
de base menor.
Quando solicitado por uma vertical de compressão, as forças presentes num tubulão são as indicadas
na Figura 7.13.

Figura 7.13 – Esquema de carregamento vertical de compressão em um tubulão.

Para estabelecer a condição de equilíbrio, pode-se escrever:

Q + G = Qsm + Qbm (67)

com Qsm = ms . Qsf (67A)


Qbm = mb . Qbf + σ´vb (67B)

em que Qsm = parcela mobilizada de resistência lateral.


Qbm = parcela mobilizada de resistência de base.
ms e mb = fatores de mobilização de carga lateral última e da carga última de base,
respectivamente.
Qsf e Qsb = cargas limites últimas na ligação tubulão-solo e no apoio da base, respectivamente.
σ´vb = tensão vertical efetiva na cota de apoio do tubulão.

217
G = peso próprio do tubulão.
Ls = comprimento do fuste.

Tem sido prática comum desprezar a resistência lateral ao longo do fuste de tubulões, e deste modo
considera-se que toda a carga do pilar é transmitida através da base. Esse procedimento pode estar
correto no caso de tubulão pneumático com camisa de concreto armado, moldada in loco, em que pelo
processo executivo, o solo lateral fica praticamente descolado do fuste. Neste caso, é bem mais prático
usar o conceito de tensão admissível também para o projeto de fundações por tubulões, conforme
sugerem Cintra el al. (2003).
Usando-se o conceito de tensão admissível, o cálculo da capacidade de carga de um tubulão pode ser
feito por um dos métodos teóricos, semi-empíricos, ou empíricos, tal como se faz, por exemplo, com
uma sapata. Alonso (1983) apresenta uma equação semi-empírica baseada no SPT, onde a tensão
admissível do tubulão é obtida por:

N
σ adm = [MPa] (68)
30
em que N é o valor médio da resistência à penetração do solo na região do bulbo de tensões gerado
pela base do tubulão. A Equação 68 é válida para valores de 6 ≤ N ≤ 18.
Para solos arenosos, a tensão admissível na base de tubulões ainda pode estimada por meio de tabela
de tensões admissíveis, como por exemplo, a que consta na NBR 6122 (1996). Naquela tabela o valor
da tensão admissível pode ser obtido por:

σ adm = 2σ 0, + q ≤ 2,5 σ 0 (69)

onde σ´0 é o valor de σ0 corrigido, obtido da referida tabela, incorporando devidamente o efeito do
tamanho da base do tubulão (Equação 69A), e q é o valor da tensão vertical ao nível da cota de base do
tubulão.


σ 0, = σ 0 1 +
1,5
(B − 2) com B ≤ 10m (69A)
 8 

Entretanto, Décourt et al. (1998) relatam diversos casos de provas de carga em tubulões, nos quais fica
evidenciado que sob baixas deformações (admissíveis) a parcela de resistência lateral, para tubulões
longos, é expressiva. Menciona-se que essa resistência se desenvolve plenamente (ms = 1,0) com
deformações da ordem de 5 a 10 mm, independentemente do diâmetro do fuste (Df), enquanto que a
plena mobilização da resistência de base somente se efetiva para deformações da ordem de 10% a
20% do diâmetro da base (muito grande). Portanto, para a carga de trabalho, o tubulão pode ter um
comportamento real muito diferente do previsto em projeto, na hipótese da parcela de atrito lateral não
ter sido considerada.
A parcela de resistência de base de um tubulão pode ser obtida empregando-se as mesmas expressões
usadas para sapatas. Já para a estimativa da parcela de atrito lateral, existem diversas metodologias.
Caputo (1977) apresenta uma estimativa da parcela de atrito lateral em tubulões, que depende apenas

218
do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 7.20. É importante ressaltar que os valores presentes na
tabela devem ser encarados apenas como estimativas preliminares, pois a mobilização das parcelas
resistentes depende dos recalques e do tipo de solo, da forma de execução, do comprimento e da
relação Dbase/Dfuste do tubulão (Décourt et al., 1998).

Tabela 7.20 – Indicação de valores preliminares para previsão do atrito lateral em tubulão
(Caputo, 1977).
Atrito lateral unitário
Tipo de solo
(kN/m2)
Solo orgânico ou argila mole 5
Silte e areia fina fofa 5 a 20
Areia argilosa fofa e argila média 20 a 50
Argila rija 50 a 100

3.2 Tubulões a Céu Aberto

Os tubulões a céu aberto são elementos estruturais de fundação construídos concretando-se um poço
aberto no terreno, geralmente dotado de uma base alargada. Este tipo de tubulão é executado acima do
lençol freático (natural ou rebaixado). Existindo apenas carga vertical, os tubulões a céu aberto não
precisam ser armados, colocando-se apenas uma ferragem de topo para ligação com o bloco de
coroamento ou de capeamento, conforme mostrado na Figura 7.14.
O fuste de um tubulão a céu aberto é de seção circular, a dotando-se o diâmetro mínimo de 0,7m,
enquanto a projeção da base poderá ser também circular ou em forma de falsa elipse. No caso da base
ser em falsa elipse, a relação a/b deverá ser no máximo igual a 2,5 (ver Figuras 7.15 a e b). A solução
em falsa elipse é muito empregada quando se tem tubulões próximos e a área da base de um com
seção circular tende a se sobrepor ao vizinho.
A área da base (Ab) do tubulão é calculada de maneira análoga ao cálculo da área de uma fundação
superficial, ou seja:
P
Ab = (70)
σ adm
em que P é a carga do pilar e σadm é a tensão admissível do terreno.

Figura 7.14 – Tubulão a céu aberto – Detalhes de projeto (Alonso, 1983).


219
ideal é H<= 1,8 m
PREMISSA
ERRÔNEA !
ver Pag. 393
NBR 6122/2010:
Tensão do concreto = 6 MPa

Volume correto !
3.3 Tubulões a Ar Comprimido

No caso da camisa ser de concreto, todo o processo de cravação da camisa, abertura e concretagem
da base é feito sob ar comprimido, visto que todos estes serviços são executados manualmente. Se a
camisa é de aço, a cravação da mesma é feita com auxílio de equipamentos e, portanto, a céu aberto,
sendo apenas os processos de abertura e concretagem da base sob ar comprimido.
A pressão máxima de ar comprimido, na prática, deverá se limitar a 30 kPa, o que limita os tubulões
pneumáticos a 30 m de profundidade.
Se o tubulão for com camisa de concreto, o dimensionamento do fuste é de maneira análoga ao cálculo
de um pilar, dispensando-se a verificação da flambagem, se o tubulão for totalmente enterrado. O
cálculo é feito no estado-limite de ruptura:

fck f ´ yk
1,4 N = 0,85 A f + As (77)
1,5 1,15

em que N = a carga do pilar


Af = área do fuste
As = seção necessária da armadura longitudinal
fck e f´yk = resistências características à compressão, do concreto e do aço, respectivamente.

Tendo-se em vista que o trabalho se dá sob ar comprimido, os estribos deverão ser calculados para
resistir a uma pressão 30% maior que a pressão de trabalho, admitindo-se a inexistência de pressões
externas de terra ou de água. Neste caso, a força radial, F, será:

F = 1,3 ⋅ p × R (78)
ou
1,61F
As = (78A)
f yk
As indicações se encontram na Figura 7.16, onde R é o raio do fuste e p a pressão de ar no tubulão.

Figura 7.16 – Esforços adicionais nos estribos por causa da pressão de ar no tubulão.

221
Tubulão a Ar Comprimido...
- Revestimento das paredes do fuste pode ser feito com anéis de concreto ou anéis
metálicos.

B.1 – Tipo Benoto:

- Executado com cravação mecânica de tubo metálico de espessura ¼”;


- Diâmetro do tubo é igual ao diâmetro do fuste;
- concreto utilizado pode ser o ciclópico e o utilizado para a concretagem do fuste pode
ter um fck = 9,5 MPa (95 kgf / cm2), pois o tubo metálico de aço é considerado como
um reforço para os esforços de compressão.
- Escavação após a cravação do tubo é feita manualmente.

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6
Treliça para coloção da
campânula e do tubo
metálico

Peso

Cinta metálica

Tubo metálico

Solda para emenda

Braço
Máquina Benoto

Rotação

Peso

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7
Tubulão a Ar Comprimido...
B.2 – Tipo Pneumático: (anel de concreto)

Características gerais:

- Revestimento das paredes laterais do fuste é feito com anéis de concreto com diâmetro
externo igual ao diâmetro do fuste.
- Os anéis de concreto, movem-se verticalmente pelo peso próprio;
- Escavação é feita manualmente;
- As escavações feitas abaixo do N.A. são feitas manualmente com o auxílio de uma
campânula;
- O diâmetro interno ≥ 0,70 m (diâmetro do fuste).

Detalhe construtivo:

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8
Campânula

Ar
Comprimido

Anel
de
Concreto

2,0 a 3,0 m
N.A.

Detalhe construtivo da campânula de compressão:

Cachimbo
de
armadura

Porta
Cachimbo
de
Concretagem

Cachimbo para
retirada de solo

Ar
Comprimido

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9
Considerações da NB – 51/78: (recomendações)

1- Os centros de gravidade da área do fuste e da base devem coincidir com o ponto de


aplicação da carga do pilar, (exceto em pilar de divisa), e em qualquer caso os
centros de gravidade da área da base e do fuste devem coincidir.
2- No caso de tubulão sem revestimento, o coeficiente de minoração da resistência do
concreto γc deve ser tomado igual a 1,6 tendo em vista as condições de
concretagem, com revestimento γc = 1,5.
3- Desde que a base esteja embutida em material idêntico ao do apoio, num mínimo de
20 cm, o ângulo α pode ser adotado igual a 60º independente da pressão admitida de
armadura de base.
4- A altura do alargamento da base (H) não deve ser superior a 2,0 m, a não ser em
casos plenamente justificados.
5- O peso próprio do tubulão não é considerado nos cálculos, pois na fixação da tensão
admissível do solo, na cota de apoio, supõe-se a resistência lateral ao longo do fuste
igual ao peso próprio do tubulão.

A- Pilar isolado

Pilar

Bloco de
transição

F Va
H

60
°

0,2 m (Rodapé)

Vista em planta:
Onde:

F = Diâmetro do fuste = Diâmetro


B
F

B = Diâmetro da base = Diâmetro


H = Altura da base

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10
O fuste deve ser dimensionado com pilar, ou seja, peça estrutural de concreto submetida
a uma compressão.

Æ Adota-se coeficiente de majoração de carga γf = 1,4.

Æ Adota-se coeficiente de minoração de resistência do concreto (γc).


Sem revestimento: γc = 1,6
Com revestimento: γc = 1,5

Æ Multiplica-se a resistência característica do concreto pelo coeficiente de 0,85 para


levar em conta a diferença entre resultados de ensaios rápidos de laboratório e a
resistência do concreto sob a ação de cargas de longa duração.

4 × (1,4 × P)
F= = Diâmetro do fuste
fck
π × 0,85 ×
γC

Æ A base é calculada para que não ultrapasse a tensão admissível do solo na cota de
apoio do tubulão.

4× P
B= = Diâmetro da base
π ×σ S

Æ A altura H do alargamento é função da inclinação α que por sua vez deve ser tal que
não haja necessidade de introdução de ferragem na base.

B−F
H= × tgα = Altura da base; onde α = 60º
2

Exemplo nº 01:

Dimensionar um tubulão para uma carga P = 255 t, com um concreto 100 kgf / cm2 e
um solo com σs = 50 tf / m2 na cota de apoio da base, sendo um pilar isolado, admitir
tubulão com revestimento.

4 × (1,4 × P) 4 × (1,4 × 255)


F= = = 0,89 ∴ 0,90m
fck 1000
π × 0,85 × π × 0,85 ×
γC 1,5

4× P 4 × 225
B= = = 2,54m ∴ 2,55m
π ×σ S π × 50

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11
B−F 2,55 − 0,90 2,55 − 0,90
H= × tgα = × tg 60º = × 1,73 = 1,42m ∴1,45m
2 2 2

F = 0,90 m

B = 2,55 m
H= 1,45 m

F = 0,90 m
B=2,55m

Onde:
0,20 m

F = 0,90 m
VB = 4,16m 3 B = 2,55 m
H = 1,45 m

Como calcular o volume para a base circular (VB):

r
π ×h
V1 = × (R 2 + r 2 + R × r)
3
h
R V2 = π × R 2 × h0

ho VTOTAL = V1 + V2 = VB

H = h + ho; onde h0 = altura do rodapé


R
r
V1

V2

Base do tipo comum circular

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12
Exemplo nº 02:

Pilar isolado
Seção de 0,80 X 0,60 m
Carga P = 840 tf
fck do concreto = 95 kgf / cm2 = 9,5 MPa = 950 tf / m2
σs = 6,0 kgf/cm2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.

