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APRENDIZAGEM
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 5
Definições descritivas ................................................................................................ 6
Teorias e Modelos das Dificuldades de Aprendizagem............................................... 7
Imagem Gestáltica: .................................................................................................. 10
Enfoque Neuropsicológico ....................................................................................... 13
Concepção Heterogênea das Dificuldades de Aprendizagem .................................. 14
Modelos Neuropsicológicos ..................................................................................... 14
Explicação das dificuldades de aprendizagem da linguagem (DAL)......................... 15
Explicação Cognitiva e Simbólica............................................................................. 16
Dificuldades de Aprendizagem da Leitura e Escrita segundo (DALE) ...................... 18
Modelo de Conexões Múltiplas de Aquisição da Leitura ........................................... 19
Modelo de Desenvolvimento Restritivo de Aquisição de Aquisição da Escrita .......... 21
DESENVOLVIMENTO RESTRITIVO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA ....................... 22
Explicação das dificuldades de aprendizagem da matemática (DAM) ...................... 22
Neuropsicologia ....................................................................................................... 23
Nas lesões frontais, as manifestações são: ............................................................. 24
Explicação Educativa ............................................................................................... 25
Explicação Cognitiva ................................................................................................ 26
Modelos mentais para as tarefas matemáticas ........................................................ 30
Classificação das dificuldades de aprendizagem ..................................................... 32
Dificuldades de aprendizagem frente a outros transtornos ....................................... 34
Transtorno da fala: A Gagueira ................................................................................. 38
LINGUAGEM CONFUSA ......................................................................................... 39
Outros transtornos da infância e da adolescência .................................................... 39
Deficiência mental e transtornos generalizados do desenvolvimento (TGD) ............ 41
Subtipos nas dificuldades de aprendizagem ............................................................ 42
Habilidades .............................................................................................................. 46
Tipos Neuropsicológicos .......................................................................................... 48
Bakker...................................................................................................................... 48
Rourke ..................................................................................................................... 50
Definição geral e de subtipos de Rourke .................................................................. 50
Definições específicas (subtipos) ............................................................................. 51
Definição geral e de subtipos de Rourke .................................................................. 52
Habilidades Neuropsicológicas ................................................................................ 52
Déficits Neuropsicológicos ....................................................................................... 52
Prognóstico Acadêmico ............................................................................................ 52
Prognóstico Psicossocial ......................................................................................... 53
Habilidades Neuropsicológicas ................................................................................ 53
Déficits Neuropsicológicos ....................................................................................... 53
Prognóstico Acadêmico ............................................................................................ 53
Prognóstico Psicossocial (continuação) ................................................................... 54
Habilidades Neuropsicológicas ................................................................................ 54
Déficits Neuropsicológicos ....................................................................................... 54
Prognóstico Acadêmico ............................................................................................ 54
Prognóstico Psicossocial ......................................................................................... 54
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE .............................. 55
Quadro clínico do transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade .......................... 55
Déficits Neuropsicológicos ....................................................................................... 58
PSICOLOGIA DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ..................................... 59
CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO ............................................................ 61
ADOLESCENTES COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ............................. 62
Transtorno não-verbal .............................................................................................. 64
ADULTOS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ......................................... 66
Aprendizagem e Memória ........................................................................................ 67
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA LINGUAGEM ................................................... 68
ANÁLISE HISTÓRICA DAS TRÊS PSICOLINGÜÍSTICAS....................................... 70
SÍNTESE DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ............................................ 72
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM E DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM .................................................................................................... 73
FORMAS DE LINGUAGEM ..................................................................................... 74
USO DA LINGUAGEM ............................................................................................. 76
COMPONENTES DA LINGUAGEM ......................................................................... 76
DISFASIAS DO DESENVOLVIMENTO .................................................................... 78
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA (DALE) ............... 79
MODELO INTERATIVO ........................................................................................... 81
PSICOLOGIA – COGNITIVOS ................................................................................. 85
PLANEJANDO A ESCRITA ...................................................................................... 87
ATRASO NA ESCRITA............................................................................................. 88
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 89
INTRODUÇÃO
Definições descritivas
Imagem Gestáltica:
Enfoque Neuropsicológico
Modelos Neuropsicológicos
1. A variação normal.
2. A redundância.
3. As vias alternativas.
4. Os períodos críticos do desenvolvimento.
a) Aspectos fonéticos.
b) Fonêmicos.
c) Unidades silábicas e subsilábicas.
