Você está na página 1de 36

Introdução

à engenharia
do trabalho
Jéferson Cabrelon

1ª Edição |Março| 2014


Impressão em São Paulo/SP
Introdução à engenharia
do trabalho
Coordenação Geral Coordenação de Projetos
Nelson Boni Leandro Lousada

Professor Responsável Revisão Ortográfica


Jéferson Cabrelon Vanessa Almeida

Projeto Gráfico, Dia-


gramação e Capa
Ana Flávia Marcheti

1º Edição: Março de 2014


Impressão em São Paulo/SP

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


Sumário
Capítulo 3. Conceituação e classificação de acidentes .7

3.1 Acidentes: conceituação e classificação.


3.2 Causas de acidentes: fator pessoal de inseguran-
ça, ato inseguro, condição ambiental de insegurança.

Gabarito .73

Referências Bibliográficas

.89
4
Capitulo 3
Acidentes - Conceituação e
classificação

3.1 Conceituação e classificação dos acidentes

Para que o profissional da área de Segurança do


Trabalho possa ter um norte, e saiba como definir
aspectos técnicos da uma avaliação do acidente de
trabalho, a legislação brasileira, além das exigências
contidas nas Normas Regulamentadoras do Ministé-
rio do Trabalho, e devido à complexidade que cada
empresa ou profissional tem do assunto; resolveu
fundamentar estes conceitos em uma Norma Brasi-
leira, ou seja, NBR-14280- Cadastro de acidente do
trabalho - Procedimento e classificação.

5
3.1.1 - Conceituação e classificação

ACIDENTE é um evento indesejável e ines-


perado que produz desconforto, ferimentos, danos,
perdas humanas e/ou materiais, conforme definição
da NBR-14280, Cadastro de acidente do trabalho
- Procedimento e classificação. Um acidente pode
mudar totalmente a rotina e a vida de uma pessoa,
modificar sua razão de viver ou colocar em risco seus
negócios e propriedades (UNESP, 2010). Ao contrá-
rio do que muitas pessoas imaginam, o acidente não
é obra do acaso e nem da falta de sorte.
Não devemos nos ater simplesmente às ativi-
dades laborais, justamente porque o acidente pode
ser caracterizado desde o momento em que profis-
sional sai de sua residência em destino à empresa ou
vice-versa. Outras conotações de acidentes são mais
complexas, demandando uma certa aptidão de quem
analisa, por exemplo: “Um funcionário que viaja
pela empresa com destino a um determinado local
para executar atividades e, neste interim, ocorre um
acidente, o qual lhe traz prejuízo físico ou mental,
será caracterizado como acidente de trabalho, pelo
simples fato deste profissional estar neste local por
solicitação da empresa, caso contrário, não teria se
deslocado para o ambiente.
Quando ocorre um acidente é justamente o que
caracterizamos como falha de avaliação dos riscos

6
existentes de cada atividade a ser executada. Muitos
profissionais da área de Segurança do Trabalho usam
a frase: “A Prevenção falhou”. Por este motivo, as
ferramentas às quais temos atualmente para Análise
de Riscos são muito importantes e devem ser utili-
zadas como ponto de partida para início de cada ta-
refa. Exemplo: ART- Análise de Riscos de Trabalho,
PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambien-
tais, PGR- Programa de Gerenciamento de Riscos,
HAZOP e etc.
Todas as atividades deverão ser analisadas nos
seus detalhes, porém, adotando um critério básico
para a análise, os seguintes fatores:

• Análise de Processos,
• Análise de Layout,
• Análise de insumos,
• Análise de Produtos químicos que serão adotados,
• Caracterização da construção e suas interferências.
• Utilização de EPIs,
• Programas de treinamentos necessários (tanto de
Segurança, Processo e Manutenção),
• Interferências de máquinas e equipamentos.

Outras conotações são dadas pelos profissio-


nais de Segurança do Trabalho, ao analisar cada aci-
dente. Diversas são as causas de acidentes do traba-
lho, porém, são agrupadas em duas categorias:

7
• Ato inseguro
• Condição Insegura

Ato inseguro: Ação ou omissão que, contra-


riando preceito de segurança, pode causar ou favo-
recer a ocorrência.
Condição ambiente de insegurança (condição
ambiente): Condição do meio que causou o acidente
ou contribuiu para a sua ocorrência.
Algumas outras definições são dadas na carac-
terização de um acidente, conforme segue:

Fator pessoal de insegurança (fator pessoal):


Causa relativa ao comportamento humano, que
pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do
ato inseguro.