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13
B- Pilar de divisa (alavancado)

Æ Não se executa tubulão com base circular, porque a excentricidade da peça seria
muito grande.

Æ Usamos alargamento da base na forma de falsa elipse:


1 retângulo
2 semicírculos

Æ Viga alavanca ou de equilíbrio

Æ A distância do centro do fuste a base da divisa, “a”, deve se situar no intervalo de:
1,2 a 1,5 m

Æ Uma vez escolhido o valor de “a” a excentricidade esta definida:

ba
e = a − 2,5 cm − Onde: ba = menor dimensão do pilar / 2,5 cm = folga
2

P1 × l ΔP
R1 = R2 = P2 − Onde : ΔP = R1 − P1
l −e 2

Æ A falsa elipse, composta de um retângulo e dois semicírculos, é calculada de tal


forma que a área total, “A”, transmita carga para o solo, em função de sua pressão
admissível, assim, conhecendo-se esta área “A”, calcula-se o disparo “X”.

R1 π × B2 A π
A= A= + B× X X = − ×B
σS 4 B 4

Onde B ≅ 2a (Por causa das limitações de espaço)

Æ A altura deve ser calculada de tal forma que na maior dimensão seja respeitado o
ângulo de 60º com a horizontal.

B+ X −F
H= × tg 60º
2

Æ Deve-se limitar o disparo “X” no máximo ao diâmetro dos semicírculos:

X ≤B

Æ Os centros de gravidade das áreas do fuste e da base devem estar sobre o eixo da
viga alavanca.

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14
Observar a ilustração com muita atenção!

f
X

Esquema Estático :

P1 P2 l
DIVISA

P1 P2

R1 R2

R1 R2

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15
Exemplo nº 03:

Dados
Pilar de divisa:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 6,0 kgf/cm2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.

2,5 cm (folga)

6,00

P1 = 325 tf P2 = 430 tf

Divisa
1,0

1,0
0,50 0,60

Dimensionamento do P1:

a = 1,20 m (adotado) (de 1,2 a 1,5 m)

e = a – 2,5 cm – ba / 2 (ba: menor dimensão do pilar)

e = 1,20 – 0,025 – 0,50 / 2 = 0,925 m

P1 × l 325 × 6 1950
R1 = = = = 384,23tf
l − e 6 − 0,925 5,075

R1 384,23
A= = = 6,40m 2
σS 60

B = 2 × a = 2 × 1,20m = 2,40m

A π 6,40 π
X = − ×B = − × 2,40 = 0,77 ∴ 0,80m
B 4 2,40 4

Mas, X ≤ B.

Portanto OK!

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16
4 × (1,4 × P) 4 × (1,4 × 384,23)
F= = = 1,13 ∴1,15m (neste caso : P = R1 )
fck 1000
π × 0,85 × π × 0,85 ×
γC 1,6

B+ X −F 2,40 + 0,80 − 1,15


H= × tgα = × tg 60º = 1,77 ∴1,80m
2 2

F = 1,15 m

X = 0,80 m
VB = 6,55m3

B = 2,40 m

Dimensionamento do P2:

ΔP (384,23 − 325)
R2 = P2 − = 430 − = 400,38tf
2 2

4 × (1,4 × P) 4 × (1,4 × 400,38) 2242,12


F= = = = 1,15m
fck 1000 1668,12
π × 0,85 × π × 0,85 ×
γC 1,6

4× P 4 × 400,38
B= = = 2,91m ∴ 2,95m
π ×σ S π × 60

B−F 2,95 − 1,15 2,95 − 1,15


H= × tgα = × tg 60º = × 1,73 = 1,55m
2 2 2

π ×h
V1 = × (R 2 + r 2 + R × r)
3
V2 = π × R 2 × h0
B = 2,95 m
F = 1,15 m

VTOTAL − BASE = V1 + V2 = VB = 6,11m 3


H = h + ho

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17
Como calcular o volume para a base falsa elipse (VB):

r
π ×h
V1 = × (R2 + r 2 + R × r)
3

x×h
V2 = × (R + r)
2

h
V3 = (π × R 2 + 2 × R × r ) × h0

VTOTAL = V1 + V2 + V3
R R

ho

V1
R R
r
V2

V3
x

H = h + ho; onde h0 = altura do rodapé

Base do tipo "falsa elipse"

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18
Exemplo nº 04:

Dados
Pilar de divisa:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 6,0 kgf / cm2 = 60 tf / m2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.

2,5 cm (folga)

4,00

P1 = 400 tf P2 = 300 tf

Divisa

0,3
0,6

0,3 0,3

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19
C- Tubulão de pilares próximos:

Conselhos importantes:
Æ Não associar fundação de dois ou mais pilares com um único tubulão.
Æ Ocorrendo superposição das áreas da base, deve-se utilizar falsa elipse.

Observações gerais:
A. Caso os pilares estejam tão próximos que não seja possível a solução trivial, afasta-
se o centro de gravidade dos tubulões e introduz-se uma viga de ligação.

Viga de Interligação
Solução trivial comum

B. Para pilares muito longos em seção transversal é aconselhável a utilização de dois


tubulões na forma de falsa elipse. (l > 2,00 m).

Podem Encostar

Pilar

Viga de Interligação

C. Na mesma cota de apoio: os tubulões podem encostas as suas bases.

Cota de apoio

Podem encostar

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20
Exemplo nº 05:

Dados
Pilares próximos:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 5,0 kgf / cm2 = 50 tf / m2
Admitir tubulão a céu aberto com revestimento.

P1 = 560 tf P2 = 560 tf

0,60

0,60
0,60 0,60

2,00

Como os pilares são próximos e as bases dos tubulões irão se sobrepor, devemos
utilizar base na forma de falsa elipse, afastando o centro de gravidade do tubulão em
relação ao centro de gravidade do pilar introduzindo a viga de rigidez.

4 × (1,4 × P) 4 × (1,4 × 560)


F= = = 1,33 ∴1,35m
fck 1000
π × 0,85 × π × 0,85 ×
γC 1,5

P 560
A= = = 11,20m 2
σS 50

Impondo X = B para que a base do tubulão fique o mais parecido a uma circunferência.

4× A 4 × 11,2
X =B= = = 2,51m ∴ 2,55m
π +4 π +4

B+ X −F 2,55 + 2,55 − 1,35


Altura da base = H = × tgα = × tg 60º = 3,24 ∴ 3,25m
2 2
2,00

1,00 1,00
Viga de Rigidez
2,55

1,35

H = 3,25 m

2,55 2,55

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21
D- Em cotas diferentes:

α : Deve respeitar

Para solo ≥ 60º


Para rocha ≥ 30º

E- Pilares de divisa com pequenas cargas:

Nestes casos geralmente o disparo x da valor negativo, e a melhor solução é um tubulão


na forma de cachimbo com armadura de fretagem, ou seja, sem coroamento, somente
com bloco circular com diâmetro do fuste.

A A
F = 0,80 m
0,4 0,4 0,4
Armadura
do Pilar
B = 0,80 x 1,20 m

H = 0,70 m

Bloco de
Fretagem
Corte A-A
Dimensões
0,2

mínimas
0,7

para
escavação
manual
1,20

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22
Anexo-01:

Projeto Tubulões 01
Projeto Tubulões 02

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23
1º Projeto – Tubulões:

Dado o perfil de sondagem abaixo:

a- Determinar a cota de apoio do tubulão (Tubulão a céu aberto sem revestimento).


b- Determinar a tensão admissível do solo na cota de apoio do tubulão.
c- Dimensionar os tubulões dos pilares na planta em anexo.
d- Calcular o provável volume de escavação.

SPT Descrição do material (m)


5
Argila silto arenosa, mole a rija, vermelha
8
clara/escura. (solo residual)
12 3.00
22
25
32 Argila silto arenosa, dura, variegada, N.A
vermelha clara/escura, amarela escura. 6,5
45 (solo residual)
25/1
I.P. 9.00
I.P. = Impenetrável a percussão

Obs-01: Admitir fck do concreto = 135 kgf/cm2


Obs-02: Para calcular o volume de escavação, montar um tabela de resumo de cálculos.
Obs-03:
VF = Volume do fuste
VB = Volume da base
VT = VF + VB
Tabela:
Resumo dos cálculos:

Pilar Carga B F H VF VB VT
Nº (tf) (m) (m) (m) (m3) (m3) (m3)
01
02
03
04
05

Volume total escavado m3

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24
2º Projeto – Tubulões:

Dado o perfil de sondagem abaixo:

a – Determinar a cota de apoio do tubulão (Tubulão a céu aberto sem revestimento).


b – Determinar a tensão admissível do solo na cota de apoio do tubulão.
c – Dimensionar os tubulões dos pilares na planta em anexo.
d – Calcular o provável volume de escavação.
e – Calcular o provável volume de concreto (concreto fck = 135 kgf/cm2)

SPT Descrição do material (m)


2 Argila silto arenosa, mole a rija,
vermelha clara/escura. (solo residual)
2
2.00
6
Argila silto arenosa, variegada, vermelha
18
clara/escura, amarela clara. (solo
11 residual)
32 6.00
38
42
Argila silto arenosa, com fragmentos de
45 rocha em decomposição, variegada, N.A.
vermelha clara, amarela clara, preta. 10.00
30/2 (solo saprolítico)
30/1
I.P. 12.00
I.P. = Impenetrável a percussão

Obs-01: Admitir cota de arrasamento do concreto = 0,7 m da superfície


Obs-02: Para calcular o volume de escavação, montar um tabela de resumo de cálculos.
Obs-03:

VF = Volume do fuste
VB = Volume da base
VT = VF + VB

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25
Tabela:
Resumo dos cálculos:

Pilar Carga B F H VF VB VT
Nº (tf) (m) (m) (m) (m3) (m3) (m3)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
PT
PT

Volume total escavado m3

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26
Anexo-02:

Locação dos pilares – Projeto Tubulões 01


Locação dos pilares – Projeto Tubulões 02
Locação dos pilares – Projeto Tubulões 03
Volumes de escavação

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27
CÁLCULO DO VOLUME DA BASE DOS TUBULÕES
r
π ×h
V1 = × (R2 + r 2 + R × r)
3

x×h
V2 = × (R + r)
2

h
V3 = (π × R 2 + 2 × R × r ) × h0

VTOTAL = V1 + V2 + V3
R R

ho

V1
R R
r
V2

V3
x

Base do tipo "falsa elipse"


r
π ×h
V1 = × (R 2 + r 2 + R × r)
3
h
R V2 = π × R 2 × h0

ho
VTOTAL = V1 + V2

R
V1
r

V2

Base do tipo comum (circular)


TUBULÕES - EXERCÍCIOS

Anjos (2006)
7.0 Grupos de Estacas e Tubulões

Freqüentemente, as estacas e, às vezes, os tubulões, há o trabalho em grupo, o que se caracteriza pela


ligação estrutural do topo, geralmente feita por um bloco de coroamento, onde o espaçamento entre as
os eixos das estacas situa-se entre 2,5B e 4B. Esse agrupamento de elementos de fundação produz
fenômenos de interação, cujo efeito é função dos tipos de estaca e natureza do terreno. Nesta
condição, a capacidade de carga e os recalques do grupo não são os mesmos do comportamento de
uma estaca isolada, devido à superposição de tensões entre estacas próximas através do solo que as
circunda. Nas Figuras 7.36a e 7.36b são feitas comparações da propagação de tensões na região da
ponta de uma estaca e de um grupo de estacas, respectivamente. Esta diferença é denominada “efeito
de grupo”, que é definido pela norma brasileira da seguinte forma: “processo de interação das diversas
estacas ou tubulões que constituem uma fundação, ao transmitirem ao solo as cargas que lhes são
aplicadas”. Dessa forma, o recalque admissível da estrutura deve ser comparado ao recalque do grupo
e não ao de um elemento isolado de fundação.
Um grupo de estacas se origina de cargas elevadas nos pilares em relação à carga de trabalho das
estacas disponíveis, de tal sorte que muitas vezes são necessárias várias estacas para suportar a carga
de um único pilar (ver Figura 7.36b).

