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ELEIÇÕES 2016
Município com Desenvolvimento,
Valorização do Trabalho e Inclusão
ISBN 978-85-89210-57-7
CDU 304(81)
CDD 361.610981
Apresentação 9
Introdução 10
Diretrizes da Plataforma 13
I. Desenvolvimento Sustentável 17
1. Implementar a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano 20
2. Promover o desenvolvimento sustentável e a economia solidária 21
3. Fortalecer a agricultura familiar como política estratégica
de desenvolvimento no campo 21
4. Desenvolver política ambiental de acordo com o projeto
de desenvolvimento para o município 22
5. Garantir o saneamento ambiental e o acesso à água potável
a todos os cidadãos e cidadãs na área urbana e rural 23
6. Garantir acesso à energia de qualidade 24
7. Desenvolver política para o destino e aproveitamento de resíduos sólidos 25
8. Promover ações para o Consumo Sustentável 25
9. Combater a degradação do solo das áreas urbanas e rurais 26
10. Aprimorar a Educação Ambiental 27
11. Garantir a mobilidade baseada no transporte coletivo 27
12. Assegurar as estruturas necessárias para os deslocamentos a pé 28
13. Promover as gratuidades no transporte público 29
II. Defesa do Emprego e Valorização do Trabalho 31
1. Combater o desemprego com políticas de geração de emprego e renda 31
2. Empregos de qualidade, com igualdade de oportunidades e de tratamento 32
3. Fortalecer o papel do servidor público no processo de desenvolvimento 33
4.Fortalecer a organização sindical e democratizar as relações de trabalho
do servidor público 34
A CUT protagoniza, mais uma vez, a luta em defesa da democracia e dos direitos da classe
trabalhadora, que vem sofrendo muitos ataques nos últimos anos. Estamos permanentemente nas ruas,
junto com movimentos sociais parceiros que formam a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo,
para defender a democracia e exigir do governo mudanças na economia que gerem mais empregos,
distribuição de renda e investimentos em políticas públicas. Paralelamente, mantemos pressão sobre os
parlamentares para que não aprovem projetos de lei retirando direitos dos/as trabalhadores/as.
Não assistiremos calados ao desmonte do Estado, nem tampouco à redução do seu papel de indutor
do desenvolvimento, da mesma forma como não aceitaremos o corte de recursos destinados às políticas
públicas que têm como obrigação constitucional assegurar serviços essenciais à população brasileira.
Rejeitamos a privatização que está sendo feita de serviços essenciais, como a saúde e a educação,
da mesma maneira como lutaremos contra a entrega de nossas riquezas, como o Pré-Sal, à rapina
das empresas multinacionais. Não aceitaremos a retirada de nenhum direito trabalhista e previdenciário.
NENHUM DIREITO A MENOS!
A CUT nasceu nas lutas de resistência contra a ditadura e volta às ruas para defender a democracia
e o projeto de nação que queremos construir e deixar para as gerações futuras. Esta luta se desenvolve
no âmbito nacional e estadual, assim como nos municípios. Ela assume um significado especial nas
Eleições Municipais deste ano. É o momento de reunir forças, de resistir, de apresentar propostas para
cidade onde queremos morar com nossas famílias, e de lutar por elas. O resultado que colhermos nos
municípios, pequenos e de características predominantemente rurais ou naqueles de porte médio, nas
capitais ou regiões metropolitanas será fundamental para o futuro do País.
Para contribuir com esta luta, apresentamos a Plataforma da CUT para as Eleições 2016, na certeza
de que ela pode servir de referência para o debate político com nossas bases e para seu posicionamento
frente aos candidatos que disputarão no município os cargos de vereador e prefeito.
Esperamos que as Eleições Municipais sejam também um momento de revigoramento das lutas da
classe trabalhadora.
Vagner Freitas
Presidente Nacional da CUT
As Eleições Municipais de 2016 serão realizadas num momento particularmente difícil para o povo
brasileiro e para a classe trabalhadora. Os objetivos das forças golpistas são claros. Querem promover
a restauração neoliberal no País, destruindo os avanços duramente conquistados nos últimos 12 anos,
retirando direitos fundamentais da classe trabalhadora e fragilizando os sindicatos. Querem aumentar o
desemprego, arrochar os salários, precarizar o trabalho e privatizar empresas e serviços públicos. Querem
reduzir drasticamente a ação do Estado e o investimento público na Educação, na Saúde, na Previdência
e nas políticas voltadas para a promoção da igualdade e a inclusão social.
As medidas anunciadas nos documentos que serviram para aglutinar as forças conservadoras, como
“A ponte para o futuro” e as medidas já adotadas pelo governo ilegítimo de Temer não deixam dúvidas do
retrocesso que querem impor ao povo brasileiro, penalizando, principalmente, a classe trabalhadora e os
setores mais pobres da população, por quem não mostram nenhum respeito.
O governo ilegítimo retoma a política macroeconômica fundada no tripé: metas de inflação, taxa
de câmbio flutuante e metas de superávit fiscal primário, ainda que, nesse último ponto, a meta de até
3% para 2016 tenha sido bastante generosa para acomodar as necessidades políticas dos acordos
realizados entre os golpistas para obter o impeachment. A retomada do tripé terá como uma de suas
principais medidas a redução das ações do Banco Central para estabilizar a cotação do dólar. A cotação
passará a seguir as condições do mercado, mesmo que isso prejudique a economia, devido a ataques
especulativos, ou ainda, a indústria, caso o dólar tenha uma queda expressiva frente ao real, dificultando
as exportações.
O sistema de metas de inflação será garantindo com juros fixados de acordo com as metas
pré-estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, mesmo que isso produza uma recessão sem
precedentes. O superávit fiscal será garantido com um esforço do governo para conter gastos e reduzir o
endividamento, ou seja, para diminuir o papel do Estado, mesmo que esta política provoque o retorno de
milhões de brasileiros/as à condição de miséria.
A concepção de Estado mínimo que orienta a lógica da restauração neoliberal representa a
negação da política anterior dos governos Lula e Dilma, em que o Estado tem um papel fundamental
na promoção do desenvolvimento e na diminuição das desigualdades. Ela está sendo traduzida num
conjunto de medidas visando o desmonte das políticas para indústria, assim como para os serviços
públicos definidos como universais na Constituição de 1988, como Educação e Saúde. Este processo
aumenta o desemprego e prejudica diretamente os setores mais pobres da população das cidades das
mais diversas regiões do País.
A PEC 241/2016, enviada para o Congresso Nacional, estabelece que durante os próximos 20
anos a União só poderá investir em custeio os valores aplicados no ano anterior, atualizados apenas pela
inflação. Isso significa reduzir pela metade o tamanho do Estado em áreas como Saúde e Educação, ao
longo do tempo.
