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Apostila de Fundações
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
1.2.1. E STACAS
Elementos bem mais esbeltos que os tubulões, caracterizados pelo grande comprimento e
pequena secção transversal. São implantados no terreno por equipamento situado à superfície.
São em geral utilizados em grupo, solidarizadas por um bloco rígido de concreto armado ( bloco
de caroamento).
P ≤ RL + R P onde R L = Resistência Lateral e R P = Resistência de Ponta
Estacas quanto ao carregamento: Ponta, Atrito, Ação Mista, Estacas de Compactação, Estacas de
Tração e Estacas de Ancoragem
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A lama tem a finalidade da dar suporte a escavação. Existem dois tipos: estacões (circulares φ=0,6
a 2,0m – perfuradas ou escavadas) e barretes ou diafragma (retangular ou alongadas, escavadas
com “clam-shells” - Figura 1.6).
Processo executivo:
a) Escavação e preenchimento simultâneo da estaca com lama bentonítica previamente
preparada;
b) Colocação da armadura dentro da escavação cheia de lama;
c) Lançamento do concreto, de baixo para cima, através de tubo de concretagem (tremonha)
Fatores que afetam a escavação:
i) Condições do subsolo (matacões, solos muito permeáveis, camadas duras etc);
ii) Lençol freático (NA muito alto dificulta a escavação);
iii) Lama bentonítica (qualidade);
iv) Equipamentos e plataforma de trabalho (bom estado de conservação);
v) Armaduras (rígidas)
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Cuidados:
• Quando não conseguir esgotar água do furo não deve executar;
• Presença de argilas muitos moles e areias submersas;
• Retirada do tubo.
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Também conhecida como soquetão ou estaca pilão. Utiliza-se o equipamento do tipo Strauss sem
revestimento. Sua execução consiste na simples queda de um soquete, com massa de 300 a
600kg, abrindo um furo de 0,20 a 0,50m, que posteriormente é preenchido com concreto. É
possível executar em solos de alta porosidade, baixa resistência e acima do NA. Muito utilizada no
interior do Estado de São Paulo, principalmente na região de Bauru. Determinadas áreas da
região de Sorocaba também é possível executar este tipo de fundação. Ex: região leste.
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Sua execução consiste em cravar um tubo de revestimento com ponta fechada por meio de bucha
e recuperado na fase de concretagem. Capacidade de desenvolver elevada carga de trabalho para
pequenos recalques. Pode ser executada abaixo do NA. Diâmetros de 0,35 a 0,60m.
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Figura 1.16 – Detalhe dos equipamentos empregados na execução da estaca hélice contínua.
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Introduzida no Brasil em 1997. A cabeça é cravada por rotação, podendo ser empregada à
mesma máquina utilizada nas estacas hélice contínua; durante a descida do elemento perfurante
o solo é deslocado para baixo e para os lado do furo. Após sua introdução no solo até a cota
especificada, o trado é extraído concomitantemente à injeção do concreto (slump ≅ 24cm,
pedrisco e areia) através de tubo vazado.
- Diâmetros de 0,31m a 0,66m;
- Comprimento em função da torre (até 33m);
- Executada abaixo do NA;
- Tempo de execução de estaca de 0,40m de diâmetro e 16m de comprimento em torno de
10min (escavação e concretagem);
- Não ocasiona vibração no terreno;
- Limitada pelo torque da máquina
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1.2.2.1.8. PRÉ-MOLDADAS
Caracterizam-se por serem cravadas por percussão, prensagem ou vibração e por fazerem parte
do grupo denominado “estacas de deslocamento”. Podem ser constituídas por: madeira, aço,
concreto armado ou protendido, ou pela associação de dois desses elementos (estaca mista).
• Estaca de Madeira
Empregadas desde os primórdios da história. Atualmente diante da dificuldade de obter madeiras
de boa qualidade e do incremento das cargas nas estruturas sua utilização é bem mais
reduzida.São troncos de árvores cravados por percussão. Tem duração praticamente ilimitada
quando mantida permanentemente submersa. Quando há variação do NA apodrece por ação de
fungos. Em São Paulo tem-se o exemplo do reforço de inúmeros casarões no bairro Jardim
Europa, cujas estacas de madeira apodreceram em razão da retificação e aprofundamento da
calha do rio Pinheiros. Diâmetros de 0,20 a 0,40m e Cargas admissíveis de 150 a 500kN.
§ Estaca Metálica
Constituídas por peças de aço laminado ou soldado como perfis de secção I e H, chapas dobradas
de secção circular (tubos), quadrada e retangular bem como trilhos (reaproveitados após remoção
de linhas férreas). Hoje em dia não se discute mais o problema de corrosão de estacas metálicas
quando permanecem inteira ou totalmente enterradas em solo natural, isto porque a quantidade
de oxigênio nos solos naturais é tão pequena que, a reação química tão logo começa já se esgota
completamente este componente responsável pela corrosão.
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§ Estaca de Concreto
É um dos melhores que se presta à confecção de estacas em particular das pré-moldadas pelo
controle de qualidade que pode se exercer tanto na confecção quanto na cravação.
Podem ser de concreto armado ou protendido adensado por vibração ou centrifugação. As
secções transversais mais comumente empregadas são: circular (maciça ou vazada), quadrada,
hexagonal e a octogonal. Suas dimensões são limitadas para as quadradas de 0,30 x 0,30m e
para as circulares de 0,40m de diâmetro. Secções maiores são vazadas. Cuidados devem ser
tomados no seu levantamento. A carga máxima estrutural é especificada pelo fabricante.
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1.2.3. T UBULÕES
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Observações:
• Em uma fundação por tubulões, é necessária a descida de um técnico para inspecionar o solo
de apoio da base, medidas de fuste e base, verticalidade, etc..
• Em geral, apenas um tubulão já absorve a carga total de um pilar.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ÁREA DE GEOTECNIA E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES
Notas de Aula
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Capítulo 6 – Tipos
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1.0 Definição
Fundações Profundas são aquelas cujo mecanismo de ruptura de base não atinge a
superfície do terreno. A NBR 6122 (1996) considera fundação profunda aquela cuja base está
implantada a mais de duas vezes sua menor dimensão, e a pelo menos 3 m de profundidade,
projetada para transmitir a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), pelo fuste
(resistência de atrito lateral) ou por uma combinação das duas. As fundações profundas
dividem-se em três categorias: estacas, tubulões e caixões.
i) Estaca: elemento estrutural de fundação profunda, esbelto, que colocado no solo por
processo de cravação, prensagem, vibração ou por escavação, ou de forma mista (dois ou
mais processos), têm a finalidade de transmitir cargas ao mesmo, seja pela resistência sob sua
extremidade inferior (ponta), seja pela superfície lateral ao longo do fuste (atrito/adesão lateral).
ii) Tubulão: elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, em que, pelo menos na
sua fase final de execução, há a descida de operário.
Figura 6.1: (a) estaca metálicas; (b) pré-moldadas de concreto vibrado; (c) pré-moldada de concreto
cnetrifugado; (d) tipo Franki e Strauss; (e) tipo raiz; (f) escavadas; (g) tubulão a céu aberto, sem
revestimento; (h) tubulão, com revestimento de concreto e (i) tubulão, com revestimento de aço.
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2.1 Fundação Mista
Figura 6.2 – Estacas mistas: a) estaca associada à sapata (estaca T); b) estaca abaixo de sapata
(estapata); c) radier sobre estacas; d) radier sobre tubulões.
É bom ressaltar que cada obra tem suas peculiaridades. Portanto, para cada projeto deve ser
feita uma análise de maneira individual. Como orientação geral, a decisão quanto ao tipo de
fundação escolher num projeto deve passar pelo julgamento de dois importantes parâmetros:
(i) Madeira.
(ii) Aço.
(iii) Concreto.
(iv) Mistas.
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4.2 De acordo com o Método de Execução
A Tabela 6.1 apresenta uma classificação dos tipos mais comuns de estacas, abordando os
efeitos do método executivo no grau deslocamento lateral e vertical do solo provocado durante
sua instalação.
Tabela 6.1 – Classificação dos principais tipos de estacas de acordo com o método executivo.
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Terzaghi & Peck (1967) apresentaram o clássico agrupamento das estacas em três categorias:
ii) Estacas de atrito em solos finos de baixa permeabilidade: semelhante ao caso (i), a
transferência de carga se dá pelo atrito lateral, todavia, o seu processo executivo não
provoca a compactação do solo. São chamadas estacas flutuantes.
iii) Estacas de ponta: são aquelas que transferem a carga a uma camada de solo
resistente (camada suporte) situada a uma profundidade considerável abaixo da
base da estrutura. Neste caso, a parcela do atrito ao longo do fuste tende a zero.
Algumas vezes o engenheiro de fundações pode se deparar com problemas durante a fase de
execução de estacas ou outro tipo de fundação, em função das condições topográficas locais.
A seguir é destacado um dos problemas que poderão ser encontrados na prática da execução
de estacas:
Os viadutos são obras-de-arte construídos em ambiente urbano que não transpõe rios ou
outras massas de água, não apresentam problemas de fundação que diferem de outras obras
em terra, exceto dos esforços que são transmitidos às fundações. As pontes geralmente têm
parte de sua extensão cruzando massas d´água, o que apresenta problemas especiais de
execução de suas fundações.
Um dos primeiros aspectos a considerar na escolha da fundação de uma ponte é a erosão. O
projetista deverá dispor de informações sobre:
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Além disso, o engenheiro deve consultar um geólogo de engenharia. Estes aspectos
freqüentemente impõem a elaboração do projeto em fundações profundas, uma vez que a
solução em fundação superficial é afastada por conta da possibilidade do solapamento de sua
base. Outro aspecto importante a considerar é o tipo de acesso à ponte (ver Figura 6.3).
Observe que na Figura 6.3, o primeiro tipo a ponte (a) tem extremos em balanço e o aterro de
acesso tem saia em talude. Ou outro tipo, mostrado no lado direito da figura (b), é o que adota
encontros, nos quais se apóiam as extremidades da ponte. Na ocorrência de argila mole na
região de acessos, as fundações serão naturalmente em estacas, as quais serão sujeitas ao
efeito Tchebotarioff1, que será mais severo no caso de encontros.
Outro destaque deverá ser dado ao método executivo, que poderá restringir as opções de
fundação, em função da disponibilidade de equipamentos e de mão de obra local. Dessa
forma, dispondo-se da locação dos pilares da ponte, passa-se a estudar, juntamente com a
capacidade estrutural dos elementos de fundação para transmitir os esforços da estrutura ao
solo, o processo executivo de tais elementos.
A Figura 4 mostra algumas destas maneiras em função da situação topográfica local. Quando
os pilares estão próximos das margens é possível se utilizar bate-estacas convencionais sobre
plataformas provisórias de madeira (ver Figura 6.4a) ou bate-estacas que atuam suspensos por
lança de guindastes (ver Figura 6.4b). No caso de pilares distantes das margens do rio, a
execução das fundações pode ser executada através de flutuantes (ver Figuras 6.4c,e),
conforme o modelo empregado na construção da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros – SE, ou
plataformas auto-elevatórias (ver Figura 6.4d). Estes modelos de plataformas também podem
ser empregados na execução de tubulões2.
Figura 6.3 – Problemas com fundações em estacas próximas aos aterros de acesso de pontes.
1
Deformação lateral da estaca causada pelo desenvolvimento de elevadas tensões horizontais do maciço.
2
Os tubulões a ar comprimido continuam sendo a solução de fundação de pontes mais empregada no Brasil.
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Figura 6.4 – Possíveis soluções para execução de fundações de pontes.
Figura 6.4e – Plataforma montada pra execução das fundações (estacões) da ponte Aracaju-Barra dos
Coqueiros – SE.
São confeccionadas com troncos de árvores, retilíneos, preparados nas extremidades (topo e
ponta) para a cravação e limpos na superfície lateral (Figura 6.5). Quando são usadas em
obras permanentes, passam por um processo de tratamento com preservativos. São estacas
empregadas no Brasil praticamente para obras provisórias. São tipos de estacas de uso
atualmente bastante restrito no país, em razão das questões de natureza ambiental. Há um
forte controle do IBAMA quanto à exploração de madeira no país, embora permaneça ainda a
prática ilegal de comercialização de madeira na região Norte.
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Figura 6.5 – Estacas de madeira (a) sem e (b) com reforço da ponta (ponteira).
Principais vantagens:
i) duração ilimitada quando submersas
ii) facilidade de manuseio, corte, preparação para cravação e após a cravação.
A Tabela 6.2, com dados da norma alemã (DIN 4026), apresenta as relações entre o
comprimento e o diâmetro de estacas de madeira. A Tabela 6.3, com dados da mesma norma,
mostra a ordem de grandeza das cargas admissíveis para servir de orientação na elaboração
de projetos, válida para estacas de madeira com comprimento mínimo de 5m, implantada em
areia compacta ou argila rija ao longo de uma espessura suficiente.
Tabela 6.2 – Relação entre o comprimento e o diâmetro das estacas de madeira (DIN 4026).
Diâmetro médio (cm)
Comprimento da estaca, L (m)
(tolerância ± 2cm)
<6 25
≥6 20 + L ; L em metros
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Tabela 6.3 – Cargas e penetrações de estacas de madeira (DIN 4026).
As estacas metálicas ou de aço são encontradas em diversas formas, desde perfis laminados
(ou soldados) até tubos. Entre os perfis laminados estão os trilhos ferroviários, que são
reutilizados depois de retirados das ferrovias (trilhos usados). Os perfis podem ser usados
isoladamente ou associados (duplos ou triplos), conforme mostrado na Figura 6.6.
Na Tabela 6.4 são apresentados os valores das cargas de serviço para os perfis laminados
mais empregados.
Figura 6.6 – Estacas de aço(seções transversais): (a) perfil de chapas soldadas; (b) perfis I laminados,
associados (duplo); (c) perfis tipo cantoneira, idem; (d) tubos; (e) trilhos associados (duplo) e (f) tubos
associados (triplo) .
134
Tabela 6.4 – Estacas de perfis laminados mais comuns.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
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Figura 6.7 – Estacas metálicas: proteção contra corrosão.
6.2.3 Cravação
No caso de estacas para carga admissível de até 1000kN (100tf), quando empregado martelo
de queda livre, a relação entre o peso do martelo e o da estaca deve ser a sempre maior
possível, não se usando relação menor que 0,5 e martelo com peso menor que 10kN (1tf). Por
outro lado, no caso de perfis metálicos, o uso de martelos de peso elevado pode provocar
cravação excessiva (Velloso e Lopes, 2002). Essa questão pode ser adequadamente tratada
através dos estudos envolvendo a dinâmica de estacas.
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a) Premoldadas
b) Moldadas no Solo (in loco ou in situ)
i) concreto vibrado
ii) concreto centrifugado
iii) por extrusão
Figura 6.8 – Estacas premoldadas de concreto: seções transversais típicas (a,b,c,d), seção longitudinal
com armadura típica (e) e estaca com furo central e anel de emenda (f).
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6.3.1.2 Principal desvantagem
6.3.1.3 Manipulação
As estacas premoldadas exigem dimensionamento específico para resistir aos esforços que
poderão sofrer por ação da estrutura (compressão, tração, forças horizontais e momentos), e
aos esforços de manipulação e cravação. Os esforços de manipulação são calculados a partir
dos modos de levantamento (suspensão) para carga, descarga e estocagem e de içamento
para cravação, previstos para a estaca. Portanto, ao se manipular estacas premoldadas são
necessários cuidados especiais. A Figura 6.9 mostra os modos de suspensão e içamento mais
comumente empregados.
Figura 6.9 – Modos de suspensão (pelos quintos) e içamento (pelo terço) de estacas premoldadas.
Suspensão: As estacas deverão ser suspensas, sempre que for utilizado guindaste, em dois
pontos eqüidistantes das extremidades de L/5. O mesmo procedimento é adotado no caso da
estocagem sobre caibros (Figuras 6.9 e 6.10).
Içamento: O bate-estacas, por meio de cabo de aço adequado, levantará cada estaca para ser
cravada, dando-se uma laçada bem apertada próximo da extremidade que deverá ser superior,
e a uma distância desta igual a 3L/10 (Figura 6.9). Esta operação deverá ser cuidadosa.
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6.3.1.4 Estocagem
As estacas deverão ser estocadas sobre terreno firme e plano. Sendo o terreno perfeitamente
plano, as estacas poderão ser depositadas diretamente no chão, não sendo recomendado o
empilhamento de umas sobre as outras. Caso a superfície do terreno não esteja perfeitamente
aplainada, as estacas deverão ser estocadas apoiando-se suavemente sobre dois caibros,
conforme indicado na Figura 6.10, em no máximo duas camadas sempre que for utilizado
guindaste.
Durante o processo de implantação da estaca no solo por processo de percussão, são geradas
tensões na estaca devidas ao impacto do martelo. Essas tensões de cravação devem ser
inferiores à tensão característica do concreto, sendo normalmente recomendado como limite
máximo o valor 0,85fck. Ainda assim, para evitar o esmagamento da cabeça da estaca,
recomenda-se trabalhar com pequenas alturas de queda do martelo de cravação, geralmente
não superiores a 1 metro, bem como o uso de elementos amortecedores de impacto
(capacetes).
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Tabela 6.5 – Tipos mais comuns de estacas premoldadas e suas cargas de trabalho
(Velloso e Lopes, 2002).
Tabela 6.6 – Cargas e embutimentos recomendados para estacas premoldadas (DIN 4026).
O sistema de cravação deve ser dimensionado para conduzir a estaca até à profundidade
prevista, sem causar danos à peça. Assim, o uso de martelos mais pesados com alturas de
quedas menores é mais eficiente do que martelos mais leves, com grande altura de queda.
Não é recomendado o uso de martelos com peso inferior a 15 kN (1,5tf), nem relação peso do
martelo/peso da estaca menor que 0,7, no caso de estacas projetadas para até 1MN de carga
admissível. Em todo caso, uma análise de cravabilidade da estaca, a partir de simulações
140
numéricas empregando-se programas de computador específicos (CAPWAP, por exemplo)
pode indicar o peso do martelo adequado à capacidade da estaca (Danziger, 1991).
De acordo com a NBR 6122 (1996), as estacas premoldadas podem ser emendadas, desde
que as seções onde são feitas as emendas possam resistir a todas as solicitações que nelas
ocorram durante o manuseio e a cravação, sem comprometer a axialidade dos elementos. Na
maioria das estacas, a emenda é feita soldando-se entre si luvas metálicas que são
incorporadas ao concreto. No caso de estacas submetidas apenas à compressão, a emenda
pode ser por anel ou luva de encaixe. A Figura 6.11 mostra detalhes de emendas usuais para
estacas premoldadas.
Figura 6.11 – Emendas de estacas premoldadas: (a) luvas de aço soldadas e (b) comprimidas.
São estacas utilizadas para suportar cargas elevadas, com comprimentos longos. Essa
categoria de estacas premoldadas possui as seguintes vantagens:
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a) Elevada resistência na compressão, tração, flexão composta, etc.
b) Maior capacidade de manipulação, transporte, levantamento e cravação.
c) Pequena fissuração.
d) Emprego vantajoso de protensão excêntrica a fim de aumentar a resistência à
flexão, quando usadas como estacas-prancha em ensecadeiras e obras de
contenção.
e) Emprego efetivo como estacas de defensas para absorver o impacto de navios
em obras portuárias e na proteção de pilares de pontes.
Segundo Velloso e Lopes (2002), é considerada a estaca mais rudimentar utilizada no Brasil,
sendo executada geralmente com trado manual, e empregada em obras de pequeno porte.
Seus diâmetros são normalmente entre 20cm e 50cm. Em geral, não são armadas, utilizando-
se apenas ferros de ligação com os blocos. As cargas de trabalho são geralmente baixas. Na
Tabela 6.7 são apresentados os valores típicos das cargas admissíveis desse tipo de estaca e
dos seguintes.
Figura 6.12 – Seqüência executiva de estaca tipo Strauss: (a) escavação, (b) limpeza do furo, (c)
concretagem após colocar armadura e (d) estaca pronta (Velloso e Lopes, 2002).
Há uma prática originada no interior do Estado de São Paulo, principalmente em Bauru e São
Carlos, onde se utiliza uma estaca semelhante a Strauss, todavia, sem revestimento.
Denominada “estaca apiloada”, essa variante da Strauss é executada com auxílio de um
soquete que produz uma perfuração no terreno, sem a necessidade de contenção das paredes
do furo.
É uma das estacas mais difundidas no Brasil, possuindo, inclusive diversas variantes do
modelo original (Standard). A estaca Franki foi originalmente desenvolvida pelo engenheiro
belga Edgard Frankignoul, por volta de 1910 (Velloso e Lopes, 2002).
A característica mais marcante da estaca tipo Franki é a existência da base alargada, o que
contribui para conferir à estaca geralmente uma grande capacidade de carga. As operações
que envolvem a execução de uma estaca Franki são apresentadas na Figura 6.13, as quais
são descritas a seguir:
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Figura 6.13 – Seqüência executiva da estaca Franki (Standard).
i) cravação do tubo (1 e 2): após a colocação do tubo, derrama-se nele uma certa
quantidade de mistura de areia seca e brita, socando-se de encontro ao terreno com
um pilão pesando entre 10kN a 40kN, dependendo do diâmetro da estaca. Essa
operação forma com a mistura uma “bucha” estanque, cuja base penetra
ligeiramente no solo, enquanto sua parte superior, fortemente aderida às paredes do
tubo o arrasta por atrito durante o seu afundamento. A bucha impede a entrada de
água e/ou solo no tubo.
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ii) execução da base alargada (3): ao final da cravação do tubo, inicia-se a fase de
expulsão da bucha e execução da base alargada. Nessa etapa, o tubo é ligeiramente
erguido e mantido fixo aos cabos do bate-estacas, expulsando-se a bucha por meio
de golpes de elevada energia. Logo após a expulsão da bucha, coloca-se concreto
com fator água-cimento 0,18 (1 saco de 50kg de cimento + 90L de areia média
lavada +140L de brita nº 2), o qual é socado pelo pilão formando a base alargada.
iii) colocação da armadura (4): depois de executada a base alargada, coloca-se no tubo
a armadura, caso se tenha prevista a sua utilização. A armadura deverá se situar
entre o tubo e o pilão. No caso de estacas que serão solicitadas à tração, a armadura
deverá ser colocada antes do término da execução da base alargada, para conferir
uma melhor ancoragem na base.
iv) concretagem do fuste (5 e 6): após a etapa anterior, inicia-se a concretagem do
fuste, apiloando-se concreto com fator água/cimento entre 0,35 a 0,45 (comumente
0,36), em camadas sucessivas, com simultâneo levantamento do tubo, tendo–se o
devido cuidado para que a água e o solo nele não penetrem. Um traço básico
sugerido no Manual da ABEF é: 1 saco de 50kg de cimento CP II-E-32 + 90L de
água + 80L de brita nº 1 + 60L de brita nº 2, fator a/c = 0,36. O consumo mínimo de
cimento por m3 de concreto é 300kg.
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Armadura: Usa-se uma armadura mínima necessária, por motivos de ordem construtiva,
mesmo que as solicitações a que a estaca será submetida não exija qualquer armadura. A
armação básica de uma estaca Franki sugerida pela ABEF (2004) é mostrada na Figura 6.13a,
inclusive com detalhes das possíveis emendas.
Figura 6.13a – Detalhes de armadura padrão para estaca Franki (ABEF, 2004).
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Tabela 6.7 – Características dos pilões usados na execução de estacas Franki (Velloso e Lopes, 2002).
Diâmetro da estaca Peso mínimo do pilão Diâmetro mínimo do pilão
(mm) (kN) (mm)
300 10 180
350 15 220
400 20 250
450 25 280
520 28 310
600 30 380
OBS.:Para estacas com mais de 15m, o peso do pilão deve ser aumentado em função do comprimento da estaca.
Concretagem: A execução do fuste deve ter um consumo mínimo de 350 kg/m3 de concreto,
sendo usados os seguintes procedimentos: i) o concreto é lançado em pequenas quantidades
que são compactadas sucessivamente, à medida que se retira o tubo e ii) o tubo é inteiramente
enchido de concreto plástico, e em seguida, é retirado com utilização de procedimentos que
garantam a integridade do fuste. O controle tecnológico do concreto tanto do fuste quanto da
base pode ser feito através da ruptura de corpos de prova (em geral com 15cm de diâmetro por
30cm de altura) coletados a cada 30m3 de concreto.
Carga estrutural admissível: Na fixação da carga estrutural admissível, não se pode adotar um
fck superior a 20MPa e γc = 1,5. A Tabela 6.8 mostra as principais características das estacas
Franki, segundo o catálogo de Estacas Franki Ltda.
Tabela 6.8 – Características das estacas tipo Franki (adaptado de Velloso e Lopes, 2002).
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6.3.3.4 Estaca Tipo Franki Tubada
Como o próprio nome sugere, a estaca Franki mista é uma associação de fuste premoldado
ancorado em uma base alargada, que é principal característica da estaca Franki. O processo
de execução dessa variante da estaca Franki está representado na Figura 6.14. As estacas
mistas são recomendadas nas seguintes situações: i) estacas com um trecho acima do N.A.
(fundações de pontes, obras marítimas, etc) e ii) ocorrência de águas excepcionalmente
agressivas. Ela apresenta a vantagem de reunir a grande capacidade de carga da estaca
Franki e a boa qualidade do concreto usado no elemento premoldado.
A metodologia de execução da estaca mista começa com a cravação do tubo e da bucha, para
em seguida executar-se o alargamento da base, de forma semelhante ao sistema Standard.
Sobre a base alargada é colocada uma certa quantidade de concreto, para servir de ligação
entre esta e o fuste. Nesse instante, faz-se descer o elemento premoldado contendo na parte
inferior pontas de vergalhão para prover a ancoragem do fuste na base. Em seguida, retira-se o
tubo de cravação e a estaca fica concluída. O espaço vazio que se forma entre o tubo e as
paredes do solo às vezes é preenchido com o próprio solo, às vezes com argamassa de
cimento ou asfáltica.