Figura 7.36 – massa de solo mobilizada pelo carregamento de (a) uma estaca isolada e (b) de um grupo
de estacas.

7.1 – Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Areia

De forma geral, as estacas quando instaladas muito próximas se comportam como se fosse um bloco, o
que é indesejável, visto que o solo nesta situação deixa de atuar quanto ao atrito lateral nas estacas
internas do conjunto. O efeito desejável do atrito lateral solo-estaca é pleno quando o espaçamento
mínimo entre os eixos das estacas é da ordem de 3B. Geralmente considera-se como elemento
individual quando o espaçamento é maior que 7B.

244
Em areias fofas, a cravação de estacas próximas provoca a compactação do solo em torno delas. Isso
faz com que a resistência do grupo seja maior do que a soma das capacidades de carga das estacas
isoladamente, o que acontece quando o espaçamento entre as estacas é entre 2B e 3B. No caso de
areias compactas, tem sido difícil mensurar um efeito positivo: pelo contrário, ele pode ser até negativo
ou causar danos às estacas já executadas, caso o espaçamento seja muito pequeno.
A literatura tem mostrado que a capacidade de grupos de estacas em areia sempre supera a soma das
capacidades das estacas individuais, e que a carga de ponta é pouco afetada pelo efeito, enquanto que
o atrito lateral pode aumentar até três vezes.
Não há uma teoria racional para estimar a capacidade de carga de grupo de estacas. Na prática da
Engenharia de Fundações, tem sido adotada uma postura conservadora, favorável à segurança,
adotando-se a eficiência de um grupo de estacas cravadas igual a 1, ou seja:
n
Q grupo = ∑ Qr (isolada) (94)
1

onde: Qgrupo = capacidade de carga do grupo


Qr(isolada) = capacidade de carga de cada estaca indivualmente

No caso de estacas escavadas, a prática também tem revelado uma posição mais conservadora dos
profissionais, utilizando eficiências inferiores à unidade, mais freqüentemente igual a 0,7:
n
Qgrupo = 0,7∑ Qr (isolada ) (95)
1

7.2 – Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Argila

Postura semelhante tem sido adotada no caso de grupos de estacas em argilas, onde a capacidade de
carga do grupo é sempre menor do que a soma das capacidades individuais de cada estaca. Conforme
apresentado por Presa e Pousada (2002), pode-se estimar a eficiência (η) de um grupo de estacas
instaladas em argilas, através da fórmula empírica de “Efeito de Grupo de Los Angeles”, isto é:

η =1−
[
Φ m(n − 1) + n(m − 1) + 2 (m − 1)(n − 1) ] (96)
π m⋅n

em que: Φ = arc cotg (e/B)


m = número de estacas por linha
n = número de estacas por coluna
e = espaçamento entre eixos de estacas

245
Capacidade de Carga de Grupo de Estacas

Esta capacidade é, em geral, diferente do somatório das capacidades individuais de cada


estaca isoladamente:

Qult , grupo
η η → eficiência da estaca
N °⋅ Qult ,estaca →individual

Onde η dependerá do tipo e forma da estaca, de seu processo executivo, tamanho e,


principalmente, espaçamento entre as mesmas.

Chellis, 1962:
η< 1 ocorre em função da superposição dos bulbos de pressão. É eliminado com s ≥ 0,1L.

Velloso e Lopes, 1996:


Em argilas, η=1 para s ≥ 2,5d

Winterkorn e Fang, 1975:


Em areias, η>1 para s< d. (kp/ko)

Bowles, 1988:
Em areia, espaçamento ótimo: 2,5 a 3,5 d [qqsolo, espaçamentos máximos: 8,0 a 10,0 d]

ASCE Comitte an Deep Foundation, CDF 1984


Estacas flutuantes em areia: s ≈ 2 a 3d, η≥1 ; Estacas flutuantes em argilas: η< 1

Vesic, 1967: Estacas cravadas em areia, no geral: η≥1


Exemplo: Para um pilar com carga de 280 tf, dimensionar um bloco cuja estaca
escolhida, pré-moldada, tenha uma capacidade de carga admissível estrutural de
50tf, e a eficiência do grupo, calculada, seja de η = 0,87.

Qult , grupo
n°estacas = , Qult ,estaca = Qadm × FS = 3Qadm , geot = 3Qadm ,est
η ⋅ Qult ,estaca

3 × 280
Qult ,estaca =3 × 50 =150tf , n º estacas = =6, 4 → 7 estacas
0,87 ×150
Existem vários métodos “empíricos” para a determinação da eficiência do grupo. Estes
destacam o método de Converse – Labarre (AASHTO: Fundações de pontes)
(n − 1)m + (m − 1)n D
η = 1 −θ ⋅ ,θ = tan −1 ( ) graus
90 ⋅ m ⋅ n S

Exemplo: Calcular a eficiência do grupo abaixo, considerando D=0,4.

m = N° de colunas = 5 ; n = N° de linhas = 3; θ = tan-1(D/S) = tan-1(0,4/1,0) = 21,8°


(3 − 1) × 5 + (5 − 1) × 3
η = 1 − 21,8 ⋅ = 0,64
Logo 90 ⋅ 5 ⋅ 3
O valor de s > 2,5d (esp. ótimo em areia) é bem provável que η na prática seja ≅1,0.

OBS: Segundo a NBR6122 (7.7.2,3) a carga admissível do grupo deve ser menor ou igual a
de uma sapata assente em L/3, conforme abaixo:

verificar na Nova NBR 6122 !


Exemplo: Grupo de Estacas:
Análise em Termos Totais e Efetivos
5) Um grupo de estacas consistindo de 9 estacas, cada uma com 0.4 m de diâmetro, é
arranjada numa matriz 3 x 3 matrix e espaçamento de 1.2 m. As estacas penetraram em
solo mole em que:

( su = 20kPa, φ ' cs = 30°, γ = 17 kN / m ³ γ sat = 18kN / m³ , OCR = 1) de espessura 8 m e


embutidas em 2m em uma argila rija em que:

su = 90kPa, φ ' cs = 28°, γ = 17,5kN / m³ γ sat = 18,5kN / m³ , OCR = 5)

Calcule a capacidade de carga do grupo com fator de segurança igual a 3: O N.A encontra-
se a 2 m de profundidade mas pode subir até a superfície devido a variações sazonais.

RESOLUÇÃO: Capacidade do grupo como Bloco e Individualmente


D = 0, 4 m
Estaca Isolada
π D π=
Perímetro := 0, 4 1, 2 6 m
π D2 π 0, 42
=
Ab = = 0,126 m²
4 4
Grupo Perímetro = ( 2 s + D ) = 4  2 (1, 2 ) + 0, 4  = 1 1, 2 m
Área da Base =( Ab ) g =( 2 s + D ) =2,82 =7,84 m 2
2

Calcule a capacidade de carga usando análise em termos Totais: TSA. Grupo de Estacas

ArgilaRija
Atrito lateral – Argila mole

αu = 1
su = 20 kPa
(Q )f softclay
=α u su × ( Perímetro ) g × Comprimento =1× 20 × 11, 2 × 8 =1792 kN

Ql(rija) = 0,5 * 90 * 11,2 * 2 = 1008 kN

Base – Argila Rija

(Q )f stiffclay
=9 ( su )b Ab =9 × 90 × 7,84 =6350, 4kN

Capacidade de Carga do Grupo

( Qult ) gb = ( Q f )argila mole + ( Q f )argila rija + ( Qp )argila rija


( Qult ) gb = 1792 + 1008 + 6350, 4 = 9150, 4 kN

TSA – Modo de Ruptura Individual da estaca isolada

Atrito lateral – Argila Mole

(Q )f softclay
=α u su × ( Perímetro ) g × Comprimento =1× 20 ×1, 26 × 8 = 201,1 kN

Atrito lateral – Argila Rija

(Q )f stiffclay
= 0,5 × 90 ×1, 26 × 2= 113, 4kN

Base – Argila Rija

(Q )p stiffclay =9 ( su )b Ab =9 × 90 × 0,126 =102,1kN


Capacidade de carga individual

Qult = ( Q f ) + (Q f ) + ( Qp )
argila mole argila rija argila rija

Qult = 201,1 + 113, 4 + 102,1 = 416, 6 kN

Capacidade de carga do GRUPO

n=9
( Qult ) g =
nQult =
9 × 416, 6 =
3749 kN

Passo 3 – Calcule a capacidade de carga última usando ESA (Análises em Termos efetivos)

ESA-Modo de Ruptura de Bloco

Assume N.A na superfície do Terreno – Desta forma φ ' cs = φ ' i

β= (1 − sin φ 'cs )( OCR ) tan φ 'cs


0,5

Argila mole
γ ' =18 − 9,8 =8, 2kN / m³
Argila rija γ ' = 18,5 − 9,8 = 8, 7kN / m³
β = (1 − sin 30° )(1) tan 30°= 0, 29
Argila mole 0,5

Argila rija
β= (1 − sin 28° )( 5 ) tan 28°= 0, 63
0,5

Atrito Lateral

βσ 'z × Perímetro × L;
Qf =
8
Q=
f 0, 29 × 8, 2 × ×11, 2 ×= 8 852,3 kN Argila mole
2
Q=
f 0, 63 × ( 8, 2 × 8 + 8, 7 ×1) ×11, 2 ×=
82 1048,3 kN Argila rija

Base – argila rija

Q p = N q (σ 'z )b ( Ab ) g

Use a equação de Janbu com φ ' cs = φ ' and ψ p = π / 2 Ângulo de plastificação:


60° (argilas mole) a
105° (areias compactas)
( ) π 
2
=
Nq tan 28° + 1 + tan 2 ( 28° ) exp  2 tan=
28°  14, 7
 2 
(σ 'z )b = 8 × 8, 2 + 2 × 8, 7 = 83 kPa
Qb= 14, 7 × 83 × 7,87= 83
9602,2
kPa kN
( Qu ) gb =852,3 + 1048, 6 + 9565,
9602,26 ==11466,5
11503 kN
kN Group load capacity

ESA-Modo de Ruptura individual

Atrito Lateral

Use proporção (entre as metodologias) desde que somente o perímetro foi modificado.

Base – Argila rija

1, 26
Q f = 852,3 × = 95,9kN
11, 2
1, 26
Q f = 1048, 6 × = 118kN
11, 2

0,126
Q p = 9602,2
9565, 6 × = 153,
154,37 kNkN
7,84

Capacidade de carga do grupo

Qult = 95,9 + 118 + 153,


154,37 = kN
367,
= 6368,2
kN kN
n=9
( Qult ) g =
nQult =
9 ×*367, 6=
368,2 =3308,
33144kN
kN

Passo 4: Decida qual o modo de ruptua e a condição que governa o projeto.

Capacidade de carga (kN)


Análises
Modo de Bloco Modo Individual

TSA 9150,4 3749

ESA 11466,5kN
11503 3308,4
3314 kN

3314 kN
A menor capacidade de carga é 3308,4 kN para ESA

( Qult ) g 33144
3308,
∴=
Qa = = 1103kN
FS 3

Neste exemplo têm-se que análise em termo efetivo governa o projeto com modo
individual de ruptura
Enquanto isso no MUNDO REAL......