Neuropsicologia
Explicação Educativa
Explicação Cognitiva
Posto que não tenham sido “controlados” os níveis de leitura, pode ser que este
fator tenha influído nos resultados. Para subsanar isto, Kirby e Becker (1988)
compararam os resultados com o paradigma do tempo de reação entre uma amostra
de crianças com níveis adequados de aproveitamento, uma amostra de crianças com
dificuldades de aprendizagem de leitura e uma amostra de crianças com dificuldades
de aprendizagem de matemática, no quinto ano do primeiro grau. A amostra total era
composta por 48 crianças, 16 crianças em cada amostra. As 48 crianças foram
selecionadas a partir de 200 crianças de quinto ano do primeiro grau que assistiam
aulas comuns. A seleção foi feita com base em critérios de discrepância. Os resultados
mostraram que as crianças com dificuldades de aprendizagem na matemática eram
deficitárias na eficiência operacional ou velocidade de processamento, mas não na
codificação ou na aplicação de estratégias, em relação aos controles normais. Nesse
estudo não está claro se se trata de crianças com dificuldades de aprendizagem na
matemática realmente ou apenas de crianças com baixos níveis matemáticos, tal
como ocorre com as dificuldades de aprendizagem da leitura. Esse problema reflete-
se no uso exclusivo de critérios de “discrepância” e não em outros critérios mais
amplos. De qualquer modo, os resultados são ilustrativos das dificuldades que
apresentam as pessoas com DAM mediante o uso do paradigma do tempo de reação.
A diferença do estudo anterior, de Geary et al. (1987), apenas observou-se, nas
dificuldades de aprendizagem da matemática, maior lentidão ou pobre eficiência
operacional, e não diferentes estratégias. Como a questão está por averiguar,
devemos esperar outras pesquisas.
Se bem que seja provável que sempre tenha havido pessoas, crianças,
adolescentes ou adultos que tenham sofrido o que hoje se denomina uma dificuldade
de aprendizagem, é só recentemente que se cunha o termo e se conceitualiza tal
como o conhecemos agora. Isso não é nada estranho; outro exemplo disso é a
descrição inicial da Síndrome do Autismo, em 1943, por Leo Kanner, se bem que, ao
analisar a literatura – como o caso narrado em “Florecilhas de S. Francisco”, sobre
Frei Jerundio -, a história – como os casos da Rússia Imperial -, a mitologia – como
os meninos – lobos – ou a história da educação especial, como o caso Victor –
educado pelo Dr. Itard -, ela reflete casos de provável autismo, com os critérios atuais
(cf., por exemplo, Schreibman, 1988). Por exemplo, é possível diagnosticar com os
critérios atuais, de forma experimental, pessoas de importância histórica que
supostamente sofreram o que hoje se denomina uma dificuldade de aprendizagem
(DA). Uma ilustração disso é o estudo de Aaron, Phillips e Larsen (1988), que,
baseando-se em informes biográficos, exploram aspectos cognitivos, biológicos e
neuropsicológicos das dificuldades de aprendizagem e a possibilidade de que quatro
homens famosos a tivessem sofrido: Thomas Alva Edison, Woodrow Wilson, Hans
Christian Andersen e Leonardo da Vinci, e, apresentado, em resumo, características
compatíveis com a presença de dificuldades de aprendizagem da leitura.
Silver (1989) relembra como, antes de 1940, se classificavam as crianças com
dificuldades de aprendizagem como “transtornados emocionalmente”, como “retardos
mentais” ou como “desavantajados culturais”. Esses transtornos podem produzir, e de
fato produzem, dificuldades de aprendizagem, contudo, é somente a partir dos anos
40 que se acolhe a possibilidade de causas neurológicas, sugerindo-se que as
dificuldades ou problemas de aprendizagem fossem ocasionados por um dano
cerebral, tal como sugerem, em 1941, Werner e Strauss ou, em 1947, Strauss e
Lehtinen (Mercer, 1991ª). Ao tratar-se de crianças de “aparência normal”, se sugeria
que o dano cerebral deveria ser reduzido, com o que o termo da lesão cerebral mínima
se impôs (Silver, 1989). Ao não ser possível à verificação do suposto dano,
hipotetizou-se uma disfuncionalidade cerebral, sobretudo nas conexões cerebrais. É
assim que, em 1966, Clements propõe o termo disfunção cerebral mínima.