Um subgrupo deste tipo de estaca é a estaca mista tubada. Neste caso, o elemento
premoldado é substituído por um tubo de aço de parede fina, o qual é preenchido com concreto
antes da retirada do tubo de cravação. Recomenda-se a ancoragem do tubo concretado na
base, através da soldagem de dois ferros em “U” na parte inferior do tubo.
A grande vantagem da estaca mista tubada é a facilidade oferecida pelo tubo de parede fina
para operações de corte e emenda, ajustando o comprimento da estaca a cada situação, sem
qualquer prejuízo econômico à obra, que possa ser causado por desperdício de material.
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Figura 6.14 – Etapas de execução de uma estaca Franki mista.
A execução dessa variante da estaca Franki obedece à seqüência Standard até a colocação da
armadura. A partir daí, o tubo é completamente preenchido de concreto plástico, com “slump”
entre 8 cm a 12 cm, momento em que é acoplado ao tubo um aparelho vibrador especial, com
vibração unidirecional (vertical), procedendo-se simultaneamente o arrancamento contínuo do
tubo com o esforço do próprio bate-estaca, conforme representado na Figura 6.15.
Este processo diminui significativamente as dificuldades de concretagem do fuste em camadas
de argila mole ou muito mole, evitando-se a “fuga” de concreto e o conseqüente
estrangulamento do fuste.
6.3.3.6 Estaca Franki com Cravação por Martelo Automático e Fuste Vibrado
É uma variante do método precedente, sendo que o tubo é cravado pela ação de um martelo
automático. Além disso, a clássica bucha é substituída por uma chapa de aço, com a qual o
tubo é cravado até a profundidade especificada em projeto. Após essa etapa, coloca-se em
operação o pilão de queda livre que desloca a chapa até então fixada na extremidade inferior
do tubo e se executa a base alargada. Por fim, é colocada a armadura e substitui-se o martelo
pelo vibrador, executando-se o fuste vibrado, conforme mostrado na Figura 6.16.
149
Figura 6.15 – Etapas de execução de uma estaca Franki com fuste vibrado.
Figura 6.16 – Etapas de execução de uma estaca Franki com martelo automático e fuste vibrado.
150
6.3.4 Estacas Escavadas
Figura 6.17 – Perfuração típica para estaca escavada com uso de lama bentonítica (ABEF, 2004).
151
A situação local é que determinará se a perfuração terá ou não suas paredes suportadas. O
suporte pode ser um revestimento metálico (recuperável ou perdido) ou lama tixotrópica
(bentonítica), conforme esquematizado nas Figura 6.18 (a,b), onde também são mostradas as
principais ferramentas para escavação em solo (Figuras 6.18 c, d, e, f). Admite-se a perfuração
desprovida de suporte apenas nos casos de terrenos coesivos, acima do lençol d´água natural
ou rebaixado. Na Figura 6.19 são mostradas as fases típicas de execução de uma estaca
escavada com lama bentonítica.
Figura 6.18 – Execução de estaca escavada: (a) escavação revestida com camisa metálica; (b)
escavação suportada por lama. Ferramentas para escavação: (c) clamshell esférico; (d) “balde”; (e)
trado helicoidal e (f) chamshell de diafragmadora (Velloso e Lopes, 2002).
O uso de lama bentonítica para suportar paredes de perfuração para execução de estaca
escavada é bastante difundida no Brasil. Essa técnica já tem de mais de 50 anos de utilização
no mundo, possibilitando a execução de estacas nas mais diversas condições de subsolo, com
comprimentos até maiores que 50 m e diâmetros de até 2,5 m (Velloso e Lopes, 2002). Vale
lembrar que estacas escavadas com diâmetros acima de 0,70 m são chamadas de estacões.
Uma foto dessa variante de estaca escavada com 2 m diâmetro (com camisa metálica perdida),
empregada nas fundações da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros é mostrada na Figura 6.20.
152
Figura 6.19 – Execução de estaca escavada empregando-se lama bentonítica como suporte do furo.
Figura 6.20 – Estacas escavadas de grande diâmetro (2m) com uso de camisa de aço, para as
fundações da ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros.
153
Principais vantagens das estacas escavadas:
As prescrições relativas às especificações técnicas para o concreto são fornecidas pela NBR
6122 (1996):
3
Tremonha é um tubo construído por elementos emendados por rosca e tendo um funil na extremidade superior.
154
i) Consumo de cimento não inferior a 400 kg/m3.
ii) Abatimento (slump) igual a (200 ± 20)mm.
iii) Diâmetro máximo do agregado não superior a 10% do diâmetro interno do tubo da
tremonha.
iv) O embutimento da tremonha no concreto durante toda a concretagem não pode ser
inferior a 1,5 m.
Um exemplo de traço de concreto apresentado por Monteiro (1980), reproduzido por Velloso e
Lopes (2002), é apresentado a seguir, na Tabela 6.9:
Tabela 6.9 – Exemplo de traço de concreto para estaca escavada (Monteiro, 1980).
Material Em peso (kg) Em volume (litros)
Cimento 400 290
Areia 720 570
Brita Nº 1 980 630
Água 240 240
Plastiment VZ (*) 1,2 1,2
(*) Aditivo plastificante.
155
Após a concretagem, o trecho escavado e não concretado deve ser reaterrado para prevenir
desmoronamentos ou quedas de equipamentos ou pessoas. Para isso, é comum a utilização
de solo-cimento, no traço 50 kg de cimento para 1 m3 de solo. Depois do reaterro, a camisa-
guia é retirada e a estaca está concluída.
Carga estrutural admissível: adota-se um fck máximo de 20 MPa, com fator de redução de
resistência igual a γc = 1,9.
i) Estaca tipo raiz: a injeção é utilizada para moldar o fuste. Imediatamente, após a
moldagem do fuste, é aplicada pressão no topo, com ar comprimido, uma ou mais
vezes durante a retirada do tubo de revestimento. Não se usa tubo de válvulas
múltiplas, mas usam-se pressões baixas (menores que 500 kPa) para garantir a
integridade da estaca;
ii) Microestacas: incluem as pressoancoragens, executadas com tecnologia de tirantes
injetados em múltiplos estágios, utilizando-se, em cada estágio, pressão que garanta
a abertura das manchetes e posterior injeção.
Nos dois modelos, o fuste é constituído de armadura de barras e/ou tubo metálico, sendo os
vazios do furo preenchidos com calda de cimento ou argamassa. As principais vantagens
dessas estacas são:
i) Não produzem choques nem vibrações.
ii) As ferramentas disponíveis permitem sua execução em terrenos com matacões ou
peças de concreto.
iii) Equipamentos de pequeno porte, permitindo operação em locais com pouco espaço.
iv) Podem ser executadas com qualquer inclinação.
v) Podem ser utilizadas em reforço de fundações, podendo ser incorporadas à
estrutura, sob tensão.
a) Estacas-Raízes
156
tendo sua patente definitivamente registrada em 29 de dezembro de 1952 (Alonso, 1998). No
início de sua comercialização eram utilizados diâmetros iguais a 20 cm, razão pela qual eram
chamadas estacas injetadas de pequeno diâmetro. Com a popularização do seu emprego
como reforço de fundações e depois como fundação, houve uma tendência de se utilizar
diâmetros cada vez maiores, da ordem de 40 cm a 50 cm, deixando obviamente de receber o
nome pequeno diâmetro, sendo adotado pela NBR 6122 (1996) o título “estacas escavadas,
com injeção”. Na Figura 6.22 são mostradas as principais fases de execução de uma estaca
raiz.
157
Para a perfuração, utiliza-se o sistema rotativo, com circulação de água ou lama bentonítica,
que permite a colocação do tubo de revestimento provisório até a ponta da estaca. Para
diminuir o atrito entre o revestimento e o solo, durante a fase de perfuração, é colocada na
parte inferior do tubo uma ferramenta com diâmetro ligeiramente maior que o deste, chamada
sapata de perfuração. Os detritos resultantes da perfuração são levados à superfície pela água
de perfuração, através do interstício anelar formado entre o revestimento e o terreno. Desta
forma, o diâmetro acabado da estaca fica sempre maior que o diâmetro externo do
revestimento, conforme se pode ver na Tabela 6.10.
Nota: Visando garantir ao consumo mínimo de cimento, a NBR 6122 (1996) prescreve um valor da
ordem de 600 kg/m3, o que equivale a um traço comum de 80 litros de areia para 1 saco de 50 kg de
cimento e 20 a 25 litros de água. Isto pode conferir à argamassa uma resistência característica da
ordem de 20 MPa.
b) Microestacas
158
execução de tirantes injetados em solo. As etapas de execução de uma microestaca estão
mostradas na Figura 6.23, cuja descrição é feita a seguir:
i) Perfuração auxiliada por circulação de água: processo rotativo com lama bentonítica
ou, no caso de areias fofas e argilas moles, com auxílio de um tubo de revestimento;
ii) Armadura: pode ser constituída por uma gaiola de vergalhões ou por um tubo de aço
dotado de válvulas expansíveis de borracha (tubo manchete), através das quais é
injetada calda de cimento sob pressão. Quando se usa gaiola, as válvulas
manchetes são colocadas em um tubo de injeção, conforme mostrado nas Figuras
6.21 e 6.22;
iii) Injeção: inicialmente, preenche-se com calda de cimento o espaço anelar entre as
paredes do furo e o tubo de injeção, formando a bainha, a qual impede o fluxo da
calda sob pressão à superfície do terreno. Numa segunda etapa, injeta-se calda de
cimento sob pressão (com até 20 kgf/cm2) através das válvulas manchetes, uma de
cada vez. A injeção pode se processar em quantas fases forem necessárias para
que se atinjam as pressões desejadas. Após a série de injeções, procede-se ao
enchimento do tubo de injeção com argamassa ou com a própria calda. Estas etapas
conferem ao fuste uma forma irregular, com sucessivos bulbos fortemente
comprimidos contra o solo, melhorando significativamente a adesão da estaca, de
maneira análoga ao bulbo de um tirante. Isso contribui para uma melhor capacidade
de carga de atrito lateral, quando comparada com outras estacas, inclusive com as
estacas-raiz de mesmo diâmetro.
159
Figura 6.24 – Seção transversal de uma microestaca com tubo de aço e armadura complementar.
Carga admissível: As estacas escavadas com injeção, quando não penetrarem em rocha,
devem ser dimensionadas levando em conta apenas o atrito lateral, utilizando-se alguns dos
métodos consagrados na técnica. Esse dimensionamento é válido tanto à compressão quanto
á tração (NBR 6122, 1996). A norma brasileira ainda prescreve a obrigatoriedade de se fazer
provas de carga sobre um mínimo de 1% das estacas, sendo o número mínimo de três.
Considera-se adequado aumentar o número mínimo de provas de carga para 5% das estacas
com carga de trabalho entre 600 kN e 1000 kN e em 10% para cargas acima de 1000 kN.
É uma estaca de concreto, moldada “in loco”, executada por meio de trado contínuo e injeção
de concreto (sob pressão controlada) através da própria haste central do trado,
simultaneamente à sua retirada do terreno. A estaca hélice contínua foi desenvolvida nos
Estados Unidos, na década de 70, sendo difundida pela Europa e Japão na década de 80,
chegando ao Brasil por volta de 1987 (Velloso e Lopes, 2002; Antunes e Tarozzo, 1998). O
primeiro modelo utilizado no Brasil, foi aqui desenvolvido, era montado sob guindaste de
esteiras com capacidade para torque de 35 kNm e diâmetros de 275 mm, 350 mm e 425 mm.
Com essa máquina se podia executar estacas com até 15m de comprimento.
Na década de 90 o mercado brasileiro experimentou uma invasão de máquinas importadas da
Europa (Itália, principalmente), construídas especialmente para execução desse tipo de estaca.
Essas máquinas têm capacidade para aplicar de 90 kNm a mais de 200 kNm de torque, utiliza
hélices com diâmetros de até 1000 mm e executa estacas com até 24 m de comprimento.
160
a) ausência de vibrações
b) elevada produtividade
c) grande capacidade de carga
d) controle automático da execução da estaca
161
Figura 6.26 – Principais etapas de execução de uma estaca hélice contínua (ABEF, 2004).
162
Perfuração: a perfuração consiste na introdução da hélice no terreno, por rotação, transmitida
por motores hidráulicos acoplados na extremidade superior da hélice, que aplicam o torque
necessário para vencer a resistência do terreno, até que se atinja a profundidade de projeto,
sem que em nenhum momento a hélice seja retirada da perfuração. Nesta fase, a única força
vertical atuante é o peso próprio da hélice com o solo nela contido, conforme Figura 6.26a.
163
Figura 6.27 – Torre e hélice usados para execução de uma estaca hélice contínua.
Tabela 6.11 – Características mínimas dos equipamentos disponíveis para executar estacas hélice
contínua (Antunes e Tarozzo, 1998).
Torque Diâmetro Profundidade
(kNm) (mm) (m)
25 275; 350; 425 15
80 – 150 ≤ 800 24
≥ 160 ≤ 1000 24
Orientações de projeto: para a fixação da carga estrutural admissível deve-se adotar fck mínimo
igual a 20 MPa e um fator de redução de resistência γc = 1,8. O espaçamento mínimo entre
estacas paralelas pode ser adotado igual a 2,5 vezes o diâmetro. Na Tabela 6.12 são
apresentados os diâmetros comumente utilizados, as cargas estruturais admissíveis e os
espaçamentos sugeridos, conforme prescreve a NBR 6122 (1996).
164
Orientações de projeto: as estacas hélices contínuas oferecem uma solução técnica e
economicamente viável nos casos de: i) obras em centros urbanos próximos a estruturas
existentes, como escolas, hospitais e edifícios históricos, por não produzir ruídos e vibrações e
por não causar descompressão do terreno; ii) obras industriais e conjuntos habitacionais, onde,
em geral há um grande número de estacas de mesmo diâmetro, pela grande produtividade que
pode alcançar e iii) estrutura de contenção, associado ou não a tirantes protendidos, próximos
a estruturas existentes, desde que os esforços transversais sejam compatíveis com os
comprimentos de armação permitidos.
165
Tabela 6.12 – Diâmetro da hélice, carga admissível e espaçamentos sugeridos para estacas hélice
contínua (NBR 6122, 1996).
Dois tipos de estacas hélice com deslocamento do solo começam a ser introduzidas na prática
de fundações brasileira: são as estacas Ômega e Atlas. Elas diferem da hélice contínua pelo
fato da ferramenta helicoidal (trado helicoidal) ser concebida para impor um afastamento lateral
do solo no instante em que a ferramenta é introduzida ou extraída.
a) Estaca Ômega: essa estaca pode ser executada com diâmetros variando entre 300 mm e
600 mm, e comprimentos de até 35 m. A carga admissível pode atingir até 2000 kN. As etapas
de execução são as seguintes (ver Figura 6.29):
i) penetração por movimento de rotação e, eventualmente, força de compressão do trado. O
tubo central tem a extremidade inferior fechada por uma tampa metálica que será perdida;
ii) depois de atingida a profundidade prevista, coloca-se a armadura no tubo, em todo o
comprimento da estaca;
iii) enchimento do tubo com concreto plástico;
iv) retirada do tubo por movimento rotacional no mesmo sentido da introdução e,
eventualmente, esforço de tração no trado. É feita injeção simultânea de concreto.
O trado é projetado de tal forma que, mesmo quando se atinge a superfície do terreno (na
retirada do tubo), o solo é pressionado para baixo, não se permitindo qualquer saída do solo.
166
Figura 6.29 – Etapas de execução de uma estaca Ômega.
b) Estaca Atlas: esse tipo de estaca pode ser executado com diâmetros variando entre 360 mm
e 600 mm, e comprimentos de até 25 m. A execução é semelhante à da estaca Omega, exceto
na operação da retirada do tubo, que é feita por movimento de rotação em sentido contrário ao
da introdução do mesmo no terreno. As fases de execução de uma estaca Atlas estão
apresentadas na Figura 6.30.
167
6.3.6 Estacas Prensadas
Mais conhecidas no Brasil como estacas tipo “Mega” – denominação dada pela empresa
Estacas Franki – as estacas prensadas são constituídas de elementos premoldados de
concreto (armado, centrifugado ou protendido), ou por elementos metálicos (perfis laminados,
perfis soldados ou tubos), cravados por prensagem, com auxílio de macaco hidráulico.
As estacas Mega foram idealizadas com a finalidade precípua de utilizá-las como alternativa ao
reforço de fundações, entretanto, têm sido também empregadas como fundações
convencionais, quando se deseja eliminar perturbações nas vizinhanças tais como, vibrações,
choques, ruídos, etc.
Cravação: para a cravação de uma estaca Mega, ou se emprega uma plataforma com
sobrecarga (ver Figura 6.31) ou se utiliza a própria estrutura como reação, conforme mostrado
na Figura 6.32. Na Figura 6.33 são mostrados detalhes da incorporação da estaca cravada
através de furo no bloco.
Figura 6.31 – Plataforma com cargueira e macaco aplicando carga para cravar uma estaca Mega
(ABEF, 2004).
168
Figura 6.32 – Formas possíveis de cravação de uma estaca Mega: (a) sobrecarga e (b) usando
estrutura existente como reação.
i) em toda estaca cravada se realiza uma prova de carga até 1,5 vezes a carga de
trabalho;
ii) execução da estaca prensada em paralelo com outras etapas da obras em
interrupção no cronograma;
iii) quando ela é cravada com reação em plataforma, já existem, hoje, dispositivos
capazes de executá-la em tempo comparável ao exigido para a cravação de estacas
Franki ou premoldadas.
169
8.0 Bibliografia Consultada
180
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ÁREA DE GEOTECNIA E ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES
Notas de Aula
FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Capítulo 7 – Capacidade de Carga e Recalque
183
5.0 Estimativas de Recalques de Fundações Profundas 228
5.1 Transferência de Carga e Recalque da Estaca para o Solo 228
5.2 Métodos para Previsão de Recalques de Estacas 229
5.2.1 Métodos Teóricos (Teoria da Elasticidade) 230
5.2.1.1 Método de Poulos & Davis (1968) 230
5.2.1.2 Método de Vésic (1969, 1975) 232
5.2.2 Métodos Semi-Empíricos 234
5.2.3 Ajuste da Curva Carga-Recalque 235
6.0 Procedimentos Gerais de Projeto 237
6.1 Disposição das estacas em bloco 237
6.2 Arrasamento da estaca 243
7.0 Grupos de Estacas e Tubulões 244
7.1 Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Areias 244
7.2 Capacidade de Carga de Grupo de Estacas Instaladas em Argila 245
7.3 Recalque de Grupo de Estacas 246
7.3.1 Recalque de Grupo de Estacas Instaladas em Areias 247
8.0 Atrito Negativo 247
8.1 Avaliação do Atrito Negativo em Estacas Isoladas 248
8.2 Atrito Negativo Coeficiente de Segurança 249
8.3 Prevenção do Atrito Negativo 249
8.4 Atrito Negativo em Grupo de Estacas 249
9.0 Exemplos de Aplicação 250
10.0 Bibliografia Consultada 252
“A carga admissível de um estaqueamento (grupo de elementos isolados de fundação em estacas) é fixada por
cada profissional que se julgue especialista neste tipo de fundação. O valor numérico por ele fixado decorre de sua
experiência pessoal com aquele tipo específico de fundação naquela formação geológica, quando executado com o
equipamento daquela firma especializada. Neste contexto fundação é uma arte e as decisões de engenharia
dependerão da sensibilidade e experiência do artista. Neste caso, entende-se por experiência profissional o fato de
ter projetado um estaqueamento para um determinado valor de carga admissível e ter tomado conhecimento
posterior do seu comportamento sob ação deste tipo de carga em prova de carga estática. Se o comportamento foi
satisfatório há tendência em se consolidar o valor adotado e até de aumentá-lo à medida que a experiência se
acumula sempre com bons resultados. Se o comportamento foi deficiente a tendência é contrária. A experiência
confere uma medida à confiabilidade de um determinado tipo de fundação e é um fator subjetivo”.
(Prof. Nelson Aoki, 2000).
184
1.0 Introdução
No projeto de uma fundação profunda o engenheiro deve se preocupar não só com a segurança em
relação à perda de capacidade de carga, mas, e também (embora em menor grau) com a avaliação dos
recalques que podem ocorrer sob as cargas de trabalho. Serão estudados neste capítulo os métodos
estáticos e dinâmicos utilizados para cálculo ou estimativa da capacidade de carga de estacas e
tubulões, para o caso de cargas axiais.
Em se tratando de capacidade de carga de uma estaca, a primeira coisa a verificar é sua capacidade de
resistir aos esforços atuantes sem sofrer fissuras ou se romper. É sua resistência estrutural. Neste caso,
de acordo com suas dimensões e do material utilizado, cada tipo de estaca tem uma capacidade de
carga estrutural. A Tabela 7.1, extraída do livro de Velloso e Lopes (2002), mostra a capacidade
estrutural e também a tensão máxima (σ) para estacas prémoldadas de concreto.
Tabela 7.1 – Capacidade de carga estrutural de estacas prémoldadas de concreto (Velloso e Lopes,
2002).
Uma vez satisfeita sua capacidade estrutural, um sistema estaca-solo submetido a uma carga vertical
resistirá a essa solicitação parcialmente pela resistência ao cisalhamento gerada ao longo de seu fuste
e parcialmente pelas tensões normais geradas ao nível de sua ponta. Portanto, podemos definir como
capacidade de carga de um sistema estaca-solo (Qr) a carga que provoca a ruptura do conjunto
185
formado pelo solo e a estaca. Essa carga de ruptura pode ser avaliada através dos métodos estáticos,
dinâmicos e das provas de carga. Por sua vez, os métodos estáticos se dividem em:
Poderia se falar ainda dos métodos empíricos, a partir dos quais se pode também estimar,
grosseiramente, a capacidade de carga de uma estaca ou tubulão com base apenas na descrição das
camadas atravessadas.
Nos métodos estáticos, parte-se do equilíbrio entre a carga aplicada mais o peso próprio da estaca ou
tubulão e a resistência oferecida pelo solo, conforme mostrado na Figura 7.1. O equilíbrio é expresso
com a seguinte equação:
Qr + W = Qp + Ql (1)
Na maioria absoluta dos casos, o peso próprio é desprezível em virtude da sua pouca representação
em relação às cargas atuantes sobre a estaca, de tal forma que a Equação 1 pode ser reescrita
introduzindo-se as resistências unitárias (qp e ql), da seguinte maneira:
∫
Q r = A p qp + U ql dz
0
(2)
em que
186
A Equação 3 deve servir de premissa para todos os métodos de capacidade de carga de estacas e
tubulões. Evidentemente, o tipo de estaca e o perfil do terreno determinarão para cada caso quem
prevalece na capacidade de carga total, se a resistência de ponta ou o atrito lateral ou ambos. Para
efeitos de melhor compreensão, a Figura 7.1 será denominada estaca de referência ou padrão, que é
de deslocamento, de concreto armado e seção circular, com diâmetro B.
O autor deste trabalho considera de suma importância deixar claro o conceito de ruptura, visto que,
conforme lembrado por Décourt et al. (1998), as teorias de capacidade de carga se referem a ruptura
sem muitas vezes serem discutidas as deformações necessárias para atingi-la.
As verificações experimentais de capacidade de carga são interpretadas em termos de curva carga-
recalque, em que a inexistência de condições claras de ruptura é quase sempre a regra geral. Daí, a
necessidade de se ter uma definição de ruptura. De Beer (1988) apresenta os conceitos de ruptura
física e ruptura convencional, conforme definições que seguem.
Ruptura física (QUU) : é definida como o limite da relação do acréscimo do recalque da ponta da estaca
(∆SB) pelo acréscimo de carga (∆Q), tendendo ao infinito, ou seja:
∆ SB
QUU = Q para ∆Q
≡∞ (4)
187
Décourt (1996) propõe definir a ruptura física a partir do conceito de rigidez. Para o autor, a rigidez de
uma fundação qualquer (R) expressa a relação entre a carga a ela aplicada e o recalque produzido (s).
Portanto, nesta conceituação, a ruptura física acontece quando o valor da rigidez se torna nulo, ou seja:
Q
QUU = limite de Q quando s ⇒ ∞. Portanto, R = s ⇒ 0 (5)
Ruptura convencional (QUC): é definida quando existe uma carga correspondente a uma deformação da
ponta (ou do topo) equivalente a um percentual do diâmetro da estaca, sendo 10% de B, no caso de
estacas de deslocamento e de estacas escavadas em argila, e 30% no caso de estacas escavadas em
solos granulares.
Segundo Velloso e Lopes (2002), as primeiras fórmulas teóricas foram desenvolvidas no início do
século XIX. Serão apresentadas inicialmente as formulações para resistência de ponta, que se baseiam
na Teoria da Plasticidade e, em seguida, são desenvolvidas as teorias usadas para cálculo da
resistência de atrito lateral.
i) Solução de Terzaghi
É a mesma teoria desenvolvida para a capacidade de carga de fundações superficiais. Neste caso, a
ruptura do solo abaixo da ponta da estaca, não pode ocorrer sem deslocamento de solo para baixo e
para cima, conforme mostrado na Figura 7.2.
Figura 7.2 – Configurações da ruptura para fundações profundas: (a) Terzaghi; (b) Meyerhof.
Se ao longo do comprimento L da estaca o solo é bem mais compressível que o existente abaixo da
base, as tensões cisalhantes (τl) provocadas ao longo do fuste pelos deslocamentos são desprezíveis.
188
Assim, a influência do solo que envolve a esta é semelhante à de uma sobrecarga (q = γ.L), e a
resistência de ponta será calculada por uma das fórmulas usadas em fundações superficiais:
B
q p,rup = 1,2cN c + γLN q + 0,6γ Nγ (6)
2
para estacas de base circular e diâmetro B, ou
B
q p,rup = 1,2cNc + γLN q + 0,8γ Nγ (7)
2
para estacas de base quadrada, de lado B.