31.500 tf

2000 tf

32.000 tf.m
Tabela 7.22 – Características de estacas tipo Franki (Velloso e Lopes, 2002).
Diâmetro Vb Vb Ab Ab Af P/m
mínimo usual mínimo usual Típico
(mm) (litros) (litros) (m2) (m2) (m2) (kgf/m)
350 90 180 0,243 0,099 180
400 180 270 0,386 0,126 200
450 270 360 0,316 0,505 0,159 250
520 360 450 0,453 0,542 0,212 300
600 450 600 0,710 0,283 400

5.0 Estimativas de Recalques de Fundações Profundas

5.1 Transferência de Carga e Recalque da Estaca para o Solo

É importante entender o comportamento da estaca desde o início do seu carregamento até acontecer a
ruptura, o que se dá a partir da mobilização da resistência de atrito lateral, de ponta ou de ambos. A
este estudo se dá o nome interação estaca-solo ou mecanismo de transferência de carga da estaca
para o solo, cujo entendimento pode ser facilitado com auxílio das Figuras 7.21 (a, b, c).
Na Figura 7.21a, mostra-se a carga aplicada à estaca e a reação do solo à estaca, representada por
tensões cisalhantes desenvolvidas ao longo do fuste (atrito lateral) e tensões normais na base
(resistência de ponta). A resultante das tensões cisalhantes (τ) é a carga de fuste (Qf) e a das tensões
normais é a carga de ponta (Qp), cujas parcelas equilibram a carga aplicada (Q). Na Figura 7.21b
apresenta-se um diagrama de carga axial da estaca para o solo, que corresponde a uma tensão de
atrito lateral uniforme ao longo do fuste (τs) e transferência de carga linear, enquanto que na Figura
7.21c mostra-se o deslocamento que sofre a estaca sob a carga Q, em que se percebe o recalque do
topo da estaca (w) e o recalque da ponta (wp). A diferença entre deslocamento do topo e o da ponta é o
encurtamento elástico da estaca (ρ), que compete ao elemento estrutural da estaca, ou seja, do seu
material constituinte.
O encurtamento elástico da estaca é obtido da seguinte forma:

L
Q( z ) 1
L
A diagrama
ρ=∫ dz = ∫ Q( z ) dz = (85)
0
AE AE 0 AE

Os diagramas de atrito lateral e de distribuição de carga ao longo do fuste mostrados nas Figuras 7.21a
e 21b correspondem a um atrito uniforme. Outros modelos de distribuição de atrito lateral são
propostos, a exemplo dos modelos não uniformes apresentados por Vésic (1977).

228
Figura 7.21 – Mecanismo de transferência de carga estaca-solo (Velloso e Lopes, 2002).

É importante ressaltar em relação ao mecanismo de transferência de carga estaca-solo que a


mobilização do atrito lateral exige deslocamentos muito menores que a mobilização da resistência de
base. Dessa forma, conclui-se que somente quando uma parte expressiva do atrito lateral está
esgotada é que a resistência de ponta começa a ser solicitada.

Transferência de Carga em Profundidade para Estaca Escavada - Anjos 2006


5.2 Métodos para Previsão de Recalques de Estacas

Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de trabalho (com coeficiente de
segurança igual ou maior que 2) são, geralmente desprezíveis, razão pela qual os valores não são
normalmente calculados. Todavia, caso julgue-se necessário fazer uma estimativa dos recalques, pode-
se recorrer aos métodos disponíveis na literatura técnica. Os métodos de previsão de recalques de
fundações profundas podem ser grupados em três categorias, conforme sugerem Velloso e Lopes
(2002):

i) Métodos baseados na Teoria da Elasticidade (Teóricos)


ii) Métodos Numéricos – Inclusive baseados em funções de transferência de carga
iii) Métodos Semi-Empíricos

Nesta apostila serão abordados os métodos (i) e (iii).

229
Figura 7.21 – Mecanismo de transferência de carga estaca-solo (Velloso e Lopes, 2002).

É importante ressaltar em relação ao mecanismo de transferência de carga estaca-solo que a


mobilização do atrito lateral exige deslocamentos muito menores que a mobilização da resistência de
base. Dessa forma, conclui-se que somente quando uma parte expressiva do atrito lateral está
esgotada é que a resistência de ponta começa a ser solicitada.

5.2 Métodos para Previsão de Recalques de Estacas

Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de trabalho (com coeficiente de
segurança igual ou maior que 2) são, geralmente desprezíveis, razão pela qual os valores não são
normalmente calculados. Todavia, caso julgue-se necessário fazer uma estimativa dos recalques, pode-
se recorrer aos métodos disponíveis na literatura técnica. Os métodos de previsão de recalques de
fundações profundas podem ser grupados em três categorias, conforme sugerem Velloso e Lopes
(2002):

i) Métodos baseados na Teoria da Elasticidade (Teóricos)


ii) Métodos Numéricos – Inclusive baseados em funções de transferência de carga
iii) Métodos Semi-Empíricos

Nesta apostila serão abordados os métodos (i) e (iii).

229
5.2.1 Métodos Teóricos (Teoria da Elasticidade)

5.2.1.1 Método de Poulos & Davis (1968)

Este método teórico propõe a previsão dos recalques de uma estaca, de forma cilíndrica, carregada
axialmente e instalada em uma massa de solo de comportamento elástico semi-infinito. Os
deslocamentos que ocorrem no solo são obtidos através da equação de Mindlin. Para a aplicação do
método, supõe-se que exista compatibilidade entre os deslocamentos da estaca e os deslocamentos do
solo adjacente para cada elemento da estaca (ver Figura 7.22). Inicialmente foi obtida a solução para
uma estaca considerada incompressível instalada em um meio elástico semi-infinito com coeficiente de
Poisson da ordem de 0,5:

QI 0
r= (86)
EB

Figura 7.22 – Estaca embutida em camada finita (Poulos & Davis, 1968).

em que

Q = carga na estaca
L = comprimento da estaca
E = módulo de elasticidade do solo
I0 = fator de influência para estaca incompressível num meio elástico semi-infinito (ver Figura 7.23a)

O fator Ι0 é a função da razão entre o diâmetro da base da estaca (Bb) e o diâmetro B da estaca, e da
relação comprimento/diâmetro da estaca (L/B), conforme mostrado na Figura 7.23a. O fator I0 sofreu
posteriormente procedimentos de correção para levar em conta os seguintes aspectos: i)
compressibilidade da estaca; ii) camada do solo de espessura finita e iii) coeficiente de Poisson. Neste
caso, o fator I0 é substituído por I, conforme está na Equação 87, e os respectivos fatores que são

230
usados para levar a em conta os aspectos i, ii e iii, são obtidos dos ábacos apresentados na Figura 7.23
(b,c,d). O módulo de elasticidade do solo é determinado através de retroanálises.

QI
r= (87)
EB
onde
I = I0RkRhRvRb (87A)
Rk = fator de correção para a compressibilidade da estaca, função do fator de rigidez, K (ver Figura
7.23b)
Rh = fator de correção para a espessura finita (h) do solo compressível (ver Figura 7.23c)

Rv = fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo (ver Figura 7.23d)

Rb = fator de correção para a base ou ponta em solo mais rígido, sendo Eb o módulo de elasticidade do
solo na ponta da estaca (ver Figura 7.23e).
K = fator de rigidez = EbRA/E, em que RA =Abase/Afuste (estaca maciça, RA = 1)

O trabalho de Poulus & Davis também aborda os seguintes aspectos: i) o deslizamento na interface
estaca-solo; ii) a heterogeneidade do meio e iii) a influência do bloco de coroamento. A Tabela 7.23
mostra valores de E´ e ν´ propostos pelos autores obtidos a partir de provas de carga.

Figura 7.23 – Fatores para cálculo de recalque de estacas.

231
Figura 7.23 e – Fator de correção Rb para a base da estaca apoiada em solo mais rígido (Eb).

Tabela 7.23 – Valores de E´ e ν´propostos por Poulus & Davis (1980).

5.2.1.2 Método de Vésic (1969, 1975a)

É um método semi-empírico baseado em dois aspectos fundamentais: a forma de distribuição do atrito


lateral e o tipo da estaca. De acordo com o método de Vésic, o recalque total de uma estaca (r) é obtido
a partir da soma de três parcelas, ou seja, r = re + rp + rl onde:

re = recalque devido ao encurtamento elástico da estaca


rp = recalque do solo devido à mobilização da carga de ponta da estaca
rl = recalque do solo devido à mobilização da carga de atrito ao longo do fuste

O recalque devido ao encurtamento elástico da estaca é determinado em função da distribuição do


atrito lateral e da carga de ponta, de acordo com a equação:

232
Uma recomendação de caráter empírico feita por Décourt (1991), baseada na análise de vários
resultados de provas de carga em estacas, indica que para cargas de no máximo 50% da carga de
ruptura o recalque da estaca situa-se entre 2 mm e 6 mm, que é valor de pouca expressividade para a
maioria das obras. Daí, o autor sugere como regra prática, na ausência de algum cálculo, adotar um
recalque esperado como um valor correspondente a 1% do diâmetro da estaca, para qualquer solo.
Para grupo de estacas escavadas e níveis de cargas de trabalho ≤ 0,5Qr, o recalque previsto em solos
arenosos é da ordem de B/30 (Presa e Pousada, 2002). Em se tratando de recalque na ruptura, Décourt
considera que a carga de ruptura convencional de um sistema estaca-solo pode ser aquela
correspondente a um recalque medido no topo ou na ponta, que é função do diâmetro ou lado da
estaca, conforme os seguintes critérios propostos:

i) 10% do diâmetro ou largura, para estacas cravadas em qualquer solo ou para estacas
escavadas em argila;
ii) 30% do diâmetro ou largura, para estacas escavadas em solos granulares.

Tabela 7.25 – Valores notáveis da curva carga-recalque de estacas cravadas.


Tipo de solo Nível de carga Recalque Autor
Argila 0,85 Qrup 2,4 s50 Torstensson (1973)
Argila Qrup 4 s50 Torstensson (1973)
Areia 0,75 Qrup 2 s50 Sellgren (1985)
Areia 0,85 Qrup 2,5 s50 De Beer (1988)
Areia Qrup 5 s50 Sellgren (1985)

5.2.3 Ajuste da Curva Carga-Recalque

A previsão da curva carga-recalque completa pode ser feita através de ajustes a uma curva que passa
pelo ponto de carga de trabalho versus recalque e que tem a capacidade de carga como assíntota
vertical, conforme mostrado na Figura 7.25. Todavia, nem sempre é possível se fazer a determinação
da carga de ruptura e o correspondente recalque diretamente no gráfico. Como alternativa, existem os
métodos de extrapolação. Dentre eles, destaca-se um método de ajuste muito comumente empregado
no Brasil, o de Van der Veen (1953), ilustrado anteriormente na Figura 7.11 (pág. 214), o qual é
empregado quando uma prova de carga é interrompida antes de se atingir a carga de ruptura ou não se
consegue visualizá-la com clareza na curva. A partir da previsão da capacidade de carga da estaca
(Qult) e da previsão de recalque para a carga de trabalho (wtrab) pode-se fazer uma previsão do
comportamento carga-recalque completo, com auxílio da Equação 65. A equação da curva ajustada de
Van der Veen fornece valores de w correspondentes a quaisquer cargas Q, desde que se conheça Qult
e o parâmetro α. O valor de α é obtido a partir do recalque para a carga de trabalho, a partir da
equação:

235
- ln1- trab
Q 
Q 

α=  ult
(92)
w trab

Se a carga de trabalho for a metade de Qult, tem-se, portanto, α = − ln0,5 w trab .

Figura 7.25 – Curva carga-recalque de estaca ajustada.

Conforme lembrado por Presa e Pousada (2002), convém ressaltar que tem sido motivo de discussões
a confiabilidade de extrapolações de curvas obtidas em provas de carga, visto que tentativas de
extrapolações limitadas apenas ao trecho inicial da curva carga – recalque (pseudo-elástico) têm
conduzido a valores de cargas de ruptura exagerados. Na opinião de Velloso e Lopes (2002) o método
sugerido por Van der Veen apresenta valores confiáveis se o recalque máximo atingido na prova de
carga for, no mínimo, 1% do diâmetro ou largura da estaca.

236
de aproximadamente 90% do recalque total. A proporção de recalque imediato tende a
diminuir com o aumento da compressibilidade da estaca (K decrescendo), mas ainda
permanece como a parcela mais significante; 5) A existência de uma camada rígida abaixo da
camada de solo tem menor efeito no recalque quando K decresce e em geral este efeito pode
ser desprezado a menos que a relação h/L < 2; 6) O recalque diminui à medida que L/d e K
aumentam, ou seja, o coeficiente de Poisson tem efeito relativamente pequeno; 7) Para estacas
que trabalham por ponta, o comportamento é influenciado pelas relações L/d, Eb/Es e por K.
Se Eb/Es cresce, a transferência de carga decresce, os deslocamentos da ponta e do topo
decrescem e o da ponta, em particular, decresce rapidamente. Portanto quanto mais
compressível a estaca em relação ao solo circundante menor a influência do estrato resistente
no comportamento da estaca; 8) O recalque de uma estaca não é, entretanto,
significativamente influenciado pela razão Eb/Es para estaca relativamente esbelta ou
compressível.