ACIDENTE: Evento indesejável que resul-


ta em morte, doença, lesão, dano ou outras perdas.
Exemplo: Ao fazer a usinagem de uma peça, esta
solta um pedaço muito grande de cavaco, vindo de
encontro ao rosto do trabalhador, causando o corte
e queimadura.

INCIDENTE: É um evento que deu origem


a um acidente, ou que tenha o potencial de levar a
um acidente. Exemplo: Uma peça está sendo trans-
portada por uma ponte rolante e cai, vindo a atingir

8
o piso, porém, o trabalhador consegue sair a tempo
sem que haja nenhum tipo de lesão.

ACIDENTE DE TRAJETO: Acidente sofri-


do pelo empregado no percurso da residência para o
local de trabalho ou deste para àquela, qualquer que
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de pro-
priedade do empregado, desde que não haja inter-
rupção ou alteração de percurso por motivo alheio
ao trabalho.

ACIDENTE IMPESSOAL: Acidente cuja


caracterização independe de existir acidentado, não
podendo ser considerado como causador direto da
lesão pessoal.

ACIDENTE SEM LESÃO: Acidente que


não causa lesão pessoal.

CIRCUNSTÂNCIA INDESEJADA: condi-


ção, ou um conjunto de condições, com potencial
de gerar acidentes ou incidentes. Exemplo: trabalhar
embaixo de locais com risco de queda do teto.

A nossa legislação trata da implantação do SES-


MT – SERVIÇO ESPECIALIZADO EM SEGU-
RANÇA E MEDICINA DO TRABALHO (NR-
04), teve a felicidade de colocar duas especialidades de

9
profissionais (Segurança e Medicina), em um mesmo
grupo de prevenção, caracterizando, desta forma, uma
atuação mais efetiva a partir das primeiras queixas dos
empregados no Departamento Médico.

PERIGO: fonte ou situação com potencial para


provocar danos.

RISCO: Exposição de pessoas a perigos. O ris-


co pode ser dimensionado em função da probabilida-
de e da gravidade do dano possível (vide tabela abaixo
– NIVEL DE RISCOS) .

Figura 1- PPP – Quadro para cálculo de Nível de Risco

10
A tabela é muito utilizada no momento de libe-
rações de trabalhos através da ART- Análise de Ris-
cos de Trabalho e PT – Permissão de Trabalho, os
quais auxiliam os profissionais da área de Segurança
do Trabalho a identificar os níveis de riscos de cada
tarefa e definir ações necessárias para saná-los. De-
pois de sanados os riscos inerentes a cada atividade,
deve-se fazer o cálculo novamente para identificar
se o Nível de Riscos ficou dentro dos parâmetros
aceitáveis, ou seja, entre 1 e 2.
Exemplo: O trabalhador irá acessar um uma
plataforma acima de 2 metros sem utilização de
equipamento nenhum.

Vamos ao cálculo?

1 Etapa

Qual a probabilidade de ocorrência? Resposta: é


Iminente = 3
Qual a gravidade da ocorrência caso o trabalhador
venha a cair? Resposta: é Alto = 3
Nivel de Risco = 9 – Risco Critico – Interrom-
per as atividades até a redução dos riscos.

11
2 Etapa
Exemplo: Vamos imaginar a mesma atividade só que
agora o trabalhador está usando cinto de segurança,
trava-queda e sapato antiderrapante.
Qual a probabilidade de ocorrência queda? Respos-
ta: é provável = 2
Qual a gravidade da ocorrência caso o trabalhador
venha a cair? Resposta: é baixo= 1 ( pois, caso ve-
nha a cair, ficará ancorado pelo cinto e pelo sistema
trava-queda)
Nível de Risco = 2. – Risco Baixo-

DIAS A DEBITAR: A incapacidade perma-


nente parcial é incluída nas estatísticas de acidenta-
dos com "lesão com afastamento”, mesmo quando
não haja dias perdidos a considerar.