É análoga à solução de Terzaghi, tendo a seguinte diferença: enquanto na solução de Terzaghi o solo
situado acima do nível da base da fundação é substituído por uma sobrecarga frouxa γL, onde as linhas
de ruptura são interrompidas no plano BD, na solução de Meyerhof essas linhas de ruptura são levadas
ao maciço situado acima de tal plano, conforme mostrado na Figura 7.2b.
Meyerhof (1953) propôs um procedimento relativamente simples para o cálculo da capacidade de carga
de estacas, sendo a resistência de ponta obtida de:
B
q p,rup = cNc + K sγLN q + γ Nγ (8)
2
189
em que KS = coeficiente de empuxo do solo contra o fuste na zona de ruptura próxima à ponta e
Nc Nq e Nγ = fatores de capacidade de carga, que dependem de φ e da relação L/B.
Os valores de KS, empuxo do terreno contra o fuste, na vizinhança da ponta de uma estaca cravada
situam-se em torno de 0,5 (areias fofas) e 1,0 (areias compactas), conforme resultados obtidos de
ensaios de laboratório e de campo (Velloso e Lopes, 2002).
No caso de fundações profundas, o valor da relação L/B é muito grande. Por essa razão, despreza-se a
última parcela da Equação 8, ficando:
onde os fatores Nc e Nq são obtidos dos ábacos da Figura 7.3, para o caso de estacas de seção circular
ou quadrada e para valores comuns de φ´.
Capacidade de carga de estacas em solos argilosos: como neste caso, φ = 0, a Equação 9 é reescrita:
É necessário que a ponta da estaca penetre pelo menos 2B na camada de base. Para penetrações
menores que 2B, serão utilizados os valores de Nq e Nγ que correspondam à penetração real,
introduzindo-os na Equação 8, com c = 0.
Capacidade de carga de estacas em solos estratificados: para uma estaca instalada em perfil de solo
estratificado, pode-se considerar a resistência por atrito lateral total como sendo a soma das
resistências individuais de cada camada atravessada. Já a resistência de ponta é, inevitavelmente,
determinada pela camada na qual está fincada a ponta da estaca, conforme as Equações 10 e 11.
q p, rup = Ak γB + B k α T γL (12)
em que os valores do coeficiente αT são obtidos da relação L/B e do ângulo φ, conforme mostrado na
Tabela 7.3. Os valores de AK e BK são também funções de φ, sendo obtidos das curvas da Figura 7.4.
De acordo com essa formulação, a tensão horizontal contra o fuste da estaca cravada não cresce linear
e indefinidamente com a profundidade, contrário ao que intuitivamente se poderia pensar.
Tabela 7.3 – Valores de αT para aplicação do método de Berezantzev et al (1961), citados por Velloso e
Lopes (2002).
191
Figura 7.4 – Fatores de capacidade de carga propostos por Berezantzev et al. (1961).
Nas formulações das soluções clássicas, a resistência de ponta de uma estaca é função apenas da
resistência do solo. Cabe ressaltar, todavia, que a rigidez do solo desempenha um papel fundamental,
visto que o mecanismo de ruptura é função dessa rigidez. Daí, a introdução de soluções baseadas na
teoria de expansão de cavidades em um meio elasto-plástico, conforme esquematizado na Figura 7.5.
Na proposta de Vésic (1972), a resistência de ponta de uma fundação profunda pode ser obtida da
seguinte equação:
q p, rup = cN c + σ 0 N σ (13)
1 + 2K o
em que σ o = 3
σ´v (13A)
N c = (N σ − 1) cot φ (13B)
192
Para entrada na Tabela 7.4, é necessário, além do ângulo φ, do Índice de Rigidez (Ir), que pode ser
calculado com a seguinte equação:
E G
Ir = = (13C)
2(1 + ν )(c + σ ´tgφ ) c + σ ´tgφ
Nc são os valores superiores, enquanto Nσ são os números inferiores em cada linha corresponde a cada
valor de φ mostrados na Tabela 7.4.
Da Equação 13 se observa que Vésic expressa a resistência de ponta em função da tensão normal
média (σ´v) atuando no nível da ponta da estaca.
Figura 7.5 – (a) Analogia entre a ruptura de ponta de uma estaca e a expansão de uma cavidade esférica; (b)
mecanismo de expansão de uma cavidade esférica (Velloso e Lopes, 2002, apud Vésic, 1972).
193
2.3.2 Fórmulas Teóricas (Racionais) para a Resistência de Atrito Lateral
A segunda parcela da capacidade de carga de uma estaca é a resistência de atrito lateral, conforme foi
mostrado nas Equações 2 e 3. O tratamento teórico aplicado ao atrito lateral unitário (ql) é análogo ao
usado para analisar a resistência ao deslizamento de um sólido em contato com o solo. Dessa forma,
seu valor é, usualmente, considerado como a soma de duas parcelas:
em que ca é a aderência entre a estaca e o solo, σ´h é a tensão horizontal média atuando na superfície
lateral da estaca na ruptura e δ é o ângulo de atrito entre a estaca e o solo. Os valores de ca e δ podem,
em determinados casos, serem determinados através de ensaios de laboratório, executando-se ensaios
de resistência ao cisalhamento na interface entre o material da estaca e o solo, porém, esse processo
está sujeito a limitações (p. ex., o nível de tensão horizontal na superfície de contato). Por isso, ql,rup é
comum e preferencialmente estimado com base em dados empíricos oriundos de observações de
campo. Outro aspecto importante lembrado por Velloso e Lopes (2002) é fato comprovado: “medições
em estacas instrumentadas cravadas em solos granulares parecem mostrar que o atrito lateral não
cresce com a profundidade abaixo de certa profundidade, denominada crítica, assumindo daí para
baixo um valor constante”.
a) Fórmula de Terzaghi:
ruptura, a área anelar BD, da Figura 7.2a, tende a subir, o que faz surgir uma força resistente dada por:
2 πB 2
(
L n − 1
4
) γ + πB τ l + n πB τ (15)
em que nB é o diâmetro externo da área anelar e τ a resistência ao cisalhamento do solo. Por unidade
de área, tem-se:
πB 2
(
L n 2 −1
4
)
γ + πBτ l + nπBτ
q1 = = γ 1L (16)
πB
( )
2
n −1
2
4
onde
τ l + nτ
γ1 =γ +4 (17)
(
B n 2 −1 )
adotando-se para n o valor que torna mínima a capacidade de carga da estaca.
194
A maior limitação do uso da Equação 17 (e também 18) refere-se às incertezas sobre o valor de τ, pois
as tensões de cisalhamento ao longo da superfície DE, na Figura 7.2a, são muito dependentes da
compressibilidade do solo. Sendo o solo pouco compressível (areias compactas), as tensões
cisalhantes na região DE são muito significativas. Em contrapartida, no caso de solos fofos (areia fofa
muito compressível), essas tensões cisalhantes ao longo de DE são inexpressivas, visto que o
movimento necessário a uma penetração da fundação para baixo pode ser produzido por uma
compressão lateral da areia localizada abaixo de BD e a tendência para levantar areia acima da base
da estaca é, certamente, insignificante. Portanto, quando se escolhe um valor de τ para a Equação 17,
deve-se supor uma mobilização incompleta da resistência ao cisalhamento do solo ao longo da
superfície cilíndrica DE. Em todo caso, a compressibilidade do solo deve ser levada em consideração
pelo fato dela influenciar decisivamente na capacidade de carga da fundação.
b) Fórmula de Meyerhof:
Tendo como base a Equação 14, Meyerhof propõe as seguintes expressões para cálculo do atrito
lateral unitário de estacas:
__
K S γL
σh = (18)
2 cos δ
__
para solos granulares (ca = 0), sendo δ o ângulo de atrito solo-estaca e K S o coeficiente de empuxo
se os valores da resistência lateral; KS seria obtido no trecho inferior (2B a 4B) da haste de ensaio e
__
K S obtida a partir da média dos KS obtidos em diferentes profundidades. Na Tabela 7.5, de Broms
(1966), são apresentados valores de KS para fins de estimativas do atrito lateral unitário. Para δ sugere-
se os seguintes valores (Velloso e Lopes, 2002 apud Aas, 1966):
195
Observações:
i) se a ponta da estaca estiver apoiada numa profundidade L´, abaixo do lençol freático, a capacidade
de carga total da estaca (Qr) deverá ser reduzida pela aplicação do seguinte coeficiente multiplicador:
1 − γ ´ L´
1 − (20)
γ L
em que γ´é o peso específico do solo submerso.
ii) para solos argilosos (φ = 0), Meyerhof propõe a seguinte expressão para a aderência lateral:
q l , rup = c a (21)
ql ,rup = αS u (22)
em que α é um coeficiente que pode variar de 0,2 a 1,25, de acordo com o tipo de estaca e o tipo solo,
conforme mostrado na Figura 7.6.
Foi visto que ql,rup depende de duas parcelas: i) aderência (ca), a qual independe da tensão normal
efetiva (σ´h) que atua contra o fuste e ii) a parcela de atrito, que aí sim, é proporcional a essa tensão. A
experiência adquirida com estacas de rugosidade normal permite adotar tg δ = tg φ´, sendo φ´ o ângulo
de atrito interno do solo amolgado em termos de tensões efetivas. Como a tensão normal atuando
contra o fuste é normalmente relacionada à tensão vertical efetiva na profundidade correspondente,
196
através de um coeficiente de empuxo KS, pode-se reescrever a Equação 14, para solos granulares (ca =
0) da seguinte forma:
Segundo Velloso e Lopes (2002), o coeficiente KS é afetado pelo comprimento e forma da estaca,
principalmente se for cônica. Em estacas escavadas e jateadas, KS é igual ou menor que K0 (coeficiente
de empuxo no repouso). Em estacas cravadas com pequeno deslocamento, ele é um pouco maior,
porém, raramente excedendo 1,5, mesmo em areias compactas. Para estacas cravadas curtas e de
grande deslocamento, instaladas em areia, KS pode se aproximar do coeficiente de empuxo passivo,
dado por Kp = tg2 (45° + φ/2).
d.1) Método α: nos solos argilosos, a resistência lateral tem sido relacionada á resistência ao
cisalhamento (coesão) não drenada, conforme visto na Equação 22. Os valores de α: são apresentados
na Figura 7.7, cujas curvas levam em consideração a natureza da camada sobrejacente e a resistência
não-drenada da argila antes da instalação da estaca.
d.2) Método β: De acordo com discussões apresentadas em Velloso e Lopes (2002), Burland (1973)
sugeriu que o atrito estaca-solo não fosse associado à resistência ao cisalhamento não-drenada, mas
sim às condições de tensões efetivas, de cuja proposta são tiradas as seguintes considerações:
onde σ´h é a tensão horizontal efetiva que atua na estaca e δ o ângulo de atrito efetivo entre a argila e o
fuste da estaca.
iv) Admite-se que a tensão horizontal efetiva é proporcional à tensão vertical efetiva inicial, σ´v:
σ , h = Kσ vo
,
(25)
197
Figura 7.7 – Curvas para obtenção do coeficiente α (Velloso e Lopes, 2002, apud Tomlinson, 1994).
Com relação à Equação 25, há que se ter bastante cuidado para não confundir K com o coeficiente de
empuxo do solo no repouso, K0, visto que o valor de K é muito dependente do processo de instalação
da estaca no solo, que pode ser muito diferente da situação original. Com a Equação 25, pode-se
reescrever a Equação 24 da seguinte forma:
Da Equação 26, o produto Ktgδ pode ser substituído pelo símbolo β, resultando em:
ql, rup
β= = Ktgδ
σ v, 0 (26A)
Valores médios de β podem ser obtidos empiricamente, a partir de provas de carga, desde que se tenha
deixado passar algum tempo entre a instalação da estaca e a realização do ensaio, e que o ensaio seja
realizado de forma lenta.
198
Valores de β para argilas moles normalmente adensadas:
onde φ´a é o ângulo de atrito do solo amolgado e drenado, que estima-se se situar entre 20° e 30°.
Ql ,rup
1 L ,
ql ,rup = = ∑ σ K tgδ∆L (27A)
πBL L 0 v 0 0
Método λ: Nesta abordagem, expressa-se a resistência lateral em função da tensão vertical efetiva e da
resistência não-drenada da argila. Por isso, o método recebe também a denominação de “enfoque
misto”. Neste caso, a resistência lateral pode ser calculada por:
ql, rup = λ σ v, 0 + 2 S u
(28)
em que λ é um coeficiente que depende do comprimento da estaca, o qual varia de 0,1 para estacas
com mais de 50m de comprimento a 0,3 para estacas menores de 10m.
Pesquisas têm revelado que após a cravação de uma estaca em um depósito de argila mole há um
aumento considerável da resistência lateral com o decorrer do tempo. Esse aumento na resistência está
associado à migração de água dos poros, causada pelo excesso de poropressão gerado durante a
cravação da estaca.
Vários pesquisadores têm confirmado essa ocorrência (Velloso e Lopes, 2002), dos quais pode-se
destacar Soderberg (1962), o qual propõe uma equação para previsão do tempo (t) necessário para o
desenvolvimento da máxima capacidade de carga da estaca a partir da cravação. Conforme visto na
Equação 29, esse tempo é proporcional ao quadrado do diâmetro ou raio da estaca (r). Neste caso, o
ganho de resistência com o tempo seria controlado pelo fator tempo (Th), definido por:
199
Fellenius modificado _ By Anjos 2010**
Tipo de solo FUSTE BASE
Areia ' ( º ) Nt
fofa 0,28 0,28 20 3
média 0,50 0,50 21 4
compacta 0,80 0,80 22 4
Siltosa 0,44 23 5
Silto‐argilosa 0,41 24 6
0,42
Argilo‐siltosa 0,41 25 7
Argilosa 0,43 26 8
Silte 27 9
mole 0,25 0,25 28 10
médio 0,30 0,30 29 11
rijo 0,35 0,35 30 13
Arenoso 0,36 31 15
Areno argiloso 0,34 32 17
0,33
Argilo arenoso 0,32 33 20
Argiloso 0,29 34 23
Argila 35 27
muito mole 0,15 0,15 36 31
mole 0,22 0,22 37 35
média 0,25 0,25 38 40
rija 0,42 0,42 39 46
Arenosa 0,33 40 53
Areno siltosa 0,30
0,30
Silto arenosa 0,30
Siltosa 0,27
6.3 Exemplos Numéricos
1. Sendo dado o perfil geotécnico abaixo, dimensionar pelo método racional a capacidade
de carga de uma estaca pré-moldada cuja CAF se encontra em 20m de profundidade.
K =1
K =1,5
K=2,0
Qp = qp – Ap
Como a CAF é em areia - qp = N*q x σ’vo (p/ φ’ = 38°)
Apostila Grad. Fundações (1996) – Renato P. Cunha / Universidade de Brasília – rpcunha@unb.br 193
Exercícios – Fundações Profundas
Os parâmetros do solo são: su = 20kPa , φ ' cs = 28° ,and γ sat = 18kN / m³ ; N.A na superfície.
Estime a capacidade de carga admissível para um fator de segurança igual a 3. Esta estaca
atua fundamentalmente como “estaca de fuste” ou “base” ?.
RESOLUÇÃO:
su = 20kPa 25kPa
su = 20kPa 35kPa
β= (1 − sin φ 'cs )( OCR ) tan φ '
0,5
L = 10 m,
π D² π × 0, 4²
Perimeter =πD =π × 0, 4 =1, 26m ; Ab = = =0,126m²
4 4
Q f =α u su (π D ) L =×
1 20 × 1, 26 × 10 =252 kN
Qb =9 su Ab =9 × 20 × 0,126 =22, 7 kN
Q f = βσ 'z (π DL )
L 10
σ 'z = (18 9,8)
γ ' =− =
41 kPa
2 2
Qult 231,1
=
Qa = = 77 kN
3 3
A capacidade de carga via termos efetivos é menor. Desta forma, use a capacidade via
termos efetivos: Qa = 77 kN .
Fator Nq
10000
Anjos
Fellenius
Budhu
1000
Nq
100
10
1
15 20 25 30 35 40 45 50
( ° )
2007
71,28 %
82,9 %
Cht
Th = (29)
r2
onde Ch é coeficiente de adensamento horizontal do solo.
Vésic (1977) observou experimentalmente que estacas cravadas de até 35cm de diâmetro atingem a
capacidade de carga máxima ao final de um mês, ao passo que estacas com 60cm de diâmetro podem
levar até um ano para atingir essa capacidade de carga (Velloso e Lopes, 2002).
No caso de estacas cravadas em argilas rijas, pode haver diminuição das poropressões na argila ao
redor do fuste, como conseqüência da cravação. Neste caso, haveria uma migração da água dos poros,
contrária à referida anteriormente, provocando uma espécie de amolecimento da argila numa região
anelar no entrono do fuste, tendo como conseqüência uma redução da capacidade de carga da estaca
com o decorrer do tempo, a partir da cravação.
Esse método foi desenvolvido a partir de um estudo comparativo entre resultados de provas de carga
em estacas e de SPT, mas pode ser utilizado também com dados do ensaio de penetração do cone
(CPT). A expressão da capacidade de carga foi concebida relacionando-se a resistência de ponta e o
atrito lateral da estaca à resistência de ponta (qc) do CPT. Para levar em conta as diferenças de
comportamento entre a estaca (protótipo) e o cone (modelo), os autores propuseram a introdução dos
coeficientes F1 e F2, ou seja:
200
qc
qp = (30) qc = k.N (32)
F1
para a resistência de ponta da estaca, e
q
ql = c (31) qc = αk.N (33)
F2
para a resistência lateral da estaca.
Introduzindo-se correlações entre o SPT e o CPT
(cone holandês, mecânico), e o coeficiente α
Logo, a capacidade de carga total da estaca
estabelecido por Begemann (1965) para
será:
correlacionar o atrito lateral do cone com
kN αkN
ponteira Begemann com a tensão de ponta, qc, Qr = A p + U∑ ∆l (34)
F1 F2
tem-se:
201
Tabela 7.8 – Valores de k e α (Monteiro, 1997). Tabela 7.9 – Valores de F1 e F2 (Monteiro
1997).
Tipo de solo k (kgf/cm2) α (%) Tipo de estaca F1 F2
Franki fuste apiloado 2,30 3,0
Areia 7,3 1,4
Franki fuste vibrado 2,30 3,2
Areia siltosa 6,8 2,0
Metálica 1,75 3,5
Areia silto-argilosa 6,3 2,4
Premoldada de concreto* 2,50 3,5
Areia argilo-siltosa 5,7 2,8
Premoldada de concreto** 1,20 2,3
Areia argilosa 5,4 3,0 Escavada com lama 3,50 4,5
Silte arenoso 5,0 2,2 Raiz 2,20 2,4
Silte areno-argiloso 4,5 2,8 Strauss 4,20 3,9
Silte 4,8 3,0 Hélice Contínua 3,00 3,8
Figura 7.8 – Proposta para determinação da resistência de ponta de estacas (Monteiro, 1997).
q ps + q pi
q p , rup = (35)
2
No caso de estacas Franki, a área da ponta é calculada com o volume da base alargada (Vb), admitida
superfície de forma esférica:
2
3V 3
Ap = π b (36)
4π
202
2.3.3.2 Método de Décourt e Quaresma (1978)
Esses autores apresentaram uma proposta para estimativa da capacidade de carga de estaca com
base nos valores do N do SPT. O método foi originalmente desenvolvido para estacas de
deslocamento, mas, a exemplo do método de Aoki e Velloso, tem passado por modificações para
contemplar outros tipos de estacas. O método de Décourt e Quaresma tanto usa dados do SPT quanto
do SPT-T. Desse último, se pode obter o Neq (N equivalente), que segundo Décourt (1991), é o valor do
Torque, em kgf.m, divido por 1,2, conforme a Equação 37. O Neq assim calculado corresponde a um
valor do N do SPT obtido sob um nível de eficiência da ordem de 72%. Entenda-se como eficiência (η),
o valor da energia efetivamente usada para cravar o amostrador no solo dividida pela energia potencial
do martelo (de 65 kgf) no instante em que o mesmo é erguido até uma altura igual a 0,75 m.
T
Neq = (37)
1,2
a) Resistência de ponta
onde C é apenas função do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 7.10, e só para estaca cravada.
__
O valor N a ser usado na Equação 38 corresponde à média de três valores de N: o do nível da ponta
da estaca, o imediatamente abaixo e o imediatamente acima desta.
b) Atrito lateral
São considerados os valores do N ao longo do fuste, sem levar em conta aqueles utilizados no cálculo
da resistência de ponta, os menores que 3 e os superiores a 50. Dessa forma, obtém-se a média e, com
auxílio da Equação 39, estima-se o valor do atrito médio, em kN/m2, ao longo do fuste da estaca.
_
N (39)
q = 10 + 1
l, rup 3
203
2.3.3.2.1 Método de Décourt e Quaresma para outras tipos de Estacas
Para contemplar outros tipos de estacas, diferentes da estaca padrão, definida como uma estaca
cravada no solo (de deslocamento) e cilíndrica, no ano de 1996 Décourt sugeriu incluir na equação de
capacidade de carga coeficientes de ponderação para a ponta (α) e para o atrito lateral (β), obtendo
assim a seguinte equação:
Q = αq A + β q A (40)
r p p l l
ou ainda,
_
_ Nl
Q = αC Np A + 10 β + 1 (41)
r p 3
__ __
em que N p é a resistência à penetração na região da ponta da estaca e N L corresponde à média de N
ao longo do fuste, ressaltando que no caso do valor de N ser menor que 3, o valor adotado deve ser
igual a 3, usando-se o mesmo critério para N ≥ 15 (adota-se N = 15) para estacas escavadas. Os
coeficientes α e β são sugeridos na Tabela 7.11. Cabe lembrar que a ruptura aqui definida, quando a
mesma não é indicada, corresponde à carga que provoca um recalque no topo da estaca de 10% do
seu diâmetro.
O coeficiente de segurança da norma brasileira é global e igual a 2,0. Entretanto, no método de Décourt
e Quaresma são propostos valores de FS parciais para a resistência de ponta (FSp = 4) e para o atrito
lateral (FSl = 1,3). Assim a carga admissível da estaca (Qadm) será o menor dos dois valores calculados
conforme exposto a seguir:
Q p , rup Ql , rup Qr
Qadm = + e Qadm = (42)
4,0 1,3 2,0
204
2.3.3.3 Método de Velloso (1981)
Pedro Paulo da Costa Velloso (Velloso, 1981) apresentou um critério para o cálculo da capacidade de
carga de estacas e de grupos de estacas, com base no CPT. Para uma estaca, de comprimento L, fuste
de diâmetro B e ponta Bp, a capacidade de carga pode ser obtida da seguinte equação:
Observações:
a) Dispondo-se apenas de resultados de sondagem com SPT, para o método de Velloso (1981), pode-
se adotar:
q p, rup = aN b (45)
onde N é a resistência à penetração do SPT e os parâmetros a´, b´, a e b, são obtidos de correlações
entre o SPT e o CPT, cujos valores são fornecidos na Tabela 7.12.
205
2.3.3.4 Método de Teixeira
__ __
Qr = α N b Ab + Uβ N L L (47)
__
em que N b = valor médio do NSPT medido no intervalo de 4B acima da base da estaca e 1B abaixo da
base da estaca
__
N L = valor médio do NSPT medido ao longo do fuste da estaca
Ab = área da base da estaca (ponta)
L, B = comprimento, diâmetro da estaca, respectivamente.
O parâmetro α é função da natureza do solo, enquanto β é função do tipo de estaca, conforme Tabela
7.13. Vale lembrar que os dados da tabela são válidos para valores de 4 < NSPT < 40. Os dados da
Tabela 7.13 não se aplicam ao cálculo de estacas premoldadas de concreto, cravadas em argilas moles
sensíveis. Também, para as estacas dos tipos I,II e IV, o coeficiente de segurança deve ser o da norma,
ou seja, 2, enquanto que para as estacas escavadas, do tipo III, recomenda-se para a ponta FS = 4,0, e
para o atrito lateral, FS =1,5.
206
2.3.3.5 Métodos para Casos Particulares de Estacas
São mencionados neste item alguns métodos de autores brasileiros apresentados para tipos exclusivos
de estacas.
Trata-se de um método proposto por Alonso (1983) para estimativa do comprimento de estacas
escavadas. Nesta proposta, se U é o perímetro da estaca, se os valores do NSPT são determinados a
cada metro (é o comum) e se Ql,rup é a parcela de resistência lateral da estaca, tem-se:
ξQl , rup
∑N = U
(48)
ou
U∑ N
Ql , rup = (49)
ξ
onde o somatório é realizado ao longo do fuste da estaca. O valor mais provável de ξ é igual a 3.
Coeficiente de segurança: para estaca escavada, a norma brasileira estabelece FS igual a 2,0, em
relação à soma das cargas de ponta e lateral. Além disso, deve ser atendido o seguinte critério:
Foi apresentado um método por Cabral (1986), no qual a capacidade de carga de uma estaca tipo raiz,
com um diâmetro final B ≤ 45cm, injetada com uma pressão p ≤ 4 kg/cm2, pode ser estimada com:
Q r = U ∑ β 0 β 1 N∆L + β 0 β 2 N p A p (51)
207
Tabela 7.14 – Fator β0 Tabela 7.15 – Fatores β1 e β2 (Cabral, 1986).
O método de Antunes e Cabral (1996) também permite obter previsões bastante seguras de capacidade
de carga de uma estaca hélice contínua, com valores até maiores que 250 tf, de acordo com a seguinte
equação:
Q r = U ∑ β 1, N∆L + β 2, N p A p (52)
Este autor propõe o uso do SPT-T (SPT com a medição do Torque) para estimativa da capacidade de
carga de estacas hélice contínua a partir da fórmula geral da capacidade de carga. A resistência de
atrito lateral é obtida por:
208
A resistência de ponta é obtida por:
T(1) + T(2)
qp = β " min min (55)
2
em que
T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 8B acima da ponta
min
da estaca.