O que está em andamento no governo Temer é a construção de um novo pacto federativo, que
tem como base a renegociação da dívida dos Estados com a União, processo regulamentado no
PL 257/2016 que complementa a PEC 241, sendo esses os principais instrumentos utilizados para
promover o Estado mínimo.
No PL 257, a redução do papel do Estado concentra-se em duas frentes. Na primeira, a renegociação
das dívidas exige como contrapartidas medidas que restringem a atuação dos estados e municípios,
com especial impactos sobre os servidores públicos, estabelecendo compromissos com a reforma da
Previdência dos regimes próprios e com o congelamento de contratações. Na segunda frente, é criada
a DREM (Desvinculação dos Recursos dos Estados e Municípios) que possibilita o não cumprimento
dos percentuais mínimos destinados para Saúde e Educação. Estas medidas limitam drasticamente as
possibilidades de ação do poder municipal e atingem em cheio a classe trabalhadora, os setores mais
pobres da população e são, por este motivo, inaceitáveis.
Este quadro torna-se ainda mais grave porque os municípios são responsáveis por garantir a maior
parte dos serviços públicos destinados à população e para isso dependem, em grande medida, das
transferências federais e estaduais, repassadas principalmente através do FPM (Fundo de Participação dos
Municípios). O FPM também possui algumas importantes vinculações obrigatórias: 20% são destinados ao
Fundo de Educação Básica (FUNDEB); 15% para Sistema Único de Saúde (SUS) e 1% para o Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP).
Outro ponto a ser considerado é que 81% dos municípios brasileiros têm o FPM com principal fonte
de recursos, sem contar os outros investimentos realizados pela União (como o PAC, que possibilitou a
construção de diversos equipamentos públicos de mobilidade e de saneamento), fundamentais à redução
das fortes desigualdades regionais ainda existentes no Brasil.
Outras medidas já adotadas complementam esse quadro, buscando desmontar os ministérios
e secretarias responsáveis por políticas importantes de inclusão social e desenvolvimento sustentável,
como o Ministério de Desenvolvimento Agrário, que além de deter um amplo conhecimento sobre políticas
para a agricultura familiar, era estratégico para o desenvolvimento baseado na segurança alimentar e
na manutenção das famílias no campo. A Secretaria Especial de Direitos Humanos, que desenvolvia
ações de combate à discriminação de negros e mulheres também foi extinta. O encaminhamento dessas
temáticas para o Ministério da Justiça revela um viés baseado na segurança pública, desconectado da
visão multidisciplinar e desvinculado da participação social construída ao longo dos anos. Essas medidas
não deixam dúvida que este governo também não tem a menor preocupação com um desenvolvimento
sustentável ou com inclusão social. São medidas que repudiamos.
As forças conservadoras que tomaram de assalto o poder querem penalizar a classe trabalhadora
com reformas danosas da Previdência Social e da Legislação Trabalhista. Pretendem colocar os/as
trabalhadores/as /as de joelhos diante dos empregadores com a pretensa modernização das relações de
trabalho, efetuada com a aprovação no Congresso de projetos de lei que permitem a terceirização irrestrita,
A cidade é a organização política mais próxima do cidadão, mas é também o local onde se
realiza o lucro. Sua dinâmica e distribuição espacial é organizada a partir dos interesses do capital, seja
industrial, financeiro ou imobiliário. As áreas rurais, relegadas a um segundo plano nessa estratégia de
acumulação de riqueza, são privadas do acesso às políticas de desenvolvimento e a equipamentos
públicos. Nessa dinâmica que promove a concentração de renda e a consolidação de desigualdades,
a atuação municipal tem papel estratégico para aplicação de políticas de promoção da igualdade e de
inclusão social, de acesso aos equipamentos públicos e pontos de cultura, enfim, de direito à cidade,
estabelecido a partir de um novo paradigma de desenvolvimento.
Entendemos como essencial e imperioso um profundo debate sobre as bases desse novo
paradigma de desenvolvimento que, como expressa resolução congressual da CUT, seja ambientalmente
sustentável, socialmente equitativo e geopoliticamente equilibrado.
Para desencadear a construção deste novo paradigma com sustentabilidade política, econômica,
ambiental e social é necessária uma gestão pública que desempenhe o papel de indutora desse novo
modelo promotor da cidadania, segundo os princípios democráticos, assentado na ampliação e garantias
de direitos. É necessária também a constituição de esferas públicas, cada vez mais estruturadas por
processos de democracia direta e participativa.
Entendemos que desenvolvimento sustentável deve se pautar pela priorização da vida, respeito
às diferenças e à identidade; pelo equilíbrio com a natureza; controle social e exercício da soberania,
articulados ao mundo concreto do trabalho; pela mudança de padrões de produção, consumo e de
utilização dos espaços públicos.
Sendo assim, a administração municipal, por ser o nível de governo mais próximo da vida cotidiana
da classe trabalhadora, deve ter compromisso com a construção de cidades prósperas, inclusivas,
democráticas e sustentáveis que proporcionem qualidade de vida, cidadania e trabalho decente.
Para avançarmos rumo ao atendimento das necessidades locais e regionais, coletivas e individuais
e promover processos participativos de tomada de decisão, a CUT elaborou as diretrizes e propostas
contidas nesta Plataforma. Ela expressa nossa concepção de políticas públicas que transformem cada
município no lugar onde queremos viver, plena e democraticamente.
Quando utilizada por prefeitos, vereadores e administradores, esta Plataforma se apresenta como
um instrumento direcionador de ações e de construção de políticas públicas para cidades pequenas,
médias ou grandes metrópoles, de natureza basicamente rurais ou essencialmente urbanas.
Quando utilizada por sindicalistas, pelos trabalhadores/as e pela sociedade em geral, transforma-
se em importante ferramenta direcionadora de reivindicações e de acompanhamento do trabalho dos
administradores de cada município.
Acima de tudo, esta Plataforma deve levar cada trabalhador/a a refletir sobre a cidade que
queremos e condicionar seu apoio aos administradores que estiverem realmente comprometidos com
esses desejos.
A Plataforma está dividida, por uma questão didática, em quatro eixos, cuja unidade traduz nossa
concepção de desenvolvimento sustentável: Desenvolvimento, Valorização do Trabalho, Políticas
Públicas e Gestão Municipal.
Novos estudos sobre o meio rural no Brasil têm apresentado abordagens que consideram não apenas a
população que se declara como domiciliada no “campo” ou na “cidade” para medir o “tamanho” do rural no Brasil,
mas também as relações com a natureza, com o patrimônio cultural e as relações econômicas (PIB-Produto
Interno Bruto e PEA-População Economicamente Ativa em atividades essencialmente rurais).