Classificação - Tabela de exemplo de Classifica-


ção de Acidentes seus agentes e fontes.

12
3.2 Causas de acidentes

3.2.1- Fator pessoal, ato inseguro

Definir a causa de um acidente nem sempre é


uma tarefa fácil; já que muitos fatores podem contri-
buir para a ocorrência. Muitos profissionais da área
de Segurança do Trabalho, por comodidade, acabam
definindo a causa do acidente como Ato Inseguro,
já que na falha do ser humano, na maioria das vezes,
a correção vai desde apenas uma orientação até um
treinamento mais específico.

13
Estatisticamente, sabe-se que os atos insegu-
ros são responsáveis por mais de 90% dos acidentes
das mais diversas naturezas. Uma condição insegura,
normalmente, é o resultado do ato inseguro de al-
guém ao longo do tempo, o que acabou desencade-
ando o acidente.
Normalmente, ao verificarmos uma pessoa
mais leiga utilizando dois fios desencapados para fa-
zer uma ligação em uma tomada, levando-a a tomar
um choque, naturalmente, iremos definir como um
ato inseguro, porém, a condição gerada dos fios de-
sencapados pode ter ocorrido por muito tempo, por
falta de percepção ou por negligência de terceiros,
ou seja, o problema não foi sanado.
Na caracterização do ato inseguro deve-se levar
em consideração o seguinte:

a) o ato inseguro pode ser algo que a pessoa fez


quando não deveria fazer ou deveria fazer de outra
maneira, ou, ainda, algo que deixou de fazer quando
deveria ter feito;

b) o ato inseguro tanto pode ser praticado pelo pró-


prio acidentado como por terceiros;

c) a pessoa que o pratica pode fazê-lo consciente ou


não de estar agindo inseguramente;

14
d) quando o risco já vinha existindo por certo tem-
po, anteriormente à ocorrência do acidente – sendo
razoável esperar-se que, durante esse tempo, a ad-
ministração o descobrisse e eliminasse. O ato que
criou esse risco não deve ser considerado ato inse-
guro, pois, o ato inseguro deve estar intimamente re-
lacionado com a ocorrência do acidente, no que diz
respeito ao tempo;

e) o ato inseguro não significa, necessariamente, de-


sobediência às normas ou regras constantes de regu-
lamentos formalmente adotados, mas também se ca-
racteriza pela não observância de práticas de segurança
tacitamente aceitas. Na sua caracterização cabe a se-
guinte pergunta: nas mesmas circunstâncias, teria agido
do mesmo modo uma pessoa prudente e experiente?;

f) a ação pessoal não deve ser classificada como


ato inseguro pelo simples fato de envolver risco.
Por exemplo: o trabalho com eletricidade, ou com
certas substâncias perigosas, envolve riscos óbvios,
mas, embora potencialmente perigoso, não deve ser
considerado, em si, ato inseguro. Será, no entanto,
considerado ato inseguro trabalhar com eletricidade
ou com tais substâncias, sem a observância das ne-
cessárias precauções;

g) só se deve classificar uma ação pessoal como ato

15
inseguro quando tiver havido possibilidade de ado-
tar processo razoável que apresente menor risco.
Por exemplo: se o trabalho de uma pessoa exigir a
utilização de certa máquina perigosa, não provida
de dispositivo de segurança, isso não deve ser con-
siderado ato inseguro. Entretanto, será considerado
ato inseguro a operação de máquina dotada de dis-
positivo de segurança, quando tiver sido retirado ou
neutralizado pelo operador;

h) os atos de supervisão, tais como: decisões e or-


dens de chefe no exercício de suas funções, não de-
vem ser classificados como atos inseguros. Assim,
também, nenhuma ação realizada em obediência a
instruções diretas de supervisor deve ser considera-
da ato inseguro

O ato inseguro normalmente decorre de situa-


ções, como:

• deixar de tomar precauções na execução de deter-


minadas tarefas;
• não seguir normas de trabalhos existentes;
• não seguir as normas de segurança existentes;
• trabalhar em ritmo perigoso (muito lento ou
muito rápido);
• trabalhar sem que os dispositivos de segurança es-
tejam funcionando;