T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 3B abaixo da ponta
min
da estaca.
O valor do parâmetro β” depende do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 16.
β´1 β´2 β”
Tipo de solo
(%) (kPa/kgf.m)
Areia 4,0 a 5,0 2,0 a 2,5 200
Silte 2,5 a 3,5 1,0 a 2,0 150
Argila 2,0 a 3,5 1,0 a 1,5 100
Fuste Base
Areia 4,5 a 5 200 a 250
2.3.4 Fórmulas Semi-Empíricas que Empregam
Silte o CPT
2,5 a 3,5 100 a 200 kPa
Argila 2,5 a 3,5 100 a 150
2.3.4.1 Método de Philipponnat
É um método francês, baseado no CPT, que passou a ser difundido em nosso país a partir da tradução
do trabalho original feita por Godoy e Azevedo Júnior (1986). Deste método, a resistência de ponta
pode ser obtida da seguinte expressão:
qp = αp qc (56)
sendo αp um coeficiente que depende do tipo de solo (Tabela 7.17). O valo de qc a ser introduzido na
Equação 56, deverá ser a média obtida numa faixa de profundidade correspondente a 3B acima e 3B
abaixo da ponta da estaca.
O atrito lateral unitário, ql, é calculado da seguinte equação:
α qc
ql = F (57)
αs
Os valores dos coeficientes αF e αS são fornecidos nas Tabelas 17 e 18, respectivamente. Observa-se
que o valor de αF depende apenas do tipo de estaca.
209
3) Para a sondagem descrita pelo perfil geotécnico SP-1 abaixo, determinar a Cota de Assentamento
da Fundação – CAF de uma estaca pré-moldada de concreto do tipo SCAC de 42 cm de diâmetro, a
ser cravada neste depósito. Esta estaca possui carga estrutural de 90 tf conforme o fabricante, e
deverá ter sua CAF determinada com base na carga geotécnica de ruptura (carga última).
Na composição de estacas metálicas de seção variável ‐ Utiliza‐se perfis de
mesma altura nominal com diferentes espessuras de alma e abas
Baseado no conceito de carga axial decrescente com a profundidade das estacas
CAPACIDADE DE CARGA GEOTÉCNICA
P1 P2 > P1 P1 P2 > P1
l l
2
1
l> l
A1 A2=A1 A1 A2>A1
1
U1 U2=U1 U1 U2>U1
31
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Todos os métodos semi-empíricos partem da Figura 2 em que a carga de ruptura geotécnica PR
do solo, que dá suporte a uma estaca isolada, é admitida igual à soma de duas parcelas:
Carga
transferida
para o
solo por
Solo 3 atrito
lateral
(U l . r l(
PL PP
A diferença entre os diversos métodos de capacidade de carga está na avaliação dos valores de rl
e rp, já que as demais grandezas envolvidas são geométricas.
32
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
ESTACAS METÁLICAS DE SEÇÃO TRANSVERSAL
DECRESCENTE COM A PROFUNDIDADE
Até 2006, as estacas metálicas só eram projetadas utilizando perfis de seção constante.
Observe-se entretanto que, conforme se pode ver na Figura 2, a carga axial que deverá ser
resistida por uma estaca metálica decresce com a profundidade, desde o valor máximo (PR), no
topo, até o valor mínimo na ponta (PP). Como esses valores de carga são decorrentes dos
valores de “ruptura” do solo, a carga (admissível ou característica) a ser resistida pela estaca
equivale à metade desse valor, ou seja, P = PR/2 no topo. Assim, pode-se concluir que a seção
transversal de uma estaca metálica não necessita ser constante ao longo de todo o seu
comprimento, já que a carga que nela irá atuar decresce com a profundidade. Ou seja, a seção
de uma estaca poderá variar (decrescer) com a profundidade, desde que atenda à carga axial
(com os respectivos coeficientes de ponderação) mostrada na Figura 2.
Esse é um conceito novo, que introduzido em 2006 pelo corpo técnico da Gerdau Açominas e
denominado “Estacas Metálicas de Seção Transversal Decrescente com a Profundidade”, e tem
como vantagem principal a redução do peso das estacas metálicas. Isto é, com a variação
decrescente da seção transversal das estacas, podem-se obter idênticas capacidades de carga
com uma economia substancial no peso das mesmas.
O conceito é muito simples e se baseia na utilização de Perfis de um mesmo grupo para compor
as estacas com seção transversal decrescente. Entendam-se como Perfis de um mesmo grupo
aqueles cujas bitolas são de mesma altura nominal, com variações na espessura de alma e abas
(variação de massa e no perímetro total). Sendo do mesmo grupo, as emendas dos Perfis de
diferentes dimensões serão executadas com facilidade, idênticas às de estacas com Perfis de
mesma seção.
Os Perfis Gerdau Açominas, disponíveis em ampla variedade de bitolas para um mesmo grupo,
oferecem extraordinária flexibilidade para o uso deste novo conceito de estaca. Usando como
exemplo as bitolas do grupo com 310 mm de altura (4 bitolas do tipo HP), o perímetro varia entre
a de menor e a de maior peso de 0,5% a 2%, enquanto as reduções de massa vão de 13% a
58%. Dependendo obviamente do projeto, da condição da obra, e da combinação dos
diferentes Perfis que comporão as estacas, pode-se economizar genericamente falando para
estacas “longas”, entre 15% e 25% no peso total das estacas metálicas de uma obra utilizando
seção transversal decrescente.
Recomenda-se analisar a aplicação deste novo conceito em toda e qualquer obra que requeira o
uso de fundações profundas, com estacas compostas, no mínimo, por duas seções de Perfis.
Como para qualquer outra solução, o tipo de solo precisa ser considerado, mas, nos estudos já
realizados, a aplicação de estacas metálicas de seção transversal decrescente, tem se mostrado
altamente eficiente, principalmente para solos naturais de diferentes tipos.
No Brasil, várias obras já foram realizadas utilizando esse novo conceito. Na Figura 3, mostra-se
uma dessas composições, projetada para obra executada no Estado de São Paulo, na cidade de
Santos. Nessa obra foram utilizadas estacas metálicas compostas com Perfis Gerdau Açominas
de 310 mm de altura, cujas seções tinham peso variando entre 125 kg/m e 79 kg/m. Para
comprovar a eficiência dessas estacas vem sendo realizadas, regularmente, provas de carga
estáticas cujo resumo se apresenta no item 10.
A prova de carga da Figura 3 é a de número 27 da tabela 2.
35
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 3: Composição de Perfis Gerdau Açominas
(conceito de estaca de seção decrescente com a profundidade)
10
12
13 NA
11
16 Areia fina, pouco siltosa, medianamente
18
HP 310 x 125
20
17
6
11,00
3
1
1/20
3
1/35 Argila marinha, pouco arenosa,
1
1 muito mole, preta
2
HP 310 x 110
2
12,00 m
1
1/25 21,90
7 Areia fina, silto argilosa,
6
8
pouco compacta, cinza escura
24,64
5 Argila marinha, pouco siltosa, mole, preta
4
4 27,00
6
5 Areia silto argilosa, pouco medianamente
HP 310 x 93
10
10 32,80
5
6
4
5
4 Argila marinha, silto arenosa
6
com mica, mole a média, preta
5
4
HP 310 x 79
5
12,00 m
9
10 43,80
24
31
23 Areia média, pouco siltosa
33 com mica, compacta, cinza escura
26
(ver nota) 33
49,88
16
15
15
16 Silte areno argiloso com mica,
26
23 compacto, cinza escuro
23
23
22
24
27
36
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
DETALHES DA EMENDA DAS ESTACAS
As emendas dos Perfis são feitas através de talas, confeccionadas a partir do próprio perfil. Os
comprimentos do cordão de solda e sua espessura devem ser tais que garantam, na seção
soldada, a mesma resistência do perfil. A prática normal é se usar talas extraídas da aba para
serem soldadas também nas abas, e talas da alma para serem soldadas na alma.
As talas são previamente soldadas no elemento superior (quando o mesmo ainda não foi içado,
ou seja, solda feita com o perfil no chão). Após esse procedimento, esse elemento dotado das
talas é içado e posicionado sobre o topo do perfil já cravado. A seguir encaixa-se o topo do perfil
no capacete e alinha-se o elemento superior com o inferior. Após essa operação apóia-se o pilão
sobre o capacete, verifica-se o alinhamento, ou o prumo, no caso de estacas verticais e ajustam-
se as talas, se necessário, com auxílio de martelo ou marreta. Logo em seguida, realiza-se a
solda conforme detalhe típico mostrado na Figura 4.
Figura 4: Emenda típica de Perfis trabalhando como estacas comprimidas
bf d
VISTA GERAL
Solda
Solda de
topo
(sem chanfro)
l (ver nota)
1 Tala
proveniente
da alma
d
2 Tala
bf proveniente
2
da aba
2 2
d´
2
1
d´ d
2 (ver nota) l
Nota: Para estacas tracionadas deve ser feita uma verificação do comprimento das talas
soldadas de modo que as mesmas resistam aos esforços de tração.
39
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
LIGAÇÃO DOS PERFIS AO BLOCO DE COROAMENTO
A ligação da estaca metálica ao bloco de coroamento deve ser feita de modo a que as cargas
resistidas pelo bloco sejam transmitidas adequadamente e com garantia de continuidade às
estacas.
O detalhe, muito difundido entre os calculistas de concreto armado, mostrado na Figura 5, que
consiste em soldar uma chapa no topo da estaca não deve ser adotado pois o mesmo tem como
principal inconveniente o fato do corte do perfil metálico, na cota de arrasamento (após a
cravação) onde será soldada a chapa, ser feito com maçarico e em posição muito desfavorável
para o operador, trabalhando dentro da cava para a confecção do bloco e, na maioria das vezes
próximo do nível da água. Nestas condições adversas de corte, resultará uma superfície sem
garantia de perpendicularidade ao eixo da estaca, além de se apresentar irregular e, via de
regra, não plana. Por essa razão o contato da chapa com a área plena do perfil metálico fica
prejudicado. Para agravar a situação, normalmente a chapa é maior do que a projeção da seção
transversal do perfil, necessitando que a solda desta ao perfil seja realizada por baixo da mesma
e, portanto, sem qualquer controle da qualidade dessa solda.
Figura 5: Solução desaconselhada para a ligação da estaca
metálica ao bloco de coroamento
_ 3 cm
>
Ferragem em forma de
soldada à chapa metálica
Chapa metálica
10 cm
5 cm
Fretagem através
de espiral
20 cm
1
2 ~
= 30 cm
1 2
5 cm
5 cm
43
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 7: Solução alternativa da ligação estaca-bloco
_ 3 cm
>
Barras
soldadas
ao Perfil
10 cm
5 cm
CORTE A - A
No caso das estacas trabalharem à tração, a ligação com o bloco é feita através de armadura,
convenientemente calculada, soldada ao perfil, analogamente ao mostrado na Figura 9, e que
deverá penetrar no bloco o comprimento necessário para transmitir-lhe a carga de tração, por
aderência, calculada segundo a Norma NBR 6118/2003.
44
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
CONTROLES DA CAPACIDADE DE CARGA
As estacas metálicas podem ser cravadas com a utilização de martelos de queda livre, martelos
hidráulicos, martelos a diesel, martelos pneumáticos e martelos vibratórios. A escolha de um ou
outro martelo depende, principalmente, das características do solo, do comprimento da estaca
e do nível de barulho e vibração. Da boa escolha do martelo resultará um melhor desempenho
do processo de cravação, em particular quanto às vibrações e ao barulho que, hoje em dia em
centros urbanos, acabam sendo a condicionante para a escolha do tipo de estaca e, quando
cravada, do tipo de martelo.
Qualquer que seja o martelo empregado, o controle da cravação é feito, tradicionalmente pela
nega, pelo repique e, em obras mais importantes, pelo ensaio de carregamento dinâmico
(NBR 13208/1994 da ABNT).
Para garantir que o perfil seja cravado na posição de projeto deve-se providenciar um gabarito
de madeira “enterrado” conforme se mostra na Figura 8.
A bf A
Terreno natural
20 cm
d
PLANTA CORTE A - A
Nega
A nega é uma medida tradicional, embora, hoje em dia, seja mais usada para o controle da
uniformidade do estaqueamento quando se procura manter, durante a cravação, negas
aproximadamente iguais para as estacas com cargas iguais. A nega corresponde à penetração
permanente da estaca, quando sobre a mesma se aplica um golpe do pilão. Em geral é obtida
como um décimo da penetração total para dez golpes.
Apesar das críticas às fórmulas das negas (entre elas o fato de que foram desenvolvidas a partir
da Teoria de Choque de Corpos Rígidos, o que está muito longe de representar uma estaca
longa, pois sob a ação do golpe do pilão a ponta da mesma não se desloca ao mesmo tempo que
o topo), ela ainda faz parte do “receituário” dos encarregados dos bate-estacas.
A nega também pode ser medida decorrido um determinado tempo após a cravação da estaca.
É a denominada “nega de recravação ou de recuperação”, e compará-la com a medida ao final
da cravação para verificar se o solo apresenta o fenômeno da cicatrização (diminuição da nega
com o tempo) ou relaxação (aumento da nega com o tempo).
47
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Repique
Ao contrário da nega, o repique já está incluído dentro do contexto da Teoria de Propagação de
Onda e, portanto, apresenta resultados com muito menos dispersão do que a nega. O repique
representa a parcela elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca, decorrente da
aplicação de um golpe do pilão. Seu registro pode ser feito através do registro gráfico em folha
de papel fixada à estaca e movendo-se um lápis, apoiado num referencial, no instante do golpe,
conforme se mostra na Foto 5. O valor obtido, corresponde à solução da Equação da Onda, em
termos de deslocamento máximo e sem a escala de tempo. A interpretação do sinal obtido
permite estimar a carga mobilizada durante o golpe do pilão. Analogamente à nega esse sinal
pode ser obtido após decorrido um certo tempo após a cravação para verificar os fenômenos da
“cicatrização” (aumento da capacidade de carga com o tempo) ou “relaxação” (diminuição da
capacidade de carga com o tempo) da estaca.
48
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Ensaio de Carregamento Dinâmico (Norma NBR 13208/1994 da ABNT)
Este ensaio, calcado na Equação da Onda, é mais completo que o repique. Consiste em se
acoplar à estaca um par de transdutores de deformação específica e um par de acelerômetros,
posicionados em planos ortogonais, para poder corrigir eventuais efeitos devido à flexão da
estaca em função da não coincidência do golpe do pilão com o eixo da estaca (Foto 6). Esses
transdutores são ligados “on line” a um analisador PDA (Pile Driving Analyser) mostrado na
Foto 7.
49
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
9.2 - Provas de Carga Estática (Norma NBR 12131/2006 da ABNT)
As provas de carga estática consistem em se aplicar à estaca uma carga e medir os recalques
correspondentes. Para tanto se emprega um macaco hidráulico que reage contra um sistema de
vigas metálicas, que por sua vez se ancora em tirantes ou em estacas de tração. A utilização de
estacas metálicas facilita a execução de provas de carga estática, pois se podem utilizar estacas
do próprio bloco como elementos de tração, conforme se mostra na Foto 8.
Foto 8: Prova de Carga Estática
(a) ensaio
Carga (KN) ou tf
Carga
Recalque (mm)
Descarga
50
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
9.3 PROVAS DE CARGA INSTRUMENTADAS
W310x97
19 COMPACTA A COMPACTA, CINZA W310x97
Área Aço (cm2) = 123,6
13
Área circunscrita (cm2) = 939,4
10 Perímetro colado (cm) = 179
14 90,45
5 AREIA FINA SILTOSA, COM NÓDULOS
4 89,25 DE ARGILA FOFA A PCO COMPACTA, CINZA
2
2
2 -13,0 (COTA 86,00)
2 ARGILA MARINHA, PCO ARENOSA
3 MUITO MOLE, CINZA ESCURA
HP310x93
2
2º ELEMENTO
119,6
47 82,25 Área circunscrita (cm2) = 933,24
34 Perímetro colado (cm) = 178
58 AREIA FINA SILTOSA, MUITO COMPACTA
44 A COMPACTA, CINZA 1º Nível de Strain Gages (-20,5m)
17 78,05 COTA 78,50
2
3
3
4 -25,0 (COTA 74,00)
3
ARGILA MARINHA, PCO ARENOSA
3
COM NÓDULOS DE AREIA, MOLE, CINZA ESCURA
3
3º ELEMENTO
3
HP310x79
Hp310x79
3 Área Aço (cm2) = 100
4 Área circunscrita (cm2) = 914,94
5 Perímetro colado (cm) = 177,0
5
5 AREIA FINA SILTOSA, COM MICA, 2º Nível de Strain Gages (-34,0m)
6 POUCO COMPACTA, CINZA ESCURA COTA 65,00
5
5 -37,0 (COTA 62,00)
6
5
6 ARGILA MARINHA POUCO ARENOSA,
4º ELEMENTO
51
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 10: Sistema de aquisição de dados durante a instrumentação das estacas
CAIXA SELETORA
CABOS
PAINEL DIGITAL
STRAIN
GAGES
52
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 11: Provas de Carga - Distribuição da Carga com a Profundidade
Cargas (tf)
-5
-10
-15
Carga de Ruptura
-20
Profundidade (m)
-25
-30
-35
-40
-45
-50
53
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCOS DE COROAMENTO
Neste capítulo apresenta-se a disposição típica das armaduras para a solução recomendada
pela NBR 6122/1996 para o embutimento do perfil no bloco, conforme se mostra na Figura 6,
por ser esta a opção de embutimento da estaca metálica no bloco por nós recomendada. Esta
opção pressupõe que o bloco seja calculado como rígido. O cálculo da armadura não faz parte
deste trabalho, pois depende das cargas aplicadas pelos pilares ao bloco, das dimensões dos
pilares, do tipo de concreto, da rigidez do bloco, etc.
Quando não for possível utilizar bloco rígido, deve-se envolver o trecho embutido da estaca
metálica no bloco, por uma espiral de aço para garantir que não haja ruptura por
puncionamento.
A NBR 6122/1996 não estipula espaçamento entre estacas. Entretanto, no item 7.7.2 dessa
Norma exige-se que a carga admissível de um grupo de estacas não seja superior ao de uma
sapata de mesmo contorno que o do grupo, e assente a uma profundidade acima da ponta das
estacas igual a 1/3 do comprimento de penetração na camada suporte. Para efeitos práticos,
não se deve usar espaçamento inferior a 100 cm entre eixo de estacas. Este espaçamento pode
ser usado para os perfis metálicos d< 40 cm. Para os demais perfis pode-se adotar 150 cm como
espaçamento mínimo.
Serão apresentadas apenas as disposições típicas da armadura dos blocos com
1, 2, 3 e 4 estacas, já que os blocos com 5 ou mais estacas seguem o padrão do bloco
de 4 estacas.