Em pesquisa realizada recentemente pelo MDA (2015) foi apresentado um novo conceito para calcular
o Brasil rural, que somaria 37% da população (muito acima dos 16% apontado pelo Censo/IBGE). Como só
existe o conceito de urbano na legislação, a ruralidade acaba sendo definida por exclusão, mas, com essa nova
metodologia, o rural é constituído a partir de uma definição própria.
Considerando o dado do Censo/IBGE (2010) em que 16% da população é rural, o Brasil se encaixaria entre os
países mais urbanizados do mundo - uma definição que não resiste a uma constatação empírica sobre a realidade
em diversos municípios do País. Essa distorção sobre a concepção do rural no Brasil impacta negativamente
a vida de milhões de pessoas, que são consideradas urbanas, mas vivem em ambientes essencialmente ou
relativamente rurais e não recebem um tratamento adequado das políticas públicas brasileiras (MDA, 2015).
Em outro estudo, que também propõe uma nova perspectiva para abordar o que é rural no País, do total de
municípios, 2.007 seriam essencialmente rurais, 812 seriam rurais mas com forte presença do setor terciário (parte
importante dos rendimentos do trabalho provenientes de aposentados, pensionistas e funcionários públicos),
1.782 seriam municípios essencialmente urbanos, 500 seriam municípios urbanos industriais e 406 municípios
que se caracterizam como metrópoles. Ou seja, 2.819 municípios seriam classificados como “rurais” (51,19%)1.
A área rural no Brasil tem importância estratégica, tanto econômica como para garantia da segurança alimentar.
A produção de alimentos ocupa 22% da área destinada à colheita e é responsável por um terço do valor da
produção das lavouras temporárias e permanentes. (2014, PAM/IBGE - Produção Agrícola Municipal2).
Apesar do centro das políticas agrícolas estarem localizadas na União, as gestões municipais têm atuação
importante nesse campo, garantindo que as políticas públicas nacionais sejam efetivadas na localidade,
mas também pensando em ações regionais que potencializem essa atividade econômica como fonte de
geração de renda.
A outra questão é a melhoria da qualidade de vida dos que vivem no campo. As administrações municipais
devem garantir a existência de equipamentos públicos nas áreas rurais, garantindo acesso à educação, saúde,
saneamento, transporte, assistência social e política ambiental.
1
Atlas da questão agrária no Brasil, Eduardo Paulon Girardi, UNESP. http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/questao_agraria.htm
2
Principais produtos produzidos no Brasil.
Nas últimas décadas, a defesa do Meio Ambiente tem sido uma preocupação internacional. O Brasil
tem se destacado neste cenário por sua atuação nos fóruns internacionais onde o tema tem sido objeto
de debate e por ter avançado na formulação de políticas e metas para combater o aquecimento global e
promover o desenvolvimento sustentável.
Acordo de Paris
Primeiro acordo global, assinado por 195 países em 2015, para frear as emissões de gases que provocam
o efeito estufa e para lidar com os impactos da mudança climática. Determina, como primeiro objetivo, que
os países signatários façam um esforço para limitar o aumento de temperatura a 1,5º C. Acima deste limite, o
aumento é considerado perigoso para a vida futura no planeta. O segundo grande objetivo do acordo é aumentar
a habilidade de adaptação aos efeitos adversos da mudança climática que não puderem ser evitados.
O último grande evento internacional para discutir esses temas foi a COP 21 (Conferência do Clima
da ONU), realizada em dezembro de 2015 na capital francesa e que aprovou o Acordo de Paris. Um dos
principais objetivos desse acordo é traçar um modelo econômico que promova uma “revolução industrial”,
proposta que também faz parte da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Pretende-se, nessa revolução, não só tornar as práticas produtivas mais sustentáveis, como também,
garantir que haja uma “transição justa” para a força de trabalho atualmente empregada em indústrias sujas,
para que se garanta a agenda do Trabalho Decente elaborada pela OIT.
A Agenda é um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. A Agenda foi construída
em torno de 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e de 169 metas a serem alcançadas até 2030. Busca
fortalecer a paz universal com mais liberdade, propõe a erradicação da pobreza em todas as suas formas e
dimensões, incluindo a pobreza extrema, a eliminação do analfabetismo e o acesso equitativo e universal à
educação de qualidade, aos cuidados de saúde e proteção social entre os principais objetivos.
Em outras palavras, não basta demandar preservação ambiental, é preciso repensar a relação
entre sociedade-Meio Ambiente-desenvolvimento no sentido de gerar uma dinâmica renovável de
desenvolvimento.
Empregos Verdes
São empregos que reduzem o impacto ambiental das empresas e dos setores econômicos a níveis
sustentáveis. Incluem trabalho nos diversos setores da economia que contribuem para conservar ou restabelecer
a qualidade ambiental.
Nesse debate, é importante que o setor público e as organizações sociais fiscalizem e pressionem
para que o setor privado faça também a sua parte, seguindo as Diretrizes da OIT para Empregos Verdes,
Transição Justa e Trabalho Decente, assim como as Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais.
Isto porque, do ponto de vista do movimento sindical, não há desenvolvimento sustentável possível sem
a garantia da organização sindical, do direito à greve e do Trabalho Decente.
Transição Justa
Conjunto de políticas elaboradas para assegurar que a transição e a mudança de rumo a um modelo produtivo
de baixas emissões garantam os direitos e ofereçam oportunidades para os trabalhadores/as e as trabalhadoras.
Os efeitos do aquecimento global, como as mudanças climáticas radicais, já se fazem sentir nas
mais diversas regiões do País: inundações devastadoras são seguidas por períodos de severa e longa
seca numa mesma região; regiões semiáridas são atingidas por longos períodos de seca, agravando
as condições de vida e de trabalho dos agricultores familiares; incêndios devastam extensas áreas de
preservação ambiental, assim como áreas de exploração agropecuária.
Trabalho Decente
É um ponto de convergência de objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos do trabalho, a liberdade
sindical e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de trabalho
forçado, a abolição efetiva do trabalho infantil, a eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de
emprego e ocupação, a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o
fortalecimento do diálogo social.
Outras questões relacionadas ao Meio Ambiente têm pouco a ver com mudanças climáticas. No
Brasil se investe muito pouco em saneamento básico. Os efeitos dessa ausência de política sobre a
saúde e condições de vida dos setores mais pobres da população, que vive nas periferias das grandes
cidades ou nas cidades de pequeno porte, são inaceitáveis.
São recomendações dirigidas pelos Governos às empresas multinacionais. Elas visam assegurar que as
operações destas empresas estejam em harmonia com as políticas governamentais, fortalecer a base de confiança
mútua entre as empresas e as sociedades onde operam, ajudar a melhorar o clima do investimento estrangeiro e
aumentar a contribuição das empresas multinacionais para o desenvolvimento sustentável.