16
• trabalhar com ferramentas inadequadas;
• não usar equipamentos de proteção individual
adequados;
• distrair-se ou brincar no local de trabalho;
• limpar máquinas em movimento;
• realizar movimentos que podem causar lesões,
como exibir força com levantamento de peso;
• descer ou subir escadas correndo;
• usar ar comprimido para limpeza pessoal;
• jogar objetos em direção a outros colaboradores;
• comer alimentos ou guardá-los em locais impróprios;
• improvisar escadas (ex.:subir em tambores);
• lubrificar máquinas em movimento;
• subir em escadas mal apoiadas;
• fumar em local proibido;
• usar EPI`S incorretamente;

3.2.2 – Condições ambientais de insegurança

Ao longo dos anos, grande parte das indústrias


deixa de trabalhar nas manutenções preventivas e
preditivas, as quais levaram a ocorrência de diversos
acidentes. Estas situações geradas são consideradas
como Condições Ambientais de Insegurança. A ne-
gligência de muitos profissionais na ação efetiva de
correção de riscos evidentes, em máquinas e equipa-
mentos, fez com que estes números aumentassem
cada vez mais em relação aos acidentes por condições

17
indevidas de trabalho. A análise de risco no início de
cada atividade é uma grande aliada no que diz respeito
à eliminação destas condições. A Norma Regulamen-
tadora - 01 – Disposições Gerais foi muito feliz ao
adotar em um dos seus parágrafos a exigência de “Or-
dem de Serviço” para cada atividade. O intuito deste
documento e justamente definir a sequência das ativi-
dades e os riscos a serem sanados antes do início de
cada uma delas; e, naturalmente, quando estas análises
são feitas, com certeza, muitas condições ambientais
de insegurança são encontradas.
Na identificação das causas do acidente é impor-
tante evitar a aplicação do raciocínio imediato, deven-
do ser levados em consideração fatores complemen-
tares de identificação das causas de acidentes. Tais
causas têm a sua importância no processo de análise,
como, por exemplo, a não existência de Equipamento
de Proteção Individual (EPI), mas não são suficientes
para impedir novas ocorrências semelhantes.
Para a clara visualização, deve-se sempre pergun-
tar o porquê, ou seja, por que o empregado deixou de
usar o EPI disponível? Liderança Inadequada?
Na caracterização da condição ambiente de in-
segurança, deve-se levar em consideração o seguinte:

a) a classificação da condição ambiente determina,


em geral, automaticamente, a classificação do agente
do acidente. Assim sendo, ambos devem ser classifi-

18
cados simultaneamente.
b) na indicação da condição ambiente, fazê-lo sem
considerar origem ou viabilidade de correção;
c) não omitir a indicação da condição ambiente, ape-
nas por ter o acidente resultado de ato inseguro ou
de violação de ordens ou instruções ou, ainda, por
não se conhecer meio efetivo de eliminar o risco;
d) o risco criado por ato de supervisão deve ser clas-
sificado como condição ambiente de insegurança;
e) não indicar como condição ambiente defeito físi-
co ou qualquer outra deficiência pessoal;
f) a condição ambiente deve relacionar-se direta-
mente com a espécie ou tipo de acidente e com o
agente do acidente;
g) indicar somente a condição ambiente que causou
ou permitiu a ocorrência do acidente considerado.

Ao designar essa condição, ater-se exclusiva-


mente a considerações relacionadas com o meio,
com todas as suas características ecológicas, e não
aos aspectos ligados às atitudes individuais.

3.2.3- Consequências do acidente

O acidente de trabalho é um fato possível a


qualquer que seja a função laboral do trabalhador,
embora, inicialmente, remeta ao pensamento das
funções exercidas com periculosidade, não se pode

19
deixar de fora nenhuma classe de trabalhador, pois,
mesmo que a função seja extremamente segura,
computa-se para efeitos de jornada de trabalho a ida
e a volta do trabalhador no percurso casa-trabalho
e trabalho-casa, e, ainda, o intervalo para refeição
e descanso, sendo assim, consequentemente, qual-
quer má sorte do trabalhador que venha a sofrer um
acidente durante este percurso, intervalo ou ainda
durante sua função laboral em estabelecimento do
empregador ou fora dele, a serviço do mesmo, con-
figura-se como acidente de trabalho.