N1 (estribos
> bf + 50 cm verticais) N2 (estribos
verticais)
h > 80 cm
N3 (estribos
horizontais)
> d + 50 cm
30 cm
Concreto magro
SEÇÃO
FORMA (PLANTA)
N2 (estribos verticais)
N1
(estribos
> d + 50 cm
verticais)
N3
(estribos
horizontais
externos a
N1 e N2)
65
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 2 ESTACAS
> b + 25 cm > bf + 25 cm
2 e 2
> d + 50 cm
N2 (estribos verticais)
FORMA (PLANTA)
N3
(estribos
horizontais)
N1
(estribos
verticais)
ARMAÇÃO (PLANTA)
N1 (estribos verticais) N2 (estribos
verticais)
N3
(estribos
h>2
e
horizontais)
30 cm
N2
(estribos N2 (estribos N1 (estribos
Concreto magro verticais)
verticais) verticais)
CORTE LONGITUDINAL
N3
(estribos
horizontais)
30 cm
66
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 3 ESTACAS
> d + 25 cm
2
e 3
3
e 3
2 e 3
6
> d + 25 cm Centro
de carga
2 45º
e
bf + 25 cm bf + 25 cm
2 2
N2
FORMA
N2 3 x N3
(costelas
h>2
e
horizontais)
30 cm
CORTE
N1
N1
N2
N1
N2
ARMADURA INFERIOR
ARMADURA SUPERIOR
N1
N2
67
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
BLOCO COM 4 ESTACAS
> bf + 25 cm > bf + 25 cm
2 2
e
> d + 25 cm
2
e
N1 + N1A
> d + 25 cm N3
2
N2 (estribos
+ horizontais)
N2A VER NOTA
FORMA (PLANTA)
N1A ou N2A
N1 ou N2
N1A
N2A N3
N2 (estribos
h> 2
e
horizontais)
30 cm
N1 Concreto magro
68
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1,5 *CARGA
Esbeltez Local
Retângulo ADMISSÍVEL
CARGA ADMISSÍVEL ESTRUTURAL mm desc. no de acordo com a NBR ESTRUTURAL
Envolvente
Perímetro 8800 (Q . A's . fy)/1,66
W 150 x 22,5 22,5 152 152 5,8 6,6 139 119 29,0 88 1.229 162 387 51 15,7 231 11,52 20,48 1,00 326 33 W 150 x 22,5
W 150 x 29,8 29,8 157 153 6,6 9,3 138 118 38,5 90 1.739 221 556 73 25,0 240 8,23 17,94 1,00 518 53 W 150 x 29,8
W 150 x 37,1 37,1 162 154 8,1 11,6 139 119 47,8 91 2.244 277 707 92 34,2 249 6,64 14,67 1,00 709 72 W 150 x 37,1
W 200 x 35,9 35,9 201 165 6,2 10,2 181 161 45,7 103 3.437 342 764 93 30,2 332 8,09 25,90 1,00 626 64 W 200 x 35,9
W 200 x 41,7 41,7 205 166 7,2 11,8 181 157 53,5 104 4.114 401 901 109 37,9 340 7,03 21,86 1,00 784 80 W 200 x 41,7
W 200 x 46,1 46,1 203 203 7,2 11,0 181 161 58,6 119 4.543 448 1.535 151 40,8 412 9,23 22,36 1,00 844 86 W 200 x 46,1
W 200 x 52,0 52,0 206 204 7,9 12,6 181 157 66,9 119 5.298 514 1.784 175 49,1 420 8,10 19,85 1,00 1.015 104 W 200 x 52,0
HP 200 x 53,0 53,0 204 207 11,3 11,3 181 161 68,1 120 4.977 488 1.673 162 50,2 422 9,16 14,28 1,00 1.039 106 HP 200 x 53,0
W 200 x 59,0 59,0 210 205 9,1 14,2 182 158 76,0 120 6.140 585 2.041 199 58,0 431 7,22 17,32 1,00 1.200 122 W 200 x 59,0
W 200 x 71,0 71,0 216 206 10,2 17,4 181 161 91,0 122 7.660 709 2.537 246 72,8 445 5,92 15,80 1,00 1.506 154 W 200 x 71,0
W 200 x 86,0 86,0 222 209 13,0 20,6 181 157 110,9 123 9.498 856 3.139 300 92,4 464 5,07 12,06 1,00 1.912 195 W 200 x 86,0
HP 250 x 62,0 62,0 246 256 10,5 10,7 225 201 79,6 147 8.728 710 2.995 234 57,5 630 11,96 19,10 1,00 1.190 121 HP 250 x 62,0
W 250 x 73,0 73,0 253 254 8,6 14,2 225 201 92,7 148 11.257 890 3.880 306 70,4 643 8,94 23,33 1,00 1.458 149 W 250 x 73,0
PERFIS H
W 250 x 80,0 80,0 256 255 9,4 15,6 225 201 101,9 149 12.550 980 4.313 338 79,5 653 8,17 21,36 1,00 1.646 168 W 250 x 80,0
HP 250 x 85,0 85,0 254 260 14,4 14,4 225 201 108,5 150 12.280 967 4.225 325 86,1 660 9,03 13,97 1,00 1.782 182 HP 250 x 85,0
W 250 x 89,0 89,0 260 256 10,7 17,3 225 201 113,9 150 14.237 1095 4.841 378 91,4 666 7,40 18,82 1,00 1.892 193 W 250 x 89,0
W 250 x 101,0 101,0 264 257 11,9 19,6 225 201 128,7 151 16.352 1239 5.549 432 106,1 678 6,56 16,87 1,00 2.195 224 W 250 x 101,0
W 250 x 115,0 115,0 269 259 13,5 22,1 225 201 146,1 153 18.920 1407 6.405 495 123,2 697 5,86 14,87 1,00 2.550 260 W 250 x 115,0
HP 310 x 79,0 79,0 299 306 11,0 11,0 277 245 100,0 177 16.316 1091 5.258 344 73,4 915 13,91 22,27 0,99 1.500 153 HP 310 x 79,0
HP 310 x 93,0 93,0 303 308 13,1 13,1 277 245 119,2 178 19.682 1299 6.387 415 92,4 933 11,76 18,69 1,00 1.912 195 HP 310 x 93,0
W 310 x 97,0 97,0 308 305 9,9 15,4 277 245 123,6 179 22.284 1447 7.286 478 96,8 939 9,90 24,77 1,00 2.003 204 W 310 x 97,0
W 310 x 107,0 107,0 311 306 10,9 17,0 277 245 136,4 180 24.839 1597 8.123 531 109,5 952 9,00 22,48 1,00 2.266 231 W 310 x 107,0
HP 310 x 110,0 110,0 308 310 15,4 15,5 277 245 141,0 180 23.703 1539 7.707 497 114,0 955 10,00 15,91 1,00 2.360 241 HP 310 x 110,0
W 310 x 117,0 117,0 314 307 11,9 18,7 277 245 149,9 180 27.563 1756 9.024 588 122,9 964 8,21 20,55 1,00 2.543 259 W 310 x 117,0
HP 310 x 125,0 125,0 312 312 17,4 17,4 277 245 159,0 181 27.076 1736 8.823 566 131,9 973 8,97 14,09 1,00 2.730 278 HP 310 x 125,0
W 360 x 91,0 91,0 353 254 9,5 16,4 320 288 115,9 168 26.755 1516 4.483 353 90,8 897 7,74 30,34 1,00 1.879 192 W 360 x 91,0
W 360 x 101,0 101,0 357 255 10,5 18,3 320 286 129,5 168 30.279 1696 5.063 397 104,2 910 6,97 27,28 1,00 2.157 220 W 360 x 101,0
W 360 x 110,0 110,0 360 256 11,4 19,9 320 288 140,6 169 33.155 1842 5.570 435 115,2 922 6,43 25,28 1,00 2.384 243 W 360 x 110,0
W 360 x 122,0 122,0 363 257 13,0 21,7 320 288 155,3 170 36.599 2016 6.147 478 129,8 933 5,92 22,12 1,00 2.686 274 W 360 x 122,0
W 150 x 13,0 13,0 148 100 4,3 4,9 138 118 16,6 67 635 86 82 16 6,5 148 10,20 27,49 1,00 136 14 W 150 x 13,0
W 150 x 18,0 18,0 153 102 5,8 7,1 139 119 23,4 69 939 123 126 25 13,1 156 7,18 20,48 1,00 271 28 W 150 x 18,0
W 150 x 24,0 24,0 160 102 6,6 10,3 139 115 31,5 69 1.384 173 183 36 21,0 163 4,95 17,48 1,00 435 44 W 150 x 24,0
W 200 x 15,0 15,0 200 100 4,3 5,2 190 170 19,4 77 1.305 130 87 17 7,8 200 9,62 39,44 0,95 154 16 W 200 x 15,0
W 200 x 19,3 19,3 203 102 5,8 6,5 190 170 25,1 79 1.686 166 116 23 13,4 207 7,85 29,31 1,00 277 28 W 200 x 19,3
W 200 x 22,5 22,5 206 102 6,2 8,0 190 170 29,0 79 2.029 197 142 28 17,1 210 6,38 27,42 1,00 354 36 W 200 x 22,5
W 200 x 26,6 26,6 207 133 5,8 8,4 190 170 34,2 92 2.611 252 330 50 20,5 275 7,92 29,34 1,00 424 43 W 200 x 26,6
W 200 x 31,3 31,3 210 134 6,4 10,2 190 170 40,3 93 3.168 302 410 61 26,4 281 6,57 26,50 1,00 547 56 W 200 x 31,3
W 250 x 17,9 17,9 251 101 4,8 5,3 240 220 23,1 88 2.291 183 91 18 9,9 254 9,53 45,92 0,90 185 19 W 250 x 17,9
W 250 x 22,3 22,3 254 102 5,8 6,9 240 220 28,9 89 2.939 231 123 24 15,6 259 7,39 37,97 0,96 309 31 W 250 x 22,3
W 250 x 25,3 25,3 257 102 6,1 8,4 240 220 32,6 89 3.473 270 149 29 19,3 262 6,07 36,10 0,98 389 40 W 250 x 25,3
W 250 x 28,4 28,4 260 102 6,4 10,0 240 220 36,6 90 4.046 311 178 35 23,1 265 5,10 34,38 1,00 479 49 W 250 x 28,4
PERFIS I
W 250 x 32,7 32,7 258 146 6,1 9,1 240 220 42,1 107 4.937 383 473 65 26,0 377 8,02 36,03 0,98 528 54 W 250 x 32,7
W 250 x 38,5 38,5 262 147 6,6 11,2 240 220 49,6 108 6.057 462 594 81 33,4 385 6,56 33,27 1,00 691 70 W 250 x 38,5
W 250 x 44,8 44,8 266 148 7,6 13,0 240 220 57,6 109 7.158 538 704 95 41,2 394 5,69 28,95 1,00 853 87 W 250 x 44,8
W 310 x 21,0 21,0 303 101 5,1 5,7 292 272 27,2 98 3.776 249 98 19 12,5 306 8,86 53,25 0,84 218 22 W 310 x 21,0
W 310 x 23,8 23,8 305 101 5,6 6,7 292 272 30,7 99 4.346 285 116 23 15,9 308 7,54 48,50 0,87 289 29 W 310 x 23,8
W 310 x 28,3 28,3 309 102 6,0 8,9 291 271 36,5 100 5.500 356 158 31 21,5 315 5,73 45,20 0,91 404 41 W 310 x 28,3
W 310 x 32,7 32,7 313 102 6,6 10,8 291 271 42,1 100 6.570 420 192 38 27,1 319 4,72 41,12 0,94 525 54 W 310 x 32,7
W 310 x 38,7 38,7 310 165 5,8 9,7 291 271 49,7 125 8.581 554 727 88 31,0 512 8,51 46,66 0,93 594 61 W 310 x 38,7
W 310 x 44,5 44,5 313 166 6,6 11,2 291 271 57,2 126 9.997 639 855 103 38,3 520 7,41 41,00 0,95 757 77 W 310 x 44,5
W 310 x 52,0 52,0 317 167 7,6 13,2 291 271 67,0 127 11.909 751 1.026 123 48,0 529 6,33 35,61 1,00 993 101 W 310 x 52,0
W 360 x 32,9 32,9 349 127 5,8 8,5 332 308 42,1 117 8.358 479 291 46 24,5 443 7,47 53,10 0,87 441 45 W 360 x 32,9
W 360 x 39,0 39,0 353 128 6,5 10,7 332 308 50,2 118 10.331 585 375 59 32,4 452 5,98 47,32 0,91 607 62 W 360 x 39,0
W 360 x 44,0 44,0 352 171 6,9 9,8 332 308 57,7 135 12.258 696 818 96 37,4 602 8,72 44,70 0,93 716 73 W 360 x 44,0
W 360 x 51,0 51,0 355 171 7,2 11,6 332 308 64,8 136 14.222 801 968 113 44,4 607 7,37 42,75 0,94 865 88 W 360 x 51,0
W 360 x 57,8 57,8 358 172 7,9 13,1 332 308 72,5 137 16.143 902 1.113 129 52,0 616 6,56 38,96 0,96 1.036 106 W 360 x 57,8
W 360 x 64,0 64,0 347 203 7,7 13,5 320 288 81,6 146 17.890 1031 1.885 186 59,7 704 7,52 37,40 0,98 1.208 123 W 360 x 64,0
W 360 x 72,0 72,0 350 204 8,6 15,1 320 288 91,3 147 20.169 1152 2.140 210 69,2 714 6,75 33,47 1,00 1.433 146 W 360 x 72,0
W 360 x 79,0 79,0 354 205 9,4 16,8 320 288 101,2 148 22.713 1283 2.416 236 79,0 726 6,10 30,68 1,00 1.635 167 W 360 x 79,0
W 410 x 38,8 38,8 399 140 6,4 8,8 381 357 50,3 132 12.777 640 404 58 30,4 559 7,95 55,84 0,85 534 54 W 410 x 38,8
W 410 x 46,1 46,1 403 140 7,0 11,2 381 357 59,2 133 15.690 779 514 73 39,3 564 6,25 50,94 0,88 716 73 W 410 x 46,1
W 410 x 53,0 53,0 403 177 7,5 10,9 381 357 68,4 148 18.734 930 1.009 114 46,2 713 8,12 47,63 0,91 867 88 W 410 x 53,0
W 410 x 60,0 60,0 407 178 7,7 12,8 381 357 76,2 149 21.707 1067 1.205 135 53,8 724 6,95 46,42 0,92 1.023 104 W 410 x 60,0
W 410 x 67,0 67,0 410 179 8,8 14,4 381 357 86,3 150 24.678 1204 1.379 154 63,9 734 6,22 40,59 0,95 1.255 128 W 410 x 67,0
W 410 x 75,0 75,0 413 180 9,7 16,0 381 357 95,8 151 27.616 1337 1.559 173 73,2 743 5,63 36,80 0,97 1.475 150 W 410 x 75,0
W 410 x 85,0 85,0 417 181 10,9 18,2 381 357 108,6 152 31.658 1518 1.804 199 85,9 755 4,97 32,72 1,00 1.778 181 W 410 x 85,0
W 460 x 52,0 52,0 450 152 7,6 10,8 428 404 66,6 147 21.370 950 634 83 44,5 684 7,04 53,21 0,86 791 81 W 460 x 52,0
W 460 x 60,0 60,0 455 153 8,0 13,3 428 404 76,2 149 25.652 1128 796 104 53,9 696 5,75 50,55 0,88 985 100 W 460 x 60,0
W 460 x 68,0 68,0 459 154 9,1 15,4 428 404 87,6 150 29.851 1301 941 122 65,2 707 5,00 44,42 0,92 1.238 126 W 460 x 68,0
PERFIS I
W 460 x 74,0 74,0 457 190 9,0 14,5 428 404 94,9 164 33.415 1462 1.661 175 70,3 868 6,55 44,89 0,92 1.342 137 W 460 x 74,0
W 460 x 82,0 82,0 460 191 9,9 16,0 428 404 104,7 164 37.157 1616 1.862 195 80,1 879 5,97 40,81 0,95 1.567 160 W 460 x 82,0
W 460 x 89,0 89,0 463 192 10,5 17,7 428 404 114,1 165 41.105 1776 2.093 218 89,3 889 5,42 38,44 0,96 1.778 181 W 460 x 89,0
W 460 x 97,0 97,0 466 193 11,4 19,0 428 404 123,4 166 44.658 1917 2.283 237 98,5 899 5,08 35,44 1,00 2.038 208 W 460 x 97,0
W 460 x 106,0 106,0 469 194 12,6 20,6 428 404 135,1 167 48.978 2089 2.515 259 110,0 910 4,71 32,05 1,00 2.278 232 W 460 x 106,0
W 530 x 66,0 66,0 525 165 8,9 11,4 502 478 83,6 167 34.971 1332 857 104 58,5 866 7,24 53,73 0,84 1.017 104 W 530 x 66,0
W 530 x 72,0 72,0 524 207 9,0 10,9 502 478 91,6 184 39.969 1526 1.615 156 64,0 1085 9,50 53,13 0,86 1.134 116 W 530 x 72,0
W 530 x 74,0 74,0 529 166 9,7 13,6 502 478 95,1 168 40.969 1549 1.041 125 69,8 878 6,10 49,26 0,87 1.261 129 W 530 x 74,0
W 530 x 82,0 82,0 528 209 9,5 13,3 501 477 104,5 185 47.569 1802 2.028 194 76,7 1104 7,86 50,25 0,88 1.398 143 W 530 x 82,0
W 530 x 85,0 85,0 535 166 10,3 16,5 502 478 107,7 169 48.453 1811 1.263 152 82,3 888 5,03 46,41 0,90 1.529 156 W 530 x 85,0
W 530 x 92,0 92,0 533 209 10,2 15,6 502 478 117,6 186 55.157 2070 2.379 228 89,7 1114 6,70 46,84 0,90 1.679 171 W 530 x 92,0
W 530 x 101,0 101,0 537 210 10,9 17,4 502 470 130,0 186 62.198 2317 2.693 256 102,0 1128 6,03 43,14 0,93 1.963 200 W 530 x 101,0
W 530 x 109,0 109,0 539 211 11,6 18,8 501 469 139,7 187 67.226 2494 2.952 280 111,6 1137 5,61 40,47 0,95 2.187 223 W 530 x 109,0
W 610 x 101,0 101,0 603 228 10,5 14,9 573 541 130,3 207 77.003 2554 2.951 259 99,3 1375 7,65 51,54 0,87 1.796 183 W 610 x 101,0
W 610 x 113,0 113,0 608 228 11,2 17,3 573 541 145,3 208 88.196 2901 3.426 301 114,1 1386 6,59 48,34 0,90 2.115 216 W 610 x 113,0
W 610 x 125,0 125,0 612 229 11,9 19,6 573 541 160,1 209 99.184 3241 3.933 344 128,8 1401 5,84 45,45 0,91 2.439 249 W 610 x 125,0
W 610 x 140,0 140,0 617 230 13,1 22,2 573 541 179,3 210 112.619 3651 4.515 393 147,8 1419 5,18 41,27 0,94 2.879 294 W 610 x 140,0
W 610 x 155,0 155,0 611 324 12,7 19,0 573 541 198,1 247 129.583 4242 10.783 666 161,1 1980 8,53 42,60 0,94 3.137 320 W 610 x 155,0
W 610 x 174,0 174,0 616 325 14,0 21,6 573 541 222,8 248 147.754 4797 12.374 761 185,6 2002 7,52 38,63 0,96 3.704 378 W 610 x 174,0
tf
* Carga Admissível Estrutural de acordo com os itens 7.8.2.3.1 e 7.8.2.3.2 da NBR 6122/1996. R
A carga admissível a adotar para a estaca deverá atender também a carga admissível geotécnica d´
( ao valor da tabela), obtida após a análise dos parâmetros geotécnicos onde a estaca será cravada.
d X
tw h
tf
bf
MÉTODOS DINÂMICOS
Arapari (a-ra-pa-ri): sm
(tupi ymbyrá parí); Botânica: Árvore leguminosa-
cesalpiniácea (Macrobium acaciæfolium). Arapari-vermelho: árvore
da família das Leguminosas.
4.0 Métodos Dinâmicos de Capacidade de Carga de Estacas
i) As Fórmulas Dinâmicas
ii) Soluções Numéricas Baseadas na Equação da Onda (propagação de ondas de tensão em
barras).
Essa observação pode ser feita de várias maneiras, a depender da disponibilidade de equipamentos. A
forma mais comumente empregada consiste em riscar uma linha horizontal na estaca com uma régua
apoiada em dois pontos da torre do bate-estacas. Após a aplicação de 10 golpes do martelo, risca-se
novamente outra linha horizontal, mede-se a distância entre as duas linhas, obtendo-se assim a
penetração média por golpe, que é denominada de nega, conforme mostrado na Figura 7.17a. Outra
forma não menos comum consiste em prender ao fuste da estaca uma folha de papel, sendo que no
momento da cravação é apoiado um lápis perpendicularmente à estaca e, com auxílio de uma régua
apoiada em pontos fora da estaca, este é movido na direção horizontal (Figura 7.17b). O movimento
vertical da estaca fica registrado na folha que se encontrava presa ao fuste da estaca. Com essa
monitoração se pode determinar o quanto a estaca penetrou no solo e qual foi a parcela de deformação
elástica recuperada. Portanto, a nega se constitui também num controle de qualidade do
estaqueamento da obra.
(a) (b)
Figura 7.17 – Sistemas comuns de medição da nega em estacas.
222
3) ESTACAS PRÉ-MOLDADAS (CONCRETO E AÇO)
3.1. Equipamento de Cravação
CEPO (MADEIRA)
CAPACETE (AÇO)
COXIM (MADEIRA)
ESTACA
3.3. Controle através da Nega
Movimento da Estaca:
Após o choque do pilão com a estaca, parte da energia
disponível é transferida à estaca (EMX), fazendo com
que haja um deslocamento descendente máximo
(DMX).
Segue-se um movimento ascendente da estaca,
denominado de repique elástico (K), até a completa
estabilização do seu movimento.
A penetração permanente da estaca é denominada de
nega (S).
PILÃO
A
S
DMX
K A
A
B
B
t = 0- t = 0+ t >> 0
A resistência mobilizada pela estaca é inversamente
proporcional à nega, e diretamente proporcional ao
repique elástico.
H H
K
S
Características da Nega:
Normalmente é medida para 10 golpes do pilão com
1 m de altura de queda.
Seu valor depende da energia de cravação.
Pode variar ao longo do tempo, especialmente em
terrenos argilosos (efeito “set-up”).
3.4. Controle através do Repique Elástico
Medição do Repique:
PAPEL
LÁPIS
Jonhnny Evandru
Sinal Típico:
Repique Elástico
(K = C2 + C3)
Posição Final
Exemplo:
Parcelas do Repique Elástico
TOPO DA K = C2 + C3
ESTACA
PONTA DA
ESTACA C3
Desl. Desl.
C2+C3 C3
S S
tempo tempo
C 2 K med C 3
Quake (C3)
É o repique elástico do solo sob a ponta da estaca.
É de difícil medição.
Tabela de Valores Típicos (Souza Filho e Abreu,
1990):
PILÃO
ESFORÇO MOLA
Wh H NORMAL ELÁSTICA
R R
C2
Le
+
ESTACA
DE PONTA
R = Rp R
R C2
E E
A Le
Logo:
C2 E A R C2 E A
R e Vadm
Le FS 2 Le
Onde: E = módulo dinâmico de elasticidade
A = área da seção transversal da estaca
Vadm = carga admissível de projeto da estaca
Obs.: Estaca Flutuante (Rp ≈ 0):
C2 E A R C2 E A
R e Vadm
0,5 Le FS Le
C2 E A R C2 E A
R e Vadm
0,7 Le FS 1,4 Le
Ou:
1,4 Vadm Le
C2
EA
Logo:
1,4 Vadm Le
K adm C 2 C 3 C3
EA
Critério de Controle:
Se Kmed Kadm a cravação deve ser paralisada.
TIPO DE MÓDULO DE
ESTACA ELASTICIDADE (MPa)
Pré-moldada de Concreto 25.000
Vibrado
Pré-moldada de Concreto 28.000
Centrifugado
Metálica 210.000
Hn
H2
H1
...
RMX1 RMX2 RMXn
Kn
K1
K2 ... Sn
S1 S2
O repique elástico cresce à medida que a estaca vai
mobilizando resistência. Quando a máxima resistência
é mobilizada (capacidade de carga da estaca), o repique
se mantém praticamente constante.
A nega cresce de modo mais ou menos proporcional
até um certo nível de energia. No trecho próximo à
ruptura da estaca, o seu crescimento passa a ser
assintótico.
A ruptura da estaca é normalmente atingida para
valores de (DMX / D) superiores a 5 %.
RUPTURA DA
ESTACA
ENERGIA DE
CRAVAÇÃO
REPIQUE
ELÁSTICO
DESLOCAMENTO NEGA
DA ESTACA
Exemplo:
Estaca pré-moldada de concreto vibrado de seção
quadrada e lado 250 mm, com 7,5 m de comprimento.
0.00
2.00
K / D, S / D, DMX / D (%)
4.00
6.00
DESLOCAMENTO
REPIQUE
8.00
NEGA
DMX
10.00
M.S ((12ª posição) de 1023 combinações / (individ
dualmente, foi o 1ª possição).
3.2. Diagrama de Cravação
Consiste em se anotar o número de golpes necessários à
cravação de 50 ou 100 cm da estaca no terreno.
PILÃO
H
N E
SPT CRAV
0,5 a 1 m
ESTACA
Prof. Prof.
ECRAV n Wh H
Onde: n = No. de golpes necessários à cravação da estaca
Wh = Peso do pilão
H = Altura de queda do pilão
Objetivos Principais:
Verificar a representatividade das sondagens realizadas
a priori.
Ex: estacas metálicas de perfil laminado CS-250x84
com 20 m de comprimento.
ESTACA METÁLICA - PERFIL LAMINADO
N-SPT N50
0.00 20.00 40.00 60.00 0.00 20.00 40.00
0.00
SONDAGEM ESTACA
SP-02 P2-E11
P2-E10
-4.00
-8.00
COTA (m)
-12.00
-16.00
-20.00
Pode indicar a ocorrência de quebra de estacas.
Ex: estaca pré-moldada de concreto de seção quadrada
e 300 mm de lado com 20 m de comprimento.
N-SPT N-50
0.00 20.00 40.00 0.00 100.00 200.00
0.00 0.00
4.00 4.00
PROFUNDIDADE (m)
8.00 8.00
12.00 12.00
16.00 16.00
20.00 20.00
CAPÍTULO 3
3.1 INTRODUÇÃO
Nestaca
0 20 40 60 80
0,0
0,5
1,0
1,5
Profundidade (m)
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
47
Neste capítulo é feita uma avaliação da possibilidade de que o diagrama de cravação
sirva para a verificação do perfil de resistência do terreno, normalmente caracterizado
pelo ensaio SPT. Ainda, caso se consiga estabelecer esta relação entre diagrama de
cravação e perfil de SPT, será possível, para um dado terreno, prever a cravabilidade
de uma estaca com um dado martelo.
48
3.3 DIAGRAMA DE CRAVAÇÃO COM DIFERENTES INTERVALOS DE
MEDIÇÃO E EFEITO DE GRUPO
49
Figura 3.2b – Diagrama de cravação com intervalo de 0,50 m
50
Já existem disponíveis no mercado sistemas mais sofisticados de monitoração eletrônica, que permitem
obter registros de deslocamentos e de forças do topo da estaca durante o tempo de cravação. Para
isso, são empregados sensores colados e/ou aparafusados numa seção do fuste da estaca, geralmente
em pares diametralmente opostos: dois acelerômetros e dois medidores de deformação. Da integração
da aceleração se obtêm as velocidades e os deslocamentos, enquanto que do sinal de deformação
obtém-se o registro de tensões (ou de forças), conforme Figura 7.18.
Acelerômetro
Figura 7.18 – Sistemas de monitoração eletrônica de estacas (acelerômetros e defôrmetros), tipo PDI.
A cravação à percussão de estacas é feita através de bate-estacas, que utilizam basicamente dois
sistemas de martelo (ou pilão):
No sistema de queda livre, o martelo é erguido com auxílio de um guincho, e após alcançar a altura (h)
de queda desejada é liberada sua queda, no momento em que o tambor do guincho é desligado do
motor por um sistema de embreagem (ver Figura 7.19a).
No sistema automático, o martelo é levantado sob efeito de vapor, ar comprimido ou gases de explosão
de óleo diesel. Neste caso, o guincho é usado apenas para apoiar o martelo sobre a cabeça da estaca,
conforme se observa nas Figuras 7.19b,d.
Para proteger a estaca e o martelo durante o processo de cravação são usados ambos os seguintes
elementos (ver Figura 7.19c):
223
a) capacete: serve para guiar a estaca e acomodar os amortecedores;
b) cêpo: apoiado em cima do capacete, tem a função de proteger o martelo de tensões elevadas;
c) coxim ou almofada: fica entre o capacete e a estaca, e tem a função de proteger a cabeça da
estaca de tensões excessivas.
O processo de cravação de uma estaca é antes de qualquer coisa, um evento de natureza dinâmica.
Dessa forma, além da resistência estática do solo, existe a mobilização da resistência dinâmica de
origem viscosa, e, eventualmente o surgimento de forças inerciais. Não se deve confundir a capacidade
de carga de uma estaca obtida por um método de natureza estática com o valor obtido através de um
método dinâmico. Nas fórmulas estáticas, a carga de trabalho é obtida dividindo a carga de ruptura por
um coeficiente de segurança (em geral, 2), enquanto que nas fórmulas dinâmicas a carga de trabalho
obtém-se dividindo a resistência à cravação por um coeficiente que fará o devido desconto da
resistência dinâmica. Pelo fato das fórmulas dinâmicas serem originárias de diferentes hipóteses, os
resultados podem divergir muito dependendo da fórmula empregada.
224
Para reduzir as incertezas nos resultados da aplicação das fórmulas dinâmicas, recomenda-se, para
controle da qualidade do estaqueamento os seguintes procedimentos:
i) cravar uma estaca próxima a uma sondagem, até a profundidade prevista por método
estático para tal sondagem, observando a nega e/ou o repique;
ii) executar prova de carga e obter o coeficiente F para a fórmula dinâmica escolhida;
iii) empregar a fórmula escolhida, considerando o coeficiente F obtido, em todo o
estaqueamento, para controle da qualidade.
em que,
225
Janbu (1953)
Onde:
WH - energia de cravação;
- nega (penetração/golpe)
Onde:
L – comprimento da estaca;
Onde:
ɳ - coeficiente de eficiência;
granulares (Flaate, 1964) sugere que há pouca diferença entre a fórmula de Hiley e
qualquer tipo de estaca, Flaate demonstrou que é necessário adotar F = 2,7 com a
coeficiente de segurança.
4.3.3 Fórmula dos Dinamarqueses
Qult =
ηWh (82)
1 (2ηWhL)
s+
2 AE
em que
L = comprimento da estaca
A = área de seção transversal da estaca
E = módulo de elasticidade do material da estaca.
Recomenda-se usar na fórmula dos dinamarqueses η = 0,7 para martelos de queda livre e η = 0,9 para
martelos diesel, com coeficiente de segurança FS = 2. Como orientação para controle da cravação,
sugere-se as relações contidas na Tabela 7.21.
Na fórmula de Brix, adota-se FS = 5, ou seja, a carga última representa 5 vezes a carga admissível da
estaca.
A fórmula de Brix deu origem a uma expressão análoga para controle de cravação de estacas tipo
Franki. Neste caso, o peso da estaca (P) é substituído pelo peso do tubo e são introduzidos dois
coeficientes empíricos para levar em conta a rugosidade do fuste (0,75) e a menor área da base durante
a cravação (0,85). A fórmula de Brix para estaca Franki fica com a seguinte forma:
4W 2Ph
A
Qult = 0,75 ⋅ 0,3 + 0,6 b (84)
s(W + P)2
A f
em que
Ab = área do círculo máximo da esfera com volume igual ao da base (Vb)
Af = área da seção transversal da estaca, conforme orientações contidas na Tabela 7.22.