O método de Randolph & Wroth (1979) é uma outra alternativa de cálculo do recalque em
que usa a teoria da elasticidade linear, e a teoria de expansão de cavidade, para a análise de
uma estaca isolada carregada verticalmente. A análise é baseada num solo elástico
caracterizado por um módulo cisalhante (G), que pode variar com a profundidade, e pelo
coeficiente de Poisson. A partir de considerações de equilíbrio vertical, pode-se mostrar
(Cooke 1974; Frank 1974; Baguelin et al., 1975) que as tensões cisalhantes do solo ao redor
do fuste da estaca decrescem inversamente com o raio da mesma. Isto leva a uma variação
logarítmica do deslocamento com o raio conforme Figura 2.19. O deslocamento (ρ) pode ser
escrito conforme Equação 2.26.

τ 0.r 0  rm 
=ρ (r ) .ln   → {r 0 ≤ r ≤ rm}
G  r0  (2.26)
ρ (r ) =0 → {r > rm}

Onde: τ0 é a tensão cisalhante atuante no fuste da estaca; r0 é o raio da estaca; rm é o raio de


influência da estaca; G é o modulo cisalhante do solo ao longo do fuste da estaca.
Figura 2.19 Distribuição da tensão cisalhante conforme (Randolph e Wroth, 1979).

A deformação do fuste de uma estaca rígida pode ser escrita (Frank, 1974; Baguelin et al.,
1975) conforme Equação 2.27.

τ 0.r 0
ρs = .ζ (2.27)
G

 rm 
ζ ln   → 3,5 ≤ ζ ≤ 4,5 (Método dos Elementos Finitos M.E.F) ; rm = 2,5.L. (1 -ν ) .
Onde:=
 r0 

A base da estaca age como uma placa rígida, em profundidade, sob a superfície da camada
inferior. A deformação da base de uma estaca rígida é dada pela Equação 2.28 (Timoshenko
& Goodier 1970).

Qb.(1 −ν )
ρb = (2.28)
4.r 0.G

Onde: Qb é a parcela de carga agindo na base da estaca; ν é o coeficiente de Poisson.


De uma forma geral, as estacas possuem alguma compressibilidade e, assim, convém incluir
este efeito na metodologia. Para uma estaca isolada com certo grau de compressibilidade num
meio homogêneo, a deformação e a tensão cisalhante variam com a profundidade. A partir da
resolução da equação diferencial, com as convenientes condições de contorno, Randolph &
Wroth (1978) resumiram seu procedimento através da Equação 2.29 aplicando-a ao topo da
estaca.

 4 2π L tanh ( µ L ) 
 + 
Q
= 
(1 −ν ) ζ ro µL  (2.29)
ρ .G.ro  4 1 L tanh ( µ L ) 
1 + 
 (1 −ν ) π .λ ro µL 

L 2
Onde: µL = ; λ = E p G ; Ep = módulo de Young do material da estaca; Q é a
ro ζλ
carga no topo da fundação.

A solução para perfis de solo não homogêneos em que a rigidez varia linearmente com a
profundidade (solo tipo Gibson) também é possível e, para uma estaca compressível, esta é
dada conforme a Equação 2.30.

 4 2π L tanh ( µ L ) 
 + χ
Q
= 
(1 −ν ) ζ ro µL  (2.30)
ρ .GL.ro  4 1 L tanh ( µ L ) 
1 + 
 (1 −ν ) π .λ ro µL 

Onde: GL é o módulo cisalhante do solo a uma profundidade z = L; χ = GL/2 / GL ; GL/2 é o

módulo cisalhante do solo a uma profundidade z = L/2; λ=Ep/ GL; rm = 2,5.L. (1 -ν ) .χ .

Randolph (1985) sugeriu, ainda, modificações da expressão acima para solos que apresentam
um aumento abrupto de “G” logo abaixo da base (simulando uma estaca com a base em um
substrato mais rígido do que aquele que envolve o fuste), e ainda para o caso de base alargada
(de raio rb), conforme a Expressão 2.31.
 4.η 2π L tanh ( µ L ) 
 + χ
Q
= 
(1 −ν ) .ξ ζ ro µL  (2.31)
ρ .GL.ro  4.η 1 L tanh ( µ L ) 
1 + 
 (1 −ν ) .ξ π .λ ro µL 

Onde: η = rb ro ; rb = raio da base da fundação; ξ = G L G b ; Gb = módulo cisalhante abaixo

{
L 0,25 + ξ  2,5.χ . (1 -ν ) − 0, 25 .
da base da fundação; rm = }

Alternativamente, Mayne & Schneider (2001), apresentam a formulação de Randolph &


Wroth (1978, 1979) baseando-se ainda no trabalho de Fleming et al. (1992) para os casos em
que: 1) a rigidez é constante com a profundidade; 2) a rigidez varia linearmente com a
profundidade; 3) fundação flutuante; 4) fundação com base instalada em substrato rígido. O
deslocamento vertical de uma estaca isolada submetida a um carregamento de compressão
axial é dado conforme Equação 2.32.

Qtopo
ρ topo = Iρ (2.32)
Es.d

Onde: Qtopo é a carga no topo da fundação; ρtopo é o deslocamento no topo da fundação; Iρ é o


fator de influência de deslocamentos. O fator de influência de deslocamentos é dado conforme
Equação 2.33. A medida da compressibilidade da estaca esta relacionado com (µL).


 1 8 η tanh ( µ L ) L

1 + 
 π .λ (1 −ν ) ξ µL 
D
I ρ = 4.(1+ν )  (2.33)
 4 η 4.π .χ tanh ( µ L )
 
L
 + 
 (1 −ν ) ξ
 ζ µL 
D

Onde: D é o diâmetro do fuste; L é o comprimento; η = D b D ; Db é o diâmetro da base;

(η=1→ fuste reto); ξ = E L E b ; EL e Eb são os módulos para z=L e para z>L abaixo da ponta
base

da estaca; (ξ=1→ estaca flutuante, ξ<1→ base em estrato rígido); χ = EL/2 / EL ;EL/2 é o

módulo para z=L/2; ( χ =1→ solo uniforme, χ =0,5 → solo de Gibson); =


λ 2.(1 +ν ).E p E L ;

ζ ln {[ 0, 25 + (2,5.χ .(1 −ν ) − 0, 25).ξ ].(2.L / D)} ;µL=2.L/D.[2/(ζλ)] .


0,5
=
A metodologia ainda prevê uma avaliação da distribuição da carga axial transferida à base da
estaca, conforme a Equação 2.34.


 4 η 1 

 
Qb 
 (1 −ν ) ξ cosh( µ L)  (2.34)
=
Q  4 η 4.π .χ tanh ( µ L ) L 
 
 + 
 (1 −ν ) ξ
 ζ µL 
D

Poulos (1989) mostra resultados comparativos entre os métodos de Poulos & Davis (1980) e
Randolph & Wroth (1979) conforme as Figuras 2.20 e 2.21.

Figura 2.20 Fator de influência para meio uniforme infinito (Poulos, 1989).
Figura 2.21 Fator de influência para meio não homogêneo (Poulos, 1989).

A Figura 2.20 compara as metodologias de Randolph & Wroth (1978) e Poulos (1989) com
relação ao recalque. Vê-se que para um índice de esbeltez (L/D>15), o ajuste é muito
próximo. Para valores de índice de esbeltez menores, a solução de Randolph & Wroth (1978)
prevê recalques menores que a metodologia de Poulos (1989), possivelmente por causa das
hipóteses associadas à distribuição de tensão cisalhante ao redor do fuste da fundação. Quanto
à Figura 2.21, um solo em que a rigidez aumenta com a profundidade é analisado e pode-se
inferir que o ajuste entre as metodologias é razoável. Novamente, diferenças surgem para
estacas relativamente curtas (L/D<15). Alternativamente aos métodos de natureza numérica,
Vésic (1977) propõe um método baseado na teoria elástica e em correlações empíricas a partir
de dados de provas de cargas em estacas cravadas e escavadas.
7.3 – Recalques de Grupo de Estacas

A literatura técnica já possibilita efetuar o cálculo de recalques de grupos de estacas com base em
métodos teóricos (teoria da elasticidade) e métodos empíricos, de onde se podem estabelecer relações
entre o recalque de um grupo e o de uma estaca isolada.
A metodologia pioneiramente empregada para a previsão de recalque de um grupo de estacas foi
apresentada por Terzaghi
Terzagui e Peck, por volta de 1948. O método consiste em calcular o recalque do
grupo como se fosse uma fundação direta de dimensões equivalentes, virtualmente apoiada numa
determinada cota acima da ponta das estacas e perímetro definido pela linha que contorna
externamente o grupo. É o método do “radier fictício”, cujo exemplo está mostrado na Figura 7.37.
A abordagem do radier fictício para o cálculo de recalques de um grupo de estacas é adotada pela
norma brasileira NBR 6122 (1996). Neste caso, depois de se obter a sapata gigante ou o radier
equivalente apoiado a 1/3 do embutimento das pontas estacas na camada suporte de espessura F
(Figura 7.37), o recalque do grupo é calculado lançando-se mão de métodos disponíveis na bibliografia
para este tipo de fundação, geralmente os métodos elásticos.

Figura 7.37 – Método do radier fictício, empregado pela NBR 6122 (1996).

Há ainda na literatura vários métodos empíricos para estimativa da razão (αg) entre o recalque do grupo
(wg) e o de uma única estaca sob a mesma parcela de carga do grupo (wi), desde que as estacas
estejam unidas no topo por um bloco de coroamento, ou seja:
w
g
αg = (97)
w
i
Uma proposta de Fleming et al. (1992), estabelece que para um grupo formado por “n” de estacas, a
razão de recalques pode ser estimada da seguinte forma:
η
αg = n (97A)

onde o expoente η varia entre 0,4 e 0,6. O limite inferior corresponde a estacas de atrito, enquanto que
os valores próximos ao limite superior correspondem a estacas de ponta, sendo razoável um valor
médio igual a 0,5. Uma sugestão de Poulus (1989) indica η = 0,33, para grupos de estacas de atrito em
areia e η = 0,50, para grupos de estacas em argila.

246
7.3.1 – Recalques de Grupo de Estacas Instaladas em Areia

Foi proposta por Skempton et al. (1953) a seguinte expressão:


2
 4B + 3 
αg =  
g
(98)
 B + 4 
 g 
em que Bg é a dimensão transversal do grupo de estacas, em metro.

Vésic (1969) propõe para αg a seguinte expressão:

B
g
αg = (99)
B
Outra proposta disponível é a de Meyerhof (1976), que permite a estimativa do recalque de um grupo de
estacas (wg):

9,2q B
g
wg = (cm) (100)
N
onde N = a média da resistência à penetração do SPT, obtida numa profundidade Bg abaixo da ponta
das estacas;
q = tensão equivalente aplicada pelo grupo de estacas ao solo (kgf/cm2).
O autor da proposta recomenda que se adote o dobro do valor obtido pela Equação 100 para grupo de
estacas em areias siltosas.

7.3.2 – Recalques de Grupo de Estacas Instaladas em Argilas

Neste caso é usual o emprego o método do “radier fictício”, apresentado no item 7.3, conforme
esquematizado na Figura 7.37.

8.0 Atrito Negativo

O atrito lateral entre o solo e a estaca se desenvolve quando há um deslocamento relativo entre ambos.
Quando a estaca recalca mais que o solo, desenvolve-se o Atrito Positivo, que contribui para a
capacidade de carga da estaca. Quando acontece o contrário, ou seja, o solo recalca mais que a
estaca, acontece o fenômeno denominado Atrito Negativo, que terá como causa sobrecarregar a
estaca. É como se uma parte do solo ficasse “pendurada à estaca”, puxando-a para baixo. O atrito
negativo tem algumas origens, sendo a mais comum quando estacas são cravadas através de aterros
recentes, construídos sobre solos compressíveis, com suas pontas apoiadas em solos competentes (ver
Figura 7.38a). Outra causa é quando se promove um rebaixamento do lençol freático em camada de
areia acima de uma camada de argila mole. Isto coloca a argila em processo de adensamento,

247
provocando o atrito negativo nas estacas da obra ou de obras vizinhas, conforme mostrado na Figura
7.38b.

Figura 7.38 – Causas de atrito negativo: a) aterro recente sobre solo compressível; b) rebaixamento do
lençol freático.