Ao mesmo tempo, são inúmeras as experiências bem sucedidas de preservação do Meio Ambiente
e de uso sustentável dos recursos naturais desenvolvidas por administrações municipais, grupos de
agricultores familiares, ONGs, associações de moradores. Todas elas apontam para a mesma questão: a
preservação do Meio Ambiente deve ser vista como elemento essencial de uma política de desenvolvimento
que articule as iniciativas nacionais, regionais e locais.
O movimento pela melhoria dos serviços e redução das tarifas do transporte coletivo tem
se intensificado no Brasil nos últimos anos. Há uma grande insatisfação com o preço das tarifas,
especialmente quando comparadas à sofrível qualidade de serviços oferecidos à população. Esse
debate é fundamental, porque se relaciona à qualidade de vida das populações urbanas, mas também
nas áreas rurais, assim como ao próprio funcionamento da economia, que depende também do
deslocamento dos trabalhadores/as.
No atual modelo empregado na maior parte dos municípios, a qualidade e oferta são insuficientes
e os preços elevados. Somente 40% dos trabalhadores/as brasileiros/as recebem algum tipo de auxílio-
transporte. A maioria acaba arcando integralmente com as despesas de deslocamento para o trabalho,
principalmente entre os menores salários, onde estão concentrados aqueles que não recebem esse
benefício. Muitos acabam realizando longos trajetos a pé devido aos custos do transporte.
É no município que a política de desenvolvimento sustentável acontece. É também no município que
a inexistência dessa política se faz sentir, atingindo diretamente seus habitantes.
Portanto, devemos aproveitar as Eleições Municipais de 2016 para exigir dos candidatos/as à
vereança e ao poder local o compromisso inequívoco com o projeto de desenvolvimento que a CUT lança
nesta Plataforma.
METAS
Implementar uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, que articule Estados e Municípios
para adoção de práticas e ações destinadas à resolução dos problemas de habitação, saneamento
ambiental, transporte e mobilidade urbana, como também de planejamento do território municipal,
e fortaleça as instâncias de participação da sociedade - Conselho das Cidades e Conferências
Nacionais das Cidades.
COMPROMISSOS
1. Adotar princípios e métodos de construções sustentáveis, eficiência energética, uso
racional de água e tratamento de esgotos e de resíduos sólidos na construção, reforma e
ampliação de prédios;
2. Constituir, através das representações no Conselho Municipal de Cidades, grupos que
monitorem e acompanhem a aplicação dos recursos destinados ao desenvolvimento do município;
3. Ampliar a participação da sociedade em todos os momentos da política de desenvolvimento
urbano, em especial, os sindicatos de trabalhadores/as nas discussões dos preços e serviços
públicos, especialmente as tarifas de serviços de transporte, energia, água e esgoto;
4. Efetivar os objetivos presentes no Estatuto das Cidades (Lei 10.257 de 2001).
METAS
COMPROMISSOS
METAS
COMPROMISSOS
METAS
Garantir que a transição para uma sociedade mais sustentável e uma economia de baixo carbono
mantenha postos de trabalhos e meios de vida decentes para todos/as;
Ampliar investimentos de longo prazo para desenvolver políticas industriais sustentáveis, criando
e mantendo postos de emprego verde com trabalhos de qualidade;
Desenvolver ações de prevenção e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sobre os
trabalhadores/as, em especial os/as que residem em localidades de extrema vulnerabilidade.
COMPROMISSOS
1. Formular Planos de Governo em cumprimento da Política Municipal de Mudanças Climáticas
(Lei nº 530/08), em consonância com a Política Estadual e Nacional de Mudanças Climáticas, a de
Recursos Hídricos (Lei 9.433/97), a Lei de Saneamento e a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(Lei 12.305/10);
2. Promover a limpeza, despoluição e canalização de córregos, drenagem de áreas alagadas;
METAS
Aplicar todas as definições da Política Nacional de Saneamento - Lei 11.445/07, na implantação
da política municipal, adotando todos os instrumentos definidos na Lei Federal e desenvolvendo o
plano municipal de saneamento, com metas para tratamento e distribuição de água e para coleta,
destinação e tratamento de esgotos.
Criar instrumentos de controle social sobre política tarifária, prestação dos serviços, prestação
de contas normatizadas pelas administrações, com ampla divulgação dos dados, transparência e
controle social.
Realizar conferências municipais de Saneamento com a participação de trabalhadores/as, nas
áreas urbanas e rurais.
COMPROMISSOS
1. Implementar a gestão municipal dos serviços de abastecimento de água, esgoto sanitário,
resíduos sólidos e drenagem, com a criação de uma estrutura técnica visando a melhoria da
qualidade, da eficiência, da fiscalização e da regulação dos serviços nas áreas urbanas e rurais;
2. Criar, neste sistema, indicadores para avaliação dos serviços hídricos e de saneamento, e a
divulgação dos índices de cobertura de abastecimento de água e esgoto sanitário;
3. Criar conselho de políticas públicas e controle social dos serviços de saneamento, com
composição paritária entre poder público e sociedade civil (garantindo vagas para as entidades de
classe, bem como para sindicato representante dos trabalhadores), com poderes deliberativos em
relação a essas políticas e à gestão dos serviços;
4. Combater toda forma de privatização (privatização, concessão privada, parcerias público
privadas) e de precarização dos serviços (terceirizações);
5. Promover emenda na Lei Orgânica do Município, com a inclusão do saneamento como direito
humano fundamental e determinando que a sua privatização ou concessão privada deve ser objeto
de aprovação através de plebiscito popular;
6. Incluir no plano municipal de saneamento a constituição do fundo municipal de saneamento,
para subsidiar as políticas de universalização dos serviços, principalmente nas áreas de fundo de
vales, encostas, áreas de risco e periferias;
7. Ampliar a cobertura dos serviços de coleta e tratamento de esgoto;
8. Elaborar e implantar planos municipais de destinação e reaproveitamento de resíduos inertes
(resíduos da construção civil).
METAS
Promover políticas que reduzam o uso de combustíveis fósseis, em especial, nos centros urbanos;
Facilitar o cadastro dos cidadãos aos programas de acesso a energia elétrica para
populações carentes;
Promover a eficiência energética na iluminação pública e nos equipamentos públicos.