227
Sobrecravação de estacas
compactados, como por exemplo, seja para penetrar uma camada de argila
A fórmula de Hiley pode ser usada para determinar a carga de ruptura Qu e a tensão
Janbu (1953) sugeriu que a energia de cravação (WH)c, necessária para evitar
danos é limitada por:
Onde:
L - comprimento da estaca
S – nega
Exemplo
Hiley:
=1,35 m = 1350 m
mm
Tensão total durante a cravação = 1250 / 0,4 x 0,4 = 7813 kN/m2 [=7,8 MN/m²]
c(total) = cc + cp + cq = 19,6 mm
Este resultado é quase igual ao valor suposto de 1250 KN. Portanto, o cálculo não
ku = 7,1
Portanto,
Qu = ɳwH / s.ku
Pode-se ver que neste caso, a fórmula de Janbu prevê uma capacidade de
Qrup 2390
Qadm = = = 1195 kN (≅ 120 tf)
2 2
Como este valor (120 tf) é superior ao indicado na literatura, para este tipo de estaca (850 kN), por
medida de segurança adota-se o valor recomendado na bibliografia como a carga de trabalho, em
EXERCÍCIO_ Métodos Dinâmicos
detrimento do valor calculado. Ou seja, a carga de projeto dessa estaca será 85 tf.
2) Calcular a nega para 10 golpes de um pilão com 30 kN de peso, caindo de uma altura constante de
0,90 m sobre uma estaca de concreto armado, vazada, com 42 cm de diâmetro externo, 26 cm de
diâmetro interno, 15 m de comprimento e carga admissível igual a 100tf.
Dados da estaca
Dext = 0,42 m
Dint = 0,26 m
L = 15 m
Qtrab = 100 tf = 1000 kN
Solução:
Fórmula de Brix
W 2 .P.h
Nega ⇒ s = .....C/... .FS = 5
Qult (W + P)2
Peso da estaca ⇒ P =
π
4
( )
0,42 2 − 0,26 2 (25)(15) = 32 kN
s=
(30 )2 (32)(900 ) = 13,49 mm
(5000 )(30 + 32)2
1,35cm 13,5cm
Portanto, a nega prevista será ⇒ s = = .
golpe 10 golpes
Obs.: Para controle do estaqueamento, no campo é feita a medição da nega para comparação com o
valor previsto. Caso o valor medido seja menor ou igual ao previsto, a estaca atende aos critérios
estabelecidos em projeto e poderá ser encerrada a cravação. Caso contrário, a estaca continuará sendo
cravada até que o valor previsto da nega seja alcançado.
251
3.6. Prova de Carga Dinâmica (PDA)
Equipamento:
PALESTRA - PDA
Já existem disponíveis no mercado sistemas mais sofisticados de monitoração eletrônica, que permitem
obter registros de deslocamentos e de forças do topo da estaca durante o tempo de cravação. Para
isso, são empregados sensores colados e/ou aparafusados numa seção do fuste da estaca, geralmente
em pares diametralmente opostos: dois acelerômetros e dois medidores de deformação. Da integração
da aceleração se obtêm as velocidades e os deslocamentos, enquanto que do sinal de deformação
obtém-se o registro de tensões (ou de forças), conforme Figura 7.18.
Acelerômetro
Figura 7.18 – Sistemas de monitoração eletrônica de estacas (acelerômetros e defôrmetros), tipo PDI.
A cravação à percussão de estacas é feita através de bate-estacas, que utilizam basicamente dois
sistemas de martelo (ou pilão):
No sistema de queda livre, o martelo é erguido com auxílio de um guincho, e após alcançar a altura (h)
de queda desejada é liberada sua queda, no momento em que o tambor do guincho é desligado do
motor por um sistema de embreagem (ver Figura 7.19a).
No sistema automático, o martelo é levantado sob efeito de vapor, ar comprimido ou gases de explosão
de óleo diesel. Neste caso, o guincho é usado apenas para apoiar o martelo sobre a cabeça da estaca,
conforme se observa nas Figuras 7.19b,d.
Para proteger a estaca e o martelo durante o processo de cravação são usados ambos os seguintes
elementos (ver Figura 7.19c):
223
A resistência de ponta é obtida por:
T(1) + T(2)
qp = β " min min (55)
2
em que
T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 8B acima da ponta
min
da estaca.
T(1) = média aritmética dos valores de torque mínimos (kgf.m) ao longo de 3B abaixo da ponta
min
da estaca.
O valor do parâmetro β” depende do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 16.
β´1 β´2 β”
Tipo de solo
(%) (kPa/kgf.m)
Areia 4,0 a 5,0 2,0 a 2,5 200
Silte 2,5 a 3,5 1,0 a 2,0 150
Argila 2,0 a 3,5 1,0 a 1,5 100
É um método francês, baseado no CPT, que passou a ser difundido em nosso país a partir da tradução
do trabalho original feita por Godoy e Azevedo Júnior (1986). Deste método, a resistência de ponta
pode ser obtida da seguinte expressão:
qp = αp qc (56)
sendo αp um coeficiente que depende do tipo de solo (Tabela 7.17). O valo de qc a ser introduzido na
Equação 56, deverá ser a média obtida numa faixa de profundidade correspondente a 3B acima e 3B
abaixo da ponta da estaca.
O atrito lateral unitário, ql, é calculado da seguinte equação:
α qc
ql = F (57)
αs
Os valores dos coeficientes αF e αS são fornecidos nas Tabelas 17 e 18, respectivamente. Observa-se
que o valor de αF depende apenas do tipo de estaca.
209
Tabela 7.17 – Valores dos coeficientes αP e αS em função do tipo de solo (Décourt et al. 1998).
Tipo de solo αp αS
qc < 8MPa 0,40 100
Areia 8MPa < qc < 12MPa 0,40 150
qc >12MPa 0,40 200
Silte 0,45 60
Argila 0,50 50
Tabela 7.18 – Valores dos coeficientes αF e qS,máx em função do tipo de estaca (Décourt et al. 1998).
ql, máx
Interface solo-estaca Tipo de estaca αF
(kPa)
Concreto Premoldada, Franki, Injetada 1,5 120
Escavada: D ≤ 1,5m 0,85 100
Concreto
Escavada: D > 1,5m ; Barrete 0,75 80
Metálica Perfil: H ou I (perímetro externo) 1,10 120
Do método de Holeyman et al. (1997), a parcela da carga de ponta de uma estaca pode ser obtida de:
onde β = fator de forma da base da estaca (para estacas de base nem quadrada nem circular), função
da largura B e do comprimento L:
β = 1+ 0,3B/L (58A)
1,3
αb = fator empírico para levar em conta o processo executivo da estaca e a natureza do solo
Fb = fator de escala, função das características de resistência ao cisalhamento do solo.
qp(m) = resistência de ponta homogeneizada, calculada pelo método de De Beer.
O cálculo da parcela de atrito lateral pode ser feito por um dos três métodos disponíveis (Velloso e
Lopes, 2002), sendo o mais empregado o que se apresenta a seguir:
U U
Q l,rup = ξ f ∆ Q c = ∑ ξ f ∆ Q lc (58)
u l u i i
210
em que U = perímetro da estaca
u = perímetro da seção transversal da haste do cone
ξf = fator empírico para levar em conta os efeito do processo de execução (αs), o material e
rugosidade do fuste (βS) e efeitos de escala da estrutura do solo (εS), conforme Tabela 7.19.
(∆Qlc)i = acréscimo da resistência lateral do cone na i-ésima camada.
Tabela 7.19 – Valores do fator ξf em função do tipo de estaca e do solo (Velloso e Lopes, 2002).
Tipo de estaca ξf
Em areias 0,60 a 1,60
De grande deslocamento
Em argilas 0,45 a 1,25
De pequeno deslocamento 0,60 a 0,85
Escavadas 0,40 a 0,60
O ensaio de cone padrão (CPT) tem passado por diversos aperfeiçoamentos, sendo os mais recentes
relativos à medição da poropressão na ponta do cone, recebendo, por isso, o nome de Piezocone ou
CPTU (ver Figura 7.9). No Brasil, foi desenvolvido um método de previsão de capacidade de carga com
base no Piezocone, para estacas instaladas em argilas (Almeida et al., 1996). Por esse método, as
resistências de ponta e de atrito lateral podem ser obtidas das seguintes expressões:
q − σ v0
qp, rup = c (60)
k2
e
q − σ v0
ql,rup = c (61)
k1
q c − σ v0
onde k1 = 12 + 14,9 log
(62)
σ,
v0
N kt
e k2 = (63)
9
em que Nkt é um fator de cálculo da resistência não drenada (SU) no ensaio CPTU. No cálculo do Nkt
emprega-se a resistência de ponta corrigida, qT, ao invés do qc do CPT (Lunne et al, 1985), conforme
mostrado na Equação 64.
211
q − σ v0
N kt = t (64)
Su
Na realização de provas de carga sobre estaca ou tubulão busca-se um dos seguintes objetivos:
O ensaio lento é o que melhor reproduz o carregamento imposto à estaca pela estrutura futura nos
casos mais correntes (edifícios, silos, pontes, etc.). Como a estabilização dos recalques só se
completaria a tempos muito longos, a norma fixa um critério convencional, no qual se considera que o
recalque estabilizou quando o seu valor lido entre dois tempos sucessivos não ultrapassa 5% do
recalque total do estágio de carga. As leituras são feitas em tempos dobrados (1min, 2min, 4min, 8min,
15min, 30min, etc.), sendo que mesmo que a estabilização aconteça nas primeiras leituras, o tempo
mínimo para aplicação de um novo estágio é 30 minutos. O carregamento incremental é aplicado até
que se atinja o dobro da carga de trabalho da estaca. A norma ainda recomenda que último estágio de
carga seja mantido por pelo menos 12 horas antes do descarregamento, que deverá ser efetuado em 4
a 5 estágios iguais.
A prova de carga lenta é preferida quando se deseja obter informações mais detalhadas sobre os
recalques da estaca. Por outro lado, quando a principal informação a ser obtida do teste é o valor da
carga de ruptura ou dispõe-se de pouco tempo para execução do teste, pode-se optar pela realização
da prova de carga tipo rápida.
Neste caso, cada estágio de carga é mantido por apenas 5 minutos, fazendo-se as leituras no início e
no final do estágio. O carregamento total, geralmente em 10 estágios, prossegue até o dobro da carga
de trabalho prevista para a estaca. Neste caso, o descarregamento é efetuado logo após o último
estágio de carga.
Nas provas de carga a compressão, o carregamento é feito por um macaco hidráulico munido de
bomba, reagindo contra um sistema de reação, conforme o modelo disposto na Figura 7.10. Para medir
a carga efetivamente aplicada ao topo da estaca é comum a utilização de uma célula elétrica de carga,
enquanto para medição dos recalques são empregados extensômetros (relógios comparadores) fixados
em vigas de referência. O sistema de reação optado é função, dentre outras coisas, da carga máxima a
aplicar, podendo ser desde plataformas com peso (cargueiras), a vigas presas a estacas vizinhas à que
será testada. Neste último caso, há que se ter o cuidado de não danificar estruturalmente a estaca
usada como reação, caso ela faça parte do estaqueamento definitivo da obra.
Quando se deseja conhecer o modo de transferência de carga da estaca para o solo, deve-se
instrumentar o fuste desta com um ou mais dos seguintes sistemas:
a) Extrapolação
Conforme bem lembrado por Velloso e Lopes (2002), a interpretação de uma prova de carga pode gerar
controvérsias pelas diferentes visões que se pode ter de ruptura. Esses autores foram muito oportunos
ao citarem Davison (1970): “ Provas de carga não fornecem respostas, apenas dados a interpretar”.
Quando uma prova de carga não é levada à ruptura ou um nível de recalque que não caracterize a
ruptura, pode-se tentar uma extrapolação da curva carga-recalque. Para isso, existem vários métodos
disponíveis na literatura, sendo o mais usual no meio técnico brasileiro o critério de Van der Veen
(1953). A extrapolação de van deer Veen (Figura 7.11a) baseia-se numa equação matemática
(exponencial), que é ajustada ao trecho que se dispõe da curva carga-recalque:
Figura 7.11 – Extrapolação da curva carga-recalque pelo método de van der Veen (1953).
214
A carga de ruptura é obtida experimentando-se diferentes valores para estaca carga até que se obtenha
uma reta no gráfico –ln(1-Q/Qrup) versus w (recalque), conforme mostrado na Figura 7.11b .
Na aplicação do método de van der Veen, Aoki (1976) verificou que a reta obtida não passava pela
origem dos eixos, apresentando um intercepto. Por isso, Aoki propôs a inclusão do intercepto daquela
reta (β), alterando a expressão de van der Veen com a seguinte forma:
c) Interpretação
Sendo completa a curva carga-recalque obtida da prova de carga, ela precisa ser devidamente
interpretada para se definir o valor da carga de ruptura. Por mais que a curva apresente uma carga de
ruptura visual, essa definição pode ser enganadora, visto que a escala em que a curva é apresentada
pode conduzir a diferentes interpretações. Existem alguns critérios para definição da carga de ruptura
de uma estaca ou tubulão, os quais podem ser organizados em 4 categorias:
Figura 7.12 – Interpretações da curva carga: a) regra geométrica; b) pesquisa de uma assíntota vertical
(Velloso e Lopes, 2002).
215
Figura 7.12c – Interpretação da curva carga – recalque a partir do critério de ruptura convencional
(Velloso e Lopes, 2002).
A norma brasileira se enquadra na categoria “iv”, que define a ruptura pelo valor do recalque
correspondente ao encurtamento elástico da estaca somado a um deslocamento de ponta igual a B/30:
O critério da norma brasileira pode ser visualizado na Figura 7.12c (que é uma modificação do da norma
canadense), apenas substituindo-se a parcela 4mm + B/120 pelo valor do deslocamento de ponta citado
acima (B/30).
216
Evolução da Resistência com o Tempo após a Cravação da Estaca
Vários pesquisadores têm confirmado essa ocorrência (Velloso e Lopes,
2002), dos quais pode-se destacar Soderberg (1962), o qual propõe
uma equação para previsão do tempo (t) necessário para o
desenvolvimento da máxima capacidade de carga da estaca a partir da
cravação.
V
VESIC_1977:
Transfferência d
de carga (EEstaca Me
etálica) em
m profunddidade
Solo: SSilte/Argilaa siltosa // Rocha (B
Basalto)
10 kips = 44,8
kN
EFEITO SET-UP (Fator TEMPO)
Gary Axelsson_1998
Estaca Quadrada Cravada‐ B= 235 mm ‐ L = 12,8 m
Peso do Martelo 40 kN; Altura de Queda= 20 cm
EFEITO SET‐UP ????? !!!!
Efeito o quê ??????? Onde ?
ESTUDO _ DO _ EFEITO _ SET-UP
2007
71,29
No caso de estacas cravadas em argilas rijas, pode haver diminuição
das poropressões na argila ao redor do fuste, como conseqüência da
cravação. Neste caso, haveria uma migração da água dos poros, contrária
à referida anteriormente, provocando uma espécie de amolecimento da
argila numa região anelar no entrono do fuste, tendo como conseqüência
uma redução da capacidade de carga da estaca com o decorrer do tempo,
a partir da cravação.
FUNDAÇÕES ESCAVADAS - PROVAS DE CARGA INSTRUMENTADAS
550
Wtub= 137 kN 500
450
Carga no topo da fundação (kN)
400
350
300
250
200
150
100
50
-50
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Deslocamento do topo da fundação (mm)
ESTACAS CRAVADAS
Gary Axelsson_1998
Estaca Quadrada Cravada‐ B= 235 mm ‐ L = 19,1 m
Peso do Martelo 40 kN; Altura de Queda= 20 cm
Efeito da Carga Residual – Estaca Cravada
Carga residual: Nenhum efeito sobre Qt Diferente para Qb (<) e Ql(>>>)
PROVA DE CARGA – Estaca Escavada – El Mossallamy, 1999
PROVA DE CARGA – Estaca Escavada – Fellenius, 2007
QUESTIONAMENTOS:
E SE FOSSE USADO ALGUM MÉTODO DE EXTRAPOLAÇÃO DA CURVA
CARGA‐DESLOCAMENTO, ESSE(S) MÉTODOS OBTERIAM SUCESSO ?
A REALIZAÇÃO DAS PROVAS DE CARGA DEU‐SE 6 DIAS APÓS A
CRAVAÇÃO DAS MESMAS. E SE FOSSE 60 DIAS APÓS....
OS RESULTADOS OBTIDOS SERIAM OUTROS ? (EFEITO SET‐UP ?)
OS RESULTADOS DAS PROVAS DE CARGA EM PROFUNDIDADE
LEVAM EM CONTA O EFEITO DAS CARGAS RESIDUAIS ?
FOI AVALIADA E LEVADA EM CONSIDERAÇÃO A INFLUÊNCIA DA
DISTÂNCIA DAS ESTACAS DE REAÇÃO SOBRE A RESPOSTA DO
SISTEMA ESTACA‐SOLO ENSAIADOS ?
PODE‐SE AFIRMAR QUE, A PARTIR DOS RESULTADOS OBTIDOS, HÁ
RUPTURA DO SISTEMA FUNDAÇÃO‐SOLO ? (Qb e Ql rompem ?)
SE OS RESULTADOS FOSSEM OBTIDOS USANDO ENSAIOS RÁPIDOS
OU LENTOS, OS RESULTADOS DE CAPACIDADE DE CARGA SERIAM
OS MESMOS ? E COM RELAÇÃO AO RECALQUE ?
TUBULÕES – APÓS ESCAVAÇÃO (Embre – DF)
Cap.10 – Fundações em Tubulões
2
Figura 2
Embora seja considerada uma fundação profunda, por causa da sua profundidade de embutimento ser
relativamente grande, o tubulão também pode ser enquadrado no grupo das fundações diretas, visto
que praticamente toda a carga é transmitida pela base (Cintra et al, 2002).
Os tubulões a céu aberto são usados praticamente para qualquer faixa de carga, sendo seu limite de
carga limitado pelo diâmetro da base. Uma vantagem importante: durante sua execução não há
incidência de vibrações no terreno e em áreas adjacentes. De uma maneira geral, a base deve ter o
diâmetro limitado a 4 metros. É oportuno ressaltar que, menos o volume do bloco, o volume de dois
tubulões (cujo fuste seja ≥ 0,70m) é menor que o de apenas um, para a mesma carga. Daí, às vezes,
parece ilusório acreditar que o uso de um tubulão com base muito grande é melhor do que dois tubulões
de base menor.
Quando solicitado por uma vertical de compressão, as forças presentes num tubulão são as indicadas
na Figura 7.13.
217
G = peso próprio do tubulão.
Ls = comprimento do fuste.
Tem sido prática comum desprezar a resistência lateral ao longo do fuste de tubulões, e deste modo
considera-se que toda a carga do pilar é transmitida através da base. Esse procedimento pode estar
correto no caso de tubulão pneumático com camisa de concreto armado, moldada in loco, em que pelo
processo executivo, o solo lateral fica praticamente descolado do fuste. Neste caso, é bem mais prático
usar o conceito de tensão admissível também para o projeto de fundações por tubulões, conforme
sugerem Cintra el al. (2003).
Usando-se o conceito de tensão admissível, o cálculo da capacidade de carga de um tubulão pode ser
feito por um dos métodos teóricos, semi-empíricos, ou empíricos, tal como se faz, por exemplo, com
uma sapata. Alonso (1983) apresenta uma equação semi-empírica baseada no SPT, onde a tensão
admissível do tubulão é obtida por:
N
σ adm = [MPa] (68)
30
em que N é o valor médio da resistência à penetração do solo na região do bulbo de tensões gerado
pela base do tubulão. A Equação 68 é válida para valores de 6 ≤ N ≤ 18.
Para solos arenosos, a tensão admissível na base de tubulões ainda pode estimada por meio de tabela
de tensões admissíveis, como por exemplo, a que consta na NBR 6122 (1996). Naquela tabela o valor
da tensão admissível pode ser obtido por:
onde σ´0 é o valor de σ0 corrigido, obtido da referida tabela, incorporando devidamente o efeito do
tamanho da base do tubulão (Equação 69A), e q é o valor da tensão vertical ao nível da cota de base do
tubulão.
σ 0, = σ 0 1 +
1,5
(B − 2) com B ≤ 10m (69A)
8
Entretanto, Décourt et al. (1998) relatam diversos casos de provas de carga em tubulões, nos quais fica
evidenciado que sob baixas deformações (admissíveis) a parcela de resistência lateral, para tubulões
longos, é expressiva. Menciona-se que essa resistência se desenvolve plenamente (ms = 1,0) com
deformações da ordem de 5 a 10 mm, independentemente do diâmetro do fuste (Df), enquanto que a
plena mobilização da resistência de base somente se efetiva para deformações da ordem de 10% a
20% do diâmetro da base (muito grande). Portanto, para a carga de trabalho, o tubulão pode ter um
comportamento real muito diferente do previsto em projeto, na hipótese da parcela de atrito lateral não
ter sido considerada.
A parcela de resistência de base de um tubulão pode ser obtida empregando-se as mesmas expressões
usadas para sapatas. Já para a estimativa da parcela de atrito lateral, existem diversas metodologias.
Caputo (1977) apresenta uma estimativa da parcela de atrito lateral em tubulões, que depende apenas
218
do tipo de solo, conforme mostrado na Tabela 7.20. É importante ressaltar que os valores presentes na
tabela devem ser encarados apenas como estimativas preliminares, pois a mobilização das parcelas
resistentes depende dos recalques e do tipo de solo, da forma de execução, do comprimento e da
relação Dbase/Dfuste do tubulão (Décourt et al., 1998).
Tabela 7.20 – Indicação de valores preliminares para previsão do atrito lateral em tubulão
(Caputo, 1977).
Atrito lateral unitário
Tipo de solo
(kN/m2)
Solo orgânico ou argila mole 5
Silte e areia fina fofa 5 a 20
Areia argilosa fofa e argila média 20 a 50
Argila rija 50 a 100
Os tubulões a céu aberto são elementos estruturais de fundação construídos concretando-se um poço
aberto no terreno, geralmente dotado de uma base alargada. Este tipo de tubulão é executado acima do
lençol freático (natural ou rebaixado). Existindo apenas carga vertical, os tubulões a céu aberto não
precisam ser armados, colocando-se apenas uma ferragem de topo para ligação com o bloco de
coroamento ou de capeamento, conforme mostrado na Figura 7.14.
O fuste de um tubulão a céu aberto é de seção circular, a dotando-se o diâmetro mínimo de 0,7m,
enquanto a projeção da base poderá ser também circular ou em forma de falsa elipse. No caso da base
ser em falsa elipse, a relação a/b deverá ser no máximo igual a 2,5 (ver Figuras 7.15 a e b). A solução
em falsa elipse é muito empregada quando se tem tubulões próximos e a área da base de um com
seção circular tende a se sobrepor ao vizinho.
A área da base (Ab) do tubulão é calculada de maneira análoga ao cálculo da área de uma fundação
superficial, ou seja:
P
Ab = (70)
σ adm
em que P é a carga do pilar e σadm é a tensão admissível do terreno.
Volume correto !
3.3 Tubulões a Ar Comprimido
No caso da camisa ser de concreto, todo o processo de cravação da camisa, abertura e concretagem
da base é feito sob ar comprimido, visto que todos estes serviços são executados manualmente. Se a
camisa é de aço, a cravação da mesma é feita com auxílio de equipamentos e, portanto, a céu aberto,
sendo apenas os processos de abertura e concretagem da base sob ar comprimido.
A pressão máxima de ar comprimido, na prática, deverá se limitar a 30 kPa, o que limita os tubulões
pneumáticos a 30 m de profundidade.
Se o tubulão for com camisa de concreto, o dimensionamento do fuste é de maneira análoga ao cálculo
de um pilar, dispensando-se a verificação da flambagem, se o tubulão for totalmente enterrado. O
cálculo é feito no estado-limite de ruptura:
fck f ´ yk
1,4 N = 0,85 A f + As (77)
1,5 1,15
Tendo-se em vista que o trabalho se dá sob ar comprimido, os estribos deverão ser calculados para
resistir a uma pressão 30% maior que a pressão de trabalho, admitindo-se a inexistência de pressões
externas de terra ou de água. Neste caso, a força radial, F, será:
F = 1,3 ⋅ p × R (78)
ou
1,61F
As = (78A)
f yk
As indicações se encontram na Figura 7.16, onde R é o raio do fuste e p a pressão de ar no tubulão.
Figura 7.16 – Esforços adicionais nos estribos por causa da pressão de ar no tubulão.
221
Tubulão a Ar Comprimido...
- Revestimento das paredes do fuste pode ser feito com anéis de concreto ou anéis
metálicos.
Peso
Cinta metálica
Tubo metálico
Braço
Máquina Benoto
Rotação
Peso
Características gerais:
- Revestimento das paredes laterais do fuste é feito com anéis de concreto com diâmetro
externo igual ao diâmetro do fuste.
- Os anéis de concreto, movem-se verticalmente pelo peso próprio;
- Escavação é feita manualmente;
- As escavações feitas abaixo do N.A. são feitas manualmente com o auxílio de uma
campânula;
- O diâmetro interno ≥ 0,70 m (diâmetro do fuste).
Detalhe construtivo:
Ar
Comprimido
Anel
de
Concreto
2,0 a 3,0 m
N.A.
Cachimbo
de
armadura
Porta
Cachimbo
de
Concretagem
Cachimbo para
retirada de solo
Ar
Comprimido
A- Pilar isolado
Pilar
Bloco de
transição
F Va
H
60
°
0,2 m (Rodapé)
Vista em planta:
Onde:
4 × (1,4 × P)
F= = Diâmetro do fuste
fck
π × 0,85 ×
γC
Æ A base é calculada para que não ultrapasse a tensão admissível do solo na cota de
apoio do tubulão.
4× P
B= = Diâmetro da base
π ×σ S
Æ A altura H do alargamento é função da inclinação α que por sua vez deve ser tal que
não haja necessidade de introdução de ferragem na base.
B−F
H= × tgα = Altura da base; onde α = 60º
2
Exemplo nº 01:
Dimensionar um tubulão para uma carga P = 255 t, com um concreto 100 kgf / cm2 e
um solo com σs = 50 tf / m2 na cota de apoio da base, sendo um pilar isolado, admitir
tubulão com revestimento.
