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PROFESSORA VANESSA CASOTTI

Código Tributário Nacional- 2020


“Quando há esforço baseado na virtude, os aspectos superiores da inteligência se
desenvolvem,e a recompensa será a verdadeira felicidade”( Mokitio Okada).

Definição de Tributo
Rubens Gomes de Souza foi convidado para elaborar o Anteprojeto que acabou sendo
transformado em nosso Código Tributário Nacional, contendo a definição de tributo em
seu art.3°, conforme dispõe:

“ARTIGO 3 : Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo o


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.
Tributo é a relação jurídica que se estabelece entre o Fisco e o contribuinte, tendo por
base a lei em moeda igualitária e decorrente de um fato lícito qualquer( por isso
pretender instituir um tributo por decreto é impossível, a Constituição Federal impede
tal situação)”.
1) CARACTÉRISTA DO TRIBUTO – OBRIGAÇÃO EX LEGE
O tributo é uma obrigação ex lege, em moeda, que não se constitui em sanção por ato
ilícito e que tem por sujeito ativo (credor), normalmente, uma pessoa política e por
sujeito passivo (devedor) qualquer pessoa (apontada na lei da entidade tributante).
A obrigação é compulsória, obrigatória, porque decorre diretamente da lei. A vontade
do contribuinte é irrelevante.
A CF não define tributo, mas cuida de uma série de figuras afins que lembram o tributo:
a desapropriação, o perdimento de bens, a pena privativa de liberdade, a pena de multa
Etc. Todas essas figuras são impostas coativamente, por isso semelhante ao tributo.

Obrigação ex lege
O tributo é uma obrigação ex lege, pois nasce direta e imediatamente da vontade da lei,
que traça a hipótese de incidência do tributo.
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O legislador, ao mencionar instituída em lei, certamente pretendeu afastar as chamadas


obrigações convencionais, que teriam lucro, invariavelmente, numa convergência de
vontades.
Nosso Direito desconhece o tributo in natura (no qual parte da mercadoria
comercializada é entregue ao Fisco a título de pagamento do tributo, ex: para o
pagamento do ICMS, entregam-se 10 quilos de arroz a cada 100 quilos vendidos) e
desconhece também o tributo in labore (a cada mês, o sujeito passivo destina alguns
dias de seu trabalho à entidade tributante).

2) Obrigação em Moeda cujo valor nela se Possa Exprimir


O tributo só pode ser pago em dinheiro corrente. É possível que o Fisco aceite a
satisfação da obrigação tributária com a entrega de bens, cujo valor possa ser convertido
em moeda. (Dação em pagamento de bens imóveis)

3) O Tributo não se Constitui em Sanção por Ato ilícito


O tributo não é multa. Ao contrário desta, tem por pressuposto a prática de um fato
lícito qualquer, que revela a capacidade econômica ou capacidade contributiva.
Ao descreve abstratamente um fato originário de um tributo, não pode descrever um
fato ilícito.
O tributo tem finalidade principal de arrecadar, ao passo que a multa tem finalidade
preventiva e sancionatória. O Estado tributa para atingir seus fins, e a multa visa
desestimular aos infratores.

Essa regra pode ser observada em relação ao Imposto de Renda, cuja hipótese de
incidência é obter rendimento. Não importa se os rendimentos são de atividade lícita ou
não. Por isso, os bicheiros devem pagar Imposto de Renda. Princípio do non olet ( não
cheira).
Esse princípio, non olet, surgiu em Roma, onde um Imperador instituiu um imposto do
uso de latrina (banheiros públicos), fato que deu origem a grandes falatórios. Até seu
filho se opôs à cobrança desse imposto, dizendo que não era conveniente que Roma
sobrevivesse da cobrança de dinheiro originário de um local tão sujo. O Imperador
pediu então para que seu filho fosse buscar um pouco de dinheiro arrecadado, mandou-o
cheirar e disse: ‘ Está vendo filho, non olet( não cheira!”, querendo dizer que pouco
importava a origem remota do dinheiro arrecadado.
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4)Obrigação Cobrada Mediante Atividade Administrativa Plenamente Vinculada


Atividade plenamente vinculada, o seu turno, é aquela que deve transcorrer em todas as
suas etapas, de acordo com o previsto em lei ou regulamento. A atividade vinculada é o
reverso da atividade discricionária. Nesta última sobra ao administrador público, em
determinadas situações, certa margem para optar entre um ou mais caminhos, ou entre
um ou mais procedimentos, todos lícitos.