A licença médica
Quando da ocorrência do acidente o trabalha-
dor ficará de licença médica pelo tempo necessário,
mas, se esse tempo ultrapassar 15 dias, suspende-se
o contrato de trabalho, porém, não desobrigando
ao empregador o recolhimento do FGTS. Decreto
99.684/90 art. 28.
E, ainda, sendo computado para todos os
efeitos o tempo de serviço durante o período de sus-
pensão – Art. 4º da CLT.
Parte expressiva da doutrina classifica o aci-
dente de trabalho como interrupção do contrato.
A interrupção do contrato de trabalho
A interrupção do contrato de trabalho ocorre
quando o empregado deixa de prestar os seus servi-
ços. O trabalhador continua a receber o seu salário,

20
seja em parte ou em sua totalidade, uma vez que o
contrato continua em vigor, embora algumas cláusu-
las fiquem paralisadas.
O tempo de serviço é computado para todos os
efeitos e o empregador não pode demitir o trabalha-
dor sem que haja a justa causa.
Quando se tratar de contrato a termo, o seu
término não se prolonga em razão da interrupção
ocorrida.
O seguro de acidentes no trabalho
É assegurado constitucionalmente ao trabalha-
dor um seguro de acidentes no trabalho. A lei definiu
como acidente de trabalho aquele que ocorre pelo
serviço na empresa ou externamente a serviço desta,
provocando lesão física e/ou funcional, causadora
de morte, perda e/ou redução, permanente ou tem-
porária da capacidade laboral.
Embora a concessão do benefício do acidente de
trabalho esteja diretamente relacionada à necessidade
da realização de perícia médica, para que se estabeleça
o nexo causal entre a atividade do trabalhador e o aci-
dente, o STJ tem decidido que este pode ser provado
através de testemunhas, sem a realização de perícia,
quando o acidente seja decorrente de negligência ou
imprudência perceptíveis ao homem comum.

Aposentadoria por invalidez


A aposentadoria por invalidez tem caráter pro-

21
visório, mantendo suspenso o contrato de trabalho
enquanto perdurar.
Com razão, há uma preocupação dos estudio-
sos no sentido de que o contrato de trabalho não
poderia ficar indefinidamente suspenso, desta for-
ma, a doutrina se divide. A jurisprudência trabalhista
tem adotado o prazo da suspensão de forma idêntica
ao prazo da aposentadoria por invalidez, ainda que
seja superior a cinco anos, conforme a súmula 160
do TST. Embora ocorra uma segunda vertente dou-
trinária na qual se defende que a aposentadoria por
invalidez não deva suspender o contrato de trabalho
por mais de cinco anos, quando a aposentadoria tor-
na-se definitiva, dessa forma, rompendo o contrato
– De acordo com a súmula 217 do STF.
De acordo com Juíza Vólia Bonfim Cassar, em
seu entendimento, não há de se falar em definitiva a
aposentadoria por invalidez após os cinco anos, uma
vez que a própria Previdência determina o retorno
do beneficiário ao trabalho, seja antes ou depois des-
se prazo, prevalecendo, assim, a súmula 160 do TST.
Dentre as consequências dos eventos adversos
que levam aos acidentes, temos os tipos:

• Fatal – morte ocorrida em virtude de eventos ad-


versos relacionados ao trabalho;
• Grave – amputações ou esmagamentos, perda de
visão, lesão ou doença que leve a perda permanen-

22
te de funções orgânicas (por exemplo: pneumoco-
nioses fibrogênicas, perdas auditivas), fraturas que
necessitem de intervenção cirúrgica ou que tenham
elevado risco de causar incapacidade permanente,
queimaduras que atinjam toda a face ou mais de 30%
da superfície corporal ou outros agravos que resul-
tem em incapacidade para as atividades habituais por
mais de 30 dias.
• Moderado – agravos à saúde que não se enqua-
drem nas classificações anteriores e que a pessoa afe-
tada fique incapaz de executar seu trabalho normal
durante três a trinta dias.
• Leve – todas as outras lesões ou doenças nas quais
a pessoa acidentada fique incapaz de executar seu
trabalho por menos de três dias.
• Prejuízos – dano a uma propriedade, instalação,
máquina, equipamento, meio ambiente ou perdas
na produção.