4× P 4 × 225
B= = = 2,54m ∴ 2,55m
π ×σ S π × 50
F = 0,90 m
B = 2,55 m
H= 1,45 m
F = 0,90 m
B=2,55m
Onde:
0,20 m
F = 0,90 m
VB = 4,16m 3 B = 2,55 m
H = 1,45 m
r
π ×h
V1 = × (R 2 + r 2 + R × r)
3
h
R V2 = π × R 2 × h0
ho VTOTAL = V1 + V2 = VB
V2
Pilar isolado
Seção de 0,80 X 0,60 m
Carga P = 840 tf
fck do concreto = 95 kgf / cm2 = 9,5 MPa = 950 tf / m2
σs = 6,0 kgf/cm2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.
Æ Não se executa tubulão com base circular, porque a excentricidade da peça seria
muito grande.
Æ A distância do centro do fuste a base da divisa, “a”, deve se situar no intervalo de:
1,2 a 1,5 m
ba
e = a − 2,5 cm − Onde: ba = menor dimensão do pilar / 2,5 cm = folga
2
P1 × l ΔP
R1 = R2 = P2 − Onde : ΔP = R1 − P1
l −e 2
R1 π × B2 A π
A= A= + B× X X = − ×B
σS 4 B 4
Æ A altura deve ser calculada de tal forma que na maior dimensão seja respeitado o
ângulo de 60º com a horizontal.
B+ X −F
H= × tg 60º
2
X ≤B
Æ Os centros de gravidade das áreas do fuste e da base devem estar sobre o eixo da
viga alavanca.
f
X
Esquema Estático :
P1 P2 l
DIVISA
P1 P2
R1 R2
R1 R2
Dados
Pilar de divisa:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 6,0 kgf/cm2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.
2,5 cm (folga)
6,00
P1 = 325 tf P2 = 430 tf
Divisa
1,0
1,0
0,50 0,60
Dimensionamento do P1:
P1 × l 325 × 6 1950
R1 = = = = 384,23tf
l − e 6 − 0,925 5,075
R1 384,23
A= = = 6,40m 2
σS 60
B = 2 × a = 2 × 1,20m = 2,40m
A π 6,40 π
X = − ×B = − × 2,40 = 0,77 ∴ 0,80m
B 4 2,40 4
Mas, X ≤ B.
Portanto OK!
F = 1,15 m
X = 0,80 m
VB = 6,55m3
B = 2,40 m
Dimensionamento do P2:
ΔP (384,23 − 325)
R2 = P2 − = 430 − = 400,38tf
2 2
4× P 4 × 400,38
B= = = 2,91m ∴ 2,95m
π ×σ S π × 60
π ×h
V1 = × (R 2 + r 2 + R × r)
3
V2 = π × R 2 × h0
B = 2,95 m
F = 1,15 m
r
π ×h
V1 = × (R2 + r 2 + R × r)
3
x×h
V2 = × (R + r)
2
h
V3 = (π × R 2 + 2 × R × r ) × h0
VTOTAL = V1 + V2 + V3
R R
ho
V1
R R
r
V2
V3
x
Dados
Pilar de divisa:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 6,0 kgf / cm2 = 60 tf / m2
Admitir tubulão a céu aberto sem revestimento.
2,5 cm (folga)
4,00
P1 = 400 tf P2 = 300 tf
Divisa
0,3
0,6
0,3 0,3
Conselhos importantes:
Æ Não associar fundação de dois ou mais pilares com um único tubulão.
Æ Ocorrendo superposição das áreas da base, deve-se utilizar falsa elipse.
Observações gerais:
A. Caso os pilares estejam tão próximos que não seja possível a solução trivial, afasta-
se o centro de gravidade dos tubulões e introduz-se uma viga de ligação.
Viga de Interligação
Solução trivial comum
Podem Encostar
Pilar
Viga de Interligação
Cota de apoio
Podem encostar
Dados
Pilares próximos:
fck do concreto = 100 kgf / cm2 = 10 MPa = 1000 tf / m2
σs = 5,0 kgf / cm2 = 50 tf / m2
Admitir tubulão a céu aberto com revestimento.
P1 = 560 tf P2 = 560 tf
0,60
0,60
0,60 0,60
2,00
Como os pilares são próximos e as bases dos tubulões irão se sobrepor, devemos
utilizar base na forma de falsa elipse, afastando o centro de gravidade do tubulão em
relação ao centro de gravidade do pilar introduzindo a viga de rigidez.
P 560
A= = = 11,20m 2
σS 50
Impondo X = B para que a base do tubulão fique o mais parecido a uma circunferência.
4× A 4 × 11,2
X =B= = = 2,51m ∴ 2,55m
π +4 π +4
1,00 1,00
Viga de Rigidez
2,55
1,35
H = 3,25 m
2,55 2,55
α : Deve respeitar
A A
F = 0,80 m
0,4 0,4 0,4
Armadura
do Pilar
B = 0,80 x 1,20 m
H = 0,70 m
Bloco de
Fretagem
Corte A-A
Dimensões
0,2
mínimas
0,7
para
escavação
manual
1,20
Projeto Tubulões 01
Projeto Tubulões 02
Pilar Carga B F H VF VB VT
Nº (tf) (m) (m) (m) (m3) (m3) (m3)
01
02
03
04
05
VF = Volume do fuste
VB = Volume da base
VT = VF + VB
Pilar Carga B F H VF VB VT
Nº (tf) (m) (m) (m) (m3) (m3) (m3)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
PT
PT
x×h
V2 = × (R + r)
2
h
V3 = (π × R 2 + 2 × R × r ) × h0
VTOTAL = V1 + V2 + V3
R R
ho
V1
R R
r
V2
V3
x
ho
VTOTAL = V1 + V2
R
V1
r
V2
Anjos (2006)
7.0 Grupos de Estacas e Tubulões
Figura 7.36 – massa de solo mobilizada pelo carregamento de (a) uma estaca isolada e (b) de um grupo
de estacas.
De forma geral, as estacas quando instaladas muito próximas se comportam como se fosse um bloco, o
que é indesejável, visto que o solo nesta situação deixa de atuar quanto ao atrito lateral nas estacas
internas do conjunto. O efeito desejável do atrito lateral solo-estaca é pleno quando o espaçamento
mínimo entre os eixos das estacas é da ordem de 3B. Geralmente considera-se como elemento
individual quando o espaçamento é maior que 7B.
244
Em areias fofas, a cravação de estacas próximas provoca a compactação do solo em torno delas. Isso
faz com que a resistência do grupo seja maior do que a soma das capacidades de carga das estacas
isoladamente, o que acontece quando o espaçamento entre as estacas é entre 2B e 3B. No caso de
areias compactas, tem sido difícil mensurar um efeito positivo: pelo contrário, ele pode ser até negativo
ou causar danos às estacas já executadas, caso o espaçamento seja muito pequeno.
A literatura tem mostrado que a capacidade de grupos de estacas em areia sempre supera a soma das
capacidades das estacas individuais, e que a carga de ponta é pouco afetada pelo efeito, enquanto que
o atrito lateral pode aumentar até três vezes.
Não há uma teoria racional para estimar a capacidade de carga de grupo de estacas. Na prática da
Engenharia de Fundações, tem sido adotada uma postura conservadora, favorável à segurança,
adotando-se a eficiência de um grupo de estacas cravadas igual a 1, ou seja:
n
Q grupo = ∑ Qr (isolada) (94)
1
No caso de estacas escavadas, a prática também tem revelado uma posição mais conservadora dos
profissionais, utilizando eficiências inferiores à unidade, mais freqüentemente igual a 0,7:
n
Qgrupo = 0,7∑ Qr (isolada ) (95)
1
Postura semelhante tem sido adotada no caso de grupos de estacas em argilas, onde a capacidade de
carga do grupo é sempre menor do que a soma das capacidades individuais de cada estaca. Conforme
apresentado por Presa e Pousada (2002), pode-se estimar a eficiência (η) de um grupo de estacas
instaladas em argilas, através da fórmula empírica de “Efeito de Grupo de Los Angeles”, isto é:
η =1−
[
Φ m(n − 1) + n(m − 1) + 2 (m − 1)(n − 1) ] (96)
π m⋅n
245
Capacidade de Carga de Grupo de Estacas
Qult , grupo
η η → eficiência da estaca
N °⋅ Qult ,estaca →individual
Chellis, 1962:
η< 1 ocorre em função da superposição dos bulbos de pressão. É eliminado com s ≥ 0,1L.
Bowles, 1988:
Em areia, espaçamento ótimo: 2,5 a 3,5 d [qqsolo, espaçamentos máximos: 8,0 a 10,0 d]
Qult , grupo
n°estacas = , Qult ,estaca = Qadm × FS = 3Qadm , geot = 3Qadm ,est
η ⋅ Qult ,estaca
3 × 280
Qult ,estaca =3 × 50 =150tf , n º estacas = =6, 4 → 7 estacas
0,87 ×150
Existem vários métodos “empíricos” para a determinação da eficiência do grupo. Estes
destacam o método de Converse – Labarre (AASHTO: Fundações de pontes)
(n − 1)m + (m − 1)n D
η = 1 −θ ⋅ ,θ = tan −1 ( ) graus
90 ⋅ m ⋅ n S
OBS: Segundo a NBR6122 (7.7.2,3) a carga admissível do grupo deve ser menor ou igual a
de uma sapata assente em L/3, conforme abaixo:
Calcule a capacidade de carga do grupo com fator de segurança igual a 3: O N.A encontra-
se a 2 m de profundidade mas pode subir até a superfície devido a variações sazonais.
Calcule a capacidade de carga usando análise em termos Totais: TSA. Grupo de Estacas
ArgilaRija
Atrito lateral – Argila mole
αu = 1
su = 20 kPa
(Q )f softclay
=α u su × ( Perímetro ) g × Comprimento =1× 20 × 11, 2 × 8 =1792 kN
(Q )f stiffclay
=9 ( su )b Ab =9 × 90 × 7,84 =6350, 4kN
(Q )f softclay
=α u su × ( Perímetro ) g × Comprimento =1× 20 ×1, 26 × 8 = 201,1 kN
(Q )f stiffclay
= 0,5 × 90 ×1, 26 × 2= 113, 4kN
Qult = ( Q f ) + (Q f ) + ( Qp )
argila mole argila rija argila rija
n=9
( Qult ) g =
nQult =
9 × 416, 6 =
3749 kN
Passo 3 – Calcule a capacidade de carga última usando ESA (Análises em Termos efetivos)
Argila mole
γ ' =18 − 9,8 =8, 2kN / m³
Argila rija γ ' = 18,5 − 9,8 = 8, 7kN / m³
β = (1 − sin 30° )(1) tan 30°= 0, 29
Argila mole 0,5
Argila rija
β= (1 − sin 28° )( 5 ) tan 28°= 0, 63
0,5
Atrito Lateral
βσ 'z × Perímetro × L;
Qf =
8
Q=
f 0, 29 × 8, 2 × ×11, 2 ×= 8 852,3 kN Argila mole
2
Q=
f 0, 63 × ( 8, 2 × 8 + 8, 7 ×1) ×11, 2 ×=
82 1048,3 kN Argila rija
Q p = N q (σ 'z )b ( Ab ) g
Atrito Lateral
Use proporção (entre as metodologias) desde que somente o perímetro foi modificado.
1, 26
Q f = 852,3 × = 95,9kN
11, 2
1, 26
Q f = 1048, 6 × = 118kN
11, 2
0,126
Q p = 9602,2
9565, 6 × = 153,
154,37 kNkN
7,84
ESA 11466,5kN
11503 3308,4
3314 kN
3314 kN
A menor capacidade de carga é 3308,4 kN para ESA
( Qult ) g 33144
3308,
∴=
Qa = = 1103kN
FS 3
Neste exemplo têm-se que análise em termo efetivo governa o projeto com modo
individual de ruptura
Enquanto isso no MUNDO REAL......
31.500 tf
2000 tf
32.000 tf.m
Tabela 7.22 – Características de estacas tipo Franki (Velloso e Lopes, 2002).
Diâmetro Vb Vb Ab Ab Af P/m
mínimo usual mínimo usual Típico
(mm) (litros) (litros) (m2) (m2) (m2) (kgf/m)
350 90 180 0,243 0,099 180
400 180 270 0,386 0,126 200
450 270 360 0,316 0,505 0,159 250
520 360 450 0,453 0,542 0,212 300
600 450 600 0,710 0,283 400
É importante entender o comportamento da estaca desde o início do seu carregamento até acontecer a
ruptura, o que se dá a partir da mobilização da resistência de atrito lateral, de ponta ou de ambos. A
este estudo se dá o nome interação estaca-solo ou mecanismo de transferência de carga da estaca
para o solo, cujo entendimento pode ser facilitado com auxílio das Figuras 7.21 (a, b, c).
Na Figura 7.21a, mostra-se a carga aplicada à estaca e a reação do solo à estaca, representada por
tensões cisalhantes desenvolvidas ao longo do fuste (atrito lateral) e tensões normais na base
(resistência de ponta). A resultante das tensões cisalhantes (τ) é a carga de fuste (Qf) e a das tensões
normais é a carga de ponta (Qp), cujas parcelas equilibram a carga aplicada (Q). Na Figura 7.21b
apresenta-se um diagrama de carga axial da estaca para o solo, que corresponde a uma tensão de
atrito lateral uniforme ao longo do fuste (τs) e transferência de carga linear, enquanto que na Figura
7.21c mostra-se o deslocamento que sofre a estaca sob a carga Q, em que se percebe o recalque do
topo da estaca (w) e o recalque da ponta (wp). A diferença entre deslocamento do topo e o da ponta é o
encurtamento elástico da estaca (ρ), que compete ao elemento estrutural da estaca, ou seja, do seu
material constituinte.
O encurtamento elástico da estaca é obtido da seguinte forma:
L
Q( z ) 1
L
A diagrama
ρ=∫ dz = ∫ Q( z ) dz = (85)
0
AE AE 0 AE
Os diagramas de atrito lateral e de distribuição de carga ao longo do fuste mostrados nas Figuras 7.21a
e 21b correspondem a um atrito uniforme. Outros modelos de distribuição de atrito lateral são
propostos, a exemplo dos modelos não uniformes apresentados por Vésic (1977).
228
Figura 7.21 – Mecanismo de transferência de carga estaca-solo (Velloso e Lopes, 2002).
Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de trabalho (com coeficiente de
segurança igual ou maior que 2) são, geralmente desprezíveis, razão pela qual os valores não são
normalmente calculados. Todavia, caso julgue-se necessário fazer uma estimativa dos recalques, pode-
se recorrer aos métodos disponíveis na literatura técnica. Os métodos de previsão de recalques de
fundações profundas podem ser grupados em três categorias, conforme sugerem Velloso e Lopes
(2002):
229
Figura 7.21 – Mecanismo de transferência de carga estaca-solo (Velloso e Lopes, 2002).
Os recalques da estaca de referência isolada sob condições de carga de trabalho (com coeficiente de
segurança igual ou maior que 2) são, geralmente desprezíveis, razão pela qual os valores não são
normalmente calculados. Todavia, caso julgue-se necessário fazer uma estimativa dos recalques, pode-
se recorrer aos métodos disponíveis na literatura técnica. Os métodos de previsão de recalques de
fundações profundas podem ser grupados em três categorias, conforme sugerem Velloso e Lopes
(2002):
229
5.2.1 Métodos Teóricos (Teoria da Elasticidade)
Este método teórico propõe a previsão dos recalques de uma estaca, de forma cilíndrica, carregada
axialmente e instalada em uma massa de solo de comportamento elástico semi-infinito. Os
deslocamentos que ocorrem no solo são obtidos através da equação de Mindlin. Para a aplicação do
método, supõe-se que exista compatibilidade entre os deslocamentos da estaca e os deslocamentos do
solo adjacente para cada elemento da estaca (ver Figura 7.22). Inicialmente foi obtida a solução para
uma estaca considerada incompressível instalada em um meio elástico semi-infinito com coeficiente de
Poisson da ordem de 0,5:
QI 0
r= (86)
EB
Figura 7.22 – Estaca embutida em camada finita (Poulos & Davis, 1968).
em que
Q = carga na estaca
L = comprimento da estaca
E = módulo de elasticidade do solo
I0 = fator de influência para estaca incompressível num meio elástico semi-infinito (ver Figura 7.23a)
O fator Ι0 é a função da razão entre o diâmetro da base da estaca (Bb) e o diâmetro B da estaca, e da
relação comprimento/diâmetro da estaca (L/B), conforme mostrado na Figura 7.23a. O fator I0 sofreu
posteriormente procedimentos de correção para levar em conta os seguintes aspectos: i)
compressibilidade da estaca; ii) camada do solo de espessura finita e iii) coeficiente de Poisson. Neste
caso, o fator I0 é substituído por I, conforme está na Equação 87, e os respectivos fatores que são
230
usados para levar a em conta os aspectos i, ii e iii, são obtidos dos ábacos apresentados na Figura 7.23
(b,c,d). O módulo de elasticidade do solo é determinado através de retroanálises.
QI
r= (87)
EB
onde
I = I0RkRhRvRb (87A)
Rk = fator de correção para a compressibilidade da estaca, função do fator de rigidez, K (ver Figura
7.23b)
Rh = fator de correção para a espessura finita (h) do solo compressível (ver Figura 7.23c)
Rb = fator de correção para a base ou ponta em solo mais rígido, sendo Eb o módulo de elasticidade do
solo na ponta da estaca (ver Figura 7.23e).
K = fator de rigidez = EbRA/E, em que RA =Abase/Afuste (estaca maciça, RA = 1)
O trabalho de Poulus & Davis também aborda os seguintes aspectos: i) o deslizamento na interface
estaca-solo; ii) a heterogeneidade do meio e iii) a influência do bloco de coroamento. A Tabela 7.23
mostra valores de E´ e ν´ propostos pelos autores obtidos a partir de provas de carga.
231
Figura 7.23 e – Fator de correção Rb para a base da estaca apoiada em solo mais rígido (Eb).
232
Uma recomendação de caráter empírico feita por Décourt (1991), baseada na análise de vários
resultados de provas de carga em estacas, indica que para cargas de no máximo 50% da carga de
ruptura o recalque da estaca situa-se entre 2 mm e 6 mm, que é valor de pouca expressividade para a
maioria das obras. Daí, o autor sugere como regra prática, na ausência de algum cálculo, adotar um
recalque esperado como um valor correspondente a 1% do diâmetro da estaca, para qualquer solo.
Para grupo de estacas escavadas e níveis de cargas de trabalho ≤ 0,5Qr, o recalque previsto em solos
arenosos é da ordem de B/30 (Presa e Pousada, 2002). Em se tratando de recalque na ruptura, Décourt
considera que a carga de ruptura convencional de um sistema estaca-solo pode ser aquela
correspondente a um recalque medido no topo ou na ponta, que é função do diâmetro ou lado da
estaca, conforme os seguintes critérios propostos:
i) 10% do diâmetro ou largura, para estacas cravadas em qualquer solo ou para estacas
escavadas em argila;
ii) 30% do diâmetro ou largura, para estacas escavadas em solos granulares.
A previsão da curva carga-recalque completa pode ser feita através de ajustes a uma curva que passa
pelo ponto de carga de trabalho versus recalque e que tem a capacidade de carga como assíntota
vertical, conforme mostrado na Figura 7.25. Todavia, nem sempre é possível se fazer a determinação
da carga de ruptura e o correspondente recalque diretamente no gráfico. Como alternativa, existem os
métodos de extrapolação. Dentre eles, destaca-se um método de ajuste muito comumente empregado
no Brasil, o de Van der Veen (1953), ilustrado anteriormente na Figura 7.11 (pág. 214), o qual é
empregado quando uma prova de carga é interrompida antes de se atingir a carga de ruptura ou não se
consegue visualizá-la com clareza na curva. A partir da previsão da capacidade de carga da estaca
(Qult) e da previsão de recalque para a carga de trabalho (wtrab) pode-se fazer uma previsão do
comportamento carga-recalque completo, com auxílio da Equação 65. A equação da curva ajustada de
Van der Veen fornece valores de w correspondentes a quaisquer cargas Q, desde que se conheça Qult
e o parâmetro α. O valor de α é obtido a partir do recalque para a carga de trabalho, a partir da
equação:
235
- ln1- trab
Q
Q
α= ult
(92)
w trab
Conforme lembrado por Presa e Pousada (2002), convém ressaltar que tem sido motivo de discussões
a confiabilidade de extrapolações de curvas obtidas em provas de carga, visto que tentativas de
extrapolações limitadas apenas ao trecho inicial da curva carga – recalque (pseudo-elástico) têm
conduzido a valores de cargas de ruptura exagerados. Na opinião de Velloso e Lopes (2002) o método
sugerido por Van der Veen apresenta valores confiáveis se o recalque máximo atingido na prova de
carga for, no mínimo, 1% do diâmetro ou largura da estaca.
236
de aproximadamente 90% do recalque total. A proporção de recalque imediato tende a
diminuir com o aumento da compressibilidade da estaca (K decrescendo), mas ainda
permanece como a parcela mais significante; 5) A existência de uma camada rígida abaixo da
camada de solo tem menor efeito no recalque quando K decresce e em geral este efeito pode
ser desprezado a menos que a relação h/L < 2; 6) O recalque diminui à medida que L/d e K
aumentam, ou seja, o coeficiente de Poisson tem efeito relativamente pequeno; 7) Para estacas
que trabalham por ponta, o comportamento é influenciado pelas relações L/d, Eb/Es e por K.
Se Eb/Es cresce, a transferência de carga decresce, os deslocamentos da ponta e do topo
decrescem e o da ponta, em particular, decresce rapidamente. Portanto quanto mais
compressível a estaca em relação ao solo circundante menor a influência do estrato resistente
no comportamento da estaca; 8) O recalque de uma estaca não é, entretanto,
significativamente influenciado pela razão Eb/Es para estaca relativamente esbelta ou
compressível.
O método de Randolph & Wroth (1979) é uma outra alternativa de cálculo do recalque em
que usa a teoria da elasticidade linear, e a teoria de expansão de cavidade, para a análise de
uma estaca isolada carregada verticalmente. A análise é baseada num solo elástico
caracterizado por um módulo cisalhante (G), que pode variar com a profundidade, e pelo
coeficiente de Poisson. A partir de considerações de equilíbrio vertical, pode-se mostrar
(Cooke 1974; Frank 1974; Baguelin et al., 1975) que as tensões cisalhantes do solo ao redor
do fuste da estaca decrescem inversamente com o raio da mesma. Isto leva a uma variação
logarítmica do deslocamento com o raio conforme Figura 2.19. O deslocamento (ρ) pode ser
escrito conforme Equação 2.26.
τ 0.r 0 rm
=ρ (r ) .ln → {r 0 ≤ r ≤ rm}
G r0 (2.26)
ρ (r ) =0 → {r > rm}
A deformação do fuste de uma estaca rígida pode ser escrita (Frank, 1974; Baguelin et al.,
1975) conforme Equação 2.27.
τ 0.r 0
ρs = .ζ (2.27)
G
rm
ζ ln → 3,5 ≤ ζ ≤ 4,5 (Método dos Elementos Finitos M.E.F) ; rm = 2,5.L. (1 -ν ) .
Onde:=
r0
A base da estaca age como uma placa rígida, em profundidade, sob a superfície da camada
inferior. A deformação da base de uma estaca rígida é dada pela Equação 2.28 (Timoshenko
& Goodier 1970).
Qb.(1 −ν )
ρb = (2.28)
4.r 0.G
4 2π L tanh ( µ L )
+
Q
=
(1 −ν ) ζ ro µL (2.29)
ρ .G.ro 4 1 L tanh ( µ L )
1 +
(1 −ν ) π .λ ro µL
L 2
Onde: µL = ; λ = E p G ; Ep = módulo de Young do material da estaca; Q é a
ro ζλ
carga no topo da fundação.
A solução para perfis de solo não homogêneos em que a rigidez varia linearmente com a
profundidade (solo tipo Gibson) também é possível e, para uma estaca compressível, esta é
dada conforme a Equação 2.30.
4 2π L tanh ( µ L )
+ χ
Q
=
(1 −ν ) ζ ro µL (2.30)
ρ .GL.ro 4 1 L tanh ( µ L )
1 +
(1 −ν ) π .λ ro µL
Randolph (1985) sugeriu, ainda, modificações da expressão acima para solos que apresentam
um aumento abrupto de “G” logo abaixo da base (simulando uma estaca com a base em um
substrato mais rígido do que aquele que envolve o fuste), e ainda para o caso de base alargada
(de raio rb), conforme a Expressão 2.31.
4.η 2π L tanh ( µ L )
+ χ
Q
=
(1 −ν ) .ξ ζ ro µL (2.31)
ρ .GL.ro 4.η 1 L tanh ( µ L )
1 +
(1 −ν ) .ξ π .λ ro µL
{
L 0,25 + ξ 2,5.χ . (1 -ν ) − 0, 25 .
da base da fundação; rm = }
Qtopo
ρ topo = Iρ (2.32)
Es.d
1 8 η tanh ( µ L ) L
1 +
π .λ (1 −ν ) ξ µL
D
I ρ = 4.(1+ν ) (2.33)
4 η 4.π .χ tanh ( µ L )
L
+
(1 −ν ) ξ
ζ µL
D
(η=1→ fuste reto); ξ = E L E b ; EL e Eb são os módulos para z=L e para z>L abaixo da ponta
base
da estaca; (ξ=1→ estaca flutuante, ξ<1→ base em estrato rígido); χ = EL/2 / EL ;EL/2 é o
4 η 1
Qb
(1 −ν ) ξ cosh( µ L) (2.34)
=
Q 4 η 4.π .χ tanh ( µ L ) L
+
(1 −ν ) ξ
ζ µL
D
Poulos (1989) mostra resultados comparativos entre os métodos de Poulos & Davis (1980) e
Randolph & Wroth (1979) conforme as Figuras 2.20 e 2.21.
Figura 2.20 Fator de influência para meio uniforme infinito (Poulos, 1989).