Realizaram-se múltiplos estudos interdisciplinares a partir de diversas disciplinas, na
busca das possíveis disfunções de base. Afirmava-se terem sido identificadas essas
supostas disfunções, e ressaltava-se a área problema. Se a dificuldade estivesse
centrada na leitura, denominavam- se esses transtornos de dislexias; se a dificuldade
estivesse na linguagem, denominava-se disfasia, enquanto que, se tratássemos da
escrita, denominavam-se disgrafias, assim como, se a área problema fosse a
matemática, chamavam-se discalculias. Inclusive hoje em dia há uma distinção muito
importante com respeito aos nomes com o prefixo a – ou com o prefixo dis
-. Quando se trata de um problema de desenvolvimento ou deficiência do
mesmo, ou de não aprendizagem de uma habilidade ou área de habilidades, utiliza-
se o prefixo –dis. Assim, se fala de disfasia quando uma criança não desenvolve a
linguagem adequadamente ou de dispraxia quando houver alguma dificuldade no
desenvolvimento das praxias. Ao contrário, o prefixo a-refere-se a quando se perde a
função uma vez adquirida ou em processo de aquisição. Assim, falaríamos de afasia
infantil quando uma criança perde a linguagem uma vez iniciado o processo de
desenvolvimento da mesma, ou no adulto que a perde, ambos como fruto de uma
lesão cerebral constatada. Assim, se como conseqüência de um acidente, uma
criança ou um adulto apresenta dificuldades na leitura ou na escrita, por lesão
cerebral, falaríamos de alexia ou de agrafia, respectivamente. Às vezes, em
determinados textos, utiliza- se a expressão afasia para referir-se as disfasias, o que
poderia levar a uma certa confusão. Esta terminologia parece racional e favorece a
comunicação, além de acarretar implicações etiológicas e, inclusive, de tratamento.
Esta terminologia continua sendo utilizada, sobretudo na Europa e, concretamente, na
Espanha. Contudo, começa a surgir um novo tempo, proposto pelo Dr. Samuel Kirk,
em 1962: o de dificuldades de aprendizagem – DA. Este termo generalizou-se
sobremaneira e é hoje predominante nos EUA com base na publicação da Lei Pública
de 1975 (PL 94-142), que adotou este nome e que exige o diagnóstico de dificuldades
de aprendizagem para oferecer educação especial ou determinados serviços ou
apoios às crianças que sofrem baixo atendimento. Este problema não se estabelece
assim na Espanha, considerando-se que se passou de um modelo baseado no déficit
para um modelo baseado nas necessidades educativas especiais. Se um aluno
apresenta necessidades educativas especiais, poderá ser objeto de educação
especial, caso contrário, não poderá, ainda que necessite de certas adaptações que
poderão ser realizadas com o apoio e concurso dos serviços e recursos de que
disponha o centro, seja professor de apoio, seja psicopedagogo, etc., mas, sempre,
ao não se tratar de um aluno com necessidades educativas especiais, deverá ser o
professor ou professores de aula ordinária os que monitorizarão e realizarão as
intervenções.
Uma das questões que, neste momento, parece assumida de forma geral é a
de que as dificuldades de aprendizagem devem ser diagnosticadas de forma
diferencial em relação a outros transtornos próximos, ainda que, frente a presença em
uma pessoa de uma dificuldade de aprendizagem e de outro transtorno, seja
necessário classificar ambos os transtornos, sabendo que se trata de dois transtornos
superpostos. Alguns destes exemplos são:
- o transtorno por déficit de atenção e hiperatividade;
-os transtornos da fala não classificados em outro lugar, como a gagueira e a
linguagem confusa;
- outros transtornos da infância, meninice ou adolescência, como o mutismo
eletivo ou o transtorno por déficit de atenção indiferenciado;
- a deficiência mental ou os transtornos generalizados do
desenvolvimento.