Podemos dizer que a qualquer momento esta-


mos sujeitos a acidentes de qualquer natureza, seja
leve, moderada ou alta; sendo assim, o que nos resta
é trabalhar na prevenção. O Engenheiro de Seguran-
ça do Trabalho, ter que estar atento a cada mudan-
ça de processo, a cada situação nova, que ocorre no
ambiente de trabalho, para que possa se antecipar
aos riscos que poderá ocasionar acidente de grandes
proporções, tanto trazendo danos físicos como ma-

23
teriais, ou em alguns casos, até sendo ambos.
As palavras de ordem nos dias de hoje são jus-
tamente “Gerenciar Riscos”, na concepção até pare-
ce simples, mas, no dia a dia, percebemos que muitas
coisas estão além dos nossos olhos, e para isso deve-
mos sempre contar com a ajuda dos outros departa-
mentos da empresa, tais como: Engenharia, Manu-
tenção Elétrica, Manutenção Mecânica, Produção e
outros, de acordo com a atividade da empresa.

24
25
26
Exercícios porpostos
1) Defina o que é acidente de trabalho?

2) Defina o que é ato inseguro, e suas característica;


cite 3 exemplos e como poderia ser evitado?

3) Qual a diferença entre risco e perigo?

4) Por que é importante fazer análise de acidente


de trabalho?

5) O que devemos fazer para que um acidente de traba-


lho não se repita? Quais ações técnicas administrativas?

27
28
Gabarito
Capitulo III
1) Defina o que é acidente de trabalho?.
R: Evento indesejável que resulta em morte, doença,
lesão, dano ou outras perdas.

2) Defina o que é ato inseguro, e suas característica;


cite 3 exemplos e como poderia ser evitado?
R: Ação ou omissão que, contrariando preceito de
segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência.
Exemplo:
• deixar de tomar precauções na execução de deter-
minadas tarefas;
• não seguir normas de trabalhos existentes;
• não seguir as normas de segurança existentes;

29
• trabalhar em ritmo perigoso (muito lento ou
muito rápido);
• trabalhar sem que os dispositivos de segurança es-
tejam funcionando;
• trabalhar com ferramentas inadequadas;
• não usar equipamentos de proteção indivi-
dual adequados;
• distrair-se ou brincar no local de trabalho;

3) Qual a diferença entre risco e perigo?

R: Perigo: fonte ou situação com potencial para pro-


vocar danos.
RISCO: Exposição de pessoas a perigos. O risco
pode ser dimensionado em função da probabilidade
e da gravidade do dano possível

4) Por que é importante fazer análise de acidente


de trabalho?

R: Para definir suas causas e eliminar as condições


ou atos os quais levaram a ocasionar o acidente, para
este não venha acontecer novamente.

30
5) O que devemos fazer para um acidente de traba-
lho não se repita?

R: Sempre que ocorrer um acidente, a análise deve


ser feita buscando as suas causas-raiz, para que se
possam tomar ações para que este não volte ocorrer,
fazendo plano de ação e acompanhamento na solu-
ção das irregularidades, sejam elas por ato inseguro
ou condição insegura.

31
32
Bibliografia:

BRASIL, Ministério da Saúde. Segurança no am-


biente hospitalar. Departamento de Normas Técni-
cas. Brasília, 1995.

BURGESS, W. A.. Identificação de possíveis riscos à


saúde do trabalhador nos diversos processos indus-
triais, Trad. Ricardo Baptista. Belo Horizonte: Ergo
Editora, 1997.

LATEANCE Jr., S. CIPA – Norma Regulamentadora


NR 5 – Comentada e analisada. São Paulo: LTr, 2001.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e


Medicina do Trabalho. 64ª. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

OLIVEIRA, C. D. A. Passo a passo da segurança do


trabalho. São Paulo: LTr, 2000.

PALADY, P. F. Análise dos modos de falha e efeitos.


São Paulo: IMAN, 1997.

SALIBA, T. M.; SALIBA, S. C. R. Legislação de se-


gurança, acidente do trabalho e saúde do trabalha-
dor. 2. ed. São Paulo: LTr, 2003.

33
SALIBA, Tuffi Messias et al. Insalubridade e Peri-
culosidade: Aspectos Técnicos e Práticos. 2 ed. São
Paulo: Editora LTR, 1998.

34

Você também pode gostar