Figura 2.21 Fator de influência para meio não homogêneo (Poulos, 1989).
A Figura 2.20 compara as metodologias de Randolph & Wroth (1978) e Poulos (1989) com
relação ao recalque. Vê-se que para um índice de esbeltez (L/D>15), o ajuste é muito
próximo. Para valores de índice de esbeltez menores, a solução de Randolph & Wroth (1978)
prevê recalques menores que a metodologia de Poulos (1989), possivelmente por causa das
hipóteses associadas à distribuição de tensão cisalhante ao redor do fuste da fundação. Quanto
à Figura 2.21, um solo em que a rigidez aumenta com a profundidade é analisado e pode-se
inferir que o ajuste entre as metodologias é razoável. Novamente, diferenças surgem para
estacas relativamente curtas (L/D<15). Alternativamente aos métodos de natureza numérica,
Vésic (1977) propõe um método baseado na teoria elástica e em correlações empíricas a partir
de dados de provas de cargas em estacas cravadas e escavadas.
7.3 – Recalques de Grupo de Estacas
A literatura técnica já possibilita efetuar o cálculo de recalques de grupos de estacas com base em
métodos teóricos (teoria da elasticidade) e métodos empíricos, de onde se podem estabelecer relações
entre o recalque de um grupo e o de uma estaca isolada.
A metodologia pioneiramente empregada para a previsão de recalque de um grupo de estacas foi
apresentada por Terzaghi
Terzagui e Peck, por volta de 1948. O método consiste em calcular o recalque do
grupo como se fosse uma fundação direta de dimensões equivalentes, virtualmente apoiada numa
determinada cota acima da ponta das estacas e perímetro definido pela linha que contorna
externamente o grupo. É o método do “radier fictício”, cujo exemplo está mostrado na Figura 7.37.
A abordagem do radier fictício para o cálculo de recalques de um grupo de estacas é adotada pela
norma brasileira NBR 6122 (1996). Neste caso, depois de se obter a sapata gigante ou o radier
equivalente apoiado a 1/3 do embutimento das pontas estacas na camada suporte de espessura F
(Figura 7.37), o recalque do grupo é calculado lançando-se mão de métodos disponíveis na bibliografia
para este tipo de fundação, geralmente os métodos elásticos.
Figura 7.37 – Método do radier fictício, empregado pela NBR 6122 (1996).
Há ainda na literatura vários métodos empíricos para estimativa da razão (αg) entre o recalque do grupo
(wg) e o de uma única estaca sob a mesma parcela de carga do grupo (wi), desde que as estacas
estejam unidas no topo por um bloco de coroamento, ou seja:
w
g
αg = (97)
w
i
Uma proposta de Fleming et al. (1992), estabelece que para um grupo formado por “n” de estacas, a
razão de recalques pode ser estimada da seguinte forma:
η
αg = n (97A)
onde o expoente η varia entre 0,4 e 0,6. O limite inferior corresponde a estacas de atrito, enquanto que
os valores próximos ao limite superior correspondem a estacas de ponta, sendo razoável um valor
médio igual a 0,5. Uma sugestão de Poulus (1989) indica η = 0,33, para grupos de estacas de atrito em
areia e η = 0,50, para grupos de estacas em argila.
246
7.3.1 – Recalques de Grupo de Estacas Instaladas em Areia
B
g
αg = (99)
B
Outra proposta disponível é a de Meyerhof (1976), que permite a estimativa do recalque de um grupo de
estacas (wg):
9,2q B
g
wg = (cm) (100)
N
onde N = a média da resistência à penetração do SPT, obtida numa profundidade Bg abaixo da ponta
das estacas;
q = tensão equivalente aplicada pelo grupo de estacas ao solo (kgf/cm2).
O autor da proposta recomenda que se adote o dobro do valor obtido pela Equação 100 para grupo de
estacas em areias siltosas.
Neste caso é usual o emprego o método do “radier fictício”, apresentado no item 7.3, conforme
esquematizado na Figura 7.37.
O atrito lateral entre o solo e a estaca se desenvolve quando há um deslocamento relativo entre ambos.
Quando a estaca recalca mais que o solo, desenvolve-se o Atrito Positivo, que contribui para a
capacidade de carga da estaca. Quando acontece o contrário, ou seja, o solo recalca mais que a
estaca, acontece o fenômeno denominado Atrito Negativo, que terá como causa sobrecarregar a
estaca. É como se uma parte do solo ficasse “pendurada à estaca”, puxando-a para baixo. O atrito
negativo tem algumas origens, sendo a mais comum quando estacas são cravadas através de aterros
recentes, construídos sobre solos compressíveis, com suas pontas apoiadas em solos competentes (ver
Figura 7.38a). Outra causa é quando se promove um rebaixamento do lençol freático em camada de
areia acima de uma camada de argila mole. Isto coloca a argila em processo de adensamento,
247
provocando o atrito negativo nas estacas da obra ou de obras vizinhas, conforme mostrado na Figura
7.38b.
Figura 7.38 – Causas de atrito negativo: a) aterro recente sobre solo compressível; b) rebaixamento do
lençol freático.
Outros casos, menos comuns, são descritos na bibliografia técnica (por ex. Décourt et al., 1998; Velloso
e Lopes, 2002). Nos dois casos aqui mencionados, percebe-se que o atrito negativo decorre de
adensamento de camadas de solo de baixa permeabilidade. Portanto, trata-se de um fenômeno que
ocorre ao longo do tempo, crescendo até atingir um valor máximo. A literatura sobre o assunto também
deixa claro que o atrito negativo é um problema de recalque de fundação. De fato, o fenômeno é
incapaz de levar à ruptura o sistema estaca-solo por perda de capacidade de carga, porém é capaz de
romper estruturalmente a estaca, por compressão ou por flambagem (Combarieu, 1985, citado por
Velloso e Lopes, 2002). A ruptura do sistema solo-estaca associa-se sempre ao desenvolvimento de
grandes deformações com relação ao solo circunvizinho, o que, caso viesse a ocorrer, naturalmente já
teria desmobilizado todo o atrito negativo (Décourt et al., 1998).
A compreensão do fenômeno do atrito negativo é muito mais simples do que sua quantificação. Há o
grupo dos métodos elásticos e o dos elasto-plásticos. Esses métodos têm a desvantagem de
necessitar, muitas vezes, da estimativa de parâmetros do solo de difícil obtenção. Há também as
correlações semi-empíricas, que são muito mais práticas, porém devem ser usadas com cautela.
Décourt (1982) apresenta uma formulação semi-empírica para avaliação da parcela de atrito negativo
em estacas isoladas, baseada na fórmula de Décourt e Quaresma (1978). O autor propõe para o cálculo
da parcela de atrito negativo unitário:
248
ql = 3,33N + 10 [kN/m2] (101)
onde N é o valor médio da resistência à penetração do SPT no trecho da estaca submetido ao atrito
negativo.
Para quem deseja se aprofundar no assunto sugere-se a consulta às várias referências encontradas em
Velloso e Lopes (2002).
A Norma Brasileira de Fundações tem implícito coeficiente de segurança 2,0 para cargas permanentes
e 1,5 para a parcela de atrito negativo.
Em se tratando de atrito negativo em grupos de estacas, a literatura revela uma situação mais
confortável, uma vez que as estacas internas ficam praticamente livres do efeito. Segundo Décourt et al.
(1998), o assunto foi exaustivamente investigado por Kuwabara e Poulus (1989), de cujo estudo foram
extraídas as seguintes conclusões:
i) A força de arraste máxima nas estacas do grupo decresce significativamente à medida que o
espaçamento entre as estacas decresce;
ii) A redução na força de arraste independe substancialmente do número de estacas, desde que o
grupo tenha mais que aproximadamente nove estacas;
iii) As estacas internas do grupo desenvolvem força de arraste menor do que as externas;
iv) O movimento superficial do solo necessário à mobilização do deslizamento total dentro do grupo
de estacas pode ser muito maior do que o correspondente a uma estaca isolada;
v) Para um grupo de estacas com bloco de coroamento rígido, é possível que forças de tração se
desenvolvam na parte superior das estacas externas.
Cabe ressaltar que essas teorias apresentaram razoável concordância quando aplicada a casos de
obra.
249
8.5. Recalque Vertical de um Grupo de Estacas
Neste caso as soluções também são dadas para estacas “flutuantes” e que trabalham de ponta,
só que considera-se o bloco de coroamento como sendo rígido, ou seja, todas as estacas terão
o mesmo recalque mas a distribuição de carga (do p) entre as mesmas não é homogênea.
As soluções são dadas para solo com Es constante e para blocos com:
4 (2 x 2), 9 (3 x 3), 16 (4 x 4) e 25 (5 x 5) (quadradas) estacas
Segundo Poulos & Davis, 1990 interpolações são possíveis nas tabelas em anexo e a forma ou
configuração exata do grupo não influencia significantemente o resultado, podendo ser
adotada as tabelas anexadas.
ρ g = Rs . ρ i
ρ g = recalque de grupo
ρi = recalque de uma estaca isolada do grupo considerado com a carga média do grupo
Exemplo:
s = espaçamento entre centro das estacas, ou valor “médio” para blocos não quadrados
Rs via Whitaker & Cooke
3,1
2,9
2,8
2,7
Rs - (s/d = 3)
2,6
2,5
2,4
2,3
2,2
2,1
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60
N° de Estacas do grupo
m²/kN
SOLUÇÃO:
L 10
=
D 0, 4 m,= = 25;
D 0, 4
n = 9 estacas;
s = 1 m;
Ep 30 ×106
=
K ps = = 1000 Rigidez Relativa
E 'so 30000
π D2 π × 0, 42
Estaca Isolada : Perímetro=
Ab = = 0,126m 2 perímetro = pi * 0,4 =1,26 m
4 4
Grupo: Lg = Bg = 25
2.s++DD= =2 ×2.1+0,4
1 + 0, 4 ==2,2,4
4; m
Perímetro do grupo: 2, 4 ×=
4 9, 6m; ( Ab )=
g
2, 4=
2
5, 76 2m²
0, 75 − 0, 44
β (Cálculo de Ql): β= 0, 44 + × 3 = 0,57
7 [interpolação linear (Meyerhof (1976)]
bY Anjos:
Base: Q f =N q (σ 'z )b Ab =22 × 95, 6 × 0,126 =265kN Beta : 0,80
Nt = 15
Ql = 575 kN
Capacidade de carga última: Qult = Q f + Qb = 410,1 + 265 = 675,1kN Qb =180 kN
Qt = 755 kN (12% >)
Assuma: ηe = 1
( Qult ) g =
nQult =
9 × 675,1 =
6076kN 6795 kN (Anjos)
RUPTURA POR BLOCO. (Usando a proporcionalidade)
Atrito Lateral: ( Q f ) 9, 6
= 410,1× = 3124, 6kN
g 1, 6
1,26
5, 76
Base: ( Qb ) g =265 × =
12114,3kN
0,126
FATOR DE SEGURANÇA.
6076
∴ FS= = 2 bY Anjos : FS = 6795/3000 = 2,3
3000
Assume que toda a carga de projeto é absorvida pelo atrito lateral (Ql) e igualmente
3000 L
a todas as estacas do grupo.=
Qa = 333,3 : For = 0,5 log ( 25 ) =
25, I =+ 1,9
9 D
Anjos (2009) Iρ = 0,5448.(L/D)-0,577 = 0,085 P&D ... I = 0,0629 .... r (mm) = 1,7 mm
Qa 333,3
ρes = I= ×1,9 = 2,1×10 −3 = 2,1 mm → Anjos(20
R&W via09)=0= 2,4
Eq. mm
,94 mm
pag. 476 ... I = 0,0807 ....
Eso L 30000 ×10
recalque (mm) = 2,1.
Qag 3000
∆σ = = = 35, 2 kPa → ρ=c mv.H .∆σ = 123, 2 ×10−4 m= 12,3mm
(B + z) ( 2, 4 + 6,83)
z 2 2 z
g
Quando existem mais de 1 camada abaixo da CAF, ou seja, quando existem a “2ª”, “3ª” etc.
camadas especificadas anteriormente (item 8.4), o grupo deve ser transformado numa estaca
“equivalente” para o cômputo do recalque nestas camadas. O recalque com o Rs acima só é
válido para a 1ª camada.
Estaca equivalente:
4 × Agrupo
de =
π
Agrupo= ( s + d ) 2
Portanto, como será apresentado no próximo item (exemplo numérico) o recalque do grupo de
estacas poderá passar pelas seguintes fases abaixo:
Calcular o recalque do grupo de estacas abaixo, com estacas assentes numa camada de argila
(sobrejacente a outras), e com o bloco de coroamento rígido.
Grupo 3 x 3 – estacas pré-moldadas cravadas de concreto
RESOLUÇÃO:
E p ⋅ Ra 17000 ×1
K= = = 1000
E' 17
P⋅I
ρ=
Es ⋅ d
L/d = 20m/0,4m = 50
ν’ = 0,35 ; K = 1000
Logo
P= 4500/9 = 500 kN
Ps ⋅ I
ρ= , I = I 0 ⋅ Rk ⋅ Rh ⋅ Rυ Es = 17000 kPa
Es ⋅ d d=0,4 m
• Recalque do grupo:
Calculamos inicialmente a razão de recalque Rs:
π ⋅ de 2
= Agrupo = (2 × s + d ) 2 = 19,36 m 2
4
4 ×19,36
=
de = 4,96 ≅ 5, 0 m
π
P I m m −1 I j − I j +1
ρ = ρ0 + ⋅ +∑
L E sm j = 2 E sj
Onde,
Ij = fator de influência de deslocamento ao longo do eixo da estaca no topo e (j + 1) base
da camada considerada.
Camada (j) hj/Le Ij [hj+1]/Le Ij +1 E’j (MPa) (Ij – Ij +1)/E’j
(MPa)
2 30/17,6=1,7 0,40 36/17,6=2,0 0,30 4,2 0,0238 0,0166
3 36/17,6=2,0 0,30 46/17,6=2,6 0,23 14,9 0,0046 0,0046
m −1 0,0284 (1/MPa)
∑= 0,0212
j =2
6.0 Procedimentos Gerais de Projeto
Depois de escolhido o tipo de estaca e determinada sua carga admissível (de trabalho), seja por
métodos teóricos, semi-empíricos ou de outra categoria (por exemplo, a Tabela 7.26), e escolhido o
espaçamento adequado, o número de estacas por bloco é calculado da seguinte forma:
Carga do Pilar
N º de estacas = (93)
Carga admissível da estaca
Vale ressaltar que a Equação acima só tem validade se o centro de carga do Pilar coincidir com o
centro de gravidade do estaqueamento e se no bloco forem usadas estacas de mesmo tipo e mesmo
diâmetro. A disposição das estacas por bloco deve ser feita sempre que possível de modo a conduzir a
blocos de menor volume. Quando houver superposição das estacas de dois ou mais pilares, pode-se
unir os mesmos por um único bloco. Já no caos de pilares de divisa, deve-se recorrer ao uso de vigas
de equilíbrio. Nas Figuras 7.26a e 7.26b, são indicadas algumas disposições mais comuns para estacas
em torno do centro de carga do pilar. Outras orientações importantes são enumeradas a seguir, as
quais podem ser encontradas em Alonso (1983):
a) O espaçamento, d, entre estacas deve ser respeitado, não entre estacas do mesmo bloco, mas
também entre estacas de blocos vizinhos (ver Figura 7.27).
b) A distribuição das estacas deve ser feita, sempre que possível, no sentido da maior dimensão do
pilar (ver Figura 7.28a,b). Só será permitida a situação da Figura 7.28b quando o espaçamento
com as estacas do bloco vizinho impor a condição.
c) No caso de blocos com mais de um pilar, o centro de carga deve coincidir com o centro de
gravidade das estacas (ver Figura 7.29).
d) Deve-se evitar a distribuição de estacas indicada na Figura 7.30a, pelo fato desta introduzir um
momento de torção no bloco.
e) O estaqueamento deve ser feito, sempre que possível, independentemente para cada pilar.
f) Devem ser evitados, sempre que possível, blocos contínuos longos (ver Figura 7.31a, b).
g) No caso de blocos com duas estacas para dois pilares, deve-se evitar posicionar cada estaca
embaixo de cada pilar (ver Figura 7.32a, b).
Recomenda-se indicar no projeto que os blocos de uma estaca sejam ligados por vigas aos blocos
vizinhos, pelo menos em duas direções ortogonais, se possível, e os blocos com duas estacas pelo
menos com uma viga. Para blocos de três estacas ou mais não há necessidade de vigas de amarração
(ver Figuras 7.33a, b).
237
Tabela 7.26 – Valores orientativos para projetos de estacas (Alonso, 1983).
238
Figura 7.26a – Distribuição das estacas por bloco (Alonso, 1983).
239
Figura 7.26b – Continuação – distribuição das estacas por bloco (Alonso, 1983).
240
Espaçamentos/Configurações usuais (Bowles, 1988):
Figura 7.28 – Sentido indicado e não indicado do estaqueamento em relação às dimensões do pilar.
241
Figura 7.31 – Forma de evitar blocos compridos.
Figura 7.33 – Formas de ligação de blocos vizinhos por vigas: a) com uma estaca e b) com duas
estacas.
242
6.2 Arrasamento da estaca
Antes de receber o pilar, a estaca deverá ser adequadamente preparada, de forma que possa haver
uma perfeita ligação entre a fundação e a superestrutura. Essa ligação é feita a partir da cota de
arrasamento definida em projeto (ver figura 7.34a). Para isso, principalmente em estacas de concreto
moldadas in situ, é necessário remover o excesso de concreto da cabeça da estaca, que geralmente
tem qualidade inferior ao do restante utilizado na confecção do elemento estrutural (ver figura 7.34b). A
forma correta de se efetuar o arrasamento da estaca está indicada na Figura 7.34b, onde a ilustração
mostra que essa tarefa é geralmente manual, empregando-se para estacas de até 40 cm de diâmetro,
martelete e um ponteiro de aço na posição horizontal ou levemente inclinado, conforme indicado na
figura. Para estacas com mais de 40 cm de diâmetro é permitido o uso de martelo pneumático.
(a) (b)
Figura 7.34 – Arrasamento da estaca: a) estaca executada e b) formas indicadas para remoção do excesso de
concreto.
Depois de retirado o excesso de concreto, atingida a cota de arrasamento e ter sido retirado todo e
qualquer tipo de resíduo do material quebrado (recomenda-se aplicar um jato de ar para realizar a
limpeza final), a cabeça da estaca estará pronta para receber o bloco de coroamento, conforme
mostrado na Figura 7.35.
(a) (b)
Figura 7.35 – (a): Estaca pronta para receber o bloco; (b) bloco de coroamento executado.
243
Estrutural _ Admissível
ALGUM ASPECTO GEOTÉCNICO FOI
AVALIADO NESTE EXEMPLO ????
O concreto utilizado para fundações com tubulões também não exige especificações mais severas. Em geral,
pode ser utilizado um concreto de 20 MPa, com pedra 2, tanto para o fuste quanto para a base. Já para o
encamisamento, os anéis de concreto cuja espessura de parede varia normalmente entre 6 e 10 cm devem ser
produzidos com pedra número 1 ou pedrisco. A camisa metálica exige tubos de aço com até 1 cm de espessura
de parede.
A céu aberto
Esse tipo de fundação é pertinente quando há solos bastante rijos. Isso porque a escavação normalmente é
manual, dependente de um poceiro, um ajudante e um sarilho. É possível escavar o solo mecanicamente com
equipamentos de perfuração mas, ainda assim, a solução exige a presença de um operário para executar a
base.
A aparição de água durante a escavação não é um problema, desde que possa ser contida e não prejudique a
perfuração. "É possível desde que a água seja esgotada com uma bomba submersível dentro do poço,
expelindo o líquido do fuste", diz o engenheiro Daniel Rozenbaum, da Fundacta. Rozenbaum explica ainda que
nesse tipo de fundação é necessário inspecionar se há presença de gás gerada por matéria orgânica em
decomposição e que pode causar a morte do operário durante a execução.
Antes de iniciarem as obras de fundação, o engenheiro projetista e mesmo o responsável pela construção
costumam fazer um poço para inspecionar a situação do solo. "A sondagem pode gerar dúvidas quando se tem
um solo misto, pois pode não especificar a porcentagem de cada componente", diz Eduardo Couso Júnior, da
Consultrix. O poço de verificação de solo deve ser mantido em média 24 horas para observar a estabilidade que
a escavação apresenta.
Esse é o método recomendado para solos com presença de lençol freático sem possibilidade de esgotamento,
devido ao risco de desmoronamento das paredes do fuste. É necessário encamisar a estrutura do fuste com
anéis de concreto ou tubos de aço, e alcançar o solo apropriado para fazer a base do tubulão.
A camisa representa uma segurança ao operário durante a descida manual em um solo ruim e serve como
apoio para a campânula, equipamento de compressão e descompressão de ar que possibilita a atuação do
poceiro abaixo do nível da água.
Os problemas durante a execução de tubulões a ar comprimido estão relacionados à segurança dos operários
durante a compressão e descompressão da campânula. Por isso, esse tipo de fundação vem sendo adotado
apenas para construção de pontes, viadutos e obras com grandes carregamentos. O engenheiro de obra deve
estar atento aos procedimentos de entrada e saída de ar do equipamento. "Com uma pressão de 2 kgf/cm2, o
operador demora em média 3 horas para descomprimir o equipamento", diz Celso Nogueira Corrêa, da Zaclis &
Falconi. Inspecionar os registros, os compressores e as mangueiras é também uma medida de segurança.
Além de riscos à saúde do poceiro, o uso da campânula, da camisa e de todos os aparatos de segurança torna a
fundação com tubulões a ar comprimido um sistema oneroso: pode ser cinco vezes mais caro do que fundações
executadas a céu aberto.
Os tubulões foram executados com 18m de profundidade, 160cm de diâmetro e encamisados com anéis de
concreto. O fuste passou por quatro etapas de concretagem até a chegada na base. Já no outro lado da ponte
foram adotadas estacas de grande diâmetro porque a lâmina e a pressão da água eram maiores.
Reforços
A realização de reforços de fundações feitas com ar comprimido é uma ação cuidadosa que exige do engenheiro
um conhecimento detalhado do projeto.
Normalmente, quando já existe uma estrutura, o reforço desses tubulões com novos tubulões a ar comprimido
é inviável, pois o pé-direito impede a instalação da campânula. "Nesses casos, a solução é partir para outros
tipos de fundação, como a estaca-raiz, para reforçar grandes estruturas", explica Gisleine Coelho de Campos,
engenharia do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo).
"Outra opção é fazer o que chamamos de reforço de solo, para que a fundação tenha um comportamento mais
resistente", diz. Para reforçar estruturas construídas com perfurações a céu aberto, a solução torna-se mais
simples. "É possível fazer mais tubulões a céu aberto ao lado do já executado, para distribuir a carga entre os
novos e o velho", explica Rozenbaum. "É só picotar parte do antigo, tirar a terra, colocar uma nova armação e
concretar as bases juntas para que resistam aos esforços em conjunto", diz.
É possível abrir novas fundações com qualquer tipo de solução feita a céu aberto. Até mesmo novos tubulões.
Nesse caso, a carga adicional poderá ser distribuída no bloco ou a velha base poderá ser picotada e unificada
com as novas, desde que a estrutura já existente sobre os tubulões permita o acesso.
Que tipo de logística de canteiro é preciso para a execução
de tubulões?
2. INFORMAÇÕES GERAIS.
• Não é recomendável utilizar estacas de concreto moldado in loco
na presença de camadas de argila mole ou turfa.
• A resistência de uma estaca cravada é da ordem de duas vezes a
resistência de uma estaca escavada (em igualdade das demais
condições); o recalque é da ordem da metade.
• Quando se utiliza “pré-furo” antes da cravação de uma estaca pré-
moldada, pode-se considerar que o atrito lateral corresponde ao
caso de uma estaca escavada.
3. SAPATAS E TUBULÕES.
• A pressão máxima admissível ≤ a: 0,5 MPa (Sapatas) e 1,0 MPa
para Tubulões (NBR 6122: Máximo 0,6 MPa para solo)
Nota: Mesmo que se trate de solo de alto valor de NSPT.
• Em qualquer caso, SEMPRE deve-se calcular o recalque para a
pressão admissível.
ESTAQUEAMENTO
b) Quanto ao c
c = 5 à 10 cm menor que o lado ou diâmetro da estaca.
Se tivermos que utilizar esta estaca de 400 kN, definiremos para ela um
comprimento tal que a capaciadade de carga da fundação seja de 200 kN,
uma vez que o pilar só jogará na estaca 200 kN, embora a estaca
estruturalmente resista até 400 kN.
6.4) É comum no caso de estacas compridas, se utilizar duas ao invés de
uma, definido para as duas uma capaciadade de carga igual a metada da
carga proveniente do pilar.
Onde :
a = Geralmente só se consegue cravar estacas a uma certa distânci da divisa, devido às
dimensões e características dos bate-estacas (da ordem de 0,70 à 1,10 m), bem como função
dos tipos de estacas e seus equipamentos de execução, variando de um modo geral da ordem
de poucos centrimetros (+ ou – 30 cm) até uns 110 cm.
e = Excentricidade, ou melhor, distância do eixo do pilar (C.G) ao C.G do
estaqueamento ou C.G. do bloco de coroamento.
d = Distância minima entre estacas. Normalmente se aredonda este numero para
múltiplo de 5 cm.
m e n = Dimensões do bloco de coroamento do pilar Q2
∑ M (B) =
0
Q1.l
∴ Q1.l= R.( l − e) ∴ R= (1)
(l − e)
e Q1 + A = R ∴ A = R − Q1 (2)
Conclui-se que:
A resolução do sistema de equações (1) e (2), permitirá determinar R e A.
Com o valor de R, calcular-se-a o nº de estacas pela expressão:
R.1,10
n=
Qadm