Outros casos, menos comuns, são descritos na bibliografia técnica (por ex. Décourt et al., 1998; Velloso
e Lopes, 2002). Nos dois casos aqui mencionados, percebe-se que o atrito negativo decorre de
adensamento de camadas de solo de baixa permeabilidade. Portanto, trata-se de um fenômeno que
ocorre ao longo do tempo, crescendo até atingir um valor máximo. A literatura sobre o assunto também
deixa claro que o atrito negativo é um problema de recalque de fundação. De fato, o fenômeno é
incapaz de levar à ruptura o sistema estaca-solo por perda de capacidade de carga, porém é capaz de
romper estruturalmente a estaca, por compressão ou por flambagem (Combarieu, 1985, citado por
Velloso e Lopes, 2002). A ruptura do sistema solo-estaca associa-se sempre ao desenvolvimento de
grandes deformações com relação ao solo circunvizinho, o que, caso viesse a ocorrer, naturalmente já
teria desmobilizado todo o atrito negativo (Décourt et al., 1998).

8.1 Avaliação do Atrito Negativo em Estacas Isoladas

A compreensão do fenômeno do atrito negativo é muito mais simples do que sua quantificação. Há o
grupo dos métodos elásticos e o dos elasto-plásticos. Esses métodos têm a desvantagem de
necessitar, muitas vezes, da estimativa de parâmetros do solo de difícil obtenção. Há também as
correlações semi-empíricas, que são muito mais práticas, porém devem ser usadas com cautela.
Décourt (1982) apresenta uma formulação semi-empírica para avaliação da parcela de atrito negativo
em estacas isoladas, baseada na fórmula de Décourt e Quaresma (1978). O autor propõe para o cálculo
da parcela de atrito negativo unitário:
248
ql = 3,33N + 10 [kN/m2] (101)

onde N é o valor médio da resistência à penetração do SPT no trecho da estaca submetido ao atrito
negativo.
Para quem deseja se aprofundar no assunto sugere-se a consulta às várias referências encontradas em
Velloso e Lopes (2002).

8.2 Atrito Negativo versus Coeficiente de Segurança

A Norma Brasileira de Fundações tem implícito coeficiente de segurança 2,0 para cargas permanentes
e 1,5 para a parcela de atrito negativo.

8.3 Prevenção do Atrito Negativo

Havendo necessidade de restringir ao mínimo o movimento das fundações submetidas ao atrito


negativo, pode-se proceder, por exemplo, a uma pintura das estacas com produtos betuminosos.
Entretanto, deve-se ter cuidado para que esse tratamento seja restrito apenas aos trechos da estaca em
contato com o solo compressível, pois isso, sendo feito no trecho estável do solo, haveria redução da
parcela resistente, o que evidentemente seria indesejável.

8.4 Atrito Negativo em Grupo de Estacas

Em se tratando de atrito negativo em grupos de estacas, a literatura revela uma situação mais
confortável, uma vez que as estacas internas ficam praticamente livres do efeito. Segundo Décourt et al.
(1998), o assunto foi exaustivamente investigado por Kuwabara e Poulus (1989), de cujo estudo foram
extraídas as seguintes conclusões:

i) A força de arraste máxima nas estacas do grupo decresce significativamente à medida que o
espaçamento entre as estacas decresce;
ii) A redução na força de arraste independe substancialmente do número de estacas, desde que o
grupo tenha mais que aproximadamente nove estacas;
iii) As estacas internas do grupo desenvolvem força de arraste menor do que as externas;
iv) O movimento superficial do solo necessário à mobilização do deslizamento total dentro do grupo
de estacas pode ser muito maior do que o correspondente a uma estaca isolada;
v) Para um grupo de estacas com bloco de coroamento rígido, é possível que forças de tração se
desenvolvam na parte superior das estacas externas.

Cabe ressaltar que essas teorias apresentaram razoável concordância quando aplicada a casos de
obra.

249
8.5. Recalque Vertical de um Grupo de Estacas

Neste caso as soluções também são dadas para estacas “flutuantes” e que trabalham de ponta,
só que considera-se o bloco de coroamento como sendo rígido, ou seja, todas as estacas terão
o mesmo recalque mas a distribuição de carga (do p) entre as mesmas não é homogênea.

As soluções são dadas para solo com Es constante e para blocos com:
4 (2 x 2), 9 (3 x 3), 16 (4 x 4) e 25 (5 x 5) (quadradas) estacas

Segundo Poulos & Davis, 1990 interpolações são possíveis nas tabelas em anexo e a forma ou
configuração exata do grupo não influencia significantemente o resultado, podendo ser
adotada as tabelas anexadas.

ρ g = Rs . ρ i
ρ g = recalque de grupo

Rs = fator de influência , tabelado

ρi = recalque de uma estaca isolada do grupo considerado com a carga média do grupo

Exemplo:

ρi = recalque da estaca isolada p/carga P/n = P/4

s = espaçamento entre centro das estacas, ou valor “médio” para blocos não quadrados
Rs via Whitaker & Cooke
3,1

2,9

2,8

2,7
Rs - (s/d = 3)

2,6

2,5

2,4

2,3

2,2

2,1
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60
N° de Estacas do grupo

N° ^ (0,4 a 0,6) - Fleming et al (2008)

Valores de Rs para outras configurações de blocos


Exercício

Um grupo de 9 estacas [3 X 3] estacas com espaçamento de 1 m e diâmetro das


estacas de 0.4 m suporta uma carga de 3 MN (Fig. abaixo).
RESOLVA também este exercício com o
(a) Determine o F.S do grupo de estaca procedimento apresentado anteriormente
via métodos de Poulos & Davis (1980) -
(b) Calcule o recalque total do grupo de estaca. compare os resultados

m²/kN

OBs.: Desde que a areia é compacta (dense), a cravação de estacas provavelmente


irá provocar um “afofamento” da areia ao redor das estacas. Por isso, usa-se o
ângulo φ ' cs (menos resistente) no cálculo da capacidade de carga das estacas.

SOLUÇÃO:

Determine os parâmetros geométricos e βCoeficientes


and Nq. de tensão efetiva (fuste e base)

L 10
=
D 0, 4 m,= = 25;
D 0, 4
n = 9 estacas;
s = 1 m;
Ep 30 ×106
=
K ps = = 1000 Rigidez Relativa
E 'so 30000
π D2 π × 0, 42
Estaca Isolada : Perímetro=
Ab = = 0,126m 2 perímetro = pi * 0,4 =1,26 m
4 4

Grupo: Lg = Bg = 25
2.s++DD= =2 ×2.1+0,4
1 + 0, 4 ==2,2,4
4; m

Perímetro do grupo: 2, 4 ×=
4 9, 6m; ( Ab )=
g
2, 4=
2
5, 76 2m²

0, 75 − 0, 44 
β (Cálculo de Ql): β= 0, 44 +  × 3 = 0,57
 7  [interpolação linear (Meyerhof (1976)]

Coeficientes: Beta e Nq/Nt : Pag 287


L
= =
N 'q 40; α t 0,55 = 25
D

N q = α t N 'q = 0,55 × 40= 22

Passo 2: Determine a capacidade de carga e o modo de ruptura

γ ' = 17,5 − 9,8 = 7, 7 = kN / m³

Para o centro da camada de areia dentro do comprimento embutido da estaca:


σ 'z = 2 ×17 + 3 × 7, 7 = 57,1 kPa

Na Base: (σ 'z )b = 2 ×17 + 8 × 7, 7 = 95, 6 kPa

Atrito Lateral: Q f = βσ 'z × Perímetro × Comprimento= 0,57 × 57,1× 1, 26 × 10= 410,1 kN

bY Anjos:
Base: Q f =N q (σ 'z )b Ab =22 × 95, 6 × 0,126 =265kN Beta : 0,80
Nt = 15
Ql = 575 kN
Capacidade de carga última: Qult = Q f + Qb = 410,1 + 265 = 675,1kN Qb =180 kN
Qt = 755 kN (12% >)

Assuma: ηe = 1

( Qult ) g =
nQult =
9 × 675,1 =
6076kN 6795 kN (Anjos)
RUPTURA POR BLOCO. (Usando a proporcionalidade)

Atrito Lateral: ( Q f ) 9, 6
= 410,1× = 3124, 6kN
g 1, 6
1,26

5, 76
Base: ( Qb ) g =265 × =
12114,3kN
0,126

Carga Última: ( Qult ) g = ( Q f ) + (Q )b g = 3124, 6 + 12114,3 = 15238,9kN


g

FATOR DE SEGURANÇA.

O Modo de ruptura de estacas individual governa o projeto

6076
∴ FS= = 2 bY Anjos : FS = 6795/3000 = 2,3
3000

Cálculo do Recalque Elástico da Estaca.

Assume que toda a carga de projeto é absorvida pelo atrito lateral (Ql) e igualmente
3000 L
a todas as estacas do grupo.=
Qa = 333,3 : For = 0,5 log ( 25 ) =
25, I =+ 1,9
9 D

Anjos (2009) Iρ = 0,5448.(L/D)-0,577 = 0,085 P&D ... I = 0,0629 .... r (mm) = 1,7 mm
Qa 333,3
ρes = I= ×1,9 = 2,1×10 −3 = 2,1 mm → Anjos(20
R&W via09)=0= 2,4
Eq. mm
,94 mm
pag. 476 ... I = 0,0807 ....
Eso L 30000 ×10
recalque (mm) = 2,1.

Negligenciando o encurtamento elástico da estaca desde que K > 500.

Rs = n Φ = 90,5 = 3 → ( ρes ) g = 2,1× 3 = 6,3 mm

Recalque de consolidação do Grupo: A carga de projeto é transferida em 2/3L desde


a superfície. Usando o método 2:1 tem-se z = [(10/3)+3+(1/2)=6,83 m]

Qag 3000
∆σ = = = 35, 2 kPa → ρ=c mv.H .∆σ = 123, 2 ×10−4 m= 12,3mm
(B + z) ( 2, 4 + 6,83)
z 2 2 z
g

Recalque Total → ρt = ( ρes ) g + ρc = 6,3 + 12,3 = 18, 6 mm


8.6 Aproximação do Grupo para uma “Estaca Equivalente”

Quando existem mais de 1 camada abaixo da CAF, ou seja, quando existem a “2ª”, “3ª” etc.
camadas especificadas anteriormente (item 8.4), o grupo deve ser transformado numa estaca
“equivalente” para o cômputo do recalque nestas camadas. O recalque com o Rs acima só é
válido para a 1ª camada.

Estaca equivalente:

Le = função de L, L/d, etc

4 × Agrupo
de =
π
Agrupo= ( s + d ) 2

Portanto, como será apresentado no próximo item (exemplo numérico) o recalque do grupo de
estacas poderá passar pelas seguintes fases abaixo:

a) definição/configuração do bloco, cargas e parâmetros geotécnicos e k;


b) recalque da estaca individual;
c) recalque do grupo (1ª camada);
d) contribuição das camadas subjacentes no recalque:
 transformação do grupo em “estaca equivalente”
 cômputo do recalque na massa de solo (2ª, 3ª, etc., camadas) abaixo da 1ª camada para a
“estaca equivalente”.

e) cômputo do recalque total ρGT


ρGT = ρG + ρi
ρi → neste caso da “estaca equivalente” nas camadas 2,3.....etc.
PARÂMETROS SUGERIDOS
TRANSFERÊNCIA DE CARGA
TRANSFERÊNCIA DE CARGA
RECALQUE VERTICAL ESTACA ISOLADA
EXEMPLO NUMÉRICO

Calcular o recalque do grupo de estacas abaixo, com estacas assentes numa camada de argila
(sobrejacente a outras), e com o bloco de coroamento rígido.
Grupo 3 x 3 – estacas pré-moldadas cravadas de concreto

Estaca : Econcreto = 17000 MPa = 17 GPa

RESOLUÇÃO:
E p ⋅ Ra 17000 ×1
K= = = 1000
E' 17

• Recalque da estaca individual:

• Será considerada como trabalhando, predominantemente, por atrito lateral.