COMPROMISSOS
1. Constituir Conselhos Municipais de Energia visando o controle social para formulação de
programas e fomento à eficiência energética e conservação de energia na prestação dos serviços
públicos, em especial, a iluminação pública, bem como garantir o acompanhamento sobre definição
dos impostos municipais que recaem sobre as contas de energia elétrica (Contribuição para Custeio
do Serviço de Iluminação Pública - CIP);
2. Estabelecer parcerias com Universidades e empresas de energia elétrica para redimensionamento
da rede elétrica de equipamentos públicos (creches, hospitais, escolas, centros culturais, teatros
etc.), visando uma maior eficiência energética;
3. Incentivar, fomentar, viabilizar tecnicamente as cooperativas de reciclagem de biodiesel
(reaproveitamento do óleo de cozinha);
4. Identificar todos os cidadãos/ãs, principalmente os localizados na área rural que ainda não
tenham acesso à energia, encaminhando-os para o Programa Luz Para Todos e para solicitação de
tarifas sociais;
5. Implementar política de conversão da frota de transporte coletivo público para combustível
menos poluente e energeticamente mais viável.
METAS
Desenvolver política para o destino apropriado e de reaproveitamento de resíduos sólidos.
COMPROMISSOS
1. Elaborar e executar os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos, garantindo
a criação e manutenção de aterros sanitários e o fim dos lixões no município.
2. Ampliar políticas de coleta seletiva de lixo e a criação de cooperativas de reciclagem de lixo.
METAS
Identificar e articular planos e ações relativos à Produção e Consumo Sustentável, relacionando-
os com outros programas e políticas, a exemplo das mudanças climáticas, questão energética, uso
da água e do solo, alimentos mais saudáveis no âmbito dos municípios;
Garantir que os planos, políticas e programas nacionais na área ambiental tais como, o Plano
de Produção e Consumo Sustentável, a Agenda 21, a Política Nacional de Meio Ambiente, de
Mudanças Climáticas, Resíduos Sólidos, Saneamento, Educação Ambiental recebam total atenção
e desdobramentos por parte dos gestores municipais.
COMPROMISSOS
1. Desenvolver pesquisas, estudos e promover campanhas de sensibilização e de mudanças
na percepção de suficiência, tanto no setor produtivo quanto para os consumidores, promovendo
mudanças de comportamento na relação de consumo-uso-descarte;
2. Ampliar e incentivar as iniciativas de promoção do Consumo Consciente que garantam a
melhoria da eficiência na utilização de insumos e recursos, com gerenciamento e redução de gastos
de energia, papéis, água, telefone e produção de CO²;
3. Ampliar as políticas públicas, a visibilidade e a ampliação de instrumentos jurídicos, políticos
e econômicos que garantam o cumprimento das responsabilidades empresariais no âmbito dos
municípios, assim como a ampliação de políticas e investimento nas iniciativas alternativas de
Economia Solidária, Comércio Justo e Solidário e Agroecologia.
METAS
Desenvolver política de preservação ambiental e de recuperação de áreas degradadas pelo
uso inadequado dos recursos naturais, assegurando a manutenção de condições essenciais ao
desenvolvimento sustentável no campo e na cidade.
COMPROMISSOS
1. Identificar e diagnosticar impactos ambientais no solo provocados pela especulação imobiliária,
assegurando a responsabilização e indenização dos prejuízos aos cofres municipais para sua
imediata recuperação;
2. Recuperar nascentes, margens e demais áreas degradadas, preservação da vegetação ciliar,
várzeas, brejos naturais, áreas de vegetação rasteira e redução drástica de intervenções químicas,
físicas e biológicas no solo, a partir dos municípios;
3. Combater os fatores diretos de agressão ao solo e recuperação de áreas degradadas por
meio de ações humanas (desmatamento, uso excessivo da vegetação, cortes e aterros, remoção
da cobertura florestal, pastagem excessiva);
4. Controlar e monitorar o uso e ocupação do solo urbano para moradias em áreas inundáveis ou
de alagamento, fazendo a prevenção da contaminação do solo e das águas subterrâneas.
METAS
COMPROMISSOS
METAS
COMPROMISSOS
1. A matriz de mobilidade urbana deve priorizar e privilegiar o transporte coletivo (metrôs, ônibus,
corredores de transporte, veículos leves sobre trilhos), de qualidade, com preços acessíveis e de
acesso universal;
2. Implementação e/ou ampliação de ciclovias, em substituição ou de forma integrada ao uso
diário do transporte motorizado;
METAS
Fomentar os deslocamentos curtos a pé, cuidando da cidade: garantindo mais espaço para as
pessoas nas vias públicas, mais áreas verdes, melhorar a limpeza nos espaços públicos, melhorar
a qualidade de ar, melhorar a iluminação pública, garantir mais segurança em relação ao crime e ao
tráfego de veículos.
COMPROMISSOS
1. Garantir que as vias para pedestre tenham manutenção permanente e sejam ampliadas nos
locais de maior fluxo, com pavimentação adequada e acessibilidade para os pedestres;
2. Criar mais faixas de pedestres, melhorar a integração com o transporte público;
3. Incluir nos planos e projetos de infraestrutura urbana os deslocamentos a pé, para que esse
tipo de deslocamento tenha seu espaço garantido na cidade;
4. Garantir que os semáforos de pedestre tenham o tempo adequado para a sua circulação;
5. Oferecer mais informação sobre como percorrer a cidade a pé.
METAS
Promover o acesso ao transporte público para todos os setores da sociedade, em especial,
aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
COMPROMISSOS
1. Garantir tarifas sociais para o transporte público, com a adoção de subsídios e a ampliação do
acesso ao vale transporte;
2. Redefinir as fontes de recursos para implementar a gratuidade no sistema de transporte
público para estudantes e desempregados em geral, de forma a não penalizar os usuários do
transporte público;
3. Apoiar a ampliação da cobertura do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE).
Entre os anos 2004 e 2014, o mercado de trabalho brasileiro apresentou uma melhora generalizada
de seus principais indicadores: a taxa de desemprego diminuiu substancialmente; a qualidade do emprego
foi ampliada, com o aumento expressivo dos vínculos empregatícios com carteira de trabalho assinada e
do emprego público; e o rendimento médio real do trabalho se elevou acompanhado de uma melhora do
seu perfil distributivo.
No entanto, a partir de 2012, embora a economia continuasse apresentando resultados positivos,
teve início uma trajetória de desaquecimento, influenciada pelos cenários externo e interno. O quadro
tornou-se mais complicado com a agenda de austeridade fiscal adotada no final de 2014, em uma
tentativa de conter gastos públicos, em um contexto de fortes reajustes de tarifas públicas, de rápida
desvalorização cambial e de alta da taxa de juros básica da economia (Selic). Esta política, no entanto,
foi incapaz de impedir a trajetória crescente da dívida pública e de conter a elevação dos preços, como
também aprofundou a recessão econômica e deteriorou de forma generalizada os indicadores de
mercado de trabalho.
O ano de 2015 apresentou uma deterioração forte e rápida dos principais indicadores de mercado
de trabalho, com destaque para a ampliação do desemprego, a precarização da ocupação e a queda do
rendimento médio real do trabalho e da massa de rendimentos.