Na atividade administrativa vinculada, ao inverso, todo o procedimento é regulado em


lei ou regulamento, não restando, para o administrador, qualquer espaço para opções.
Nessa vertente, é prudente salientar também que a cobrança do tributo não fica sujeita
ao alvedrio dos servidores públicos incumbidos dessa tarefa. Tendo eles notícia da
ocorrência de alguma situação de fato ensejadora do dever de pagar tributo, devem
providenciar a respectiva cobrança, e eventualmente até mesmo a punições criminais,
dependendo das circunstâncias em que a omissão tenha acontecido.

COMO NASCE UM TRIBUTO?


Nascimento do tributo
O tributo nasce de um fato lícito porque ele não é multa por ato ilícito, e não é
voluntário porque se trata de uma obrigação ex lege, nasce da vontade da lei e não da
vontade do contribuinte ou do Fisco.

No Brasil, por força do princípio da legalidade, a norma tributária só pode ser veiculada
por meio de lei. Mas não por qualquer lei; é necessário que seja lei da pessoa política
competente para criar aquele determinado tributo, sendo que tal regra se encontra na
CF( art. 150,1, da CF188).

A CF é a carta das competências tributárias.


Hipótese de incidência ( fato descrito na norma abstratamente)
E o fato descrito em lei que, acontecido, faz nascer à relação jurídica tributária, tendo
por objeto a dívida tributária.
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Segundo definição de Geraldo Ataliba: “Hipótese de incidência é fato descrito em lei


que, se e quando acontecido, faz nascer para alguém o dever de pagar um dado tributo”.

Fato imponível (fato realizado concretamente)


Hipótese de incidência é diferente de fato imponível, sendo que fato imponível é aquele
que aconteceu (fato que realizou o tipo tributário), e hipótese de incidência é o fato
descrito na lei.

Ex: uma pessoa que obter rendimentos tem que pagar Imposto sobre a Renda( IR). Isso
é a hipótese de incidência. João da Silva obteve rendimento, tem que pagar Imposto
sobre a Renda; este é o fato imponível.
A doutrina mais moderna vem dividindo a expressão fato gerador em:
• fato gerador in abstrato: expressão referente à hipótese de incidência;
• fato gerador in concreto: refere-se ao fato ocorrido, ao imponível.
A lei descreve a hipótese de incidência, e ocorrendo o fato gerador imponível, é devido
o tributo.
O que distingue um tributo do outro é a hipótese de incidência.
A norma jurídica tributária deve conter hipótese de incidência, sujeito ativo, sujeito
passivo, base de cálculo e alíquota, sob pena de não haver tributo a lançar. Enquanto a
lacuna não for suprida, não existe tributo em abstrato, não podendo existir em concreto.
Base de cálculo e alíquota
São elementos quantitativos do tributo (conjugados, permitem que se chegue ao
quantum debeatur, quantia devida, a título de tributo).
Importante ao Fisco e ao contribuinte é o quanto se deve cobrar e pagar.
Base de Cálculo
É a dimensão legal da materialidade do tributo, é a pespectiva dimensível do aspecto
material da hipótese de incidência tributária.
Deve guardar uma correlação lógica com a hipótese de incidência do tributo. Ex:
Imposto de Renda, no qual a hipótese de incidência é obter rendimentos e a base de
cálculo é a renda líquida; ICMS, hipótese de incidência é vender mercadorias, a base do
cálculo é o valor da mercadoria.
Alíquota
É o critério apontado em lei, normalmente em porcentagem, em que, conjugado à
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base de cálculo, permite que se chegue ao quantum debeatur. Ex: base de cálculo igual a
1 00( cem), a alíquota é de 15% ( quinze por cento), o quantum debeatur será de 1 5(
quinze).
O tributo não pode ter característica de confisco( art. 150, IV, da CF/88). Não pode
retirar do contribuinte o mínimo vital, tanto para a pessoa física quanto para a jurídica.
Fonte pesquisada

Eduardo Sabbag -MANUAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO


Carlos Borba, Direito Tributário
Ricardo Alexandre, Direito Tributário
Aliomar Baleiro
Código Tributário Nacional
Constituição Federal Brasileira

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