Logo Ptotal=Plat e usamos a equação abaixo:

P⋅I
ρ=
Es ⋅ d
L/d = 20m/0,4m = 50

h/L = 30m/20m = 1,5

ν’ = 0,35 ; K = 1000
Logo
P= 4500/9 = 500 kN
Ps ⋅ I
ρ= , I = I 0 ⋅ Rk ⋅ Rh ⋅ Rυ Es = 17000 kPa
Es ⋅ d d=0,4 m

I0 = 0,0044 RK = 1,35 Rh = 0,8 Rν = 0,95 → I = 0,045

Substituindo os valores na equação acima:

ρ = 3,30 x 10-3 m = 3,3 mm

• Recalque do grupo:
Calculamos inicialmente a razão de recalque Rs:

s/d = 2m/0,4m = 5, K = 1000, ν’s = 0,5 (considerado na tabela de Rs)

L/d = 50, grupo com 3x3 = 9 estacas flutuantes, E’ = constante

(Tab 6.2) → Rs = 3,51 corrigido para ν’s = 0,35

(F 6.22) → Rs (νs = 0,5) = ξν . Rs (νs = 0,5) onde pelo gráfico ξν = 1,03

Rs = 3,51 x 1,03 = 3,61 Levando em conta agora a camada

(F 6.20) finita: Rs (finita) = ξh . Rs (infinita) onde ξh pelo gráfico = 0,82

Logo Rs = 3,61 x 0,82 = 2,96 (para camada finta e ν’s = 0,35)

• O recalque do grupo na camada 1 será:

ρ g = Rs ⋅ ρ i = 2,96 × 3,3 = 9,76 ≅ 9,8mm


O valor de Rs, entretanto, ainda pode ser corrigido para os seguintes efeitos:

• Camada finita: Rs (finita) = ξh . Rs (infinita)


• Compressibilidade do solo na ponta: Rs (Eb ≠ Es) = ξh . Rs (Eb = Es)
• Coeficiente de Poison: Rs (νs ≠ 0,5) = ξh . Rs (νs = 0,5)
Os coeficientes ξh , ξb , ξν são apresentados em anexo.
Influence factor for settlement beneath center of a píer
• Contribuição das camadas subjacentes:
O recalque das camadas 2 e 3 deve ser, agora, ser levado em consideração.
Calcularemos inicialmente, a “estaca equivalente” do grupo, isto é, aquela que pode
teoricamente substituir o grupo:

L/d = 50 ; s/d = 5; ν’s = 0,5


Le /L = 0,88

Então Le = 0,88 x 20 = 17,6 m. O φ equivalente desta estaca será:

π ⋅ de 2
= Agrupo = (2 × s + d ) 2 = 19,36 m 2
4

4 ×19,36
=
de = 4,96 ≅ 5, 0 m
π

Portanto a estaca equivalente terá:


Le = 17,6 m ; de = 5,0 m → Le / de = 3,5
O recalque das camadas inferiores será calculado pela equação e tabela abaixo:

P  I m m −1 I j − I j +1 
ρ = ρ0 + ⋅  +∑ 
L  E sm j = 2  E sj 

Onde,
Ij = fator de influência de deslocamento ao longo do eixo da estaca no topo e (j + 1) base
da camada considerada.
Camada (j) hj/Le Ij [hj+1]/Le Ij +1 E’j (MPa) (Ij – Ij +1)/E’j
(MPa)
2 30/17,6=1,7 0,40 36/17,6=2,0 0,30 4,2 0,0238 0,0166
3 36/17,6=2,0 0,30 46/17,6=2,6 0,23 14,9 0,0046 0,0046
m −1 0,0284 (1/MPa)
∑= 0,0212
j =2

Portanto o recalque das camadas 2 e 3 será:

P  m−1 I j − I j +1  4,5( MN )   m 2 


ρ= ⋅ ∑  = ×  
L  j =2  E sj  17,6(m) 
0, 0284
 MN 

ρ 2,3 =7, 26 ×10−3 m =7, 26 mm 5,42 mm

Recalque total do grupo (t ∞) : ρ gt =ρ1 + ρ 2,3 =9,8 + 7, 26 mm =17, 06 ≅ 17 mm

Em caso de estratificação do solo ao longo das estacas pode-se usar: (NBR6122)


ELEMENTOS
DE
PROJETO DE ESTAQUEAMENTOS
DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL 
FUNDAÇÕES PROFUNDAS 
 

 
 

aes = diâmetro (ou lado) da estaca ; s = diâmetro da armadura 

 
 
6.0 Procedimentos Gerais de Projeto

6.1 Disposição das estacas em bloco

Depois de escolhido o tipo de estaca e determinada sua carga admissível (de trabalho), seja por
métodos teóricos, semi-empíricos ou de outra categoria (por exemplo, a Tabela 7.26), e escolhido o
espaçamento adequado, o número de estacas por bloco é calculado da seguinte forma:

Carga do Pilar
N º de estacas = (93)
Carga admissível da estaca

Vale ressaltar que a Equação acima só tem validade se o centro de carga do Pilar coincidir com o
centro de gravidade do estaqueamento e se no bloco forem usadas estacas de mesmo tipo e mesmo
diâmetro. A disposição das estacas por bloco deve ser feita sempre que possível de modo a conduzir a
blocos de menor volume. Quando houver superposição das estacas de dois ou mais pilares, pode-se
unir os mesmos por um único bloco. Já no caos de pilares de divisa, deve-se recorrer ao uso de vigas
de equilíbrio. Nas Figuras 7.26a e 7.26b, são indicadas algumas disposições mais comuns para estacas
em torno do centro de carga do pilar. Outras orientações importantes são enumeradas a seguir, as
quais podem ser encontradas em Alonso (1983):

a) O espaçamento, d, entre estacas deve ser respeitado, não entre estacas do mesmo bloco, mas
também entre estacas de blocos vizinhos (ver Figura 7.27).
b) A distribuição das estacas deve ser feita, sempre que possível, no sentido da maior dimensão do
pilar (ver Figura 7.28a,b). Só será permitida a situação da Figura 7.28b quando o espaçamento
com as estacas do bloco vizinho impor a condição.
c) No caso de blocos com mais de um pilar, o centro de carga deve coincidir com o centro de
gravidade das estacas (ver Figura 7.29).
d) Deve-se evitar a distribuição de estacas indicada na Figura 7.30a, pelo fato desta introduzir um
momento de torção no bloco.
e) O estaqueamento deve ser feito, sempre que possível, independentemente para cada pilar.
f) Devem ser evitados, sempre que possível, blocos contínuos longos (ver Figura 7.31a, b).
g) No caso de blocos com duas estacas para dois pilares, deve-se evitar posicionar cada estaca
embaixo de cada pilar (ver Figura 7.32a, b).

Recomenda-se indicar no projeto que os blocos de uma estaca sejam ligados por vigas aos blocos
vizinhos, pelo menos em duas direções ortogonais, se possível, e os blocos com duas estacas pelo
menos com uma viga. Para blocos de três estacas ou mais não há necessidade de vigas de amarração
(ver Figuras 7.33a, b).

237
Tabela 7.26 – Valores orientativos para projetos de estacas (Alonso, 1983).

238
Figura 7.26a – Distribuição das estacas por bloco (Alonso, 1983).

239
Figura 7.26b – Continuação – distribuição das estacas por bloco (Alonso, 1983).

240
Espaçamentos/Configurações usuais (Bowles, 1988):

D é o diâmetro da estaca; H (diagonal da forma retangular) ou estaca Perfil H(I)


Figura 7.27 – Espaçamento mínimo.

Figura 7.28 – Sentido indicado e não indicado do estaqueamento em relação às dimensões do pilar.

Figura 7.29 – Posições do centro de carga do pilar e do centro de gravidade do estaqueamento.

Figura 7.30 – Distribuição das estacas para um bloco.

241
Figura 7.31 – Forma de evitar blocos compridos.

Figura 7.32 – Posicionamento da estaca em relação ao pilar.

Figura 7.33 – Formas de ligação de blocos vizinhos por vigas: a) com uma estaca e b) com duas
estacas.

242
6.2 Arrasamento da estaca

Antes de receber o pilar, a estaca deverá ser adequadamente preparada, de forma que possa haver
uma perfeita ligação entre a fundação e a superestrutura. Essa ligação é feita a partir da cota de
arrasamento definida em projeto (ver figura 7.34a). Para isso, principalmente em estacas de concreto
moldadas in situ, é necessário remover o excesso de concreto da cabeça da estaca, que geralmente
tem qualidade inferior ao do restante utilizado na confecção do elemento estrutural (ver figura 7.34b). A
forma correta de se efetuar o arrasamento da estaca está indicada na Figura 7.34b, onde a ilustração
mostra que essa tarefa é geralmente manual, empregando-se para estacas de até 40 cm de diâmetro,
martelete e um ponteiro de aço na posição horizontal ou levemente inclinado, conforme indicado na
figura. Para estacas com mais de 40 cm de diâmetro é permitido o uso de martelo pneumático.

(a) (b)
Figura 7.34 – Arrasamento da estaca: a) estaca executada e b) formas indicadas para remoção do excesso de
concreto.

Depois de retirado o excesso de concreto, atingida a cota de arrasamento e ter sido retirado todo e
qualquer tipo de resíduo do material quebrado (recomenda-se aplicar um jato de ar para realizar a
limpeza final), a cabeça da estaca estará pronta para receber o bloco de coroamento, conforme
mostrado na Figura 7.35.

(a) (b)
Figura 7.35 – (a): Estaca pronta para receber o bloco; (b) bloco de coroamento executado.
243
Estrutural _ Admissível
ALGUM ASPECTO GEOTÉCNICO FOI
AVALIADO NESTE EXEMPLO ????

ALGUM ASPECTO GEOTÉCNICO FOI


AVALIADO NESTE EXEMPLO ????
ALGUM ASPECTO GEOTÉCNICO FOI
AVALIADO NESTE EXEMPLO ????
ALGUM ASPECTO GEOTÉCNICO FOI
AVALIADO NESTE EXEMPLO ????
N° de estacas: 6
My=R*b=R*Xc= 30 tf*m
Mx=R*a=R*Yc= 45 tf*m
2, 3 e 6
Fundações profundas a ar comprimido ou a céu aberto
Solução é uma boa alternativa para suportar cargas elevadas, mas pode ser de grande
risco para os operários. Cuidados nunca devem ser negligenciados.

Obras que apresentam cargas bastante elevadas, áreas com dificuldades


de adoção de técnicas de fundação mais mecanizadas e regiões
afastadas dos grandes centros urbanos favorecem a execução de
fundações com tubulões.

Embora não seja indicada para pequenas estruturas, pois há soluções


mais econômicas e que não apresentam riscos aos operários, essa
solução exige execução manual para algumas das etapas, conforme
recomenda a NBR 6122.

Depois da sondagem do terreno, se o solo encontrado for de argila, a


execução de tubulões está liberada. "É o solo mais apropriado para uma
fundação desse tipo, pois não há risco de desmoronamento", diz Celso
Nogueira Correa, da Zaclis & Falconi.

O concreto utilizado para fundações com tubulões também não exige especificações mais severas. Em geral,
pode ser utilizado um concreto de 20 MPa, com pedra 2, tanto para o fuste quanto para a base. Já para o
encamisamento, os anéis de concreto cuja espessura de parede varia normalmente entre 6 e 10 cm devem ser
produzidos com pedra número 1 ou pedrisco. A camisa metálica exige tubos de aço com até 1 cm de espessura
de parede.

A céu aberto

Esse tipo de fundação é pertinente quando há solos bastante rijos. Isso porque a escavação normalmente é
manual, dependente de um poceiro, um ajudante e um sarilho. É possível escavar o solo mecanicamente com
equipamentos de perfuração mas, ainda assim, a solução exige a presença de um operário para executar a
base.

A aparição de água durante a escavação não é um problema, desde que possa ser contida e não prejudique a
perfuração. "É possível desde que a água seja esgotada com uma bomba submersível dentro do poço,
expelindo o líquido do fuste", diz o engenheiro Daniel Rozenbaum, da Fundacta. Rozenbaum explica ainda que
nesse tipo de fundação é necessário inspecionar se há presença de gás gerada por matéria orgânica em
decomposição e que pode causar a morte do operário durante a execução.

Antes de iniciarem as obras de fundação, o engenheiro projetista e mesmo o responsável pela construção
costumam fazer um poço para inspecionar a situação do solo. "A sondagem pode gerar dúvidas quando se tem
um solo misto, pois pode não especificar a porcentagem de cada componente", diz Eduardo Couso Júnior, da
Consultrix. O poço de verificação de solo deve ser mantido em média 24 horas para observar a estabilidade que
a escavação apresenta.

Se houver apenas cargas verticais, o tubulão a céu aberto não é armado.


Coloca-se apenas uma armadura no topo da ligação com o bloco de
coroamento
Com ar comprimido

Esse é o método recomendado para solos com presença de lençol freático sem possibilidade de esgotamento,
devido ao risco de desmoronamento das paredes do fuste. É necessário encamisar a estrutura do fuste com
anéis de concreto ou tubos de aço, e alcançar o solo apropriado para fazer a base do tubulão.