Nesse cenário de crescimento do desemprego, o município deve utilizar todas as ferramentas
disponíveis para alavancar a geração de emprego e renda, a promoção de empreendimentos
solidários, as políticas de apoio aos desempregados, como gratuidade nos transportes e programas de
educação profissional.
A busca pela manutenção e ampliação de investimentos em equipamentos públicos, habitação,
transporte e infraestrutura deve ser fortemente empreendida pelo município porque são fortes vetores de
geração de emprego, tanto na iniciativa privada como no setor público.
O município também deve prezar pela melhoria das condições de trabalho para os
servidores públicos.
METAS
COMPROMISSOS
1. Articular as políticas municipais para a geração de emprego com políticas que visem a
formalização do trabalho e a estruturação do mercado de trabalho, considerando as dimensões de
geração, gênero e raça;
2. Avançar rumo à consolidação do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda (SPTER) no
município, aprofundando a integração das políticas de qualificação profissional, de intermediação
de mão de obra e de seguro-desemprego, especialmente para jovens, mulheres, população
negra e migrantes;
3. Fortalecer no SPTER o diálogo tripartite;
4. Implementar políticas específicas para as micro e pequenas empresas que gerem emprego
formal, efetivando a Lei Geral das micro e pequenas empresas nos municípios;
5. Criar mecanismos de inserção produtiva dos beneficiários do programa Bolsa Família;
6. Utilizar dispositivos públicos de garantia de emprego para o trabalho temporário, programas
excepcionais de obras públicas e outras medidas de criação direta de emprego;
7. Implementar Políticas Públicas nos cursos de formação e acesso ao emprego para trabalhadores/
as negras e negros migrantes;
8. Políticas Públicas de acesso ao trabalho e renda e políticas de fomento à produção e
comercialização nas comunidades quilombolas, que respeitem a sua cultura de saberes.
METAS
Fortalecer as políticas de inserção ao mercado de trabalho para as mulheres e para os grupos
mais vulneráveis no mercado de trabalho.
Promover ações que superem as desigualdades presentes no mercado de trabalho local.
COMPROMISSOS
1. Criar programas para inclusão no mercado de trabalho por meio da educação profissional,
escolarização e orientação para reinserção ao trabalho, valorizando as diversidades regionais;
2. Promover o acesso, a reinserção no mercado de trabalho de mulheres, negros, índios, pessoas
com deficiência, homossexuais, ex-detentos, migrantes e jovens;
3. Desenvolver políticas de combate à discriminação de cor, raça, gênero, religião, geracional e
da pessoa com deficiência através de campanhas de conscientização e do combate a formas de
discriminação na contratação ou no ambiente de trabalho;
METAS
Fortalecer o papel do/a servidor/a público/a na gestão municipal, dando a ele condições de
trabalho dignas, valorizando seu trabalho e sua participação na formulação e gestão de políticas
públicas, de forma a fortalecer seu compromisso em relação à sociedade.
COMPROMISSOS
1. Promover a democratização das relações de trabalho e implementar a Política de Valorização
dos Servidores Públicos, por meio de uma política de Plano de Cargos, Carreira e Salários para
trabalhadores/as, garantindo ascensão funcional assim como o acesso e ingresso na Administração
Pública apenas por concurso público;
2. Assegurar no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária anual,
diretrizes e índices de reajuste salarial e programas de valorização dos servidores públicos municipais;
3. Estabelecer a gestão paritária entre Estado e servidores públicos nos regimes
próprios de Previdência;
4. Implantar Programa de Valorização dos Trabalhadores/as no Serviço Público Municipal
contemplando metas voltadas para a saúde e segurança no trabalho, melhoria das condições
físicas e de equipamentos nos locais de trabalho e acesso às políticas específicas de habitação,
cultura e crédito;
5. Cumprir o Piso Salarial Profissional Nacional para todos os trabalhadores/as do magistério
público da educação básica, previsto na Lei 11.738/08;
6. Criar um Plano Municipal de Fortalecimento do Sistema Previdenciário a partir de um Novo
Pacto Geracional que assegure o direito constitucional à aposentadoria digna;
METAS
Respeitar e fazer respeitar a liberdade, autonomia e representatividade sindical em todos os
espaços do município;
Implementar e promover a interlocução entre servidores e seus sindicatos, bem como entre estes
e o poder público, estabelecendo mesas de negociação e respeitando a organização no local de
trabalho (CIPAs, COMSATs, delegados sindicais de base, comissões de funcionários, entre outras
formas de representação).
COMPROMISSOS
1. Aplicar a Convenção 151 da OIT, instituindo através de lei municipal a Mesa de Negociação
Coletiva Permanente, regulamentar seu Regimento Interno por decreto e criar os meios operacionais
para seu funcionamento;
2. Institucionalizar o CRT - Conselho de Relações de Trabalho no Serviço Público Municipal e as
Organizações por Local de Trabalho - OLT - através de Comissões, Comitês ou Conselhos;
3. Implantar mecanismos para denúncia de limitação da atividade sindical através de um DISQUE
DENÚNCIA ou OUVIDORIA com o objetivo de identificar e corrigir atitudes que prejudiquem a
liberdade de organização;
4. Combater as práticas antissindicais, garantindo a organização no local de trabalho, assegurando
proteção eficaz contra todo ato prejudicial aos trabalhadores/as: demissão por razões de sua
condição de representante dos trabalhadores/as, por suas atividades sindicais, por sua filiação a
sindicato ou por sua participação em atividade sindical;
5. Federalizar os crimes contra dirigentes sindicais;
6. Garantir a estabilidade no exercício da atividade sindical e a reintegração dos demitidos/as,
conforme os princípios expressos no Artigo 8º da Constituição Federal;
7. Reconhecer o sindicato dos servidores públicos municipais, com liberação de dirigentes e
desconto de mensalidade dos sócios.
É no município que uma série de serviços públicos devem ser ofertados à população ou
promovidos, nos casos de responsabilidade de outros entes da federação - serviços que ainda não
chegaram em quantidade e qualidade para parte da população. Esse debate é ainda mais essencial
no momento político que vivemos, com um ataque frontal aos direitos previstos na Constituição e às
políticas públicas consolidadas no último período, em uma perspectiva neoliberal e de redução do papel
do Estado.
O desenvolvimento em nosso país foi marcado pela forte especulação imobiliária e fundiária, pela
carência de infraestruturas, de transporte e pela concentração da população pobre nas periferias das
grandes cidades. Segundo o Censo de 2010, ainda possuímos 3,2 milhões de moradias precárias
(com irregularidade de tamanho e forma dos lotes, distantes de vias de circulação e com carência de
serviços públicos essenciais, como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e
iluminação pública). Essas moradias surgem como única alternativa para esta parcela da população,
desalojada pelo setor imobiliário e fundiário para espaços menos valorizados.
