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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 7

30/06/2017 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 957.768 P ARAÍBA

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


AGTE.(S) : ALDO PEREIRA DE SOUSA
ADV.(A/S) : MARCOS ANTONIO INACIO DA SILVA
AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE BAYEUX
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BAYEUX

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO.
TRANSPOSIÇÃO DE REGIMES. JURISPRUDÊNCIA. INOVAÇÃO DE
FUNDAMENTO EM AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE.
CARÁTER PROTELATÓRIO. IMPOSIÇÃO DE MULTA.
1. A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que inexiste
direito adquirido a regime jurídico, bem como às vantagens percebidas
em decorrência do regime anterior. Precedentes.
2. Para dissentir da conclusão do Tribunal de origem acerca da
validade da norma que transmudou o regime jurídico aplicado à parte
recorrente, seria imprescindível uma nova análise da legislação local
aplicável ao caso concreto e o reexame dos fatos e provas constantes dos
autos. Nessas condições, incidem as Súmulas 279 e 280/STF.
3. Não constam da petição de recurso extraordinário as alegações de
ofensa à Constituição Federal, sendo suscitadas somente nesta via
recursal. Constitui-se, portanto, em inovação insuscetível de apreciação
neste momento processual.
4. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez que não houve
prévia fixação de honorários advocatícios de sucumbência.
5. Agravo interno a que se nega provimento, com aplicação da multa
prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, em caso de unanimidade da
decisão.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da

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RE 957768 AGR / PB

Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Virtual, na


conformidade da ata de julgamento, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao agravo interno com aplicação de multa, nos termos do
voto do Relator.
Brasília, 23 a 29 de junho de 2017.

MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO - RELATOR

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Relatório

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30/06/2017 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 957.768 P ARAÍBA

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


AGTE.(S) : ALDO PEREIRA DE SOUSA
ADV.(A/S) : MARCOS ANTONIO INACIO DA SILVA
AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE BAYEUX
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BAYEUX

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. Trata-se de agravo interno interposto em 20.05.2016, cujo


objeto é decisão que negou seguimento ao recurso, por entender que: (i) o
acórdão recorrido está alinhado com a jurisprudência desta Corte; (ii)
necessidade de reexame do material fático probatório dos autos (Súmula
279/STF).

2. A parte agravante insiste nas ditas violações à Constituição


Federal trazidas no recurso extraordinário, e reitera seus fundamentos.
Em seguida, questiona a competência para o julgamento do feito e pede
que os autos sejam encaminhados para a Justiça do Trabalho.

3. É o relatório.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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30/06/2017 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 957.768 P ARAÍBA

VOTO

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. Deixo de abrir prazo para contrarrazões, na medida em


que está sendo mantida a decisão que aproveita à parte agravada. Passo à
análise do recurso.

2. O agravo interno não pode ser provido, tendo em vista que


a parte recorrente se limita a repetir as alegações do recurso
extraordinário, sem trazer novos argumentos suficientes para modificar a
decisão ora agravada.

3. O acórdão recorrido está alinhado à firme jurisprudência


desta Corte no sentido de que inexiste direito adquirido a regime jurídico,
bem como às vantagens percebidas em decorrência do regime anterior.
Nessa linha, veja-se:

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. TRANSPOSIÇÃO DO
REGIME CELETISTA PARA O ESTATUTÁRIO. INEXISTÊNCIA
DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO.
POSSIBILIDADE DE DIMINUIÇÃO OU SUPRESSÃO DE
VANTAGENS. MAJORAÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO.
CONTROVÉRSIA DECIDIDA COM BASE NA LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL PERTINENTE. AGRAVO
IMPROVIDO.
I Esta Corte firmou o entendimento no sentido de que a
transposição do regime celetista para estatutário acarreta a
extinção do contrato de trabalho, não sendo possível invocar
direito adquirido às vantagens do regime anterior.
II É inadmissível o recurso extraordinário quando sua
análise implica rever a interpretação de normas

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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RE 957768 AGR / PB

infraconstitucionais que fundamentam a decisão a quo. A


afronta à Constituição, se ocorrente, seria apenas indireta.
III - Agravo regimental improvido.” (AI 850.534-AgR, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma)

4. Para dissentir da conclusão do Tribunal de origem acerca


da validade da norma que transmudou o regime jurídico aplicado à parte
recorrente, seria imprescindível uma nova análise da legislação local
aplicável ao caso concreto e o reexame dos fatos e provas constantes dos
autos. Nessas condições, incidem as Súmulas 279 e 280/STF.

5. Ademais, não consta da petição de recurso extraordinário


qualquer questionamento quanto à competência para o julgamento do
feito. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de
que o agravo regimental está sujeito aos limites da devolutividade
delimitados no apelo extremo. Nessa linha, veja-se a ementa do RE
606.245-AgR, julgado sob a relatoria do Ministro Dias Toffoli:

“Agravo regimental no recurso extraordinário. IPTU.


Alíquotas progressivas antes da edição da Emenda
Constitucional nº 29/2000. Lei Municipal nº 1.206/91.
Inconstitucionalidade. Ofensa à anterioridade nonagesimal.
inovação recursal.
1. O agravante inova nas razões de agravo regimental,
sustentando não ter havido ofensa ao princípio da
anterioridade nonagesimal. Não há no recurso extraordinário
por ele aviado nenhuma consideração a esse respeito. O
agravo regimental está sujeito aos limites da devolutividade
delimitados no apelo extremo. Neste sentido, nada há a prover
quanto à alegação de violação da anterioridade nonagesimal.
2. É inconstitucional lei municipal que tenha estabelecido,
antes da Emenda Constitucional nº 29/2000, alíquotas
progressivas, salvo se destinadas a assegurar o cumprimento da
função social da propriedade urbana (Súmula nº 668/STF), o
que não é o caso.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 7

RE 957768 AGR / PB

3. Agravo regimental não provido.” (Negritos


acrescentados)

6. Outros precedentes: ARE 734.247-AgR, Rel. Min. Ricardo


Lewandowski; e RE 355.039-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki.

7. Diante do exposto, nego provimento ao agravo interno.


Ante seu caráter manifestamente protelatório, aplico à parte agravante
multa de 5% (cinco por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos
termos do art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, em caso de unanimidade da
decisão. Fica a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao
depósito da respectiva quantia, ressalvados os casos previstos no art.
1.021, § 5º, do CPC/2015. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, uma vez
que não houve prévia fixação de honorários advocatícios de
sucumbência.

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Extrato de Ata - 30/06/2017

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 957.768


PROCED. : PARAÍBA
RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO
AGTE.(S) : ALDO PEREIRA DE SOUSA
ADV.(A/S) : MARCOS ANTONIO INACIO DA SILVA (5732A/AL, 29933/BA,
20417-A/CE, 9503-A/MA, 4007/PB, 573-A/PE, 199239/RJ, 560-A/RN)
AGDO.(A/S) : MUNICÍPIO DE BAYEUX
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE BAYEUX

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


interno com aplicação de multa, nos termos do voto do Relator.
Primeira Turma, Sessão Virtual de 23 a 29.6.2017.

Composição: Ministros Marco Aurélio (Presidente), Luiz Fux,


Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros


Ricardo Lewandowski e Edson Fachin. Não participaram do julgamento
desses processos, respectivamente, a Ministra Rosa Weber e o
Ministro Alexandre de Moraes por sucedê-los na Primeira Turma.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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