LINGUAGEM CONFUSA
Pesquisas taxonômicas
Parece que esses dois usos não se cumpririam com sistemas “tradicionais” de
classificar as dificuldades de aprendizagem, visto que não melhoram a comunicação,
nem a previsão (Morris, 1988). Nas definições em uso, apenas se incluem “as
dificuldades de aprendizagem acadêmica”, mas não a etiologia, o tratamento ou o
prognóstico, e, posto que a rotulação produz efeitos nocivos (Moor, 1987), é básico o
fato de partir de um sistema de classificação contrastado e validado, que supere a
confusão a respeito dos critérios de inclusão e exclusão que leva a muitas variações
tanto nos profissionais do campo quanto nos critérios seguidos nas pesquisas. Como
o modelo tradicional fundamenta-se num enfoque do déficit unitário, ou ao menos isso
é o que aparentemente se deprende das definições “legais”, Morris (1988) propõe um
novo enfoque.
Podem ser realizadas taxonomias, no campo das dificuldades de
aprendizagem, em função de:
1. Níveis de aproveitamento.
2. Perfis cognitivos ou neuropsicológicos.
3. Sistemas multinível hierárquicos.
Ainda que inicialmente se tenham utilizado enfoques de diferenciação clínica,
tanto baseados em formas diferenciais de intervenção nas dificuldades de
aprendizagem como em teorias neurológicas das dificuldades de aprendizagem,
recentemente, enfatizam-se sistemas de classificação alternativos, baseados em
técnicas estatísticas multivariadas, como a análise de cluster ou a análise fatorial
baseada na técnica Q, etc. As teorias iniciais, como a de Kinsbourne e Warrington, de
1966, são realmente de natureza neuropsicológica, mas “bastante toscas” em relação
aos enfoques atuais de Rourke, ou de Bakker ou do próprio Morris. Seu mérito é de
caráter histórico ao estabelecer uma questão que se está retomando, ainda que com
metodologias muito mais sofisticadas, sendo a filosofia da classificação, em essência,
similar. O mesmo poderia ser dito das teorias sobre a intervenção diferencial como a
de Johnson e Myklebust, de 1967. O enfoque metodológico era de caráter clinico e
racional, baseado em dados psicométricos. A descoberta, baseada nessas técnicas
de subtipos de DA, seria somente o começo das pesquisas taxonômicas; depois,
tratar-se-ia de validá-la, estabelecer a confiabilidade, amplitude do campo,
homogeneidade, previsão, descrição e validação clínica (Hooper, 1992).
Partindo dos tipos de erros na leitura e no soletrar, portanto, sua classificação
estava baseada nos padrões de habilidades acadêmicas -, Boder (1973) estabeleceu
a existência de três subtipos:
1. O disfonético, caracterizado pelo déficit na análise das palavras e nas
habilidades relacionadas com a captação da palavra.
2. O diseidético, caracterizado pela existência de déficits na memória visual
e na discriminação visual.
3. O tipo combinado disfonético e diseidético.
Esses dois subtipos foram amplamente validados e replicados; contudo, um
sistema de classificação requer muito mais. Um passo a mais seria dado pelos
trabalhos iniciais de Rourke (1985). Determinou a existência de três subgrupos:
1. De déficits globais, com resultados abaixo da porcentagem 20 em todos
os subtestes.
2. De déficits específicos na leitura e no soletrar.
3. De déficits específicos em aritmética.
Tipos Neuropsicológicos
Bakker
Rourke
Habilidades Neuropsicológicas
Déficits Neuropsicológicos
Prognóstico Acadêmico
57
cauteloso.”
Prognóstico Psicossocial
Habilidades Neuropsicológicas
Déficits Neuropsicológicos
Prognóstico Acadêmico
Habilidades Neuropsicológicas
Déficits Neuropsicológicos
Prognóstico Acadêmico
Prognóstico Psicossocial
“O prognóstico para o funcionamento sócio-emocional é virtualmente normal,
mas com o fator de risco menor de fracasso escolar precoce.”