Saúde
”É dever do município garantir os serviços de atenção básica à saúde e prestar serviços em sua localidade,
com a parceria dos governos estadual e federal. As prefeituras também criam políticas de saúde e colaboram
com a aplicação das políticas nacionais e estaduais, aplicando recursos próprios (mínimo de 15% de sua receita)
e os repassados pela União e pelo estado. Igualmente os municípios devem organizar e controlar os laboratórios
e hemocentros. Os serviços de saúde da cidade também são administrados pelos municípios, mesmo aqueles
mais complexos.”1
1 http://www.brasil.gov.br/governo/2014/10/o-papel-de-cada-ente-da-federacao-na-gestao-da-saude-publica
Na perspectiva dos trabalhadores/as, a formulação de políticas para Educação deve se guiar pelos
princípios da universalização do direito à educação pública; pela defesa da concepção emancipadora
de educação e do ensino de qualidade, que respeite as características locais e regionais. Deve ser
uma educação inclusiva, plural, democrática, gratuita, laica e solidária. Deve ser uma educação que
assegure a qualificação técnico-científica, mas que seja também formadora de cidadãos/ãs com
capacidade de leitura crítica da realidade socioeconômica, política e cultural. Deve ser uma educação
que contribua para criar a cultura do respeito à diversidade de gênero, de raça/etnia, de identidade
cultural, de gerações e de condições econômicas, com valorização dos profissionais da educação.
A abordagem de Segurança Pública no Brasil não reconhece na população pobre uma cidadania
titular de direitos fundamentais. Os pobres são geralmente vistos como suspeitos que devem ser vigiados
e disciplinados (Relatório Comissão da Verdade). Deve-se romper com esse paradigma, estabelecendo
no município uma ação baseada no respeito, na promoção aos direitos humanos e na ideia de que a
segurança é um direito humano fundamental. A segurança deve valorizar o respeito à vida, à cidadania,
assegurando atendimento humanizado a todas as pessoas, com respeito às diversas identidades.
A garantia dos serviços públicos de modo universal, como previsto na Constituição, exige a
construção de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável local e regional. São indispensáveis
nessas políticas a promoção da economia solidária, o respeito aos direitos humanos e a participação
social. O município deve ser o espaço físico e socialmente organizado para facilitar a reprodução da
vida em sociedade, e não ser apenas o lugar que os detentores do capital usam de forma inescrupulosa
para aumentar sua própria riqueza.
METAS
COMPROMISSOS
1. Manter e ampliar os programas de moradia do município (Minha casa, Minha vida, urbanização
de favelas, urbanização e regularização de loteamentos, programas de recuperação de mananciais,
com melhoria da condição de vida dos moradores);
2. Defender a destinação de recursos públicos e orçamentários federais e estaduais e garantir
recursos públicos e orçamentários municipais para a construção de habitação popular, com maior
participação de entidades associativas e cooperativas habitacionais vinculadas a entidades sindicais
e aos movimentos sociais (PEC da Moradia 285/2008);
3. Promover iniciativas de autoconstrução, disponibilizando lotes urbanizados, acesso ao crédito
para construção e compra de material, com criação de fundo de aval;
4. Combater a elitização de áreas urbanas com a expulsão da população que nela reside e
garantir que todas as intervenções urbanísticas sejam realizadas com o acompanhamento dos
cidadãos afetados;
5. Incluir nos conjuntos habitacionais a construção de creches, escolas, restaurantes, lavanderias
coletivas e áreas de lazer.
METAS
COMPROMISSOS
METAS
COMPROMISSOS
1. Definir e cumprir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observadas pelas três
esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral
à saúde do trabalhador, independentemente de sua localização - urbana ou rural - de sua forma
de inserção no mercado de trabalho - formal ou informal - de seu vínculo empregatício, público
ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativado, aprendiz, estagiário,
doméstico, aposentado ou desempregado;
2. Fortalecer os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e os Núcleos de Qualidade
de Vida do Trabalhador, fornecendo infraestrutura e suporte para todas as ações necessárias
na orientação, vigilância, diagnóstico, tratamento e reabilitação de trabalhadores/as adoecidos e
acidentados, bem como desenvolver estudos e pesquisas na área;
3. Desenvolver e implementar estratégias e ações intersetoriais em Saúde do Trabalhador,
no município;
4. Desenvolver e implantar sistema único de informação em Saúde do Trabalhador que reúna
dados de todos os trabalhadores/as, como mencionado no item 1.
METAS
Garantir as condições necessárias para a efetiva implantação do Plano Nacional de Educação
2014-2024:
• Superar as desigualdades educacionais;
• Assegurar a universalização do acesso e promover a qualidade do ensino;
• Promover a democracia e dos direitos humanos na sociedade e no espaço escolar;
• Garantir o financiamento necessário para a educação.
COMPROMISSOS
1. Criar e implementar políticas que possibilitem a universalização da educação infantil, o acesso
a creche, inclusive em período integral, para crianças de 0 a 7 anos, e que atendam às demandas
das crianças e das famílias, com a ampliação do número de escolas municipais de educação
infantil no regime de período integral;
METAS
COMPROMISSOS
METAS
COMPROMISSOS
1. Implantar Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), articulando as polícias dos três níveis
de governo, aplicando conceito de segurança cidadã;
2. Elaborar o Plano Municipal de Segurança Pública a partir de um diagnóstico adequado,
que considere também as múltiplas manifestações da violência (cometidas contra crianças e
adolescentes, violência doméstica, contra mulheres e idosos, contra LGBTs, contra negros,
egressos do sistema prisional, população em condição de rua).
3. Combater a violência contra as mulheres, incentivando a pesquisa sobre a situação da
violência doméstica e sexual e estabelecendo dotações orçamentárias específicas para
implementar as medidas estabelecidas na Lei 11.340 - “Lei Maria da Penha”, entre elas:
- criação e promoção de centros de atendimento integral e multidisciplinar
para mulheres que sofrem violência doméstica e familiar e seus dependentes;
- criação e promoção de casas-abrigo para mulheres e respectivos
dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar;
- criação e promoção de delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e
centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher vítima de violência
doméstica e familiar;
4. Garantir programas de prevenção e acolhimento à violência contra criança e adolescente.
5. Qualificar a atuação da GCM (Guarda Civil Metropolitana), garantindo uma formação cidadã
e com controle social sobre sua atuação;
6. Elaborar nos municípios um plano de prevenção (e punição) diante da vulnerabilidade dos
jovens a todo tipo de violência psicológica, física e simbólica;
7. Assegurar a participação social através dos conselhos municipais de segurança, através de
fóruns de segurança, e conferências municipais de segurança.