A camisa representa uma segurança ao operário durante a descida manual em um solo ruim e serve como
apoio para a campânula, equipamento de compressão e descompressão de ar que possibilita a atuação do
poceiro abaixo do nível da água.

Os problemas durante a execução de tubulões a ar comprimido estão relacionados à segurança dos operários
durante a compressão e descompressão da campânula. Por isso, esse tipo de fundação vem sendo adotado
apenas para construção de pontes, viadutos e obras com grandes carregamentos. O engenheiro de obra deve
estar atento aos procedimentos de entrada e saída de ar do equipamento. "Com uma pressão de 2 kgf/cm2, o
operador demora em média 3 horas para descomprimir o equipamento", diz Celso Nogueira Corrêa, da Zaclis &
Falconi. Inspecionar os registros, os compressores e as mangueiras é também uma medida de segurança.

Além de riscos à saúde do poceiro, o uso da campânula, da camisa e de todos os aparatos de segurança torna a
fundação com tubulões a ar comprimido um sistema oneroso: pode ser cinco vezes mais caro do que fundações
executadas a céu aberto.

Tubulões a ar comprimido na ponte JK suportam 20 mil toneladas

Para suportar a carga de 20 mil toneladas da ponte JK, em Brasília,


finalizada em dezembro de 2002, a Consultrix utilizou tubulões a ar
comprimido devido à carga elevada e à presença de lençol freático na
parte superior do solo. Foram concretados blocos de 23 x 40 m para que
a fundação suportasse a estrutura e os arcos que envolvem a ponte,
apoiando três deles em cada extremidade.

"As condições de solo foram bastante favoráveis em um lado da ponte.


Optamos por mecanizar o serviço para ganhar agilidade na construção,
mas a sua automatização não impediu a descida do poceiro para liberar a
base", diz Eduardo Couso Junior, da Consultrix.

Os tubulões foram executados com 18m de profundidade, 160cm de diâmetro e encamisados com anéis de
concreto. O fuste passou por quatro etapas de concretagem até a chegada na base. Já no outro lado da ponte
foram adotadas estacas de grande diâmetro porque a lâmina e a pressão da água eram maiores.
Reforços

A realização de reforços de fundações feitas com ar comprimido é uma ação cuidadosa que exige do engenheiro
um conhecimento detalhado do projeto.

Normalmente, quando já existe uma estrutura, o reforço desses tubulões com novos tubulões a ar comprimido
é inviável, pois o pé-direito impede a instalação da campânula. "Nesses casos, a solução é partir para outros
tipos de fundação, como a estaca-raiz, para reforçar grandes estruturas", explica Gisleine Coelho de Campos,
engenharia do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).

"Outra opção é fazer o que chamamos de reforço de solo, para que a fundação tenha um comportamento mais
resistente", diz. Para reforçar estruturas construídas com perfurações a céu aberto, a solução torna-se mais
simples. "É possível fazer mais tubulões a céu aberto ao lado do já executado, para distribuir a carga entre os
novos e o velho", explica Rozenbaum. "É só picotar parte do antigo, tirar a terra, colocar uma nova armação e
concretar as bases juntas para que resistam aos esforços em conjunto", diz.

A estaca-raiz posiciona-se de forma inclinada para


O reforço do solo pode ser feito com injeções de calda
que haja integração como bloco de sustentação, de
de cimento para enrijecer e consolidar o terreno junto
modo a unir as duas estruturas.
à base do tubulão.

É possível abrir novas fundações com qualquer tipo de solução feita a céu aberto. Até mesmo novos tubulões.
Nesse caso, a carga adicional poderá ser distribuída no bloco ou a velha base poderá ser picotada e unificada
com as novas, desde que a estrutura já existente sobre os tubulões permita o acesso.
Que tipo de logística de canteiro é preciso para a execução
de tubulões?

O ideal é um canteiro que permita a entrada e a saída de


equipamentos, boa mobilidade da equipe e dos materiais de
construção, além de um layout que não precise ser mudado a cada
etapa da obra.

Que equipamentos são utilizados?

A campânula, o compressor de ar, os guinchos e o encamisamento


utilizados para execução de tubulões a ar comprimido. Tubulões a
céu aberto escavados manualmente necessitam apenas de um
sarilho, balde e picaretas e, na existência de água, pode ser
utilizada uma bomba submersa.

Há alguma regra para executar essas fundações?

Não há uma regra geral de execução. Recomenda-se que os


tubulões sejam escavados por etapas, terminando um para
Gisleine Coelho de Campos, engenheira começar o outro, pois o risco do terreno desconfinar com uma série
pesquisadora do Agrupamento de de furos não-concretados é muito maior.
Fundações do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo) Uma das maiores preocupações com tubulões refere-se à
segurança dos operários. Você acredita que essa solução
será deixada de lado?

A preocupação com a segurança dos operários cresce a cada dia


por causa de certificações da qualidade, bom ambiente de trabalho
e formação dos funcionários. Tanto o engenheiro de qualidade,
quanto o da segurança do trabalho, além do responsável pelo
canteiro, devem averiguar as condições de trabalho e inspecionar
se há presença de gás no solo e se o poceiro utiliza todos os
equipamentos de segurança. O mercado busca isso e os
engenheiros têm de se adequar.

Texto original de Thays Tateoka


Téchne 83 - fevereiro de 2004
INFORMAÇÕES DE ORDEM PRÁTICA PARA A FASE DE PROJETO DE FUNDAÇÕES

1. Determinação da profundidade de estacas a partir de sondagens tipo SPT.


1.1. ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO
• A Estaca (diâmetro ≤ 0,30 m) apresenta capacidade de carga
adequada na profundidade onde o NSPT acumulado é ≥ a 80.
• A estaca não penetra em solos com o NSPT maior que 30 e de modo
geral pode-se adotar: 20 < NSPT ≤ 30.
• A nega para 10 (dez) golpes varia entre: 10 mm < Nega < 30 mm.

1.2. ESTACAS ESCAVADAS SOB LAMA BETONÍTICA. (Confome item


7.8.9 da NBR 6122)
• A ferramenta de escavação (trado / caçamba / clam-shell), não
penetra em solos com: 40 < NSPT ≤ 60.

1.3. ESTACAS METÁLICAS TIPO I, II, TRILHO.


• A estaca não penetra em solos com NSPT ≥ 50.

2. INFORMAÇÕES GERAIS.
• Não é recomendável utilizar estacas de concreto moldado in loco
na presença de camadas de argila mole ou turfa.
• A resistência de uma estaca cravada é da ordem de duas vezes a
resistência de uma estaca escavada (em igualdade das demais
condições); o recalque é da ordem da metade.
• Quando se utiliza “pré-furo” antes da cravação de uma estaca pré-
moldada, pode-se considerar que o atrito lateral corresponde ao
caso de uma estaca escavada.

3. SAPATAS E TUBULÕES.
• A pressão máxima admissível ≤ a: 0,5 MPa (Sapatas) e 1,0 MPa
para Tubulões (NBR 6122: Máximo 0,6 MPa para solo)
Nota: Mesmo que se trate de solo de alto valor de NSPT.
• Em qualquer caso, SEMPRE deve-se calcular o recalque para a
pressão admissível.
ESTAQUEAMENTO

Dimensionamento de fundações por estacas verticais

1) A escolha de um determinado tipo de estaca dá-se com base em fatores


técnicos e econômicos.

2) Uma vez conhecida a carga estrutural de trabalho de estaca ( ρ = Qestrutural ),


deve-se determinar o seu comprimento levando-se em conta
características do solo.
• Ver classificação das etacas quanto ao carregamento e ao modo
pelo qual elas transferem as cargas ao terreno de fundação.

3) Cálculo do número necessário de estacas para transferir a carga vertical Q


de um pilar para o terreno de fundação.
1,10.Q
n=
Qadm

Deve-se adotar para n o número inteiro maior, mais próximo ao valor


acima calculado.
Qr − Fn Qr − Fn
∴ Qadm= ∴ Qadm=
F .S 2

4) A carga Q do pilar é transferida para ogrupo de estacas de funadações por


um maciço rígido de concreto armado denominado de bloco de
coroamento.
_
A resultante da carga P deve ter a mesma linha de ação da carga Q do
pilar.
Onde:
Q = Carga do pilar
_
P = Capacidade de carga admissível da estaca

d = Distância de eixo a eixo de estacas


c = Distância ao eixo da estaca ao bordo do bloco de coroamento

5) Dimensões minimas de um estaqueamento


a) Quanto ao d (espaço mínimo entre estacas)
⇒ Estacas Pré-moldadas
d = 2,5 vezes o lado ou o diâmetro
⇒Estacas moldadas “in situ”
d = 3,0 à 3,5 vezes o diâmetro

b) Quanto ao c
c = 5 à 10 cm menor que o lado ou diâmetro da estaca.

c) No caso de : Estacas escavadas com utilização de lama bentonítica


(grande diâmetro/barretes e diafragma) – D = Variável em função do
tipo de estaca
6) Na escolha das dimensões do tipo de estaca escolhida, haverá as seguintes
situações:
6.1) Uma estaca atende a carga proveniente do pilar
6.2) Haverá necessidade de se utilizar 2 ou mais stacas para atender a
carga proveniente do pilar.
6.3) Adotar-se-a estaca de dimensão já escolhida, só que se irá definir
uma nova C.A.F, para que a capacidade de carga do terreno de fundação,
seja igual a carga proveniente do pilar.

Qadm =Carga do pilar < capacidade de carga estrutural nominal da estaca

Exemplo: Carga do pilar = 200 kN


Carga admissível estrutural da estaca = 400 kN

Se tivermos que utilizar esta estaca de 400 kN, definiremos para ela um
comprimento tal que a capaciadade de carga da fundação seja de 200 kN,
uma vez que o pilar só jogará na estaca 200 kN, embora a estaca
estruturalmente resista até 400 kN.
6.4) É comum no caso de estacas compridas, se utilizar duas ao invés de
uma, definido para as duas uma capaciadade de carga igual a metada da
carga proveniente do pilar.

O problema é delicado, pois envolve as seguintes problemáticas:


• Flambage, de estacas
• Carga não axial
• Cintamento
• Custos, etc...
7) È possível associação de dois pilares no mesmo bloco de coroamento.
Neste caso a resultente das cargas das estacas deve coincidir com a
_ _
resultante das cargas Q1 e Q2 dos pilares.
8) No caso de pilar junta À divisa, utiliza-se-a a solução em viga de
equilíbrio:

Onde :
a = Geralmente só se consegue cravar estacas a uma certa distânci da divisa, devido às
dimensões e características dos bate-estacas (da ordem de 0,70 à 1,10 m), bem como função
dos tipos de estacas e seus equipamentos de execução, variando de um modo geral da ordem
de poucos centrimetros (+ ou – 30 cm) até uns 110 cm.
e = Excentricidade, ou melhor, distância do eixo do pilar (C.G) ao C.G do
estaqueamento ou C.G. do bloco de coroamento.
d = Distância minima entre estacas. Normalmente se aredonda este numero para
múltiplo de 5 cm.
m e n = Dimensões do bloco de coroamento do pilar Q2

p e q = Dimensões do bloco de coroamento do pilar Q1

l = Distância entre os eixos dos pilares Q1 e Q2

R = Resultante da carga do pilar Q1 , devido a excentricidade e.


Portanto:

∑ M (B) =
0
Q1.l
∴ Q1.l= R.( l − e) ∴ R= (1)
(l − e)
e Q1 + A = R ∴ A = R − Q1 (2)

Conclui-se que:
A resolução do sistema de equações (1) e (2), permitirá determinar R e A.
Com o valor de R, calcular-se-a o nº de estacas pela expressão:

R.1,10
n=
Qadm

Quanto à fundação do pilar associadao, que não o da divisa, levar-se-a em conta


a recomendação da NBR-6122/86 da A.B.N.T, que diz, com relação ao alívio,
para se considerar no caso de edifícios comuns, 50% do aalívio, portanto no
cálculo do nº de estacas para o pilar Q2 , teremos:

(Q2 − 0,50. A).1,10


n=
Qadm
Estacas: Resistência estrutural admissível
20 x 20 : 250 kN
25 x 25 : 400 kN E.P.C.A
30 x 30 : 600 kN
35 x 35 : 800 kN
ESTUDO DE ESTACAS CARREGADAS LATERALMENTE
For plastic Clay and sand
MÉTODOS DE AUMENTO DA RESISTÊNCIA LATERAL DE
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
 

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