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
-A síndrome NLD
Habilidades Neuropsicológicas
Déficits Neuropsicológicos
Transtorno não-verbal
Aprendizagem e Memória
1. De pacientes amnésicos.
2. E sobre os níveis de consciência.
FORMAS DE LINGUAGEM
USO DA LINGUAGEM
COMPONENTES DA LINGUAGEM
A criança deve aprender os três componentes da linguagem, mas,
simultaneamente, a criança pensa a linguagem, extrai regularidades, antecipa as
intenções e necessidades do interlocutor, representa a realidade (Perner, 1994),
representa as mentes dos outros, seus desejos e intenções, e representa as próprias
representações da linguagem (metarrepresentação). Os distintos componentes
deverão integrar-se, de forma harmônica, em processos interativos e de negociação
com os outros (Garton, 1994), em forma de ação mediada pelos instrumentos
socioculturais, pelos adultos, e convertendo-se a própria linguagem da criança em
instrumento sociocultural de potencialização de seu próprio desenvolvimento e da
interação com o entorno (Wertsch, 1993). A linguagem é mediadora nos conflitos
sócio-cognitivos e permite o estabelecimento de consensos e superação de conflitos,
que potenciam a aprendizagem do uso do próprio instrumento de mediação que é a
linguagem (Garton, 1994).
O que ocorre se não se produz a integração dos componentes da linguagem?
O que ocorre se desenvolver um componente em relação ao resto do
desenvolvimento, mas não os outros? O que ocorre se os três círculos que se
interseccionam e que representam os três componentes da linguagem no
desenvolvimento normal não interseccionam? O que ocorre quando os três
componentes desenvolvem-se, mas com lentidão? Em todos os casos, se dão
dificuldades de aprendizagem da linguagem. O fato de esses problemas darem lugar
a uma dificuldade de aprendizagem da linguagem ou estarem inseridos em outros
problemas mais graves dependerá da natureza da dificuldade, assim como da
presença ou não de outros transtornos. Um exemplo de dificuldades de aprendizagem
da linguagem ocorre quando todos os componentes tornam-se lentos, mas isso
também está presente na deficiência mental. A diferença dependerá do nível de
inteligência não-verbal. Outro exemplo é um déficit no componente pragmático ou do
uso da linguagem que é típico dos transtornos autistas, mas que pode dar lugar a
algumas dificuldades de aprendizagem da linguagem não autista, dependendo de
outras manifestações condutuais. Nos casos da síndrome NLD, de Rourke, graves, o
diagnóstico como dificuldades de aprendizagem não-verbais (NLD), ou autismo, ou
transtorno invasivo do desenvolvimento, torna-se difícil. Um exemplo mais está nos
casos em que os componentes pragmáticos e semânticos estejam alterados,
constituindo uma síndrome, recentemente identificada como “semântico-pragmática”
(Belinchón et al., 1992). Igualmente podem ser alterados aspectos muito específicos
ou subcomponentes da linguagem, ainda que, nestes casos, costumem ser
ocasionados por lesão cerebral, como as dificuldades de denominação (Ladera e
Perea, 1993).
Outro aspecto importante a considerar, nas dificuldades de aprendizagem da
linguagem em relação á aquisição dos diversos componentes, tem a ver com as
diferenças individuais em relação á aprendizagem, integração, ritmo de aquisição, etc.
Posto que se dão muitas diferenças individuais na aquisição de linguagem, deveremos
discriminar essas variações: culturais, sócio-ambientais, de diferentes níveis
cognitivos dentro da normalidade, intra e interpadrões da linguagem, etc., das
dificuldades de aprendizagem propriamente ditas. Isso estabelece um debate muito
interessante, há tempos, sobre se tratar de um atraso ou, mais exatamente, de um
desvio.
DISFASIAS DO DESENVOLVIMENTO
MODELO INTERATIVO
São diversos os estudos que utilizam o “modelo interativo com pais (Tannock e
Girolametto, 1992), como o” Projeto de Comunicação Mãe-Filho “, de Klein e
colaboradores, 1998, a Organização da Comunicação Ecológica, de MacDonald,
1989; o Programa de Pais Hanen da Linguagem precoce de Manolson, de 1985; o
Projeto de Intervenção Interativa da Linguagem, de Weistuch e Lewis, de 1986, o de
Clark e Seifer, de 1983, ou o de Seitz, de 1975, que são comparados sistematicamente
(cf., Tannock e Girolametto, 1992, tabela comparativa, pp. 58-59).