METAS
Garantir que as ações do município sejam promotoras da dignidade humana e dos direitos
humanos. A promoção dos direitos humanos deve estar alicerçada em ações e programas que
desconstruam preconceitos e desigualdades que acometem as populações mais vulneráveis.
Deve ser pensada de forma transversal e com participação social que possibilite a ampliação da
democracia como valor estratégico para a localidade.
COMPROMISSOS
1. Garantir no âmbito das políticas públicas ações que fortaleçam as políticas de combate à
discriminação em todas as suas dimensões;
2. Implementar o Programa Nacional de Direitos Humanos no âmbito municipal, garantindo
políticas públicas efetivamente includentes, com equidade, respeito à diversidade e
participação social;
3. Assegurar a todos os trabalhadores/as migrantes, independentemente da nacionalidade,
direito à ajuda, informação, proteção social, igualdade de direitos e a condições de trabalho dos
demais trabalhadores/as;
4. Fortalecer os canais de diálogo criando Fóruns Municipais, Estaduais e Nacional de
Direitos Humanos, pré-conferências, e com capacitação para a comunidade, a fim de envolver
representantes de conselhos, órgãos do poder público, movimentos sociais, instituições de
defesa de direitos humanos, estudantes, organizações de base comunitária, comunidade e
representantes de segmentos sociais vulneráveis para trocar experiências, unificar lutas e construir
os Sistemas Estaduais de Direitos Humanos.
METAS
COMPROMISSOS
METAS
COMPROMISSOS
6. Proibir acesso a recursos públicos para toda e qualquer manifestação cultural ou artística
que promova a discriminação racial, objetiva ou subjetivamente;
7. Garantir que a contratação de empresas terceirizadas através de editais e/ ou licitação
cumpram os percentuais mínimos de 20% de contratação de negras e negros, conforme a
Lei 6738/13;
8. Disponibilizar equipamentos, serviços públicos e espaços de convivências, principalmente
nas periferias que concentram altos índices de violência, em especial, homicídios para o
enfrentamento do racismo institucional.
METAS
Fortalecer a identidade cultural das populações que habitam os diferentes municípios do País
e garantir que as políticas culturais no âmbito dos municípios reflitam a diversidade existente nas
diferentes regiões do Brasil, as quais se expressam nas mais variadas formas e linguagens.
Garantir que todo cidadão e cidadã tenham direito de acesso a uma política cultural de qualidade,
que tem como condição essencial a valorização dos profissionais que atuam no campo da cultura.
COMPROMISSOS
1. Criação (nos municípios onde não têm) e fortalecimento (nos municípios onde já existem) de
um Sistema Municipal de Cultura, constituído da seguinte forma:
• Conselho Municipal de Cultura
• Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico
• Conferência Municipal de Cultura
• Fundo Municipal de Cultura
• Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico
• Calendário anual de atividades culturais a serem realizadas no Município.
2. Criação e fortalecimento de Centros de Cultura como meio para descentralizar as ações
culturais e democratizar o acesso para toda a população;
3. Desenvolver políticas e/ou programas de fomento dos processos de pesquisa, criação,
produção, circulação e manutenção no campo das artes cênicas possibilitando aos munícipes
o acesso ao cinema, teatro, circo e dança, dando prioridade para companhias e/ou artistas
estabelecidos no município;
METAS
COMPROMISSOS
1. Constituir Conselhos de Comunicação nos municípios, que terão caráter auxiliar em relação
ao Conselho Nacional de Comunicação, com atribuições de discutir, acompanhar e opinar sobre
temas específicos, devendo seguir regras únicas em relação à composição e forma de escolha
de seus membros. Esses Conselhos podem também assumir funções deliberativas em relação
às questões de âmbito local;
2. Apoiar a estruturação de rádios e TVs comunitárias, de forma a reconhecer efetivamente
e fortalecer esses meios de finalidade sociocultural, geridos pela própria comunidade, sem fins
lucrativos, abrangendo comunidades territoriais, etnolinguísticas, tradicionais, culturais ou de
interesse. É também fundamental o fim da criminalização das rádios comunitárias, garantindo a
anistia aos milhares de comunicadores perseguidos e condenados pelo exercício da liberdade de
expressão e do direito à comunicação;
3. Apoiar a regulamentação da Política Municipal de Incentivo e Fomento às Mídias Locais e
Produtores de Conteúdo de Mídias Digitais no Município fomentando a ampliação da comunicação
alternativa (PL 432/2016).
4. Definir critérios de igualdade que evitem uma relação de pressão dos governos sobre os
veículos de comunicação ou destes sobre os governos:
• Os critérios para a distribuição dos recursos devem ter como princípio a transparência das
ações governamentais e a prestação de informações ao cidadão e levar em conta a eficácia do
investimento em relação à visibilidade, à promoção da diversidade informativa e à indução da
desconcentração dos mercados de comunicação.
• A distribuição das verbas governamentais deve ser transparente, com mecanismos de
acompanhamento por parte da sociedade do volume de recursos aplicados e dos destinatários
destes recursos, e devem levar em conta os três sistemas de comunicação - público,
privado e estatal.
METAS
Garantir uma gestão municipal que tenha como eixo central das políticas públicas, nos programas
e ações, a perspectiva da universalização dos serviços públicos, a promoção da igualdade e a
participação social.
COMPROMISSOS
• Combater a Desvinculação de Receitas dos Municípios (DREM) que propõe que até 25% da
arrecadação dos impostos podem ser livremente alocados pelo executivo municipal, reduzindo os
percentuais mínimos a serem destinados para a educação e saúde (PEC 143/2015).
• Excluir as áreas sociais dos contingenciamentos orçamentários e ampliar os recursos para
políticas sociais no orçamento do Município.
• Formular um Pacto de Combate à Pobreza Local em parceria com todos os setores da
sociedade e as esferas de poder (municipal, estadual e federal), estabelecendo metas, estratégia
e recursos, com planos específicos de combate à pobreza rural e combate à pobreza na cidade.
• Promover a governança municipal com participação social. A participação da sociedade civil
é um passo importante na construção de projetos públicos e deve ter foco na transparência.
METAS
COMPROMISSOS
METAS
Estabelecer o compromisso de uma gestão democrática, com base em uma nova estrutura
de direitos e deveres (propriedade, tributos, gênero, cidadania, etnia, ecologia, direitos da classe
trabalhadora), conferindo-lhe caráter essencialmente público e maior soberania e governança
estratégica, e proporcionando uma verdadeira “revolução democrática” na gestão e nas instituições.
COMPROMISSOS
Coordenação
Secretaria-Geral Nacional
Textos
Executiva Nacional da CUT
Edição
Secretaria Nacional de Comunicação
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