Para Hamilton, os EUA não possuíam sequer um governo, uma vez que o
Congresso não tinha instituído poderes que garantissem o cumprimento das leis que ele
elaborava e aplicava, como um efeito cascata, aos estados e províncias que constituíam
o país. Para que as leis se tornassem efetivas na prática, a União deveria estabelecer um
vínculo direto com os cidadãos, evitando ao máximo a intervenção dos estados.
Essa crítica atingia diretamente as noções da teoria política até então vigentes.
Uma delas, estabelecida por Montesquieu, via na Confederação a possibilidade de se
estabelecer um vínculo entre as qualidades de um estado grande (a força) e as
qualidades de um estado pequeno (a liberdade). Os “antifederalistas” que defendiam
esse ponto de vista apontavam para os riscos que um estado forte e centralizado poderia
trazer às liberdades dos indivíduos. Propunham a alternativa de se compor a nação de
três ou quatro grandes confederações, cujo peso e força tenderia a se equilibrar,
evitando que uma federação se sobrepusesse a outra.
A solução federativa é apontada por John Jay no artigo “As vantagens naturais
da União” como sendo a mais condizente com a cultura política criada e conservada
pelos americanos desde os seus primeiros assentamentos. Os benefícios trazidos pela
união do povo e seus méritos decorrentes introduziram nas pessoas o desejo de
preservá-la e perpetuá-la.