Nesta mesma linha, estariam os programas de estimulação dos processos de
interação comunicativa entre as crianças em contextos de integração. Goldstein e
Kaczmarek (1992) aplicam uma análise ecológica para a avaliação e intervenção no
desenvolvimento e para a implementação de estratégias que fomentam a interação
entre as crianças com problemas e sem problemas, que criem intervenções mediadas
pelos iguais – ensinar estratégias aos companheiros, estímulos do adulto, promover
o uso independente de estratégias em interações de jogo -, que ensinem estratégias
à criança com problemas, etc.
Olswang, Bain e Johnson (1992) situam-se nessa linha ao analisar o uso da
avaliação dinâmica em crianças com dificuldades de aprendizagem da linguagem.
Baseada fundamentalmente nos enfoques sócio-histórico-culturais na linha de
Vygotsky, avaliando a zona de desenvolvimento potencial mediante o esquema
aprendizagem, manutenção e transferência ou mediante o paradigma test-teach-test,
ou, de forma qualitativa, identificando os fatores que intervêm para que a criança
complete a tarefa com êxito-exemplo, o Enriquecimento Instrumental. Aplicada à
linguagem, a avaliação incluiria tarefas iniciais de aprendizagem, tarefas relacionadas,
ensino de tarefas, modalidade da apresentação de tarefas, etc. Por exemplo, para a
avaliação dinâmica de expressão de dois termos, seria necessário proporcionar uma
incitação (afirmação geral, questão elicitadora, completar ou acabar frases, modelo
indireto, modelo direto e modelo direto mais questões de elicitação, moldado), a
definição de cada uma das incitações e um exemplo de cada uma delas. Isso seria
um protocolo-tipo da forma de avaliar.
Após analisar as características das dificuldades de aprendizagem da
linguagem do tipo expressivo, Whitehurst, Fischel, Arnold e Lonigan (1992) abordam
a intervenção resumindo-a em sete níveis de tratamento:
PSICOLOGIA – COGNITIVOS
PLANEJANDO A ESCRITA
ATRASO NA ESCRITA
Há outras conotações, posto que ainda que também seja possível observar um
mau funcionamento em algum dos módulos e, sobretudo, nos processos léxicos da
mesma forma que nas dificuldades de aprendizagem da escrita ou disgrafias, a origem
do atraso é diferente e deverá encontrar-se em escolarização inadequada, escassa
motivação e, sobretudo, baixa motivação de aproveitamento, baixa inteligência ou
ambiente familiar inadequado ou desfavorável. Foi visto, nas definições de
dificuldades de aprendizagem, como todos esses são fatores de exclusão.
O que é proposto é que aprender a escrever seja aprender a dominar, com
habilidade e de forma integrada, os processos de planejamento, os processos
sintáticos, os processos semânticos e os processos motores. O objetivo do ensino
deve ser a conquista de todas as habilidades – à diferença dos casos de dificuldades
de aprendizagem da escrita, em que apenas nos centramos nos módulos deficitários.
Em realidade, não são enfoques contraditórios: ensinar a escrever é fazê-lo dentro de
um modelo completo, tratando-se de pessoas normais ou tratando-se de pessoas com
dificuldades de aprendizagem da escrita. Para isso é necessário ensinar a planejar,
ou seja, desenvolver idéias, facilitando a composição, com perguntas dirigidas e
autoperguntas, como uso de computadores e chaves, como o uso de listas de
expressões de início de frases, com ênfase no fomento da fluidez de idéias, conforme
a idade; com intercâmbio de idéias, consulta de materiais, explicações verbais, etc.
Além disso, deverá ocorrer organização de idéias, ensinar processos sintáticos,
léxicos, motores.
Resumindo, o ensino da escrita em geral não é algo separado do ensino da
escrita em pessoas com dificuldades de aprendizagem, mas permanecem lacunas e
há muita pesquisa por ser feito para melhor atender alunos com dificuldades de
aprendizagem.
REFERÊNCIAS